Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
,
TECNOLOGICA
123
1 _. INTRODUÇÃO arranjar-se tanto em forma de hexágonos como em
distribuição compacta, ilustradas na figo 1, (a) e (b),
No ciclo sedimentar os minerais de argila podem respectivamente. Quando as rêdes se compõem de
nascer, evoluir e degradar-se, adaptando-se às varia- íons OH- ou OH2 e OH- associadas, o arranjo é do
ções químicas e físicas dos ambientes em que se for- tipo compacto.
mam ou a que são transportados. Donde se eviden-
cia a importância de identificá-los.
Pelo fato de caber à difratometria de raios-X o o o o o o o o o o o o o o o
mérito de quase todo o conhecimento acumulado o o o o o o o o o o o
sôbre a estrutura dos cristais, e ante a dificuldade o o o o o o o o o o o o o O
de obtenção de elementos distintivos em estudo óptico o O o o o o o o o o o
de partículas muito finas, é indispensável o emprêgo o o o o o o o o o o o o o o
daquela técnica para uma perfeita identificação de o o o o o o o o o o o
material argiloso, cuja classificação se fundamenta (aI (b\
nas características estruturais dos cristais. Estudos Fig. 1 - Rêdes bidimensionais de íons: (a) em
térmico-diferenciais ou análises químicas, isolada- hexágonos, (b) em arranjo compacto
mente, não valem como armas para a identificação _
de argilas, por dupla razão: as semelhanças de Entre lUlla rêde em he:cágonos e uma rêde compacta
comportamento térn::ico e de composição· qlúmica formam-se espaços vazios definidos por quatro faces,
de tais minerais, por um lado, e, por outro, o mas- que chamamos poros tetraédricos. Por outro lado,
caramento destas características pela coexistência entre duas rêdes compactas formam-se poros octaé-
de dois ou mais tipos de argila numa rocha ou solo. chicos, ou seja, limitados no espaço por oito faces.
Tão simples é a determinação do tipo ou grupo O centro dos poros assim demarcados pode ser
de argila através das características estruturais dês- ocupado por catíons com coordenação 4 (nos tetra-
tes minerais, e tão proveitosos êstes dados para uma edros) ou 6 (nos octaedros). Por extensão, chama-se
interpretação geológica ou pedológica, que não se camada tetraédrica o conjunto
justifica estejam ausentes de trabalhos detalhados rêde de íons 0-2 em hexágonos
de estratigrafia ou petrografia sedimentar. catíons com coordenação 4
Esta contribuição traduz o empenho de um geó- rêde de íons 0-2 e OH- compacta,
logo de petróleo em propagar conhecinlentos sôbre e camada octaédrica o conjunto
matéria útil à prospecção, e, ao mesmo tempo, in- rêde de íons 0-2 e OI r compacta
teressar maior número de técnicos por um assunto catíons com coordenação 6 .
que parece pouco desenvolvido no Brasil. rêde de íons OH- compacta.
Cada um dêstes conjuntos ou camadas tem uma
espessura definida, da ordem de angstrons (10- 7 mm).
2 - ESTRUTURA CRISTALINA Ora, caracterizando-se cada grupo de minerais fili-
DAS ARGILAS tosos por lUll determinado número destas camadas
. (2, 3 ou 4), pode-se dizer que o primeiro elemento
Argilas são silicatos hidratados que comumente estrutural utilizado é a constituição do pacote uni-
mostram finas partículas em sua textura, desenvol- tário, de espessura definida.
vem plasticidade quando em contacto com certa
quantidade dágua, e, como as micas, fazem partc RÊDE DE I'ONS 0- 2 EM HEXÁGONOS
l
dos filossilicatos. A maior parte das argilas apre- íONS Si+ 4 NOS POROS TETRAÉDRICOS
l.T.]
senta-se com habitus lamelar ou tabular, .por RÊDE DE íONS 0- 2 E OH- COMPACTA P.U.
-
terem a estrutura cristalina sustentada por íons _
"w~1
íONS Al+3 NOS POROS OCTAÉDRICOS
RÊDE DE íONS OH- COMPACTA
l.O. E.U.
124
o espaço inierfoliar mantém separados os pacotes I
I
CAVIDADE CAVIDADE
nnitários. A espessura e variabilidade dêste espaço 4 tONS Si+ 4 J
são definidas para cada família de mineral filitoso, RÊDE DE {ONS 0- 2 EM HEXÁGONOS
de modo que a distância entre o tôpo de um pacote 4 (ONS Si+ 4 4 íONS Si+ 4
íONS 0-2,OH~OH.H CAVIDADE íONS 0-~OH-,0H.H
e o tôpo do pacote contíguo é definida, chamando-se
5 íONS Mg-2 ALONGADA, 5 íONS Mg-2
a isto espaçamento segnndo o eixo-C, on eqüidis-
tância unitária dos minerais filitosos. A constância
íONS 0-10H-,OH.H COM ÁGUA íONS O_2,OH -,OH.H
4 íONS Si t4 4 íONS Sit 4
lê
destas eqüidistâncias confere ao mineral o poder de R ÊDE DE tONS 0- 2 EM HEX ÁGONOS
o 4 íONS Si+ 4
difratar. O difratograma obtido de uma montagem Foixo·C CAVI DADE CAVIDADE í
I
de cristais ou partículas tabulares orientados se-
gundo sua menor dimensão (eixo-C) revelará a eqüi- Fig. 3 - Esquema da estrutura de um mineral
distância unitária do mineral, como :êle se apresenta fibroso com cinco íons Mg-Z em posição octaé-
drica das fitas:_Palygorskita
na amostra. Registro de montagens tratadas com
calor e com atmosfera de etileno-glicol, comparados Considerando apenas uma parte do esquema, veri-
com o primeiro registro, indicarão se a eqüidistância ficamos que a constituição dos minerais fibrosos
é variável ou invariável em face de tais tratamentos. lembra a de filitosos a três camadas nos quais os
Independentemente do conceito de pacote unitário, tetraedros de Si da· camada inferior tivessem sido
válido para os minerais filitosos e referido à estru- invertidos.
tura mineral perpendicularmente ao eixo-C, deve-se 3 ELEMENTOS PARA A CARACTE-
ter em mente o de célula unitária de um cristal, que
é a menor porção dêste cristal capaz de mostrar a RIZAÇÃO DAS ARGILAS
composição e as propriedades do todo. Éste conceito Passadas por alto as propriedades ópticas e térmicas
versa sôbre a constituição atômica ou iônica de um das argilas, joga-se com cinco características para a
cristal segundo todos os seus· eixos. Na maioria das classificação dêstes minerais em grupos ou famílias:
argilas, a célula unitária contém só um pacote uni- a) o habitus, que pode ser tabular ou fibroso;
tário e um espaço interfolim', segundo o ei.'w-C. Há, b) o número de camadas componentes do pacote
porém, argilas que não possuem espaço inteljoliar 'unitário;
idêntico entre todos os pacotes. Em tais casos, a c) a possibilidade de substituições iônicas dentro
periodicidade se faz a cada dois ou mais pacotes, e das camadas;
a célula unitária obedecerá a esta periodicidade. d) a variabilidade ou estabilidade do espaço in-
Os esquemas das figuras 4 e 5, estampadas na terfoliar;
seção 3, mostram determinados números de Íons Si, e). a homogeneidade ou heterogeneidade de cons-
Mg, OH etc. Não significa isto que no plano per- tituição, pacote a pacote.
pendicular ao eixo-C haja interrupções: todos os Com exceção da terceira, a difratometria de raios-X
Íons formam ilimitadas rêdes segundo êste plano. revela estas características mediante análises feitas
Os números de Íons mencionados servem apenas para com o material devidamente preparado e orientado,
mostrar a proporção entre os diversos constituintes conforme se verá na parte final desta exposição.
e caracterizar a célnla unitária tridimensionalmente.
3.1 ~ HABITUS: TABULAR OU FIBROSO
É uma ilustração da fórmula química do mineral.
Minerais de argila ou minerais na fácies argilosa.
2.2 - ESTRUTURA DOS MINERAIS podem pertencer a dois grandes grupos de silicatos,
FIBROSOS cujas estruturas já ficaram descritas na seção 2:
os filitosos e os fibrosos. Apesar de diminutas as
Os minerais fibrosos são constitlúdos de rêdes con- partículas, seu habitus é uma característica fácil de
tínuas de Íons 0-2 em hexágonos, separadas por descobrir, pelo que se sabe de imediato quando se
fitas paralelas, duplas, formadas de Íons 0- 2 , OH-, trata de partículas tabulares ou fibrosas, e, conse-
e OH.H em arranjo compacto em duas camadas, qüentemente, de argilas filitosas ou fibrosas.
e que se desenvolvem segundo o eixo-C. Estas fitas
apresentam poros octaédricos onde se alojam catÍons 3.2 - O NúMERO DE CAMADAS COMPO-
Mg, enquanto no contacto das rêdes contínuas com NENTES DO PACOTE UNITÁRIO
as faces superior e inferior das fitas se formam poros O elemento fundamental para a caracterização das
tetraédricos contendo catíons Si. Como se percebe argilas filitosas é a quantidade de camadas compo-
no esquema da figo 3, as fitas se dispõem alternada- nentes do seu pacote unitário. A difratometria é o
mente quando observadas em corte transversal a método capaz de determinar· êsse número, pela
elas (eixo-C). Assim como as fitas, longas cavidades principal eqüidistância medida segundo o ei.'\:o-C ..
desenvolvem-se perpendicularmente ao esquema, ad- Assim, há minerais filitosos a duas, três e quatro
mitindo água higroscópica e zeolítica na proporção camadas, com o seguinte arranjo, perpendicular-
de quatro moléculas por célula unitária. mente ao eixo-C dos cristais:
125
MINERAIS A DUAS CAMADAS MINERAIS A TRÊS CAi\B.DAS MINERA.IS A QUATRO CAMADAS
camada octaédrica
camada tetraédrica camada tetraédrica camada tetraédrica
camada octaédrica camada octaédrica camada octaédrica
camada tetraédrica camada tetraédrica·
Na figo 4 se acham as fórmulas qtúmicas funda- Convém ter presente que, se fôr gerada uma di-
mentais correspondentes aos três tipos de argila. ferença de carga numa camada, em conseqüência
Pode-se notar que as rêdes planas mistas (40, 20H) de substituição iônica não-lrioctaédrica, automàtica-
pertencem às duas camadas contíguas, ao mesmo mente ocorrerá outra substituição numa camada
tempo. contígua do mesmo pacote, de modo a comr;ensar
A primeira fórmula d' z respeito à célula unitária a diferença; ou, ainda, no espaço inteljoliar serão
da Kaolinita, a segunda à da Pyrophyllita, enquanto admitidos Íons, para refazerem a neutralidade elé-
o esquema da terceira não corresponde a um mine- trica da célula unitária.
ral conhecido. O mais comum dos minerais a quatro
camadas é a CIo ri ta, em que íons Si e AI de Mdas
6 O
as camadas se mostram total ou parcialmente subs- Camada
oclae'drica (6·21)t.lg,2xAI
E. L O,25K
tituídos. 6 OH
6 O 6 O 6 O
Camada
lalraédrica 4 Si 3,75Si,O,25AI 14-2x)Si, 21A I
Camada 6 O 40,20H 4020H 40,20H
oclaédricd' 4 AI Camada
Espaço inlerfoliar oclacidrica 6 Mg 4 AI (4-I)Si,1 A I
6 OH 6 OH 40,20H 40,20H
6 O 6 O 6 O Camada
Camada telrall<lrlca 4 Si (4-x) Si,l A I
lelraédrica 4 Si 4 Si 4 Si 6 O 6 O
Camada 40,20H 40,20 H 40,20H
oclaédrica 4 Al 4 AI 4 Al (a) (b) (c)
Camada 6 OH 40,20 H 4O,20H
le Iraédrica 4 Si 4 Si Fig. 5 - Esquemas das composições de minerais,
6 O 6 O exemplificando variações (substituições iônicas)
,g
dos esquemas básicos de minerais a dois, três
MINERAIS a A. .1. Camadas e quatro leitos: (a) Antigorita, (b) lliita, (c)
(a) (b) (c) Clorita
Fig. 4 Esquemas das compOSlçoes qUlInlCaS Os exemplos da figo 5 ilustram variações dos es-
estruturais de minerais básicos a dois, três e quatro
leitos: (a) Kaolinita, (b) Pyrophyllita, (c) mineral quemas descritos na figo 4, e com êstes cumpre com-
desconhecido pará-los. O primeiro esquema (a) é da Antigorita,
em que 4 Íons AI da camada octaédrica ficam subs-
3.3 - A POSSIBILIDADE DE SUBSTITUI-
tittúdos por 6 Íons l\1g; em (b) está representada
ÇÕES IÔNICAS DENTRO DAS
uma célula unitária da Illita, na qual um Íon Si,
CAMADAS
em cada quatro células, é substituído por AI, e com-
Outro importante elemento para o estudo dos mi- pensado o déficit de carga pela admissão de um Íon
nerais de argila, e que vai definir com maior precisão K no espaço interioliar contíguo à célula em que hou-
as diferentes famílias ou mesmo espécies mineraló- ve substituição; em (c) vem a Clorita, onde l\1g subs-
gicas, é a possibilidade de substituições iônicas, quer titui parcial e totalmente AI nas duas camadas oc-
dizer, de variações em tôrno dos três esquémas bá- taédricas, e AI substitui Si nas camadas tetraédl'icas.
sicos expostos na figo 4.
Na camada octa~drica dos mineraif:l a duas, três 3.4- - A VARIABILIDADE OU ESTABILIDA-
e quatro camadas, Íons Al trivalentes podem ser DE DO ESPAÇO INTERFOLIAR
substituídos por Íons divalentes. Quando a substi- Outro conceito usado como característica na clas-
tuição se dá na razão de doistrivalentes para três sificação, e de fácil emprêgo na identificação dos mi-
divalentes, diz-se o mineral trioctaédrico. Quando a nerais de argila, é o da manutenção, ou não, da eqüi-
substituição não ocorre ou não guarda esta propor- distância unitária ou espaçamento segundo (00l) ,
ção, os minérais são denominados dioctaédricos. quando o mineral é submetido a aquecimento e a
Também na camada letraédrica podem produzir-se uma atmosfera de etileno-glicol. No primeiro caso
substituições -Si por um Íon trivalente -, e êste pode ocorrer uma retração, e no segundo, uma
fator é aplicado para subclassificar os minerais di expansão do espaço inleljoliar, fazendo variar a di-
e trioctaédricos. mensão do retículo segundo o eixo-C. Há, pois, mi-
126
-., o!
nel'ais a duas, três e quatro camadas estáveis, variá-
veis com um e com os dois tratamep.tos, '" o
"O
08
o ESPAÇ O INTERFOLIAR
'o o
fi)
.~c. E 0'-
3.5 - A HOMOGENEIDADE OU HETEROGE- - ---
...o'"- .- .,
o
:10
"'o "Ooc
OU'-
CJ 0"0
CP Q.~
INVARIÁVEL
V A R I Á V E L
cU
NEIDADE DE CONSTITUIÇÃO, ::I: 00
Uc.
Ot"'O ::J
z AO CALOR AO Et-GUCCl.
PACOTE A PACOTE KAOLlNITA
C/)
2 HALLOYSITA
etw
w·...J
A técnica de difratometria de raios-X no estudo za. I LLI TA
da evolução dos minerais de argila trouxe à luz a <W::E
C!)_ 3 MONTMORILLONITA ,
o C/)
VERMICULlTA
existência de sucessões regulares ou irregulares de a: ::E CLORITA
eqüidistâncias 1.mitárias diversas. oz CLORITAS
et ::I:- 4
::E EXPANOivEIS
Assim, ao lado de minerais de constituição homo-
...J C/) MONTMO RILLO NI TA
gênea, chamados minerais simples, podem ocorrer VERMICUUTAI
et°
o o
127
o
7,l-7,2A - índice (001). Um importante pico dágua que ocorre de dois em dois pacotes,
o donde ter a principal difração do mineral -
secundário é o de índice (002) a 3,58A. O o
aquecimento a 500°C faz desaparecerem tô- 14,2A - o índice (002). A glicolagem não
das as difrações, por destruição· da estru- provoca a expansão da célula, mas o aque-
tura. A glicolagem não provoca alterações. cimento a 500°C faz com que esta fique com
o
b) HALLO YSITA , outro mineral a duas cama- lOA.
c f) CLORITA, mineral a quatro camadas, mas de
das, porém com eqüidistância unitdria de lO,lA,
estrutura comparável à estrutura de um mi-
porque entre seus pacotes há uma dupla ca-
neral a três camadas no qual as substituições
mada de moléculas dágua que pode ser ex-
tivessem causado um déficit de carga que, ao
pulsa por aquecimento a 400°C, sobrevindo
o invés de compensado pela admissão de catíons
diminuição da eqüidistância para 7,2A. A gli- interfoliares num leito dágua, sê-Io-á por
colagem pode aumentar a eqüidistância até outra camada octaédrica; esta, por sua vez,
o
de 3A. pode sofrer substitúições, adaptando-se às
c) MONTMORILLONITA, um mineral a três variações de cargas do pacote. a três camadas
camadas, no qual Mg substitui AI em propor- subjacente. Neste mineral, íons Mg estão
ção diferente de 3: 2, de modo que ocorre pres~ntes na camada octaédrica extra (chama-
um déficit de carga para ser compensado pela da brucítica, pela semelhança de constituição
admissão de catíons hidratados entre os pa- com o mineral Brucita) e no pacote principal
cotes, formando um leito dágua que os separa. (chamado mica, pela semelhança de consti-
Como não é constante a espessura dêstes tuição com o pacote a três camadas da Illita
leitos dágua, ou seja, o grau de hidratação ou da :NIuscovita), enquanto nas camadas te-
do mineral, a difração principal da Montmo- traédricas íons AI substituem Si. Uma Clorita
. o o
rillonita, de 12 a 14A, oferece geralmente mostra difrações a 14,3 - 7 - 4,7 e 3,5A, e
aparência difusa, num pico largo que lembra não experimenta variações por aquecimento ou
os minerais interestratificados. Uma difração glicolagem, uma vez que seu espaço interjoliar
o .
é tomado por um leito rígido, a camada bru-
entre 4,6 e 4,5A é a mais importante depois
cítica.
da difusa. o
d) ILLITA, mineral também a três camadas, g) Grupo das Pseudocloritas: minerais com 14A
dioctaédrico, em que um Si em cada quatro cé- de eqüidistância unitdria, resistentes ao aque-
lulas [ver esquema da Pyrophyllita e da Illita cimento, mas susceptíveis de expandir, como
nas figs. 4, (b) e 5, (b)] é substituído por AI, a Montmorillonita. Presume-se neutra a ca-
ficando o déficit de carga, então gerado, com- mada brucítica dêstes minerais, sendo as di-
pensado pela admissão de íons K no espaço ferenças de carga compensadas por catíons
interfoliar. Note-se que na Illita se opera tal trocáveis. Admite-se também que a camada
substituição em apenas uma de cada quatro brucítica das Pseudocloritas seja descontínua.
células, enquanto na :NIuscovita, de estrutura
4.2 - MINERAIS INTERESTRATIFICADOS
semelhante, ela tem lugar em tôdas as células,
isto é, em um para cada quatro íons Si da Por sua grande importância no estudo da evolu-
camada tetraédrica superior; êste mineral con- ção das argilas, no sentido tanto da agradação como
tém, pois, quatro vêzes mais potássio no es- da degradação, é oportuno que nos detenhamos um
paço interfoliar do que a Illita, donde a' di- pouco nestes minerais.
ferença no grau de coesão de um p~ra outro Excluída a participação de eqüidistâncias perten-
mineral. As principais difrações da Illita são centes a pacotes de duas camadas (tipo Kaolinita) na
o
a 10 (001), a 5 (002) e a 3,33A (003), inva- constituição dos edifícios interestratijicados, resta-nos
riáveis com glicolagem ou aquecimento. A somente a combinação de pacotes de três camadas dOR
Glauconita é um mineral do mesmo tipo, vários tipo·s, entre si, e dêstes com pacotes a quatro
onde AI é substituído por Fe+ 3• camadas (Clorita verdadeira). Para efeitos práticos,
e) VERMICULITA, que igualmente apresenta contam-se três tipos de eqüidistâncias de minerais a
.AI na camada tetraédrica. Na camada octaé- três camadas:
drica entram também catíons divalentes ou a) eqüidistância invariável com o calor e com o
o
trivalentes: Mg, Fe+ 2 e Fe+ 3 • CatÍons hi- tratamento ao etileno-glicol: tipo Illita, 10A,
dratados compensam as diferenças de carga denominação proposta por LUCAS - "10));
não compensadas pelas substituições na cama- h) eqüidistância variável com o calor e invariável
da octaédrica. ltstes catÍons interfoliares fa- com o etileno-glicol: tipo Vermiculita, HÁ,
zem parte de uma duplacaÍnada de moléculas denominação "14v));
128
c) eqüidistância variável com o calor e com o eti- espaçamento interplanar segundo (llO) , e não segundo
leno-glicol: tipo Montmorillonita-12 ou Mont- (OOl) , à maneira dos minerais filitosos. Como se
morillonita-14, 12 ou 14Á, denominação "12" sabe, minerais filitosos orientam-se com o eixo-C
ou "141,/', paralelo à direção das fibras.
Para os mesmos efeitos, considera-se a Clorita o Família da Sepiolita - principal difração a
único mineral a quatro camadas que ocorre em in- 12,1Á. Íons Mg estão presentes nos poros octa-
terestratificações: édricos das fibras. No Xilotilo, íons Fe+ a substi-
- eqüidistância invariável com o calor e com o tuem Mg nas fitas, e, eventualmente, Si dos te-
etileno-glicol: tipo Clorita, 14Á, denominação traedros. São também comuns Sepiolitas niquelíferas.
"140 ". Família da Palygorskita - principais difrações a
São, pois, cinco os elementos (10 - 14v - 12 - 10,4, 3,23 e 2,61Á. É outro mineral que apresenta
14M e 140) que, combinados dois a dois, podem Mg em tôdas as posições octaédricas. Na literatura
formar interestratificações de dez tipos diferentes: americana preferem o nome Attapulgita para os mi-
nerais de tal tipo. As variedades mais correntes
10 - 12 12 14v
possuem AI tanto em posição octaédrica como em
10 - 14M 12 140
posição tetraédrica.
10 - 14v 14111 14v
10 - 140 14111 140
12 - 14M 14v - 140'
5- TÉCNICA DE PREPARAÇÃO DE
Interestratificações do tipo 12-14M confundem-se,
virtualmente, com o próprio mineral simples Mont-
ARGILAS PARA ANÁLISE
morillonita -lUna sucessão de pacotes a três camadas, DIFRATOMÉTRICA
com espaços interfoliares hidratados em diferentes
graus, donde resulta nem sempre serem constantes . Os primeiros passos na preparação do mineral
suas eqüidistâncias 1lnitdrias. para estudo são idênticos aos de qualquer método
de análise: numeração, catalogação e descrição su-
A supracitada designação, proposta por LUCAS e
mária.
baseada na nomenclatura usual I-M (Illita-Mont-
morillonita), I-V (Illita-Vermiculita) etc., tenta des- Se a amostra fôr constituída de material incon-
fazer o equívoco de aos pacotes formadores .de in- sistente, pode-se proceder a uma quarteação ime-
terestratificados dar nomes de minerais simples as- diata; se de rocha, submetê-la alUna britagem
sociados, quando na realidade não se trata dêstes prévia, para a quarteação. O objetivo é obter de
minera.is, mas, sim, de eqüidistâncias semelhantes às 20 a 30 g de material representativo, se êle tiver
dos minerais simples conhecidos - Illita, Clorita etc. granulação bem fina, ou cêrca de 40 g, quando vem
Podemos qualificar os três minerais interestrati- associado muito silte ou material mais grosseiro. A
ficados regulares conhecidos seguir, fazer a desagregação por moagem em gral
- Rectorita: 10 - 14v de aço polido, e depositar em 60 a 100 g de água
- Allevardita: 10 - 14M destilada o pó resultante. Usar misturadores me-
- Corrensita: 140 - 14M cânicos (shakers) , para sair uma suspensão homo-
como casos especiais de interestratificações irregula- gênea.
res, êstes muitíssimo mais freqüentes. A regula- . Passa-se agora à fase dos ataques químicos, para
ridade das sucessões dá ensejo à periodicidade dos mais completa desagregação e purificação do ma-
espaços interfoliares de um e outro tipo, fornecendo terial argiloso, por meio de:
difrações a 24 ou 28Á (10 + 14 ou 14 + 14Á); isto a) ácido clorídrico, se houver carbonatos em ci-
não acontece nos interestratificados irregulares, cujas mento ou em grãos - deitar pouco a pouco
propriedades. difratométricas, expostas na figo 7, o ácido diluído 1 : 5, até parar a efervescên-
podem ser consideradas intermediárias entre as pro- cia, com agitação contínua e contrôle do pH,
priedades dos minerais simples de iguais eqüidis- o que evitará excesso;
tâncias.
b) ácido o;r;álico, se houver ferro férrico - sob
4.3 - MINERAIS FIBROSOS a forma de uma solução normal adicionada
à suspensão na proporção de 10% do volume
A classificação, em duas famílias, dos minerais desta, levando-se então o frasco ao banho-
fibrosos assenta na largura das fibras a que se refere -maria a 100°C, até a amostra mudar do ama-
a seção 2 - Estrutura cristalina das argilas. Esta relo ou vermelho para o cinza ou esverdeado;
largura reflete o número de íons O, OH e OH.H, c) água oxigenada, se. houver matéria orgânica
e, conseqüentemente, de íons .Si e Mg alojados (amostra de côr escura, presença de -restos
dentro e na superfície das fibras; é medida pelo vegetais etc.) - fazer o ataque com H 20 2 a
129
20 volumes, aplicando mn quinto do volume 6 - TÉCNICA DE IDENTIFICAÇÃO
da suspensão e levando ao banho-maria a 70°C. DE ARGILAS POR DIFRATOME-
Ao ataque efetuado, de qualquer tipo, deve suce- TRIA DE RAIOS-X
der imediatamente uma lavagem, que consiste em
substituir por água destilada o líquido no qual a Esta técnica permite a determinação das eqüidis-
amostra se encontra suspensa. O emprêgo de cen- No caso dos minerais filitosos,
tâncias unitárias.
trifugadores com cápsulas de boa capacidade (80- emprega-se o método do material orientado, no qual
as partículas de mineral ou de rocha filitosa ficam
-100 g) facilita a operação, pois se consegue em poucos
minutos a deposição de quase todo o material, e o orientadas segundo sua menor dimensão (eixo-C).
líquido fica límpido. O passo subseqüente é despe- Os minerais fibrosos, para estudos cristalogl:áficos,
jar com cuidado o líquido e em seu lugar pôr água são orientados segundo a direção de suas fibras, o
destilada. Agitando-se o tubo com violência, o ma- que produz diagramas de fibra em registro foto-
terial volta a entrar em suspensão, e nova centrifu- gráfico. Para identificação em difratômetros a lei-
gação o faz depositar. Geralmente, quatro lavagens tura direta, os minerais fibrosos são submetidos a
são necessárias depois dos ataques com ácido. Após exame pelo método do pó, com as partículas. deso-
a segunda, já se pode observar que uma pequena rientadas. O difratograma de l.una montagem nor-
porção do material mais fino se mantém em suspen- mal deve abranger dos 2 aos 28° (ângulo 28}. A
são; o fenômeno significa já estar o líquido quase interpretação tem início com êste registro, identi-
livre do ácido que provocou a floculação das partí- ficando-se primeiro os picos, isto é, escrevendo-se
culas. Pode-se também usar centrifugador domés- no tôpo dêstes as eqüidistâncias d a que cOlTesponde
tico provido de papel-filtro, mas neste caso deve':se cada um.
começar com maior quantidade de material, para Considerados somente os minerais simples, temos
compensação das perdas. os picos segundo (OOl):
a 7Á, da Kaofu:uta [coincidindo com o de ordem 2
Segundo a lei de STOKES, uma partícula com den- (002) da Clórita];
sidade 2,5 e diâmetro supéior a dois mícrons tom-
a lOÁ, da Illita e da Halloysita;
bará na água com uma velocidade acima de 1,2
cmJh. Para recolher a quantidade de material ne- a 12Á, da Montmorillonita-12;
cessário para a análise, mergulhar um centímetro a 14Á, da Vermiculita, Montmorillonita-14 e da
na suspensão a ponta da agulha de uma seringa Clorita.
de injeção, com a qual se aspira um centímetro Minerais fibrosos dão picos segtmdo (ZZO):
cúbico, depois de deixada a suspensão em repouso a 1O,5Á, da Palygorskita (Attapulgita);
por uma hora. a 12, lÁ, da Sepiolita.
O próximo passo é a montagem das lâminas, Como se vê, a reflexão principal, só, não é suficiente
feitas de Vidro capaz de resistir à temperatura de para a interpretação ou identificação dos t1:pOS de
500°C, no formato 50 x 25 DlDl. É importante que. argila. Precisamos lançar mão de picos secundários.
estejam rigorosamente limpas; obtém-se o conveni- Assim, por exemplo, o pico de 14Á da Clorita· se
ente grau de limpeza lavando-as com detergente e faz acompanhar de outros à 7Á e, mais significativo,
deixando-as imersas em solução sulfocrômica, por a 3,5Á. A Kaolinita, além do pico a 7,lÁ, tem outro
algumas horas. Enxaguadas com água destilada, a 3,58Á. A Montmorillonita (14Á) apresenta picos
sem o contacto das mãos em suas faces, podem elas secundários a 5,1 e a 3,05Á, enquanto a Sepiolita
ser postas a secar mun suporte. tem um secundário a 7,6Á.
Gôta a gôta, deitar a suspensão sôbre as lâminas, O caso dos edifícios interestratificados irregulares
cobrindo-lhes o têrço médio. Da limpeza das lâ- é mais complexo e, também, mais commn. No
minas dependerá a aderência da argila após a se- quadro da figo 7 as propriedades difratométricas
cagem. :Montam-se três lâminas de cada amostra, dêstes minerais estão especificadas com maior obje-
que são levadas a secar em forno a 60°C, com umi- tividade. Sua principal característica se encontra
dade controlada. na falta de agudeza dos picos, lembrando verda-
Uma das lâminas será passada no difratômetro deu'as bandas de difração, que podem abranger o
depois da secagem; a segunda, introduzida mun espaço correspondente a 2 ou mais angstrons nO re-
forno a 500°C, durante duas horas; e a terceira, gistro.
submetida a luna atmosfera de etileno-glicol, pelo São, porém, os recursos do aquecimento e da gli-
espaço de quatro horas. Obtém-se a atmosfera de colagem que vão facilitar a identificação dos tipos
etileno-glicol fazendo o vácuo mun dessecado r, ém minerais, puros ou coexistentes numa rocha, sim-
cuja parte inferior se deita o poliálcool. Após êstes ples ou interestratificados. O aquecimento a tem':
tratamentos, as duas lâminas serão também passa- peratura entre 49Q e 500°C, por duas horas) pro-
das no difratômetro. voca a expulsão de moléculas dágua porventura exis-
130
tentes entre os pacotes de alguns minerais, ou des- altura dos picos não significa somente qüantidade de
truindo a estrutura, como sucede com a Kaolinita. matéria difratora, mas também grau de cristalinidade
A expulsão da água determina a retração das e grau de orientação das partículas na montagem.
eqüidistâncias uni!árias da Montmorillonita e da As tentativas de calcular percentagens sempre levam
Vermiculita para 10Ã. O pico a 14A da Clorita, em consideração, também, a largura ou área dos
por ser um mineral a quatro camadas, não se desloca picos..
com o aquecip1ento. As figs. 8, 9 e 10 trazem exemplos, devidamente
O tratamento com os poliálcoois (etileno-glicol ou interpretados, de difrato gramas de amostras de ar-
glicerol) baseia-se na grande afinidade dêstes pro- gila em montagens normal, glicolada e aquecida.
dutos com a água, e consiste em sujeitar a amostra
(lâmina pronta) a uma atmosfera de um qualquer
dos referidos poliálcoois, durante algumas horas. O
PICO PRINCIPAL OUTROS
efeito é forçar a expansão dos minerais que podem
admitir moléculas dêstes compostos, aumentando as
TI P O S 1 8 1~
1
14 12 10 IA PICOS
S I M P L E S
eqüidistâncias segundo (00l). Tal acontece, por
exemplo, com a J\10ntmorillonita, a qual passa de
12 'ou. 14A para quase 18A, e assim se distingue
KAOLI N I TA
~ 3,58
CLOR ITA,
G~
1
V'Y
!1!.
idem
4,7 ~
~"
no difratômetro só dos 2 aos 14° (ângulo 28), corres-
VERMICULITA
pondendo a valores de 44 a 6A, conforme exempli-
ficam os difratogramas das figs. 8, 9 elO. J l"~~.
INTERESTRATIFICAOOS
A presença de minerais interestratificados é mar-
cada pela presença de picos achatados, largos. Quan- 1'\1 -14V G-N- I-A.r
do estão em causa edifícios contendo eqüidistâncias
do tipo 12 ou 14M , o difratograma da montagem
12M - 14 V G-- N r-A-.t:
I.
glicolada registrará um pico ainda mais largo que
o da montagem normal. Se há pacotes invariáveis,
14M - 14C q--r--1
do tipo 10A, junto com os expandíveis, o pico, no 12 M -10
:rIJ-W-A
.i ]
difrato grama da montagem gHcolada,· não deixará de
começar em lOA, mas deverá aparecer mais baixo.
14
M
-10 G-N-A
O próprio mineral simples Montmorillonita, por 12
M -14C G ~
N ra
constituir-se de eqüidis ·âncias com maior ou menor
~iI
q~
espaço interfoliar (grau de hidratação), geralmente 14V -10
mostra-se também num pico largo, que a glicolagem
faz migrar todo em direção às grandes eqüidistâncias.
Na figo 7, as letras N, G e A indicam, respectiva-
14C -lO IJ
~
mente, as posições ocupadas pelo pico principal de ~il
cada mineral nos difratogramas das montagens nor-
mal, glicolada e aquecida. Trata-se de difrações basais,
ou seja, segundo (OOl), para os minerais simples e
14C - 14 V
F I 8 R
1\ O S O S
~
as difrações secundárias de ordem par, como (002) 6,44 4,49
. (ATTAPULGITA)
e (004), são mais fortes.
Casos há de coexistirem até cinco tipos de argila
na mesma amostra; torna-se então difícil a deter- Fig. 7 • Quadro para identificação de Minerais
de Argila, proposto por LUCAS, CAMEZ e MILLOT
minação precisa das proporções, uma vez que a (1959)
131
lo-! Fig. 8 _. Difratogramas de partículas orientadas segundo·o eixo-C da M0l1tmorillonita-12, em montagens normal, glicolada e aquecida
~
~
17,1
MON TMORI LLON ITA -12
.!=d
c:+
(1),.
~I
12~'Â
I
~
O
to
~
il>I
J/2
B=!
o
O-
CP
,C-t
,1;0
I:J
CP
I:i'
~I
r--.
I-'
\ J ~
3,5
I ",..~ \ 10
"-'
I-'
I;.:)
~
1
I-'
~
~Ol
.....
~
S-
1;0
~
I-'
co
o:>
00
p:;
<+
r0-
r:>
10
I-d I
t;rJ 3,58
~ I
~
gl 10.8.
~
p;.. 10
~w. I
~
o
~
(l>
<:..;
ê(l>.
~.
~o
''"""""" 7, 1
,-....
.....
........ i I
~'4J""~~
.-
t-:>
~
.....
I
~
~CJl
ê
S-
~
.....
tO
CD
00 MONTAGEM NORMAL GLICOLADA AQUECI DA
20
2e~
111111 I 1,,1 I I I I I I I I I I
4 6 8 10
,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,," .I. ,,,,,
12 14 16 18 20 22 24 26 2120 4
I I I I I I I I I I I 1 11 I I I I I
6 8 10 12
I1
14 20
I I f I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I
4 6 8 10 12 14
t-l
~
~ Fig. 9 - Difratogramas de partículas orientadas segundo o eixo-C da llIita e n:aolinita; em montagens normal, glicolada e aquecida
Fig. 10 - Difrlltogramas de partículas orientadus segundo o eixo-C de interestratificados' do tipo 10 - 14nr, lllita e Clorita
1-1
c"..,
~
10
I
INTEHESTRAllFICADOS lO-14M
ILUTA e CLORITA
~
.:+
CIh 171f,7
~ 10
I I
~
o
t:t:I
~
~\
~[J).
~..... 7
o
o.. 7
CP
,
7
~~. 3,50
3,33
I
\ \
~O \ I
\ \
1-/0
1-/0
.........
'\ \ \
.....
'-' \ 5 \ \
..... \
\ \
'
I).:>
CJ:)
.....
I \'"'\ \
CJ:) ..... \ \
.?'
......
§
-'t-', " ",, "
S-
-'Y "
-<J.... ........., "'
~
.....
S -4 S "i"-- ......... """"- ........
......... """"
c.o
O)
00
BRINDLEY, G. W. et alii - The X-ray identljic- LUCAS, J. - La transformation des minéraux argi-
ation and crystal structures of clay minerals. leux dans la sédimentation; études S1l1' les argiles
London, G. Brown, 1961.
du Trias. Strasbourg, Université, 1962. 202 p.
CAILLERE, S. & RÉNIN, S. - Minéralogie des
argües. Paris, Masson, 1963. (Strasbourg. Université. Mémoires du Ser'Vice
GRIM, R. E. - Clay mineralogy. New York, de la Carte Géologique d' Alsace et de Lorraine,
McGraw RiU, 1953. n, 23).
135