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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO - UFERSA

BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FUNDAÇÕES E ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO

ESTUDO DE CASO 4 - UNIDADE SMSQ

ANTONIO ROGÉRIO BEZERRA PINHO SOBRINHO

CAROLINA MENDES LEMOS

THAYNON BRENDON NORONHA

CARAÚBAS-RN
2017
1. ÁREA DE ESTUDO

1.1 UNIDADE SMsq

Esta unidade é constituída por solos de Mangue com substratos de sedimentos


quaternários. Os terrenos são alagados, sob cobertura vegetal de mangue e diretamente
influenciados pelo movimento das marés. Como principais características geotécnicas,
estes solos são impermeáveis, hidromórficos, apresentam lençol freático superficial,
sem boa capacidade de suporte (índice de resistência à penetração próximo de zero).
(ANDRADE, 2003)
As Figuras 1 e 2 apresentam o local onde ocorrerá a construção. O terreno está
localizado na Rua Servidão Pedro Edmundo de Bitencourt no bairro Rio Tavares em
Florianópolis – SC.
Figura 1- Localização da Rua Servidão Pedro Edmundo de Bitencourt.

Fonte: Google Maps (2017)


Figura 2 - Rua do local onde ocorrerá a construção com visualização das construções
vizinhas.

Fonte: Google Maps (2017)

Segundo Andrade (2003), as características que ratificam a classificação dos solos


nesta unidade são as seguintes:

 A baixa capacidade de suporte verificada nas sondagens;


 Presença do lençol freático próximo à superfície em solos impermeáveis;
 Apresentam características de solos de Glei, provenientes da unidade adjacente,
com a presença de matéria orgânica em meio a uma argila mole acinzentada;
 Ocorrência próxima a terrenos alagados, com relevo plano, neste caso junto à
desembocadura de um rio.

A figura 3 apresenta o croqui de locação das sondagens à percussão e a Figura 4


apresenta o perfil de sondagem à percussão (sondagem SPT), onde foram realizados seis
furos de sondagens, identificados por SP-01, SP-01A, SP-02, SP-03, SP-04 e SP-05. O
SP-02 encontra-se a aproximadamente 3m acima dos demais furos devido ao desnível
do terreno, desse modo a profundidade do corte nesse é maior, de tal forma que conceda
o mesmo nível na parte superior da sua infraestrutura.
Figura 3- Croqui de Locação das Sondagens à Percussão.

Fonte: Andrade (2003)

Figura 4 - Perfil de Sondagem à Percussão, corte 1-2.

Fonte: Andrade (2003)


2. CARACTERÍSTICAS DA EDIFICAÇÃO

Para realizar o estudo de caso, foi utilizado um edifício residencial com três
pavimentos. O edifício em questão foi obtido do livro Concreto Armado Eu Te Amo –
Volume 1 (BOTELHO & MARCHETTI, 2013). A seguir, a Figura 5 apresenta a
edificação a ser utilizada para este estudo de caso.

Figura 5 - Planta baixa e corte da edificação.

Fonte: Botelho & Marchetti (2013)

Para realizar as análises propostas neste trabalho foram necessárias as cargas nos
pilares da obra em questão, já que a escolha do tipo de fundação e o seu
dimensionamento se darão a partir do pilar mais solicitado, ou seja, o que receberá a
maior carga. A Tabela 1 mostra as cargas dos pilares no térreo, isto é, que serão
distribuídas para as fundações.
Tabela 1- Cargas dos pilares no andar térreo.

Pilar Seção Carga total (kN)


1 40 x 20 178,80
2 40 x 20 435,84
3 40 x 20 167,09
4 20 x 20 451,49
5 20 x 50 1.012,28
6 20 x 20 414,14
7 20 x 20 452,26
8 20 x 50 1.062,64
9 20 x 20 476,30
10 40 x 20 176,29
11 40 x 20 456,26
12 40 x 20 171,84
Fonte: Botelho & Marchetti (2013)

Como pode-se observar, o pilar mais solicitado para esta edificação é o P8,
com carga de 1.062,64 KN, aproximadamente 106 tf ou 108.359,124 kgf. Esta será a
carga utilizada como critério de capacidade de carga que as fundações analisadas devem
atender.

3. ANÁLISE DAS FUNDAÇÕES

3.1 FUNDAÇÃO DIRETA OU RASA

É a solução mais barata, pois apoia a fundação nas camadas superficiais do


terreno, exigindo menos escavação e execução mais simples. Quando as camadas
superficiais do terreno não são adequadas para suportar essa carga busca-se camadas
mais profundas para suportarem a carga (fundações profundas). (OFICINA DE
TEXTOS, 2017)
As Fundações Rasas são muito utilizadas em construções que possuem cargas
relativamente pequenas, pois não exigem da camada do solo de apoio uma grande
resistência. (SETE ENGENHARIA, 2017) São usadas tipicamente em obras de pequeno
porte e em casas de até 2 andares. (BLOG ME PASSA AI, 2016)
As fundações diretas transmitem ao solo as cargas da edificação (superestrutura)
logo nas primeiras camadas. Para isso ocorrer é necessário que o solo tenha resistência
suficiente nessas primeiras camadas para suportar as cargas decorrentes da estrutura)
(DOS SANTOS, 2017)
Para analisar a viabilidade da fundação rasa foi realizado uma verificação prévia,
conforme tabela abaixo.
Tabela 2 - Verificação da viabilidade de utilização da fundação rasa.

Fundações rasas Sim Não


Pequenas cargas ( ) (X)
Solo resistente (primeiras camadas) ( ) (X)
Fonte: Autores (2017)

Pode-se observar que esse tipo de fundação não é adequado para a obra em
questão. Contudo, para comprovar essa verificação será analisada a viabilidade de cada
tipo de fundação rasa para a obra em questão antes de analisar as fundações profundas.

3.1.1 Sapata

A sapata é um elemento de fundação de concreto armado. Pode ter espessura


constante ou variável e sua base, em planta, é normalmente quadrada, retangular ou
trapezoidal. Esta pode ser do tipo isolado, associada, corrida ou alavancada. É
qualificada a profundidade adotada para assentamento de sapatas segundo o número de
golpes das sondagens SPT (ANDRADE, 2003).

Figura 6- Tipos de sapata.

Fonte: http://www.fazfacil.com.br/wp-content/uploads/2012/06/sapatas_uepg.gif

Quadro 1 - Qualificação da camada de assentamento em função do SPT, BERBERIAN


(2001).
A base das sapatas deve ser assentada a uma profundidade razoável para que o
solo de apoio não seja afetado pelos agentes atmosféricos e fluxos de água. Quando as
fundações estiverem assentes sobre rocha é recomendado profundidades maior que
1,5m, mas as sapatas só são utilizadas até 3 m (ANDRADE, 2003). No estudo de caso
em questão, até três metros de profundidade o solo é considerado de ruim a razoável.
Como o NSPT do solo nas camadas superficiais é muito baixo considerou-se
inicialmente que a maior dimensão da sapata é de 6 m. Desta forma, multiplicando este
valor por 1,5 obtém-se um bulbo de 9 m. O menor NSPT do solo na região do bulbo da
sapata (considerando que o bulbo pode variar de 2 m de profundidade a 11 m - sapata
construída na profundidade de 2 m - e de 3 m a 12m) é 1.

Tensão admissível para solo arenoso:

Área da sapata:

Sendo:
NSPT: 1 (menor NSPT na provável região do bulbo)
; 108359,124 kgf (carga do pilar mais solicitado)
: 5417,956 kgf (peso próprio da sapata - considerando 5% da carga do pilar)

Desta forma, o valor de seis metros incialmente adotado como sendo o maior lado
da sapata não é viável, pois seria necessário, no mínimo, uma sapata quadrada com 9,25
m de lado com o bulbo atingindo aproximadamente 14 m abaixo da base da sapata.

Tabela 3 - Critérios de Escolha de Fundação - Sapata.

Características Requisito Sapata Verificação


Capacidade de carga 106 tf - -
Faixa de NSPT 1* 10> Não OK
Execução abaixo do NA Sim Não** Não OK
Vibração Não Não OK
Profundida máxima 10 m 3m Não OK
Acessibilidade equipamento Sim Sim OK
Variação do comprimento Sim Não Não OK
Solos com matacões Não Sim*** OK
*Menor NSPT na provável região do bulbo
**Sapata pré-moldada é inviável
***Desde que o matacão possua dimensões inferiores as dimensões da sapata
Fonte: Autores (2017)

Segundo a análise dos dados da pesquisa pode-se concluir que esta fundação não
deve ser usada uma vez que o solo superficial possui pouquíssima resistência, com o
menor NSPT na região do bulbo igual a 1. Outro problema é que a sapata não consegue
alcançar o solo resistente, pois o seu comprimento máximo é de 3 metros, e o solo
resistente se encontra 10 m de profundidade.

3.1.2 Radier

O Radier é um elemento de fundação superficial que recebe todos os pilares da


edificação, ou carregamentos distribuídos (tanques, depósitos, silos, entre outros). As
vantagens para utilizá-lo são: a simplicidade e rapidez na execução; menos custos, visto
que pode utilizar a própria laje de fundo como fundação; possibilidade de implantação
sobre solos menos resistentes, pois como a área do Radier normalmente é grande as
pressões transmitidas ao solo são muito baixas, minimizando os recalques (ANDRADE,
2003).
Este tipo e fundação é mais usada em edificações simples, de pequeno porte.
Como a mesma é uma fundação rasa faz-se necessário que as primeiras camadas de solo
tenham uma resistência que suportem as cargas. Um ponto positivo é que nesse tipo de
fundação não precisa de escavação, o que a torna muito vantajosa comparada às outras,
por causa da sua praticidade, redução de mão de obra e tempo de execução.

Figura 7 - Radier.

Fonte:
http://www.generadordeprecios.info/imagenes2/csl_losa_metal_400_200_8D8FF315.jp
g

Segundo Rebello (2011), só é interessante economicamente utilizar as fundações


rasas quando a profundidade não passar de dois metros e o número de golpes do SPT
for maior ou igual a oito, uma vez que essa faixa é a resistência mínima necessária para
utilizar fundação direta.
Tabela 3 - Critérios de Escolha de Fundação - Radier

Características Requisito Radier Verificação


Capacidade de carga 106 tf - -
Faixa de NSPT 1* 10> Não OK
Execução abaixo do NA Sim Não** Não OK
Vibração Não Não OK
Profundida máxima 10 m 3m Não OK
Acessibilidade equipamento Sim Sim OK
Variação do comprimento Sim Não Não OK
Solos com matacões Não Sim OK
*Menor NSPT na provável região do bulbo
**Rebaixamento do NA não é viável
Fonte: Autores (2017).
Com base nos dados, é possível afirmar que o Radier não é indicado para utilizar
na obra da pesquisa, pois é uma fundação rasa e o solo superficial apresenta baixa
resistência (o solo resistente se encontra a 10 metros de profundidade). Outro motivo
para a sua não utilização é pelo fato de que essa fundação poderia gerar problemas com
a superposição dos bulbos de pressões, visto que próximo ao terreno da construção tem
edificações. O radier teria que ser colocado próximo a superfície caso não seja feito o
rebaixamento do N.A, mas mesmo assim o bulbo atingiria solos muito moles, pois a
menor dimensão da obra é 8 metros, e multiplicando por 2, corresponde a 16 m de
profundidade abaixo da base do radier.

3.2 FUNDAÇÃO INDIRETA OU PROFUNDA

Para confirmar a viabilidade da fundação profunda foi realizado uma verificação


prévia, conforme tabela abaixo.

Tabela 5 - Verificação da viabilidade de utilização da fundação profunda.

Fundações profundas Sim Não


Solos superficiais pouco resistentes (X) ( )
Cargas estruturais elevadas (X) ( )
Solos superficiais sujeitos a erosão ( ) (X)
Fundações em locais alagados/abaixo do nível da água (X) ( )
Possibilidade de escavações futuras próximas ao local (X) ( )
Fonte: Autores (2017)

Pode-se observar na Tabela 5 que a fundação profunda é adequada para o solo e


atende os requisitos do projeto. Desta forma, será analisada cada tipo de fundação
indireta para definir a mais adequada.
3.2.1 Tubulão

Este tipo de fundação apresenta algumas vantagens comparadas a outras, pois gera
poucos ruídos e vibrações durante o seu processo construtivo, garantindo a integridade
das construções vizinhas (Figura 2). (EDIFÍCIOS, 2017)
O tubulão suporta a carga do pilar mais solicitado (1.062,64 KN), pois é indicado
especialmente para obras com cargas elevadas (acima de 3 mil kN). Pode-se fazer o
revestimento do fuste, mas isso torna a execução mais complicada e vagarosa, ou seja,
mais cara. (ENGENHARIA CONCRETA, 2017) Os tubulões a ar comprimido são
indicados para o local em estudo porque podem ser utilizados em solos com presença de
lençol freático e que apresentam riscos de desabamento. (INFRAESTRUTURA
URBANA, 2017)
Os tubulões são adequados para áreas isoladas (o caso em estudo trata-se de uma
ilha, conforme pode-se verificar na Figura 1) que possui dificuldade de adoção de
técnicas de fundação mais mecanizadas. (AEC WEB, 2017)
Pode-se observar na Figura 4 que no furo de sondagen SP-01A a rocha encontra-
se a proximamente sete metros de profundidade. Conforme Hachich (1998), o tubulão
pode ser usado em solos que contenha matacões e rocha. Segundo o mesmo autor, o
custo de mobilização e de desmobilização neste tipo de fundação são menores que os de
bate estacas e outros equipamentos, o diâmetro e a profundidade podem ser alterados
durante a escavação para compensar condições de subsolo diferentes dos esperados.
Ao se considerar a execução de um tubulão sobre rocha, é importante estudar a
relação das cargas entre a fundação e a rocha, uma vez que é muito difícil prever como a
rocha irá se comportar. Quando a rocha está inclinada recebe um devido tratamento para
evitar o deslizamento da base do tubulão, que pode ser realizado por escalonamento ou
por chumbamento, conforme Figura abaixo. (EDIFÍCIOS, 2017)

Figura 8- Chumbamento e escalonamento do tubulão na rocha.

Fonte: Edifícios (2017)


A seguir, encontra-se disposta na Tabela 6 a análise do uso da fundação tubulão
para o terreno analisado por este trabalho.

Tabela 6 - Critérios de Escolha de Fundação - Tubulão.

Características Requisito Tubulão Verificação


Capacidade de carga 106 tf 700 tf OK
Faixa de NSPT 25 - OK
Execução abaixo do NA Sim Sim OK
Vibração Não Não OK
Comprimento máximo 10 m 34 m OK
Acessibilidade do equipamento Sim Sim OK
Variação do comprimento Sim Sim OK
Solos com matacões Não Sim* OK
*Desde que o matacão possua dimensões inferiores as dimensões do tubulão
Fonte: Autores (2017)

Portanto, o tubulão é uma fundação viável para esse tipo de obra e esse tipo de
solo, já que apresenta grande capacidade de carga, pode ser executada em solos com
matacões e pode atingir grandes profundidades, atingindo assim o solo resistente. A
única desvantagem é o custo que pode ser muito alto por utilizar ar comprimido.

3.2.2 Estaca Broca

Como é uma fundação profunda executada por perfuração com trado,


normalmente o diâmetro varia entre 15 e 25 cm e o comprimento pode chegar até seis
metros. Contudo, na profundidade de seis metros o solo possui baixa capacidade de
carga, pois é uma argila mole. Pelas limitações que envolvem o seu processo de
execução são empregadas para pequenas cargas, conforme pode-se observar na Tabela
7. (APOSTILA DE FUNDAÇÃO, 2017)

Tabela 7 - Cargas usuais e máximas para estacas do tipo broca.

Fonte: Apostila de Fundação (2017)

Este tipo de fundação apresenta como vantagem o fato de não provocar vibrações
durante a sua execução, evitando desta forma, danos nas estruturas vizinhas. Entretanto,
as principais desvantagens referem-se às limitações de execução em profundidades
abaixo do nível d’água (como é o nosso caso), principalmente em solos arenosos,
devendo-se também evitar a sua execução em argilas moles saturadas, a fim de evitar
possíveis estrangulamentos no fuste da estaca. (APOSTILA DE FUNDAÇÃO, 2017)
Devido ao esforço de escavação exigido são necessárias duas pessoas para o trabalho.
O espaçamento entre as brocas manuais numa edificação não pode ultrapassar 4
metros e devem ser colocadas nas interseções das paredes e de forma equidistante ao
longo das paredes desde que menor ou igual ao espaçamento máximo permitido.
(ENGENHEIRO CARLOS, 2013).
Por mais que o terreno a seis metros de profundidade atendesse aos critérios de
resistência, nível da água e dentre outros requisitos seriam necessárias seis estacas de 25
cm de diâmetro (carga máxima igual a 200 kN) para suportar o pilar mais solicitado
para esta edificação, com carga de 1.062,64 KN. Como o espaçamento recomendado
entre as estacas deve ser, no mínimo, três vezes o diâmetro da broca (75 cm) se tornaria
inviável construir um bloco de coroamento para unir as seis estacas obedecendo tais
recomendações. (CONSTRUIR, 2013)
A seguir, encontra-se disposto na Tabela 6 a análise do uso da estaca tipo broca
para o terreno analisado por este trabalho.

Tabela 8 - Critérios de Escolha de Fundação - Estaca Broca.

Características Requisitos Estaca broca Verificação


Capacidade de carga 106 tf 7 - 20 tf Não OK*
Faixa de NSPT 25 - -
Execução abaixo do NA Sim Não Não OK
Vibração Não Não OK
Comprimento máximo 10 m 6m Não OK
Acessibilidade do equipamento Sim Sim OK
Variação do comprimento Sim Sim** Não OK
Solos com matacões Não Não Não OK
* Execução de seis estacas de 25 cm de diâmetro é inviável
** Variação até seis metros
Fonte: Autores (2017)

3.2.3 Estaca Ômega

A estaca ômega é uma estaca de concreto moldada “in loco”, comportando-se


como uma estaca de deslocamento, executada mediante à introdução no terreno, por
rotação, de um trado de perfuração, cujos diâmetro e passo da hélice espiral são
aumentados progressivamente, de forma a utilizar a mínima energia necessária (torque)
para deslocar o terreno, com ausência total de vibração ou distúrbios durante sua
execução e sem remoção de solo da escavação. Os diâmetros usuais variam de 27 a 47
cm e as profundidades podem chegar a 28 metros, dependendo do tipo de solo,
equipamento, torque e diâmetros a serem utilizados. (GEOCOMPANY, 2003)
A execução em camadas de argilas moles confinadas é problemática no que diz
respeito a um elevado sobreconsumo de concreto e à ruptura do solo em razão da
pressão do concreto. Na concretagem, tem que haver um controle rigoroso da subida do
trado, para garantir o sobreconsumo, e assim, a integridade da estaca. Como o solo é
frágil e o concreto é injetado sob pressão, o sobreconsumo deverá ser grande, por
ruptura do solo desta camada. Por estes motivos, normalmente concreta-se sob pressão
nula nesta camada. Há registros, com sucesso, de obras em que a camada mole tinha
6,00 metros de espessura. (GEOCOMPANY, 2003)
Este tipo de fundação garante a integridade do fuste e do diâmetro das estacas
executadas por meio de controles realizados com o monitoramento eletrônico das
estacas, registrando dados como: profundidade, tempo, inclinação da torre, velocidade
de penetração do trado, torque, velocidade de retirada (extração) da hélice, volume de
concreto lançado, pressão do concreto e a sequência executiva das estacas. (GEONE,
2010) O NSPT máximo para este tipo de esta é 40. (ALMEIDA NETO, 2002)
Para a execução desse tipo de estaca deve-se levar em consideração o tamanho e
porte dos equipamentos, há necessidade de avaliação dos trajetos e itinerários para
acesso ao local da obra e instalações, também de acessibilidade e deslocamentos da
perfuratriz dentro das instalações da própria obra.
Entre as principais vantagens do processo executivo da estaca ômega, pode-se
citar: elevada produtividade; execução monitorada eletronicamente; não causam danos
em fundações vizinhas, já que não causam grandes descompressões no terreno; não
produzem material de descarte, sendo assim, não necessita da presença de máquinas,
como pá carregadeira, para a retirada da terra; teoricamente mobilizam mais carga
lateral e de ponta que a hélice contínua, logo numa comparação entre as duas, podem
ser mais curtas que a primeira para uma mesma carga e diâmetro; o problema de perdas
de capacidade de carga em areias submersas, causado pela retirada de solo verificado
em estacas hélice contínua, é bem menor para esta estaca; arrasar o concreto na cota
prevista de projeto, e não na cota de terreno, como para hélice contínua; concreto
injetado sob pressão garante uma melhor aderência no contato estaca-solo.
(CARVALHO, 2013) Além disso, apresenta a vantagem de poder perfurar solos pouco
coesos e perfurações abaixo do nível da água. (FARO, 2017)
Como desvantagens pode-se citar: dificuldade na instalação de armaduras mais
profundas, quando são instaladas após a concretagem; necessita de máquinas com
elevado torque, dificultando ou impedindo sua execução em solos resistentes e para
grandes diâmetros; dificuldade de controle de qualidade do concreto como em todas as
estacas moldadas “in loco” e de obtenção de um concreto de boa qualidade;
dependência de fornecimento de concreto da concreteira, o que muitas vezes pode levar
a uma interrupção da concretagem por atraso de fornecimento, ou fornecimento de
concreto de má qualidade. (CARVALHO, 2013) Além disso, por ser uma nova
tecnologia possui o custo elevado. Solo com baixa resistência nas camadas superiores
podem não suportar o peso da perfuratriz.
Tabela 9 - Critérios de Escolha de Fundação - Estaca Ômega.

Características Requisitos Estaca ômega Verificação


Capacidade de carga 106 tf 250 tf OK
Faixa de NSPT 25 20 a 40* OK
Execução abaixo do NA Sim Sim OK
Vibração Não Não OK
Comprimento máximo 10 m 28 m OK
Acessibilidade do equipamento Sim Não Não OK
Variação do comprimento Sim Sim OK
Solos com matacões Não Não OK
* CINTRA E AOKI (2011)
Fonte: Autores (2017)

3.2.3 Estaca escavada com lama betonítica

As estacas escavadas com lama betonítica são divididas em dois tipos, as estacões
e as estacas-diafragmas. Sendo as estacões circulares com variação de diâmetro entre
0,6 à 2,0 m, perfuradas ou escavadas por rotação. Já a estacas-diafragma são executadas
com seção transversal retangular ou alongadas escavadas (SAEZ, 1998 apud
ANDRADE, 2003).
A execução desta baseia-se na escavação e preenchimento ao mesmo tempo com
lama betonítica. Depois disso, sucede a colocação da armadura e o lançamento do
concreto de baixo para cima, através de tubos de concretagem, com liberação gradual da
lama substituída pelo concreto (SAEZ,1998 apud ANDRADE, 2003).
A lama betonítica deve ter boa estabilidade, propriedades tixotrópicas, tornando-
se líquida quando agitada e sólida quando parada, além da capacidade de criar
ligeiramente uma membrana impermeável sobre uma superfície porosa (SAEZ,1998
apud ANDRADE, 2003).
Embora as vantagens proporcionadas pela elevada capacidade de carga, rapidez na
execução, ausência de vibrações e viabilidade de escavações em solos com elevada
resistência, baixo nível de vibração e ruído, o comprimento pode ser alterado para
adaptar o projeto às variações do solo local, pode ser instalada em grandes diâmetros,
pode ser executada em comprimentos longos, mas são elementos de fundação de difícil
inspeção, especialmente, quando atravessam solos compressíveis e/ou no caso de
concretagem submersa (ANDRADE, 2003).
Figura 7- Execução da estaca escavada com lama betonítica.

Fonte: http://www.tenge.eng.br/?page_id=330

Tabela 10 - Critérios de Escolha de Fundação - Estaca Escavada com Lama Betonítica.

Características Requisitos Lama Betonítica Verificação


Capacidade de carga 106 tf 1020 tf OK
Faixa de NSPT 25 30 a 80 OK
Execução abaixo do NA Sim Sim OK
Vibração Não Não OK
Comprimento máximo 10 m 45 m OK
Acessibilidade do equipamento Sim Não Não OK
Variação do comprimento Sim Sim OK
Solos com matacões Não Não OK
Fonte: Autores (2017)
De acordo com a análise dos dados, ela não é muito indicada pois o equipamento
para escavação pode afundar ou tombar em solo mole. Além disso, esse tipo de estaca
gera muito lixo na obra e só pode ser executada quando o nível da água está a, no
mínimo, 1,5 m de profundidade do nível do terreno. No nosso caso o nível da água está
muito próximo a superfície.

3.2.4 Estaca Mega

Os equipamentos usados para a aplicação das estacas mega são de pequeno


porte, pequena dimensão e pouco peso para trabalhar em locais confinados e de difícil
acesso. Geralmente são cilindros hidráulicos, conectados a unidades
elétricas/hidráulicas de pequeno porte que precisam de energia da ordem de 7 c.v. 220 V
(REFORÇO, 2017).

A execução desta estaca não faz barulho, não utiliza água e nem refrigeração.
A produtividade da estaca mega está mais ligada com instalações e acessos, do que com
a cravação propriamente dita. Em perfeitas condições de trabalho, uma equipe pode
cravar duas estacas por dia (REFORÇO, 2017).

Todas as estacas mega (concreto ou metálicas) após finalizadas, transferem a


carga da estaca para a estrutura. Para esta transferência de carga usa-se: cabeçotes de
concreto armado, blocos e cunhas de concreto armado com fibras metálicas e/ou
polietileno. Por causa da sua pequena dimensão, é contraindicado o uso de armadura
tradicional e nos casos de estacas mega com carga de ruptura acima de 100 t. estas
pequenas peças são muito solicitadas. Uma outra grande vantagem de armadura com
fibras metálicas é evitar uma ruptura frágil da peça (explosão) com consequências
perigosas e imprevisíveis. A ruptura de peças com fibra envolve grandes deformações
internas (REFORÇO, 2017).

Figura 8- Estaca mega.

Fonte: http://www.reforca.com.br/caracteristicas-das-estacas-mega/
Tabela 11 - Critérios de Escolha de Fundação - Estaca Mega.

Características Requisitos Mega Verificação


Capacidade de carga 106 tf 30 tf Não OK*
Faixa de NSPT 25 - -
Execução abaixo do NA Sim Sim OK
Vibração Não Não OK
Comprimento máximo 10 m 10 m OK
Acessibilidade do Sim Sim OK
equipamento
Variação do comprimento Sim Sim OK
Solos com matacões Não Não OK
* Poderia utilizar quatro estacas de 30 tf
Fonte: Autores (2017)

Este tipo de fundação não é indicado para o tipo de edificação da pesquisa, pois
esse tipo de fundação é mais empregado para reparo de fundações. A mesma pode
sofrer flambagem em solo argiloso mole e não atende ao requisito de carga.

3.2.5 Estacas Raiz

As estacas raiz são estacas escavadas de diâmetro pequeno (7 a 40 cm), moldadas


in loco, por injeções de cimento sob baixas pressões, aproximadamente 4kg/cm²
(BERBERIAN, 2001 apud ANDRADE, 2003).
As principais características da estaca raiz são a elevada capacidade de carga e os
pequenos recalques que sofrem, quando comparada as estacas convencionais. A
perfuração é feita por rotação, em direção vertical ou inclinada, podendo ultrapassar os
mais variados materiais que existem no solo da fundação, inclusive rochas duras, bem
como alvenaria e concreto armado solidarizando-se a estas estruturas. Esta perfuração é
realizada por meio de um tubo de revestimento, onde a extremidade leva uma coroa de
perfuração de tipo adequado a natureza do terreno. Após a perfuração, com a inclinação
e profundidades já estabelecidas, é posicionada a armadura ao longo de toda a estaca,
seguida da concretagem à medida que o tubo de perfuração é retirado progressivamente
(ANDRADE, 2003).
Segundo Hachich et al. (1998), as vantagens da estaca raiz são: suportam grandes
cargas; podem atingir grandes profundidades; pode ser executado tanto em solo quanto
em rocha e não provoca ruídos e vibrações; podem ser executadas com maiores
inclinações (0 à 90º); reforço de fundações. Já as desvantagens são: custo elevado; alto
consumo de cimento; alto consumo de ferragens; impacto ambiental.
Figura 9- Estaca raiz

Fonte:
http://www.geofix.com.br/imgs/servicos/estaca_raiz_metodo_executivo.jpg

Tabela 12- Critérios de Escolha de Fundação - Estaca Raiz.

Características Requisitos Raiz Verificação


Capacidade de carga 106 tf 200 tf OK
Faixa de NSPT 25 60> OK
Execução abaixo do NA Sim Sim OK
Vibração Não Não OK
Comprimento máximo 10 m 52 m OK
Acessibilidade do equipamento Sim Sim OK
Variação do comprimento Sim Sim OK
Solos com matacões Não Sim OK
Fonte: Autores (2017)
De acordo com os dados da pesquisa, este tipo de fundação conseguiu atender a
todos as exigências estruturais para sua utilização. No entanto, esta estaca gera prejuízos
ambientais e utiliza um método caro de fundação, que deixará a obra mais cara.

3.2.6 Estaca de Madeira

As estacas de madeira são um dos tipos de estaca cravada, e constitui-se de


troncos de árvore introduzidos, podem ser cravadas por percussão, prensagem ou
vibração, e a escolha do equipamento deve ser feita de acordo com os seguintes
parâmetros: dimensão da estaca, características do solo, condições de vizinhança,
características do projeto e peculiaridades do local. Atualmente, devido às dificuldades
de se obter madeira de lei e a elevação das cargas das obras, a estaca em madeira vem
sendo utilizada principalmente em obras provisórias (MINÁ, 2008).

Algumas vantagens da utilização de estacas de madeira podem ser citadas, dentre


elas, a duração ilimitada abaixo do N.A., a leveza, rapidez de cravação e facilidade de
corte. A limitação para utilização deste tipo de estaca encontra-se na variação do nível
d’água, as estacas em madeira só podem ser cravadas em locais onde fiquem totalmente
submersas, pois a presença de ar gera o apodrecimento da madeira devida a existência
de fungos aeróbicos (MINÁ, 2005). A Figura 10 mostra uma estaca em madeira sendo
posicionada e cravada.

Figura 10- Estaca de madeira

Fonte:
https://www.google.com.br/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fwww.escolaengenharia.c
om.br%2Fwpntent%2Fuploads%2F2013%2F08%2Festaca_tipo_strauss.jpg&imgrefurl
=https%3A%2F%2Fwww.escolaengenharia.com.br%2Ftipos-de-estacas-para-
undacao%2F&docid=qCABzfGtASNYYM&tbnid=lfU05gKShbwnPM%3A&vet=10ah
UKEwjthdixvJLYAhXJSiYKHR8dAYAQMwgtKAYwBg..i&w=600&h=450&hl=pt-
BR&bih=637&biw=1366&q=estaca%20de%20madeira&ved=0ahUKEwjthdixvJLYAh
XJSiYKHR8dAYAQMwgtKAYwBg&iact=mrc&uact=8

A seguir, encontra-se disposta na Tabela 13 à análise do uso da estaca de


madeira para o terreno analisado por este trabalho.
Tabela 13- Critérios de Escolha de Fundação - Estaca de Madeira.
Características Requisito Madeira Viável
Capacidade de carga 106 tf 15 - 50 tf OK
Faixa de NSPT 25 25 OK
Execução abaixo do NA Sim Sim Não OK*
Vibração Não Sim Não OK
Profundida máxima 10 m 12 m OK
Acessibilidade equipamento Sim Não Não OK
Variação do comprimento Sim Sim OK
Solos com matacões Não Não OK
*O nível da água no local em questão é variável
Fonte: Autores (2017)

Portanto, de acordo com a análise realizada, pode-se concluir que a estaca de


madeira não é adequada para as condições do terreno estudado, já que esta não resiste
satisfatoriamente a variação do lençol freático; gera vibrações indesejáveis e ainda
existem limitações para o acesso do equipamento requerido.

3.2.7 Estaca pré-moldada de Concreto

A NBR 6122 (2010) define estaca pré-moldada de concreto como “estaca


constituída de segmentos de concreto pré-moldado ou pré-fabricado e introduzida no
terreno por golpes de martelo de gravidade, de explosão, hidráulico ou martelo
vibratório. Para fins exclusivamente geotécnicos não há distinção entre estacas pré-
moldadas e pré-fabricadas”.

Dentre todos os materiais da construção civil, o concreto é o material mais


indicado para confecção de estacas, pois o mesmo possui alta resistência aos agentes
agressivos, e suporta muito bem as alternâncias de secagem e umedecimento. Além
disso, com esse tipo de material é possível executar tanto estaca de pequena quanto de
grande capacidade de carga (MELO, 2015).

Estas estacas são comercializadas com diferentes formas geométricas, os formatos


mais empregados são os circulares, quadrados, hexagonais e octogonais, podendo ter
área de ponta vazada ou maciça (FERREIRA & GONÇALVEZ, 2014). A seguir temos
a figura 11, que mostra a cravação de uma estaca do tipo concreto.
Figura 11- Estaca de concreto

Fonte:
https://www.google.com.br/search?hl=ptBR&biw=1366&bih=637&tbm=isch&sa=1&ei
=PSI3Wq3zGsmVmQGfuoSACA&q=estaca+de+concreto+armado&oq=estaca+de+con
cr&gs_l=psyab.3.0.0l9j0i30k1.453970.457293.0.458158.12.9.0.1.1.0.414.1509.0j5j1j0j
1.7.0....0...1c.1.64.psyab..4.8.1534...0i67k1j0i5i30k1j0i24k1.0.pWz0Nh8JN3s#imgrc=lt
fl-CBJlivETM

A seguir, encontra-se disposta na Tabela 14 a análise do uso da estaca pré-


moldada de concreto para o terreno analisado por este trabalho.

Tabela 14- Critérios de Escolha de Fundação - Estaca Pré-moldada de Concreto


Características Requisito Pré-moldada de Concreto Viável
Capacidade de carga 106 tf 20 - 90 tf OK
Faixa de NSPT 25 25 OK
Execução abaixo do NA Sim Sim OK
Vibração Não Sim Não OK
Profundida máxima 10 m 12 m OK
Acessibilidade equipamento Sim Não Não OK
Variação do comprimento Sim Sim OK
Solos com matacões Não Não OK
Fonte: Autores (2017)
Então, de acordo com a análise realizada, pode-se concluir que a estaca pré-
moldada de concreto não é a melhor opção para as condições do terreno estudado, pois
este terreno não permite a passagem do equipamento necessário, sua cravação causa
vibrações indesejáveis no local que será implantada a obra.

3.2.8 Estaca Strauss

A estaca Strauss, pode ser classificada como uma estaca do tipo escava, ou seja,
executada “in situ” através do preenchimento com concreto de perfurações previamente
executadas no terreno mediante escavações e cravações de tubo.

São executadas através da escavação, utilizando-se uma sonda, com a simultânea


introdução de revestimento metálico em segmentos rosqueados, até que se atinja a
profundidade projetada. A concretagem é realizada lançando o concreto e retirando
gradativamente o revestimento, realizando simultaneamente o apiloamento do concreto.

O revestimento lateral assegura a estabilidade da perfuração e garante as


condições para que não ocorra a mistura do concreto com o solo ou o estrangulamento
do fuste da estaca. No caso de estacas armadas, a armadura é inserida antes dos
procedimentos de concretagem, suportam cargas de projeto entre 30 e 60 tf (SILVA,
1993)

Esse tipo de estaca apresenta algumas vantagens, como, leveza e simplicidade do


equipamento, podendo assim ser utilizada em locais confinados e em terrenos
acidentados, o processo não gera vibrações, que poderiam danificar edificações
vizinhas, e ainda permite a análise do solo, retirado pela sonda durante a escavação. No
entanto, apesar dessas vantagens, para situações em que se tenha a necessidade de se
executar a escavação abaixo do nível d’água em solos arenosos, ou no caso de argilas
moles saturadas, não é recomendável o seu uso, devido o risco de estrangulamento do
fuste durante a concretagem. Outra desvantagem está na sujeira causada na obra devido
à remoção de solo e água no momento da concretagem (CONSTANCIO, 2004). A
seguir a figura 12 de um esquema de execução de uma estaca Strauss.
Figura 12- Estaca Strauss

Fonte:https://www.google.com.br/search?hl=ptBR&biw=1366&bih=637&tbm=is
ch&sa=1&ei=CiQ3Wo_MJIqYwASHxaWQCw&q=estaca+strauss&oq=estaca+stra&gs
_l=psyab.3.0.0l7j0i30k1l3.368856.375342.0.376360.22.12.0.2.2.0.323.1896.0j5j3j1.9.0.
...0...1c.1.64.psy-ab..14.8.1206...0i24k1j0i67k1.0.CzGlq2MRq-
c#imgrc=D_IZP4QTLJi_RM

A seguir, encontra-se disposto na Tabela 15 a análise do uso da estaca Strauss


para o terreno analisado por este trabalho.

Tabela 15- Critérios de Escolha de Fundação - Estaca Strauss


Características Requisito Strauss Viável
Capacidade de carga 106 tf 20 - 60 tf OK*
Faixa de NSPT 25 10 - 25 tf OK
Execução abaixo do NA Sim Não Não OK
Vibração Não Não OK
Profundida máxima 10 m 20 - 25 metros OK
Acessibilidade equipamento Sim Não Não OK
Variação do comprimento Sim Sim OK
Solos com matacões Não Não OK
*Utilizar duas estacas de no mínimo 53 tf
Fonte: Autores (2017)

Conforme observado na tabela anterior, a estaca Strauss não pode ser utilizada
para essa situação, pois esta estaca não poder ser executada abaixo do lençol freático.
Além disso, o solo do local da obra pode causar uma descontinuidade no fuste e os
equipamentos para execução deste tipo de fundação não possui acessibilidade adequada.
3.2.9 Estaca Metálica

As estacas de metal são caracterizadas por sua inserção no terreno através de


processo de cravação, apresentam carga máxima de 400 a 700 kN, sendo produzidas
industrialmente. São compostas por peças de aço laminado ou soldado tais como perfis
de seção I e H (HACHICH, 1998). O custo das estacas metálicas é relativamente
elevado comparado com os demais tipos de estacas, em diversas situações a utilização
das mesmas se torna economicamente viável (obras de grande porte), pois podem
atender a várias fases de construção da obra além de permitir uma cravação fácil,
provida de baixa vibração, trabalhando bem à flexão e não tendo maiores problemas
quanto à manipulação, transporte, emendas ou cortes (SILVA, 2016).

As cravações das estacas podem ser feitas por vibração, percussão ou prensagem.
A escolha do equipamento deve ser feita de acordo com a dimensão da estaca, tipo,
condições da vizinhança, características do solo (principalmente de acordo com o ensaio
de NSPT) e demais peculiaridades do local. A cravação por percussão é o processo mais
utilizado, sendo realizados por meio de pilões de queda-livre ou automáticos.

Outro ponto positivo para sua utilização seria em relação a cravação ser provida
de pouca vibração, não prejudicando as edificações vizinhas. Seu emprego necessita de
cuidados com relação a corrosão do material metálico, para isto, poderia ser feito uma
impermeabilização para evitar a corrosão, tomando como base a NBR 6122/2010 que
prevê um limite máximo, devido à corrosão, de 1,5 mm da superfície do perfil em
contato com o solo, assim não tendo futuras preocupações.

Em relação ao custo, elas apresentam valor elevado, impossibilitando assim a


utilização em obras de pequeno porte, desta forma teria que se analisar outros tipos de
fundações para afirmar com exatidão a sua possibilidade de escolha. A seguir a figura
13 mostra o cravamento de uma estaca metálica.
Figura 13- Estaca metálica

Fonte:
https://www.google.com.br/search?hl=ptR&biw=1366&bih=637&tbm=isch&sa=1&ei=
hSU3Wq7MHcOQwgSbmbSwAQ&q=estaca+metalica&oq=estaca+metalica&gs_l=psy
ab.3..0j0i8i30k1l2j0i5i30k1j0i24k1l6.151426.154819.0.155023.15.15.0.0.0.0.290.2015.
0j9j2.11.0....0...1c.1.64.psyab..5.10.1866...0i30k1j0i67k1.0.U1kw6E6VgHA#imgrc=m
WwwAA4JOsKcpM:

A seguir, encontra-se disposto na Tabela 16 a análise do uso da estaca metálica


para o terreno analisado por este trabalho.

Tabela 16- Critérios de Escolha de Fundação - Estaca Metálica


Características Requisito Metálica Viável
Capacidade de carga 106 tf 20 - 70 tf OK
Faixa de NSPT 25 25 - 55 tf OK
Execução abaixo do NA Sim Sim OK
Vibração Não Não OK
Profundida máxima 10 m 12 m OK
Acessibilidade equipamento Sim Sim OK
Variação do comprimento Sim Sim OK
Solos com matacões Não Não OK
Fonte: Autores (2017)
Analisando as características da estaca metálica frente às necessidades do
terreno analisado, pode-se dizer que o seu uso seria uma boa alternativa, o seu
equipamento é um pouco menor que as outras estacas cravadas e possui uma camada
fina de aterro melhorando seu deslocamento e estabilização, pode ser inviável devido ao
seu elevado custo, se comparada as estacas pré-moldadas de concreto, Strauss e Franki;
sendo que estas não possuem os requisitos impostos pelo solo.

3.2.10 Estaca Hélice Contínua

Sua realização ocorre na perfuração do terreno através de um trado helicoidal


contínuo, que retira o solo sem desconfinamento, até que atinja a profundidade
requerida em projeto, o concreto é bombeado por dentro do trado a partir da cota de
ponta da estaca e sequenciadamente o trado é cuidadosamente sacado simultaneamente
ao bombeamento de concreto.

Este tipo de estaca é utilizado, predominantemente, em fundações cujos solos são


argilosos, siltosos e arenosos, com ou sem a presença do lençol freático. De acordo com
Hachich et. al., (1998) a grande vantagem é a elevada produtividade que reduz
significativamente o cronograma de obra com apenas uma equipe de trabalho, porém,
para que este equipamento funcione corretamente é necessário que a área de trabalho
seja plana, assim como, ter em suas proximidades uma central de concreto para que não
haja interferência na produtividade. A seguir a Figura 14 mostra uma estaca hélice
continua.

Figura 14- Estaca Hélice Contínua

Fonte:
https://www.google.com.br/search?hl=ptBR&biw=1366&bih=637&tbm=isch&sa=1&ei=IiY3WpGhNoG
nwgTT_axw&q=estaca+helice+continua&oq=estaca+helice&gs_l=psyab.3.0.0l7j0i30k1l2j0i5i30k1.1902
60.193631.0.194469.14.14.0.0.0.0.201.1941.0j10j1.11.0....0...1c.1.64.psyab..3.11.1930...0i8i30k1j0i24k1j
0i67k1.0.zXvGV-Gvcew#imgrc=vBcq4eoUSwM24M:
A seguir, encontra-se disposto na Tabela 17 a análise do uso da estaca hélice
contínua para o terreno analisado por este trabalho.

Tabela 17- Critérios de Escolha de Fundação - Estaca Hélice Contínua


Características Requisito Hélice contínua Viável
Capacidade de carga 106 tf 35 - 500 tf OK
Faixa de NSPT 25 20 - 45 tf OK
Execução abaixo do NA Sim Sim OK
Vibração Não Não OK
Profundida máxima 10 m 24 m OK
Acessibilidade equipamento Sim Não Não OK
Variação do comprimento Sim Sim OK
Solos com matacões Não Não OK
Fonte: Autores (2017)

Considerando esta estaca em relação as anteriores, ela possui um alto valor para
sua execução e seria completamente inviável pelo seu equipamento exigir um terreno
bastante firme, pois seu equipamento é muito grande e pesado, levando essas
características em consideração, não se aplica ao caso.

3.2.11 Estaca do tipo Franki

As estacas do tipo Franki são moldadas “in loco” por meio de cravação dinâmica
de um tubo com uma bucha composta de areia e pedra, implantada na sua ponta inferior.
A cravação desta estaca é por queda livre de um pilão com peso de cerca de 1000 a
4600 kg, sobre a bucha, fazendo com que a composição tubo-bucha vá adentrando no
solo até que atinja um solo com boa capacidade de suporte, sendo que a verificação
deste fato se dá pela aferição das negas e energias de cravação (MELHADO, 2002).
Segundo Hachich et al (1998), este tipo de estaca foi empregado pela primeira vez
no Brasil em 1935, na Casa publicadora Baptista no Rio de Janeiro. Em São Paulo, em
1936, foram executadas as estacas do portal de entrada do Túnel Nove de Julho. A partir
de 1960, após ter expirado a licença da patente, o método Franki entrou para o domínio
público.
O procedimento da execução das estacas tipo Franki causa uma alta capacidade de
carga na estaca, bem como a possibilidade de um bom domínio de qualidade do
estaqueamento. A seguir a figura 15 mostra uma estaca tipo franki.
Figura 15- Estaca Franki

Fonte:
https://www.google.com.br/search?hl=ptBR&biw=1366&bih=637&tbm=isch&sa=1&ei
=6CY3WpH2CcWDwgSDzLzYDg&q=estaca+franki&oq=estaca+franki&gs_l=psy-
ab.3..0j0i67k1j0l5j0i30k1l2j0i5i30k1.218637.224178.0.224517.21.12.1.3.3.0.259.1824.
0j5j4.9.0....0...1c.1.64.psyab..11.10.1288...0i8i30k1j0i24k1.0.yowTfsYgVoo#imgrc=jA
KGsbF9NS2P4M:

A seguir, encontra-se disposto na Tabela 18 a análise do uso da estaca Franki


para o terreno analisado por este trabalho.

Tabela 18- Critérios de Escolha de Fundação - Estaca Franki


Características Requisito Franki Viável
Capacidade de carga 106 tf 55 - 170 tf OK
Faixa de NSPT 25 8 - 15 tf* Não OK
Execução abaixo do NA Sim Sim OK
Vibração Não Sim Não OK
Profundida máxima 10 m 35 m OK
Acessibilidade equipamento Sim Não Não OK
Variação do comprimento Sim Sim OK
Solos com matacões Não Não OK
*Em solos arenosos. Em solos argilosos: 20 a 40
Fonte: Autores (2017)
Analisando esta estaca frente às necessidades do terreno, temos que ela não se
apresenta viável para o mesmo. Pois, como observado, o terreno não possui um nível
adequado de NSPT para sua execução, não perfura matacões, além de ter um alto custo,
e também apresenta muita vibração, que iria danificar as condições das edificações
vizinhas, mostrando-se inadequada para a obra e terreno em questão.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Comparando as fundações em relação à possibilidade de execução e custo


verificou-se que a melhor escolha para essa situação é primeiramente à estaca metálica,
a qual atende a todos os critérios estabelecidos, como, capacidade de carga, vibração,
comprimento máximo, acessibilidade do equipamento e seu custo, se comparada a
outras soluções.
Como segunda opção tem-se o tubulão, que também atende a todos os critérios
técnicos, porém acarreta em maiores custos e maiores cuidados do que a metálica, pois
teria que ser utilizado o ar comprimido, visto que a execução da obra é abaixo do nível
da água, com a necessidade de cravação junto a rocha por meio de escalonamento ou
por barras de aço, para evitar o escorregamento.
Tendo como últimas opções para a execução de fundação na unidade proposta,
tem-se à estaca do tipo Ômega e Raiz, no entanto a Raiz só poderia ser utilizada junto
com a lama betonítica, pois o solo é argiloso, o que tornaria muito mais caro o seu uso e
ambientalmente inadequado. De modo geral, todas essas fundações profundas são
eficientes tecnicamente, porém de elevadíssimo custo. Talvez só as tornariam viável se
fosse uma obra de maior porte.
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