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FACULDADE ANHANGUERA DE PELOTAS

Curso de Engenharia Civil

Elementos de
Mineralogia e Geologia
TIPOS DE ROCHAS – ÍGNEAS OU MAGMÁTICAS

Prof. Me. Jorge Saes Bandeira


Introdução

A ciência que estuda as rochas é a Petrologia (do grego, petra, rocha ou rochedo, acrescido do
sufixo logia, ou estudo de), e para tanto se vale de diversas técnicas analíticas, sendo as
principais as técnicas geológicas de campo, as técnicas químicas, técnicas experimentais e as
técnicas petrográficas.
As técnicas petrográficas consistem, principalmente na descrição e análise das texturas,
estruturas e da composição mineralógica das rochas, tanto em escala macroscópica, valendo-
se de acuidade visual e com auxílio de lupas de mão, quanto em escala microscópica, com o
auxílio de um microscópio petrográfico.
Introdução

A aplicação de técnicas geológicas de campo visa identificar, descrever e relacionar as rochas encontradas em
uma determinada área ou região, observando a forma dos corpos rochosos, seus modos de ocorrência e as
relações de posição e de influência que guardam com outras rochas ou conjuntos litológicos.
Já o uso de técnicas petrográficas consiste em um exame detalhado na escala de observação pretendida,
observando-se as estruturas, que correspondem ao aspecto geral externo da rocha analisada, e também as
texturas presentes, que consistem em um exame ainda mais aprofundado dos grãos ou cristais componentes da
rocha e as relações que guardam entre si e com a estrutura observada.

Em linhas gerais, as rochas podem ser divididas em três grandes grupos, classificados de acordo com critérios
genéticos: as rochas ígneas ou magmáticas, as rochas metamórficas e as rochas sedimentares.
Introdução

➢ As Rochas Ígneas ou Magmáticas são aquelas formadas a partir de materiais fundidos no interior da Terra.
Este material fundido, que corresponde ao protomaterial de origem das rochas ígneas, recebe a denominação
de Magma. O magma pode solidificar-se em subsuperfície, e neste caso dá origem às rochas plutônicas, ou em
superfície com exposição subaérea, e neste caso dá origem às rochas vulcânicas.

➢ As Rochas Metamórficas são aquelas que se formam pela modificação química, mineralógica, textural,
estrutural, ou uma combinação destes, em estado sólido, de rochas preexistentes, através do
estabelecimento de condições de temperatura, pressão e/ou pressão de fluidos distintos daqueles
originais para a formação da rocha pretérita. Não se incluem na definição de metamorfismo os processos
diagenéticos e intemperismo.

➢ Rochas sedimentares são aquelas que se formam através de processos superficiais na crosta terrestre,
que podem ser derivados da erosão de rochas preexistentes (magmáticas, metamórficas ou mesmo
sedimentares), do acúmulo de elementos orgânicos e/ou biogênicos ou por precipitação química.
Introdução

Como as rochas são parte constituinte do Sistema Terra,


estas encontram-se em constante modificação por
diferentes processos geológicos e climáticos.

O inter-relacionamento entre os tipos de rochas e os


processos de dinâmica da Terra é o chamado Ciclo das
Rochas.
Introdução

Como as rochas são


parte constituinte do
Sistema Terra, estas
encontram-se em
constante modificação
por diferentes
processos geológicos e
climáticos. O inter-
relacionamento entre
os tipos de rochas e os
processos de dinâmica
da Terra é o chamado
Ciclo das Rochas.
Introdução

Pensando na crosta como uma região formada essencialmente


por rochas, é possível observar que agentes climáticos agem
sobre este material, causando o intemperismo, ou seja, a
alteração das características físicas e químicas das rochas
expostas, formando o chamado manto de intemperismo.
Introdução

Na parte superior deste, formam-se os solos pelo processo


denominado pedogênese. O manto de intemperismo pode ser
afetado pela erosão, ou seja, o deslocamento ou transporte dos
materiais, levando estes para uma bacia de sedimentação,
onde o material pode ser compactado e transformado em
rocha sedimentar, pelo processo denominado litificação.
Introdução

Uma rocha sedimentar, assim como qualquer tipo de rocha,


uma vez colocada em ambiente de pressão e temperatura
distinto daquele de sua origem, pode sofrer metamorfismo,
gerando rochas metamórficas.
Introdução

Se as condições de pressão e/ou temperatura são muito


extremas, e ultrapassam o ponto de fusão dos minerais
constituintes da rocha, estas podem ser parcial ou totalmente
fundidas.
A fusão das rochas gera material magmático, que após
solidificação gera rochas ígneas. Todas as rochas (ígneas,
metamórficas e sedimentares) estão sujeitas ao intemperismo,
à erosão, ao metamorfismo e, em caso extremo do
metamorfismo, à fusão, encerrando assim o ciclo das rochas.
Introdução –ciclo das rochas
Introdução

Nesta aula, iremos conhecer as rochas relacionadas à


dinâmica endógena do planeta, dando ênfase especialmente às rochas:

Plutônicas (ou intrusivas), rochas ígneas vulcânicas (ou extrusivas)


Introdução

Endógeno é um termo muito utilizado em geologia para referir-se aos


processos que ocorrem no interior do planeta Terra, tais como formação
do magma, metamorfismo, dobramento das rochas e assim por diante.
Rochas Ígneas ou Magmáticas

As Rochas Ígneas ou Magmáticas originam-se da solidificação do magma

Elas constituem formações geológicas altamente resistentes e com elevado nível de dureza,
sendo importantes para a obtenção de minérios e produção de materiais derivados de sua
composição.

Se considerarmos todo o volume da litosfera terrestre, concluímos que quase 80% de sua
composição é formada por rochas ígneas ou magmáticas,
Magma

Apesar de parecer um material simples, o magma pode possuir diferenças significativas, principalmente
. em termos químicos e, consequentemente, mineralógicos:

➢ Magmas que se originam pela fusão de rochas da crosta são ricos em sílica e contêm uma proporção
de alumínio, cálcio, sódio, ferro, magnésio, potássio e outros elementos menores.

➢ Magmas que se formam pela fusão das rochas do manto superior, no entanto, contêm menos sílica, e
possuem mais ferro e magnésio.
Magma

Esse material pode conter, dependendo da temperatura e pressão, proporções variáveis de elementos
. voláteis, como gases, minerais já cristalizados (ou até mesmo pedaços de rocha - xenólito) e um material
fluido.

Quando este magma extravasa na superfície, passamos a chamá-lo de lava.

Mas por meio de quais processos o magma se origina?


São três os processos responsáveis pela geração de magma: aumento de temperatura; alívio de pressão
ou adição de voláteis.
Normalmente, é a combinação desses fatores que faz com que o magma se origine e, por diferença de
densidade, ascenda à superfície ou porções próximas a ela.
Essa ascensão ocorre por meio de falhas e fraturas, que são caminhos preferenciais, mas muitas vezes o
magma estaciona em uma determinada porção e, mesmo por milhares de anos, alimenta eventos
eruptivos.
Magma

. O conteúdo de sílica, portanto, é utilizado para diferenciar os tipos de magma:

▪ magma ácido (riolítico), que possui mais de 66% em peso de sílica;

▪ magma intermediário (andesítico), que possui entre 52% e 66% em peso de


sílica;

▪ magma básico (basáltico), que possui em 45% e 52% em peso de sílica;

▪ magma ultrabásico, que possui menos de 45% em peso de sílica.


Magma

Esquema representativo da sequência de cristalização dos minerais (Série


de Bowen)
Magma

Cada um desses tipos de magma pode gerar uma gama de rochas, dependendo das condições de
. formação.
Dentre os principais parâmetros utilizados para a definição, além do teor de sílica, usado
o índice de cor (M), a composição mineralógica, a textura e estrutura da rocha.

O índice de cor é estimado levando em conta a proporção de minerais félsicos (minerais claros e leves:
quartzo, feldspato potássico, plagioclásio etc.) e máficos (minerais escuros e densos:
micas, anfibólios, piroxênios, minerais opacos e acessórios), sendo a porcentagem de minerais máficos
na constituição volumétrica da rocha o parâmetro utilizado.

Para isso, as rochas dividem-se, principalmente,


em: a) leucocrática (35%> M > 5%); b) mesocrática ( 65%> M > 35%); e c) melanocrática (90%> M >
65%).
Tipos de texturas (grau de visibilidade) e composição
mineralógica de algumas rochas ígneas mais comuns

.
Rochas Ígneas ou Magmáticas

As rochas ígneas sempre foram de grande importância para a humanidade.


Na pré-história, por exemplo, utilizavam-se essas rochas para a fabricação de
ferramentas porque elas eram mais resistentes. Em civilizações antigas, durante a
construção de muralhas e edificações, elas também eram amplamente empregadas.
Além disso, essas rochas apresentam uma grande quantidade de minerais, além de
serem exploradas economicamente para os mais diversos fins.
Rochas Ígneas ou Magmáticas - classificação

a) As Rochas Ígneas que se formam em profundidade na crosta, as quais são denominadas de


rochas Ígneas Plutônicas ou intrusivas;

➢ Originam-se no interior da Terra, quando o magma penetra por entre as fissuras das rochas
e solidifica-se. Como esse processo é mais lento, formam-se rochas mais duras e com
formações cristalinas maiores e mais bem definidas, a exemplo do granito, do sienito e do
diorito.
Rochas Ígneas ou Magmáticas - classificação

b) as Rochas Ígneas que, apesar de possuírem como fonte principal o magma, se formam pela
sua solidificação em superfície e, portanto, referimo-nos as rochas como Ígneas Vulcânicas ou
Extrusivas.

São aquelas que se formam nas camadas mais altas ou na superfície da Terra, geralmente pela
expulsão do magma em forma de lava pelos vulcões. Como as temperaturas da superfície são
muito menores do que as do interior da Terra, o magma solidifica-se muito mais rapidamente,
formando rochas com granulação mais fina, a exemplo do basalto, do riolito e do andesito.

Em ambos os casos, o material que dá origem a rocha é o magma.


Rochas Ígneas ou Magmáticas - classificação

Uma outra classificação de rochas magmáticas pode ser feita baseada em


elementos químicos maiores presentes na rocha, na forma de óxidos
(SiO2, Al2O3, CaO, MgO, K2O, Na2O, etc., em %).

A proporção entre estes elementos reflete a mineralogia presente, e


portanto, através da identificação mineralógica, é possível classificar as
rochas com maior ou menor precisão de acordo com seu conteúdo
químico.
Rochas Ígneas ou Magmáticas - classificação

Acidez: classificação quanto à porcentagem total de SiO2 presente na rocha, em:

➢ Ácida: mais de 65% de SiO2

➢ Intermediária: de 52 a 65% de SiO2

➢ Básica: 45 a 52% de SiO2

➢ Ultrabásica: menos de 45% de SiO2


Rochas Ígneas ou Magmáticas - classificação

Sílica saturação: classificação da rocha quanto à saturação em sílica, identificada através da presença de minerais
silicáticos saturados ( minerais não deficientes em sílica), insaturados (deficientes em sílica), e sílica livre (através
da presença de quartzo), em:

❑ Supersaturada: Quartzo (apresenta excesso em SiO2)

❑ Insaturada: Feldspatoides (apresenta deficiência em SiO2)

❑ Saturada: Piroxênios e feldspatos(apresenta equilíbrio em SiO2)


Rochas Ígneas ou Magmáticas - classificação

Relação dos feldspatos presentes: classificação através da proporção entre os diferentes tipos de feldspatos
(potássicos e sódico-cálcicos) presentes nas rochas, em:

Rocha Relação Feldspato potássico/Plagioclásio

❖ Potássica ≥ 2/3

❖ Calco-potássica ∼ 1

❖ Sódico-cálcica (Plg An <50) ≤ 1/3

❖ Calco-sódica (Plg An >50) ≤ 1/3


Rochas Ígneas ou Magmáticas – estruturas

Estruturas magmáticas são feições globais observadas nas rochas, que não
dependem dos tipos de minerais que as compõem, e dão evidências das
condições nas quais ocorreu o resfriamento e a consolidação de magmas e
lavas.
As principais estruturas estão ligadas ao resfriamento, à movimentação do
magma e às variações locais nas condições de cristalização.
Rochas Ígneas ou Magmáticas – estruturas

ESTRUTURAS DE ROCHAS VULCÂNICAS

Como rochas efusivas são originárias de magmas (ou lavas) que se


consolidam em superfície, em contato com o ar e, em alguns casos, com
corpos d’água.

Sendo assim, são caracterizadas por resfriamento relativamente rápido, o


que gera estruturas típicas da cristalização quase instantânea das fases
minerais presentes.
Rochas Ígneas ou Magmáticas – estruturas

ESTRUTURAS DE ROCHAS PLUTÔNICAS

As rochas plutônicas são formadas pela solidificação do magma em subsuperfície, o que lhes
confere maior tempo para resfriamento, limita a movimentação do líquido magmático e pode
gerar diferenças significativas de acordo com a posição relativa das diferentes porções do
magma no interior da câmara magmática.

Neste sentido, as estruturas ligadas ao resfriamento serão caracterizadas por cristais maiores
e mais bem formados, e as estruturas ligadas à movimentação se concentrarão
principalmente nas bordas do corpo ígneo.
Rochas Ígneas ou Magmáticas – textura

As texturas de rochas magmáticas são as feições globais e locais das rochas que descrevem as
características de seus minerais constituintes (forma, dimensões, estrutura interna), e as relações que
estes minerais guardam entre si (contatos, disposição, distribuição de tamanhos, etc.).

Em geral, seis parâmetros conseguem descrever com alguma precisão as características texturais das
rochas magmáticas:
i) grau de cristalinidade; ii) grau de visibilidade; iii) granulação; iv) tamanho relativo dos cristais; v)
forma geométrica dos cristais; vi) articulação entre os cristais.

Além destes, também é possível descrever as texturas das rochas magmáticas de acordo com sua trama
cristalográfica, ou seja, de acordo com a disposição espacial relativa entre as espécies minerais que
constituem uma determinada rocha.
Rochas Ígneas ou Magmáticas – trama

Trama ou arranjo cristalino das rochas ígneas é a


disposição espacial relativa entre as diferentes espécies
minerais constituintes de uma rocha, resultando da
forma e do tamanho dos cristais, de suas relações de
contato e de sua ordem de cristalização.
Rochas Ígneas ou Magmáticas – exemplo de rochas
vulcânicas
Principais Rochas Ígneas

Uma câmara magmática pode gerar um Granito, rocha


ígnea intrusiva que é composto essencialmente de
minerais félsicos (quartzo e feldspatos) a depender da
composição química do magma.
Principais Rochas Ígneas - granito

.
Principais Rochas Ígneas - granito

.
Principais Rochas Ígneas - granito

.
Principais Rochas Ígneas - basalto

O Basalto é uma rocha ígnea eruptiva (magmática), rica em silicatos de magnésio e ferro e com baixo conteúdo
em sílica, que constitui uma das rochas mais abundantes na crosta terrestre.
É uma rocha de granulação fina, coloração escura, como minerais acessórios encontram-se, principalmente,
óxidos de ferro e titânio.
Ocasionalmente encontram-se basaltos com matriz vítrea, denominados sideromelanos, com raros cristais ou
mesmo sem eles.
O basalto, pela sua dureza e resistência à meteorização, é explorada para a produção de alvenarias e de agregados
de construção civil e como rocha ornamental para revestimentos e calçadas.

O basalto é similar, em composição e origem, a rochas ígneas máficas como a diabase, o gabro e o andesito.

A cidade de Nova Prata é a capital nacional do basalto no Brasil.


Principais Rochas Ígneas – basalto, características

➢ Tem um coeficiente de dilatação térmica mais baixo que o granito, o calcário, o arenito, o
quartzito, o mármore, ou a ardósia, pelo que sofre pouco dano em incêndios.

➢ Tem uma densidade de 2,8 a 2,9 g/cm³ sendo mais denso que o granito e o mármore.

➢ Na escala de dureza de Mohs estimou-se que o basalto tem uma dureza que pode variar de
aproximadamente de 4,8 a 6,5.

➢ Estas características físico-químicas do basalto, que se traduzem em boa resistência


mecânica, boas características geotécnicas e resistência à meteorização.
Principais Rochas Ígneas – basalto, utilização

Os basaltos, em razão da sua textura fina e isotrópica, são igualmente valorizados como britas e outros inertes de forte
compacidade e de grande resistência mecânica. Utilizados em lastro de vias férreas ou rodoviárias.

A lã de rocha é um produto obtido a partir de basalto ou de diabase, uma rocha análoga ao basalto, por um processo de
fusão durante o qual é adicionado produtos fundentes e coque (para elevar a temperatura aos 1500 °C) seguido de extrusão.

No campo das técnicas inovadoras de geoengenharia, foi proposta a tecnologia de meteorização aumentada, destinada à
fixação de dióxido de carbono (CO2) atmosférico em solos agrícolas através do espalhamento de basalto finamente
pulverizado sobre o solo.
Principais Rochas Ígneas – basalto, utilização
Principais Rochas Ígneas – basalto, utilização
Principais Rochas Ígneas – basalto, utilização
Bibliografia utilizada para esta aula:

▪ POPP, José Henrique. Geologia geral. 5.ed. Rio de Janeiro LTC 1998. 376 p. ISBN 85-216-1137-4.

▪ Zielinski, João Pedro Tauscheck. Elementos de mineralogia e geologia – Londrina : Editora e


Distribuidora Educacional S.A., 2018. 240 p.

▪ Unesp- Departamento de Petrologia e Metalogenia - Rio Claro/SP. Museu de Minerais, Minérios e


Rochas Heinz Ebert. http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/. Acesso em: 19 mar. 2020

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