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Curso Básico de Praticantes

de Agricultura Natural
EaD

Módulo 2
Agricultura
Natural
Do Oriente Para
o Ocidente

1
SECRETARIA DA HORTA CASEIRA

Diretor da Divisão de Expansão:


Reverendo Roberto Massao Tateyama

Gestor da Secretaria da Horta Caseira:


Ministro Carlos Daniel de Souza Rodrigues

Representantes de Planejamento:
Ministro Carlos Daniel de Souza Rodrigues e
Claudinei Severino Dias da Cruz

Assistentes administrativos:
Camila Costa Silva

Revisão Linguística:
Ivna Fuchigami

Fotografia:
Arquivos da Secretaria da Horta Caseira e SEDOMM

Produção:
Divisão de Comunicação – Sede Central

Tiragem:
Digital

Correspondência:
Rua Morgado de Mateus, 77 – Vila Mariana
São Paulo – SP – CEP 04015-050
horta@messianica.org.br – (11) 5087-5124

2
INTRODUÇÃO
A Agricultura Natural é de vital importância para a ex-
pansão e difusão da fé messiânica, que tem como objetivo a
concretização de um mundo paradisíaco. Para atingir esse ob-
jetivo Meishu-Sama, idealizou um método de salvação que pos-
teriormente foi dividido em três pilares: Johrei, Agricultura e
Alimentação Natural, e Belo.
Criado em 2011, o Programa Horta em Casa estimula o
praticante a se religar às suas origens, levando-o a sentir e per-
ceber a Natureza promovendo o polimento da forma de agir
com o seu semelhante. O contato diário com o solo e as plantas
possibilita ao praticante aprender o verdadeiro Amor de Deus,
receber graças Divinas e ser capaz de expandir a Coluna de Sal-
vação da Agricultura Natural preconizada por Meishu-Sama.

1. HISTÓRIA DA AGRICULTURA
Aproximadamente entre 12.000 a 4.000 a. C., o ser huma-
no deixou de dedicar-se à caça-coleta para alimentar-se. Esse
período encerra um ciclo migratório que o levava a percorrer
várias áreas, explorando predatoriamente o alimento encon-
trado e consumindo-o. Assim, ele esgotava o que a Natureza
fornecia espontaneamente, sem a consciência de que a não re-
posição o levaria a extrair em outras terras.
O extrativismo, uma das mais antigas práticas do ser hu-
mano, deu passagem a uma forma de subsistência em que as
pessoas plantavam o próprio alimento.
Enquanto predominava o nomadismo e a confiança de
que no próximo local haveria abundância de alimento e água,
não havia a preocupação com a escassez.

3
Quando as pessoas se tornaram sedentárias, passaram a
dedicar-se à agricultura extensiva1, e esta constituía uma alter-
nativa de sobrevivência.
Evidentemente, problemas sugiram, pois ao fixar mora-
dia, o ser humano teria que produzir os alimentos. Assim sendo,
surgiu a agricultura, que consistia no sistema de derrubada e
queimada da vegetação nativa para abrir espaço para o plantio
de sementes, que futuramente seriam a base da alimentação
das famílias e da aldeia.
Nos últimos cinquenta anos, a humanidade passou por
profundas transformações jamais vistas na História, em que a
tecnologia se enraizou na vida humana, proporcionando facili-
dades e dependência em vários níveis.
O estado normal da Natureza é realizar a manutenção da
vida através da alimentação, então o que o homem está fazendo
com ela? Por que a sociedade não acorda para sua situação de
droga dependência? Seja na agricultura ou nas criações de ani-
mais, apresentam-se forte utilização de agroquímicos e antibi-
óticos, produzem-se alimentos sintéticos sem energia vital, vi-
taminas tecnicamente processadas, promotores de crescimento
etc. O ser humano entrou num círculo vicioso errado na manu-
tenção de sua saúde, tornando-se escravo de uma alimentação
vistosa, mas, intoxicada, de má qualidade e sem sabor (LIMA,
A.M. & ARANA, A. R. A 2013).
Meishu-Sama foi um ferrenho crítico dos métodos que
utilizam matérias sintéticas ao invés de orgânicas para estimu-
lar a produção. Da mesma forma, discorda da utilização de con-
trole de pragas por meio de produtos químicos.

1
Agricultura extensiva é um tipo de agricultura caracterizada pelo uso de
técnicas rudimentares ou tradicionais na produção. Normalmente é utilizada
para mercado interno ou para subsistência.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura_extensiva Acesso em: 11 abr. 2019.

4
2. BIOGRAFIA

2.1 História do Fundador – Criador do Método da Agricultura


Natural
O idealizador do método de Agricultura Natural,
Meishu-Sama, fundador da Igreja Messiânica Mundial, nasceu
em 23 de dezembro de 1882 na cidade de Tóquio, no bairro de
Hashiba, situado em Asakusa, às margens do rio Sumida.
Durante parte de sua vida, enfrentou diversos problemas de
saúde que tiveram início na infância e se estenderam à idade adulta.
Aos 15 anos, Meishu Sama contraiu pleurisia e foi desen-
ganado pelo médico.
Com a saúde bastante debilitada, ele decidiu tentar a cura
com algum método diferenciado. Ao ler um livro sobre plantas
medicinais, Meishu Sama observou o poder de terapêutico das
flores, folhas e frutos e teve a ideia de se alimentar com uma
dieta à base de vegetais, que o levou a restabelecer a saúde.

2.2 Origem da Agricultura Natural


O princípio da Agricultura Natural teve ocorreu com a
publicação do poema sobre o ciclo da vida, em 20 de novembro
de 1931:
“Quando apanho uma folha seca caída no chão,
sinto nela a indiscutível Lei do Ciclo da Vida.”

5
De acordo com Meishu-Sama, a Agricultura Natural é o
método indicado por Deus. E o que seria essa agricultura?
Uma agricultura que respeita a força do solo que, no esta-
do puro e sem interferência humana, produz alimentos poten-
cializados de energia vital, a qual sustenta o espírito do homem
e o mantém saudável. É o método que utiliza apenas matéria
orgânica vegetal e respeita o tempo certo de que cada planta
necessita para o ciclo de produção.
Sobre o ciclo de produção em 1949, no Ensinamento “Res-
peite a Ordem”, o Fundador descreve a importância da ordem
natural do tempo:

Observando os movimentos de todas as coi-


sas da natureza, podemos notar que estas se movem
dentro de uma perfeita ordem. Por exemplo, as es-
tações do ano seguem determinada sequência: do
inverno passa para a primavera, depois para o ve-
rão e, finalmente para o outono. As flores também
desabrocham seguindo essa mesma ordem: primei-
ramente as das ameixeiras, depois as das cerejeiras,
seguidas das glicínias e das íris. A criação e o desen-
volvimento na natureza ocorrem todos os anos sem
nenhuma falha. Assim, ela nos ensina a ordem. Se
o ser humano desconhecer o que é ordem e lhe for
indiferente, nada se passará em harmonia. Os obs-
táculos serão frequentes, e o caos se estabelecerá fa-
cilmente. No entanto, até hoje, a maioria dos seres
humanos não têm respeitado a ordem, o que é com-
preensível, pois não há quem os ensine a fazê-lo2.

Se desconsiderarmos o fator “tempo”, praticaremos uma


agricultura antinatural. Ao se cultivar uma cultura que esteja
fora de sua época, a probabilidade de insucesso é muito gran-
2
Okada M. Não Transgrida a Ordem. In. Alicerce do Paraíso, v. 4 São Paulo,
Fundação Mokiti Okada, 6ª. Ed. revisada p. 112. 2019.

6
de, o que levou a agricultura moderna convencional a trilhar
o caminho de compensar a necessidade das culturas de forma
sintética.
Em 15 de julho de 1935, no Curso Kannon3 ministrado por
Meishu-Sama, este afirmou que no futuro “viria uma época em
que se colheriam produtos em abundância”.
O Fundador incentivou e orientou a respeito da prática
da Agricultura Natural, ao perceber a pobreza extrema vivida
pelos agricultores se dedicavam ao plantio e sobreviviam des-
sa atividade. Muitas vezes alugavam terras e sofriam com os
altos custos dos agroquímicos, além de estarem sujeitos às in-
tempéries da natureza, chegando muitas vezes a perder toda a
produção. Acrescente-se a isso o fato de que, em determinados
momentos, não tinham nem o que comer.
Em 1934, Meishu-Sama escreveu:
“Não há um dia sequer
Que os jornais não publiquem
Artigos sobre a devastação
Das terras agrícolas.
Que peso no meu coração.”

2.3 A natureza como seu laboratório - início com a prática de


Meishu-Sama
Meishu-Sama tinha por hábito fazer experiências. É im-
portante relembrar que, ao ser acometido de uma doença grave
e sem expectativa de cura, fez pesquisas e alcançou seu objeti-
vo. Essa cura iniciou uma fase de estudos sobre um novo méto-
do agrícola.

3
Curso Kannon esclarecia a Verdade baseada na Revelação Divina, como, por
exemplo, a Providência de Deus, a verdadeira natureza de Kanzeon Bossatsu,
a realidade dos Mundos Divino, Espiritual e Material e a missão do homem.

7
Esses estudos comprovaram que, assim como parte da
medicina negligencia a força do poder natural de recupera-
ção da energia vital humana, na agricultura muitos produto-
res ignoram a força do poder natural do solo e optam pelo uso
de agroquímicos, intoxicando o solo e, consequentemente, as
plantas. Isso seria a causa do aparecimento das pragas e doen-
ças. Segundo Meishu-Sama, é a mesma relação que se dá com o
corpo humano: este se enfraquece por conta das toxinas, dando
origem ao surgimento de doenças. É possível fazer uma ana-
logia aos medicamentos, conforme descrito no Ensinamento
abaixo:

A mesma lógica se aplica ao cultivo agríco-


la livre de adubos, que eu preconizo. Vemos que a
agricultura praticada até hoje apresenta, tempo-
rariamente, bons resultados com o uso de adubos
sintéticos e esterco, mas estes matam a terra e, por
isso, ela está se tornando cada vez mais improduti-
va. Sem perceber isso, as pessoas mostram-se fasci-
nadas diante do êxito ocasional obtido com o adubo.
Por fim, tanto a terra como o ser humano ficam in-
toxicados.

Tal raciocínio também é válido para a medici-


na atual. Durante um período, o tratamento realiza-
do com medicamentos e equipamentos apresenta-se
eficaz. No entanto, com o passar do tempo, ocorrem
efeitos contrários, e o estado de saúde piora4.

No estudo e criação do método agrícola, ele contou com a


participação de seu primeiro discípulo, Mitiaki Okaniwa, que o
acompanhou até o ano de 1938.

4
Okada M. Está Errado Dizer Que os Honestos Saem Perdendo. In. Alicerce
do Paraíso, v. 1 São Paulo, Fundação Mokiti Okada-MOA, 6ª. Ed. revisada e
ampliada. p. 174-175. 2017.

8
2.4 Formação de praticantes da Agricultura Natural
As pesquisas e o desenvolvimento das atividades ligadas
à Agricultura Natural estiveram nas mãos de voluntários que,
para desenvolver o método, preferiam contar com pessoas ama-
doras, que eram orientadas pelo próprio Meishu-Sama.

2.5 Princípio da Agricultura Natural


Meishu-Sama desenvolveu um método de agricultura que
está basicamente voltado para o solo e consiste em fazer com
que ele manifeste sua força. Sobre o solo, ele escreveu:

Deus, Criador do Universo, assim que fez o ser


humano, criou o solo, a fim de que este produzisse
alimentos suficiente para a nutri-lo. Basta semear
a terra que a semente germinará, e o caule, as fo-
lhas as flores e os frutos se desenvolverão, propor-
cionando-nos fartas colheitas no outono. Assim, o
solo que produz o arroz é um excelente especialista,
ao qual deveríamos dar preferência. Obviamente, já
que se trata da força da Natureza, a pesquisa sobre
essa força deveria ser o foco da ciência. Entretanto,
esta se enganou: dependeu mais do poder humano
do que da força da Natureza5.

O solo é capaz de produzir sem a interferência humana,


bastando semeá-lo. O ser humano, desconhecendo esta capaci-
dade ou movido pela ganância de produzir em larga escala em
curto espaço de tempo, passou a fazer uso indiscriminado de
agrotóxicos e fertilizantes impedindo que o solo desenvolva sua
missão: produzir os alimentos e demais atividades necessárias
para suprimir as necessidades dos seres. O solo sujo dá origem
às doenças nas plantas, sendo uma das causas da redução da

5
Okada M. Princípio da Agricultura Natural. In. Alicerce do Paraíso, v. 5 São
Paulo, Fundação Mokiti Okada, 6ª. Ed. revisada. p. 39. 2019.

9
biodiversidade do solo e do ecossistema.
Apresentando um contraponto à crença de que a causa
das más colheitas é a falta de adubos, ele alerta que o uso exa-
gerado daqueles no solo, torna-o fraco. As pragas, que apare-
cem em abundância, são atraídas às plantas fracas em razão da
quantidade de toxinas dos agroquímicos.
A definição de solo se dá pela aglutinação de três ele-
mentos, que são a terra, a água e o fogo. O primeiro elemento
tem a missão de promover o crescimento das plantas. Os dois
restantes são elementos que auxiliam no processo evolutivo da
cultura. Para a ciência, esses três elementos correspondem ao
oxigênio, hidrogênio e nitrogênio, respectivamente.
Para Meishu-Sama, “o método para tornar o solo fértil,
sem dúvida, consiste em fortalecer sua vitalidade”6. O resultado
pode ser obtido por intermédio de algumas práticas e cuidados
como: torná-lo puro e limpo, fazer a repetição de cultura, elimi-
nar adubos químicos e estercos.

3. A Agricultura Natural do Oriente para o Ocidente


Em 1954, Noboru Senoo (1915 - 1986) recebe o Ohikari, no
Japão. Ele fora um combatente do exército japonês na Segunda
Guerra Mundial e, ao retornar ao Japão, dedicou-se à agricul-
tura.
Senoo não obtivera sucesso no início como agricultor. Sua
produção era prejudicada. O terreno onde era feito o cultivo,
por ser próximo ao mar, era um mangue, o que exigiu que fosse
aterrado. A área apresentava um solo salino e, por essa razão,
dificultou o trabalho do agricultor, que sofreu prejuízos finan-
ceiros. Sem desistir, ele teve sucesso após três anos de tentativa.

6
Okada M. Cultivo Agrícola Sem Adubo. In. Alicerce do Paraíso, v. 5 São
Paulo, Fundação Mokiti Okada, 6ª. Ed. revisada p. 20. 2019.

10
O Japão atravessava uma grande crise econômica decor-
rente do alto investimento bélico. Por imposição do governo, a
comercialização de diversos produtos, inclusive de arroz, não
poderia ser feita diretamente com o produtor.
Nos três anos em que Senoo esteve amargando prejuízo
na lavoura, buscava arroz na propriedade do irmão. A distância
era por volta de 50 km, que ele percorria de bicicleta.
Quando retornava com o arroz, era parado pela polícia,
que ameaçava reter o produto por achar que estava infringindo
a regra imposta pelo governo. Ao ser interpelado, Senoo afir-
mava que o produto apreendido faria com que ele retornasse à
propriedade do irmão para buscar mais arroz, pois sua família
estava passando fome.
A alimentação da família era à base de sopa rala de arroz,
em que 80% era água.
No mesmo ano, Senoo recebe o Ohikari7, ingressando
na IMM. Passa a frequentar os cultos e ouvia as palestras de
Meishu-Sama.
Em março de 1957, recebe o certificado da 1ª aula com as
técnicas da AGN das mãos do responsável da difusão da AGN
no Japão, Rev. Katsuiti Watanabe.
Senoo começa a produzir através do método de AGN e
cultiva arroz e trigo.
Cinco mais tarde, em 1º de junho de 1962, torna-se minis-
tro assistente da IMM. Habilitado a difundir os ensinamentos
religiosos, reforça que o método desenvolvido por Meishu-Sa-
ma está entrelaçado, ou seja, a prática religiosa interligada à
prática da agricultura tem uma só origem, “Deus”.
7
Na sua forma original, era um papel em que estava escrito a palavra hikari,
que significa “Luz” ou “Luz Divina” em japonês. O Ohikari representa a per-
missão de Deus para ministrarmos Johrei. Atualmente, em forma de medal-
ha, a palavra hikari é escrita em papel fica no interior da medalha. O Ohikari
confere ao membro a condição de ministrar Johrei.

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No dia 9 de novembro de 1963, o agricultor e sua família
desembarcam no porto de Santos, trazendo a imagem da Luz
Divina “Difusão”. A família viera motivada pela orientação do
seu ministro religioso para difundir os preceitos da IMM atra-
vés das colunas Johrei e Agricultura Natural conforme orienta-
do pelo reverendo Yamane Kochi.
Senoo tinha esperança de uma vida melhor e próspera já
que no Brasil nessa época, o governo mantinha programas de
incentivo para imigrantes que optavam por residir no País.
Outro fator que possivelmente tenha influenciado sua de-
cisão de mudar-se foi o fato de que o governo japonês, a partir
de 1924, passou a subsidiar passagens a quem quisesse se aven-
turar em terras brasileiras, além de investir capital nas compa-
nhias de emigração para que adquirissem terras e as adequas-
sem para receber colonos que trabalhariam e produziriam. O
que fosse produzido seria exportado para o Japão.
Estes são os primeiros passos da Agricultura Natural no
Brasil de que se tem registro junto à Secretaria de Documenta-
ção Histórica da Igreja Messiânica Mundial do Brasil – IMMB.

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Lista de passageiro no porto da cidade de Santos, com
destaque a família Senoo no Brasil.

Fonte: http://www.inci.org.br/acervodigital/upload/listas/BR_APESP_
MI_LP_006097.pdf

Registro fotográfico da chegada da família Senoo à Fazenda


Mombuca - Guatapará/SP

Fonte: Secretaria de Documentação Histórica da IMMB

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FAMÍLIA SENOO

NOBORU MICHIKO

TAKASHI TADASHI MAKOTO IKUKOR ITSUKO KEIKO

Linha do Tempo Família Senoo


1954 Noboru Senoo é outorgado no Japão por Meishu-Sama.
Senoo recebe o certificado da 1ª aula com as técnicas
1957 da AGN das mãos do responsável da difusão da AGN no
Japão, Rev. Katsuiti Watanabe.
1962 Senoo torna-se ministro assistente da IMM.
Noboru Senoo e família desembarcam no porto de Santos,
1963
trazendo a imagem da Luz Divina “Difusão”.

Fonte: Secretaria de Documentação Histórica da IMMB.

4. A Agricultura Natural no Brasil


Ao chegar ao Brasil, Senoo e sua família depararam-se
com uma dura realidade. A propaganda do governo japonês era
falsa, e o governo brasileiro não era tão generoso no quesito
distribuição de terras.
Eles foram enviados à Fazenda Mombuca no município de
Guatapará, região de Ribeirão Preto, estado de São Paulo.
As dificuldades foram inúmeras, entre elas, o fato de Se-
noo falar apenas a língua japonesa.
No início de sua atividade agrícola, produziam de forma
100% convencional, aplicando os produtos químicos. Com o
tempo, Senoo reservou uma área e passou a cultivar conforme
os conceitos naturais de Meishu-Sama.

14
Nesse período, o Brasil passava por uma reformulação no
campo rural através da chamada “revolução verde”8, iniciada
na década de 1960, em que o governo importara pacotes de tec-
nologia, compostos de maquinários, produtos químicos, ferti-
lizantes e veneno. O Estado brasileiro via nessa reformulação
a possibilidade de tornar-se importante exportador de grãos
como café, milho e soja.
Tendo encontrado um cenário controverso para manter
a si mesmo e a família, Senoo precisou usar o método agrícola
convencional praticado pelo mercado e com apoio do governo.
Mesmo assim, seguindo seu coração, paralelamente, cultivou o
próprio alimento embasado na filosofia da Agricultura Natural
para o consumo em família.
A partir dos anos 1970, a Agricultura Natural passa a ser
relevante no que se refere ao trabalho de expansão da IMMB.
Seu início se deu com a aquisição de um terreno no município
de Atibaia, no estado de São Paulo.
Posteriormente surgiram atores institucionais, que foram
importantes para a expansão e consolidação do método preco-
nizado por Meishu-Sama. Eles viabilizaram, desenvolveram e
criaram condições estruturais necessárias à difusão do método
pelo Brasil. Este é o caso do Centro de Pesquisa Mokiti Okada,
8
Texto extraído do artigo:
REVOLUÇÃO VERDE, BIOTECNOLOGIA E TECNOLOGIAS ALTERNATI-
VAS - Alan Kardec Veloso de Matos.
A chamada “Revolução Verde”, iniciada na década de 60, orientou a pesquisa
e o desenvolvimento dos modernos sistemas de produção agrícola para a
incorporação de pacotes tecnológicos de suposta aplicação universal, que
visavam a maximização dos rendimentos dos cultivos em distintas situações
ecológicas. Propunha-se a elevar ao máximo a capacidade potencial dos
cultivos, a fim de gerar as condições ecológicas ideais afastando predadores
naturais via utilização de agrotóxicos, contribuindo, por outro lado, com a
nutrição das culturas através da fertilização sintética. A utilização intensiva
de agrotóxicos e fertilizantes, aliada ao desenvolvimento genético de se-
mentes, contribuiu para “Revolução Verde”, um amplo programa para elevar
a produção agrícola no mundo (BARROS, 2010).

15
que fomentou ciência e tecnologia com estudos e pesquisas em
várias frentes no campo da agricultura.
Após a aquisição do terreno em Atibaia e os estudos e
cultivo pelo método natural de Meishu-Sama, foi adquirida em
1990, parte de uma fazenda no município de Ipeúna, também
no estado de São Paulo, considerada como uma nova fase da
Agricultura Natural no Brasil.
Com o trabalho voltado aos produtores por meio da as-
sistência técnica e extensão rural, com base na orientação de
Meishu-Sama de que a Agricultura Natural pode ser praticada
não apenas pelos agricultores, mas também por qualquer pes-
soa, em qualquer espaço onde haja solo disponível para culti-
vo, e visando aproximar populações residentes em centros ur-
banos das Leis da Natureza, em outubro de 2011 foi criado o
“Programa Horta em Casa e Vida Saudável” pela Secretaria de
Agricultura Natural – SAN, do Centro de Pesquisa Mokiti Oka-
da (CPMO), mantida pela Fundação Mokiti Okada e divulgada
em um primeiro momento para ministros e membros da IMMB.
Em um segundo instante, com o envolvimento de não mem-
bros, tornou-se objeto de estudo do presente trabalho.

16
Linha do Tempo Agricultura Natural no Brasil
Aquisição de uma área no município Estância de Atibaia SP, com
1975 aproximadamente 3 alqueires, cultivada com plantações de rosas e
pomares de pêssego pelo método convencional.
O ministro Paulo Oyama torna-se o responsável do 1º Polo de
1978
Agricultura Natural de Atibaia.
Início das atividades práticas em Atibaia, SP.
1979 Chegada a Atibaia de famílias e jovens japoneses que vieram com
o objetivo de iniciar a Agricultura Natural no Brasil.
O ministro Pedro Partezan foi nomeado presidente da Agricultura
1989
Natural do Brasil.
Fazenda Serra Dourada em Rio Claro, torna-se o 2º Polo da Agri-
cultura Natural do Brasil.
É inaugurado o Centro de Fomento de Agricultura Natural
Messiânica, da Fundação Mokiti Okada na Fazenda Será Dourada,
1990
no município de Ipeúna.
O ministro Marco Antonio Baptista Resende assume a Secretaria
Executiva da Fundação Mokiti Okada e a coordenação do Centro
de Fomento da Agricultura Natural Messiânica.
2ª Conferência Internacional de Agricultura Natural sediado na
1991 ESALQ com participação de cerca de 200 pesquisadores e cientis-
tas do Brasil e mais 16 países.
1993 Em agosto, na Sede Central, foi realizado o 1º Culto da Colheita.
O ministro Paulo Oyama é designado pela Sede Central do Brasil
1994
para a difusão da Agricultura Natural na Europa.
É instituído o Centro de Pesquisa da Fundação Mokiti Okada no
1995
Polo de Ipeúna - SP.

Fonte: Secretaria de Documentação Histórica da IMMB.

5. Um Pequeno Vaso, um Protótipo


O Programa Horta Caseira foi semeado em 2011 e germi-
nou como uma pequena plantinha dentro do Centro de Pesqui-
sa Mokiti Okada. No início, era chamado Horta em Casa e Vida
Saudável e, posteriormente, tornou-se uma secretaria ligada ao
Departamento de Expansão na Sede Central.

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No ano de 2012, o programa foi implantado nas unidades
da Igreja, incentivando o cultivo de hortaliças pelo método na-
tural por meio da prática da horta nos lares e nas escolas. Essa
ação despertou nos praticantes o desejo de levar a horta a seus
condomínios, empresas e outros ambientes.
Por intermédio dos cursos breves para multiplicadores,
eram transmitidas informações básicas a respeito dos princí-
pios da Agricultura Natural destinadas aos membros e ao pú-
blico em geral.
Até o mês de junho de 2012, já haviam sido realizadas
cerca de 150 oficinas, com a participação de aproximadamente
4.800 participantes. Já em um formato mais elaborado, o pro-
jeto passa a viajar pelo Brasil, divulgando a base filosófica da
Agricultura Natural

2020 - Atividades
on-line

2018/2019 - Resultado
Nacional 2017 X 2018

2015 - Formação
de Multiplicadores

2012 - Prática nas Igrejas

2011 - Início do Programa


Horta em Casa e Vida Saudável

O programa Horta em Casa e Vida Saudável, ainda sendo


trabalhado na FMO, já em um formato robusto, passa a viajar
divulgando a base filosófica da agricultura natural nas unida-
des da Igreja Messiânica no Brasil.

18
A partir de 2015, o programa passa integrar a Secretaria
de Expansão na Sede Central, fazendo um trabalho de base, for-
mando pessoas que pudessem multiplicar e expandir entre as
unidades religiosas, bem como na sociedade em geral.
Até o mês de outubro de 2017, o programa registrou 46.000
praticantes que foram despertados através de web aulas, vivên-
cias e relatos de pessoas que tiveram suas vidas transformadas
por intermédio das práticas orientadas pelo programa horta e
em casa, segundo relatou Larissa Cristina Abreu Machado em
agosto de 2017: “Reconheci essa experiência como uma permis-
são de servir a Deus através da Agricultura Natural, em que
tivemos a bênção de levar a Luz de Deus a muitas pessoas que
trabalham no Hospital de Apoio de Brasília. É bom lembrar que
naquele espaço encontram-se pessoas em intenso sofrimento,
além de seus familiares.”
Nesta fase, passam a ocorrer as webs aulas, que, em sua
primeira temporada, eram transmitidas ao vivo no estúdio da
Izunome.TV.
Os anos seguintes, 2018 e 2019, marcam o início de uma
nova fase: conhecer de perto onde o trabalho teve ressonância,
ou seja, o que estava ocorrendo no País. Os materiais gravados
nessas visitas eram apresentados nas webs aulas e mostravam
que é possível que pessoas com pouca experiência pratiquem a
horta em pequenos espaços, nos quintais das casas, em comu-
nidades, no espaço urbano, apartamentos, praças e condomí-
nios, escolas, em ações filantrópicas e sociais, além de grupos
de CSA– Comunidade que Sustenta a Agricultura.

Exposições nos
Vivências Seminários
Johrei Centers

Aulas de Formação
Webs aulas Concurso de Horta
de Multiplicadores

19
Considerações Finais
A Horta Caseira é um caminho que contribui para a difu-
são da Agricultura Natural. Ela pode colaborar para a mudan-
ça do padrão de pensamento e contribuir positivamente para o
aumento do nível de gratidão pelo alimento, pelos agricultores,
pela natureza e por todas as coisas que o cercam.
O movimento pioneiro realizado pela Secretaria da Hor-
ta Caseira da Igreja Messiânica Mundial do Brasil (IMMB) é
capaz de quebrar paradigmas e padrões de pensamentos incu-
tidos pela sociedade, pois através de pequenas ações altruístas
pode-se formar pessoas felizes. Esse processo se inicia nos lares
e expande-se para a sociedade.
Conscientizar-se da importância da coluna da Agricultu-
ra Natural é também cultivar, sobretudo, o respeito pela Grande
Natureza.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FUNDAÇÃO MOKITI OKADA. A Fonte da Sabedoria, Vol.
1. 1ª. ed. SP, 2002.
FUNDAÇÃO MOKITI OKADA. Alicerce do Paraíso - Vol.
1. 6ª. ed. SP, 2017.
FUNDAÇÃO MOKITI OKADA. Alicerce do Paraíso - Vol.
2. 6ª. ed. SP, 2017.
FUNDAÇÃO MOKITI OKADA. Alicerce do Paraíso - Vol.
4. 6ª. ed. SP, 2019.
FUNDAÇÃO MOKITI OKADA. Alicerce do Paraíso - Vol.
5. 6ª. ed. SP, 2019.
FUNDAÇÃO MOKITI OKADA. Agricultura e Alimenta-
ção Natural. 1ª ed. SP, 2017.
FUNDAÇÃO MOKITI OKADA. Luz do Oriente: Biografia
de Mokiti Okada - Vol. 2. 2a ed. SP, 2003 (a).

20
HIGA, Teruo. Agricultura Natural: A solução do Proble-
ma Alimentar. 1ª ed. São Paulo: Tradução FUNDAÇÃO MOKITI
OKADA MOA, 1989.
MAZOYER, M.: ROUDART, L. História das Agricultu-
ras no Mundo: Do neolítico à crise contemporânea [tradução
de Cláudia F. Falluh Balduino Ferreira]. – São Paulo: Editora
UNESP; Brasília, DF: NEAD, 2010.
BIANCHINI, Valter; MEDAETS, Jean Pierre Passos. Da
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