Você está na página 1de 42

Fundações

PROF. ME LUCAS MANOEL DA SILVA


➢ INTRODUÇÃO

A Mecânica dos solos pode ser subdividida


em 2 grupos (Figura 1): Saturado e Não saturado.
Tradicionalmente, o enfoque dos projetos
geotécnicos têm priorizado a mecânica dos solos
saturados, que envolve 2 fases: (σ-uw) e (σ-ua).
Solos não saturados envolvem mais de 2 fases (ar,
água, sólidos e membrana contrátil no contato ar-
agua) e as pressões na água são negativas.

Figura 1. Mecânica dos solos2


➢ INTRODUÇÃO
O fluxograma apresentado na Fig. 3 foi elaborado com o objetivo de orientar o engenheiro quanto à seleção do tipo de ensaio e à identificação das abordagens
disponíveis para a interpretação de ensaios de campo. Dada a natureza predominantemente investigativa da atividade geotécnica, alguns ensaios são realizados
visando somente à identificação da estratigrafia do subsolo e dos materiais que compõem as diferentes camadas.

Figura 3 - Interpretação de ensaios de campo 3


Prospecção do subsolo

O projetista de fundações deve se envolver com


o processo de investigação do subsolo.
Prospecção do subsolo
Definição de um programa de investigação:

Investigação preliminar
Investigação complementar ou de projeto
Investigação para a fase de execução
Prospecção do subsolo
Investigação preliminar

Objetivo: conhecer as principais características do subsolo.

Sondagens a percussão
Espaçamento de sondagens regular
Caracterização do embasamento rochoso
Prospecção do subsolo
Investigação complementar

Objetivos: esclarecer as feições relevantes do subsolo e caracterizar as


propriedades dos solos mais importantes do ponto de vista do
comportamento das fundações.

Escolha do tipo de fundação


Questões executivas
Sondagens mistas
Retirada de amostras indeformadas.
Prospecção do subsolo
Investigação para a fase de execução

Objetivos: confirmar as condições de projeto em áreas críticas


da obra.

Responsabilidade das fundações


Grande variação dos solos na obra
Dificuldade de executar o tipo de fundação previsto
Requisitos para um programa de
investigação
Planta do terreno
(levantamento planialtimétrico);
Dados sobre a estrutura a ser construída;
Dados sobre vizinhos a serem
afetados pela obra;
Informações geológico-geotécnicas disponíveis sobre a área;
Normas e códigos de obras locais.
Processos de investigação do subsolo
Principais processos de investigação do subsolo
(para fundações de estruturas):
◦ Poços;
◦ Sondagens a trado;
◦ Sondagens a percussão com SPT;
◦ Sondagens rotativas;
◦ Sondagens mistas;
◦ Ensaio de cone (CPT);
◦ Ensaio pressiométrico (PMT);
➢ INTRODUÇÃO
O planejamento de uma campanha de investigação geotécnica deve ser, portanto, concebido por engenheiro geotécnico experiente, que possa ponderar
os custos e as características da obra com base nas complexidades geológica e geotécnica do local de implantação.

Figura 2. Ensaios de uso corrente na prática brasileira 11


➢ INTRODUÇÃO
Um resumo das técnicas de ensaios de campo e suas aplicações, tais como adotadas na prática internacional, é apresentado no Quadro 1. Referências são feitas à
determinação de vários parâmetros, entre os quais: ângulo de atrito interno do solo (ɸ’), resistência ao cisalhamento não drenada (Su ), módulo de variação
volumétrica (mv ), módulo cisalhante (G), coeficiente de empuxo no repouso (K0 ) e razão de pré-adensamento (OCR).

12
QUADRO 1- Aplicabilidade e uso de ensaios in situ
Poços

Escavações manuais, geralmente não escoradas, que


avançam até que se encontre o nível d’água ou até onde for
estável.
Sondagens a trado
Perfurações executadas com um dos tipos de trado manuais.
Sondagens a percussão
Sondagens a percussão
◦ Perfurações capazes de
ultrapassar o nível d’água e
atravessar solos relativamente
compactos ou duros;
◦ O furo é revestido se se
apresentar instável;
◦ Remoção de material por
circulação de água;
◦ Suspensão da sondagem;
Sondagens a percussão
Realização do SPT:
◦ A cada metro;
◦ Quando houver mudança de
material;
Retirada de amostra
Condições de água subterrânea;
◦ Interrupção por, no mínimo, 24
horas;
◦ Instalação de piezômetro;
Sondagens a percussão
Sondagens a percussão
Sondagens a percussão
Sondagens rotativas e mistas

Uso na ocorrência de
elementos de rocha que
precisem ser ultrapassados
no processo de investigação.
Ensaio de cone (CPT/CPTU)
Cravação a velocidade lenta e
constante de uma haste com
ponta cônica, medindo-se a
resistência encontrada na ponta
e a resistência por atrito lateral.
Também pode registrar a
dissipação do excesso de
poropressão.
Ensaio de cone (CPT/CPTU)
O ensaio foi desenvolvido na
Holanda, na década de 1930,
com o intuito de investigar
solos moles e camadas
arenosas onde se apoiariam
estacas.
Ao longo do tempo, passou
por diversos
aperfeiçoamentos e sua
aplicação foi expandida para
a classificação de solos.
Ensaio de cone (CPT/CPTU)
Ensaio de cone (CPT/CPTU)
A norma brasileira que fazia especificações
sobre o ensaio era a ABNT NBR 12069/91,
mas foi cancelada em 2015.
Atualmente, pode-se utilizar a norma ASTM
D5778, de 2012, como referência, além da
ISO 22476-1.
A classificação do solo
é feita por meio de
correlações, que são
atualizadas
Ensaio de cone (CPT/CPTU)
periodicamente
Ensaio de cone (CPT/CPTU)
Exemplo de classificação (Robertson, 1990; Robertson; Wride, 1998)
3, 47 − log ( Qtn ) + 1, 22 + log ( Fr )
2 2
I cRW =

Resistência normalizada de ponta


( qt −  v 0 )   atm 
n

Qtn =  
 atm   v 0 
Resistência normalizada lateral
fs
Fr = 100%
( t v0 )
q − 
Poropressão normalizada

Bq =
( u 2 − u0 )
( qt −  v 0 )
Ensaio de cone (CPT/CPTU)
Exemplo de classificação (Robertson, 1990; Robertson; Wride, 1998)
Programação de sondagens de simples
reconhecimento dos solos para fundações de
edifícios
PROCEDIMENTOS SEGUNDO A NBR 8036
Programação de sondagens

A norma estabelece os procedimentos para


sondagens de simples reconhecimento em fases
preliminares
Número e locação das sondagens

O número de sondagens deve ser suficiente


para fornecer um quadro da provável variação
das camadas do subsolo
Número e locação das sondagens

Quantidades
Área da projeção Número de furos
Até 200 m² 2 furos
Entre 200 m² e 400 m² 3 furos
Até 1200 m² 1 a cada 200 m²
Entre 1200 m² e 2400 m² 1 para cada 400 m² que excederem os 1200 m²
Acima de 2400 m² Número fixado de acordo com o plano particular da construção
Número e locação das sondagens

Quando ainda não houver a disposição em


planta do edifício, a distância máxima entre os
furos deve ser 100 m, com um mínimo de 3
sondagens.
Número e locação das sondagens
Na fase de estudos preliminares ou de
planejamento, as sondagens devem ser
igualmente espaçadas em toda a área

Na fase de projeto, elas podem ser localizadas


de acordo com critérios específicos do
empreendimento.
Número e locação das sondagens

Quando o número for superior a três, elas não


devem ser distribuídas ao longo de um mesmo
alinhamento
Profundidade das sondagens
A profundidade a ser explorada pelas sondagens de
simples reconhecimento depende de diversos
fatores, como:
◦Tipo de edifício
◦Características particulares da estrutura
◦Dimensões em planta
◦Forma da área carregada
◦Condições geotécnicas e topográficas
Profundidade das sondagens

Devem ser consideradas profundidades que


incluam todas as camadas impróprias ou que
sejam questionáveis como apoio de fundações.
Profundidade das sondagens

As sondagens devem ser levadas até a


profundidade onde o solo não seja mais
significativamente solicitado pelas cargas
estruturais
Profundidade das sondagens

Critério:
Cargas estruturais aplicadas menores que 10%
da pressão geostática efetiva
Profundidade das sondagens

Para planta composta por vários corpos, o


critério de profundidade se aplica a cada corpo
da edificação.
Exemplo: diversas fundações no edifício
Profundidade das sondagens
Quando uma sondagem atingir camada de solo
de compacidade ou consistência elevada, pode-
se parar a sondagem naquela camada, desde
que as condições geológicas locais mostrarem
não haver possibilidade de se atingirem
camadas menos consistentes ou compactas

Você também pode gostar