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UNIVERSIDADE JEAN PIAGET

ANGOLA
FACULDADE DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

2º ANO
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
________________________________________________________
CAPITULO III – Pedras Naturais
▪ Conceito sobre os Minerais;
▪ Rochas e sua classificação;
▪ Pedras Naturais e suas Características;
▪ Causa da alteração das Pedras Naturais;
▪ Patologia das Pedras Naturais;
▪ Pedras Ornamentais e suas funções na Engenharia Civil;
▪ Aplicação e Utilização das Pedras Naturais na Construção Civil.
Introdução
O Estudo das rochas sempre foi valorizado pelo homem, por ser um material de
origem natural. Os minerais da rocha, tornam-se importantes por serem os
principais constituintes das rochas.
(Ex: Arenito - que é uma rocha formada por Quartzo. Já o famoso Granito - é composto pelos minerais de
quartzo, feldspato e mica).

As rochas, formadoras em essência da crosta terrestre, sempre foram material de


estudo de diversas áreas, como a Geologia, Geografia, Paleontologia, Química,
Engenharia Civil e outras. Entretanto, a diferenciação está na aplicação. Sabe-se
que, as rochas constituem os elementos onde são instaladas as obras de
engenharia (fundações, túneis, pontes, galerias, etc.). Nestas obras, são ainda
utilizados como material de construção, na sua forma natural (pedra britada,
saibro), beneficiada (rochas para revestimento) ou, ainda, industrializada
(cimento).
Assim, na Engenharia, trabalha-se com uma grande variedade de tipos rochosos.
Todavia, cada tipo tem características intrínsecas (mineralogia, textura,
estrutura, etc.) que devem ser conhecidas para que as obras sejam planejadas e
executadas com menor custo e maior segurança, resultando na melhoria da
qualidade final do trabalho realizado.

Objectivo
Neste capitulo, focar-se-á as PEDRAS NATURAIS, cuja utilização em obras,
especialmente como revestimento de paredes, agregado do betão, calçadas,
exige que alguns conceitos relativos a sua utilização e aplicação sejam
estudados.
Minerais
Minerais
É uma substância sólida natural, inorgânica e homogênea, que possui
composição química definida e estrutura atômica característica. Na natureza, os
minerais se formam por cristalização, a partir de líquidos magmáticos ou
soluções termais, pela recristalização em estado sólido ou, ainda, como produto
de reacções químicas entre sólidos e líquidos.

Alguns minerais são amorfos “não tem forma própria), por não apresentarem
estrutura interna definida” e não amorfos “ocorrem como cristais, que são
corpos com forma geométrica, limitados por faces, arranjadas de maneira
regular e relacionadas com a orientação da estrutura atômica”.
O estudo dos minerais constitui o objecto da MINERALOGIA.
Classificação Química dos Minerais
Os minerais podem ser classificados de
acordo com sua composição química e são
listados abaixo na ordem aproximada de
abundância na crosta terrestre.
▪ Silicatos;
▪ Carbonatos;
▪ Sulfatos;
▪ Halóides;
▪ Óxidos;
▪ Sulfetos;
▪ Fosfatos.
Também podem ser corpos de material
mineral não cristalino, como o vidro
vulcânico (obsidiana) e materiais sólidos
orgânicos, como o carvão.
Rochas
Rochas
Rocha é um corpo sólido natural, resultante de um processo geológico
determinado, formado por agregados de um ou mais minerais, arranjados
segundo as condições de temperatura e pressão existentes durante sua
formação.

As rochas, de acordo com seu modo de formação, constituem três grandes


grupos:
▪Ígneas ou Magmaticas;
▪Sedimentares;
▪Metamórficas.

As rochas geradas num determinado ambiente geológico são estáveis, enquanto


permanecem nesse mesmo ambiente.
Uma mudança nas condições do ambiente, induzem a transformações, mais ou
menos lentas, de modo a que, as rochas se adaptem e fiquem estáveis nessas
condições. As principais alterações são as da sua textura e a criação de novos
minerais de acordo com o novo ambiente, a partir da destruição de outros que,
mediante as novas condições, deixam de ser estáveis.

Por exemplo, muitos dos minerais das rochas que se formam em zonas profundas
da litosfera, alteram-se quando chegam à superfície, dando origem a outros
minerais que vão participar na formação de rochas sedimentares. Estas rochas,
com o decorrer do tempo geológico, podem ser sujeitas a novas condições
termodinâmicas, originando rochas metamórficas e mesmo magmáticas quando
há fusão do material.
A Litosfera é uma camada formada essencialmente de rochas, sua espessura varia
entre 10 km e 13 km, nas regiões oceânicas e, em média, é de 35 km nas regiões
continentais, alcançando até 60 km nas regiões de montanhosas.
A parte da crosta continental da litosfera é constituída predominantemente de
rochas graníticas ricas em Si e Al, já a crosta oceânica é composto
predominantemente de rochas de natureza basáltica, ricas em Si e Mg.

Ciclo Formação das Rochas


Quando o magma se resfria, cristais de novos minerais desenvolvem-se e formam
novas rochas magmáticas. À elevação, das rochas na crosta sobrejacentes
às rochas ígneas que sofreram ascensão, meteorizam gradualmente
(essa meteorização é um processo natural de decomposição ou
desintegração de rochas e solos, e seus minerais constituintes, por
acção dos efeitos químicos, físicos e biológicos que, resultam da sua
exposição ao ambiente), criando material solto que a erosão retira,
expondo a rocha ígnea à superfície.
A meteorização da rocha ígnea produz fragmentos rochosos de variados tamanhos
e tipos que, são levados pela erosão. Muitos dos detritos rochosos são
transportados por cursos de água até aos rios e, por fim, até aos oceanos, onde se
depositam formando estratos de areia, silte e outros sedimentos formados de
material dissolvido, tal como o carbonato de cálcio das conchas. Estes sedimentos
depositados no oceano, tal como aqueles depositados pela água ou pelo vento nos
continentes, são enterrados debaixo de sucessivas camadas de sedimento onde
gradualmente se litificam em rocha sedimentar.
Quando a rocha sedimentar litificada afunda cada vez mais na crosta, ela torna-se
mais quente. Quando a profundidade exceder os dez quilômetros e a temperatura
exceder os 300ºC, os minerais presentes na rocha, ainda sólida, começam a
transformar-se em novos minerais mais estáveis àquelas condições de
temperatura e pressão mais elevadas. Este é o processo de metamorfismo, o qual
transforma as anteriores rochas sedimentares em rochas metamórficas.
Ciclo Formação das Rochas
Continuando com o
aquecimento, pode dar-se a
fusão das rochas e formação de
um novo magma a partir do
qual novas rochas ígneas irão
cristalizar recomeçando o ciclo
novamente.

O ciclo litológico é eterno, está


sempre a operar a diferentes
fases e em diferentes partes do
Mundo.
Classificação das Rochas
Rochas Magmáticas ou Ígneas
As rochas ígneas formam-se quando o magma arrefece e cristaliza. Está rocha
fundida, com origem a profundidades até 200 km no interior da Terra, compõe-se
de elementos encontrados nos minerais do tipo silicatos e de alguns gases,
sobretudo vapor de água, todos confinados no magma pela pressão das rochas
confinantes.

Rochas Sedimentares
Os materiais resultantes dos processos erosivos constituem a base para a
formação das rochas sedimentares. A palavra sedimentar ilustra a natureza destas
rochas uma vez que significa o resultado do processo de deposição dos
sedimentos em suspensão ou transportados por um fluido, normalmente a água e
ou vento.
Rochas Metamórficas
Grandes áreas de rochas metamórficas estão expostas em todos os continentes,
em regiões relactivamente planas, conhecidas por escudos. Outras, constituem
uma parte importante de muitas cadeias de montanhas.

Ao estudar as características dos três tipos de rochas é importante ter em


consideração o ciclo das rochas. Estas podem parecer que são grandes massas
imutáveis quando, na realidade não. As modificações demoram geralmente
períodos de tempo que, ultrapassam na maior parte, a escala humana de tempo.
Elas são motivo de análise e estudos dos ramos da ciência, como:
▪ Petrologia - é uma ciência auxiliar da Geologia e está ligada a Mineralogia e a
Geoquímica, tem como finalidade o estudo sistemático das rochas.
▪ Petrografia - inclui a descrição e identificação das rochas.
▪ Petrogénese - explicar a sua origem e transformações posteriores a sua
formação.
Pedras Naturais
Pedras Naturais
Dada a sua origem e o modo de formação bastante diverso, as pedras apresentam
características bem diferentes que permitem a sua distinção e determinam a sua
posterior utilização em obra. Essas características são três: mecânicas, físicas e
químicas.

Características Mecânica
As propriedades de resistência a flexão, ao corte e à tracção para uma pedra, têm
pouca importância e consideram-se geralmente nulas. Interessam essencialmente
as resistências à compressão e ao desgaste. Na verdade, o papel da pedra na
construção é, sobretudo, de resistir a compressão e ao desgaste.
▪ Resistência à Compressão
Muito embora a aplicação das pedras naturais ser cada vez mais ornamental, pelo
que outras características vão sobressaindo. Essa resistência varia com o efeito de
cintagem, podendo-se para a mesma pedra encontrar valores distintos devido a
este factor.
Por isso é que se utilizam altos coeficientes de segurança para as pedras, podendo
atingir o valor de 10. Quanto mais saturada está a pedra menor é a sua
resistência.

▪ Resistência ao Desgaste
A resistência ao desgaste tem particular importância para as pedras aplicadas na
fabricação de concreto e em locais de circulação intensa, ficando assim sujeitas a
solicitações de abrasão frequente, como ladrilhos, lajetas de pavimentos,
cobertores de degraus, etc. O desgaste influi não só na perda de espessura/peso
dos elementos, como na manutenção do seu brilho e mesmo visibilidade da sua
matriz decorativa, sendo um parâmetro essencial na aferição de desempenho de
uma pedra natural.
▪Resistência ao Funcionamento
Tomemos um provete e coloquemos sobre ele uma pastilha de aço a que se
aplica uma força. A área tende a expandir-se lateralmente, pois está sendo
comprimida. Essa expansão está impedida e aumenta assim a resistência. Por
outro lado, há ainda a considerar a resistência ao corte do provete.

▪Resistência a Flexão, Tracção e ao Corte


A resistência a flexão é da ordem de 15% da resistência à compressão. A
resistência ao corte e à tracção é cerca de 5% da resistência a compressão. Estas
três resistências são muito pequenas e podem mesmo não se chegarem a
desenvolver (escala mais fina). A resistência a flexão é da ordem de 15% da
resistência à compressão. A resistência ao corte e à tracção é cerca de 5% da
resistência a compressão. Estas três resistências são muito pequenas e podem
mesmo não se chegarem a desenvolver (escala mais fina).
▪ Resistência ao Esmagamento
É a propriedade que mede a dificuldade em esmagar uma pedra natural por acção
de forças transversais à mesma, sendo medida pela quantidade de material friável.
Entende-se por partículas friáveis aquelas que se esmagam quando apertadas
entre os dedos.

▪ Resistência ao Choque
Trata-se de uma importante propriedade a ser quantificada nas pedras naturais,
dado que as mesmas estão frequentemente sujeitas a acções dinâmicas, ainda que
baixa intensidade.
Associada directamente a grandezas como a fractura, a resistência ao choque é de
primordial importância em elementos sujeitos a acções externas com significados,
como o trânsito de viaturas e mesmo pessoas.
Características Físicas
A estrutura cristalina e a composição química dos minerais são responsáveis por
diversas propriedades físicas dos minerais, úteis para sua determinação
macroscópica. Dentre elas, que maior relevância apresentam na análise duma
pedra natural, como material de construção, são:
▪ Estrutura e Textura
A textura diz respeito, principalmente, às dimensões forma e arranjo dos
materiais constituintes e à existência ou não de matéria transparente/vítrea
(onde os tipos fundamentais de textura: holocristalina e vítrea). A estrutura
refere-se essencialmente ao sistema, mais ou menos ordenado, formado pelas
diáclases e juntas do maciço rochoso (dando, então, lugar aos tipos de estrutura:
laminar, em bancos, colunar, estratificada, etc). Está relacionada com o aspecto
granular da pedra. Assim se classificam por ex. “os granitos em grão fino, médio,
grosso, etc. O granito grão fino é fácil de trabalhar e adere bem às argamassas.
As estruturas e a textura das pedras são propriedades interessantes, uma vez que
permitem uma avaliação preliminar das restantes propriedades, dado que influi sobre as
qualidades de resistência mecânicas, homogeneidade, porosidade, clivagem e/ou
fractura, etc. Dando-nos, também, uma ideia sobre a trabalhabilidade da pedra e sua
aderência às argamassas.

▪ Brilho
Aspecto apresentado pela superfície de fractura recente do mineral, ao refletir a
luz incidente. O brilho pode ser metálico, vítreo, resinoso ou graxo, sedoso,
perláceo, adamantino, fosco, etc.
▪ Cor
Está relacionada com defeitos estruturais, composição química ou impurezas
contidas no mineral. Pode ser característica de um determinado mineral, como,
por exemplo, a cor amarelo latão da pirita.
Mas, no geral, é variável para um mesmo mineral. O quartzo pode apresentar
ampla variação de cores, correspondendo as variedades denominadas ametista
(lilás), citrino (amarelo-queimado), etc.
▪ Traço
É a cor do pó mineral que se observa quando este risca uma superfície áspera de
porcelana branca e dura. Nos minerais opacos de brilho metálico (óxidos e
sulfetos), esta é uma das propriedades diagnósticas para a identificação da
espécie.
▪ Clivagem
Superfície de fratura plana, paralela a uma face real ou possível do cristal. O tipo
da estrutura cristalina determina a presença ou ausência de plano de clivagem,
segundo uma ou mais direções. É qualificada como perfeita, boa, distinta e
imperfeita.
▪ Fractura
Superfície de quebra do mineral, independente do plano de clivagem, podendo
ser do tipo irregular ou concóide, esta última igual a do vidro. A fractura refere-se
ao aspecto que apresentam as superfícies de rotura, normalmente obtida por
percussão da pedra. O exame destas superfícies permite reconhecer os
constituintes da pedra e a sua forma de agregação, bem ainda como o grau de
dificuldade da sua produção/origem.

É uma característica estreitamente ligada às anteriores e considera-se inútil


mencionar as suas classificações, dado que anteriormente se referiu, ser
indispensável uma larga prática de laboratório para o seu conhecimento e
correcto emprego.
▪ Dureza
Define-se como a resistência que opõem os corpos, em virtude da coesão, a
deixar-se penetrar ou riscar por outros. Como tal, esta propriedade mede a
resistência mecânica das pedras a compressões pontuais.
A determinação desta propriedade é referida a uma escala padrão de dez
minerais, conhecida como escala de Mohs, que consta dos seguintes minerais,
ordenados por dureza crescente:
1 Talco (Riscam-se com a unha);
▪ Moles
2 Gipsita;
3 Calcita (Risca-se com objeto de cobre);
4 Fluorita (Riscam-se com o canivete ou com o canto do vidro);
5 Apatita;
▪ Semiduros
6 Ortoclase (Risca o vidro com dificuldade);
7 Quartzo (Riscam o vidro);
8 Topázio;
9 Corindo (Riscam o vidro com facilidade);
▪ Duros
10 Diamante
Por exemplo:
▪ Um pedaço de quartzo (pontiagudo para se poder riscar com ele) tem
dureza 7;
▪ Um pedaço de feldspato tem dureza 6;
▪ O vidro 5 (ou pouco superior); uma lâmina de canivete 5 a 6;
▪ Um alfinete de latão (ou uma moeda de cobre) cerca de 3;
▪ A unha um pouco mais que 2;
▪ As substâncias de dureza 1 são untuosas ao tato.
O conhecimento da dureza das pedras é também muito importante para a
selecção dos instrumentos de corte a utilizar. Tendo em vista este objectivo
decorre do processo prático de trabalho a seguinte classificação quanto à dureza
das pedras:
▪ Brandas – quando se cortam com uma lâmina de aço;
▪ Mediamente duras – quando se cortam com uma lâmina de aço actuando
com jato de água e areia;
▪ Duras – quando só podem ser cortadas com uma lâmina de aço actuando
com jato de água e esmeril;
▪ Duríssimas – quando só se cortam com Carborundum ou serras
diamantadas. No caso particular das pedras calcária.
▪ Peso Específico
Corresponde ao peso do material em relação ao peso de igual volume de água,
sendo assim calculado:
O valor é constante para cada espécie, pois tem relação com a composição e a
estrutura cristalina. Os minerais, normalmente, têm peso específico entre 2 e 4.
Quando acima de 4, são denominados pesados.

▪ Aderência aos Ligantes


A aderência aos ligantes não é característica intrínseca das pedras, uma vez que
depende também da natureza do ligante.
▪ Densidade
Em geral, importa considerar no estudo das pedras a densidade absoluta e a
densidade aparente.
▪ Homogeneidade
A homogeneidade é uma característica importantíssima do ponto de vista da
utilização da pedra como material construtivo, no seu estado natural. Se uma
pedra for homogênea, podemos contar com as mesmas propriedades qualquer
que seja a zona em estudo não havendo homogeneidade, não podemos contar
com a mesma resistência mecânica em todos os pontos.

Uma pedra homogênea não deve apresentar veios (fissuras delgadas preenchidas
por matéria mole), crostas ou geodes (cavidades preenchidas com matéria
cristalizada). Por exemplo, uma pedra é de boa qualidade quando a sua rotura
(por percussão com o martelo) se dá com projeção de suas partículas, ela será de
má qualidade caso se desfaça em pequenos grãos.
▪ Compacidade
Se atendermos a que as massas específicas dos seus constituintes (quartzo,
feldspato, micas, calcite, etc.) variam, na generalidade, de 2600 a 3200 Kg /m3
constacta-se o interesse do conhecimento da grandeza que relaciona a densidade
aparente (γa) com a densidade absoluta(γ).
▪ Porosidade
A porosidade é a relação entre o volume de vazios e o volume total. Porém, no
estudo das pedras, não é aquele o conceito com mais interesse, mas sim a relação
entre o volume máximo possível de água absorvida e o volume total, isto é, o grau
de saturação dos poros do material.
▪ Higroscopicidade
A higroscopicidade é a faculdade que os materiais, as pedras têm de absorver e
reter a água por sucção capilar.
▪ Permeabilidade
A permeabilidade é a propriedade que os materiais têm de se deixarem atravessar
pela água, ou outros fluidos, segundo certas condições. Esta propriedade
depende, fundamentalmente, da porosidade do material, da comunicação entre
os seus poros e dos diâmetros destes.
▪ Gelividade
A gelividade de uma pedra é a característica que ela apresenta de se fragmentar
quando, por acção de abaixa temperatura, a água que contém nos seus poros
solidifica com consequente aumento de volume. Conclui-se, assim, que uma pedra
nestas condições será porosa, higroscópica e de fraca resistência, pois absorve
água e não resiste ao acréscimo de volume devido à congelação.
▪ Baridade
A baridade define-se como o quociente da massa da pedra pelo volume por esta
ocupado em dadas condições de compactação. A baridade varia de pedra para
pedra. No calcário a baridade é muito mais baixa que no basalto por exemplo. Até
na mesma pedra a baridade é muito variável. Normalmente nos granito e
calcários a resistência aumenta com a baridade.
▪ Condutibilidade Térmica
O coeficiente de condutibilidade térmica é a quantidade de calor que passa
através de uma superfície com uma unidade de área, na unidade de tempo e,
quando o gradiente térmico entre duas superfícies é de 1ºC, se for 1 cm a
espessura da parede. Este coeficiente tem muito interesse no que diz respeito ao
conforto de habitação e no respeitante a isolamentos térmicos como, por
exemplo, na construção de câmaras frigoríficas.
▪ Magnetismo
Os minerais que contém o elemento ferro são afectados pelo campo magnético.
Os diamagnéticos são repelidos e os paramagnéticos são atraídos pelo ímã. Os
que são fortemente atraídos pelo ímã são chamados ferromagnéticos, como é o
caso da magnetita (Fe3O4).

Características Químicas
Dentre as características químicas a que assume maior importância é a
estabilidade. A baixa sensibilidade à agressividade química é cada vez mais
influente na selecção de uma pedra natural. Hoje, os agentes agressivos
encontram-se quer na chuva (acentuadamente ácida), quer nos produtos de
limpeza, quer nos noutros materiais de construção que poderão reagir com as
pedras naturais.
Obtenção de Pedras Naturais
Abaixo segue um esquema da extração das Pedras Naturais até a obtenção da
pedra britada:
▪ Exploração;
▪ transporte de matações;
▪ britagem;
▪ classificação.

Esquema de Extração e exploraçã das Pedras Naturais “Fonte ABGE”


Patologia das Pedras Naturais
As pedras naturais estão sujeitas em obra, a acções que lhes podem produzir
apenas desgastes nas arestas e ângulos salientes, eventualmente desagregações
de lamelas superficiais sem alteração da sua composição química ou mineralógica
ou, pelo contrário, a acções que introduzem nestas uma alteração profunda,
dando origem à sua destruição.
▪ As primeiras acções caracterizam-se por processos físicos de destruição das
pedras e, desde que a pedra seja de boa qualidade, assumem pequena
importância.
▪ As segundas caracterizam os processos químicos de destruição que revestem
particular importância nas pedras calcárias, pela sua enorme susceptibilidade
aos ácidos e, de um modo geral, nas pedras com feldspatos, como os granitos,
pelas suas possibilidades de caulinização.
Causas de Alteração:
▪ Via química – por acção de agentes da atmosfera ou outros específicos dos
próprios materiais ou do solo;
▪ Via física – temperatura, gelo, dilatações, ventos carregando abrasivos;
▪ Acção de organismos vivos – o homem, pombas, pássaros e micro
organismos.
Existem outros agentes químicos capazes de deteriorar as pedras e que estarão
na sua própria composição, nos materiais que estão em contacto com alvenarias
de base, nas argamassas de assentamento, nos metais empregues nas suas
ligações, etc. Também no solo, e em casos particulares de exposição em
atmosfera salina, ou na composição dos produtos usados na limpeza ou
conservação das construções.
Sendo, normalmente os agentes agressivos, sais solúveis que, cristalizam quando
arrastados pela água que penetra nas paredes, por higroscopicidade, através das
fundações. Assim, quando esta se evapora constitui as conhecidas por
eflorescências, quando a cristalização se dá junto à superfície, ou cripto
florescências se aquela se dá no interior da pedra. As eflorescências não revestem
normalmente efeitos prejudiciais, exceto o mau aspecto quando superficiais,
sendo suficientes uma lavagem corrente para eliminar os seus efeitos.

Tradicionalmente, para evitar a penetração das águas usa-se um produto


hidrófugo, que é aplicado em todo o perímetro da construção. (Ex: asfalto ou uma
argamassa rica em ligante e em fino). A esta operação chama-se também
serzitamento. Deve-se considerar também a corrosão química provocada pelo
depósito de dejectos de animais, nomeadamente de pássaros e pombos.
São muitas as causas de deterioração das pedras, sendo umas naturais (como a
acção da água, da temperatura e dos organismos vivos, etc.) e outras ligadas à
acção do homem (como a poluição, os erros técnicos de conservação e
manutenção, etc.), podendo o mecanismo pela qual actuam ser físico, químico ou
biológico e mesmo a combinação dos mesmos.
Acção da Água
A água é o inimigo número um das pedras em edificações. A sua presença, está
ligada à maior parte dos processos de deterioração e pode actuar por um
mecanismo físico ou químico, pois sem água nenhum dos agentes químicos de
alteração reage com os componentes da pedra à temperatura ambiente.
Fenómenos como a evaporação do cloreto de sódio, a formação de nevoeiro, a
condensação de humidade atmosférica, o gelo - degelo, a saturação, não são
mais que diferentes manifestações da água, sendo estes fenómenos de particular
importância.
A água que existe no solo sobe por capilaridade para o interior dos materiais
arrastando consigo sais, como o cloreto de sódio (o mais quantificável), que dão
lugar à deterioração da rocha (sobretudo calcárias), por vezes de dimensões
consideráveis, e se cobre de eflorescências. A chuva, o nevoeiro e a conservação
da humidade atmosférica são outras fontes de humidade nos edifícios. A água
da chuva pode também ter uma acção mecânica de erosão, nomeadamente
quando cai sob a forma de saraiva.
Nos climas frios o congelamento da água e os ciclos sucessivos de gelo e degelo
aumentando aproximadamente um décimo do seu volume e pode gerar tensões
internas, quando contida num espaço confinado, são outra causa possível de
alteração, que pode mesmo levar à rotura e desagregação das pedras. As
tensões internas assim geradas podem originar fissuras microscópicas, ou
mesmo macroscópicas, que se tornarão em outras tantas vias de acesso para
outros agentes de deterioração.
Acção do Sais Solúveis
A água que penetra nas pedras, por higrospicidade, através das fundações pode
conter sais dissolvidos. Também a água da chuva pode dissolver sais da própria
pedra. A cristalização dos sais pode dar-se à superfície formando eflorescências
(salitre) ou no interior criptoflorescências.
As eflorescências formam-se, em geral, quando a evaporação se faz com certa
lentidão e a simples exposição à chuva (a chamada lavagem natural) leva ao seu
desaparecimento (também se poderá recorrer a lavagem artificial). Quando a
deposição é no interior, eles têm uma acção degastadora sobre a rocha, já que
com as variações das condições físicas do meio estes sais dilatam-se, retraem-se,
dissolvem-se, etc.
Os sais solúveis podem ser de origem externa quer interna. Assim: Podem
encontra-se presente na pedra antes desta ser aplicada;
Certos produtos usados na limpeza de cantaria podem originar deteriorações
importantes, exemplo disso são a soda cáustica e certos álcalis que têm, por vezes,
sido usados. Temos ainda outros tipos de sais, como o cloreto de sódio
(principalmente em zonas marítimas), que podem causar deterioração.

Acção do Vento
O vento exerce uma acção puramente mecânica e, quando é o factor determinante,
geralmente formam-se na pedra cavidades características que podem atingir
profundidades apreciáveis (corrosão eólica). O vento também influência na
cristalização dos sais, pois quando a sua velocidade aumenta também acelera a
velocidade de evaporação da água contida nos poros e, consequentemente,
incrementa-se a cristalização dos sais que contem em solução. É também um agente
erosivo, especialmente quando transporta areia.
Acção da Temperatura
Um dos efeitos da temperatura (ciclos de gelo e degelo) e as variações térmicas. A
temperatura tem ainda influência no que diz respeito ao teor de água nas pedras.
Quanto maior for a temperatura maior é a evaporação e, consequente, a
deposição de sais. As dilatações e contrações devidas ao calor do sol podem
provocar fissuras em algumas pedras.

Acção dos Agentes Biológicos


As árvores e as plantas que crescem nos edifícios indicam, em regra, uma
importante humidade dos materiais de construção. São, usualmente, inofensivas
mas algumas vezes as raízes podem acentuar as deteriorações da alvenaria. As
plantas que encontramos nos edifícios indicam uma fraca conservação e são mais
o resultado do que a causa da deterioração.
A presença das algas pode ajudar a localizar, rapidamente, a humidade numa
construção. Os prejuízos são principalmente devidos a frequentes humidificações
e secagens da pedra. Nos sítios onde se encontram algas as paredes têm uma
humidade que é muitas vezes acima do teor de água em equilíbrio.

Acção da Poluição Atmosférica


Os agentes químicos presentes no ar poluído são os que mais afectam as pedras e,
em particular, os calcários ou o carbonato de cálcio (por vezes contido noutros
tipos de pedra).
Acção do Fogo
O efeito do fogo é sobretudo causado pela rapidez da variação de temperatura. As
partes exteriores das pedras envolvidas pelas chamas aquecem rapidamente e
sofrem uma brusca variação do volume, como a transmissão de calor para o interior
não se faz com a mesma velocidade, criam-se então tensões que ultrapassam a
resistência do material e placas e segmentos destacam-se, sucessivamente.
Este fenômeno é geral em todas as pedras, mas um caso especial é o das pedras
que contêm forte percentagem de quartzo como, por exemplo, os granitos. O
quartzo sofre a 575ºC uma mudança de estrutura acompanhada de brusca dilatação
(4,5%) que faz estalar a pedra. O aquecimento provocado pelo fogo é
acompanhado, por vezes, por mudanças de coloração da pedra que são susceptíveis
de fornecer indicações aos arqueólogos, como, por exemplo, em relação aos
incêndios na acrópole de Atenas.
Acção Humana
Existem ainda certas causas de deterioração que se prendem com a escolha,
utilização, colocação e conservação do material em obra, por outras palavras,
apontar alguns aspectos técnicos de construção e de conservação cuja não
observância é uma origem frequente de deterioração. A escolha da qualidade do
material é importante, pois certas deteriorações podem provir de defeitos naturais
da pedra, tais como:
▪ Heterogeneidades;
▪ Diferenças de estrutura;
▪ Camadas brandas;
▪ Fissuras.
As camadas brandas são mais facilmente erodíveis, as fissuras favorecem a
penetração de água. É conveniente colocar as pedras em obra de modo que as
cargas se apliquem perpendicularmente ao seu leito natural.
De facto, as rochas sedimentares devido ao seu modo de formação por
deposição de camadas sucessivas, têm uma estrutura laminada e a separação por
camadas é por vezes fácil. Assim, é frequente encontrarem-se deteriorações pelo
fato da pedras ter sido colocada com o leito paralelo à superfície de exposição.

A associação inconveniente dos materiais pode também ocasionar alterações


físicas ou químicas. Por exemplo, tem-se observado que certos grés de cimento
silicioso, que quando empregados isoladamente resistiam muito bem ao ataque
pelos gases sulfurosos das atmosferas poluídas, apresentaram mau
comportamento quando associados a calcários.
O emprego de argamassas impróprias pode ser outra causa de alteração, como já
se referiu a propósito dos sais solúveis. Também quando uma junta é preenchida
com argamassa demasiado densa, o movimento da água é extremamente
reduzido e quase que não há secagem através desta. Então a evaporação dá-se
pela pedra adjacente, onde a cristalização dos sais origina deteriorações. Casos
se têm dado em que reparações de monumentos com refachamento das juntas,
por argamassas muito densas, veio acentuar os desgastes.

O uso de ferros cravados na pedra é outra causa de deterioração das pedras.


Normalmente uma corrosão importante tem lugar em meio ácido, mas também
se observa a mesma coisa em meio alcalino e, sobretudo, quando há cloreto de
sódio ou magnésio. Como o volume da ferrugem é 6 a 8 vezes maior do que o
ferro que a formou, as fendas e fissuras que se encontram no material
envolvente do ferro são explicadas facilmente por este fato.
Patologia de Pedras Naturais em Revestimentos
Com a evolução tecnológica, ao nível dos equipamentos de corte, a indústria
transformadora de rochas ornamentais. A técnica mais utilizada para aplicar
revestimento de pedra natural em fachadas é a fixação directa. Esta técnica é muito
utilizada fazendo a colagem da placa de pedra com um cimento-cola.
O desconhecimento das propriedades dos cimentos-cola de elevadas prestações,
das propriedades das pedras naturais, conjugados com uma deficiente qualidade
da mão-de-obra disponível nos dias de hoje, originam diversas patologias em
edifícios jovens, com idades inferiores a 5 anos. Algumas destas patologias
manifestam-se ainda na fase final da construção dos edifícios, quando muitas vezes
ainda não foram habitados. As patologias mais comuns que se encontram em
fachadas revestidas com pedra natural são os desprendimentos e as manchas nas
superfícies expostas das placas.
Os desprendimentos de elementos fixos directamente em fachadas é
particularmente preocupante uma vez que coloca em risco pessoas e bens. As
manchas nos revestimentos de pedra natural têm como efeito principal os danos
estéticos que causam às fachadas dos edifícios.

Usos e Aplicações das Pedras Naturais

Podem ser utilizadas em numerosos sectores da actividade econômica,


nomeadamente nas indústrias da construção civil e obras públicas, de
transformação de rochas ornamentais, do cimento, cerâmica e do vidro. As pedras
naturais valorizam a estética dos empreendimentos e têm longa vida útil, mas
necessitam de cuidados na aplicação.
A utilização dessas pedras é uma questão de escolha, mas também de
engenharia e arquitetura, condicionada pela região onde se está por razões
logísticas (existência de jazidas próximas) e até culturais. É importante
considerar o tipo de ambiente (interior ou exterior), o grau de poluição
atmosférica da região, a distância que a obra se encontra do litoral e o local de
uso (piso ou fachada) para optimizar o desempenho do revestimento e evitar
prejuízos e patologias.

Nas fachadas, onde a pedra está exposta às intempéries, é importante ter um


critério mais rigoroso na escolha da rocha. As fezes dos pássaros, a poluição, as
chuvas e a deposição de fuligem são agentes que mudam o pH da superfície do
revestimento, demandando lavagens periódicas.
FIM DA AULA

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