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PETROGRAFIA DAS ROCHAS SEDIMENTARES

Prof. Dr. Sérgio Brandolise Citroni


- 2008 –
Segunda edição ampliada do “GUIA PARA ANÁLISES PETROGRÁFICAS DE ROCHAS SEDIMENTARES” - 2002
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Instituto de Agronomia – Departamento de Geociências

PARTE 1 - GENERALIDADES
Introdução
Este texto destina-se a orientar, de maneira prática, o estudo de rochas
sedimentares em amostras de mão e através do microscópio. Essa atividade envolve
a identificação e análise de texturas e estruturas presentes nessas rochas, sejam elas
deposicionais (formadas no momento da sedimentação da rocha) ou diagenéticas
(desenvolvidas tardiamente, como resposta a modificações químicas e físicas
produzidas pela compactação e passagem de fluídos através das rochas no processo
de litificação).
Conforme notou Pettijohn (1957), “as rochas sedimentares são produto tanto de
sua herança quanto do ambiente”, herdam seus constituintes iniciais de rochas pré-
existentes que são modificados e rearranjados pelos ambientes de intemperismo,
erosão, transporte, deposição e diagênese. Um grande número de elementos
dondicionados por essa herança e por esses ambientes constitui e define às rochas
sedimentares: tamanho dos grãos ou cristais que às compõe (granulometria),
composição mineral, arranjo espacial dos componentes, forma, natureza dos grãos,
presença e natureza de matriz, presença e natureza de cimento, presença e natureza
de fósseis, variações das propriedades desses elementos ao longo da rocha,
estruturas sedimentares e estruturas diagenéticas, etc.
A granulometria é de particular importância (pelo menos para a maior parte das
rochas sedimentares) e o estudo estatístico dessa propriedade se comporta permite
uma série de interpretações. Essas análises incluem o estudo da seleção da
granulometria da população dos grãos constituintes, e de que maneira essa
distribuição se afasta de uma distribuição estatística normal.
Esses elementos podem nos contar muito a respeito da formação e das
transformações pelas quais essas rochas passaram permitindo reconstruções
paleogeográficas e paleoclimáticas. Em outras palavras, contar a história desses
sedimentos, princípio que define a Geologia enquanto ciência.
Também permitem definir propriedades que as tornem potenciais portadoras de
recursos minerais, notadamente de petróleo. Também podem apontar as
caracterísiticas de aqüíferos e de sua susceptibilidade à contaminação.

Embora seja um procedimento artificial, uma organização e uma sistemática na


abordagem desses elementos devem ser buscadas para que nenhuma informação
importante se perca diante de um aspecto mais destacado ou incomum apresentado
pela rocha. Este texto propõe um dos possíveis caminhos que podem ser adotados na
análise petrográfica macro e microscópica de rochas sedimentares.
Tipos de rochas sedimentares
Variados são os tipos de rochas sedimentares: arenitos, conglomerados, lamitos,
tufos, coquinas, calcários, brechas, evaporitos, folhelhos, rochas fosfáticas, rochas
ferríferas (ironstones), margas, rochas piroclásticas, etc., etc., etc... Existem também
muitas maneiras de subdividir esse conjunto de rochas. Para a sitematização dos
trabalhos de petrografia, a natureza dos componentes e de como eles foram unidos
no ambiente dedposicional é critério mais prático de subdivisão.
Uma proposta consagrada é a de Folk (1974), que separa os componentes das
rochas sedimentares em três tipos (ver figura 1.1 e tabela 1): 1):

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1 – Fragmentos detríticos,
detríticos, predominantemente siliciclásticos (ou terrígenos), que
são aqueles derivados de fora da área deposicional a partir da ação de agentes
erosivos e intempéricos;
2 – Fragmentos aloquímicos,
aloquímicos, produzidos dentro ou nas adjacências da área
deposicional; e
3 – Componentes ortoquímicos,
ortoquímicos, resultantes da precipitação química direta na área
de deposição.

Figura 1.1 – As cinco classes


básicas de tipos de rochas
sedimentares. A área achurada
representa a composição da
maioria das rochas sedimentares
existentes na Terra.

Tabela 1.2 – Explicação dos símbolos usados na classificação de rochas


sedimentares da figura 1.1 .

Simbolo (usado na Exemplos e comentários Participação % aproximada


figura 1) no registro geológico
A maioria dos lamitos, arenitos
e conglomerados.
T – Rochas terrígenas A maioria das rochas terrígenas 65 – 75
situa-se na área sombreada da
figura 1.
IA – Rochas aloquímicas Muitos folhelhos esqueletais,
impuras arenitos esqueletais ou 10 – 15
carbonatos ricos em oóides.
IO – Rochas ortoquímicas Carbonatos lamíticos argilosos 2–5
impuras
Carbonatos esqueletais, ricos
A – Rochas aloquímicas em oóides, pelets ou 8 – 15
intraclastos
xO – Rochas ortoquímicas Lamitos carbonáceos, anidrita, 1–8
chert
IA e IO são coletivamente chamados de rochas químicas impuras e A e O de rochas químicas
puras

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1 – Fragmentos detríticos,
detríticos, predominantemente siliciclásticos (ou terrígenos), que
são aqueles derivados de fora da área deposicional a partir da ação de agentes
erosivos e intempéricos;
2 – Fragmentos aloquímicos,
aloquímicos, produzidos dentro ou nas adjacências da área
deposicional; e
3 – Componentes ortoquímicos,
ortoquímicos, resultantes da precipitação química direta na área
de deposição.

Figura 1.1 – As cinco classes


básicas de tipos de rochas
sedimentares. A área achurada
representa a composição da
maioria das rochas sedimentares
existentes na Terra.

Tabela 1.2 – Explicação dos símbolos usados na classificação de rochas


sedimentares da figura 1.1 .

Simbolo (usado na Exemplos e comentários Participação % aproximada


figura 1) no registro geológico
A maioria dos lamitos, arenitos
e conglomerados.
T – Rochas terrígenas A maioria das rochas terrígenas 65 – 75
situa-se na área sombreada da
figura 1.
IA – Rochas aloquímicas Muitos folhelhos esqueletais,
impuras arenitos esqueletais ou 10 – 15
carbonatos ricos em oóides.
IO – Rochas ortoquímicas Carbonatos lamíticos argilosos 2–5
impuras
Carbonatos esqueletais, ricos
A – Rochas aloquímicas em oóides, pelets ou 8 – 15
intraclastos
xO – Rochas ortoquímicas Lamitos carbonáceos, anidrita, 1–8
chert
IA e IO são coletivamente chamados de rochas químicas impuras e A e O de rochas químicas
puras

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Tucker (2001) propôe quatro grandes categorias, segundo o processo de formação,
que englobariam à maioria das rochas sedimentares: 1. Rochas siliciclásticas
(terrígenas ou epiclásticas), coincidindo com as rochas terrígenas de Folk; 2. Rochas
de origem biogênica, bioquímica ou orgânica, incluindo calcários, rochas fosfáticas,
carvões, folhelhos betuminosos, e cherts; 3. Rochas sedimentares de origem
principalmente química, incluindo os evaporitos e ironstones; 4. Vulcanoclásticas,
produzidas por uma variedade de fragmentos produzidos por processos vulcânicos.

Levando-se em conta as caracterísicas composicionais das rochas e os


procedimentos de observação propostos neste texto, a classificação de Folk, que
considera componentes de origens diversas ocorrendo em proporções variadas se
mostra mais adequada, muito embora a classificação de Tucker seja mais ampla.

A – Rochas siliciclasticas
Para nossa divisão de trabalho, o primeiro grupo de rochas sedimentares é
constituído por aquelas nas quais predominam os componentes epiclásticos ou
terrígenos, originados da erosão de rochas pré-existentes, sendo fragmentos de
minerais individuais ou de rochas.
Esses fragmentos saem da área fonte (situada fora da bacia) e são transportados
até seu sítio deposicional dentro da bacia. Têm aspectos que são herdados da rocha
fonte ou produzidos pelas características do transporte (propriedades físicas do meio,
distância e tempo de transporte) e do ambiente deposicional (energia, condições
químicas, profundidade). Contribuições internas da bacia (fósseis, sedimentos
químicos, cimentação, sedimentos retrabalhados) podem compor a rocha, mas em
sua essência, seus componentes são fragmentos de origem externa à bacia e
produzidos pelo intemperismo e pela erosão física. Esses clastos são compostos
dominantemente por silicatos, pois são os minerais mais comuns na crosta terrestre
e mais resistentes ao transporte e ao intemperismo, embora óxidos e metais nativos
(muitos dos quais de interesse econômico) possam fazer o mesmo caminho dos
fragmentos silicáticos até a bacia sem serem destruídos.
A esse primeiro grupo de rochas podemos denominamos ROCHAS SILICICLÁSTICAS
TERRÍGENAS.
TERRÍGENAS.

B – Rochas Químicas
Com fins práticos, as rochas aloquímicas e ortoquímicas podem ser agrupadas. São
aquelas dominadas por fragmentos produzidos essencialmente dentro da bacia
sedimentar precipitados a partir de elementos químicos em solução na água, seja por
processos químicos diretos, seja por processos bioquímicos. Para facilitar o trabalho
de petrografia, uma divisão com base na composição dos constituintes dessas rochas
deve ser feita.
O primeiro e mais importante grupo de rochas com constituintes orto e aloquímicos
tem o íon carbonato (CO3--) em sua composição. São as ROCHAS SEDIMENTARES
CARBONÁTICAS.
CARBONÁTICAS.
A maior parte dos organismos marinhos produz conchas, testas e exo-esqueletos
(os componentes aloquímicos), de composição carbonática: aragonita, ou calcita, os
demais tipos de rochas químicas ou bioquímicas intrabaciais são extremamente
subordinados às carbonáticas, fazendo com que estas mereçam uma atenção
particular.
São elementos que definem as características das rochas sedimentares
carbonáticas: energia do meio de deposição, concentração de cálcio, magnésio e
ferro nas águas e os tipos de organismos que produzem testas carbonáticas (esses
organismos, por sua vez, são definidos por parâmetros ambientais, tais como
temperatura e turbidez da água, profundidade, distância da costa, energia das ondas,
etc., e pela idade das rochas em questão).

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As demais rochas originadas por processos químicos ou bioquímicos (evaporitos,
fosfatos, ironstones e cherts) são de ocorrência mais restrita e não serão abordadas
aqui.
C – Rochas Vulcanoclásticas
A atividade vulcânica pode produzir fragmentos rochosos que se depositam na
forma de sedimentos. Esses fragmentos se formam de maneiras diversificadas:
grandes volumes de fragmentos podem se formar em atividades vulcânicas
explosivas (ricas em gases), ao passo que pequenos volumes se devem ao
resfriamento brusco de lavas (produzidas por atividades vulcânicas extrusivas).
A composição mineralógica desses fragmentos (vidro vulcânico, pomes, cristais,
fragmentos de rochas vulcânicas) e algumas características texturais das rochas
formadas por esses processos são as principais características distintivas entre essas
rochas e as siliciclásticas.
Dentre as rochas VULCANOCLÁSTICAS, distinguem-se aquelas formadas
diretamente pela ação de explosões vulcânicas, denominadas PIROCLÁSTICAS.

Processos que imprimem características às rochas sedimentares

A – Processos e ambientes deposicionais:


Os ambientes são definidos em função de seus parâmetros físicos, químicos e
biológicos. Produzem texturas e estruturas características. Sedimentos podem ser
depositados pelo vento (ambientes e processos eólicos), por águas correntes, por
correntes de maré, por correntes de turbidez, ondas, correntes de maré, e fluxos de
detritos. Também se formam pelo crescimento in situ  situ  de esqueletos animais
(recifes), ou pela precipitação direta (evaporitos).
As condições dos ambientes deposicionais definem as características destes: a
geografia (ou paleogeografia) é o primeiro aspecto a ser levado em conta: áreas
costeiras favorecem sedimentos depositados através de ondas, depósitos eólicos
precisam de áreas com pouca vegetação para criar depósitos espessos, recifes de
corais definitivamente precisam se formar em ambientes subaquáticos. Os detalhes
físicos e químicos dessas regiões geográficas também são fundamentais para a
definição das características dos sedimentos: A profundidade das águas, sua
salinidade, temperatura, e energia de agitação definem qual, e se alguma, forma de
vida pode se desenvolver nesse meio, definindo qual o volume e tipo de contribuição
biológica presente na sedimentação, o Eh e o pH do meio são controladores
fundamentais dos tipos de minerais que podem se depositar.
Os carbonatos, em particular, são especialmente sensíveis às condições do
ambiente deposicional, existindo “janelas” de temperatura, luminosidade, turbidez da
água, Eh, pH e energia necessárias para sua deposição.
B – Tectônica:
A situação tectônica na qual ocorre a sedimentação define, em grande parte os
ambientes presentes e suas correlações espaciais e temporais. As bacias
sedimentares podem ser classificadas de acordo com sua situação tectônica,
ocorrendo bacias em ambientes de crátons estáveis, de retro-arco (situações
convergentes) de rift, ou de margens continentais passivas (situações divergentes),
ou em ambientes transcorrentes. Cada bacia tem fácies sedimentares distintivas ou
litologias características, e as diferentes taxas de subsidência, de preencimento e de
sucessão de fácies.
Muitos autores (Yerino e Mainard, 1984; Dickinson, 1985) defendem ser possível
definir o ambiente tectônico a partir da análise das características mineralógicas de
sedimentos siliciclásticos. Segundo esses autores, as proporções entre fragmentos de
rochas ou minerais presentes nos sedimentos siliciclásticos arenosos seriam
condicionadas pelas rochas formadas nos diferentes ambientes tectônicos

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(vulcânicas, plutônicas, deformações tectônicas) e pelas taxas de denudação
impostas pelo relevo mais ou menos acentuado.
C – Clima:
Controla, primordialmente, a ação do intemperismo, afetando a composição dos
sedimentos e das rochas siliciclásticas. Evaporitos e calcários têm sua formação
fortemente condicionados pela paleolatitude (ver figura 1.2 a e b). O clima também
influencia na produtividade biológica, que determina a formação de calcários,
fosfatos, cherts, carvão e óleo, e na taxa de geração de detritos, que, quando baixa,
favorece a precipitação de rochas sedimentares químicas ou bioquímicas.

CARVÃO

85

75

65

     s
     e 55
      d
     u
      t
      i
      t
     a 45
      l
     o
     e
      l
     a 35
      P

25

15

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
freqüência

EVAPORITOS

85

75

65

     s
     e
      d 55
     u
      t
      i
      t
     a 45
      l
     o
     e
      l
     a 35
      P
25

15

0 5 10 15 20 25 30 35 40

freqüência

Figura 1.2a – Frequência de ocorrência de depósitos de carvão e de evaporitos, demonstrando


o controle climático dessas rochas sedimentares, observamos que os evaporitos se concentram
em médias latitudes, onde ocorrem desertos (20-30º) e os depósitos de carvão predominam
em latitudes mais elevadas, correspondentes às florestas de coníferas (50-70º).

5
CARBONATOS

85

75

65
     s
     e
       d
55
     u
      t
       i
      t
     a 45
       l
     o
     e
       l
     a 35
       P
25

15

0 10 20 30 40 50 60 70 80
freqüência

TILITOS

85

75

65
     s
     e
       d 55
     u
      t
       i
      t
     a 45
       l
     o
     e
       l
     a 35
       P

25

15

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
freqüência

Figura 1.2b – Frequência de ocorrência de depósitos de carbonatos e de tilitos os carbonatos


claramente predominam em latitudes quentes (10-30º), enquanto os depósitos glaciais de
tilitos são mais comuns entre 50 e 80º.

D – Área fonte:
Define o material de origem dos sedimentos clásticos. Evidentemente um
sedimento, ou rocha sedimentar, clástico, apresenta algumas características
representativas da área fonte, ou rochas fontes presentes nesta. Não é possível
observar um mineral detríco em uma rocha sedimentar, se este mineral não estava
presente em pelo menos parte das rochas fontes. Do mesmo modo, a granulometria
dos cristais das rochas fonte irão condicionar o tamanho dos grãos no sedimento
derivado.

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E – Diagênese:
Um aspecto muito importante das rochas sedimentares são as transformações
ocorridas após a deposição. O processo de diagênese transforma os sedimentos em
rochas sedimentares consolidadas, e envolve desde as mudanças sofridas logo após
a deposição até o início do metamorfismo. Esses processos envolvem: compactação,
recristalização, dissolução, substituição, autigenese e cimentação.
Nesses processos os espaços entre os grãos são reduzidos, minerais podem ser
dissolvdos e desaparecer ou reprecipitar como cimento ou mudando a forma dos
grãos para responder às pressões atuantes na rocha. Novos minerais podem ser
formados, seja como cimento seja como grãos.

Análise - Procedimentos gerais

No presente curso estudaremos as rochas sedimentares de duas maneiras


principais: em amostras de mão e através do microscópio. Abaixo listamos alguns
dos procedimentos mais comuns envolvidos nessas duas análises.

A – No campo
As rochas sedimentares revelam sua real amplitude no campo, onde as relações
laterais e verticais podem estar visíveis, e onde as estruturas aparecem em toda sua
extensão.
Inicialmente é necessário identificar a litologia com relação à sua cor, composição,
granulometria, textura e conteúdo fóssil. As estruturas devem ser observadas com
atenção, em especial aquelas que apresentem indicações de paleocorrentes.
Essas observações devem ser feitas no corte ou em amostras de mão, utilizando-se
de lupas, ácido, imã, etc.

A cor pode ser indicativa do conteúdo em matéria orgânica (com cores variando do


cinza ao preto, indicando aumento do conteúdo de material orgânico), e do estado de
oxidação do ferro, com o ferro ferroso (2 +) dando cores verdes, e o ferro férrico (3 +)
com cores vermelhas (para a hematita), ou amarelo e laranja (para limonita-
goethita).

A textura  deve incluir a determinação da granulometria mais comum, o


arredondamento dos grãos, a seleção, o tipo de contato entre os grãos (se for
possível distinguir), e se há alguma orientação preferencial desses grãos.
A composição deve incluir:
Se for um arenito siliciclástico, as proporções entre quartzo, feldspato e os
fragmentos de rocha.
Se for um calcário calcítico (que ferve com o ácido), identifique seus componentes
(bioclastos, oóides, ou pelóides.
Se é um lamito, será um argilito se não apresentar fissílidade ou um folhelho, caso
contrário.
Se for um calcário dolomítico ferverá pouco com o ácido e apresentará má
preservação dos componentes originais (presentes no calcário calcítico).
Se for um conglomerado observe se monomítico ou polimítico (composição dos
fragmentos), se ortoconglomerado ou paraconglomerado (pela relação de contato
entre os fragmentos).

B – No microscópio

As rochas sedimentares, ao contrário da maioria das rochas ígneas e metamórficas,


podem apresentar comumente uma grande variação na granulometria em áreas
pequenas, às vezes, em uma lâmina petrográfica podemos ver grãos que ocupam

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todo o campo visual do microscópio ao lado de outras que mal podem ser
distinguidas com o aumento máximo. Para entender para “o que” estamos olhando, e
não fazer inferências equivocadas, é altamente recomendável observar a lâmina
inicialmente contra a luz observando as variações granulométricas o fabric   dos grãos
(orientações preferenciais), relações entre os grãos, e mesmo estruturas de pequena
escala, elementos que podem passar despercebidos com a observação direta através
do microscópio.
Desse modo podem ser notados grandes fósseis em meio a lamas carbonáticas,
seixos em meio a substratos arenosos, laminações cruzadas ou paralelas e variações
granulométricas, do mesmo modo que fraturas preenchidas por cimentação.
Um dos procedimentos fundamentais para o estudo petrográfico de rochas
sedimentares é a determinação do diâmetro dos grãos, isso pode ser feito com base
no tamanho do campo visual de cada uma das lentes objetivas. Na maioria dos
microscópios petrográficos comuns (caso dos utilizados no curso), o campo de menor
aumento (4X) tem dimensão (diâmetro) de 5 mm, o aumento seguinte (objetiva de
10X) tem diâmetro de 3 mm, a objetiva de 20 X, diâmetro de 1,5 mm e a objetiva de
40X, de 0,75 mm. As dimensões dos grãos podem ser calculadas comparando-se o
tamanho dos grãos com o tamanho do campo visual, conforme mostra a figura 1.3.

A contagem, ou pelo menos a avaliação das proporções de grãos é fundamental em


qualquer estudo petrográfico de rochas sedimentares através do microscópio. Isso é
feito para classificar a amostra do ponto de vista textural e mineralógico.
A contagem de espécies minerais é procedimento comum, mas, nas rochas
sedimentares clásticas, a contagem de grãos com dimensões diferentes chega a ser
mais importante que a mineralogia. Descrições de como tais contagens ou avaliações
visuais podem ser feitas são descritas mais adiante. A figura A0, mostrada no anexo
é uma figura clássica para estimativas de percentagens, que pode ser usada em
várias situações.

Figura 1.3 – Esquema que mostra a maneira de estimar a dimensão de um grão: No


primeiro esquema temos o campo de visão de 5 mm de diâmetro, o grão situado no
centro tem cerca de ¼ da dimensão do campo, portanto, 1,25 mm. O segundo
esquema represenda uma visada com objetiva de aumento maior, deixando o campo
com 2 mm, as dimensões do grão podem ser desse modo melhor estimadas como
próximas de 1,5 mm.

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Descrevendo sedimentos e rochas sedimentares em lâminas – indicações
gerais:
1) EXAME PRELIMINAR
Antes de colocar a lâmina no microscópio, observe-a contra a luz e anote qualquer feição que
possa ser observada. Pode ser fácil observar laminações, tamanho dos grãos, cor, seleção e
outras feições. Use uma lente de aumento se necessário.

2) COMPOSIÇÃO
Mineralogia dos grãos – Para cada mineral principal presente, faça uma lista breve de suas
propriedades de identificação (descrições completas dos minerais não são necessárias), de o
nome e a porcentagem estimada (como percentagem do total dos grãos – não da rocha). Os
minerais estão frescos ou alterados? Liste rapidamente os minerais acessórios (não perca tempo
descrevendo minerais que ocorrem como um ou dois grãos em toda a lâmina).
Para grãos carbonáticos – descreva brevemente e identifique os diferentes tipos: esqueletais
(fósseis), oóides, intraclastos, pelóides/peletes, etc. Para os fragmentos fósseis, observe as
características para identificar o grupo ao qual eles pertencem. Estime a percentagem dos
diferentes tipos de grãos. Os grãos mostram evidências de modificação: furos, envelopes
micríticos, recristalização, dolomitização?
Fragmentos de rochas – identifique suas feições e dê seu nome.
Matriz e cimento – qual o material entre os grãos? É um material sedimentar fino (matriz) ou um
material cristalino (cimento). Cite as propriedades que identificam e o nome dos minerais do
cimento ou matriz; estime a percentagem de matriz, arcabouço, cimento e poros (como
porcentagem do total da rocha). Descreva a forma do cimento, ex. em franja, fibroso, crescimento
sintaxial, preenchimento de poros, etc.
Em calcários dê atenção especial à distinção entre matriz micrítica e calcita cristalina mais
grossa: é a calcita cristalina um cimento verndadeiro (esparito), ou é de substituição (esparito
neomórfico)? Use as lentes de maior aumento quando examinando o material mais fino.

3) TEXTURA
Várias propriedades texturais de rochas sedimentares são melhor definidas através de seus
extremos (ex.: areia fina a média; grãos subangulares a subarredondados). Se várias camadas
ou laminações estão presentes em uma lâmina, elas podem apresentar diferentes propriedades
texturais – descreva-as individualmente.
Tamanho dos grãos – extremos dos tamanhos dos grãos
Seleção
Forma dos grãos – esfericidade (são grãos equidimensionais, alongados, etc.)
Arredondamento e extremos do arredondamento
Sustentação – a rocha é grão ou matriz-sustentada? (Lembre-se que em lâminas, quando os
grãos estão próximos o suficiente, devem estar em contato quando observados em 3D).
Contato entre os grãos – Os contados são tangenciais, longos, côncavo-convexos ou suturados?
Porosidade – estime a porcentagem do espaço vazio.
Orientação – os grãos alongados têm uma orientação preferencial (ex.: paralelos a laminação,
imbricados; conchas orientadas com a convexidade para cima)?
Estruturas sedimentares – laminação, preenchimento geopetal, furos, etc.
Outras feições – ex.: veios, estiliólitos.

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4 – NOME DA ROCHA
A rocha é terrígena clástica (siliciclásticas), vulcanoclástica ou carbonática? Para as rochas
siliciclãsticas use a classificação de arenitos de Dott. Para calcários, use as classificações de Folk
e de Dunham. Use adjetivos apropriados para qualificar a rocha, ex.: quartzo-arenito fino
glauconítico; arenito carbonático (graisntone) bioesparítico crinoidal; arenito conglomerático a
calcário.
(Explicações para os nomes: O quartzo-arenito fino glauconítico representa uma rocha
siliciclástica formada por mais de 90% de grãos de quartzo, com grãos de glauconita, uma argila
marinha verde; o grainstone bioesparítico crinoidal seria uma rocha carbonática de granulação
areia, com os clastos formados principalmente por grãos esqueletais de crinóides – equinodermo
 – em cimento esparítico.; o arenito conglomerático com seixos de carbonatos é uma rocha
siliciclástica de granulação predominante areia, com seixos de rocha carbonática).

5 – DEPOSIÇÃO
Através da descrição da lâmina deve ser possível obter informações gerais que permitam inferir
as condições de transporte e deposição. Não tente levar as conclusões para muito longe – há
um limite razoável para as interpretações que podem ser feitas a partir de uma única lâmina!
Exemplo, a granulometria pode ser usada para estimar os níveis de energia; a mineralogia e a
maturidade textural podem indicar a distância de transporte e a importância do retrabalhamento;
a presença de um grupo fóssil em particular pode indicar a salinidade, a luminosidade, a
profundidade e/ou a idade do ambiente deposicional.

6 – DIAGÊNESE
Deve ser possível comentar as condições e a história da diagênese da rocha sedimentar
estudada, por exemplo, a natureza dos contados entre os grãos e a proporção da porosidade
podem indicar o grau de soterramento, ou se a cimentação ocorreu antes ou depois do
soterramento; diferentes tipos de cimento carbonátio podem sugerir diagênese por água marinha
ou doce; solução ou corrosão de grãos de quartzo ou carbonato podem indicar o pH durante o
processo de diagênese; a natureza e a distribuição dos argilominerias podem sugerir a destruição
de minerais silicáticos instáveis; as relações de diferentes feições diagenéticas pode permitir que
se interprete a seqüência dos eventos diagenéticos.

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SEGUNDA PARTE – ROCHAS SILICICLÁSTICAS TERRÍGENAS
A – Descrição
 Arcabouço e matriz
As rochas siliciclásticas terrígenas podem ser descritas como formadas por quatro
constituintes: clastos do arcabouço, clastos da matriz, minerais de
cimentação e poros. Qualquer um desses elementos pode estar ausente em uma
dada rocha siliciclástica.
Matriz e arcabouço são grãos terrígenos (derivados da erosão) de diferentes
dimensões relativas, a matriz é mais fina e o arcabouço mais grosso, mas como
determinar o limite entre os dois?
Temos dois parâmetros que podem ser aplicados:
Primeiro descritivo ou absoluto: os grãos que constituem o arcabouço têm
dimensões iguais ou maiores que 0,0312 mm (ou 1/32 de milímetro),
correspondendo a granulação de silte grosso (ver abaixo). Em outras palavras, o
arcabouço é composto pelos fragmentos que são individualizáveis sob o microscópio.
Os grãos mais finos (siltes e argilas) constituem a matriz.
Segundo parâmetro textural ou relativo; dizemos que a matriz é a parte da rocha
que fica situada entre os grãos do arcabouço, ocupando os espaços deixados entre
estes. A matriz pode ter se colocado no mesmo momento que os clastos do
arcabouço OU penetrado tardiamente no fabric   formado pelo arranjo dos grãos do
arcabouço. Essa confusão é, em parte, resultado de um problema de tradução. Em
inglês temos os termos matrix   e o termo groundmass, ambos são muitas vezes
traduzidos como matriz. A matrix   seria o equivalente à definição descritiva ou
absoluta, apresentada acima, e o groundmass  aplicável nas situações em que o
material relativamente mais fino tem granulometria superior à de silte.
Por esse motivo e porque, na prática, o conceito genético é de utilização arbitrária, é
preferível denominar matriz apenas ao material mais fino que silte grosso (=matrix ).
Para o material relativamente mais fino que o arcabouço podemos usar o termo
substrato (= groundmass), e incluí-lo também entre o arcabouço quando necessária
sua computação em termos percentuais.
Desse modo seria incorreto dizer que uma rocha sedimentar é um conglomerado com
matriz arenosa, mas sim que é um conglomerado com substrato arenoso (uma rocha
que têm como principal componente fragmentar seixos ou blocos e, preenchendo os
espaços entre estes, ocorrem fragmentos com granulometria de areia).

2 - Clastos do arcabouço

É o tamanho da maioria dos clastos do arcabouço que irá definir a designação da


rocha, segundo a tabela 2.1.
Na prática, o estudo de rochas sedimentares ao microscópio está limitado, por um
lado, àquelas com fragmentos menores que 1 cm (10 mm ou Φ menor que –3,5) e
àquelas com diâmetro maior que 0,01562 mm (ou seja, Φ maior que +6), em outras
palavras: entre a granulometria de seixos médios e de silte grosso, para o limite
maior, os grãos individuais podem cobrir todo o campo de visão da objetiva e para o
limite inferior, os grãos tornam-se indistinguíveis, mesmo com o aumento máximo da
maioria dos microscópios petrográficos.
Desse modo, podemos dizer que a petrografia de rochas sedimentares concentra-se
no estudo dos arenitos (rochas com granulação areia, com Φ entre +5 e 0).

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Classe granulométrica Diâmetro mínimo Diâmetro Nome da rocha
em milímetros Φ
Matacões muito grandes 2048 -11
Matacões grandes 1024 -10
Matacões médios 512 -9
Matacões pequenos 256 -8
Blocos grandes 128 -7 Rudito, brecha,
Blocos pequenos 64 -6 conglomerado,
Seixos muito grossos 32 -5 rocha rudácea
Seixos grossos 16 -4
Seixos médios 8 -3
Seixos finos 4 -2
Seixos muito finos (grânulos) 2 -1
Areias muito grossas 1 0 Arenito muito grosso
Areias grossas ½ (0,5) +1 Arenito grosso
Areias médias ¼ (0,25) +2 Arenito médio
Areias finas 1/8 (0,125) +3 Arenito fino
Areias muito finas 1/16 (0,0625) +4 Arenito muito fino
Siltes grossos 1/32 (0,03125) +5
Siltes médios 1/64 (0,01562) +6 Siltito
Siltes finos 1/128 (0,0078) +7
Siltes muito finos 1/256 (0,0039) +8
Argilas Menor que 1/512 +9 Argilito, folhelho
Tabela 2.1 – Escala e classes granulométricas propostas por Wwentworth. A escala “fí”
(Φ) é calculada com base na fórmula: Φ  = -log2d. Onde d é o diâmetro dos grãos em
milímetros. Essa transformação permite representar às sucessivas granulometrias, que
são logarítmicas, de maneira linear.

3 - Seleção e diâmetro médio


Em geral os arenitos apresentam uma certa variação no tamanho dos grãos que as
compõe, variação essa que não tem motivos para respeitar os limites escolhidos
arbitrariamente pelo homem, de modo que a determinação das dimensões de um
único grão não representa a rocha em seu conjunto, é necessária a contagem de pelo
menos “alguns” grãos para se fazer uma aproximação estatística do diâmetro médio
dos grãos constituintes do sedimento. Vários métodos podem ser utilizados para essa
estimativa, grosso modo, quanto maior for o número de grãos medidos, mais preciso
será o valor estimado (aconselha-se pelo menos 300 grãos por lâmina, uma atividade
que consome muito tempo).
Mas, antes de qualquer medida, deveríamos estimar uma outra propriedade das
rochas siliciclásticas: a seleção granulométrica.
Estatisticamente ela representa o desvio padrão da população de grãos da média de
suas dimensões, quanto mais variada a dimensão dos grãos individuais, maior será o
desvio e pior será a seleção. Para a estimativa da seleção de uma amostra existem
vários diagramas de comparação visual, mostrados na figura A1, A2 e A3 (nos
anexos). Embora menos precisa que a contagem de centenas de grãos individuais, é
opção mais adequada em estudos iniciais ou aqueles para os quais se disponha de
pouco tempo.
Estabelecida a seleção da rocha, devemos avaliar quais as populações de grãos
presentes. Geralmente, uma rocha muito bem selecionada pode ser considerada
como possuindo uma única faixa granulométrica largamente predominante. Uma
rocha menos selecionada pode apresentar várias populações diferentes de grãos. Os
exemplos da figura 2.1 demonstram esse aspecto.

A estimativa do diâmetro modal (aquele mais comum, e não o médio, que pode não
ter um significado genético) deve ser feita a partir de uma amostragem mínima de
grãos. Para obtermos uma amostra representativa, devemos medir e contar os
grãos, seguindo algum critério de amostragem ao acaso. Pode-se, por exemplo,
posicionar aleatoriamente a lâmina em uma dada posição sob a objetiva, e medir
todos os grãos situados em um dos quadrantes definidos pelo retículo da ocular, por

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exemplo o quadrante superior esquerdo. Em seguida, a lâmina é reposicionada
novamente ao acaso, e medem-se todos os grãos do mesmo quadrante usado na
primeira observação(ver figura 2.2). Esse procedimento deve ser repetido um certo
número de vezes para se obter uma amostra de tamanho mínimo: dez visadas para
amostras bem ou muito bem selecionadas, 20 para as amostras com seleção
moderada, e 30 para aquelas pobremente ou muito pobremente selecionadas. Note
que sedimentos muito grossos, mesmo quando observados com o menor aumento,
terão um número menor de grãos avaliados que os sedimentos mais finos. As
medidas individuais dos grãos devem ser comparadas para que se determine qual a
medida predominante, esta deve ser considerada como igual ao diâmetro
predominante na amostra.

Figura 2.1 – Exemplos de arenito mal selecionado (a esquerda) e de arenito


bem selecionado (direita). Na primeira foto podemos observar a presença de
uma população de grãos maiores, em torno de 0,2-0,3 mm; uma
intermediária, com diâmetros médios de 0,15 mm; e uma menor com 0,04-
0,07 mm. No arenito melhor selecionado observamos uma população de
grãos com média de 0,25 mm e uma pouco menor com 0,10-0,15 mm.
Idealmente, em um estudo petrográfico detalhado, as porcentagens de cada
uma dessas populações deveria ser estimada por contagem.

Uma maneira mais rápida, embora menos precisa, é a de escolher pela observação,
aqueles grãos mais comuns em uma dada visada, considerando-os como
representativos da população mais comum. Bastaria então medir um desses grãos
para determinar o diâmetro dos grãos mais representativos.
Observem que rochas sedimentares silissiclásticas podem apresentar mais de uma
moda, ou seja, apresentar duas ou mais populações representativas. Nesse caso,
cada uma delas deve ser medida separadamente.

A média  pode ser estimada pelo seguinte procedimento: Contam-se os grãos


situados sob a linha do retículo leste-oeste do microscópio, incluindo aí aqueles
parcialmente cortados pela linha. Divide-se o diâmetro da ocular pelo número de
grãos contados, obtendo-se assim o diâmetro médio desse conjunto de grãos. Esse
procedimento pode ser repetido algumas vezes, por exemplo, contando-se o número
de grãos também no sentido norte-sul, para se obter um valor mais representativo.

É ainda muito importante observar se a lâmina apresenta alguma variação


sistemática no tamanho dos grãos: se existem níveis mais grossos e níveis mais
finos, se a granulação aumenta ou reduz-se sistematicamente em uma dada direção,

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etc. Esse modo de variação da granulometria deve ser levado em conta na descrição
da amostra, e o tamanho dos grãos deve ser estimado para cada uma das camadas
identificadas. Também é importante assinalar se a modificação se faz de maneira
brusca ou gradual. Essas são feições deposicionais, que, algumas vezes podem ser
observadas também em amostras de mão ou no afloramento.

Figura 2.2 – Esquema de contagem de grãos em um quadrante do campo visual


da lâmina, representando duas visada em posições diferentes de uma mesma
lâmina.
Tomando o quadrante superior direito com área de contagem, teremos que, na
primeira visada temos 9 grãos grandes, 3 médios e 16 pequenos (32,3%; 10,7%
e 57%, respectivamente); na segunda visada, usando o mesmo quadrante,
temos: 8 grãos maiores, 6 médios e 12 pequenos (30,8%; 23% e 46,2%). Na
média dessas duas contagens podemos dizer que 51% dos grãos são pequenos,
16,5 médios e 31,55 grossos.

4 – Forma, esfericidade e arredondamento


Os clastos terrígenos têm sua morfologia ligada a três fatores principais:
- Mineralogia ou litologia da qual são constituídos;
- Forma que os grãos tinham nas rochas das quais se originaram;
- Tipo e distância do transporte.

A forma do grão nos sedimentos é essencialmente uma herança de sua forma na


área fonte. Fragmentos de rochas anisótropas (xistos e sedimentos) e de minerais
com planos de clivagem bem definidos (feldspatos, por exemplo), tenderão a manter
essa anisotropia (e serão destruídos mais facilmente por apresentarem tais planos de
fraqueza). Já os fragmentos mais isótropos (rochas graníticas não deformadas,
cristais de quartzo) serão desgastados com mais dificuldade, mas de maneira mais
homogênea, produzindo grãos com tendência mais eqüidimensional.

Quanto maior a distância pela qual for arrastando o clasto, mais ele será desgastado,
mas também devemos levar em conta o tipo de meio no qual o transporte ocorre:
meios mais viscosos, como deslizamentos de lama tendem a proteger mais o grão
dos choques, ao contrário de meios mais fluídos, como o vento e a água corrente.
Alguns minerais não resistem a grandes transportes, sendo, por isso, eliminados.
Trataremos desse aspecto ao falar da composição mineralógica dos clastos.

A forma dos clastos pode ser definida com base nas proporções entre três eixos
perpendiculares, L (=A), I (=B), C (=C), respectivamente Longo, Intermediário e
Curto. Na figura 2.3, vemos como essas relações definem quatro formas gerais de
clastos: equidimensional , ou esférica, tabular   ou discóide, laminar  e em bastão.

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