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LISTA DE EXERCÍCIOS

GEOLOGÍA DE ENGENHARIA
01/2021

1. Descreva as principais características de solos residuais originados de rochas metamórficas formadas a


partir de rochas sedimentares (rochas metassedimentares), quando jovem e maduro.

As rochas sedimentares são rochas formadas pelo acúmulo de sedimentos, de partículas de vários tamanhos
transportadas pela água, gelo ou vento, e são submetidas a processos físicos e químicos (diagênese), que dão
origem a materiais consolidados. Pedras sedimentares podem-se formar nas margens de rios, no fundo de
barrancos, vales, lagos e mares. Eles estão dispostos em camadas ou estratos.

Uma vez formada, uma rocha pode ser exposta a um aumento de pressão e/ou temperatura. Os produtos deste
processo são rochas metamórficas, que mantêm a mesma composição química da rocha original, mas têm uma
aparência e um conjunto de minerais diferentes. Uma distinção pode ser feita, por exemplo, entre metamorfismo
de contato (contato entre magma e rocha) e metamorfismo regional (metamorfismo de grandes áreas de crosta
profunda). Alguns minerais são típicos para o ambiente metamórfico, por exemplo, granate, andaluzite,
serpentina, etc. A observação destes minerais é suficiente para saber que a rocha sofreu algum tipo de
metamorfismo. Outros minerais que podem se formar no ambiente metamórfico também podem ser minerais que
formam rochas magmáticas e sedimentares (por exemplo, anfibolita, moscovita).

Uma rocha metasedimentar foi primeiro uma rocha sedimentar, formada pela deposição e solidificação de
sedimentos em áreas de bacias. A rocha foi então enterrada sob rochas posteriores, em metamorfismo regional
ou de contato, e submetida a altas pressões e/ou temperaturas, o que provocou a recristalização da rocha, com
mudanças nos minerais e na matriz que a compunha, bem como em sua estrutura. A composição geral de uma
rocha metasedimentar pode ser usada para identificar a rocha sedimentar original, mesmo que esta tenha sido
submetida a metamorfismo de alto grau e deformação intensa.

Por outro lado, existem termos de uso geral, tais como o prefixo META que significa metamorfoseado. Assim, se
conhecemos a rocha original, podemos dar um nome à rocha metamórfica formada pelo prefixo META, que é o
prefixo da rocha inicial. Por exemplo, uma metapelite é uma rocha metamórfica derivada de rochas argilosas e
quartzo argiloso, ou pelitos: xistos, arenitos, etc.

A diferença entre rochas sedimentares e rochas metasedimentares são algumas mudanças estruturais e
modificação e alinhamento de alguns minerais com o desenvolvimento de outros minerais devido às altas pressões
a que foram submetidos.

Os solos residuais surgem quando os produtos da intempérie não são transportados como sedimentos, mas se
acumulam no local onde são formados. Os fatores que influenciam a taxa de alteração da natureza dos produtos
meteorológicos incluem o clima (temperatura e precipitação), a natureza da rocha original, a drenagem e a
atividade bacteriana.

O perfil de um solo residual pode ser dividido em três zonas: a) a zona superior, na qual há um alto grau de
intempérie, mas também algum transporte de materiais (residual maduro); b) a zona intermediária na parte
superior, na qual há alguma intempérie, mas também alguma deposição em direção à parte inferior do resíduo;
e, c) a zona parcialmente intemperizada, que serve como transição do solo residual para a rocha original
inalterada (residual jovem).

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Figura 1 Perfil característico dos solos residuais (Little, 1967).

Em geral, dependendo de seus componentes mineralógicos e granulométricos, as rochas podem sofrer intempéries em
diferentes solos residuais. É comum que os arenitos desenvolvam solos residuais granulares com poucos finos e
apresentem um alto grau de permeabilidade, ao contrário dos xistos e siltstones que se movimentam para solos
argilosos com menor permeabilidade. As rochas calcárias ou carbonatadas sofrem dissolução, com exceção das
marinhas que são argilas calcárias.

2. Discorra sobre o comportamento (mecânico, hidráulico, deformabilidade) de solos residuais jovens


metassedimentares:

Para definir o comportamento de um solo residual, as estruturas geológicas que determinam as propriedades do
material da matriz são de interesse primário. Os solos de rochas metasedimentares são geralmente muito
heterogêneos, o que os torna difíceis de serem amostrados e testados. Como muitas vezes têm zonas de alta
permeabilidade, o solo é muito suscetível a mudanças rápidas de umidade, saturação, erosão e fluxo, o que acrescenta
uma dificuldade adicional ao avaliar sua resistência ao cisalhamento para as condições mais desfavoráveis.

a) Constituídos de camadas entremeadas com diferentes propriedades:

Os solos residuais jovens retêm uma tendência da composição rochosa devido ao baixo tempo de intemperismo. Se
houver diferentes camadas (intermediárias), podem ser gerados planos de fraqueza devido à variação entre o material
superior e o inferior, e também pode haver variações na resistência do solo devido à composição dos materiais
intemperizados. As rochas sedimentares podem gerar zonas aquíferas devido à intercalação de materiais
sedimentares, onde um manto de solo mais granular pode ser encontrado no meio de dois estratos finos impermeáveis.
O fluxo de água poderia então ser afetado pelo tamanho dos poros das rochas originais. Em áreas de forte declive,
podem ocorrer processos de deformação nos materiais menos coesivos.

b) Constituídos de um mesmo material com foliações:


Este tipo de solo residual com a presença de foliações permite correlacionar que a rocha original apresentava grandes
pressões gerando laminações, de modo que se pode induzir que elas tenham um melhor comportamento de resistência
por serem mais compactas. A homogeneidade dos materiais ajuda a reduzir a probabilidade de falha e deformação
interna. A permeabilidade do solo dependerá do tamanho do grão da rocha base, sendo maior quando se origina da
intempérie das rochas graníticas.

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3. Como devem ser conduzidos os ensaios para obtenção dos parâmetros de resistência, deformabilidade e
hidráulicos em solos residuais jovens? Leve em a ocorrência de anisotropias no solo residual jovem.

Entende-se por solo residual ao material derivado de processos de alteração e decomposição in situ dos materiais
rochosos, que não tem sido transportado do seu local original. Fruto de uma gênese diferenciada, os solos residuais
são compostos não apenas de graus, mais de agregados e materiais alterados, pontes estabelecidas por cimentos
depositados, grumos de argilominerais e partículas de resistência variada com uma tendência a quebra quando
submetidos a carregamentos.

Os solos residuais representam uma família grande, com uma ampla árvore genealógica caracterizada pela variedade
das composições e matizes. Estes, ao derivar-se de rochas parentais, levam em si mesmos minerais que herdam delas.
Porém, também levam sobre si, de forma reliquiar, o caráter estrutural possuído pelos maciços rochosos dos quais
procedem. Com o avanço do intemperismo estes solos jovens vão se alterando, de forma que sua composição
mineralógica e estrutura sofrem grandes transformações até atingirem a maturidade. A variedade de rochas de origem
e das influências ambientais produz um amplo espectro de solos resultantes.

A anisotropia inerente à própria estrutura residual dos solos influi na sua resposta, especialmente nos solos
procedentes de rochas metamórficas, e em aqueles onde os minerais de mica tem forte presença. O estudo da
anisotropia e dos seus efeitos no comportamento observado em solos residuais tem a ver principalmente com a análise
da macroestrutura. Estas feições anisotrópicas são mais marcantes nos solos residuais jovens, perdendo expressão em
solos maduros, onde a condição isotrópica prevalece.

Maccarini (1980) analisou um solo residual jovem de gnaisse do campo experimental da PUC-Rio mediante ensaios de
cisalhamento direto para umidade natural do solo e diferentes ângulos β entre o plano de ruptura e o plano de
xistosidade. Os resultados mostraram pouca variação nos parâmetros de resistência, coesão e ângulo de atrito, maior
tendência dilatante para β = 45 graus, menor deformação de ruptura para β = 0 graus.

Costa Filho e Campos (1991) analisam um único solo residual jovem de gnaisse da região do Chapéu d´Uvas - MG por
meio de testes edométricos e cisalhamento direto na condição saturada e por umidade natural, e corpos de prova
moldados como normais e eixos paralelos ao plano da xistosidade. Também executou testes triaxiais na condição
saturada e como plano de xistosidade horizontal a 45°, (como testes de permeabilidade). Os resultados de dois testes
edométricos e de permeabilidade não evidenciaram efeitos da anisotropia, e nos testes de cisalhamento direto e
triaxial obteve-se uma variação não significativa de dois parâmetros de resistência, coeficiente e ângulo de atrito.
Além disso, os autores concluem que a anisotropia estrutural não é um fator predominante sozinho com condições de
intemperismo avançadas (> 50% fino).

Maciel (1991) estudou um solo residual jovem de gnaisse facoidal da região de Costa Brava, município do Rio de
Janeiro, executando ensaios de cisalhamento direto e triaxial com amostras indeformadas talhadas com o eixo normal
e paralelo à xistosidade. Os resultados enquanto à resistência do solo não mostraram indícios de anisotropia, o que
foi atribuído a destruição dos contatos entre grãos no micronível pelo intemperismo, onde a presença de uma matriz
ferro-argilosa nas interfaces dos grãos tende a anular o efeito da anisotropia da macroestrutura.

Por outro lado, houve diferenciação nas características de deformabilidade nos ensaios triaxiais, onde as amostras
com a tensão principal maior normal à xistosidade apresentaram menor deformação de ruptura, maior tendência
dilatante e maiores módulos de deformação a 2%. Efeito anisotrópico na permeabilidade só foi detectado nas amostras
de solos mais jovens, onde a permeabilidade na direção da xistosidade foi 3 a 4 vezes maior do que na direção normal.
Por tanto, as características hidráulicas e mecânicas estão ligadas à rocha de origem. Quanto ao comportamento
hidráulico deve-se considerar o alinhamento dos minerais, que mostram um caminho preferencial para a percolação
da água e que se localiza nas descontinuidades entre rocha sã e alterada. Na análise de deformabilidade considera-se
a existência de camadas reliquiares.

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4. Discuta as particularidades das sondagens à percussão com ensaio de SPT que podem influenciar em análises
geotécnicas. Em quais situações utilizaria ou não correlações entre NSPT e parâmetros de resistência e
deformabilidade? Justifique.

O SPT é utilizado para recuperar amostras alteradas de solo, que em campo permitem identificar tipos de solo e
definir estratigrafia; em laboratório, permitem a identificação de propriedades de índice como teor de umidade,
limites de consistência, entre outros. Com o número de golpes necessários para acionar o penetrômetro usado no
teste, a resistência ao cisalhamento é estimada por relações empíricas.

A energia de acionamento do tubo é obtida por meio de um martelo de 63,5 kg que cai de uma altura de 76 cm sobre
uma bigorna, presa à haste que transmite o golpe à ferramenta, localizada no fundo do orifício. O comprimento do
acionamento é de 45 cm, dividido em três seções de 15 cm, para cada uma das quais é determinado o número de
golpes necessários. A primeira contagem, correspondente ao acionamento da primeira seção de 15 cm, é rejeitada,
uma vez que o fundo do furo pode ser alterado pela execução do furo. O resultado do teste corresponde à soma das
contagens do segundo e terceiro lotes (30 cm).

Tabela 1 Metodologias para corrigir o confinamento no SPT.

As correlações entre NSPT e parâmetros de resistência e deformabilidade devem-se utilizar em solos coesivos. No
entanto, as correlações baseadas nos resultados do SPT devem ser consideradas apenas indicativas e sujeitas a
verificação local. Deve-se notar que a dispersão das correlações dos resultados obtidos em testes dinâmicos em solos
coesivos é muito maior do que em solos granulares. As pressões dos poros que são geradas no momento do golpe e as
fricções parasitas afetam substancialmente os resultados.

Necessidade de avaliar o boletim de campo e colocar um medidor de nível d’água. O SPT não identifica as
características das camadas reliquiares por isso é necessário tomar cuidado com correlações entre o NSPT e os
parâmetros de resistência e deformabilidade.

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5. Quais são as particularidades para o traçado das envoltórias de resistência dos solos residuais jovem e
maduro? Destaque as principais diferenças, comentando-as e mostrando as implicações em casos de obras. O
que os gráficos de deslocamento horizontal x deslocamento vertical e tensão x deslocamento horizontal
podem orientar para verificação do comportamento destes solos.

Nos solos residuais o efeito de tensões prévias é praticamente irrelevante, conforme Vaughan (1988), neles as
partículas e seus arranjos evoluem progressivamente como uma consequência do intemperismo, com ampla variedade
mineralógica, grau de cimentação e de índice de vazios. São estes pontos, somados ao fato da maioria dos solos
residuais se encontrarem em estado não saturado que comandam o comportamento de resistência deste solo.

Para os solos residuais, a envoltória é curva para baixos níveis de confinamento. Vargas (1973) e Sandroni (1974)
consideram a envoltória de ruptura curva até próximo à tensão de escoamento, a partir da qual a envoltória passa a
ter comportamento semelhante ao do solo normalmente adensado.

Solo residual jovem: as envoltórias devem ser traçadas para as camadas menos resistentes (plano preferencial de
ruptura). Os solos com foliação têm a influência da anisotropia, gerando envoltórias diferentes para amostras do
mesmo material. Importante para avaliação em obras subterrâneas. Envoltória bilinear com coesão e ângulo de atrito
diferentes a partir de um determinado valor de tensão. Já os solos residuais maduros: a envoltória de resistência é
linear com coesão e ângulo de atrito bem definidos e semelhantes para diferentes amostras devido à homogeneidade
do material.

Futai (2002) analisou resultados de vários solos residuais saprolíticos e lateríticos para concluir que mesmo após a
passagem da tensão de escoamento, a envoltória de resistência é curva, mas tende a se linearizar para elevados níveis
de tensão. Outra informação obtida é que a maioria dos solos não apresenta coesão verdadeira. Ao serem inundados,
eles não podem ser ensaiados à compressão simples, muito menos suportar tração. Assim, reforça-se a hipótese de
que a curvatura da envoltória se deve à estruturação e ao índice de vazios. Futai (2002) apresentou uma explicação
fenomenológica para a envoltória não linear dos solos residuais, introduzindo, o conceito do índice de estruturação
(ID), definido como a relação entre o estado de tensão e a tensão de escoamento. Com isto, Futai (2002) considera
que a resistência do solo depende da tensão normal em relação à tensão de escoamento, antes do processo de
cisalhamento.

Na abaixo está apresentado um exemplo da teoria não linear proposta por Futai (2002) aplicada ao solo residual de
quartzo-xisto de São Mateus. O intercepto de coesão efetiva determinado como igual a 32 kPa é elevado, porém, o
solo não apresenta coesão verdadeira. O ajuste não linear consegue fornecer um ganho de resistência dentro da faixa
de tensão em que o efeito da estrutura é mais marcante.

Figura 2 Exemplo teoria não linear do solo residual de São Mateus.

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6. Discorra sobre problemas de interface entre solos residuais jovem e maduro em taludes. Considere frente de
umedecimento e elevação do lençol freático.

O perfil de solos residuais está geralmente associado a altos graus de intemperismos na superfície, diminuindo com a
profundidade. A granulometria do material é cada vez mais grosseira à medida que se aproxima da rocha sã. Em
relação à condutividade hidráulica, está também geralmente cresce com a profundidade. Entretanto, um aspecto
marcante num perfil típico de solo residual bem desenvolvido é a existência de um horizonte intermediário com alto
teor de argila. Dessa forma, estabelece-se uma situação de fluxo confinado permanente no interior das camadas
situadas abaixo desse horizonte menos permeável.

Em relação a interface solo talude, quase sempre o solo se encontra na condição residual de resistência ao
cisalhamento, sendo a coesão praticamente nula e o ângulo de atrito interno residual fica na faixa de 28 a 32º.

A instabilização em seu estado natural geralmente se deriva da ação da precipitação pluviométrica, a qual eleva o
nível do lençol freático, visto que quando este se encontra na superfície do terreno e o fluxo de água se dá
paralelamente ao talude, tem-se uma condição de talude infinito saturado, e o ângulo estável do talude é pouco maior
do que metade do ângulo de atrito residual.

7. Devido a extensão do Brasil existem solos que apresentam certas peculiaridades, por exemplo solos
colapsáveis e expansíveis. Escolha dois locais do Brasil e para cada local um tipo de solo, que apresente
particularidade e discuta as características e propriedades destes solos. Como o processo de formação
geológica influenciou nesses aspectos?

A cidade de Fortaleza - CE está situada sobre a Formação Barreiras. Esta formação geológica distribui-se de forma
variável acompanhando a linha de costa, situando-se à retaguarda das paleodunas e das dunas atuais.

Algumas vezes, este quadro geral é rompido quando estes sedimentos ocorrem próximos ao mar, chegando a aflorar
na forma de falésias ou em formas tabulares, dissecados por vales fluviais, com cotas altimétricas baixas entre os
fundos dos vales e os setores inter-fluviais, além de apresentarem uma suave inclinação em direção ao mar. É comum
também a presença de testemunhos isolados da faixa principal, recortados pela erosão fluvial. Provavelmente,
formavam uma superfície mais contínua e bem mais ampla do que seus limites atuais apresentam.

Na porção leste da região, esses sedimentos penetram de forma mais incisiva no interior do continente, chegando aos
30 km. Sua espessura é também bastante variável, em função do seu relacionamento com a superfície irregular do
embasamento cristalino, sobre o qual repousa em discordância erosiva, aprofundando-se em direção à costa.
Litologicamente essa seqüência é constituída de sedimentos areno-argilosos, não ou pouco litificados, de coloração
avermelhada, creme ou amarelada, muitas vezes com aspecto mosqueado, mal selecionados, de granulação variando
de fina a média, mostrando excepcionalmente alguns horizontes conglomeráticos e níveis lateríticos, em geral,
associados à percolação de água subterrâneas.

Solos colapsíveis estão presentes na região do Distrito Federal e Goiás. A região é recoberta pelo manto de solo detrito-
laterítico do Terciário-Quaternário, composto principalmente por latossolos vermelho-amarelo, de acordo com o
sistema de classificação de solos brasileiro A espessura desta cobertura é bastante diversa dependendo da topografia,
vegetação e origem rocha e pode variar de centímetros a dezenas de metros. Altos graus de intemperismo e lixiviação
foram responsáveis pela formação deste solo, o que levou ao desenvolvimento de um material muito poroso, estrutura
agregada metaestável com uma grande proporção de vazios e, consequentemente, baixa densidade, denominada
“Argila porosa” por geotécnicos locais.

8. Como a formação/história de depósitos fluvio-marinhos (solos moles) pode influenciar no comportamento dos
mesmos.

Um dos fatores que governa as características de resistência de argilas saturadas é a história de tensões da argila. Se
a tensão efetiva atual (σ'vo) é a máxima tensão a que o solo já esteve submetido, este solo é chamado normalmente
adensado (NA).
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Se, por outro lado, a tensão efetiva em algum momento do passado (σ'vm) foi maior que a tensão efetiva atual, a
argila é chamada de pré-adensada (PA). O máximo valor de tensão efetiva passada dividida pelo valor de tensão
efetiva presente é definido como razão de pré-adensamento - em inglês "over consolidation ratio” (OCR = σ'vm / σ'v0).
Sendo assim, uma argila normalmente adensada possui OCR = 1; e uma argila pré adensada possui um valor de OCR
superior à um.

O resultado de ensaios para dois corpos de prova adensados para a mesma tensão confinante, sendo um normalmente
adensado e outro pré-adensado, está apresentado na figura abaixo. Analisando-se as curvas de tensão por deformação,
verifica-se que o pré-adensamento aumenta a resistência ao cisalhamento dos solos e diminui sua compressibilidade.

Figura 3 Resultados de adensamento para dois corpos de prova da mesma tensão confinante.

De acordo com acima exposto, os solos de origem fluvio-marinho podem ter um comportamento normalmente
adensado ou pré-adensado levando em conta a história de sua formação, segundo o carregamento do mesmo solo no
tempo e a variação do lençol freático.

9. Em um projeto de aterro sobre solo mole, dos possíveis parâmetros que podem ser obtidos por ensaios de
campo e laboratório, qual considera o mais relevante e como poderia obter esse parâmetro?

Os aterros são estruturas compostas de materiais de preenchimento gerados principalmente para nivelar o terreno a
uma elevação específica, para criar estradas ou caminhos, e para conter materiais.

Quando os aterros são construídos sobre materiais moles, eles tendem a gerar falhas de suporte, rotação e/ou
deslocamento (Terzaghi y Peck, 1967).

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Figura 4 Modos de falha dos aterros (Haliburton, Anglin y Lawmaster, 1978).

Os solos moles são caracterizados por assentamentos totais e/ou diferenciais significativos (deformabilidade do solo).
Eles também apresentam problemas de consolidação devido à drenagem e baixa resistência.

A construção do aterro produz uma aplicação de carga superficial sobre os solos moles (excesso de peso e cargas
veiculares em alguns casos) que leva à geração de processos de consolidação, reduzindo o volume dos poros e
aumentando a pressão efetiva.

Os solos granulares de alta permeabilidade permitem a rápida dissipação das pressões intersticiais, produzindo
assentamentos instantâneos.

Por outro lado, os solos finos e argilosos têm baixa permeabilidade e, portanto, uma lenta dissipação das pressões
intersticiais, de modo que o assentamento pode culminar muito tempo após o solo ter sido depositado.

Os efeitos acima são o produto de um processo conhecido como consolidação, que é um parâmetro de grande
importância em solos moles, a fim de saber se a carga a ser aplicada pode gerar variações significativas no solo e,
portanto, instabilidade na obra.

Para conhecer estes processos, testes de campo e de laboratório podem ser realizados, tais como medição de lençóis
freáticos, permeabilidade, consistência, resistência ao cisalhamento drenado (carregamento rápido) ou não drenado
(carregamento lento), entre outros, para correlações e análises subsequentes.

É importante realizar ensaios de campo para extrair amostras de solo que não sejam perturbadas o mais possível, a
fim de realizar ensaios de laboratório em condições semelhantes às existentes no campo.

O ensaio de adensamento permite encontrar valores de recalque e coeficientes de adensamento, necessários para
analisar se os materiais da área em estudo apresentam tensões anteriores que garantam que a nova carga não gerará
deformações internas (pré-adensamento) ou se, ao contrário, o solo sofrerá processos de assentamento imediatos ou
de longo prazo (variação da posição das partículas).

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10. Descreva a origem e evolução dos sedimentos da Baixada Santista. Apresente as principais características
geotécnicas dos solos da Baixada Santista, em função de sua gênese.

A Região Metropolitana da Baixada Santista está localizada no estado de São Paulo, no sudeste do Brasil. Corresponde
a uma área localizada entre a costa marítima sul e norte da costa atlântica de São Paulo.

Figura 5 Localização Área da Baixada Santista.

Devido à localização geográfica da região, a origem dos solos é atribuída a um processo quaternário gerado pela
sedimentação de materiais costeiros causada pela variação do nível do mar ao longo do tempo (Transgressão Cananéia
e Transgressão Santos).

A Transgressão Cananéia compreende a era do Pleistoceno, onde eram geradas planícies costeiras de sedimentos
marinhos, que com o passar do período regressivo formavam planícies arenosas costeiras sobre depósitos arenosos e
argiloso-arenosos transgressivos.

A Transgressão de Santos é gerada após o último máximo glacial no período Holocênico, onde o mar reocupa o
continente entrando pelos canais de drenagem formados, gerando deposição de materiais arenosos e argiloso-arenosos
em canais, baías e lagoas localizadas no litoral do Estado de São Paulo.

De acordo com o acima exposto, a área da Baixada Santista é atribuída a áreas de mangue estabelecidas de um
ambiente marinho e continental, que apresenta sua formação quaternária relacionada às flutuações do nível do mar.
Geomorfologicamente, áreas de planícies sedimentares quaternárias ocorrem em regiões estuarinas nas margens de
lagoas e ao longo de canais naturais e cursos de rios até o fluxo costeiro.
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Considerando os diferentes períodos de sedimentação transgressiva ao longo das costas brasileiras, o comportamento
dos materiais presentes na Baixada Santista é muito variado; existem áreas formadas por sedimentos argilosos
suportados por materiais arenosos.

A partir da análise de sondagens múltiplas feita por Massad (1985 - 1986) foi possível caracterizar os diferentes
sedimentos presentes na região da Baixada Santista, como segue:

❖ Areias pleistocénicas: afloram na superfície e formam terraços de 6 a 7 m de espessura acima do nível do mar
atual, de cor amarela e marrom-escura a preta em profundidade, devido à impregnação de matéria orgânica. Está
associado a areias soltas e compactas.

❖ Argilas de mangue: (depósitos recentes com SPTs nulos, argilas muito moles) existentes nas margens dos canais,
braços de mar e redes de drenagem, apresentam alternâncias de argilas arenosas e areias argilosas.

❖ Argilas sedimentares fluvio-laginosas: (SFL, depositadas no Holoceno com SPT entre 0 a 2 golpes, principalmente
sobre-adensadas, de consistência média e macia) às vezes apresentam características homogêneas e uniformes
com algumas intercalações de areias contínuas de espessura constante.

❖ Argilas de transição: (ATs, uma mistura de pleistoceno continental e solos marinhos, altamente super-
consolidados com pressões pré-consolidadas da ordem de 300 a 500 kPa e SPTs acima de 5), associadas com argilas
duras.

A tabela seguinte mostra os valores das propriedades geotécnicas dos diferentes tipos de argilas encontradas na área
da Baixada Santista:

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Tabela 2 Resumo das propriedades geotécnicas das argilas sedimentares.

11. Monte um programa de ensaios e instrumentação de um aterro sobre solo mole, tendo como limite 2 ensaios
de campo, 3 de laboratório e 3 instrumentos para monitoramento. Considere que a camada de solo mole já
foi identificada por meio de sondagem de simples reconhecimento com ensaio de SPT, sendo identificado
uma espessura média superior a 16 m, com ocorrência de lentes de areia.

O teste SPT realizado na área de estudo permite determinar a composição dos materiais de subsuperfície, ao mesmo
tempo em que os valores de resistência são conhecidos através do número de golpes por pé (N de campo) e também
a profundidade do lençol freático (se houver).

Como parte complementar da fase de campo, uma trincheira poderia ser realizada para recuperar uma amostra de
bloco com medição da condutividade hidráulica do solo na base, também testes geofísicos de tomografia elétrica a
fim de possivelmente detectar diferentes tipos de materiais em profundidade e verificar se há um lençol freático
contínuo ou se ele corresponde apenas a áreas de acúmulo de água.

A partir das amostras recuperadas do SPT e do poço, realizar um ensaio triaxial para conhecer os parâmetros de
resistência em condição consolidada-não drenada (CU – levando em conta que o aterro vai ser construído rápido),
adensamento unidimensional no solo mole para conhecer a relação de consolidação do solo (OCR) e testes de
classificação (granulometria, limites, umidade e peso específico) para conhecer sua composição e valores de
plasticidade.

Como parte do monitoramento é proposto realizar medições por meio de instrumentos do tipo inclinômetro no aterro
e até uma profundidade mínima de 10 m abaixo do solo atual, a fim de verificar se há deslocamentos internos.

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Instalação de piezômetros para verificar a variação do nível das águas subterrâneas. Para controlar a massa do aterro
é recomendável instalar pontos topográficos localizados na parte superior e na base (pontos de controle). Recomenda-
se um monitoramento mensal contínuo durante os primeiros 6 meses após a construção do aterro e posteriormente a
cada 6 meses, de acordo com o comportamento.

12. Apresente os diferentes tipos de mecanismos de ruptura possíveis de serem mobilizados em maciços de solo
e rocha, relacionando-os aos perfis geológico-geotécnicos e ou relevo. Apresente um caso de impacto ocorrido
no Brasil, descrevendo a causa da ruptura (busque um caso na literatura que não seja o convencionalmente
esperado ou que não havia como ser previsto).

Os tipos de ruptura presentes nos materiais do solo e das rochas estão associados aos movimentos (deslizamentos de
terra) que eles podem gerar. Estes movimentos são definidos a nível geológico-geotécnico nos solos de acordo com
sua composição, resistência, consistência, condições topográficas e posição das camadas. Nas rochas, estão associadas
a condições de intempérie, falha, resistência, estrutura, macrostrutura, tectonismo, diaclasmo, mergulho,
estratificação, relevo.

Os movimentos e rupturas são acionados por gatilhos externos (como chuva, terremoto ou ação antropogênica) ou às
vezes pela gravidade. A seguir, são definidos os possíveis tipos de ruptura em solos e rochas:

❖ Ruptura plana: associada a rochas de média a alta resistência que são afetadas por falhas ou clivagem. Ela consiste
em blocos deslizantes em um plano de descontinuidade liso. Este tipo de ruptura ocorre quando o plano de
descontinuidade é suficientemente grande e o mergulho para baixo.

Figura 6 Diagrama de ruptura de rocha plana.

❖ Ruptura em cunha: corresponde a um deslizamento controlado por duas ou mais descontinuidades (estratificação,
esquistose, diaclases, faltas, etc.). Quando as descontinuidades ou superfícies de fraqueza estão em direções
opostas, chama-se cunha direta; quando estão na mesma direção, corresponde a uma cunha inversa. Para que
este tipo de ruptura ocorra, os planos de descontinuidade devem ser menos inclinados do que o plano de declive.

Figura 7 Diagrama de uma ruptura em forma de cunha na rocha.

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❖ Queda: Ocorre quando um ou mais blocos de rocha ou solo se rompem da encosta, sem deslocamento apreciável
do cisalhamento. O material cai, viajando principalmente pelo ar, gerando golpes, ressaltando e rolando. O
movimento é muito rápido.

Figura 8 Queda de solo e rocha.

❖ Rotação: Acontece quando há rotação para frente de um ou mais blocos de rocha ou solo ao redor de um ponto
pivô (pode ser na parte inferior). Este movimento ocorre pela ação da gravidade, por impulsos de unidades
adjacentes ou por pressão de fluido em gretas.

Figura 9 Rotação no solo e na rocha.

❖ Ruptura translacional: movimento de superfície onde uma massa se move ao longo de uma superfície plana ou
ondulada. Ocorre frequentemente ao longo de descontinuidades como falhas, juntas, planos de colchão ou planos
de contato entre a rocha e o solo residual ou transportado deitado em cima dela. Em uma massa rochosa, este
mecanismo de falha ocorre quando uma descontinuidade geológica tem uma direção aproximadamente paralela à
da face da inclinação e mergulha em direção à face da inclinação em um ângulo maior do que o ângulo de atrito.

Figura 10 Ruptura translacional.

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❖ Ruptura rotacional: Um tipo de deslizamento de terra em que a massa se move ao longo de uma superfície de
falha curva e côncava. Os movimentos de massa rotacionais mostram uma morfologia distinta, caracterizada por
uma escarpa principal íngreme e uma contra inclinação da superfície da cabeça do deslizamento de terra em
direção à escarpa principal.

Figura 11 Ruptura rotacional.

❖ Propagação lateral: movimento de massa no qual o deslocamento ocorre predominantemente por deformação
interna (expansão) do material.

Figura 12 Propagação lateral.

❖ Ruptura por gravidade: Estes tipos de movimento apresentam características de deformação, mas sem o
desenvolvimento de uma superfície de ruptura definida, e geralmente com uma magnitude muito baixa de
velocidade e deslocamento. Eles são afetados principalmente pela ação da gravidade e por seu próprio peso.

Figura 13 Ruptura por gravidade.

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ESTUDO DO CASO: COLAPSO DE TALUDE EM JUIZ DE FORA - MG


A ruptura apresentada corresponde um escorregamento de talude, localizado sobre uma área residencial, na Rua
Clóvis Seroa de Motta no bairro São Geraldo, Zona Sul de Juiz de Fora – MG.

A área tem uma elevada ocupação do solo e, consequentemente menos áreas infiltráveis, contribuindo para um
aumento vazão de escoamento da região, o talude ficava na região mais baixa do bairro.

O corpo do talude era ocupado por edificações, reflexo da contingência populacional desordenada, sendo solicitado a
suportar uma carga maior do que seu corpo foi projetado e ainda suportando as forças de empuxo advindas do solo
contido, alterando assim a geometria do talude, um dos parâmetros estabilizantes de maior importância.

Também havia nenhum sistema de drenagem próprio para o talude, a base ou pé do talude estavam desprotegidos.
Um fato valido a ser apresentado é que uma construtora estava realizando uma obra estrutural há cerca de três meses,
referente a um novo empreendimento atrás da área residencial que apresentou a problemática. O condomínio não
era de responsabilidade da construtora, porém diante do ocorrido, a mesma prestou auxílio aos moradores para evitar
que o problema se agravasse, promovendo a longo prazo a restauração do talude.

O talude veio à colapso por condições de carregamento, perda de resistência devido a falta de proteção na parte
baixa do talude e a infiltração da água.

Figura 14 Áreas afetadas.

13. O que são agentes predisponentes e efetivos? Referencie-se em Guidicini e Nieble (1984). Apresentem quem
são esses agentes no caso apresentados na questão anterior.

Os movimentos de massa ou deslizamentos, no ponto de vista da Geotecnia, busca-se investigar a estabilidade e,


consequentemente, as condições de equilíbrio da massa de solos e/ou rochas. Por outro lado, do ponto de vista da
Geologia, esses fenômenos são, ao longo do tempo, considerados processos naturais de renovação da superfície
terrestre, entendidos como ações exogênicas de rejuvenescimento da crosta terrestre.

No que se refere a instabilidade de massas de solo as causas podem ser definidas como causas internas e externas:

❖ Causas internas: reduzem a resistência ao cisalhamento do solo que compõe o talude, sem alterar sua geometria.
❖ Causas externas: modificam o estado de tensão atuante sobre o maciço ou solo, ocasionando um acréscimo nas
tensões cisalhantes, igualando ou superando a resistência original, levando a situação de ruptura.

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Segundo Nieble e Guidicini (1984), presentam e classificam os agentes responsáveis por escorregamentos em taludes
e encostas naturais, em dois tipos, predisponentes e efetivos.

Agentes predisponentes: são os formados pelos conjuntos de condições geológicas, geométricas e ambientais que irão
contribuir para que os movimentos de maciço ocorram. Esses agentes dependem apenas das condições naturais, como
por exemplo os tipos de complexo geológicos, morfológicos, climatológicos, hidrológicos, gravitacionais, termo-solar
e vegetações originais.

Agentes efetivos: são os diretamente responsáveis pelo desencadeamento das movimentações de massa de solos, como
por exemplo a ocorrência de chuvas intensas, erosões por chuva ou vento, abalos sísmicos, ações do ser humano,
fusões de gelo e neve.

Para o estudo de caso apresentado no ponto 12, os agentes predisponentes correspondem a composição dos materiais
os quais tem uma consistência mole superficialmente, a área presenta condições de chuva constantes drenando as
águas em direção à parte inferior da encosta, também a inclinação da encosta pode promover a ruptura. Em quanto
aos agentes efetivos, correspondem as chuvas e principalmente ações do ser humano, devido aos carregamentos das
estruturas e a escavação feita sem algum sistema de proteção no pé do talude.

14. O que seria e qual a importância da retroanálise?

A retroanálise corresponde à validação dos parâmetros geomecânicos de encostas ou obras construídas considerando
que estas já falharam ou escorregaram na realidade. Basicamente, permite calibrar os parâmetros de resistência dos
diferentes materiais que compõem o perfil geológico geotécnico, gerando um fator de segurança igual ou inferior a
1, condição em que a força de instabilidade é maior do que a força de estabilidade.

As análises de estabilidade da inclinação são geralmente realizadas em software utilizando métodos de equilíbrio
limite ou formulações matemáticas considerando o método de talude infinito, estas análises permitirão conhecer os
valores gemecânicos que levam a reproduzir a falha apresentada, calibrando os valores reais dos materiais.

De acordo com a NBR 11.682 capítulo 6.1.2 A Retroanálise dos processos de instabilidade, menciona que:

a. Visa a determinação das causas da instabilidade e de parâmetros equivalentes de resistência do terreno. Deve
ser desenvolvida considerando-se as investigações procedidas, a geometria e o mecanismo da instabilidade.
b. Deve haver a verificação da condição de instabilidade ainda existente, da possibilidade de progressão da ruptura
do talude ou de movimentação de massa, isto é, a determinação do grau de risco remanescente.
c. Usando-se OS métodos matemáticos de análise, baseados no equilíbrio-limite, pode-se adotar o fator de
segurança “1” se, por meio de controle efetuado, verificar-se que houve diminuição da velocidade de
deslizamento (Segundo as superfícies de ruptura ou de movimentação de massa de terreno) a valores indicativos
de que foi atingido um estágio de equilíbrio transitório. Este estágio será admitido coma de equilíbrio-limite.
d. Usando-se os métodos matemáticos de análise, baseados em modelos matemáticos no regime elástico ou
elastoplástico, para determinação de estado de tensão deformação.
e. Em qualquer método de análise adotado, deve ser pesquisada a influência do regime geoidrológico na geometria,
mecanismos e causas da instabilidade. Devem ser consideradas também condições severas que possam ter ocorrido
na deflagração do processo: poro pressão, pressão piezométrica devida a rede de percolação interna, assim coma
efeitos de subpressão na massa a partir de superfícies preferenciais de percolação em estratos subjacentes.

15. Cite e descreva os solos formados in situ e transportados.

De acordo com a origem e formação dos solos, eles podem ser diferenciados em solos gerados no local e em solos
transportados. O processo de formação definirá, na maioria dos casos, a composição dos materiais. Os principais
fatores que influenciam a formação do solo são: físicos (temperatura, abrasão, vegetação), químicos (hidratação,
carbonatação, oxidação), biológicos (presença de bactérias) ou antropogênicos (artificiais). Abaixo encontra-se uma
descrição dos diferentes tipos de solo de acordo com sua origem de formação, diferenciando entre solos in-situ e solos
transportados:
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❖ Solos in-situ
São conhecidos como solos residuais que provêm principalmente da decomposição das rochas e não foram
transportados de sua localização original. São caracterizados pela heterogeneidade de seus materiais, apresentando
uma granulometria mais fina perto da superfície (onde a alteração foi mais intensa). Podem ser classificados como
solos residuais jovens e maduros, sendo estes últimos os que estão mais próximos da superfície. Esses materiais às
vezes retêm parte dos minerais existentes na massa rochosa.

Os solos residuais são atribuídos principalmente a sua formação geológica. Às vezes podem ser associados a solos
depositados que passaram por extensos processos de intempérie (em épocas geológicas) que se consolidam e obtêm
características específicas da área.

Outro tipo de solo residual in-situ corresponde a solos vulcânicos derivados de cinzas vulcânicas que, apesar de terem
um transporte gerado pelo fluxo de lava, apresentam uma composição pura da rocha que é largamente afetada pela
temperatura e que é preservada durante a erupção.

Figura 15 Solo residual.

Figura 16 Origem dos solos vulcânicos.

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❖ Solos transportados
Também conhecidos como depósitos, eles são formados em resposta ao transporte de sedimentos gerados pela ação
de processos geomorfológicos, climáticos ou gravitacionais sobre materiais rochosos pré-existentes. Os meios de
transporte são principalmente: água (precipitação, gelo, neve, escoamento, águas subterrâneas), ar, gravidade,
terremotos, animais, plantas e seres humanos. Estes são classificados de diversas formas, de acordo com o tipo de
transporte envolvido:

a. Solos coluvionares: são depósitos de massas instáveis de fragmentos de rocha de diferentes tamanhos incrustados
em uma matriz de solo (fino ou arenoso). O transporte é gerado principalmente pela gravidade,
congelamento/descongelamento e/ou água, levando a deslizamentos de terra e movimentos de massa. São
dispostos principalmente em terrenos inclinados e ao pé de encostas. Têm um alto conteúdo de conglomerados
suportados por classes ou por matrizes. Também têm uma alta taxa de vazios, baixa resistência ao aumento das
pressões intersticiais geradas pelas chuvas. Não apresentam fenômenos meteorológicos por transporte e são
altamente suscetíveis à erosão.

Figura 17 Solo coluvionar.

b. Solos aluviais: compostos de geomateriais transportados e depositados pela água. Como os fluxos atravessam
diferentes fontes de contribuição, os clichês são de composição diferente e natureza diversa (ígneo, sedimentar
e metamórfico). O tamanho e a granulometria das fivelas dependem da duração da viagem antes da deposição.
Também estão presentes sedimentos suspensos ou de fundo de tipo argiloso e arenoso. Normalmente não têm um
perfil de solo único, gerando estratos que são anisotrópicos em suas propriedades mecânicas.

Figura 18 Solo aluvial.

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c. Solos de lago: estes são principalmente solos de grão fino. Suas propriedades estão relacionadas ao alto conteúdo
de matéria orgânica, especialmente em áreas pantanosas. São solos muito moles, laminados e muito finos.
Correspondem a solos depositados em antigas bacias lacustres com uma evolução complexa devido à alternância
de períodos lacustres, fluviais e de dessecação.

Figura 19 Solos de lago.

d. Solos costeiros (marinhos): são materiais formados na zona intertidal por uma mistura de dois ambientes:
continental e marinho. Predominam as areias finas e as lamas, com matéria orgânica e sais abundantes. Eles
tendem a ser suaves e muito anisotrópicos. Eles mostram crosta e alta compressibilidade.

Figura 20 Solos costeiros.

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e. Solos eólicos: As dunas de areia são uma massa de sedimentos soltos, de média a baixa permeabilidade, de grão
fino, não plásticos, arredondados, depositados pelo vento em forma longitudinal ou crescente, com um lençol
freático baixo. Loess são sedimentos muito finos, com alguma plasticidade, baixa ou nenhuma permeabilidade,
baixo ângulo de atrito interno. Estão dispostos em camadas ligeiramente compactadas e muito instáveis.

Loess
Dunas.
Figura 21 Solos eólicos.

f. Solos glaciais: materiais transportados e depositados por gelo e descongelamento. Eles são uma boa fonte de
geração de aquíferos devido à sua porosidade e permeabilidade. Eles são heterogeniosos. São conhecidos como
moraines de alta resistência.

Figura 22 Solos glaciais.

g. Solos de aterro: são solos transportados e colocados por ação humana para moldagem e construção de estruturas
(compactados e controlados), ou despejados em áreas específicas sem qualquer tratamento (altamente soltos e
às vezes com a presença de detritos e lixo).

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Figura 23 Solos de aterro.

16. Quais as diferenças entre terraços fluviais, aluviões e depósitos fluvio-marinhos? Quais os problemas de
geotecnia que cada um desse representa para implantação de obras de infraestrutura?

Os depósitos fluviais correspondem a materiais arrastados pela ação da água, presentes em terraços, tanto em áreas
montanhosas como costeiras. Eles têm uma textura onde os blocos são arredondados, alongados e, sobretudo, dentro
de uma matriz que pode ser arenosa ou argilosa dependendo das condições hidrológicas e climáticas de sua
sedimentação. Entre esses ambientes fluviais podemos encontrar:

a) Terraços fluviais: são áreas de deposição em áreas de vales, onde um leito de rio ou rio costumava fluir e gerar
sedimentação em suas margens. Com o tempo, o rio muda seu curso original, expondo estas áreas de materiais
depositados. Os terraços são compostos geralmente de blocos e solos soltos, que podem ser de cascalho ou areia.

Figura 24 Áreas de terraços aluviais.

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b) Alluvium: é um material composto por solo (lama), vegetação e/ou estruturas lavadas em córregos, leitos de rios
ou superfícies quando há um considerável acúmulo de água (principalmente devido à chuva). A infiltração de água
nos materiais soltos gera uma perda de resistência do solo, gerando uma grande massa que aumenta em velocidade
ao longo de sua trajetória. A aluvião está relacionada a enchentes torrenciais que geram depósitos muito espessos
e altamente heterogêneos.

Figura 25 Alluvium.

c) Depósitos fluviais-marinhos: correspondem a terraços de formações sedimentares levemente elevados acima do


nível do mar como resultado das ondas do mar e da dinâmica fluvial das correntes de água que fluem para o
litoral. Têm topografias planas a ligeiramente onduladas, que geram erosão na forma de sulcos e ravinas. Eles são
normalmente limitados por penhascos que intervêm e controlam o avanço do processo de erosão.

Figura 26 Depósitos fluviais-marinhos.

Os problemas geotécnicos deste tipo de material se devem principalmente à presença de materiais superficiais soltos,
à heterogeneidade e à presença de blocos descontínuos. Existem grandes poros que, sob condições saturadas, perdem
força e caem. Os terraços aluviais têm uma sedimentação mais uniforme, porém, podem ter uma resistência muito
baixa para a capacidade de carga e baixa coesão, aumentando o risco de falha. Em quanto aos depósitos aluviais, por
serem massas de solo lavadas, têm muito baixa resistência e são propensos a gerar novos deslizamentos e fluxos; como
contêm materiais lavados pela água, não são considerados adequados porque esses materiais se decompõem, gerando
uma perda de capacidade e grandes assentamentos. Finalmente, os depósitos fluviais-marinhos são compostos de
areias e materiais finos de baixa compactação, soltos e com alto grau de saturação. Em todos os casos, a capacidade
de carga desses materiais é baixa, e em áreas inclinadas eles podem ser mais propensos a gerar zonas de falha em
estações chuvosas devido a sua coesão aparente. Também, a proximidade a fontes de água representa um risco latente
de gerar instabilidades e danos às obras geotécnicas, seja por efeito de erosão ou inundação.

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17. Comente as peculiaridades das massas coluviais e os principais processos de ativação e reativação em encostas
coluviais.

As massas coluviais correspondem a uma mistura heterogênea de materiais soltos no solo e/ou fragmentos de rocha
angular, gerados pela presença de movimentos de massa devido à ação da gravidade, chuvas, terremotos ou ação
antrópica e que apresentam deslocamento devido às características do relevo, que depositam esses materiais na parte
inferior da encosta, gerando áreas mais planas. Estes materiais apresentam grande instabilidade e são altamente
suscetíveis a gerar movimentos. São altamente porosos e apresentam falhas progressivas.

Entre os principais processos de ativação e reativação estão os seguintes:

• Eventos de chuva que levam a um processo de carga e descarga de pressão nos poros, diminuindo a resistência
dos materiais in-situ.
• Ação gravitacional das rochas intempidas que, devido ao seu peso e estrutura, apresentam diaclasias e quedas de
blocos.
• Durante eventos sísmicos, podem ocorrer forças internas que levam à perda de força e a altos empurrões de terra,
resultando em deslizamentos de terra.
• Atividades antrópicas durante a construção de rodovias, estruturas, etc., que levam a cortes inadequados,
desestabilizando os materiais. Geralmente atribuído a uma falta de investigações de campo e uma caracterização
correta da área.

18. Quais instrumentos utilizaria, dentro do limite de 3 instrumentos, para avaliar se as soluções de engenharia
para minimizar as movimentações de um colúvio estão sendo efetivas? Justifique.

A estabilização das massas coluviais é obtida através da construção de obras (tais como paredes, âncoras, parafusos,
etc.), redução de taludes e alívio de tensões (geração de terraços com declives mais estáveis e bermas intermediárias)
e, acima de tudo, um bom controle das águas superficiais para garantir uma baixa infiltração no interior do colúvio.

A eficácia dos trabalhos e controles utilizados para a estabilização do colúvio corresponde principalmente ao
monitoramento constante da massa instável, seja pelo uso de inclinômetros ou pontos topográficos, onde podem ser
medidos possíveis deslocamentos internos (em profundidade) ou na superfície dos taludes. Baixos valores de
deslocamento garantem que a massa já esteja estabilizada. O monitoramento visual ou visitas também poderiam ser
realizados para verificar a presença de rachaduras na superfície, ravinas ou se, ao contrário, houver um aumento na
vegetação e na estabilidade.

19. Qual o principal agente que controla a movimentação de depósitos coluviais? Como este agente é
potencializado e qual sua relação com esta fonte? Qual seria a prática de engenharia que considera mais
eficaz para minimizar as movimentações desses depósitos? Qual modelo de análise de estabilidade é aplicável
para estudos de massas coluviais de grande extensão em movimentação de rastejo e qual resistência seria
considerada nessa análise?

De acordo com Penteado (1980), os movimentos de massa, rápidos ou lentos, são induzidos por atividade biológica ou
por processos físicos resultantes de condições climáticas, no entanto o fator principal é a ação da gravidade.
Hutchinson (1988) explica que os movimentos de massa têm como principais elementos influenciadores a litologia, a
geologia estrutural, a hidrogeologia, a topografia, o clima, a vegetação, eventos sísmicos e a erosão.

Vale ressaltar, conforme explica Gerscovich (2012), que as erosões, apesar de apresentarem movimentos de massa
em taludes, não costumam ser incluídas nos sistemas de classificação por, em geral, apresentarem menor preocupação
em relação aos danos que podem acarretar. Dessa forma, em função dos inúmeros agentes que se relacionam aos
mecanismos deflagradores dos processos erosivos, as erosões costumam ser tratadas à parte.

Tem-se, como exemplo, a agente água, que pode influenciar na estabilidade de um maciço de inúmeras maneiras: no
desencadeamento de um processo de solifluxão, o encharcamento do material, provocado por degelo, será a causa
do movimento, ao passo que, no caso de liquefação espontânea, a causa será o aumento de poropressão.
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Dentre os agentes predisponentes pode-se destacar:

• Complexo geológico, caracterizado pela natureza petrografia, pelo estado de alteração por intemperismo, por
acidentes tectônicos (falhamentos, dobramentos), pela atitude das camadas (orientação e mergulho), pelas
formas estratigráficas, pela intensidade de diaclasamento, etc.
• Complexo morfológico, caracterizado pela inclinação superficial, pela massa e pela forma de relevo
• Complexo climático-hidrológico, caracterizado pelo clima e pelo regime de águas meteóricas e subterrâneas
• Gravidade
• Calor solar
• Tipo de vegetação original.

Tem-se, como exemplo de agentes efetivos preparatórios: pluviosidade, erosão pela água ou vento, congelamento e
degelo, variação de temperatura, dissolução química, ação de fontes e mananciais, oscilação de nível dos lagos e
marés e do lençol freático, ação humana e de animais, inclusive desmatamento. Já como agentes efetivos imediatos
tem-se: chuva intensa, fusão de gelo e neve, erosão, terremotos, ondas, vento, ação do homem.

Existem várias soluções de práticas de engenharia de estabilização de coluviões, sendo eles com e sem o uso de
estruturas de contenção, que podem ser combinadas para atingir a estabilidade. Quanto ao uso de contenções, as
soluções geralmente englobam o uso de muros drenantes e cortinas ancoradas.

É importante ressaltar a importância do uso de sistemas de drenagem (superficial e subterrânea), cuja função é
impedir a infiltração de água da chuva e manter baixos os níveis d’água nas encostas. A drenagem subterrânea pode
ser aplicada com uso de trincheiras drenantes, drenos subhorizontais profundos (DHPs), túneis ou galerias de
drenagem.

A imagem a seguir encontra-se alguns casos da literatura em coluviões brasileiros, para cada situação tem-se o tipo
de movimentação, os condicionantes do processo e as soluções consideradas.

Tabela 3 Casos de coluvioes no Brasil.

As equações clássicas de análise de estabilidade de taludes infinitos podem ser aplicadas para encostas coluviais.
Skempton e Hutchinson (1969) apresentam equação para o caso de um talude infinito com um ângulo α, supondo linhas
de fluxo paralelas ao talude e uma fronteira inferior “impermeável”, também com um ângulo α.

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A instabilidade de um talude ocorre, de modo geral, quando as tensões cisalhantes mobilizadas são igualadas à
resistência ao cisalhamento. Nessas condições, tem-se o Fator de Segurança (FS) igual a unidade. Esse quadro ocorre
quando se tem uma redução da resistência ao cisalhamento ou, então, aumento das tensões cisalhantes mobilizadas.
Sendo, portanto, a resistência ao cisalhamento que deve ser considerada para fins de cálculo, como observa-se na
imagem abaixo:

Figura 27 Superficie de rupture para um talude.

20. Como a pedologia pode contribuir para a geotecnia? Como utilizaria uma carta de pedologia para a
implantação de um empreendimento?

Com o advento da Pedologia, ciência que estuda o solo, fundamentada na Rússia por Dokuchaiev, em 1880, o solo
passou a ser entendido como urna camada viva que recobre a superfície da terra, em evolução permanente, por meio
da alteração das rochas e de processos pedogenéticos, comandados por agentes físicos, químico e biológicos. Segundo
Hilf (1977), a pedologia tem sido identificada como a área de domínio da ciência do solo que estuda suas características
em condições naturais, correlacionáveis com variáveis independentes, que são os fatores de formação do solo.

Existe uma variedade muito grande de tipos de solos no Brasil. Os solos tropicais apresentam particularidades
diferentes dos solos normalmente abordados nos livros tradicionais de mecânica dos solos. A pedogênese atua nestes
materiais formando diferentes perfis de solos com comportamentos próprios.

O uso da pedologia aplicada à geotecnia foi sugerido inicialmente por Casagrande (1948) em seu trabalho de
classificação de solos. A união entre a pedologia e a geologia pode fornecer informações importantes obtendo
parâmetros com o objetivo de determinar o comportamento dos solos, fornecendo subsídios ao planejamento regional
de uso e ocupação do solo e ampliando o conhecimento do meio físico e o conhecimento geotécnico deles.

Através dos levantamentos pedológicos, pode-se obter informações e características importantes relacionadas aos
tipos de solos que serão solicitados em um problema de engenharia. Pode-se obter indicações das características de
drenagem do solo, do grau de saturação, da profundidade do lençol freático (caso este ocorra nos horizontes
superficiais), da macroestrutura, a presença de minerais expansivos, granulometria, características de plasticidade,
presença de solos lateríticos, a presença de solos saprolíticos próximos à superfície etc.

O mapa pedológico contém inúmeras características de suma importância para a engenharia geotécnica. Porém,
apesar de apresentar maior número de unidades, suas análises não incluem a rocha de origem e se restringem a poucos
metros da superfície, tornando-se, em alguns casos, com pouca utilidade para a engenharia.

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Como por exemplo da aplicação da pedologia em obras geotécnicas, tem-se: Abitante (1997) utiliza conhecimentos
de pedología e mapeamento geotécnico de grandes áreas, visando a aplicação do mesmo em obras rodoviárias no sul
do Brasil. Um apanhado geral da relevância da podologia na avaliação do comportamento dos solos é realizado por
Klamp (1989). Davison Dias (1987) realizou um estudo visando fundações de torres de alta tensão onde utilizou
conhecimentos de pedología para uma caracterização mais detalhada do comportamento do solo.

A seguir, segue imagem que mostra algumas diferenças entre a classificação da pedologia e da geotecnia, para fins
de conhecimento.

Figura 28 Exemplo coluna classificação da pedologia.

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21. Escolha uma ou mais carta topográfica do IBGE e identifique por meio de delimitação de área (polígono
fechado) 4 tipos de solos transportados e possíveis locais de solos residuais e maciços rochosos (podendo ser
capeados por camadas pouco espessas de solo). Justifique as áreas selecionadas. Associar a carta às imagens
do Google Earth pode auxiliar bastante.

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Figura 29 Marcação de depósitos e maciços rochosos sobre as cartas topográficas.

As imagens mostram depósitos aluviais correspondentes às áreas ao redor dos leitos dos rios e canais de drenagem
(terraços aluviais), que são materiais transportados pela corrente.

Também são observadas possíveis áreas de solos residuais ou maciços rochosos, definidos por condições de declive
íngreme mostrando materiais resistentes. Estas áreas estão associadas a formações geológicas e os solos residuais
ocorrem devido à intempérie destas.

O marcado como colúvio está relacionado às condições de declive, onde se observa uma inclinação moderada e na
parte inferior uma área mais plana, possivelmente gerada a partir de um antigo deslizamento de terra que foi
depositado.

Os depósitos marinhos são encontrados ao longo das linhas costeiras e costas que bordejam o mar, onde materiais
arenosos e finos são depositados nas margens pelas ondas. Quanto aos depósitos lacustres, eles são observados em
áreas de acúmulo de água graças à inclinação do terreno, que mais tarde, quando a água evapora, mostra os
sedimentos depositados neste setor. No fundo do lago, é gerada vegetação que mais tarde levará à matéria orgânica
do solo.

22. O que é e qual a importância das classificações geomecânicas? Faça uma análise crítica sobre a aplicação
destas.

As classificações geomecânicas são métodos importantes, pelo fato de ser uma maneira simples e não onerosa de
prever o comportamento do maciço rochoso quando solicitado (Fabrício, 2015). São ferramentas interessantes para
definir a qualidade de um maciço rochoso e assistir engenheiros em projetos envolvendo maciços rochosos.

Conforme Mesquita (2008), a caracterização geomecânica de maciços rochosos pode ser entendida como o ato de se
categorizar as características do maciço, organizando-as em grupos ou classes que consideram os diferentes
comportamentos do meio rochoso nas condições de solicitações consideradas.

Uma das primeiras referências a respeito do uso de classificações geomecânicas de maciços rochosos foi feita por
Terzaghi (1946). Seu método pode ser denominado como “Rock Load Classification” no qual o carregamento de rocha,
em túneis, suportada por suportes de aço era estimado através de uma classificação descritiva. A necessidade de
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aplicação em situações que não envolvessem construção de túneis fez com que se dessa maior atenção ao
desenvolvimento de mais métodos de classificação.

Um dos principais objetivos da classificação é referente a aplicação destas, pois é importante para identificar os
principais parâmetros que influenciam o comportamento do maciço. Além disso, dividir o maciço rochoso em classes
de comportamento parecido e assim fornece uma base para o entendimento de cada classe. É de suma relevância
relacionar a experiência de condições da rocha de um local com experiências de outros locais e obter dados
quantitativos e linha de orientação para o projeto de engenharia. E dessa maneira, fornece uma base de comunicação
comum entre as pessoas envolvidas no projeto (engenheiros e geólogos).

Os sistemas de classificação mais difundidos e conhecidos, atualmente, são o RMR (Rock Mass Rating) elaborado por
Bieniawski (1973) e o sistema Q (Tunneling Quality Index) proposto por Barton et al. (1974). Além dessas, algumas
outras metodologias também costumam ser utilizadas, como o RQD (Rock Quality Designation) proposto por Deere
(1963), e o GSI (Geological Stress Index) idealizado por Hoek et al. 1994. Na tabela abaixo está um resumo de sistemas
de Classificação Geomecânicas, seus autores e suas respectivas aplicações.

Tabela 4 Sistemas de classificação geomecânica para rochas.

23. Quais as diferenças entre meios porosos e fraturados em termos de comportamentos hidro-mecânicos?

Um meio poroso pode-se definir como um meio sólido que contém poros, estes poros são vazios que estão
interconectados ou não entre eles e estão distribuídos aleatoriamente. Estes vazios por sua vez, com formas e
tamanhos variáveis, permitem a percolação de fluidos, e quando conectados constituem redes que podem chegar a
ser muito complexas.

O estudo de fluxo em meios porosos requer o conhecimento da condutividade hidráulica ou coeficiente de


permeabilidade (K) que se define como a capacidade de um meio para permitir o fluxo de água. Este coeficiente
reflete ambas as propriedades, as do meio e do fluido e pode-se expressar como:

K=(kρg)/μ

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01/2021

Onde:
K é a condutividade hidráulica;
k é a permeabilidade intrínseca do meio;
ρ é a densidade do fluido;
g é a aceleração da gravidade;
μ é a viscosidade dinâmica do fluido.

Henri Darcy propôs uma lei que descreve adequadamente a dinâmica de um fluxo incompressível num meio poroso,
esta lei deu início ao entendimento do comportamento dos fluidos em um meio poroso. Esta lei se postulou para
fluidos na zona saturada e originalmente só para uma direção, cujo valor só tem validade para fluxos em regime
laminar.

Bear (1972) indica que para descrever o comportamento de um fluido em um domínio de meio poroso, faz-se necessário
utilizar o conceito de Volume Elementar Representativo, VER (volume onde os parâmetros hidráulicos são considerados
constantes).

Já com relação aos meios porosos fraturados, para entender e quantificar o fluxo é importante ter em conta a
compreensão das propriedades hidráulicas deste meio e a interação entre meio poroso e rede de fraturas. Modelar
uma rede de fratura inserida em um meio poroso precisa de uma investigação detalhada dos condicionantes geológicos
que regem a circulação da água nestes meios.

Similarmente aos meios porosos, os meios fraturados também precisam da determinação da condutividade hidráulica.
O modelo mais simples para uma fratura é o modelo de placas paralelas, na qual a fratura tem uma abertura constante,
não apresenta material de preenchimento nem rugosidade.

Quando tratamos das diferenças, verifica-se o Volume Elementar Representativo, observa-se na imagem à esquerda o
VER para o meio poroso e a direita o VER para o meio fraturado:

Figura 30 Volume Elementar Representativo para o médio poroso (izq) e fraturado (der).

O meio fraturado tem um caráter heterogêneo maior do que o meio poroso, sendo desnecessário pensar na média de
parâmetros como permeabilidade ou porosidade para análises rigorosas por não representar o comportamento
hidráulico do meio mais próximo ao comportamento real. Mas este vai depender do grau de faturamento, da escala e
do problema físico a analisar.

A avaliação do comportamento do fluxo em um meio poroso fraturado pode ser enfocada, essencialmente, de três
formas. A primeira considerando um meio hidraulicamente equivalente, na qual a condutividade hidráulica do sistema
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de fraturas será concebida por um tensor de permeabilidade resultante. A segunda forma considerando um meio
discreto, na qual as fraturas mantenham sua orientação espacial e geometria natural, e estas serão mantidas assim
na resolução do problema. E a terceira forma, a partir do conceito de dupla porosidade que é, fundamentalmente,
uma combinação das duas formas anteriores.

24. Escolha um caso de geotecnia e mostre a importância e diferenciação de aplicação da geologia em diferentes
“escalas”, regional e local.

No ano de 2000, foi realizado um estudo em uma área com cerca de 160 km², no Município de Rio Claro, inserida na
folha topográfica na escala 1: 50.000 (IBGE - Folha Rio Claro, SF-23-M-I-4), entre as coordenadas UTM 7.512 e 7.528
km N; 230 e 241 km E, englobando cerca de 30% do município. Esta área se localiza na região administrativa de
Campinas, na porção centro-leste do Estado de São Paulo. Como pode-se observar na figura a seguir:

Figura 31 Localização área de estudo.

Pode-se observar que no que se refere a geologia região tem-se:

Geologicamente, no setor paulista do flanco nordeste da bacia sedimentar do Paraná, representada por rochas
sedimentares e vulcânicas das eras Paleozóica (Grupo Itararé; formações Tatuí, Irati e Corumbataí), Mesozóica
(formações Pirambóia, Botucatu e Serra Geral) e Cenozóica (Formação Rio Claro e depósitos Recentes).

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01/2021

Já com relação a geologia local:

A maior parte do Município de Rio Claro está sobre sedimentos da Formação Corumbataí e Formação Rio Claro, e,
secundariamente, sobre rochas intrusivas básicas, como, por exemplo, na área do Horto Florestal.

A importância de conhecer a geologia de um ponto de vista regional é que ela permite correlacionar os tipos de
materiais que são amplamente encontrados na área de estudo, permite também observar características da
macroestrutura das rochas ou mostrar estruturas geológicas como falhas, anticlíneas, sinclíneas, entre outras, que
não são possíveis de serem mostradas localmente. Estas estruturas geológicas permitem avaliar se parte dos problemas
que podem ocorrer são atribuídos a movimentos tectônicos.

Quanto à geologia local, ela especifica com mais detalhes os tipos de materiais existentes, mostrando a presença de
solos residuais ou colúvio. Mostra também a presença de falhas específicas no terreno. Em outras palavras, esta
geologia é mais específica para uma determinada área.

25. Em um ambiente de rochas metamórficas com ocorrência de dobras como estas podem influenciar no
comportamento do maciço, quando da execução de escavações subterrâneas ou a céu aberto?

Sabe-se que os variados tipos de relevos existentes no planeta são resultados de uma série de agentes modeladores
que podem ser internos ou externos. No caso das dobras, elas são agentes internos ou endógenos, provenientes de
movimentos ocorridos nas placas litosféricas.

As dobras, chamadas também de dobramentos, se constituem a partir de gigantescas pressões que acontecem de
maneira horizontal, exercendo uma grande força sobre rochas de composições mais frágeis. São ondulações resultantes
de deformações de massas rochosas originalmente com feições planares tais como planos de acamamento ou de
foliação.

Figura 32 Esquema dobras na rocha.

As dobras são normalmente observadas em materiais de baixa resistência, tais como as rochas metafóricas de
comportamento mais plástico. Produzem-se em vários tamanhos desde centímetros até quilómetros, sendo que a
intensidade da dobra reflete o grau de distorção localizado e o deslocamento nas diferentes partes do maciço afetado.
Os problemas típicos encontrados em zonas de dobras verificam-se quando o túnel se desloca por uma estrutura
anticlinal onde existem estratos de baixa permeabilidade sobre outros de alta permeabilidade e porosidade, onde
poderá ocorrer condições para a criação de gás metano.

Por outro lado, se o túnel se deslocar numa estrutura sinclinal, onde os estratos de baixa permeabilidade são
intercalados por outros de alta permeabilidade e porosidade, poderá dar origem à criação de depósitos de água que
podem ser um potencial risco para a escavação.

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01/2021

Por fim, se o túnel se localizar dentro de uma estrutura dobrada, há que considerar que o terreno a atravessar estará
sujeito a fortes tensões locais, o que pressupõe um alto estado de fraturação dos materiais menos resistentes. Assim
e segundo LÓPEZ (1997), se o túnel seguir a direção do eixo da dobra sofrerá pressões menores se decorrer por uma
estrutura anticlinal do que por uma sinclinal.

Numa estrutura sinclinal a escavação irá ser afetada pelas águas de filtração do maciço. Se o túnel seguir a direção
perpendicular ao eixo da dobra as pressões ao longo do seu traçado serão variáveis, dependendo da disposição
anticlinal ou sinclinal dos estratos. No caso de uma estrutura anticlinal, no núcleo as pressões são menores do que nos
flancos, ocorrendo a situação inversa no caso de uma estrutura sinclinal.

26. O que é um maciço rochoso? O que significa efeito de escala em maciços rochosos?

Os maciços rochosos podem ser definidos como massas rochosas constituídas por um ou mais tipos litológicos,
localizados num determinado contexto espacial e estando afetadas por descontinuidades, com características
geológico-geotécnicas, geomecânicas e geohidráulicas, que conferem ao conjunto uma anisotropia global (Hoek,
2007). Dessa maneira, maciço rochoso, do ponto de vista do seu aproveitamento em engenharia civil, é um conjunto
de blocos de rocha justapostos e articulados. O material que forma os blocos constitui a matriz do maciço rochoso,
também denominada rocha intacta e as superfícies que os delimitam, as descontinuidades.

Conforme Assis (2003), o maciço rochoso é um conjunto constituído pela matriz rochosa e por todas as
descontinuidades nela contida. Em relação ao estudo das propriedades do maciço rochoso para fins de engenharia,
essas são função das propriedades da matriz rochosa e das descontinuidades. No entanto, alguns pesquisadores
consideram também a condição hidráulica.

Considerando a natureza complexa do maciço rochoso, que envolve as incertezas em relação à distribuição das
descontinuidades, à estimativa das propriedades mecânicas devido ao efeito da escala, à dificuldade para modelar o
meio, entre outras, foram desenvolvidos métodos teórico-empíricos que permitem estimar o comportamento do
maciço e, eventualmente, dar soluções de engenharia para estabilizar a obra em questão.

Quando falamos de Efeito Escala em Maciços Rochosos tratamos sobre o fato de que a amostra de rocha intacta, no
laboratório, desenvolve um comportamento e no maciço, em campo, apresenta propriedades diferentes. Isso ocorre
porque amostras de tamanho reduzido podem não ser representativas do maciço rochoso como um todo, na medida
em que ensaios realizados em pequenas amostras não abrangem as principais descontinuidades presentes no maciço.
Dessa forma, diversos autores têm discutido o assunto, e considera-se que existe uma significativa redução da
resistência com o aumento do tamanho da amostra de rocha, uma vez que, na amostra de tamanho maior plano de
fraqueza podem estar presentes. Abaixo, pode-se observar uma lista com pesquisas do efeito escala em rochas
(Yoshinaka et al., 2008).

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Tabela 5 Efeito escala para diferentes maciços rochosos.

27. Quais são os principais parâmetros para caracterização de descontinuidades, qual sua importância na
engenharia e como podem ser obtidos?

Sabemos que a descontinuidade é qualquer feição geológica que determina planos ou superfícies de fraqueza que
interrompem a continuidade mecânica padrão do maciço. O termo engloba juntas, superfícies de foliação, fraturas,
falhas, entre outros. A ISRM (2007) define a descontinuidade como aquela superfície que possui pouca ou nula
resistência à tração. O estudo das descontinuidades mostra-se de importância fundamental, pois estas estruturas
condicionam de maneira muito forte o comportamento dos maciços rochosos, particularmente em relação à
deformabilidade, à resistência e à permeabilidade, podendo controlar em um determinado contexto toda a
estabilidade do maciço rochoso (ABGE, 1998).

A presença de descontinuidades implica um comportamento não uniforme do maciço rochoso e a caracterização


mecânica das descontinuidades é efetuada com base em ensaios de deslizamento, triaxiais, de corte e de torção
(Goodman, 1989; Bandis, 1990).

A importância das descontinuidades na análise de estabilidade de obras em rocha é inquestionável, visto que elas
podem afetar significativamente a resistência, a deformabilidade e a permeabilidade do maciço. Assim, é fundamental
realizar uma caracterização adequada. O resultado da caracterização das descontinuidades permite, entre outras
coisas, ter uma ideia dos potenciais modos de ruptura que podem ocorrer em uma determinada obra, o que permite
abordar o problema de estabilidade e estabelecer eventuais soluções.

Os tipos de descontinuidade podem ser identificados de acordo com sua formação. Apresentam-se na tabela a seguir,
uma breve descrição dos tipos mais frequentes de descontinuidades que se podem observar na natureza, ABGE. (1998).

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Tabela 6 Tipos de descontinuidades em rochas.

28. Discuta o comportamento mecânico dos maciços rochosos, quanto as duas categorias básicas de
comportamento deformacional.

Basicamente, os maciços rochosos podem ser considerados como corpos rígidos, podendo sofrer pelos efeitos da
rotação e translação, deformações internas e mudanças de volume como agentes de alteração da configuração inicial
da geometria para uma condição deformada.

Neste cenário, as estruturas dos maciços apresentam duas categorias básicas do comportamento deformacional: dúctil
ou viscoplástica e rúptil ou frágil.

A categoria dúctil ou viscoplástica ocorre quando não se desenvolvem descontinuidades e prevalece o fluxo, sem a
perda da coesão, como nos casos das foliações, dobras e zonas de cisalhamento dúctil

Já na rúptil ou frágil, prevalecem os processos de fragmentação, sendo as juntas e falhas as estruturas típicas deste
comportamento;

Entre esses dois comportamentos ainda existe uma zona de transição, sendo classificada como zona dúctil-rúptil ou
semi-dúctil, quando há fluxo e ocorre algum fraturamento, ou como rúptil-dúctil ou semi-rúptil quando se observar
rupturas e algum fluxo plástico.

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29. Como poderia obter a resistência ao cisalhamento de uma descontinuidade somente com levantamentos de
campo e dados da literatura? Descreva uma envoltória de resistência típica para paredes de descontinuidades
com superfícies lisas e rugosas.

A resistência ao cisalhamento das descontinuidades pode ser obtida no campo e no laboratório, e a resistência ao
cisalhamento do maciço rochoso pode ser determinada por métodos empíricos que envolvem um dos dois: retro-
análises em condições geológicas similares, ou estimadas pelos índices da resistência da rocha.

Abaixo, apresenta-se o diagrama de Mohr-Coulomb, que demonstra os possíveis comportamentos de resistência ao


cisalhamento para três tipos de descontinuidades e dois tipos de maciços rochosos. A inclinação de cada linha ou
envoltória expressa o ângulo de atrito, em tanto que o intercepto com o eixo do esforço de corte expressa a coesão.

Figura 33 Diagrama de Mohr-Coulomb de comportamento de resistência de descontinuidades.

Pela figura, podemos observar a envoltória de resistência para descontinuidades com parede rugosa (3) e lisas (2).

Na envoltória (2) as fraturas são limpas e lisas, portanto a coesão é nula, sendo o ângulo de atrito (øb) dependente
do tamanho do grão da rocha.

Na envoltória (3) a coesão é nula e o ângulo de atrito é composto de uma componente de atrito da rocha e de uma
componente relacionada às irregularidades ou asperezas da superfície e a razão entre a resistência da rocha com a
tensão normal aplicada. Com o aumento da tensão normalmente as asperezas são cisalhadas e o ângulo de atrito total
progressivamente diminui.

30. Quais objetivos das classificações geomecânicas? Discuta os parâmetros envolvidos nos sistemas RMR e Q.
Qual a importância das descontinuidades nesses sistemas? Comente sua aplicabilidade em um determinado
tipo de obra.

A classificação geomecânica tem como objetivo identificar os párâmetros mais significativos que influenciam no
comportamento dos maciços rochosos, setorizar o maciço em grupos similares de comportamento e qualidade,
fornecer as características básicas para o entendimento de cada setor ou classe de maciço e relacionar as condições
de um local com a experiência encontrada em outros locais.

O sistema Q foi proposto a partir de experiências em obras de escavações subterrâneas. A qualidade do maciço rochoso
de túneis é definida com base no chamado índice Q, expresso por:

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𝑅𝑄𝐷 𝐽𝑟 𝐽𝑤
𝑄= ∗ ∗
𝐽𝑛 𝐽𝑎 𝑆𝑅𝐹

Onde:
Q - Índice de qualidade do maciço rochoso de túneis;
RQD - Rock Quality Designation;
Jn - índice de influência do número de famílias das descontinuidades;
Jr - corresponde ao índice de influência da rugosidade das paredes das descontinuidades;
Ja - índice de influência da alteração das paredes das descontinuidades;
Jw- índice de influência da ação da água subterrânea;
SRF- índice de influência do estado de tensões no maciço (Stress Reduction Factor).

O RMR é um dos sistemas mais utilizados para estimar a qualidade dos maciços rochosos em projetos atualmente, pois
ele auxilia na estruturação do projeto, proporcionando uma escavação estável tanto para minas subterrâneas, quanto
para céu aberto.

Nas primeiras fases de estudo de um projeto, onde ainda é pouco o conhecimento sobre as características do maciço
rochoso, que o uso dos sistemas de classificação traz grandes benefícios, e, serve como um check-list que assegura
que todas as informações geotécnicas relevantes sejam consideradas. Ressaltando-se que a utilização da classificação
não deve, e nem pode ser a única fonte de informação na elaboração do projeto.

O sistema de classificação geomecânica RMR (Rock Mass Rating) prevê os seguintes parâmetros de caracterização de
maciços rochosos:

❖ Resistência à compressão simples


❖ RQD (Rock Quality Designation)
❖ Espaçamento das descontinuidades
❖ Padrão das descontinuidades
❖ Ação da água subterrânea
❖ Orientação relativa das descontinuidades em relação à escavação.

31. Quais as principais diferenças geológico-geotécnicas entre maciços rochosos compostos por granito e gnaisse?

A avaliação das propriedades geotécnicas de um maciço rochoso inclui o conhecimento das propriedades da rocha
intacta, da ocorrência e natureza das descontinuidades, da extensão e do grau de alteração e da posição espacial das
descontinuidades no maciço.

Fatores geológicos como a mineralogia, textura, granulometria e material cimentante afetam de forma significativa
a resistência e a deformabilidade, isto é, rochas que apresentam engranzamento dos minerais, como as ígneas,
apresentam resistência maior do que rochas elásticas, nas quais os grãos minerais apenas se tocam. Além disso, há
ainda uma diminuição da resistência mecânica da rocha por causa do movimento da água através das
descontinuidades, gerando pressões neutras hidrostáticas.

Sabendo disso, a grande diferença entre maciços formados por gnaisse e granitos está na própria litologia entre eles.
Os gnaisses são rochas metamórficas, apresentando, portanto, um maior grau de alteração e descontinuidades,
resultando em um material menos resistente. Já os granitos são ígneos, caracterizando um maciço contínuo com pouco
grau de alteração, sendo, portanto, de melhor qualidade.

32. Quais são os impactos de intervenções antrópicas de exploração mineral no estado de tensões dos maciços e
o regime hidrológico (águas de superfície e subterrânea)?

A exploração mineral causa diversos impactos negativos quando relacionados à alteração do estado de tensão dos
maciços e às mudanças no regime hidrológico dos locais de exploração.

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Em relação a alterações nos estados de tensões, ao realizar uma escavação subterrânea, as tensões na vizinhança
desta nova abertura são redistribuídas. Caso a tensão principal maior apresentar alta magnitude e orientação
horizontal, tensões de tração e compressão elevadas serão induzidas nas paredes da escavação, podendo ultrapassar
o limite de resistência da rocha e consequentemente causando deslocamentos no teto e nas paredes da escavação e
até mesmo explosões de rocha.

Na tabela abaixo, apresentam-se possíveis problemas que podem ocorrem em uma escavação subterrânea em função
das tensões principais maiores, in situ e induzidas, e a resistência à compressão simples da rocha.

Tabela 7 Tipos de problemas em escavações subterrâneas.

Em relação ao regime hidrológico, os impactos passam também para o lado socioambiental.

A realização de escavações pode ocasionar na alteração dos cursos d’água e dos aquíferos, e em casos mais intensos,
ocasionar no rebaixamento do lençol freático, impactando toda a população no entorno das áreas mineradas, e
impedindo o desenvolvimento das atividades agrícolas para subsistência e comercialização local. Além disso, surge a
possibilidade de contaminação dos cursos pelos rejeitos de minérios, impossibilitando sua utilização.

33. Como identificar a ocorrência de fluxos ascendentes e descendentes por meio de uma estação composta por
piezômetros de Casagrande e medidor de nível d’água. Trace as redes de fluxo para cada uma das situações,
indicando a posição dos instrumentos e profundidades e as respectivas leituras, demonstrando os dois tipos
de fluxo. Pode utilizar a seção de um talude, encosta, escavação ou outro tipo de seção, com ou sem obra,
para traçar a rede.

Para a identificação do fluxo utilizando um piezômetro de Casagrande e um medidor de nível de água, deve-se
primeiramente alocar ambos os equipamentos de uma forma próxima e na mesma cota.

Pela avaliação das leituras de ambos os instrumentos podemos definir a direção do fluxo. Quando a leitura do
piezômetro é menor do que a do medidor do nível de água, o fluxo é descendente. Quando a leitura do piezômetro é
maior, há fluxo ascendente. Quando as leituras são iguais não há fluxo. Abaixo apresenta-se as redes de fluxo para o
fluxo descendente:

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Figura 34 Redes de fluxo descendente.

E para o fluxo ascendente:

Figura 35 Redes de fluxo ascendente.

34. Descreva como se pode obter limiar pluviométrico para definir probabilidade de ocorrência de deslizamentos.
Na construção do gráfico, como são definidas as chuvas e eventos? Como a geologia e geotecnia da área de
estudo pode impactar na definição dos limiares pluviométricos?

A obtenção dos limiares pluviométricos para definir a probabilidade de ocorrência de deslizamentos varia de acordo
com o regime de infiltração na superfície do terreno, a dinâmica das águas subterrâneas no maciço e o tipo de
instabilização. Atualmente, diversos autores apontam que os deslizamentos estão associados a altos índices
pluviométricos ou ao acúmulo de chuvas nos dias antecedentes ao deslizamento, sendo então a principal forma de
definir essa probabilidade.

Sabendo disso, a definição dos limiares é iniciada pela avaliação dos dados disponíveis para o trabalho (dados de
chuvas e ocorrências de deslizamentos de terra), estabelecendo-se gráficos de dispersão para verificar a relação entre
a precipitação acumulada para diferentes durações e o número de ocorrências de deslizamentos de terra.

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A precipitação é então analisada em relação à lâmina acumulada para diferentes durações, buscando identificar um
padrão inicial que provoca deslizamento, e por fim determinar os limiares de precipitação que desencadeiam
deslizamentos.

Abaixo apresenta-se um exemplo de limiares pluviométricos:

Tabela 8 Exemplo de limiares pluviométricos.

A influência da precipitação nos movimentos de massa se dá principalmente por meio dos seguintes processos:

(i) alteração dos parâmetros de resistência dos materiais, como a diminuição 19 da coesão aparente devido ao aumento
da umidade do solo, e a dissolução da cimentação;
(ii) aumento da solicitação, através do aumento do peso específico dos materiais que formam a encosta;
(iii) avanço da frente de saturação na encosta, que provoca o desenvolvimento de poropressões positivas nos solos,
subpressões nas descontinuidades das rochas e o surgimento de forças de percolação;
(iv) alteração do perfil do solo em função da erosão dos materiais.

35. Quais principais objetivos de uma investigação geotécnica? Descreva os mais usuais ou principais métodos
diretos, semidiretos e indiretos de investigação (cite pelo menos 2 para cada um dos métodos).

A investigação geotécnica tem como objetivo esclarecer as condições geológicas e geotécnicas da subsuperfície,
apresentando subsídio quanto ao comportamento do solo naquela região. Sendo assim, a investigação é utilizada
quando se precisa:

❖ Determinar a natureza do solo local e da sua estratificação;


❖ Obter amostras do solo para identificação visual e ensaios de laboratórios;
❖ Determinar a profundidade e a natureza do leito rochoso, se e quando encontrado;
❖ Obter parâmetros geotécnicos in situ;
❖ Observar as condições de drenagem local;
❖ Determinar a posição do nível freático.

A investigação do subsolo pode ser feita de forma: direta, indireta e semidireta.

Os métodos indiretos são aqueles em que as determinações das propriedades das camadas do subsolo são extraídas
indiretamente sem alterar as propriedades físicas do material pesquisado. Nesse método o solo é analisado
visualmente por meio de imagens por sensoriamento remoto e fotos aéreas, não sendo possível identificar rochas e
deformações litológicas com base apenas em propriedades físicas, sendo necessário juntar à essas informações as
informações geológicas.

Na Engenharia Civil, os métodos elétricos e sísmicos são os mais utilizados.

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Métodos elétricos:

A maioria dos métodos elétricos de exploração enquadra-se nas diferenças em resistividade ou condutividade elétrica
dos materiais do subsolo. Os métodos elétricos baseiam-se no fato de as rochas e os minerais possuírem diferentes
condutividades elétricas. Alguns métodos se utilizam de campos elétricos naturais como fonte de energia; outros, de
campos elétricos artificiais aplicados à terra. Nesse caso, os campos podem ser produzidos por correntes contínuas ou
alternadas. Os métodos elétricos baseiam-se, portanto, nas condições elétricas encontradas no subsolo. Sabemos que
o grau de resistência oferecido por um determinado material à passagem da corrente elétrica é conhecido como
resistividade desse material, e a facilidade relativa de um fluxo elétrico atravessar um condutor é denominada
condutividade relativa.

Os métodos elétricos têm larga aplicação na investigação geológica de subsuperfície, estudando a distribuição interna
das correntes elétricas por meio de medidas efetuadas na superfície do terreno. As correntes circulantes podem ser
naturais ou artificiais, dos tipos contínuos, alternados, alta, média e baixa frequência, audível e de rádio. O estudo
da distribuição dessas correntes só pode ser feito indiretamente, por meio da medição dos campos de força por elas
criados.

Métodos sísmicos:

Os métodos sísmicos são amplamente empregados na investigação de estruturas subterrâneas (dobras-falhas), nos
projetos de barragens, estradas etc., e utilizam duas características importantes das formações rochosas:

❖ A velocidade de propagação de ondas elásticas varia de acordo com o tipo de rocha e depende das propriedades
elásticas do material;
❖ Os limites (contatos) que separam tipos diferentes de rochas refletem e refratam parte da energia das ondas
elásticas.

A velocidade de propagação das ondas elásticas é afetada por certos fatores, de acordo com a litologia estudada, ou
seja, com a origem da rocha. Em rochas magmáticas, a velocidade descreve o aumento em sílica na rocha, razão pela
qual a velocidade em granitos é menor do que em basaltos. Em rochas sedimentares a porosidade e o grau de
decomposição diminuem a velocidade, já a compactação e a cimentação aumentam.Em rochas metamórficas ocorre
o fenômeno de anisotropia elástica, em que a velocidade de propagação não é a mesma em todas as direções, sendo
a velocidade maior na direção da xistosidade.

Os métodos diretos de investigação são aqueles que se utilizam da extração de amostras dos materiais existentes no
subsolo. Esse método permite a observação direta do subsolo, sua identificação, classificação e a resistência das suas
diversas camadas, por meio da retirada de amostras do solo, ao longo de uma perfuração ou medição direta de
propriedades in situ.

Compreendem as escavações realizadas com o intuito de prospectar os maciços, as sondagens mecânicas e os ensaios,
com as sondagens dos materiais ao longo da linha de perfuração descrevem-se testemunhos, estruturas geológicas e
as características geotécnicas dos materiais. Abaixo serão apresentados dois métodos diretos:

Ensaio de sondagem SPT

O ensaio de sondagem SPT é um processo de exploração e reconhecimento do subsolo, largamente utilizado na


engenharia civil para se obter subsídios que irão definir o tipo e o dimensionamento das fundações que servirão de
base para uma edificação.

O ensaio consiste na cravação vertical no solo, de um cilindro amostrador padrão – Barrilete, através de golpes de um
martelo com massa padronizada de 65 kg, solto em queda livre de uma altura de 75 cm. São anotados os números de
golpes necessários à cravação do amostrador em três trechos consecutivos de 15 cm sendo que o valor da resistência
à penetração (NSPT) consiste no número de golpes aplicados na cravação dos 30 cm finais. Após a realização de cada

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ensaio, o amostrador é retirado do furo e a amostra é coletada, para posterior classificação que geralmente é feita
pelo método Tátil-visual onde se determina a cor, a textura, a plasticidade e a consistência ou compacidade do solo.

Do ensaio obtém-se as seguintes informações:

❖ A identificação das diferentes camadas de solo que compõem o subsolo;


❖ A classificação dos solos de cada camada;
❖ O nível do Lençol freático;
❖ A capacidade de carga do solo em várias profundidades.

Abaixo, apresenta-se o esquema do equipamento:

Figura 36 Esquema equipamento SPT.

Abertura de poços e trincheiras:

As aberturas de poços e trincheiras são métodos que permitem, por meio do exame ao longo de suas paredes, uma
descrição detalhada das diversas camadas do subsolo, e coleta de amostras deformadas e indeformadas para a
execução de ensaios de laboratório. A profundidade do poço é, muitas vezes, limitada pela presença do nível freático.
No Brasil, esses poços são abertos manualmente, com o auxílio de pá, picareta, balde e sarrilho. Deve-se fazer a
descrição minuciosa das paredes do poço, bem como a coleta de amostras, toda vez que ocorrer mudanças nas
características do material.

Abaixo apresentam-se imagens de um poço e uma trincheira

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Figura 37 Trinchera.

Além dos métodos diretos e indiretos, existem os métodos semidiretos, caracterizados por ocorrerem no local do
ensaio, mas sem obter nenhuma amostra.

Ensaio de cone e piezocone (CPT)

O ensaio de cone é um dispositivo pelo qual um cone é empurrado para dentro do solo, e a resistência final do cone à
penetração é medida. A maioria dos penetrômetros de cone apresentam luvas de atrito em cima da ponta, permitindo
a determinação independente da resistência do cone e do atrito do solo.

O ensaio pode ser feito com três equipamentos diferentes: com um cone mecânico em que a medida dos esforços de
cravação é feita na superfície do terreno, cone elétrico quando a medida é feita diretamente na ponteira por meio
do emprego de células de cargas elétricas e por piezocone que medem também as poropressões.

Do ensaio obtém-se as seguintes informações:

❖ Registro contínuo da resistência à penetração;


❖ Descrição detalhada da estratigrafia do subsolo;
❖ Parâmetros de projeto (como por exemplo a resistência não-drenada).
❖ Abaixo apresentam-se imagens do equipamento:

Figura 38 Equipamento CPT.


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Vane test

O ensaio de palheta é tradicionalmente empregado na determinação da resistência ao cisalhamento não-drenada de


depósito de argilas moles, assumindo a hipótese de ruptura cilíndrica do solo durante a realização do ensaio.

A palheta de cisalhamento consiste em quatro placas de aço em tamanhos iguais e finas, soldadas a uma haste de
torque de aço. Primeiramente ela é empurrada para dentro do solo, e em seguida aplica-se um torque ao topo da
haste para girar a palheta em velocidade uniforme, rompendo o solo.

Abaixo apresentam-se imagens do equipamento:

Figura 39 Equipamento Vane Test.

36. Qual a importância da instrumentação/monitoração geotécnica?

Podemos dizer que a instrumentação objetiva sistematizar as observações sobre o comportamento de uma estrutura.
Sua utilização visa verificar o comportamento de um talude em relação aos limites previstos em projeto e acompanhar
e prever o comportamento de um talude que já demonstre indícios de ruptura/movimentação.

A análise sistemática dos dados gerados em uma monitoração auxilia na previsão do comportamento do maciço
instrumentado. Dessa forma, as análises dos resultados de uma instrumentação são um excelente meio de acompanhar
o desempenho de uma obra e avaliar a susceptibilidade de colapso de um maciço.

37. Cite e descreva dois ensaios geofísicos, sendo um mais indicado para definição do perfil do terreno e outro
para previsão dos parâmetros elásticos. Quais ensaios geotécnicos poderiam estar associados aos métodos
geofísicos?

Para a definição do perfil do terreno, dentro dos métodos sísmicos de geofísica aplicada estão o de refração sísmica.
Por meio deste método, é medido o tempo de propagação das ondas elásticas, decorrido entre um local onde as ondas
sísmicas são geradas e sua chegada aos diferentes pontos de observação. Para isso, uma série de sensores são dispostos
em linha reta em distâncias conhecidas, formando o que se conhece como linha sísmica ou linha de refração sísmica.

Este ensaio é utilizado para determinar a profundidade da base nos projetos de construção de barragens e grandes
hidrelétricas, e para determinar as condições (intemperismo, fraturamento) e competição da rocha onde as estruturas
irão se assentar, bem como onde os túneis serão feitos. Também é muito útil para detecção de falhas geológicas.
Stein & Wysession (2003) lista outras aplicações potenciais do método: a) uso de ruído sísmico para determinar o
módulo dinâmico G em massas de argila; b) avaliação do amortecimento; c) avaliação dos limites de Atterberg; d)

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determinação dos módulos E e G em mecânica das rochas; e) extração; f) localização dos furos de rocha e g) para
determinar a capacidade de carga das estacas.

O som se move mais rápido na camada inferior do que na superior, então, em algum ponto, a onda refratada ao longo
dessa superfície ultrapassará a onda direta. Essa onda refratada é então a primeira chegada a todos os geofones
subsequentes, pelo menos até que seja, por sua vez, superada por uma refração mais profunda e mais rápida. A
diferença no tempo de viagem da chegada dessa onda entre os geofones depende da velocidade da camada inferior.
Se essa camada for plana e nivelada, as chegadas de refração formam uma linha reta cuja inclinação corresponde
diretamente a essa velocidade. O ponto em que a refração ultrapassa a chegada direta é conhecido como a "distância
de cruzamento" e pode ser usado para estimar a profundidade da superfície de refração. Isso pode-se observar na
Figura seguinte:

Figura 40 Refração sísmica. Modificada de Stein & Wysession (2003).

Para a previsão dos parâmetros elásticos pode-se utilizar o ensaio Cross-hole. Este ensaio usa duas ou mais sondagens
para medir a velocidade com que as ondas sísmicas percorrem a distância entre elas. A montagem requer pelo menos
duas sondagens, a primeira com a fonte de energia e a segunda com o receptor localizado na mesma profundidade.
Dessa forma, mede-se a velocidade de propagação das ondas pelo material localizado entre as duas sondagens. Ao
repetir o teste em diferentes profundidades, um perfil de velocidade com a profundidade é obtido. O método Cross
Hole permite obter perfis de velocidade em profundidades de 30m a 60m utilizando fontes de emissão mecânica. As
velocidades das ondas são calculadas a partir da diferença nos tempos de chegada no par de sondagens. Usando
técnicas de correlação cruzada, são obtidos os parâmetros elásticos do solo, como a determinação dos módulos E e
G, utilizando a velocidade de onda S e P.

A Refração do Microtremor (ReMi) e o Down Hole e Up Hole são ensaios geotécnicos que poderiam estar associados
aos métodos geofísicos. Outro ensaio é o ensaio de coluna ressonante utilizado para determinar as propriedades
dinâmicas do solo em médias e baixas deformações. O ensaio consiste na vibração longitudinal ou torcional de uma
amostra cilíndrica, sólida ou oca de solo em seu estado natural (Das & Ramana, 2014), isto por meio da aplicação de
uma excitação torcional harmônica de amplitude constante na parte superior da amostra., produzida por uma carga
eletromagnética ou sistema motor em uma faixa de frequência predeterminada, a amplitude de deformação da
amostra é medida até que a frequência para a qual essa amplitude é maximizada seja encontrada, essa frequência é
conhecida como frequência de ressonância, que é uma função da geometria da amostra, a rigidez (k) do solo e a
configuração do dispositivo de coluna ressonante.

38. Descreva uma forma prática e de baixo custo para se obter a permeabilidade in situ de uma determinada
camada de solo. Descreva um método para obtenção de condutividade hidráulica de maciço rochoso.

Ensaio de Lefranc: Uma das técnicas mais simples (em termos de custo e mão de obra) para encontrar o coeficiente
de permeabilidade em um solo. Este tipo de ensaio, apesar de normalmente ser realizado em furos de poucos metros,
é muito utilizado na Geotecnia. O ensaio de Lefranc pode-se realizar de dois formas:

Nível constante: para este procedimento, o solo deve primeiro ser saturado até que o ar dos vazios seja expulso e
com isso conseguir uma infiltração mais uniforme no solo, tudo isso para que um fluxo conhecido possa ser introduzido
para que seja mantido um constante nível dentro do furo. Quando este processo é estabilizado, com a medição
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conhecida da vazão introduzida, do comprimento e do diâmetro do furo, é possível calcular a permeabilidade do


referido solo (ver equações e cálculos).
A vazão de captação deve ser medida a cada 5 minutos, sempre conseguindo manter o nível constante dentro do poço
por aproximadamente 45 minutos.

Nível variável: neste procedimento o que se faz é introduzir ou extrair um volume de água repentinamente em um
poço e medir a variação no tempo de altura, com a medição dessas diminuições em um determinado tempo, pode-se
obter a permeabilidade (ver equações e cálculos). Se é requerido que o nível da água suba, o que frequentemente se
faz é que ao invés de injetar água, é introduzida uma barra sólida que sobe o nível como se tivéssemos introduzido
um volume de água igual ao volume da barra.

Ensaio Lugeon: é o ensaio de permeabilidade para maciços rochosos mais utilizado atualmente na engenharia
geotécnica.

O ensaio consiste basicamente em injetar água a uma pressão constante de 1 MPa (10 kp / cm2) em uma seção de
vedação do furo por 10 minutos. Normalmente são testados trechos de 5 m, que são isolados do resto da perfuração
por meio de venezianas. Durante o curso do teste, a ingestão de água é medida. A pressão é aplicada nas etapas de
carga e descarga de 0, 1, 2, 5 e 10 kp/cm2 e em cada etapa a pressão deve ser mantida por 10 minutos, sempre
atingindo a pressão de 10 kp/cm2 exceto em rochas moles ou superficiais. Onde a fratura hidráulica pode ocorrer.

O ensaio fornece resultados em unidades Lugeon que correspondem a 1 litro de água absorvida por metro de sondagem
e por minuto de teste. Uma unidade Lugeon equivale a uma permeabilidade de 10-5 cm / s.

39. Quais informações considera mais importantes de se obter nos testemunhos de maciços rochosos de
sondagens rotativas? Justifique.

RQD (Rock Quality Designation)

Rock Quality Designation (RQD) dado que é uma medida de qualidade do núcleo de rocha retirado de um poço. RQD
significa o grau de junção ou fratura em um maciço rochoso medido em porcentagem, onde RQD de 75% ou mais
mostra rocha dura de boa qualidade e menos de 50% mostra rochas intemperizadas de baixa qualidade. O RQD é
calculado tomando uma amostra de núcleo de rocha de um poço e os comprimentos de todas as peças de rocha, com
no mínimo 100 mm de comprimento, são somados e divididos pelo comprimento do núcleo. São consideradas apenas
as rochas duras e de boa qualidade. Rochas intemperizadas que não atendam aos requisitos de solidez e cujos
comprimentos não sejam superiores a 100 mm não são consideradas para o cálculo de RQD. O comprimento das peças
do núcleo é medido ao longo da linha central das peças. O teste RQD fornece avaliação da solidez da rocha e danos
causados devido ao intemperismo.

RMR (Rock Mass Rating)


A classificação RMR por conta de que leva em consideração os seguintes parâmetros geomecânicos:

❖ A resistência uniaxial da matriz rochosa.


❖ O grau de fratura nos parâmetros RQD.
❖ O espaçamento das descontinuidades (planos de fraqueza).
❖ As condições das descontinuidades.
❖ Parâmetros ou condições hidrogeológicas.
❖ A orientação das descontinuidades em relação à estrutura de escavação.

De forma geral, o efeito dos parâmetros geomecânicos sobre o comportamento do maciço rochoso é expresso através
do índice de qualidade RMR (classificação do maciço rochoso), este índice varia de 0 a 100 e expressa a qualidade da
rocha para uso em obras de engenharia civil.

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40. O que são e quais objetivos dos modelos geológico-geotécnicos? Quais os dados mínimos para construção de
um modelo geológico-geotécnico de um maciço em solo e rocha? Apresenta um modelo e em função dele qual
seria o método de cálculo e principal solução esperada para mitigar o problema.

Os modelos são simplificações de problemas mais complexos de acordo com a realidade, que permitem uma melhor
compreensão do comportamento ou funcionamento de um sistema. Dentro desta disciplina podemos diferenciar três
tipos básicos de modelos (Vallejo et al., 2002) que são: o modelo geológico, que representa a distribuição espacial
dos materiais, feições tectônicas, características hidrológicas e geomorfológicas, etc.; o modelo geomecânico, no
qual as características geotécnicas e hidrogeológicas dos materiais são diferenciadas; e o modelo de comportamento
geotécnico, que representa a resposta do terreno durante e após a construção das obras de engenharia que afetam a
área de estudo. Por tanto, no caso de um modelo geológico-geotécnico, o objetivo principal é melhorar a compreensão
das condições que prevalecem em determinado local, além de identificar os principais problemas geotécnicos e tornar
a estimativa das propriedades do solo mais realista.

Figura 41 Modelo geológico-geotécnico. Elaboração própria.

41. Como funciona a técnica da inclinometria? Como interpretar o perfil de deslocamentos horizontais de uma
vertical inclinométrica? Em qual tipo de maciço e tipo de obra é aplicada esta técnica? Justifique.

A técnica inclinométrica funciona através da instalação de um tubo de comprimento igual ou superior ao comprimento
de análise dos deslocamentos horizontais de uma estrutura (estaca, estrutura de contenção, declive, etc.). Dentro do
tubo é instalado um dispositivo geralmente conhecido como "torpedo", associado principalmente ao funcionamento
total do inclinômetro. O torpedo é um elemento que contém um sensor que, a partir de uma medição de referência,
registra os deslocamentos horizontais do tubo, também de acordo com o movimento da estrutura. Não importa que a
medição seja feita na vertical, pois o inclinômetro registra a inclinação horizontal do tubo.

Figura 42 Inclinometro. Google.


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Figura 43 Perfis inclinométricos. Elaboração própria.

Para a interpretação dos perfis inclinométricos, toma-se como exemplo a Figura X. Existem dois cenários, no gráfico
a, embora existam deslocamentos horizontais significativos, não é possível identificar a superfície de ruptura, uma
vez que não foi interceptada. Portanto, neste caso, uma perfuração mais profunda é necessária para avaliar os
potenciais de corte em estratos subsequentes. No caso b, chega-se ao plano de ruptura onde o gráfico busca os valores
nulos de deslocamento. Desta forma, são interpretados os perfis de deslocamentos horizontais de uma vertical
inclinométrica.

Figura 44 Deslocamento de massas. (Lacerda, 1996).

Para representar a tipologia do comportamento dos perfis inclinométricos, a Figura X expressa o processo de
movimentação de massas coluviais, onde é mais frequente e apropriado utilizar os inclinômetros, por meio do contorno
dos gráficos de inclinometria. Neste caso, inicia-se por escoamento (c), passa a uma situação de escorregamento
translacional com zona de escoamento (b) e, por fim, caracteriza-se francamente como escorregamento translacional
com plano de escorregamento (a). Em planta, os deslocamentos tendem a se apresentarem semelhantes aos dos fluxos
de lama, com deslocamentos maiores na região central da massa.

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42. Quais são as vantagens e desvantagens da monitoração de movimentação de massa por meio de controle
topográfico?

A movimentação de massa é o deslocamento de massas de solo, devido ao excesso de água em terreno natural (chuvas
torrenciais) e devido à força da gravidade. A consequência desse movimento é que uma parte do maciço de terra
muda de elevação, ficando mais baixa que a original (Cuervo, 1999). A topografia objetiva determinar as feições do
terreno e elementos existentes. Para encostas deve ser tratada como uma sondagem superficial, apresentando trincas,
afloramentos rochosos, etc.

Vantagens:
1. As principais vantagens da utilização de drones são a rapidez com que podem ser percorridas grandes áreas e
áreas de difícil acesso.
2. Por meio de um levantamento Plani-altimétrico podem-se identificar afloramentos rochosos, perfis longitudinais,
perfil transversal, cicatrizes de ruptura, surgências d'água.
3. Como não há ponto conhecido, seja uma bancada nivelada ou uma placa com coordenadas conhecidas, as
observações podem ser calculadas em um período de até 6 horas.

Desvantagens:
1. Os métodos topográficos não permitem identificar a composição geomorfológica do terreno. Somente brindam
informações superficiais do terreno exterior.
2. Para a realização de levantamentos topográficos de muito boa qualidade, continua a ser necessária a utilização
combinada de equipamento tradicional (estação total), com equipamento de tecnologia de satélite (GPS - RTK) e
equipamento para tirar fotografias aéreas (drones).
3. A distância máxima para as leituras vai depender das condições meteorológicas e da precisão do equipamento.
4. Para poder medir as deformações usando métodos topográficos, surge o problema de estabelecer o tipo de
medição e sua precisão.
5. Só permite medir a movimentação superficial da massa do solo. Não permite conhecer o comportamento do solo
na profundidade que pode levar a presença de deslizamentos por falhas internas.

43. Para a execução de um projeto básico de um túnel em rocha, podendo escolher 3 tipos de investigação
geotécnica, quais recomendaria e como as prescreverá? Quais resultados seriam gerados? Justifique a
escolha.

Estimar o comportamento mecânico do maciço rochoso pode ser uma ferramenta útil para gerenciar o risco durante
o processo de escavação de obras subterrâneas. Isto porque impede o construtor de certas ameaças de instabilidade,
ajudam a redefinir as fases de escavação em determinados setores e a definir o tipo, a quantidade e a oportunidade
de instalação do suporte. Todos esses processos de longo prazo também se traduzem em uma otimização da construção
global deste tipo de obras.

O projeto de obras subterrâneas geralmente tem duas fases: a primeira assume certas condições do espaço
subterrâneo de acordo com as investigações básicas, e define um plano de ação antes da construção. A segunda fase
do projeto é executada durante a construção, com base nas condições encontradas durante o processo de escavação.
Esta fase é importante porque as decisões são tomadas em um curto prazo, avaliação e redesenho são feitas conforme
o progresso é feito. Para o projeto de obras subterrâneas na segunda fase, utilizam-se atualmente métodos empíricos
baseados em sistemas de classificação de maciços rochosos, métodos analíticos numéricos e métodos de observação.
Todos esses métodos estão associados a grandes incertezas, relacionadas aos problemas e condições do subsolo, e às
características particulares de cada projeto.

As investigações geotécnicas atualmente conhecidas são baseadas nos sistemas de descrição de maciços rochosos: RSR
(Wickham et al., 1972), RMR (Bieniawski, 1988), Q (Barton et al., 1980) e RMi (Palmström, 1996). Os sistemas mais
usados são o RMR e o Q. Por outro lado, o sistema GSI (Hoek & Brown, 1998) que estima os parâmetros de resistência
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final, ao invés de um sistema empírico de projeto de túnel, fornece muitas informações sobre as condições do túnel,
maciço rochoso e permite a obtenção de parâmetros mecânicos a serem aplicados em modelos numéricos ou físicos,
como os realizados nas barragens das Três Gargantas na China (Liu et al., 2003).

O Novo Método Austríaco de Tunelamento (NATM), que foi considerado "novo" nos segundos cinco anos do século 20 e
agora é um método antigo, engloba toda uma sequência de aspectos da construção de túneis, desde a pesquisa durante
o projeto até a construção e o monitoramento. Este método usa muitos dos índices de engenharia para seu
desenvolvimento, e é considerado um código de estratégia de construção. O suporte de escavações subterrâneas é
comumente definido, com base neste método e na determinação dos índices de engenharia do maciço rochoso (Pacher,
1975). A metodologia assim executada faz parecer que escavar no maciço rochoso é uma tarefa aparentemente
simples. Desta forma, poucos parâmetros mecânicos são determinados durante a escavação, várias fórmulas e ábacos
com abundantes variáveis empíricas, regras e condições, são usados para determinar o tipo de suporte ou medida de
estabilização.

44. Para a execução de um projeto executivo de uma obra de estabilização de um maciço em solo, podendo
escolher 2 tipos de investigação geotécnica, quais recomendaria e como as prescreverá? Quais resultados
seriam gerados? Justifique a escolha.

Os primeiros sinais de instabilidade de maciços em solo são o aparecimento de fissuras de tração e afundamentos na
parte superior da encosta e nos flancos do movimento de taludes. Essas fissuras podem se encher com água, facilitando
a saturação dos solos com a consequente redução de sua resistência ao cisalhamento; ao mesmo tempo, as forças
hidrostáticas que desestabilizam a encosta são aumentadas.

Método do talude infinito:

Nas condições em que uma falha ocorre paralelamente à superfície do declive em uma certa profundidade, e o
comprimento da falha é 10 vezes em comparação com sua espessura, a análise de declive infinito pode ser usada
aproximadamente.

Considerando-se o solo com um material rígido perfeitamente plástico e o problema é submetido a uma análise por
equilíbrio limite, ou seja, desconsideram as deformações. Admite-se que o solo se comporta como um corpo rígido
que pode escorregar sobre uma superfície de geometria conhecida. Considera-se que a superfície crítica ou superfície
de ruptura pode ser representada pela forma planar. As análises são determinísticas, isto é, despreza-se a
variabilidade natural dos parâmetros e se adotam valores médios que se presume serem representativos dos solos
envolvidos. A resposta da análise é um número adimensional denominado de Fator de Segurança (FS), que é o
quociente entre a resistência disponível e as solicitações atuantes.

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Figura 45 Fator de segurança em encostas.

Equilíbrio limite:

Esta solução foi proposta por Coulomb em 1776. Consiste em assumir a forma geométrica da superfície da falha,
geralmente baseada em observações de superfícies de falha reais, e introduzir procedimentos simplificadores entre
os quais a tensão normal na superfície da falha é aproximada, até encontrar a relação entre as forças atuais e
resistentes no equilíbrio limite ou condição de falha iminente. Tendo em conta as dificuldades que a solução
matemática apresenta e as facilidades de cálculo da solução convencional, a maior parte dos métodos de análise
baseiam-se no princípio do equilíbrio limite.

Drenos Sub-horizontais Profundos:

Os drenos sub-horizontais profundos (DHPs) merecem destaque em função da


Sua recorrente aplicação em obras geotécnicas. Conforme explica Bastos (2006), os DHPs são executados por meio de
uma perfuração sub-horizontal, com diâmetro que varia em torno de 50 a 100 mm. A inclinação da perfuração tem,
geralmente, de 5º a 10º para cima, de modo a permitir a saída de água por gravidade. Um tubo, com diâmetro um
pouco menor que a perfuração, é inserido no furo. A maior parte da extensão da tubulação, geralmente de PVC rígido,
é constituída por trecho filtrante, através de furos ou ranhuras no tubo. Esse trecho é comumente envolvido por
geotêxtil ou tela de nylon, para evitar o carreamento de solo.

45. Em que situações um dreno sub-horizontal (DHP) pode apresentar redução na sua capacidade hidráulica? Qual
seria a técnica de limpeza dos DHPs? Como ocorre a colmatação de um DHP?

Na colmatação de um dreno sub-horizontal profundo (DHPs), o principal problema é que a área do perímetro do duto
é muito pequena e uma torta de solo é depositada próximo ao geotêxtil, que generalmente recobre o dreno, o que
diminui drasticamente a capacidade hidráulica do DHPs. Nos casos em que uma colmatação significativa é prevista,
geotêxtil deve ser fornecido ou manutenção periódica deve ser realizada através da limpeza do DHPs com ar ou água
pressurizada.

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