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PECUÁRIA SUSTENTÁVEL

Pastagens sustentáveis: um sonho possível.


Jurandir Melado (*)

Eu tenho um sonho.

Pegando uma carona no famosíssimo discurso do Nobel da Paz Martin Luther King, em que
disse: “I have a dream”, se referindo ao sonho de ver, um dia, os direitos da minoria negra serem
reconhecidos e respeitados pela sociedade americana, quero dizer que eu também tenho um
sonho.

O sonho de ver por onde eu passar, apenas pastagens magníficas, conservadas, diversificadas,
arborizadas e produtivas, onde animais se alimentam, se protegem e, por que não, se divertem,
em um ambiente quase edênico, como disse o meu querido irmão Judismar, se referindo às
cabriolices da vaca Marruda na Pastagem Ecológica da Fazenda Ecológica, em sua contribuição
para o meu último livro.

Este sonho, inicialmente inconsciente, tem me acompanhado, em diversas formas, pela minha
vida afora. Eu, que nasci na cidade de Mantena no interior de Minas, sempre gostei do ambiente
das fazendas. Tanto que eu era capaz, quando cursava o ginásio naquela cidade, de pedalar por
dezenas de quilômetros, ida e volta, para ir passar o dia trabalhando (e brincando de piscicultor!)
na fazenda do tio Wilson. Lembro-me também de como eu, com menos de treze anos, ia
alegremente, com um carrinho de mão, buscar esterco nas fazendas vizinhas do lugarejo de
Santo Onofre, para a nossa horta doméstica, que eu ajudava a minha mãe D. Judith cultivar e
irrigar com água tirada de um profundo poço, com balde, corda e manivela.

Descobri que existia o curso de Agronomia, através de um colega do mano Judismar, que se
formou em 1967 na Universidade de Viçosa. Se existia um curso superior sobre agricultura e
pecuária, com certeza era neste que eu me formaria! Tentei ir para Viçosa em 67 para cursar o 3º
ano de contabilidade e fazer o cursinho para agronomia. Como os horários coincidiam,
impedindo-me que fizesse o cursinho em Viçosa, acabei freqüentando o cursinho “MEDENG”,
voltado para o vestibular de medicina em Belo Horizonte, ao mesmo tempo em que concluía o
Curso Técnico de Contabilidade no “Colégio Comercial Brasileiro”. Com o cursinho de BH,
consegui passar no vestibular da UFV e iniciar o Curso de Agronomia em março de 1968.

Durante o curso, a cada semestre eu me apaixonava por alguma matéria, sempre espelhado em
algum professor admirável. No básico, foi pela Botânica, por conta da dedicação de professores
como Chotaro Shimoya; já na parte profissional do curso, me apaixonei pela fruticultura,
ministrada pelo entusiasmado prof. Ivo Manica. Depois, já na “diversificação” em Zootecnia, fui
definitivamente “fisgado”, pela forragicultura, pelo exemplo do profº Rasmo Garcia, sob cuja
orientação organizei e apresentei para a turma um seminário sobre o, na época revolucionário,
capim Brachiaria.

Ainda na UFV, tomei conhecimento do Pastoreio Racional Voisin, através de um texto quase
clandestino, que falava resumidamente das 4 leis do Pastoreio Racional de André Voisin, e
relatava exemplos de sucesso na sua aplicação, entre elas a Fazenda Conquista, do pioneiro Nilo
Romero. A partir daí, nasceu em mim e nunca mais se extinguiu, o sonho de conhecer melhor
este sistema revolucionário e adota-lo como linha mestra para o meu trabalho.

MANEJO SUSTENTÁVEL DE PASTAGENS – PASTOREIO RACIONAL VOISIN – PASTAGEM ECOLÓGICA 1


Eng. Agr. Jurandir Melado (CREA-MT: 456/D)
Rua Joaquim da Silva Lima, 207 – Apto 102 -Ed. Palmares Centro – 29200-260 - Guarapari - ES
Telefax: (27) 3362-2258 <> (27) 9949-9268 (cel.)
Site: www.fazendaecologica.com.br <> E-Mail: fazendaecologica@uol.com.br - juramel@terra.com.br
PECUÁRIA SUSTENTÁVEL

A primeira tentativa de implantação do Pastoreio Voisin foi numa pequena propriedade


comprada em 1973, em Jaurú, em plena Amazônia mato-grossense. O meu primeiro projeto
Voisin, elaborado para a área, acabou não sendo implantado, pois o banco não aceitou nos
conceder o financiamento necessário. Posteriormente resolvemos vender a propriedade, cuja
grande distância de Cuiabá tornava sua administração difícil e onerosa.

Com isto o sonho de implantação do Pastoreio Voisin ficou postergado até a aquisição da
Fazenda Ecológica, próxima 100 km de Cuiabá, ocorrida em 1.987.

O início da concretização do sonho: Fazenda Ecológica.

A aquisição, em 1987, de uma área de cerrado nativo localizada no município de Nossa Senhora
do Livramento, na baixada cuiabana, depois batizada de Fazenda Ecológica Santa Fé do
Moquém, foi o início da concretização de um sonho não só meu, mas também dos meus irmãos e
sócios Judismar Clemente Melado e Cláudio Mellado. O nosso sonho naquela época era a
implantação de uma fazenda onde a premissa básica fosse o emprego do Pastoreio Voisin e o
respeito pela natureza. Desde o início, resolvemos não usar desmatamentos, queimadas e
arações da terra na formação das pastagens. O resultado foi o que passei a chamar de Pastagem
Ecológica ou Sistema Voisin Silvipastoril. O próximo passo foi a formalização e divulgação da
Pastagem Ecológica, que acabou se tornando sinônimo de pastagem sustentável, sendo tema de
inúmeros artigos, livros, videocurso, reportagens em jornais e revistas e programas na TV.

A Pastagem Ecológica já está se tornando uma política pública, fazendo parte das estratégias de
importantes programas institucionais e governamentais voltados para o desenvolvimento
sustentável e sendo aplicada por produtores particulares em diversas partes do país. A Fazenda
Ecológica, por conta do sucesso da Pastagem Ecológica, tem hoje como principal missão, abrigar
campos de experimentação e unidades demonstrativas de técnicas agroecológicas e sustentáveis,
com ênfase na Pastagem Ecológica e o Pastoreio Racional Voisin.

A Fazenda Ecológica, que se tornou um exemplo de sustentabilidade e produtividade, é hoje


uma verdadeira relíquia, onde convivem harmonicamente animais felizes e bem nutridos, em
uma pastagem ideal, ao lado de áreas de cerrado nativo preservado, como uma ilha da fantasia
num mar de degradação representada pela região no entorno. Com a Fazenda Ecológica tive a
certeza de que uma pastagem sustentável e produtiva era um sonho não só possível como
também alcançável sem grandes dificuldades.

O maior problema da pecuária: no manejo convencional, ainda predominante, a


pastagem não é sustentável.

O sistema de pastoreio contínuo no qual os animais ficam na mesma parcela de pastagem um


período longo e indefinido, é o grande vilão da pecuária. Com este sistema de manejo (ou
melhor: ausência de manejo), as forrageiras são submetidas a desfolhamentos sucessivos, sem
que lhes seja dada, após cada período de pastoreio, um período de descanso, necessário à
recomposição dos estoques de substâncias de reserva, que permitem o seu adequado e
continuado desenvolvimento, necessário à evolução e perpetuação da pastagem.

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Com o gado permanentemente sobre a pastagem, ou a sua permanência por longos períodos, a
primeira tendência é a hipotrofia das forrageiras, que nunca conseguem atingir o seu ponto
adequado de desenvolvimento (a não ser em situações de sub-pastoreio). A redução da parte
aérea provoca a diminuição do volume de raízes, reduzindo a capacidade da planta de buscar em
camadas mais profundas do solo os nutrientes e a água que necessita, fechando um ciclo vicioso
que acelera a degradação.
Com a redução progressiva do porte das forrageiras, começa a aparecer na pastagem os locais
com o solo descoberto (carecas), facilitando o efeito da erosão, tanto pela chuva quanto pelo
vento. Mais uma vez ocorre uma aceleração do processo de degradação, levando em alguns anos
a uma situação intolerável, que requer uma providência drástica, que é a reforma completa da
pastagem.
Acredito que este ciclo pernóstico de formação – degradação – reforma das pastagens, seja o
principal fator de descapitalização dos produtores pecuaristas, que são obrigados a gastar
periodicamente em reformas perfeitamente evitáveis, parte significativa dos lucros obtidos nos
anos anteriores.

Degradação das pastagens: um problema generalizado.

A degradação das pastagens está rapidamente se tornando um problema em escala mundial. Em


alguns locais, principalmente na África e na Ásia, mas também em diversas regiões do Brasil,
México e até dos Estados Unidos, o problema é tão grave que a conseqüência é a desertificação
que avança de forma alarmante sobre as áreas de pastagens.
No Brasil, em praticamente todas as regiões, já é muito preocupante o estado de degradação das
pastagens. Em minhas viagens, tenho tido oportunidade de ampliar muito a minha coleção de
fotos (tanto indesejada, quanto educativa!) de pastagens degradadas.

Como por motivos familiares e de trabalho, estou no momento morando na região sudeste, tenho
ficado estarrecido com a situação predominante nas pastagens ao longo das estradas que ligam
Guarapari – ES, a Viçosa – MG, passando pelo Estado do Rio de Janeiro. Neste trecho que
percorro frequentemente, grande parte das pastagens está em estado avançado de degradação,
principalmente nos morros. As poucas que estão em bom estado, apresentam sinais de recente
reforma ou de pouco uso.
Deixa-me às vezes transtornado ver tanta degradação onde, por meio de uma simples mudança
de atitude (e, é claro, da aquisição de conhecimentos e de um pouco de investimento bem
dirigido), poderiam existir pastagens em bom estado, sustentáveis e produtivas. Isto aviva ainda
mais o meu sonho.

Unidades Demonstrativas de Manejo Sustentável de Pastagem: ver para crer.

Os sonhos, porém não se concretizam sem dedicação e trabalho. Por isto, tenho lutado nestes
quase 3 anos que estou morando na região sudeste, no sentido de implantar nesta região,
unidades demonstrativas onde as técnicas recomendadas para a recuperação racional, o aumento
da produtividade e a obtenção da sustentabilidade das pastagens pudessem ser verificadas na
prática, como já ocorre em Mato Grosso, com a Fazenda Ecológica Santa Fé do Moquém e as
UDs implantadas com apoio do Programa Fogo da Cooperação Italiana na Região Norte.

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Como viajo muito entre Guarapari – ES e Viçosa – MG, eu tinha grande interesse em implantar
projetos ao longo deste percurso. Isto já está acontecendo, com projetos nos extremos (Guarapari
e Viçosa) e no meio do caminho, Itaperuna – RJ. O projeto da “Fazenda Ecológica Rancho
Novo” de Guarapari, cuja implantação ocorreu em agosto de 2004, já apresenta resultados
surpreendentes, tanto na recuperação das pastagens, quanto no aumento da produtividade. Neste
projeto, já estamos na fase de diversificar as forrageiras, introduzindo novas espécies de
gramíneas e leguminosas e também a arborização das pastagens. Os outros dois projetos, com
menos de 1 ano de implantação, já apresentam sinais claros de evolução sobre a situação inicial.
Estas UDs já se encontram disponíveis para visitação, sendo que o interessado deverá entrar em
contato conosco para as orientações necessárias.

Recuperação Racional de Pastagens Degradadas.

No conceito convencional é comum para recuperação de pastagens, se usar os recursos da


adubação ou da reforma completa, com mecanização do solo, adubação e novo plantio da
forrageira. Será que toda a área a ser recuperada necessita deste recurso drástico e oneroso? Na
realidade, as pastagens não se degradam de forma homogênea, sendo mais provável que a maior
parte da pastagem possa ser recuperada apenas com um manejo adequado. Porém, se não houver
divisões na pastagem, como tratar de forma diferente as partes em diferentes estágios de
degradação?

Já a reforma racional de pastagens, começa exatamente pela sua adequada divisão, de forma a
permitir o manejo racional (Pastoreio Racional Voisin). Com a pastagem dividida, podemos
classificar os piquetes de acordo com seu estágio de degradação:
Grupo A, provavelmente com a maior parte dos piquetes, com degradação leve, que podem ser
recuperados apenas com o manejo correto (curtos períodos de ocupação, seguidos de períodos
suficientemente longos de repouso);
Grupo B, dos piquetes com degradação média, que podem ser recuperados apenas com repousos
mais prolongados, e plantio de forrageiras (gramíneas e leguminosas) nas falhas do pasto;
Grupo C, dos piquetes apresentando degradação severa, que necessitam providências mais
intensas quanto ao replantio das forrageiras e de uma vedação até a sua completa recuperação.

Com este esquema, apenas uma pequena parte dos piquetes necessitará de um tratamento mais
drástico. A maior parte do custo recairá na construção das cercas (cerca elétrica, de baixo custo),
que seriam mesmo necessárias para o manejo racional. O custo da implantação de um projeto de
manejo racional equivale aproximadamente ao custo da reforma convencional completa da
pastagem. E o gasto em cercas é um investimento em infra-estrutura que será realizado apenas
uma vez, possibilitando o manejo racional que resultará na recuperação, na elevação da
produtividade e na sustentabilidade da pastagem.

Um sonho compartilhado por muitos.

Quando um sonho se manifesta em apenas uma pessoa, dificilmente se tornará realidade. Não é o
caso do meu sonho sobre pastagens sustentáveis. Este não é apenas sonho, mas a missão de vida
de um número cada vez maior de pessoas. Acredito que todo aquele que conhece e acredita no
trabalho e na filosofia do Mestre André Voisin, compartilha este sonho, com a certeza de que ele
é possível!

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Eu não me arriscaria numa listagem abrangente destes “sonhadores”, mas não posso me furtar de
citar alguns nomes expressivos: a começar pelo próprio André Voisin, formalizador do Sistema
de Pastoreio Racional, que dedicou boa parte de sua vida para provar ao mundo que o sonho da
pastagem sustentável era factível. Em homenagem a André Voisin, este método ficou conhecido
por “Pastoreio Racional Voisin”. Infelizmente, o Mestre faleceu precocemente em 1964, na
capital Cubana, quando iniciava a divulgação de suas idéias pelos trópicos e apenas sete anos
após publicar o primeiro livro de sua magnífica obra. Em 1965, ocorreria a primeira visita de
Voisin ao Brasil.

Caso a visita do Voisin tivesse acontecido, ele encontraria aqui outro grande sonhador, o Eng.
Agr. Nilo Ferreira Romero, que já em 1963, implantou o “Projeto Voisin” pioneiro no Brasil, em
sua Fazenda Conquista (Bagé – RS), que continua após mais de 40 anos, sendo o principal
testemunho da sustentabilidade das pastagens, com um ganho de peso vivo em bovinos numa
média de 300 kg/ha/ano, mais que o triplo do alcançado com o método convencional na região.
Daqui do Brasil, eu poderia citar ainda, apenas dentre os autores de obras sobre o tema, outros
sonhadores, como Humberto Sorio Jr., André Sorio, José Carlos Lyra Fleury e Ana Primavesi.
Outros destaques são: Arno Klocker Hornig, do Chile; Edgardo José Vanoni, da Argentina;
Guillermo Lebrón do Paraguai e Pedro Pablo Del Poso Rodrigues de Cuba. Até nos Estados
Unidos, berço da nada sustentável “Revolução verde” tem sonhadores, aqui representados por
Bill Murphy e Allan Savory, que são cada um do seu modo, grandes divulgadores do Pastoreio
Voisin naquele país.

Para não faltar com a justiça, preciso citar também outras pessoas influentes, que apesar de não
serem autores ou consultores na área específica do Manejo Sustentável de Pastagens, têm
apoiado no âmbito de suas instituições e programas o sonho da divulgação do conceito de
pastagens sustentáveis. São eles: Sérgio Henrique Guimarães e Jean Carlo Figueira, do Instituto
Centro de Vida – ICV (www.icv.org.br); Antônio Cláudio Horta Lisboa Barbosa (Tony), do
Instituto Pro-Natura (www.pronatura.org.br); Peter May e Jean Dubois, da Rede Brasileira
Agroflorestal - REBRAF (www.rebraf.org.br); Marília Carnhelutti, Rildo Eburnio e Heitor
David Medeiros, do Instituto Floresta (www.institutofloresta.org.br); Roberto Bianchi, da
Cooperação Italiana e do “Programa Fogo” (www.embitalia.org.br) e o Profº Steve Vosti, da
Universidade da Califórnia – USA (vosti@primal.ucdavis.edu).

Agora, para citar nominalmente a legião de produtores que acreditando no PRV, estão
contribuindo com a expansão do Manejo Sustentável de Pastagens, com a implantação projetos
em suas propriedades sob a orientação de dezenas de consultores, faltaria espaço neste artigo.
Para representá-los, citarei apenas um, o meu primeiro cliente, meu médico de confiança, maior
incentivador e grande amigo, Dr. José Alberto Alves, de Cuiabá MT.

O que falta para ser definitivamente reconhecida a possibilidade de Pastagens


Sustentáveis?

No meu entender, o que ainda falta hoje é o mesmo que faltou nestas quatro décadas desde a
implantação do primeiro projeto Voisin pelo Dr. Nilo Romero: a disposição das grandes
universidades e dos institutos oficiais de pesquisa de promover estudos e ensaios sobre os vários
aspectos do Pastoreio Racional Voisin, em comparação com outros métodos de manejo da

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pastagem e de procurar os conhecimentos comprovados pela evidência do sucesso em campo em


inúmeros projetos espalhados por todo o país.

As mais importantes universidades do país, tendo entre raras e honrosas exceções, a


Universidade Federal de Santa Catarina e a Universidade de Passo Fundo RS, ignoraram
solenemente os conhecimentos agregados na rica obra de André Voisin. Estas universidades, que
mesmo contando com estes preciosos livros no acervo de suas bibliotecas, não tiveram por eles o
merecido interesse. São raras as publicações sobre manejo de pastagens originadas nestas
universidades, que cite algum livro de Voisin ou de outro autor voisinista em sua bibliografia.
Com isto, inúmeras gerações de Agrônomos, Veterinários e Zootecnistas saíram e continuam
saindo destas universidades, desconhecendo que o principal fator que concorre para a degradação
ou para a produtividade e sustentabilidade de uma pastagem é o sistema de manejo utilizado.

Os institutos de pesquisa que neste mais de 40 anos deixaram de considerar o Pastoreio Racional
Voisin em seus projetos de pesquisas, caso o tivessem feito, poderiam ter dado ao país um
presente de valor incalculável, que com certeza teria colocado a mais tempo a pecuária do Brasil
em destaque mundial.

O correto manejo das pastagens, que eleva tremendamente a produtividade, possibilitando mais
animais por unidade de área, diminuiria a pressão por incorporação de novas áreas para a
expansão de atividade pecuária, concorrendo assim para a preservação do cerrado e da floresta
amazônica. O manejo correto também evitaria a necessidade das reformas periódicas tão comuns
na recuperação convencional das pastagens, atividade onerosa que vem concorrendo de forma
decisiva para a descapitalização do setor pecuário.

Mas ainda há tempo para uma correção de rumo. E eu sinto que isto já está acontecendo, por
conta de um grande número de técnicos, professores e pesquisadores mais conscientes, que já
consideram irreversível a marcha da agroecologia e vêem nela a única garantia para a
sustentabilidade da produção de alimentos e outros produtos agrícolas, sem pagar o preço da
destruição do planeta. Como o Pastoreio Racional Voisin é por excelência uma tecnologia
agroecológica, fatalmente acabará tendo a atenção que merece, tornando possível a concretização
do meu grande sonho!

(*) Jurandir Melado é Eng. Agr. (UFV, 1971), Professor


(aposentado) da UFMT, Consultor e autor de livros sobre Manejo
Sustentável de Pastagens.
Fone: (27) 3362-2258 – E-mail: juramel@terra.com.br
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