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MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM ROCHAS ORNAMENTAIS

PATHOLOGICAL MANIFESTATIONS IN ORNAMENTAL ROCKS

ROVETTA, Cleber Jefte Rocha1


BARBOSA, Isadora Pio2
ALMEIDA, Eliézer Pedrosa de3

Resumo
No setor da construção civil um assunto pouco abordado por ser específico e
multidisciplinar são as manifestações patológicas que surgem nas rochas
ornamentais. Sua abrangência maior está em locais próximos aos polos produtivos,
os quais carecem de informações sobre o assunto. Além das manifestações
patológicas, neste artigo, serão abordados conceitos de geologia e ensaios
petrográficos que terão sua aplicação e benefícios mostrados. De posse das
informações e conclusões destes será possível analisar o melhor local de aplicação
nas construções em função da usabilidade de cada rocha e suas respectivas
alterações e comportamentos em ambientes diversos.

Palavra-chave: Manifestações Patológicas; Rochas Ornamentais; Cachoeiro de


Itapemirim.

ABSTRACT
In the civil construction sector, a subject rarely addressed as being specific and multidisciplinary are the
pathological manifestations that arise in ornamental rocks. Its greater scope is in places near the
productive poles to which lack information on the subject. Besides the pathological manifestations, in this
article, will be approached concepts of geology and petrographic tests that will have its application and
benefits shown. With the information and conclusions of these will be possible to analyze the best place
of application in the constructions in function of the usability of each rock and their respective alterations
and behaviors in diverse environments.

Keywords: Pathological Manifestations; Ornamental Rocks; Cachoeiro de Itapemirim.

____________________
1Graduando do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário São Camilo-ES, cleberrovetta@hotmail.com
2Graduanda do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário São Camilo-ES, isadorap.barbosa@gmail.com
3Professor Orientador: Mestre em Engenharia Civil, Centro Universitário São Camilo-ES, eliezerpa@hotmail.com

Centro Universitário São Camilo Espírito Santo


Cachoeiro de Itapemirim – ES, dezembro de 2018
1. Introdução
1.1 Rochas ornamentais

O uso das rochas pelo ser humano vem de tempos antigos desde a pré-história,
com a criação de armas e utensílios para uso no dia a dia assim como na criação de
ornamentos, estruturas e esculturas de adoração. Sua utilização vem desde o
surgimento das primeiras civilizações sendo usadas nas pirâmides do Egito e Pré-
colombianas nas Américas do Sul e Central e também na Roma Antiga e Grécia.
No início do século XX, com o a revolução industrial a capacidade do ser
humano de produzir trabalho em alta escala e com menor esforço fez com que fosse
possível a mecanização necessária, para que o tear de laminas e areia, fosse
implementado no desdobramento, ou seja, corte de blocos em chapas, dos blocos que
até então se limitavam ao mármore. Somente com o avanço da siderurgia e metalurgia
é que foi possível a criação do tear multilâminas e a utilização de granalha e cal para
desdobrar rochas mais duras como granitos, gnaisses e quartzitos. Porém o
desdobramento se limitava há dias de trabalho, assim com o aparecimento da
tecnologia do fio diamantado, criado inicialmente para a área de extração, foi possível
reduzir o tempo de desdobramento em horas de trabalho com os teares multifios.
A evolução no setor de rochas ornamentais foi vista também nas áreas de
beneficiamento a qual polideiras manuais usadas no final do século XX deram origem
as politrizes automáticas de esteira que também diminuíram muito o tempo do
polimento.
No setor de extração o incremento no século XXI foi a substituição de
explosivos por massa expansiva e fio diamantado que possibilitou a extração em
locais de risco assim como a mecanização para o manuseio e perfuração com
maquinários mais específicos, evoluídos e rápidos.
Com o aumento da capacidade de produção houve também um aumento das
vendas e exportações do Brasil, principalmente para China e EUA. O Espírito Santo é
o estado que mais exporta rochas no Brasil, segundo o relatório de exportação de
rochas de dezembro de 2017 feito pelo Sindirochas, o estado exportou cerca de
2.358.848 toneladas de rochas, entre chapas e blocos, de janeiro a dezembro de
2017. O mercado de rochas participou no mesmo ano com cerca de 8% no PIB do
estado, com uma influência bastante significativa.
Pelo fato da exploração ocorrer basicamente em municípios do interior, onde a
fonte de renda se limita a agricultura, o mercado de rochas contribui com
oportunidades de emprego de qualidade, gerando cerca de 20 mil empregos diretos.
Atualmente é possível encontrar no mercado materiais que custam na casa dos
milhares de reais o metro quadrado dada a sua raridade e beleza.
Assim, a necessidade de cuidados com a utilização pós aplicação gerou grande
preocupação em função das manifestações patológicas que poderiam aparecer por
conta do ambiente de aplicação. Com o passar dos anos foi possível perceber o
comportamento dos materiais a longo prazo, a exemplo do mármore em ambientes
externos, que mostrou sua baixa resistência ao intemperismo. Desta forma foi possível
a criação de métodos que verificam a resistência das rochas em seus vários aspectos
e ambientes de utilização. Todavia esses índices foram subdivididos em índices
físicos e resultados de ensaios quantitativos e qualitativos que deram uma gama de
dados aos quais eram passíveis de interpretação e comparação, trazendo
informações para escolha do melhor material para aplicação em construções.

1.2 Patologia

O termo “patologia” deriva do grego (phatos - doença, e logia - estudo). Na


construção civil é atribuído ao estudo dos danos causados ou ocorridos por causas
diversas em edificações. Essas patologias podem se manifestar em formas diversas
como trincas, manchas, infiltrações e outros danos causados por umidade. Pelo falo
de haverem diversas formas em que esta aparece é que pode referir-se a esse termo
como manifestações patológicas.
Todavia neste trabalho serão tratadas as manifestações patológicas em rochas
ornamentais, que é um material de construção que tem uma particularidade que o
difere dos outros materiais usados em edificações. Existe uma quantidade muito
grande de tipos de rochas que podem ser exploradas para serem beneficiadas com a
finalidade de revestimento, e isso torna o estudo de seu comportamento nessas
edificações muito mais amplo, diferente das rochas usadas como agregados.
Os principais aspectos que influenciam nas manifestações patológicas nas
rochas ornamentais são provenientes da natureza da rocha, da composição química,
da formação geológica, da granulometria, da presença de defeitos, da porosidade, da
densidade entre outros. Trataremos de todos esses a seguir.
2. Manifestações patológicas em rochas ornamentais

2.1 Terminologias

Mineral: “é todo corpo inorgânico, homogêneo, de composição


química definida e que se encontra naturalmente disseminado na
crosta terrestre” (POTSCH, 1965, p. 11).

Rocha: “é um agregado natural, formado de um ou mais minerais,


que constitui parte essencial da crosta terrestre e é nitidamente
individualizado” (LEINZ; AMARAL, 1989, p.33).

Rocha ígnea – rocha formada pela solidificação direta do magma ou lava


vulcânicas. Podem ser intrusivas (interior da terra), as quais a solidificação do magma
demora milhares de anos, o que as tornam com textura fanerítica (possível ver os
minerais). E podem ser extrusivas, as quais solidificam de forma rápida pelo
resfriamento da lava em regiões da superfície da terra, tornando-as com textura
porfiritica (não é possível ver os minerais).
Rocha metamórfica – rocha formada pela ação da temperatura e pressão, o
que acarreta em mudanças físico-químicas dos minerais da rocha pré-existente.
Podem ser ortometamorficas (rocha ígnea que sofreu metamorfismo) e
parametamórficas (rocha sedimentar que sofreu metamorfismo). Também podem
surgir fruto do metamorfismo de outras rochas metamórficas.
Rocha sedimentar – rocha formada pela aglomeração e cimentação de
fragmentos produto da desagregação de rochas pré-existentes na superfície terrestre.
Rocha silicática – rocha rica em sílica a qual aparecem minerais de quartzo em
sua composição mineralógica.
Rocha carbonática – rocha que tem como base o carbono em sua composição,
seus maiores representantes são o mármore (metamórfico) e o calcário (sedimentar).
Mineral máfico – mineral de coloração escura rico em Fe e Mg.
Mineral félsico – mineral pobre em Fe e Mg, rico em sílica (SiO2) de cor clara.
Sílica – substancia de fórmula química SiO2 que aparece em estados
cristalinos em forma de quatzo, calcedônia e opala.

Intemperismo – ação de ventos, chuvas, sol, e todo e qualquer agente que


cause mudança química e física, ao longo do tempo na rocha, gerando desagregação
dos minerais e liberação de partículas menores chamadas sedimentos.
2.2 Modificação da coloração

A modificação da coloração em rochas ornamentais é uma manifestação


patológica que aparece com frequência e pode trazer grandes transtornos e prejuízos
financeiros. Ocorre principalmente na presença de água.
“[...] grande parte das patologias observadas em rochas de revestimento
(manchas, eflorescências e descamação, entre outras) está associada à percolação
e/ou acumulação de soluções nos ladrilhos de rocha.” (Frascá, 2001, p. 130, apud
Frascá & Quitete, 1999).
Pode ocorrer em rochas claras com minerais félsicos, rochas escuras com
minerais máficos e em rochas carbonáticas.

2.2.1 Caracterização da manifestação patológica

A característica principal desta manifestação patológica é a diferença entre as


cores originais dos minerais que compõem a rocha mãe e as cores as quais os
minerais se apresentam após ocorrer algum fator intrínseco ou extrínseco nestes
minerais, que acabam por modificar sua composição química, superficial ou interna.

Os minerais podem se alterar, ou seja, mudar de composição química


e estrutura cristalina, pela interação com líquidos magmáticos tardios
(geralmente ricos em voláteis), por processos designados de
hidrotermais; ou pela exposição às condições atmosféricas da
superfície terrestre, pela ação do intemperismo as quais levam à
geração dos minerais de alteração ou secundários. (FRASCÁ, 2014,
p. 57)

2.2.2 Causas

As causas principais das modificações na coloração pétrea são:


 Presença de minerais que possuam FeS (sulfeto de ferro) na composição,
como pirita, pirrotita e calcopirita que são suscetíveis de modificação química com a
ação do intemperismo em ambiente aberto que, por alteração, são transformados em
óxidos e hidróxidos de ferro. Desta forma são produzidas manchas amareladas ou
castanho avermelhadas de aspecto ferruginoso em rochas graníticas claras, calcários
e mármores.
 Presença de minerais frágeis ao intemperismo, e que, quando expostos a
produtos de limpeza, causam alteração e perda das características originais
ocorrendo descoloração e opacidade superficial, exemplo destes são os minerais
carbonáticos como calcita e dolomita presentes em mármores e calcários.
 Presença de minerais acessórios máficos como biotita, anfibólio, piroxênio,
olivina, magnetita, granada ferrífera, que são suscetíveis de modificação química com
a presença de água oxidando os mesmos e produzindo manchas acastanhadas em
torno dos minerais em rochas claras ígneas e metamóricas.

Figura 1 - Revestimento de granito com


presença de magnetita oxidada.

Fonte: (LAMAGUTI, 2001)

 Presença de minerais contendo traços de Mn e Co em arenitos e quartzitos


que, quando alterados, produzem manchas preto azuladas denominadas detritos que
lembram fosseis de samambaias.
 Deposição de sujeira nos interstícios superficiais da rocha causando, em
rochas claras, uma coloração amarelada.
 Impurezas de Fe no cimento e areia transportados no momento da evaporação
da água em excesso na argamassa que penetram nos poros da rocha causando
manchas amareladas, acastanhadas ou avermelhadas. Esse processo apresenta-se
mais grave em rochas claras e porosas.
 Em rochas escuras esverdeadas pode ocorrer clareamento da rocha por perda
de CO2 do plagioclásio em meio ao microfissuramento por dilatação térmica, uma vez
que, essa substancia é que dá a cor verde a mesma. A exposição prolongada ao sol
é o fator principal no clareamento desse tipo de rocha.
Figura 2 - Clareamento por perda de CO2 em
revestimento de charnokito.

Fonte: (LAMAGUTI, 2001)

 Carreação de sais solúveis de natureza carbonática (CaCO3) para superfície


da placa provenientes do uso excessivo de cal na argamassa ou de cimentos de má
qualidade. Em rochas porosas ou muito fraturadas esse processo ocorre com maior
facilidade. Uma vez impregnada, dificilmente consegue-se remover a mancha já que
a solução penetra nos poros da rocha num processo chamado eflorescência.

2.2.3 Ensaios tecnológicos relacionados

Os ensaios tecnológicos relacionados com a modificação da coloração das


rochas ornamentais estão voltados a analise químico-estrutural e a simular uma
atmosfera a qual a rocha estará exposta ao ser aplicada em uma obra como segue
abaixo:
 Analise Petrográfica (ABNT NBR 15.845-1:2015) – é feita a analise
microscópica da composição mineralógica da rocha dando nome a mesma em função
da proporção com que os minerais aparecem assim como sua formação. Com esse
resultado é possível descrever o melhor ambiente de aplicação da rocha.
 Índices Físicos (ABNT NBR 15.845-2:2015) – neste ensaio é possível
determinar a porosidade aparente da amostra para com isso determinar o índice de
vazios dsta, o que implica em uma maior área de absorção de impurezas levadas pela
água e maior capacidade de as reter. Outro ensaio contido nos índices físicos é a
absorção de água, que permite saber o quanto de água a amostra de determinada
rocha pode reter e carrear. Desta forma é possível determinar o quanto os minerais
estão expostos ao contato com a água. Por último o ensaio de densidade aparente,
apesar de ser um índice físico importante, tem maior relação com a resistência
mecânica das rochas e não apresenta importância com a modificação da colocarão
destas.
 Exposição a atmosferas de dióxido de enxofre (Frascá – 2003) – ensaio no
qual ocorre simulação em câmaras climáticas de ambientes urbanos poluídos com
potencial degradador de materiais rochosos. Com isso é possível verificar, de modo
visual, as alterações.

 Resistência ao ataque químico (ABNT NBR 13.818 anexo H, modificado) –


este ensaio de resistência consiste na exposição da superfície polida da rocha por
determinados períodos à agentes químicos usados em produtos de limpeza. Com isso
é possível determinar a resistência dos minerais ao ataque dos produtos de limpeza
evitando a descoloração destes. A avaliação é feita de forma visual.
 Resistência ao manchamento (ABNT NBR 13.818 anexo G, modificado) -
este ensaio refere-se à resistência ao manchamento ao qual expõe a amostra a ação
de agentes manchantes dando uma noção do quanto a rocha pode ser resistente a
esses agentes. Com isso a modificação da coloração é eminente caso esta possua
baixa resistência neste ensaio. A avaliação é feita de modo visual.

2.2.4 Medidas de prevenção e opções para o uso

As medidas para evitar a modificação da coloração no uso e aplicação das


rochas são:
 Evitar usar rochas predominantemente claras com minerais acessórios máficos
em ambientes de exposição de águas afim de evitar o manchamento acastanhado por
oxidação em torno dos minerais escuros.
 Evitar usar rochas carbonáticas, como mármores e calcários, em ambientes de
exposição a água para evitar que estes sofram com o desgaste superficial intempérico
e alteração mineralógica de ordem química.
 Polir com melhor qualidade possível materiais claros, para evitar cavidades
onde a sujeira pode se depositar e consequentemente evitando o amarelamento por
sujeira, assim como usar rochas menos porosas em ambientes onde a sujeira tem
maior intensidade.
 Evitar usar rochas de coloração escuro esverdeadas em ambientes de
exposição ao sol.
 Usar areia lavada na argamassa de aplicação e evitar excesso de água na
mesma para evitar carrear impurezas provenientes de oxidação do Fe para superfície
da rocha.
 Usar cimento de boa qualidade e evitar usar excesso de cal na argamassa para
consequentemente evitar o aparecimento de manchas brancas de eflorescência
provenientes do carreamento do CaCO3 (carbonato de cálcio).

2.3 Manchas relacionadas à umidade

As manchas relacionadas à umidade são muito comuns em todos os tipos de


rochas, porém as rochas ígneas e metamórficas de coloração clara são as mais
atingidas pois nessas torna-se mais fácil percebê-las. Este problema gera prejuízos
estéticos e consequentemente econômicos à obra já que a maior parte dos problemas
relacionados a manutenção de edificações está relacionado a umidade.

2.3.1 Caracterização da manifestação patológica

As manchas aparecem em formas variadas nas proximidades da fonte de


umidade, em todo entorno da placa ou na porção central. Podem permanecer por
longos períodos ocasionando alterações da composição químico-mineralógica o que
acarreta em alterações visuais da placa rochosa gerando modificação da coloração
como mencionado no item 2.1. Porém, diferente da manifestação patológica anterior,
a característica principal é o aspecto escuro das cores no local atingido demonstrado
justamente a presença de umidade com o aspecto molhado e sem alterações
mineralógicas perceptíveis.

2.3.2 Causas

As principais causas do aparecimento de manchas relacionadas à umidade em


placas pétreas são:
 Elevada porosidade e elevada permeabilidade. A elevada porosidade acarreta
em facilidade de absorção de água e a elevada permeabilidade faz com que a água
fique retida nos poros.
 Exposição a locais com presença de umidade e que recebem água da chuva
com frequência, infiltrações, baldrames mal vedados, entre outros fatores que
favoreçam a presença de água como pias de cozinha e banheiro.

Figura 3 - Revestimento em granito com


mancha de umidade devido à falta de
vedação entre a rocha e o piso.

Fonte: (LAMAGUTI, 2001)

 Manifestação imprópria do rejunte que, com a presença de agua de limpeza,


favorece o acúmulo de umidade nas zonas próximas ao rejuntamento.
 Excesso de água na argamassa usada na aplicação das placas provocando
manchas arredondadas no centro das placas rochosas.

2.3.3 Ensaios tecnológicos relacionados

Os ensaios tecnológicos direcionados às manchas relacionadas a umidade


estão voltados a analise químico-estrutural no intuito de interpretar os índices físicos
de um determinado tipo de rocha a sua aplicação no local da obra:
 Analise Petrográfica (ABNT NBR 15.845-1:2015) – tem a função de verificar
a presença dos minerais alterados o que interfere na porosidade da mesma para
determinar se esta está propícia a reter a umidade
 Índices Físicos (ABNT NBR 15.845-2:2015) – com o ensaio de porosidade é
possível determinar o quanto de espaços vazios podem ser preenchidos com
umidade. Na absorção de água determina-se o quanto de água a amostra de
determinada rocha retém. A porosidade e a absorção de água são propriedades que
estão ligadas mas variam de acordo justamente com o quanto os espaços vazios se
conectam inferindo na permeabilidade da rocha.
2.3.4 Medidas de prevenção e opções para o uso

As medidas para evitar as manchas relacionadas a umidade no uso e aplicação


das rochas ornamentais são:
 Evitar rochas de natureza ígnea ou metamórfica de coloração clara em
ambientes externos ou que recebam agua de chuvas, ou outras fontes de umidade
frequentes.
 Manter o local de permanência da rocha livre de infiltrações de naturezas
diversas.
 Vedação correta dos baldrames a fim de evitar umidade provinda da fundação
da edificação.
 Dar preferência por rejuntes com menor porosidade e consequente menor
capacidade de conduzir a água pelas laterais das placas rochosas.
 Evitar excesso de água na argamassa de aplicação.

2.4 Riscos, desgaste e perda de brilho

O desgaste e a perda de brilho são duas patologias intimamente ligadas assim


como a capacidade de um mineral resistir ao risco. Um material rochoso, previamente
polido, só perde seu brilho se ocorrer algum desgaste superficial podendo ser de
ordem física, caso exista algum agente abrasivo, ou química no caso de deterioração
mineralógica através de reações. Porém, neste tópico, o desgaste físico por abrasão
é a causa abordada, e esta, depende de fatores intrínsecos à rocha e sua composição
mineralógica. Depende também do agente causador da abrasão em função do
ambiente ao qual a rocha será aplicada.

2.4.1 Caracterização da manifestação patológica

Pode-se definir desgaste como sendo a desagregação superficial e remoção


de partículas de determinado material submetido às forças de atrito.
Em muitas edificações é possível perceber visualmente tanto a perda de brilho
quanto o desgaste já que, esse último, pode chegar a ordem dos milímetros em locais
onde ocorre esta solicitação de forma intensa. Exemplo desses locais são pisos de
aeroportos, rodoviárias, grandes centros comerciais ou públicos, escadas de locais
não residenciais entre outros que recebam grande tráfego de pessoas.
Para entender o processo de desgaste é necessário primeiro analisar uma
escala de resistência ao risco. A escala de Mohs é o método mais usado para delimitar
a dureza dos minerais os quantificando. Segundo a Escala de Mohs temos:

Quadro 1 - Escala de Mohs – GOIÁS, 2016


Dureza Mineral Formula Química Descrição

1 Talco (Mg3Si4O10(OH)2 Pode ser arranhado facilmente com a unha.

2 Gipsita (ou gesso) CaSO4·2H2O Pode ser arranhado com unha com um pouco mais de
dificuldade.

3 Calcita CaCO3 Pode ser arranhado com uma moeda de cobre.

4 Fluorita CaF2 Pode ser arranhada com uma faca de cozinha.

5 Apatita Ca5(PO4)3(OH-,Cl- Pode ser arranhada dificilmente com uma faca de cozinha.
,F-)

6 Feldspato/Ortoclásio KAlSi3O8 Pode ser arranhado com uma liga de aço.

7 Quartzo SiO2 Capaz de arranhar o vidro. Ex.: ametista.

8 Topázio Al2SiO4(OH-,F-)2 Capaz de arranhar o quartzo.

9 Corindon Al2O3 Capaz de arranhar o topázio. Ex.: safira e rubi.

10 Diamante C Mineral mais duro que existe, pode arranhar qualquer


outro e é arranhado apenas por outro diamante.
Fonte: (GOIÁS, 2016)

Segundo essa escala, é possível saber a resistência que os minerais possuem


quando solicitados à abrasão.
Desta forma pode-se justificar a resistência ao desgaste das rochas de acordo
com a presença de alguns minerais ou a falta deles, dependendo da importância que
possuem e do percentual presente na matriz rochosa.
De posse desses dados alguns minerais merecem atenção devido sua
abundancia na natureza e consequentemente nas rochas para uso ornamental. Dos
minerais mais importantes pode-se citar:
 O quartzo – mineral presente em rochas ígneas, metamórficas e sedimentares.
Possui dureza 7 e está presente na maioria das rochas. As rochas que possuem esse
mineral em abundancia possuem grande resistência ao desgaste.
 Feldspato – mineral que aparece em grande proporção nas rochas ígneas,
metamórficas e também em sedimentares. Possui dureza 6 o que é relativamente alta.
Rochas que possuem este mineral são resistentes a abrasão quando combinado com
o quartzo.
 Minerais máficos – O plagioclasio com dureza 6,0 a 6,5; piroxênio com dureza
5,0 a 7,0; olivina com dureza 6,5 a 7,0; hornblenda dureza 5,0 a 6,0; biotita com dureza
2,5 a 3,5; microclinio com dureza 6,0 a 6,5, hiperstênio com dureza 5,0 a 6,0; são
minerais escuros ricos em Fe, Mg, Al e Na na composição química. Esses minerais
compõem a maior proporção mineralógica das rochas escuras ocasionando a
ausência de quartzo. Por conta da dureza variável, porém abaixo da dureza do
quartzo, é possível analisá-las em um único grupo para fazer o estudo de rochas
escuras.
 Dolomita – mineral de dureza 3,5 a 4,0 que está presente em rochas
carbonáticas como mármores sendo abundante neste tipo de rocha. Os mármores em
geral são muito sensíveis a abrasão.
 Calcita – mineral com dureza 3,0 está presente junto com a dolomita na
formação matriz dos mármores e isoladamente em calcários. É um mineral abundante
na formação de rochas carbonáticas e as torna frágeis ao desgaste abrasivo.

2.4.2 Causas

Apesar da dureza dos minerais da matriz rochosa estarem diretamente ligados


ao desgaste, várias causas podem ser associadas a esta manifestação patológica.
Podem ser intrínsecas ou extrínsecas à natureza da rocha, inerentes à textura, a
alterabilidade, ao imbricamento dos minerais, ao microfissuramento e porosidade.
Abaixo estão listadas:
 Alteração mineral em rochas amarelas que possuem essa coloração devido ao
seu grau de alteração ocorrido devido às infiltrações e ação do intemperismo no
decorrer de milhões de anos no maciço rochoso, o que demonstra um maior grau de
fissuramento devido ao intemperismo. Essas rochas possuem resistência à abrasão
menor que as mesmas rochas inalteradas de mesma composição mineralógica,
porém, ainda assim, podem ser usadas como revestimento de pisos quando outras
características intrínsecas a rocha a favorecem.
 Presença de minerais de calcita e dolomita em mármores e rochas
sedimentares como o Bege Bahia. O desgaste dessas rochas é grande frente as
solicitações como revestimento de pisos.
Figura 4 - Perda de brilho e riscos em escada
de mármore.

Fonte: (LAMAGUTI, 2001)

 Pequena quantidade de sílica (quartzo) em rochas como dioritos e sienitos. Por


esse fator possuem pouca resistência ao desgaste.
 A resistência à abração das rochas ígneas com textura fanerítica é menor
devido ao menor imbricamento entre os minerais e devido à menor quantidade de
contatos mirelalógicos existentes quando comparadas com as rochas com textura
afanítica.
“Acredita-se que a menor granulometria dos cristais possa favorecer a maior
resistência da rocha necessitando de condições mais agressivas no início do processo
[...].” (SILVA, 2013, p. 3).
 Rochas escuras com textura afanítica possuem boa resistência ao desgaste
quando comparadas às rochas carbonáticas, mas possuem resistência inferior as
rochas claras ricas em sílica. No entanto a cor preta torna-se sem brilho com facilidade
com o mínimo de desgaste, o que promove prejuízos estéticos. E as rochas escuras
com textura fanerítica possuem baixa resistência ao desgaste, superando apenas as
carbonáticas.
 Porosidade elevada a qual diminui a área da rocha resistente ao desgaste. Está
correlacionada à gênese ou ao fissuramento por alteração mineralógica, característica
essa que apresenta facilidade à desagregação de partículas quando solicitada a
esforços de abrasão. Em rochas sedimentares a porosidade é grande, em rochas
ígneas e metamórficas é pequena (até 2%). Em rochas amarelas a porosidade tende
a ser maior devido ao fissuramento por alteração, porém ainda abaixo de 2%. Existe
a ressalva a respeito do mármore, que possui baixa porosidade devido ao
metamorfismo, e que mesmo assim apresenta um desgaste grande pela sua natureza
carbonática como citado anteriormente.

2.4.3 Ensaios tecnológicos relacionados

 Analise Petrográfica (ABNT NBR 15.845-1:2015) – a finalidade deste ensaio


para a patologia do desgaste é o de descobrir a presença de minerais que, em grande
quantidade podem influenciar a resistência ao desgaste da rocha assim com sua
textura e formação geológica.
 Índices Físicos (ABNT NBR 15.845-2:2015) – com o ensaio de porosidade é
possível determinar o quanto a rocha pode resistir a abrasão em função dessa
propriedade.
 Determinação de Desgaste por Abrasão (Desgaste Amsler) (ABNT NBR
12.042:2012) - Este ensaio estabelece através dessa norma o método para a
determinação do desgaste por abrasão de materiais inorgânicos. São usados dois
corpos de prova fixos em contato com uma superfície circular abaixo destes que gira
tendo areia liberada em funis como agente abrasivo. Após o final do ensaio é medido
o quanto a amostra desgastou em milímetros.

2.4.4 Medidas de prevenção e opções para o uso

É possível minimizar os efeitos causados por esta manifestação patológica


analisando todas as variáveis envolvidas. A escolha do tipo de rocha a ser usada
acaba por ser a condicionante decisiva nesse processo. Segue abaixo sugestões para
o uso das rochas encontradas no mercado:
 Evitar usar mármores e calcários em ambientes de grande tráfego de pessoas,
uma vez que, a presença de minerais de calcita e dolomita com dureza baixa, tornam
a rocha pouco resistente ao desgaste.
 Quartzitos são rochas metamórficas fruto do metamorfismo do arenito, rocha
sedimentar que, se formou pelo acúmulo de sedimentos de areia, unidos por uma
matriz cimentícia. O quartzito possui o mineral quartzo em grande quantidade e por
isso trata-se de rocha extremamente dura e sua aplicação em ambientes de grande
tráfego é altamente recomendável.
 Rochas como dioritos e sienitos, por possuírem pequena quantidade de sílica
na composição mineralógica, não são recomendadas para revestimento de pisos de
locais de grande tráfego.
 Evitar usar rochas escuras com textura fanerítica em locais de grande tráfego
devido ao seu desgaste elevado. Apesar das rochas escuras possuírem, em casos
com textura afanítica, boa resposta ao desgaste, ainda assim, o pouco que ocorre
pode deixar a rocha sem brilho.
 Rochas amarelas devem ter uma análise cuidadosa antes de sua escolha
levando em consideração principalmente a porosidade, índice este que, está
diretamente ligado ao fissuramento e consequentemente à alteração da rocha.
 Rochas claras ricas em quartzo, com baixa porosidade, baixa fissuração, de
origem ígnea e metamórfica são as mais indicadas para locais de grande tráfego de
pessoas. Os melhores exemplos são os quartzitos e os granitos claros.
 Evitar usar rochas sedimentares como o calcário Bege Bahia em pisos de
grande solicitação devido a sua alta porosidade (2,62%) e por ser formado
basicamente de 58% de calcita. Esta é a única rocha sedimentar comercializada.

2.5 Deterioração

Quando uma rocha é exposta a agentes agressivos diversos em ambientes que


privilegiem esse processo pode-se dizer que a rocha está em processo de
deterioração, que, pode ser intrínseco a fatores de sua gênese ou devido ao próprio
ambiente onde ela se encontra aplicada.
Apesar dessa manifestação patológica ocorrer por diversos fatores ela merece
destaque devido ao patamar em que a rocha pode chegar devido a ocorrência desse
problema.

2.5.1 Caracterização da manifestação patológica

A impressão que se tem é que a rocha está de degradando em sua superfície.


Inicialmente ocorre em pontos específicos aumentando para regiões maiores até
comprometer toda superfície da rocha.

2.5.2 Causas

As causas principais relacionadas a esta manifestação patológica são:


 Exposição da rocha em ambientes poluídos, úmidos ou à beira do mar, que em
rochas carbonáticas, causam reações químicas na estrutura de seus minerais por
conta do caráter ácido do local ao qual estão expostas. Rochas carbonáticas possuem
minerais frágeis ao ataque químico.
 Utilização de rochas silicáticas de cor amarelada fruto de alteração, que já
sofreram esse processo em sua formação, e são utilizadas em ambientes poluídos,
úmidos ou à beira do mar. Esse tipo de rocha tem porosidade maior quando
comparada com as rochas que não sofreram alteração, e por esse motivo, possuem
maior capacidade de permitir a infiltração e contato com a superfície da placa.
 Fadiga dos minerais ocorrida em rochas com maior coeficiente de dilatação
térmica linear. Esse problema ocorre por expansões e retrações sucessivas da rocha
e por diferença no coeficiente de dilatação de cada mineral que compõe a rocha, com
isso, as faces de ligação são comprometidas. A longo prazo ocorre comprometimento
da estrutura da rocha principalmente em zonas superficiais.

2.5.3 Ensaios tecnológicos relacionados

 Analise Petrográfica (ABNT NBR 15.845-1:2015) – a importância deste


ensaio está na identificação dos minerais presentes na rocha e consequente
identificação do tipo de rocha. Desta forma é possível evitar as patologias
relacionadas à deterioração por presença de minerais frágeis suscetíveis a essa
patologia.
 Índices Físicos (ABNT NBR 15.845-2:2015) – com o ensaio de porosidade é
possível comparar tipos de rochas que podem sofrer maior exposição à deterioração
já que a porosidade e o faturamento estão correlacionados. O resultado da
determinação da massa especifica está correlacionado com a massa dos minerais
existentes e a quantidade de espaços vazios da rocha, comprovando os resultados
de porosidade e absorção de água. Já este último é necessário pois demonstra o
quanto a rocha está exposta a ação de agentes agressivos uma vez que esses
agentes são carreados pela umidade.
 Propagação de Ondas Longitudinais (ASTM D 2845 e EN 14579) - ensaio
utilizado para medir a integridade da rocha quanto a alterabilidade e a coesão dos
minerais, desta forma quanto maior o valor do resultado maior a resistência mecânica
da rocha e menor a sua capacidade de deterioração. Choque Térmico (EN 14066) -
este ensaio verifica a queda da resistência da rocha após variações térmicas bruscas
que propiciem dilatação e contração constantes.
 Exposição à Atmosferas Salinas (EN 14147) – ensaio que consiste em
exposição de amostras de rocha em câmaras climáticas de ambientes marítimos ricos
em sais potencialmente degradadores e posterior visualização das alterações
decorrentes
 Exposição à Atmosferas de Dióxido de Enxofre (Frascá 2003) - consiste em
ensaio em câmaras climáticas que simulam ambientes urbanos poluídos (umidade e
SO2) potencialmente degradadores e posterior visualização das alterações nas
amostras.
 Imersão Parcial (EN 13919) - imersão de corpos de prova em solução ácida
(H2SO4) para simulação da cristalização de sais (eflorescência e subflorescência) na
face polida.
 Saturação e Secagem (EN 12370) - ensaio que consiste em um número
determinado de ciclos de imersão de corpos de prova em solução salina e posterior
secagem em estufa. Rochas muito porosas podem se desintegrar antes do final do
ensaio.
 Resistência ao ataque químico (ABNT NBR 13.818 anexo H, modificado) –
avaliação feita de forma visual que consiste na exposição da superfície polida, por
determinados períodos, à agentes químicos usados em produtos de limpeza que
geram deterioração.
 Dilatação Térmica Linear (ABNT NBR 15845-3:2015) – neste ensaio o corpo
de prova tem a sua temperatura elevada e diminuída por equipamento que aquece e
em seguida refrigera variando de -5°C até 50°C. O corpo de prova deve estar em
presença de agua afim de evitar choques térmicos.
 Determinação da Resistência ao Congelamento e Degelo (ABNT NBR
15845-4:2015) – este ensaio visa a verificação da eventual queda de resistência da
rocha (por ensaios mecânicos) após 25 ciclos de congelamento e degelo das
amostras. Está relacionado a capacidade que a rocha possui de não se deteriorar no
ensaio propriamente dito e frente aos esforços mecânicos de outros ensaios.
2.5.4 Medidas de prevenção e opções para o uso

As principais medidas para o bom uso de rochas ornamentais afim de evitar as


manifestações patológicas relacionadas à deterioração são:
 Evitar a aplicação de rochas carbonáticas em ambientes externos,
principalmente ambientes marítimos, afim de evitar a exposição da rocha aos agentes
causadores da desta manifestação.
 Evitar o uso de rochas silicáticas de cor amarela fruto de alteração em
ambientes próximos a praia, que receba névoa salina, ou em ambientes úmidos e
poluídos, afim de evitar que sua porosidade permita o contato superficial da face polida
com substancias degradadoras.
 Evitar o uso de rochas com maior coeficiente de dilatação térmica linear em
ambientes do continente onde a amplitude térmica é maior quando comparada a
regiões litorâneas. Da mesma forma evitar esse tipo de rocha em locais de muita
exposição direta aos raios solares.
 Dar preferência ao uso de rochas silicáticas não alteradas e de baixa
porosidade em ambientes quimicamente agressivos.
 Usar rochas com menor coeficiente de dilatação térmica linear na parte externa
das edificações em regiões continentais.

2.6 Trincamento e fraturamento

O trincamento e o fraturamento são manifestações patológicas que se


apresentam nas rochas devido à motivos diversos e são referentes aos esforços
intensos e impactos de objetos, sendo também, por motivos intrínsecos à rocha
utilizada. O prejuízo econômico pode variar muito dependendo da causa, uma vez
que, o problema pode ocorrer de forma pontual ou generalizada.

2.6.1 Caracterização da manifestação patológica

Em rochas ornamentas o trincamento é uma manifestação que pode ser


diferenciada do fraturamento pela característica de gerar um plano de fraqueza
ocorrendo de forma linear, porém, sem separação das superfícies. Esse processo
ocorre devido ao fato de que, as placas estão presas por argamassa. Em alguns casos
aparecem devido à defeito de formação. Já no fraturamento ocorre separação das
superfícies. Este processo está diretamente ligado à dimensão do esforço aplicado ou
devido à impactos, e também ligado ao fato de não existir uma superfície colante que
una as peças estando essas com todas as faces expostas.

2.6.2 Causas

As principais causas para ocorrer trincamento e fraturamento em rochas


ornamentais são:
 Falta de cuidado no transporte e manuseio de placas acabadas.
 Baixa resistência ao impacto da rocha utilizada, principalmente em locais onde
a argamassa foi aplicada de forma a deixar espaços vazios entre a placa e o contra-
piso ou locais onde a rocha está flutuante.

Figura 5 - Fratura por impacto em placa de


gnaisse.

Fonte: (LAMAGUTI, 2001)

 Elevado índice de dilatação térmica linear que causa aumento no comprimento


das placas em função da elevação da temperatura a qual gera tensões nos locais de
encontro das placas e consequentemente trincamento e fraturamento. O rejuntamento
com espessura inadequada faz ocorrer o mesmo processo.
Figura 6 - Trinca em revestimento de mármore
causada pela espessura insuficiente do
rejunte.

Fonte: (LAMAGUTI, 2001)

Figura 7 - Fraturas em revestimento de mármore


causada pela espessura insuficiente do rejunte.

Fonte: (LAMAGUTI, 2001)

 Elevada porosidade e alterabilidade em rochas sedimentares como o calcário


e em rochas amareladas de alteração, as quais, geram eflorescências devido ao
carreamento de sais para o interior da placa. Desta forma geram-se desagregações
minerais e separação de fragmentos placóides na superfície do piso nas regiões
próximas aos contatos com o rejunte, local onde ocorre acumulação de umidade.
Figura 8 - Fraturamento decorrido por
processo de eflorescência em piso de rocha
metamórfica.

Fonte: (LAMAGUTI, 2001)

 Elevada porosidade que está correlacionada à baixa densidade e maior


fissuramento da matriz rochosa devido aos processos geológicos relacionados ao
intemperismo.
O intemperismo pode ser entendido como todas as mudanças de
natureza física e química que decorrem da rocha em resposta a sua
interação com o ambiente e que modifica as características da
deformabilidade, resistência e permeabilidade das rochas (LOPES,
2006, p. 8, apud Marques et al, 2004).

Portanto, rochas mais porosas possuem menor resistência mecânica à flexão.


 Baixa densidade aparente da rocha, índice físico que está diretamente
correlacionado com a resistência mecânica à flexão. Rochas mais densas possuem
maior resistência. Isso ocorre devido à maior quantidade de espaços preenchidos por
ligações moleculares e consequente maior imbricamento mineral gerando uma maior
superfície resistente às tensões de tração.

2.6.3 Ensaios tecnológicos relacionados

 Analise Petrográfica (ABNT NBR 15.845-1:2015) – a importância deste


ensaio está identificação do tipo de rocha e identificação de minerais alterados que
influenciam diretamente na resistência mecânica em casos de rochas muito
fraturadas.
 Índices Físicos (ABNT NBR 15.845-2:2015) – com o ensaio de porosidade é
possível identificar a quantidade de espaços vazios de rochas com menor resistência
mecânica a maior alterabilidade. O resultado da determinação da massa especifica
também está diretamente ligado à resistência mecânica. Já o resultado de absorção
de água ajuda a identificar a suscetibilidade da rocha sofrer processos de
eflorescência.
 Dilatação Térmica Linear (ABNT NBR 15845-3:2015) – neste ensaio é
possível identificar se determinada rocha possui coeficiente de dilatação térmica linear
fora dos padrões para uso como revestimento.
 Resistência à Compressão Uniaxial (ABNT NBR 15845-5:2015) – este
ensaio mede a capacidade de a rocha resistir à tensão de compressão. Sua finalidade
é avaliar a resistência da rocha como elemento estrutural.
 Determinação do Módulo de Ruptura à Flexão por Carregamento em Três
Pontos (ABNT NBR 15845-6:2015) – este ensaio consiste em avaliar a aptidão da
rocha para uso como revestimento ou elemento estrutural e fornece um parâmetro
indicativo de sua resistência a tração.
 Determinação do Módulo de Ruptura à Flexão por Carregamento em
Quatro Pontos (ABNT NBR 15845-7:2015) – este ensaio orienta o cálculo da
espessura em função da área das placas de rochas suscetíveis à esforços fletores,
tanto no transporte quanto após sua colocação em fachadas com utilização de
sistemas de ancoragem metálica.
 Determinação da Resistência ao Impacto de Corpo Duro (ABNT NBR
15845-8:2015) - Esse ensaio determina a resistência ao impacto de corpo duro de
amostras de rocha em forma de placa, através da queda de uma esfera de aço, com
1 kg e diâmetro de 6 cm, assentada sobre um colchão de areia. O resultado se dá
pela altura máxima a qual a amostra resiste ao impacto do corpo.

2.6.4 Medidas de prevenção e opções para o uso

As principais medidas para o uso de rochas ornamentais afim de evitar


trincamento e fraturamento são:
 Usar rochas com baixo coeficiente e dilatação térmica linear em ambientes de
calor elevado.
 Fazer o cálculo correto da espessura do rejunte assim como os intervalos entre
esses, afim de evitar o descolamento, trincamento e fraturamento das placas.
 Evitar o contado insuficiente do rejunte com a rocha para não gerar pontos de
infiltração e posterior fraturas relacionadas à eflorescência.
 Utilizar rochas de porosidade baixa, como as escuras de textura afanítica, em
locais que recebam umidade com frequência, afim de evitar os processos de
eflorescência e posterior desagregação de fragmentos placóides. Os mármores em
geral, que sofreram metamorfismo e consequente diminuição da porosidade, seriam
boas opões caso sua resistência ao ataque químico não fosse pequena.
 Em locais de grande solicitação de esforços fletores optar por rochas de maior
densidade aparente como rochas escuras e mármores, e de menor porosidade como
nos casos de rochas ígneas e metamórficas não alteradas.

2.7 Resultados e Discussão

As análises dos aspectos causadores das manifestações patológicas em


rochas ornamentais, em estudos do setor, tendem sempre a procurar relacionar os
índices físicos à sua aplicabilidade. Entretanto duas frentes analíticas são possíveis
de serem utilizadas, uma faz justamente o que foi dito ao analisar determinado tipo de
rocha e seus resultados de ensaios para em seguida verificar a melhor ambiente de
aplicação. E outra em que se analisa o ambiente de aplicação para, em seguida,
verificar as características de agressividade apresentadas neste ambiente e com isso
verificar qual subgrupo de rochas apresenta resistência aos agentes causadores de
manifestações patológicas. No entanto, a criação desses subgrupos, depende da
análise cuidadosa dos resultados de ensaios afim de achar as particularidades que
cada rocha apresenta e consequentemente descobrir o subgrupo a qual pertence em
função de características de formação, textura, mineralogia, composição química,
entre outros aspectos. A primeira frente parte da rocha para os possíveis ambientes,
a segunda do ambiente para as possíveis rochas.
Levando em consideração a primeira frente analítica, segue na tabela 1 os
resultados de ensaios tecnológicos, que auxiliam os profissionais da área a entender
o melhor ambiente para aplicar determinada espécie rochosa. E no quadro 2 as
especificações para estes ensaios para uso como rocha ornamental.
Tabela 1 - Ensaios tecnológicos de alguns tipos de rochas comercializadas em Cachoeiro de
Itapemirim e região com cores predominantes indicativas das rochas - 2013
DESGASTE COEFICIENTE DE
ROCHA (NOME DENSIDADE POROSIDADE COMPRESSÃO FLEXÃO
AMSLER DILATAÇÃO [(10-
COMERCIAL) (kg/m³) (%) UNIAXIAL (MPa) (MPa)
(mm) ³mm/(m0C)]

Amarelo Capri 0,80 2606,00 1,34 171,70 8,78 6,80

Amarelo Icaraí 1,00 2633,00 0,98 127,20 6,72 4,70

Amarelo Ornamental 0,87 2631,00 0,83 148,30 14,59 4,20

Amarelo Ouro Brasil 1,76 2670,00 0,85 152,00 9,23 0,48

Amarelo Sta. Cecília Clássico 0,60 2647,00 0,86 103,60 7,21 7,20

Amêndoa Jaciguá 0,70 2632,00 1,08 132,10 8,76 5,40

Branco Fortaleza 0,80 2625,00 1,11 150,60 7,57 4,60

Branco Gaivota 0,80 2625,00 1,11 150,60 7,57 4,60

Branco Itaúnas 1,06 2614,00 0,96 133,00 9,38 5,60

Branco Marfim 0,80 2628,00 1,10 82,00 6,62 5,70

Branco Siena 0,80 2640,00 0,70 113,70 15,11 5,00

Cinza Andorinha 1,00 2703,00 0,83 151,50 12,63 7,10

Cinza Castelo 1,00 2657,00 0,83 132,10 17,37 4,60

Cinza Corumbá 1,00 2673,00 0,93 130,20 10,18 5,20

Ocre Itabira 0,91 2710,00 0,61 121,00 10,13 2,00

Mármore Branco Clássico 3,63 2850,00 0,26 114,92 n.d 8,20

Mármore Chocolate 4,02 2733,00 0,02 69,00 17,54 3,20

Mármore Imperial Pink 3,31 2732,00 0,17 119,90 18,43 8,00

Mármore Onix 2,66 2813,00 0,25 94,41 13,04 3,10

Mármore Pinta Verde 6,92 2855,00 0,17 86,40 13,04 8,90

Ouro Negro 1,40 2859,00 0,56 111,30 18,70 5,80

Preto Águia Branca 1,80 2987,00 0,44 89,60 16,08 7,00

Preto Aracruz 0,86 2969,00 0,19 113,95 19,10 10,20

Preto São Gabriel 1,00 2960,00 0,96 113,70 14,10 7,80

Verde Bahia 0,40 2696,00 0,54 145,60 14,09 6,20

Verde Imperial 1,20 2774,00 0,45 133,60 11,42 7,00

Verde Labrador 0,70 2690,00 0,71 146,00 9,90 6,40

Verde Pavão 1,00 2713,00 0,59 109,30 11,21 5,20

Fonte: (MANUAL DE CARACTERIZAÇÃO, APLICAÇÃO, USO E MANUTENÇÃO DAS PRINCIPAIS


ROCHAS COMERCIAIS NO ESPÍRITO SANTO, 2013)
Quadro 2 - Especificações limítrofes de ensaios tecnológica para uso e aplicação de rochas
ornamentais – Espírito Santo, 2013 a 2018
Propriedade Norma
ABNT NBR 15844 ASTM C 615
Densidade aparente (kg/m³) > 2.550 >=2.560
Porosidade aparente (%) < 1,0 n.e
Absorção d’água (%) < 0,4 <=0,4
Compressão uniaxial (MPa) > 100 >=131
Flexão (Módulo de ruptura), carregamento em três pontos > 10,0 >=10,34
(MPa)
Flexão, arregamento em quatro pontos (MPa) > 8,0 >= 8,27
Coeficiente de dilatação térmica linear (mm/m.°C) < 8,0 Não especificado

Impacto de corpo duro (m) > 3,0 Não especificado

Desgaste Amsler (mm/1000 m) < 1,0 Não especificado

Fonte: (ESPÍRITO SANTO, 2013)

Em contrapartida, a segunda frente analítica, leva em conta os ambientes de


aplicação através das premissas mostradas anteriormente segundo as causas e as
medidas de prevenção, levando em consideração, as opções para uso das rochas.
Os ambientes estão listados a seguir.
Ambientes externos onde a rocha pode ser exposta à chuva, poluição, sol,
calor, frio, gelo (em alguns países), névoa marítima e quaisquer outros agentes
agressivos. Nestes as rochas devem seguir as seguintes recomendações gerais:
 Evitar rochas carbonáticas como calcários e mármores pela sua baixa
resistência ao ataque químico, alta porosidade (calcários), baixa resistência ao
intemperismo. Evitar rochas escuro esverdeadas devido ao seu clareamento exposto
ao sol. Evitar rochas amarelas pela sua alterabilidade principalmente em ambientes
litorâneos. Evitar rochas com alto coeficiente de dilatação térmica.
 Dar preferência a rochas de coloração clara, ricas em quartzo tanto ígneas
quanto metamórficas, principalmente quartzitos. Desde que a ocorra vedação e
drenagem adequados ao ambiente as quais estão sendo usadas. Usar rochas de
baixo coeficiente de dilatação térmica linear afim de evitar descolamento de placas,
trincas e fraturas.
Ambientes de grande tráfego de pessoas como rodoviárias, aeroportos,
calçadas de grandes centros que tendem a ter o desgaste como seu principal
condicionante:
 Evitar rochas carbonáticas como calcários e mármores pela sua baixa
resistência ao desgaste, assim como sienitos e dioritos por serem pobres em quartzo.
Evitar também rochas escuras com textura fanerítica por sofrerem desgaste
excessivo, e as de textura afanítica devem ser usadas somente em residências afim
de evitar perda de brilho excessivo.
 Usar rochas ígneas e metamórficas silicáticas de coloração clara como
quartzitos e granitos brancos, rochas amareladas de alteração devem levar em
consideração os resultados de desgaste Amsler devido a outros fatores que
influenciam em sua escolha e que são difíceis de serem correlacionados.
Ambientes internos que não recebem sol em grande quantidade, chuva, calor,
frio, gelo, entre outros:
 Esse ambiente é pouco agressivo levando à possibilidade de um número maior
de escolhas incluindo nesse grupo, praticamente, todos os tipos de rochas. Porém,
nesse ambiente, deve-se evitar o uso de produtos de limpeza de caráter agressivo
como cloro e desinfetantes. Evitar a exposição da rocha à umidade por longos
períodos ao proceder à vedação, drenagem e rejuntamento de forma correta.
Ambientes de grande solicitação de esforços mecânicos de tração, compressão
e flexão. Nesse contexto entram as colunas estruturais, e peças flutuantes encaixadas
em armação metálica. Assim segue as recomendações:
 Evitar rochas com baixos índices de densidade, alta porosidade como as
ígneas e metamórficas amareladas fruto de alteração assim como os calcários.
 Dar preferência a aplicação e uso de rochas com maior densidade aparente e
menor porosidade como as rochas escuras e mármores quando solicitadas a esforços
fletores. O uso de rochas silicáticas claras inalteradas também é recomendado. Porém
nesses casos é necessário avaliar os resultados dos ensaios tecnológicos mecânicos
das respectivas resistências afim de aumentar o fator segurança.
Apesar dos ambientes listados corresponderem por grande parte das
possibilidades, dentro desses, deve haver uma análise pontual das situações. No
entanto, determinada escolha de rocha, pode confrontar os ambientes, como no caso
de um ambiente externo, de grande trafego, de grande solicitação mecânica e em
região litorânea que recebe chuvas ácidas. Exemplos como esse podem obrigar o
profissional a fazer, não a melhor escolha, mas aquela que traz menores prejuízos,
principalmente em casos extremos.
Referencias Bibliográficas

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