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FUNDAÇÕES 1

AULA 2 – INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA


APLICADA AO PROJETO DE FUNDAÇÕES

Me. Angélica Paiva Ramos


Introdução
 A quantidade de dados necessário para determinação das
fundações é relativo a cada situação, oscilando em função de
variáveis como: porte da edificação, funcionalidade,
concepção estrutural adotada, problemas relativos ao solo,
entre outras.
 Uma investigação adequada do terreno de fundação, deve
inicialmente definir um programa com base nos objetivos a
serem alcançados:
 Investigação preliminar
 Investigação complementar
 Investigação para a fase de execução
Etapas da investigação geotécnica
 Etapa de Reconhecimento:
 Obter informações sobre a natureza das formações
geológicas e principais características do solo
 Fazer uma análise da área que é mais viável para a
implantação da obra
 Estimar o tipo de fundação para avaliação preliminar de
custos, qualidade, segurança e alteração ambientais.
 Escolha do método mais adequado para investigação
Etapas da investigação geotécnica
 Etapa de Exploração
 Desenvolvimento dos ensaios necessários para as propostas
de dimensionamento da fundação.
 Etapa de Detalhamento
 Ocorre apenas quando verificada a necessidade de ensaios
mais específicos, relacionados normalmente a
particularidades da obra.
 Etapa de Acompanhamento
 Estabelecida durante e após a construção para avaliação do
desempenho da obra
 Solicitada em casos de ocorrencias imprevistas relacionadas
ao solo no momento da implantação da obra.
Ensaios disponíveis x Parâmetros Obtidos
 No que refere à investigação preliminar do subsolo, de uma forma
geral, a tabela a seguir apresentada os principais ensaios
disponíveis para esta investigação.
Ensaio de Penetração de Cone ( CPT) e
Piezocone ( CPTU)
 Sua descrição pode ser definida pela NBR 12069 – MB 3406/91,
atualmente cancelada e não revisada, porém que em critério de
desenvolvimento de ensaio não apresenta divergências com
ASTM- D 344 (1979).
 O princípio do ensaio é bastante simples, consistindo na
cravação no terreno de uma ponteira cônica a uma velocidade
constande de 2cm/s. As medidas realizadas durante a cravação
da ponteira são:
 Resistencia de ponta
 Resistencia lateral
 Poro pressão geradas, no caso de piezocone
Ensaio de Penetração de Cone ( CPT) e
Piezocone ( CPTU)
 De forma geral o cone utilizado no ensaio pode assumir três
categorias:
 Cone Mecânico: a medida dos esforços de cravação são
feitas na superfície do terreno (pouco utilizado).
 Cone Elétrico: a medida dos esforços são feitas pela
presença de células de carga na ponta e na lateral do
equipamento.
 Piezocone (CPT-U): permite o monitoramento da poro
pressão durante o processo de cravação.
Ensaio de Penetração de Cone ( CPT) e
Piezocone ( CPTU)
 Sobre o sistema de
transmissão de dados:
Em geral são
empregados sistemas
automáticos de
aquisição de dados, os
quais por meio de
programas
computacionais simples,
permitem o processo de
gerenciamento e
armazenamento de
medidas in situ e
posterior elaboração de
Fonte: livro Ensaios de Campo
relatorio.
Ensaio de Penetração de Cone ( CPT) e
Piezocone ( CPTU)
 O ensaio não permite a
retirada de amostra de
solo e as características
desejadas do solo, são
determinadas por
correlações
 No ensaio CPT a razão
de atrito é o primeiro
parâmetro obtido,
utilizado para
classificação do solo.
Ensaio de Penetração de Cone ( CPT) e
Piezocone ( CPTU)
 Exemplo de ábaco para classificção do solo (Robertson (1990) apud Schnaid 2012)

Vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=h3HKuvFg_U0&feature=emb_logo
Ensaio de Penetração de Cone ( CPT) e
Piezocone ( CPTU)
 Aplicação dos resultados por meio de correlações
desenvolvidas possibilita entre outras informações:
 Determinação da estratificação do solo
 Resistencia ao cisalhamento não-drenada de argilas
 Determinação da tensão de pré adensamento de argilas
 Coeficiente de empuxo no repouso de argilas
 Densidade relativa em areias
Ensaio de palheta ( Vane Test)
 Empregado na determinação da resistencia ao cisalhamento não-
drenada de depósito de argilas moles, assumindo a hipótese de
ruptura cilindrica do solo durante o desenvolvimento do ensaio.
 Desenvolvido na Suécia em 1919 – Jonh Olsson
 No Brasil o ensaio foi introduzido em 1949 pelo IPT – São Paulo e
incorporado como método brasileiro em 1989 por meio da NBR –
10905: Ensaio de Palheta – In situ
Ensaio de palheta ( Vane Test)
 O ensaio consiste em utilizar uma palheta com 4 aletas, fabricada em
aço com diâmetro de 65mm e altura de 130mm;
 Em sequência a mesma é cravada em argilas saturadas de
consistencia mole a rija, submetida ao torque necessário para
cisalhar o solo por rotação;
 A haste, que normalmente é protegida por um tubo e mantido
estacionário durante a realização do ensaio, deve ser capaz de
suportar os torque aplicados, tendo também como objetivo levar a
palheta até a profundidade de ensaio;
Ensaio de palheta ( Vane Test)
 Uma vez posicionada a ponteira, aplica-se torque por meio de
unidade de medição com velocidade de 6 graus / minuto. O torque
máximo permite a obtenção do valor de resistência não drenada do
terreno, nas condições de solo natural indeformado.
 Posteriormente, para obtenção da resistência não-drenada,
representativa de uma condição pós-amolgamento da argila, gira-se
a palheta rapidamente por 10 voltas consecutivas, obtendo-se a
resistência não drenada do terreno nas condições de solo
“amolgado”, permitindo avaliar a sensibilidade da estrutura de
formação natural do depósito argiloso.
Ensaio de palheta ( Vane Test)
 O ensaio pode ser executado em argilas com resistencia de até
200KPa, porém a palheta especificada na norma brasileira apresenta
desempenho satisfatório em argilas com resistencias inferiores a
50KPa.
 Algumas recomendações de natureza prática para definir a aplicação
do ensaio:
 Nspt menor ou igual a 2, correspondente a resistencia de ponta (CPT)
menor que 1000KPa.
 Material predominantemente argiloso (>50% passante na peneira #200,
LL>25 e IP>4)
Exemplo de resultado de ensaio
Ensaio de palheta ( Vane Test)
 O ensaio pode ocorrer de duas formar:
 Ensaio tipo A - sem perfuração prévia: apresentam resultados de
melhor qualidade, sendo utilizados em solos de baixa
consistencia, onde é possivel sua cravação estática a partir da
superfície do terreno
 Ensaio tipo B - com perfuração prévia: realizado em escavações
pré realizadas, em geral revestidas, sendo mais comum a
ocorrencia de erros devido a atritos mecânicos e menor
estabilidade da palheta.
OBS: Trata de um ensaio específico e que requer, para sua
aplicabilidade o conhecimento prévio do solo.
Ensaio Pressiométrico
 Desenvolvido em 1955 pelo frances Louis Ménard e auxilia na
determinação do comportamento tensão x deformação dos solos.
 O pressiômetro do tipo Ménard (PMT) consiste em dispositivo com
membrana expansível para medição da resistência, rigidez e
tensões "in situ" do solo.
 O pressiometro pode ser inserido no solo em um pré furo com
equipamento com ponta perfurante ou por cravação.
 Após a inserção e atingida a cota do ensaio, aplica-se pressão
radial uniforme contra o solo por meio de inserção de nitrogênio. A
pressão aplicada e a expansão de volume da sonda são medidas e
registradas em caixa de controle, obtendo-se desse modo a
relação tensão-deformação da camada investigada.
Ensaio Pressiométrico
 Com o ensaio, é possível a obtenção de informações tais como:
 Módulo pressiométrico de Ménard
 Pressão limite de Ménard;
 Pressão residual.
 Estes resultados permitem avaliar, através de correlações,
parâmetros como:
 Módulo de elasticidade do solo (E);
 Resistência não drenada dos solos argilosos saturados (Su);
 Resistência drenada dos solos arenosos (ø);
 Capacidade de carga e recalques em fundações rasas e profundas.
Normatização
 Segundo a NBR 6122/2019 - Para qualquer edificação deve ser
feita uma campanha para a investigação geotécnica preliminar,
constituída de no mínimo sondagens a percussão (SPT) .
 Para a programação da sondagem de simples reconhecimento para
fundações de edifícios a NBR 8036/1983 define:
ÁREA DE PROJEÇÃO DE NÚM. MÍNIMO
CONSTRUÇÃO (m2) DE FUROS OBS: Nos casos onde não esta definida
< 200 2 ainda a edificação, o número de furos de
sondagem deve ser especificado
200 a 600 3
considerando uma distancia máxima entre
600 a 800 4
os mesmos de 100m e uma quantidade de
800 a 1000 5
furos não menor que três (03)
1000 a 1200 6
1200 a 1600 7
1600 a 2000 8
2000 a 2400 9
>2400 a critério
Normatização (NBR 8036/83)

 Ainda sobre as recomendações normativas para a programação de


sondagem podemos destacar:
 Quando o número de sondagem for superior a três, elas não devem ser
distribuídas ao longo do mesmo alinhamento.
 A profundidade depende do tipo de edifício, das caracteristicas
particulares de sua estrutura, de suas dimensões em planta, da forma
da área carregada e das condições geotécnicas e topográficas locais.
 Quando a edificação apresentar vários corpos, a profundidade dever
ser definida para cada corpo da edificação em questão.
 A contagem da profundidade deve ser feita a partir da superfície do
terreno para fundações rasas e para fundações profundas a partir da
provável posição da ponta da estaca ou base dos tubulões.
NBR 9604/86 – Abertura de poços e trincheiras
Procedimento
 Generalidade:
 Os poços são perfurações feitas com pás e picaretas, em solo
coesivo, acima do nível dágua, permitindo o exame visual das
paredes da escavação, com obtenção de amostras deformadas ou
indeformadas.
 Observações:
 Em se tratando de amostras indeformadas, para transferencia do
material, deve ser a ele aplicado uma camada de parafina, a qual
tem por objetivo conservar as caracteristicas de umidade.
 O mesmo é transferido em uma caixa de madeira com espaços
laterais que devem ser preenchidos com serragem.
 A principal limitação desse método é a profundidade de escavação
em função das caracteristicas do material e do nível o lenços freático.
Escavação a trado
 Generalidade:
 Esse tipo de escavação é empregado em solos coesivos acima do
nível d’água para reconhecimento rápido e econômico das
condições geológicas superficiáis do material.
 Observações:
 Método muito empregado para o reconhecimento de jazidas e
coleta de material para ensaios de laboratório
 Com exceção das areias puras, a maior parte dos solos permitem
perfuração acima do lençol freático a profundidade de 4,0m a 6,0m,
sem necessidade de contenção das paredes por desmoronamento.
NBR 6484/2001: SONDAGEM DE SIMPLES
RECONHECIMENTO COM SPT – MÉTODO DE ENSAIO

 Princípio da norma: Perfuração e cravação dinâmica de


amostrador padrão, a cada metro, resultando na
determinação do tipo de solo e de um índice de resistência
(Nspt), bem como na observação do nível d’água.

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