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Prof. Marcos Nóbrega.

ORIGEM MECÂNICA
DOS SOLOS


 
HISTÓRICO

ORIGEM DA MECÂNICA DOS SOLOS

 Em tempos remotos os homens utilizavam os solos nas construções de abrigo e estradas.


 Por volta do século XVII surgiram os primeiros estudos sobre o comportamento dos solos.
Aplicavam-se as teorias clássicas de COULOMB e RANKINE, sobre o equilíbrio dos maciços
e terrosos, predominando a matemática, sem corresponder à realidade física a partir da
experiência prática. Tal procedimento acarretou vários acidentes nos Estados Unidos, Suécia
e Alemanha.
 Em 1925 o professor KALR TERZAGUI publica um livro sobre o assunto, iniciava-se assim
a MECÂNICA DOS SOLOS.
 No Brasil, em 1950, foi criada a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MECÂNICA DOS
SOLOS e em 1954 realizou-se o primeiro congresso na cidade de Porto Alegre - RS.

OBJETIVOS
O objetivo da Mecânica dos Solos é auxiliar na solução dos problemas de fundações e obras de terras
através de métodos científicos de projeto ajustado à realidade física dos solos

VINCULAÇÕES COM OUTRAS CIÊNCIAS


No Campo da Engenharia de Construções um dos maiores riscos, sobretudo nas grandes obras, é
iniciar uma obra sem conhecimento prévio das características de resistência do terreno (solo ou
rocha). Assim, torna-se necessário a vinculação da Mecânica dos Solos com outras ciências afins,
como: Mineralogia (estudo dos minerais), Petrologia (estudo detalhado das rochas), Geofísica (aplica
métodos da Física ao estudo das propriedades dos maciços rochosos e terrosos), Mecânica das Rochas
(estudos das propriedades tecnológicas das rochas, segundo os métodos da Mecânica dos Solos) e
Hidrologia (estudo das águas superficiais e subterrâneas).

DEFINIÇÃO DE SOLOS
Com a finalidade especifica da Engenharia Civil, o solo pode ser definido como todo material da
crosta terrestre escavável por meio de pá, picareta, escavadeiras ou qualquer outro meio mecânico,
sem necessidade de explosivos.

ORIGEM E FORMAÇÃO
O solo tem sua origem imediata ou remota na desintegração mecânica ou decomposição química das
rochas pela ação do inteperismo.
A desintegração mecânica das rochas ocorre, principalmente pela ação física da água, dos vegetais e
pela variação da temperatura. Os solos resultantes de desintegração têm, em geral, partículas de
diâmetros grandes constituindo os “solos grosso” (areia e pedregulhos).


 
Na decomposição química das rochas, o principal agente é a água e os principais mecanismos de
ataque são: oxidação, hidratação, carbonatação e ação química dos organismos e materiais orgânicos.
Neste caso durante o processo de formação dos solos há modificação química ou mineralógica das
rochas de origem. Os solos resultantes têm partículas com diâmetros pequenos sendo denominados
“solos finos” (siltes e argilas). O solo é, portanto, uma função da rocha de origem e dos vários agentes
de alteração.

TIPOS DE SOLOS COM RELAÇÃO À ORIGEM (onde foram formados)


Com Base na origem geológica os solos podem ser divididos em dois grandes grupos: Residuais e
Transportados.
- Solos Residuais: São os que não sofrem nenhum transporte desde o ponto em que se originaram,
permanecendo no local da rocha de origem. Estes solos são reconhecidos pela transição gradual de
um material com textura mais fina próximo à superfície, para um material com textura mais grossa,
com fragmentos de rocha à medida que a profundidade aumenta.
Os solos residuais são encontrados nas regiões montanhosas e planaltos.
Nas regiões tropicais são formados solos residuais chamados de Lateríticos, são solos vermelhos,
moles quando úmidos e duros após secagem.
- Solos Sedimentares ou Transportados: são aqueles que sofrem a ação de agentes transportadores
e, portanto são encontrados longe das rochas de origem.
Os solos sedimentares aparecem formando depósitos nas planícies, regiões de lagos, rios, mares e
baixadas.
Eles se diferenciam segundo o agente transportador, a saber:
- Solos Eólicos: Transportados pelo vento, são de graduação fina e uniforme. Exemplo: dunas.
- Solos Aluvionar: Transportados pela água.
- Solos Coluvionares: Transportados pela ação da gravidade, são depositados nos sopés das
montanhas ao longa das encostas onde tem origem.
- Solos Glaciares: Transportados pelas geleiras.

COMPOSIÇÃO QUÍMICA E MINERALOGIA


Os solos são compostos de minerais primários e minerais secundários.
Um mineral é uma substância inorgânica que tem uma composição química definida e ocorre
naturalmente na crosta terrestre.
- Minerais primários: são os mesmos da rocha de origem (rocha-mater).
- Minerais secundários: são minerais que se formam no processo de decomposição das rochas.
Nos pedregulhos, areias e siltes mais grossos, predominam o mineral quartzo. Nos siltes mais finos e
nas argilas predominam minerais secundários.


 
MINERAIS ARGÍLICOS
As argilas são constituídas por minerais cristalinos muito pequenos, chamados minerais argílicos,
dentre os quais se distinguem três grupos principais: caolinitas, montmorilonitas e ilitas.
Os minerais argílicos compostos de unidade de silício e alumínio.
As argilas Caoliniticas são pouco expansivas em presença de água, pois são formadas de uma unidade
de silício e alumínio, que se unem alternadamente conferindo-lhes uma estrutura rígida.
As montmorilonitas são formadas por uma unidade de alumínio entre duas unidades de silício. A
ligação entre essas unidades permite a passagem de moléculas de água e consequentemente são muito
expansivas em presença de água.
As betonitas são exemplo de argilas do grupo montmorilonita. Essas argilas apresentam uma
propriedade chamada tixotropia que é de grande importância na Mecânica dos Solos. A tixotropia
pode ser explicada da seguinte forma: “amassando-se uma amostra da fração muito fina de um solo
e, a seguir, deixando-se repousar a massa adquire com o tempo, maior resistência coesiva. Se a
amostra é novamente amassada, mantido o teor de umidade, sua coesão diminui consideravelmente,
porém, deixando-se outra vez em repouso, torna a recuperar seu valor”.
As lamas tixotrópicas são muito empregadas nas perfurações de poços de petróleo e fundações.

CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS


Os solos são classificados de acordo com o problema de engenharia relacionado ao solo, assim a
elaboração de projetos de fundações e obras de terra deve ser baseada nas propriedades especificas
da classe a que pertence o solo. Compreende-se daí a importância da classificação do material em
Mecânica dos Solos.

TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO
1.Classificação Pedológica:
Esta classificação divide o solo em três camadas denominadas horizontes:
A – Camada Superficial
B – Subsolo
C – Camada Profunda
Esses horizontes se diferenciam pela cor e composição química.
A classificação pedológica é de maior interesse para a agronomia

HORIZONTES
ZONA DE ATIVIDADE BIOLÓGICA A
B
SOLO DE ALTERAÇÃO C
ROCHA ALTERADA
ROCHA SÃ

 
CLASSIFICAÇÃO GENÉTICA
A classificação Genética leva em conta somente a formação originária do solo. Sob esse ponto de
vista, os solos são divididos em: Residuais, Transportados e Orgânicos. Tal classificação terá apenas
um grande valor esclarecedor, mas, não permite uma correlação com as propriedades geotécnicas do
solo.

CLASSIFICAÇÃO GRANULOMÉTRICA
Com várias finalidades costuma-se classificar o solo simplesmente por sua composição
granulométrica, isto é, a porcentagem relativa das frações (pedregulhos, areia, silte e argila) que
compõem o solo. Em Mecânica dos Solos esta classificação é eficiente somente para solos grossos
(areias e pedregulhos). Mas, para a classificação granulométrica é necessário anteriormente
estabelecer uma escala. No Brasil a escala da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é
oficialmente adotada e estabelece:

 Pedregulho – Solos formados por minerais ou partículas de rocha, com diâmetro


compreendido entre 2,0 e 60,0 mm. Quando arredondados ou semiarredondados, são
denominados cascalhos ou seixos:
- pedregulho fino – (2 a 6 mm)
- pedregulho médio – (6 a 20 mm)
- pedregulho grosso – (20 a 60 mm)

 Areia – solo não coesivo e não plástico formado por minerais ou partículas de rochas com
diâmetros compreendidos entre 0,06 mm e 2,0 mm:
- areia fina – (0,06 a 0,2 mm)
- areia média– (0,2 a 0,6 mm)
- areia grossa – (0,6 a 2,0 mm)

 Siltes – solo não coesivo e não plástico formado por minerais ou partículas de rochas com
diâmetros compreendidos entre 0,06 mm e 0,002 mm;
 Argila – são constituídos de minerais muito pequenos, chamados minerais argílicos com
partículas de rocha cujos diâmetros são menores que 0,002 mm.

CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA
Uma classificação para fins de Engenharia deve levar em conta tanto a granulometria dos solos como
sua plasticidade. Os dados mínimos de tal classificação serão:
- Curva Granulométrica;


 
- Limite Liquidez;
- Índice de Plasticidade.

O sistema de classificação mais usado em Mecânica dos Solos é o chamado Sistema Unificado. Este
sistema estabelece a divisão dos solos em três grandes grupos:
- Solos grosso: quando a maioria absoluta dos grãos é maior do que 0,074mm;
- Solos finos: aqueles cujo diâmetro da maioria dos solos é menor do que 0,074mm;
- Solos altamente orgânicos: turfas.
No grupo dos solos grossos estão os pedregulhos, as areias e solos pedregulhosos ou arenosos com
pequenas quantidades de finos (silte e argila).
Em cada grupo os solos são designados por letras. Assim, por exemplo: SC significa do inglês Sand
(areia) e Clay (argila).
A tabela 1 mostra o Sistema Unificado de Classificação de Solos.


 

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