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CENTRO UNIVERSITÁRIO PARAÍSO DO CEARÁ

NEYTHELE SILVESTRE DO NASCIMENTO


PAULO HENRIQUE FERREIRA DA SILVA
RAYANNE SOUSA MUNIZ
ROBERTO SALUSTRIANO SANTOS

Memorial descritivo –
Projeto de fundações diretas

JUAZEIRO DO NORTE-CE
2022
NEYTHELE SILVESTRE DO NASCIMENTO
PAULO HENRIQUE FERREIRA DA SILVA
RAYANNE SOUSA MUNIZ
ROBERTO SALUSTRIANO SANTOS

Memorial descritivo –
Projeto de fundações diretas

Relatório de desenvolvimento do projeto


de fundações diretas, para a disciplina de
Geotécnica e Fundações, do curso de
Engenharia Civil – Turno Noite do
Centro Universitário Paraíso do Ceará,
sob orientação da Profa. Paloma Moreira
de Medeiros.

JUAZEIRO DO NORTE-CE
2022
Sumário

1 ANÁLISE PRELIMINAR 3
2 PLANO COMPLEMENTAR 6
3 PERFIL GEOTÉCNICO 7
4 ANÁLISE DAS FUNDAÇÕES DIRETAS 7
4.1 Bloco 7
4.2 Sapata isolada 8
4.3 Sapata associada 8
4.4 Radier 8
4.5 Critérios de escolha 8
5 CORRELAÇÕES UTILIZADAS 9
6 ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA DO SOLO 10
6.1 Método de Terzaghi 10
6.2 Método de Brinch Hansen 11
7 PRÉ-DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL 12
8 ORÇAMENTO ESTIMADO DA FUNDAÇÃO 14
REFERÊNCIAS 15
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1 ANÁLISE PRELIMINAR
Levando em consideração o que a NBR 8036 preconiza, “Em quaisquer circunstâncias
o número mínimo de sondagens deve ser três para área entre 200 m² e 400 m²”. Dito isso, para
o presente projeto tem-se uma área de projeção de, aproximadamente, 252,8 m² (Figura 1),
fazendo-se necessário a realização de sondagem em 3 pontos. Dessa forma, no relatório
apresentado, deveria ser feito mais um furo para análise.
Em relação à locação dos furos, foram feitos em duas extremidades (Figura 2), que na
planta de carga, visualmente, representam as menores cargas máximas. Levando isso em
consideração, o recomendado é que os pontos de ensaio sejam feitos nas regiões que possuam
maiores cargas, pois é onde o solo ficará mais sobrecarregado e onde poderá ocorrer com
maior facilidade o processo de recalque. Outro ponto a se considerar é que foi feito o que
sugere a norma dos furos não serem alinhados. Porém, analisando a região em que os pontos
foram colhidos (Figura 3 e 4), pode-se perceber que em um dos locais (Figura 4) existe
revestimento na superfície a ser realizado o furo, o que é considerado uma variável de
influência nos valores obtidos pelo ensaio.
Para a análise global da estrutura, os pilares foram alocados de uma forma que os
lados com maiores momentos de inércia distribuíssem-se de maneira mais uniforme possível,
alternando o seu posicionamento, evitando que qualquer lado da edificação ficasse
desbalanceada.
Analisando o relatório do ensaio, para o número de golpes registrados, em ambos os
pontos, não foi atingido nenhum critério de paralisação antes dos 45 cm de penetração, que
são: Em qualquer dos três segmentos de 15 cm, o número de golpes ultrapassar 30; Um total
de 50 golpes tiver sido aplicado durante toda a cravação.
Com base nos dados geológico-geotécnicos apresentados, pode-se perceber que no
primeiro furo, na profundidade analisada, o tipo de solo apresentado foi o mesmo. Além
disso, nota-se uma crescente de resistência diretamente proporcional à profundidade, em
quase toda a região analisada. Para o segundo ponto, essa crescente de resistência é ainda
mais acentuada, havendo diferença no solo, apenas na última camada.
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Figura 1: Planta de cargas

Fonte: Próprios autores

Figura 2: Localização geográfica do ensaio

Fonte: Prosond, 2020


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Figura 3: Foto da execução no local

Fonte: Prosond, 2020

Figura 4: Foto da execução no local

Fonte: Prosond, 2020


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2 PLANO COMPLEMENTAR
Em primeira análise, podemos identificar que a APP (Área de projeção em planta da
edificação, em m²), é superior a 200 m² e inferior a 400 m². Logo, o relatório de sondagem
que fora executado demanda a realização de mais um furo (um terceiro) que diste mais de
100m dos outros dois já anteriormente realizados, ou o mais próximo disso, a ser executado
dentro dos limites dessa área.
Pode-se observar que a área a ser construída não é grande o suficiente para que se
justifique a realização de ensaios indiretos, como os de eletrorresistividade e os sísmicos, e
muito menos é viável a realização desses ensaios, sob o ponto de vista econômico, por se
tratar de uma edificação de pequeno porte e que contará com fundações rasas (diretas).
O mais indicado, portanto, além da realização do terceiro furo complementar ao ensaio
de SPT, para a obtenção dos dados complementares que orientem a tomada de decisão acerca
de qual tipo de fundação será utilizada é a realização de ensaios semidiretos, com perfuração
do solo, porém sem a retirada de amostras.
O ensaio pressiométrico, realizado através da introdução de uma sonda que consiste
em um cilindro metálico envolto por uma membrana no solo, surge aqui como a melhor opção
de ensaio semidireto a ser realizado para a obtenção de dados complementares. Através dele
será possível obter dados como a deformabilidade do solo, a sua resistência e,
consequentemente, o seu comportamento tensão x deformação.
O ensaio de cone (CPT/CPTU) e o ensaio de palheta (Vane Test – VST), apesar de
também serem ensaios semidiretos não são os mais indicados nesse caso. Descartamos o uso
do ensaio de cone uma vez que os resultados do SPT realizado anteriormente não indicam a
presença de um nível de água, assim como descartamos o uso do ensaio de palheta uma vez
que, também através dos resultados do SPT, observamos que o solo do local não se trata de
um solo mole.
Com isso, tomamos como plano complementar de investigação a realização do ensaio
pressiométrico entre os três pontos (os dois previamente executados e o mais novo) aonde
foram realizados os furos para o ensaio de SPT.
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3 PERFIL GEOTÉCNICO
O perfil geotécnico representado na Figura 5 mostra as duas sondagens realizadas pela
empresa, e detalha as camadas de solos com os seus respectivos tipos que foram identificados
na sondagem de SPT, é possível identificar que em ambos os casos foram encontrados vários
tipos de solos diferentes, sendo necessário um novo furo ou ensaios semidiretos para ajudar a
conhecer melhor o solo que irá receber as fundações.

Figura 5: Perfil geotécnico

Fonte: Próprios autores

4 ANÁLISE DAS FUNDAÇÕES DIRETAS

4.1 Bloco

 Não há a utilização de armadura;


 Indicado para obras de pequeno porte;
 Indicado para solos com boa capacidade de resistência;
 Rápida execução;
 Menor custo.
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4.2 Sapata isolada

 Custo mais acessível;


 Rapidez na execução;
 Capacidade de construção sem necessidade de muitas ferramentas ou equipamentos
especiais;
 Possibilidade de construí-la com pouca escavação e baixo consumo de concreto;
 Capacidade de carga maior.

4.3 Sapata associada

 Empregadas quando a posição de duas sapatas isoladas ficarem muito próximas;


 Bases podem ficar sobrepostas.

4.4 Radier

 Recomendado para obras de pequeno porte;


 Utilizado em terrenos argilosos;
 Execução rápida;
 Baixo custo;
 Redução na mão de obra e na execução.

4.5 Critérios de escolha

Levando em consideração todos os pontos elencados para cada fundação citada, a


escolhida foi a sapata isolada. Primeiramente, um dos critérios para a escolha foi o porte da
edificação, já que as fundações tipo Bloco e Radier são recomendadas para obras de pequeno
porte.
Seguidamente, outro critério definido para escolha foi o tipo de solo, uma vez que as
fundações analisadas são superficiais, a primeira camada de solo é essencial para uma boa
execução das fundações. Sendo assim, o Bloco é recomendado apenas para solos de alta
resistência e o Radier, para solos argilosos. Levando isso em consideração, analisando as
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resistências à penetração na primeira camada, tem-se uma qualificação das camadas de solo
de razoável a ruim, para os pontos 1 e 2, respectivamente, de acordo com a Tabela 1.
Ademais, analisando o relatório de descrição dos materiais do ensaio, apenas uma região
engloba o tipo de solo argiloso.
Dessa forma, a dúvida ficaria entre os dois tipos de sapatas. Porém, a sapata do tipo
associada, é recomendada apenas quando existe um curto espaço entre os pilares, tornando-se
inviável neste caso, uma vez que a distância entre os pilares é de 5 metros.
Outrossim, a sapata isolada torna-se bastante viável tecnicamente e financeiramente,
uma vez que ela possui um custo mais acessível, rapidez na execução, capacidade maior de
carga. Além disso, ela torna-se acessível aos solos arenosos, siltosos e argilosos.

Tabela 1: Qualificação das camadas de solo

Fonte: Berberiam, 2021

4 CORRELAÇÕES UTILIZADAS
As correlações que foram utilizadas para continuidade no desenvolvimento do trabalho
foram as equações para obtenção do ângulo de atrito e a coesão, conforme Godoy e Teixeira,
como mostradas nas equações 1, 2 e 3.

(Godoy, 1983): Ø = 28° + 0,4 N spt (1)


(Teixeira, 1996): Ø = √ 20 N spt +15° (2)
(Teixeira e Godoy, 1996): c = 10 N spt (3)
Sendo:
Ø: ângulo de atrito;
N spt : grau de Resistência do solo;
C: coesão do solo.
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5 ANÁLISE DA CAPACIDADE DE CARGA DO SOLO


Primeiramente, foram encontrados os valores de N spt para cada camada de solo, em
cada furo realizado. Após isso, foram utilizadas as médias dos valores de ângulo de atrito e
coesão do solo encontrados, a partir das correlações utilizadas, para aplicar nos métodos de
cálculo da capacidade de carga do solo.

5.1 Método de Terzaghi


Primeiramente, foi analisado o gráfico representado na Figura 6, para identificar qual
seria o tipo de ruptura que o solo passaria, levando como dados de entrada os valores de
ângulo de atrito e coesão. Após isso, foram obtidos os valores de N’q, N’c e N’q que são
parâmetros para a metodologia, podendo serem obtidos através do gráfico apresentado na
Figura 7, através dos valores de ângulo de atrito.
Com isso, foi calculado o valor da carga última através da fórmula 4. Com isso, foi
considerado um valor de fator de segurança igual a 3, de acordo com a Tabela 2. Para assim,
ser calculada a tensão admissível total (5).

B
q ult =1 ,3 c N c +γD N q+ 0 , 8 γ N (4)
2 γ
qult
σ adm = (5)
FS
Figura 6: Tipo de ruptura do solo
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Figura 7: Gráfico para obtenção das variáveis do método de Terzaghi

Tabela 2: Obtenção do Fator de Segurança

5.2 Método de Brinch Hansen


Assim como no método anterior, este também utilizada como parâmetros iniciais o
ângulo de atrito para calcular a carga última (6). Onde, os valores de Nc, Nq e Nγ são obtidos
através da Tabela 3. Após isso, são calculados os fatores de forma λ cs, λ q s, λ γ s (7, 8, 9). Em
seguida, como Df/B ≤ 1, utilizam-se as equações 10, 11 para cálculo dos fatores de
profundidade. Sendo que o valor de λ γ d adota-se como 1. Com isso, encontra-se o valor
da carga última e pode-se utilizar o mesmo fator de segurança para encontrar a tensão
admissível pera mesma equação 5.

B
q ult =c N c sc +q N q s q+ γ N γ sγ (6)
2
B Nq
λ cs=1+( )×( ) (7)
L Nc
12

B
λ q s=1+( )× tgϕ (8)
L
B
λ γ s=1−0 , 4( ) (9)
L
Df
λ cd =1+ 0 , 4 ( ) (10)
B
2 Df
λ q d=1+ 2tg ϕ (1−sen ϕ ) (11)
B

Tabela 3: Fatores de capacidade de carga

6 PRÉ-DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL
Primeiramente, foi utilizado o método semiempírico para o cálculo de tensão
admissível (12).

NSPT
σ adm = (12)
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Admitindo a largura da sapata de 2 metros, terá influência de 3 metros no bulbo de


tensões. Assim, pode-se utilizar a relação de golpes para calcular o nspt.
De acordo com a análise do SPT e perfil geotécnico do terreno foi atribuído o
assentamento da sapata a 1 metro de profundidade, pois apresenta uma melhor resistência na
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camada, além de estar viabilizando financeiramente a execução do projeto com um menor


volume de escavação.
Assim, calcula-se a área mínima da base da sapata através da seguinte fórmula (13):

γa × N k
S= (13)
σ adm

Logo:

A=B=√ S (14)

Que são as dimensões da sapata quadrada. Vale ressaltar, que a NBR 6122/2010 exige
a dimensão mínima das sapatas de 0,60 metros.
Por conseguinte, para uma melhor distribuição de esforços, devido aos pilares serem
retangulares, redimensionamos as sapatas para retangular, de forma que as suas abas tenham a
mesma medida.

A=
2
+
4√
(a−b) (a−b)2
+S (15)

S
B= (8)
A

Calculado as dimensões laterais das sapatas, precisaremos calcular a altura (h).


Ademais, para que a sapata seja considerada rígida é necessário atender aos seguintes
requisitos:
A−a p
h≥ (16)
3
B−b p
h≥ (17)
3

Assim encontramos a altura mínima necessária. No entanto, é preciso satisfazer as


condições e foi considerado que será utilizado barras de 12.5 mm e concreto de fck= 25Mpa e
lb = 47cm. Logo, todos os valores de h atendem ao critério de comprimento mínimo para
ancoragem da barra. Dessa forma, calcula-se:
14

h−h0
tg(30 °)≥ (18)
A ou B

7 ORÇAMENTO ESTIMADO DA FUNDAÇÃO


A plataforma utilizada para realizar o orçamento das fundações foi o SEOBRA,
utilizando a tabela de custos da SEINFRA versão 027. Os itens inseridos no orçamento estão
presentes no memorial de cálculo, de acordo com os dados já encontrados anteriormente no
dimensionamento das fundações. Dessa forma, ao calcular o valor total do orçamento, foi
encontrado um valor estimado de R$44.677,81.
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REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6484: Solo - Sondagens de


simples reconhecimento com SPT - Método de ensaio. Rio de Janeiro. 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8036: Programação de


sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios. Rio de Janeiro.
1983.

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