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Universidade Federal de Minas Gerais

Instituto de Geociências - IGC


Departamento de Geologia
Prof. Jarbas Dias / Paulo Aranha

1. ROCHAS ÍGNEAS OU MAGMÁTICAS

São rochas provenientes do resfriamento e consolidação de uma fusão natural de composição


essencialmente silicatada, com mobilidade e elevada temperatura, que se forma no interior da litosfera ou
na astenosfera e recebe a designação de magma. Quando o magma atinge a superfície terrestre, pode ser
chamado de lava. São divididas em intrusivas (magma resfriado no interior da litosfera) e extrusivas
(resfriamento da lava). Os critérios para identificar e classificar macroscopicamente as rochas ígneas são:
composição mineralógica, índice colorimétrico, textura, estrutura e ocorrência. Os termos ácido e básico
são amplamente utilizados na classificação dessas rochas e se relacionam com o teor em sílica da rocha, e
não com a concentração hidrogeniônica. Pode-se admitir a existência de um magma ácido, mais rico em
sílica, muito viscoso, e outro básico, menos rico em sílica, mais fluido e escuro. O magma mais viscoso
relaciona-se com as rochas graníticas e o mais fluido com as rochas basálticas. Magma de composição
intermediária é o andesítico.

Composição mineralógica

É o reflexo da composição química do magma e das condições da cristalização magmática. Os minerais


formadores das rochas ígneas podem ser divididos em máficos, isto é, silicatos ferromagnesianos,
geralmente de cor escura (preto, marrom, verde escuro) e félsicos, isto é, não ferromagnesianos,
geralmente de cores claras (branco, amarelo, cinza claro, rosa, bege ou incolor). A maioria das rochas
ígneas tem como minerais essenciais um ou mais tipos dos seguintes minerais petrográficos:

Quartzo - Feldspatos (K-feldspatos e plagioclásios) - Micas - Piroxênios - Anfibólios – Olivinas

 feldspatos e quartzo são minerais félsicos


 piroxênios, anfibólios, biotita e olivinas são minerais máficos

Uma rocha é definida por seus minerais essenciais. Minerais que ocorrem em quantidade superior a 10%,
mas não são essenciais, indicando apenas uma variedade da rocha, são denominados minerais varietais.
Por exemplo, hornblenda não é um mineral essencial do granito, mas pode indicar uma variedade de
granito: hornblenda-granito. Os minerais essenciais do granito são álcalifeldspatos e quartzo.

Índice colorimétrico

Refere-se à quantidade de minerais máficos presentes na rocha.

% de máficos Índice colorimétrico Exemplos de rochas

até 30% Rocha leucocrática Granito, sienito, riolito

30% a 60% Rocha mesocrática Granodiorito

60% a 90% Rocha melanocrática Gabro, Basalto, Tonalito

Rocha ultramáfica ou Peridotito, Dunito


mais de 90%
ultramelanocrática
Textura

Refere-se ao tamanho, forma e arranjo dos minerais essenciais da rocha.

O resfriamento do magma no interior da litosfera ocorre em amplo intervalo de tempo e por isso as rochas
intrusivas são constituídas exclusivamente por minerais, não contendo vidro. Nesse sentido, sua textura é
holocristalina (só minerais).

As rochas extrusivas, por outro lado, formam-se pelo resfriamento do magma em condições de superfície
ou muito próximas à superfície terrestre, em regime de resfriamento rápido. A textura pode ser
holocristalina, holohialina (ou vítrea, só vidro vulcânico) ou hipocristalina (ou semi-vítrea = mineral +
vidro vulcânico). A presença de vidro vulcânico deve-se ao resfriamento muito rápido da lava.

A formação das rochas ígneas plutônicas ocorre pela lenta cristalização e envolve escalas de tempo de
milhares de anos. Além de holocristalina, a textura resultante é caracterizada por minerais essenciais
visíveis a olho nu, dizendo-se que sua textura é fanerítica, e esses minerais têm dimensões de cerca de
3mm - 4mm ou mais. Diz-se, então, que a textura é fanerítica grossa. Quando os minerais são muito
grandes (maiores do que 4cm - 5cm), a textura é pegmatítica.

Por outro lado, nas rochas vulcânicas, quando se formam minerais, eles são de pequeno tamanho, com
dimensões geralmente inferiores a 1mm. Eles são, portanto, imperceptíveis a olho nu ou perceptíveis, mas
de difícil identificação. No primeiro caso, diz-se que a rocha apresenta textura afanítica (minerais
essenciais não visíveis a olho nu) e, no segundo caso, textura fanerítica fina (minerais essenciais menores
do que 1mm).

Rochas intrusivas hipoabissais formam-se em condições intermediárias e apresentam textura fanerítica


média (minerais essenciais entre 1mm a 3-4mm).

A textura ainda pode ser porfirítica, quando os tamanhos dos minerais essenciais distribuem-se em duas
classes: a dos cristais grandes (fenocristais) e a dos minerais menores (a matriz). Essa textura indica ter
havido movimentação do magma após o início da cristalização.

Estrutura

O aspecto estrutural predominante nas rochas magmáticas é a ausência de orientação na disposição de


seus constituintes minerais. Diz-se, então, que a rocha é maciça ou isotrópica. Algumas rochas
magmáticas, no entanto, podem apresentar orientação de fluxo devido à orientação dos minerais
prismáticos e tabulares adquirida durante a movimentação do magma.

As rochas magmáticas extrusivas ou vulcânicas podem apresentar uma estrutura vesicular, por ação de
voláteis que se expandem da lava, dando origem à cavidades esféricas a subesféricas. A pedra-pomes e o
basalto vesicular são exemplos bem conhecidos. O preenchimento destas vesículas por minerais
secundários origina a estrutura amigdalóide.

Identifique a textura e estrutura das rochas do conjunto I:

Número da amostra Textura Estrutura


Ocorrência

Geneticamente, podemos dividir as rochas magmáticas em duas sub-classes:

 Rochas magmáticas intrusivas: formadas pela consolidação do magma no interior da litosfera.


Conforme a profundidade em que se formam, as rochas intrusivas podem ser classificadas em plutônicas
(grande profundidade) ou hipoabissais (profundidades intermediárias). A textura das rochas intrusivas é
fanerítica e as plutônicas podem ser reconhecidas pela textura fanerítica grossa ocasionada pelo lento
resfriamento do magma em condições de profundidade. Exemplos de rochas plutônicas são o granito e o
gabro. Nas rochas hipoabissais são comuns as texturas fanerítica média e porfirítica de matriz fanerítica
média a fina. Um exemplo de rocha hipoabissal é o diabásio;
 Rochas magmáticas extrusivas ou vulcânicas: são provenientes da atividade vulcânica. O magma
chega até a superfície da crosta e flui como lava ou é ejetado na atmosfera como piroclastos e depositado
próximo ao cone vulcânico pela ação da gravidade. No primeiro caso, formam-se as rochas de derrame e,
no segundo, as rochas piroclásticas. A mais comum rocha de derrame do Brasil é o basalto, aflorante em
grandes extensões no sul do país. A olho nu, a textura das rochas extrusivas é geralmente afanítica e/ou
vítrea devido ao rápido resfriamento da lava em contato com a atmosfera ou a hidrosfera. Exemplos de
rochas vulcânicas são o riolito (correspondente vulcânico do granito), basalto (correspondente vulcânico
do gabro), obsidiana (vidro vulcânico), púmice e tufo vulcânico.

Descrição e classificação das rochas ígneas: complete o quadro com as características das amostras
do conjunto I.

Minerais
Ind. Colorim. Estrutura Textura essenciais e
Nº Cor da rocha
varietais

Com a ajuda da tabela abaixo, forneça o nome e a interpretação da ocorrência dessas rochas.

Número da amostra Nome Ocorrência

Em termos de composição química, são praticamente iguais o Gabro (uma rocha plutônica), o
Basalto (vulcânica) e o Diabásio (hipoabissal). Como se distingue macroscopicamente essas rochas?
Tabela simplificada para a classificação dos tipos mais comuns de rochas ígneas

Indice colorimétrico

% máficos: menor que 30%--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------90%


Leucocrática Leucocrática Meso/melano Melanocrática Ultramáfica

Composição mineralógica
Minerais essenciais
Feldspatos Álcali-feldspato>>>plag Álcali-feldspato>>>plag plagioclasio>>>k-felds Plagioclásio Sem feldspato
Quartzo Quartzo>20% Sem Quartzo sem Quartzo Sem quartzo Sem quartzo
Máficos Não são essenciais Não são essenciais anfibólio+pirox Piroxênio Pirox.oliv. anf.

Textura

Fanerítica grossa a média GRANITO SIENITO DIORITO GABRO ULTRAMÁFICA


Dunito (olivina)
Afanítica ou fanerítica fina RIOLITO TRAQUITO ANDESITO BASALTO Piroxenito (pirox)
Peridotito (pirox. + olivina)
Fanerítica media DIABÁSIO Hornblendito (hornblenda)
Porfirítica de matriz afanítica ou RIOLITO TRAQUITO ANDESITO PÓRFIRO BASALTO PÓRFIRO
fanerítica fina PÓRFIRO PÓRFIRO E DIABÁSIO
PÓRFIRO
Porfirítica de matriz fanerítica GRANITO SIENITO PÓRFIRO DIORITO PÓRFIRO GABRO PÓRFIRO E
média (a grossa) PÓRFIRO DIABÁSIO PÓRFIRO
Vítrea OBSIDIANA ou VIDRO VULCÂNICO
Vítrea ESCÓRIA VULCÂNICA (muito vesicular) e PÚMICE (muito vesicular e leve)
Pegmatítica PEGMATITO
A identificação dos principais minerais das rochas graníticas visualizados em amostra

Mineral Cor Hábito Clivagem etc Observações

Quartzo Incolor/cinza Normalmente anédrico Ausente Branco quando em veios


hidrotermais
Feldspato alcalino Rosa ou branco Forma alongada, tabular Incipiente, 2 conjuntos a 90º Maclas simples frequentemente
visíveis
Plagioclásio Branco (raramente verde ou Forma alongada, tabular Incipiente, 2 conjuntos a ~90º Maclas múltiplas raramente
preto) visíveis
Piroxênio Preto, verde escuro ou marrom Prismas com 4 ou 8 lados Boa, 2 conjuntos a ~90º
Anfibólio (hornblenda) Preto ou verde escuro Prismas em forma de losango Boa, 2 conjuntos a ~120º
Biotita Preto a marrom escuro Flocos escuros e brilhantes (seis Um plano de clivagem
lados) excelente
Muscovita Incolor Flocos prateados (seis lados) Um plano de clivagem
excelente
Turmalina Normalmente preto Prismas alongados de 3 Ausente Clivagem ausente a diferencia
lados/agulhas da hornblenda
Fonte: Rochas e processos ígneas – Gill (2014)

A mineralogia das rochas graníticas típicas

Diorito Tonalito Granodiorito Granito


Minerais essenciais Plagioclásio Plagioclásio Plagioclásio sódico Feldspato alcalino
Um ou mais minerais máficos Quartzo Quartzo Quartzo
Feldspato alcalino Plagioclásio sódico
Plag > K-felds K-felds >= plag
Minerais qualificadores Quartzo Hornblenda Hornblenda Hornblenda
Hornblenda Biotita Biotita Biotita
Biotita Muscovita
Augita Turmalina
Granada (almandina)
Cordierita
Andalusita
Índice de Cor Melanocrático ou mesocrático Mesocrático Mesocrático ou leucocrático Leucocrático
Minerais secundários comuns Clorita, uralita ou iddingsita em substituição ao piroxênio, à hornblenda ou à biotita
Sericita ou epidoto em substituição ao feldspato (o quartzo não é suscetível a alteração)
Obs: O nome “granito a duas micas” muitas vezes é utilizado em referência a um granito contendo biotita e muscovita.Uma variante leucocrática do tonalito, composta sobretudo de plagioclásio sódico e quartzo com
biotita é chamada de trondhjemito. Os termos (quartzo) monzonito e (quartzo) sienito designam os equivalentes pobres em quartzo dos granitos sódicos e potássicos.

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