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Atlas de Minerais Acessórios e de

metamorfismo
SUMÁRIO

Introdução ..................................................................... Erro! Indicador não definido.


Mineralogia Sistemática ............................................. Erro! Indicador não definido.
Silicatos ........................................................................... Erro! Indicador não definido.
Classificação dos Silicatos .......................................... Erro! Indicador não definido.
Os minerais e as rochas .............................................. Erro! Indicador não definido.
Ia - MINERAIS ACESSÓRIOS - SILICATOS ...................................................................... 2
Ia.1. ZIRCÃO .................................................................................................................... 2
Ia.2. TITANITA (ESFENO ou ESFÊNIO)............................................................................. 7
Ia.3.GRUPO DAS TURMALINAS ...................................................................................... 8
Ib - MINERAIS ACESSÓRIOS – NÃO SILICATOS .......................................................... 15
Ib.1. GRUPO DOS CARBONATOS ............................................................................... 15
Ib.2. GRUPO DOS FOSFATOS....................................................................................... 18
II.3. GRUPO DOS HALOGENETOS ............................................................................... 20

1
Ia - MINERAIS ACESSÓRIOS - SILICATOS Os cristais 4, 5, 6 e 7 foram separados de diques máficos e em particular
são homogêneos, e não apresentam qualquer tipo de zoneamento. Já o
Ia.1. ZIRCÃO zircão 11 apresenta núcleo e borda com bandas de zoneamento totalmente
Zr[SiO4] difusas, sugerindo que o zircão sofreu forte mobilização química. Cristais que
Nesossilicato do Sistema Tetragonal apresentam bandas difusas têm grande probabilidade de resultar em pontos
discordantes. Por último os cristais 12, 13 e 14 referem-se a cristais separados
Associação paragenética de um gabro que não apresentam hábitos prismáticos, e se mostram bastante
homogêneos
O zircão é um mineral acessório muito freqüente em todos os tipos de
rochas. Nas ígneas e metamórficas predomina nos litótipos félsicos a
intermediários. Nestas rochas, devido a sua resiliência, mesmo sob condições Figura 1. Imagem de
de ~800°C e 20 kbar, o zircão permite adicionar informações geocronológicas catodoluminescência
aos estudos petrológicos. de cristais de zircão de
Nas rochas magmáticas ocorre em abundância em rochas plutônicas diferentes tipologias
relativamente ricas em sódio. O zircão ocorre, em geral, como cristais formados em diversos
pequenos de formação primitiva, muitas vezes incluso em minerais de ambientes tectônicos.
formação mais tardia, mas pode ocorrer como cristais grandes bem Cristais de 1 a 11 são
desenvolvidos em pegmatitos graníticos e particularmente nos de sienitos zircões separados de
nefelínicos. Em geral são automorfos e subdiomórficos. As cores variam de granitóides; entre 12 a
laranja, rosa, marrom ou, às vezes, marrom escuro, devido à metamitização. 14 são zircões
A presença de núcleos com idades mais antigas do que aquelas provenientes de
encontradas nos bordos do grão indica a participação do mineral em eventos rochas máficas; e o
de reciclagem crustal. Estes núcleos representam relíquias de cristais de zircões cristal 15 é uma
mais antigos que, depois de terem sofrido uma erosão e/ou fusão parcial, apatita. Os números
recristalizaram guardando um núcleo representativo do protólito antigo. entre parênteses são
Nas rochas sedimentares é comum como partícula detrital, idades em Giga anos
sobrevivendo muitas vezes a mais de um ciclo de meteorização e (Ga).
sedimentação, pode ocorrer autigênico.
A Figura 1 (Sato et. al., 2008) mostra imagens de catodoluminescência
(CL) de diferentes tipologias de zircão formados em diversos ambientes
tectônicos. Os cristais numerados de 1 a 11 foram concentrados das rochas
granitóides, enquanto os cristais de 12 a 14 são provenientes de rochas
máficas e o cristal 15 representa uma apatita. A imagem de apatita em luz
transmitida pode ser facilmente confundida com o zircão, pois em alguns Nas rochas
casos mostram hábitos muito similares. A apatita de uma forma em geral metamórficas o zircão pode ser herdado do protólito ou ser cristalizar-se
apresenta um aspecto mais transparente e brilhante em relação ao zircão. Os durante o processo metamórfico.
zircões de 1 a 3 mostram bandas de zoneamento claras e escuras O estudo do zircão no ambiente metamórfico se intensificou nas últimas
relativamente regulares que nada mais são as variações dos teores químicos décadas em função das várias aplicações deste mineral para a
de U. Nos cristais 8, 9 e 10 observam-se duas fases de crescimento, geocronologia e nos estudos petrogenéticos, pois geralmente são assimilados
destacando-se o núcleo e bordas de sobrecrescimento formadas em épocas diversos outros elementos traço à estrutura cristalina, como Hf, REE, Y e Ti,
tardias. Observa-se que estas bordas são homogêneas, não apresentando zircão mostrou-se apropriado para investigações da fonte magmática e de
bandas de zoneamento químico. processos de assimilação crustal, além de eventos geológicos posteriores à
cristalização, como é o caso do metamorfismo (Figura 2).

2
Com o aumento progressivo da temperatura, ao redor do pico do
metamorfismo pode ocorrer o reequilíbrio do zircão primário ou previamente
alterado. Nessa zona de recristalização os cristais que permanecerem em
contato com o fluido ou magma podem gradualmente reordenar sua
estrutura, que se encontra metaestável em função de defeitos induzidos por
radiação ou devido à deformação do retículo cristalino derivada da
incorporação de elementos traço.

Como dito anteriormente, durante o metamorfismo, o zircão pode


formar-se de dois modos distintos:
Por cristalização, a partir de fluidos ou ainda em decorrência de
reações metamórficas que envolvam a quebra de minerais portadores de Zr.
Esse processo resulta em bordas neoformadas ao redor de grãos
remanescentes ou mesmo em novos cristais individuais. Portanto, trata-se de
eventos de dissolução e cristalização temporal e espacialmente
desconectados
Por recristalização, induzida ou não por defeitos cristalinos oriundos de
radiação, em um processo gradual que migra da borda para o núcleo do
cristal e que promove o reequilíbrio físico-químico do zircão. Nesse caso fluidos Tipologia do zircão
metamórficos são responsáveis pela mobilidade dos elementos constituintes
do zircão e, desta forma, esse tipo de alteração é capaz de induzir a perda Na década de 80 foi muito utilizada a técnica de tipologia do zircão,
parcial ou mesmo total de Pb. Por conseguinte, as idades obtidas podem não desenvolvida principalmente pelo francês J. P. Pupin.
ter significado geológico. A classificação tipológica do zircão é baseada nas combinações
Ambas as condições para formação de zircão metamórfico podem ser possíveis entre os prismas {100} e {110} e as pirâmides {211} e {101}
atribuídas tanto a etapas progressivas quanto retrometamórficas da evolução considerando as suas dimensões relativas (Figura 2). Posteriormente Pupin,
de um orógeno. Nas fases iniciais da trajetória P-T, predominam as reações de com outros colaboradores, apresentaram a distribuição de populações de
desidratação (muscovita, biotita e/ou hornblenda). Assim, os fluidos liberados zircões pertencendo a diferentes séries magmáticas para granitóides no
promovem a fusão parcial da rocha (A), o que resulta na dissolução dos diagrama I.A-I.T. (Figura 3).
menores cristais de zircão e conseqüente sobrecrescimento nos grãos
restantes.

3
No diagrama de classificação petrogenética dos granitóides (Figura 3) Os granitos dos tipos L, G, P, J e D são tidos como muito abundantes.
o índice A está ligado ao quimismo do meio, enquanto T indica a temperatura Todavia, os tipos C, I, R, e F com pirâmide {301} são considerados como
de cristalização. puramente teóricos. Os prismas {100} são indicadores de altas temperaturas
Assim os zircões do tipo S são os mais comuns, estão divididos em de cristalização enquanto que os prismas {110} indicam baixa temperatura. As
granitos de número 1, 2 e 3, que são de origem crustal ou principalmente pirâmides {211} se desenvolvem em ambientes fortemente aluminosos
crustal (granitos orogênico), onde o tipo 1 são leucogranitos aluminosos; o tipo enquanto que as {101} são típicas de meios hiperalcalinos.
2, (sub) monzogranitos autóctones e granodioritos, e o tipo 3 são granitos Esse estudo, em geral, é realizado pela análise de diversos grãos
aluminosos intrusivos. montados em lâmina delgada e observados em microscópio petrográfico,
porém o MEV pode ser usado. O trabalho demandado para esta técnica,
frente a possibilidade de obtenção de resultados idênticos através de análises
mais simples faz com que a tipologia do zircão não seja muito empregada.

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Propriedades Microscópicas *Metamictização: A metamictização é resultado de danos no retículo
LN cristalino causado durante a liberação de energia nos decaimentos
 forma: cristais prismáticos com seções quadráticas radioativos de U e Th para Pb. Quanto maior a quantidade de U e Th existente
 cor: incolores e límpidos (resistato químico e físico), quando metamíctico* nos cristais e quanto mais antigo for o mesmo, maior será o grau de
adquire aspecto turvo. metamictização. Nesse processo, canais abertos propiciam o escape de Pb
Quanto mais colorido for o zircão maior é seu conteúdo de Pb/U, porém radiogênico, no entanto, também pode ocorrer uma pequena entrada de Pb
quantidades elevadas de U danificam a estrutura (ver metamictização), comum no sistema (SATO et al., 2008).
mais adequado é para a datação. Em rochas derivadas do manto o
zircão é incolor a levemente rosados. Os zircões metamórficos em geral
são arredondados, sem arestas ou então são multifacetados,
denominados soccerbol. A diferença entre zircões arredondados
metamórficos e detríticos (sedimentares) é qeu os zircões metamórficos
são brilhantes e os sedimentares são foscos.
 IR: forte, em torno de 2,02 a 1,90
 clivagem: indistinta
 alterações: é praticamente inalterável, é comum como inclusão em
outros minerais e, pode desenvolver halos pleocróicos no mineral
hospedeiro (principalmente quando envolvido por biotita, anfibólio,
origina algumas vezes halos escuros ao redor do grão devido ao seu teor
em elementos radioativos)
 a zonação é comum

LP
 birrefringência: muito elevada, em torno de 0,06 a 0,04, com cores de
interferência de 3ª ordem
 extinção: reta
 SE (+)

LC
 U(+), mas pode ocasionalmente ser B(+) com 2V = 0 a 10°

Zircão incluso em biotita em gnaisse


de médio grau onde pode ser
observados halos pleocróicos, LN e
LP, 50X. Abaixo zircão e apatita
inclusos em biotita de granito como
desenvolvimento de halopleocróico, 5
LN, 50X
Zircão em brecha, LN e LP,
100X

Zircão em granito, LN e LP,


100X

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Ia.2. TITANITA (ESFENO ou ESFÊNIO) LP
CaTi[SiO4](O,OH,F)  Birrefringência: muito elevada, em torno de 0,100 a 0,170, com cores de
Nesossilicato do Sistema Monoclínico interferência do fim da 3ª ordem
 Extinção: segundo o plano de macla é oblíqua com ângulo máximo de
Associação paragenética 40º
 SE (-)
Nas rochas ígneas é comum tanto nas ácidas, intermediárias, sendo  Maclas: simples segundo (100) e lamelar segundo (221)
particularmente abundante nos sienitos nefelínicos, e básicas, mais comum
nas plutônicas que vulcânicas, rara nas ultrabásicas. É o mineral dominante LC
dentre os ricos em titânio. Também ocorre em filões de baixa temperatura tipo • B (+) com 2V = 20 a 40°
Alpino, onde pode estar associado com a adulária, albita e epídoto.
Nos granitos a presença de titanita sugere granitos do Tipo I -
Cordilherano - orogênicos , principalmente se acompanhados por hornblenda
e biotita.
Nas rochas sedimentares a titanita é comum como partícula detrital,
onde ocorre em abundância é, possivelmente de origem autigénica.
Nas rochas metamórficas: é freqüente e tem ampla distribuição,
principalmente em gnaisses e xistos ricos em minerais ferromagnesianos e é
bastante comum em rochas caIcossilicatadas impuras e metamorfizadas e em
escarnitos.

Propriedades Microscópicas
LN
 Forma: normalmente losagulares
 Cor: incolores a fortemente pleocróicos, com as seguintes cores: Titanita em granito,
Ng=castaho avermelhado; Nm=amarelo esverdeado a rosa pálido, LN e LP, 100X
Np=incolor
 IR: forte, em torno de 1,95
 Clivagem: muito boa segundo (110) – lembra a clivagem dos anfibólios
 Alterações: altera-se para leucoxênio conferindo um aspecto turvo ao
mineral, é comum como inclusão em outros minerais.

Titanita formada na borda


de opacos (leucoxênio), LN,
50X

Seção de titanita mostrando as duas clivagens à 120º e cristal de titanita


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Ia.3.GRUPO DAS TURMALINAS
Na(Fe, Mg, Mn,Li, Al)3 Al6 [Si6O18] (BO3)3(OH,F) Associação paragenética
Ciclossilicatos do Sistema Trigonal
Nas rochas ígneas a turmalina é um mineral típico de pegmatitos
graníticos, filões pneumatolíticos e de alguns granitos. Nos pegmatitos ocorre
associação com topázio, lepidolite, petalite, espodumenio, cassiterite, fluorite,
O grupo da turmalina é um dos mais complexos entre os silicatos, apatita, columbite, entre outros. Embora não seja comum, podem ocorrer em
quimicamente é um silicato de boro e alumínio, cuja composição é muito rochas básicas, onde boro foi introduzido metassomaticamente.
variável devido às substituições isomórficas (solução sólida) que ocorrem na Nas rochas metamórficas é um mineral comum, em geral ocorre como
sua estrutura. Os elementos que mais comumente participam nestas produto do metassomatismo do boro ou como resultado da recristalização de
substituições são o ferro, o magnésio, o sódio, o cálcio e o lítio existindo outros grãos detríticos do sedimento original.
elementos que podem também ocorrer. A turmalina é um mineral freqüente nas rochas sedimentares, onde
ocorre como mineral detrítico. Pode ocorrer autigénica em calcários e em
Espécies aceitas pelo arenitos sob a forma de crescimentos secundários em grãos detríticos de
(X) (Y3) (Z6) T6O18 (BO3)3 V3 W turmalina, bem arredondados.
IMA
Li1,5
Elbaita Na Al6 Si6O18 (BO3)3 (OH)3 (OH) A turmalina é a principal constituinte de rocha denominadas de turmalinitos e
Al1,5
luxulianitos.
Schorlita Na Fe2+3 Al6 Si6O18 (BO3)3 (OH)3 (OH)
Dravita Na Mg3 Al6 Si6O18 (BO3)3 (OH)3 (OH) Os turmalinitos são unidades litológicas estratiformes, concordantes com
Olenita Na Al3 Al6 Si6O18 (BO3)3 (OH)3 (OH) as rochas hospedeiras, contendo mais de 20% em volume de turmalina.
Cromodravita Na Cr3 Cr6 Si6O18 (BO3)3 (OH)3 (OH) Os turmalinitos estão presentes em muitos terrenos metassedimentares e
Buergerita Na Fe3+3 Al6 Si6O18 (BO3)3 O3 F metavulcânicos de idades que se estendem desde o Arqueano até o
Povondraita Na Fe3+3 Fe3+4Mg2 Si6O18 (BO3)3 (OH)3 O Permiano, associados a importantes depósitos minerais de Pb, Zn, Ag, Sn, Au e
outros, em várias províncias minerais espalhadas pelo globo. Os turmalinitos
Vanadiumdravita Na Mg3 V6 Si6O18 (BO3)3 (OH)3 (OH)
são compostos, principalmente, por turmalina e quartzo, mas podem conter
Liddicoatita Ca Li2 Al Al6 Si6O18 (BO3)3 (OH)3 F feldspatos, muscovita, biotita, clorita, flogopita, stilpnomelano, granada,
Uvita Ca Mg3 MgAl5O Si6O18 (BO3)3 (OH)3 F apatita, rutilo, sulfetos, Fe-dolomita e grafita.
Hidroxi-feruvita Ca Fe2+3 MgAl5O Si6O18 (BO3)3 (OH)3 (OH) A origem dos turmalinitos é controversa mas a maioria dos estudos
Rossmanita vazio Li2 Al Al6 Si6O18 (BO3)3 (OH)3 (OH) atribuem sua origem a processos pré-metamórficos, relacionados ao
hidrotermalismo submarinos ou evaporíticos. Outros modelos discutidos são:
Foitita vazio Fe 2Al
2+ Al6 Si6O18 (BO3)3 (OH)3 (OH)
substituição pré-metamórfica, exalativo singenético, soluções coloidais,
Magnesiofoitita vazio Mg2 Al Al6 Si6O18 (BO3)3 (OH)3 (OH) evaporítico, metassomatismo de contato e regional. Já a origem pré-
metamórfica é atribuída à substituição dos sedimentos ou rochas vulcânicas
Além das variedades acima se destaca a turmalina Paraíba, aluminosas a partir de sua reação com fluidos ricos em boro.
descoberta em 1989, São José da Batalha, Paraíba, com uma cor verde ou Dados de campo e geoquímicos têm demonstrado que os turmalinitos
verde-azulada bem diferente das conhecidas, e que é hoje a variedade mais podem ter sua origem relacionada a processos exalativos singenéticos e a
cara de todas. Posteriormente, a turmalina Paraíba foi encontrada também maior evidência desse processo é a ocorrência de turmalinitos em contato
no estado do Rio Grande do Norte e na África (Moçambique e Nigéria). Essas direto com depósitos de sulfetos estratiformes e formações ferríferas.
jazidas estão em vias de esgotamento. O luxulianito é um produto da modificação pneumatolítica incompleta
de um granito porfiróide alcalino por fluídos ricos em boro, onde a biotita e o
feldspatos são substituídas por turmalina.

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Propriedades Óticas
LN
• forma: seções basais triangulares, com faces arqueadas, seções laterais
prismáticas
• cor: muito variada, com pleocroismo inverso ao da biotita; Ng: cinza, azul,
verde, amarelo; Np: as mesmas cores em tons mais claros ou incolor; é
muito comum o fenômeno de zonação perceptível macroscopicamente
ou em LN
• IR: médio, em torno de 1,60
• clivagem: indistinta, não é visível no microscópio ótico, destacam-se as
fraturas transversais ao maior alongamento.
• alterações: em geral não se altera, pode ocorrer a substituição por micas

LP
• birrefringência: elevada, em torno de 0,018 a 0,043, com cores de
interferência de 3ª ordem
• extinção: reta
• SE (-)

LC
• U (-) ou B(+) em rochas metamórficas quando a turmalina é pré-
cinemática

Seções basais de turmalina mostrando sua forma triangular, com faces


levemente arqueadas, característica, LN, 50X, foto superior turmalina pós- Seções laterais de turmalina mostrando o forte pleocroismo inverso e as
cinemática em gnaisse, foto inferior granito. fraturas transversais ao maior alongamento, LN, 50X.

9
Turmalina em granito, mostrando o pleocroismo inverso, fraturamento Turmalinito, com bandamento dado pela alternância de quartzo e
perpendicular ao maior alongamento e zonação, LN e LP, 50X. turmalina, LN e LP, 50X. 10
IA.4. GRUPO DOS EPIDOTOS Piemontita: a piemontita é facilmente reconhecível pelo seu pleocroismo forte
de amarelo, cor-de-rosa e vermelho; porém não é um mineral freqüente nas
Sorossilicatos dos Sistemas Ortorrômbico e Monoclínico rochas. Ocorre como produto do metamorfismo regional de baixo grau em
rochas diversas, desde xistos verdes e azuis a anfibolitos. É freqüente como
produto de processos hidrotermais em associação com depósitos de
O epidotos formam uma extensa família de sorossilicatos que cristalizam manganês.
com simetria monocIínica, exceto aqueles cuja composição química se
aproxima da composição Ca2 AbSi3012(OH), que podem ocorrer com simetria Alanita: é mineral acessório comum (primário) de rochas ígneas ácidas e
ortorrômbica (zoisita) ou com simetria monocIínica (cIinozoisita). intermediárias, principalmente plutônicas. Eventualmente podem ocorrer em
As variações da composição química dentro do grupo estão pegmatitos e escarnitos calcários.
relacionadas as substituições de Al3 por Fe3 e Ca2Fe3 por ERT3Fe3.
O grupo fica dividido da seguinte forma: Propriedades Óticas
LN
Epidotos ortorrômbicos  Zoisita – CaAl,Al2O,OH[Si2O7] [SiO4] • forma: muito variada, o epidoto de uma forma geral ocorre como
Epidotos monoclínicos  Clinozoisita agregados globulares, prismas alongados; a alanita ocorre como cristais
Epidoto (Pistacita) euédricos, em formas losangulares, semelhante a titanita e aos anfibólios
Piemontita (com quem pode ser confundida).
Allanita • cor: depende da variedade do mineral: zoisita: incolor; epidoto
(pistacita): pelocróico em tons de verde e amarelo (amarelo limão
característico); piemontita: fortemente pleocróica em tons de amarelo,
Associação paragenética vermelho e ametista; alanita: fortemente pleocróica em tons de
castanho, castanho avermelhado ou esverdeado,
Zoisita: é produto freqüente do metamorfismo térmico e regional na fácies • IR: alto
epidoto-anfibolito em rochas derivadas de argilitos calcários e arenitos; e em • clivagem: boa segundo o maior alongamento.
anfibolitos derivados de rochas ígneas básicas. Podem ocorre como fase • A alanita pode ocorrer zonada e metamíctica, semelhante ao zircão.
primária ou como fase secundária em eclogitos e xistos azuis e como Uma feição comum e diagnóstica da alanita em rochas graníticas é uma
alteração hidrotermal de calcários impuros. coroa de reação de epidotos, são comuns fraturamentos radiais a partir
do cristal quando este está metamictizado.
Clinozoisita e, epidoto: estes minerais são produtos do metamorfismo regional
principalmente das fácies xistos verdes e anfibolito a partir de rochas diversas LP
(desde ígneas ácidas a básicas e sedimentares diversas). Nas rochas da fácies • birrefringência: elevada, com cores de interferência de 3ª ordem (de
xisto verde, o epídoto está normalmente associado à clorita, actinolita, albita, 0,005 a 0,010), a zoisita e clinozoisita apresentam birrefringência azul
quartzo, com menor freqüência à mica branca, biotita, estilpnornelano e anômala
granada.Mais raramente podem ocorrer em rochas da fácies dos xistos azuis, • extinção: zoisita: reta; clinozoisita: 15 a 25º; epidoto: 25 a 30º;
associado a pumpeleíta, glaucofano, granada, lausonita, riebequita e piemontita: 29 a 33º; alanita: 30º
onfacita. Podem resultar do metamorfismo de contato, particularmente de • SE – variável para todos os epidotos
rochas calcárias. Neste caso, o epidoto ocorre associado ao clinopiroxênio,
calcita, granada, vesuvianita, escapolita, volastonita e plagioclásio. LC
O epidoto é o principal produto de alteração hidrotermal do plagioclásio • B: zoisita (+); clinozoisita (+); epidoto (-); piemontita (+); alanita (+)/(-)
(saussuritização), quando relacionado a eventos hidrotermais pode preencher
amígdalas e fraturas de rochas diversas.
Muito raramente ocorre como produto primário em rochas magmáticas, neste
caso destacam-se suas formas euédricas.

11
Epidoto do tipo pistacita preenchendo cavidade em basalto, LN e LP, 50X.

Epidoto do tipo pistacita preenchendo veio de quartzo em granito, LN e LP, 50X. 12


De cima para baixo rocha metabásica com
hornblenda verde e epidoto incolor, do tipo
clinozoisita com birrefringência azul
característica, evidenciada no detalhe (LP,
100X); a seguir pistacita resultante do
hidrotermalismo sobre plagioclásio; abaixo veios
de epidoto do tipo pistacita em metagranito;, LN
e LP, 50X.

13
Seções de alanita mostrando cor castanha com zonação marcante característica, na foto superior a direita alanita
metamictizada, todas em granitos LN, 50X. nas fotos inferiores alanita com coroa de epidoto (pistacita) e a direita alanita
deformada em milonito, também com cora de epidoto (pistacita), LN e LP, 50X. Observem a íntima associação com a biotita.

14
Ib - MINERAIS ACESSÓRIOS – NÃO SILICATOS A dolomita é um mineral típico de ambientes sedimentares, embora
haja ocorrências importantes em jazimentos metamórficos e hidrotermais
Ib.1. GRUPO DOS CARBONATOS metassomáticos. Conhecem-se algumas formações sedimentares que
Sistema Trigonal inicialmente continham dolomita, denominada de primária. A dolomita
Variedades: secundária forma-se quando a aragonita e a calcita primárias de calcários
• Calcita – CaCO3 reagem com soluções de magnésio para formar a Dolomita. Deste modo a
• Dolomita – CaMg(CO3)2 Dolomita primária pode incluir dolomita associada a formações evaporíticas.
• Magnesita - MgCO3
• Siderita - FeCO3 Propriedades Óticas
• Rodocrosita - MnCO3 LN
• forma: muito variada, depende da origem do mineral, se resultante de
restos orgânicos costuma preservar a forma original, pode ser oolítico;
Associação paragenética quando hidrotermal costuma desenvolver cristais bem formados; quando
nos carbonatitos em geral apresenta forma poliédricas; quando produto
Os carbonatos devido a sua composição muito variada têm uma de alteração forma massa indistintas;
paragênese muito ampla, estão presentes em rochas ígneas, os carbonatitos; • cor: incolores com pleocroismo de refração
são muito comuns em rochas metamórficas, como mármores e margas; e • IR: variável, conforme a face
ocorrem largamente em rochas sedimentares de precipitação química e • clivagem: perfeita segundo (1011), com dois sistemas cortando-se a 75º .
biogênica (calcários). Além disso os carbonatos são produto de • Obs: as maclas são visíveis em LN.
hidrotermalismo, preenchendo cavidades e fraturas, é produto de alteração
de diversos minerais, entre eles o plagioclásio. Uma das discussões LP
petrogenéticas mais interessantes é a origem do carbono mantélico, • birrefringência: muito elevada, com cores superior a 3ª ordem, com
responsável tanto pela formação dos carbonatitos ígneos como dos aspecto pipocado (bird eyes)
diamantes. • extinção: simétrica aos traços de clivagem
Conforme as principais variedades os carbonatos podem estar • SE: variável
distribuídos da seguinte forma: • maclas: freqüentes, lamelares e polissintéticas. As maclas permitem a
A calcita é um dos minerais com distribuição mais generalizada, e além distinção entre a calcita e a magnesita. Na calcita as lamelas de
de ser um importante mineral constituinte das rochas de ambientes geminação são paralelas a diagonal maior do losango e na dolomita são
sedimentares, também ocorre em rochas metamórficas e ígneas e é paralelas a menor aresta do losango)
freqüente a partir de mineralização hidrotermal ou secundária.
Nas rochas sedimentares a calcita é o constituinte principal da maior LC
parte dos calcários. Ocorre sob a forma de precipitado primário e sob a forma • U (-)
de concha e fosseis. A calcita é a forma estável do CaCO3. Ocorre nas
rochas ígneas alcalinas, especialmente em carbonatitos e em alguns *Formas de distinção: os carbonatos são distinguíveis pela sua reação com
sienitosnefeliníticos. HCl, sendo que a calcita ferve com HCl 10% a frio e a dolomita com HCL
A siderita ocorre mais freqüentemente em rochas sedimentares concentrado.
estratificadas, nas quais é o principal mineral de ferro em minérios argilosos. Os carbonatos podem ser distintos entre si através de corantes, onde o mais
A siderita também ocorrem em filões metálicos sob a forma de mineral comum é o vermelho de alizarina S, que tinge a calcita calcífera e não as
hidrotermal, onde muitas vezes pode existir uma variedade magnesiana: os outras variedades.
carbonatos ricos em ferro associados com massas mineralizadas de sulfuretos
de Pb, Ag, e Zn. Encontra-se também em carbonatos de ferro sedimentares
metamorfizados que se aproximam da composição dos eulisitos.

15
Carbonato
preenchendo
estruturas orgânicas
(conchas) em
calcário , LN e LP, 50X

Carbonato preenchendo estruturas


orgânicas (ossos de mesossaurídeos)
em calcário , LN e LP, 25X

Carbonato calcítico preenchendo


cavidade em basalto associada a
clorita , LN e LP, 50X

16
Carbonato calcítico
magmático em
carbonatito (observem a
textura semelhante a
granoblástica),associado
a apatita (mineral
incolor) tetraferriflogopita
(mineral avermelhado) e
magnetita (opaco),
LN e LP, 50X

Carbonato preenchendo
fraturas e substituindo
plagioclásios em
metagranito, LN e LP, 50X

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Ib.2. GRUPO DOS FOSFATOS LP
Sistema Hexagonal • birrefringência: muito baixa, com cores de interferência cinza de 1ª
ordem (igual ao quartzo)
• extinção: reta
Variedades: • SE (-)
 Apatita – Ca5(PO4)3
 Fluorapatita – Ca5(PO4)3F LC
 Cloroapatita - Ca5(PO4)3Cl • U (-) raramente B(-)
 Hidroxiapatita - Ca5(PO4)3OH • É um mineral semelhante ao quartzo, distingui-se deste pelo elevado IR e
pelo SE e SO (-)

Associação paragenética

Os fosfatos têm uma paragênese muito ampla, são comuns em rochas


ígneas plutônicas e vulcânicas, ácidas a básicas, em pegmatitos, filões
hidrotermais, especialmente em carbonatitos. São comuns no em rochas
metamórficas de contato de contato e regional. São comuns em rochas
sedimentares como detrito e, por vezes, forma depósitos de origem orgânica
(fosforitos).
A apatita é o fosfato mais comum é um mineral acessório freqüente em
muitos tipos de rochas e é o mineral com fósforo mais abundante. Ocorre
como mineral acessório em quase todas as rochas ígneas desde básicas a
ácidas, e em algumas pode mesmo atingir 5%wt, embora o intervalo normal
de variação seja de 0,1 – 1%wt.
Ocorre nas rochas metamórficas, em zonas de metamorfismo de
contato e regional.
É freqüente em rochas sedimentares, nas quais ocorre quer sob forma
de mineral detrítico quer como depósito mineral. Normalmente nas formações
que contem grandes quantidades de restos de vertebrados ocorrem grandes
quantidades em fosfatos.

Propriedades Óticas

LN
• forma: seções basais hexagonais e laterais prismáticas, eventualmente
em rochas básicas vulcânicas podem ocorrer na forma de longas
agulhas ocas, por vezes curvas, em típicas texturas quench diagnósticas
Múltiplas inclusões de apatita em anfibólio, LN e LP, 50X
de resfriamento rápido. è muito comum ocorrer como inclusão em
minerais como a biotita e anfibólios.
• cor: incolores e límpidos (resistato químico e físico)
• IR: elevado, em torno de 1,60
• clivagem: ausente
Apatita acicular em rochas básicas
vulcânicas, na primeira e segunda
fotomicrografias longa agulha de
apatita e seção basal hexagonal; LN e
L, 50X; na terceira fotomicrografia
leque de agulhas de apatita, LN, 50X;
na quarta fotomicrografia agulha oca
de apatita, LN, 100X
II.3. GRUPO DOS HALOGENETOS
Sistema Cúbico

Variedades:
 Fluorita – CaF2
 Halita - NaCl

Associação paragenética

Entre os halogenetos o mineral com maior importância petrográfica é a


fluorita, uma vez que a halita é hidrossolúvel e não resiste aos processos de
laminação.
A fluorita ocorre em rochas ígneas plutônicas e vulcânicas, ácidas e
intermediárias, e está relacionada ao hidrotermalismo e a pegmatitos e
graisens.
Nas rochas sedimentares pode ocorre como cimento ou como
partícula detrital.

Propriedades Óticas

LN
• forma: normalmente euédrica, pode ser intersticial
• cor: incolores a fracamente colorido em tons de azul ou violeta, a cor é
melhor observada em laminas mais espessas, sempre não pleocróico
• IR: muito baixo, em torno de 1,430 (inferior ao BC)
• clivagem: perfeita segundo (111)

LP e LC

• São cúbicas, portanto são isótropas e estão permanentemente extintas,


por este motivo podem ser confundidas com a soldalita, um feldspatóide.
Porém a sodalita tem IR maior e a paragênese é diferente: fluorita ocorre
com quartzo, e a sodalita não.

Fluorita na borda de feldspato, onde pode ser


observada sua clivagem e leve cor arroxeada ,
LN e LP, 100X
No conjunto de fotomicrografias
superior fluorita formando um
veio em metagranito, onde a
cor lilás e roxa estão bem claras,
LN e LP, 50X; no conjunto de
fotomicrografias inferior fluorita
incolor em granito, LN e LP, 50X

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