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FUNDAÇÕES 2

AULA 4 – ESTABILIZAÇÃO DO SOLO:


REFORÇO E MELHORAMENTO

Me. Angélica Paiva Ramos


Introdução
 Entende-se por estabilização de solos o processo pelo qual se confere uma maior
resistência estável às cargas ou desgastes ou à erosão, por meio de uma
compactação, correção de sua granulometria e da sua plasticidade ou de adição de
substâncias que lhe confiram uma coesão proveniente da cimentação ou aglutinação
dos seus grãos.
 O caso mais comum de emprego de estabilização é quando não se dispõe de
material com resistência adequada para ser usado em camadas de pavimentos.
 Entretanto, usa-se estabilizar o solo também em certos casos de reforços de
fundação, ou de melhoria das condições de escavação ou estabilidade de talude.
Estudo de caso
 Ao se deparar com uma condição de solo não ideal, é possível tomar as seguintes
decisões:
 Aceitar o material original e ajustar o projeto às restrições por ele impostas;
 Remover o material do seu local original e substituí -lo por material de qualidade
superior;
 Alterar as propriedades do solo existente de forma a criar um material capaz de
responder às necessidades da tarefa prevista, normalmente designada por
ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS.
Justificativas do crescente desenvolvimento
de processos de estabilização do solo
a) Carência cada vez mais acentuada de materiais naturais de boa qualidade.
b) Necessidade de construir em áreas que antes podiam ser contornadas.
c) Melhoramentos introduzidos nos métodos tradicionais de estabilização de solos.
d) Desenvolvimento de novos métodos de estabilização.
e) Melhoria dos processos e equipamentos de construção.
f) Dados colhidos da observação do desempenho de estruturas com solo estabilizado
mostram que estas podem ter suas dimensões reduzidas.
g) Aspectos econômicos favoráveis: ecologia a preservar (uso de rejeitos industriais e
minerários).
Tipo de estabilização

 Os processos de estabilização de solo podem ser divididos praticamente em dois


tipos:
 Estabilização temporária: aquela imposta ao terreno por um determinado
período, normalmente durante a fase executiva do projeto.
 Estabilização permanente: aquela imposta ao projeto como solução
fundamental para garantia da vida útil da obra proposta. Pode ocorrer por
melhoramento ou reforço do solo.
Estabilização temporária – rebaixamento
do lençol freático
 A construção de subsolos de edifícios, barragens, túneis e galerias, normalmente
requer escavações abaixo do lençol freático e são vários os métodos para eliminar a
água existente no subsolo.
 Para o controle das águas do aquífero requerido pelas obras subterrâneas podem
ser utilizados 2 critérios básicos, isoladamente ou em combinação:
 Isolar as águas por meio de paredes ou cortinas;
 Promover a sua drenagem através de sistemas de rebaixamento.
Estabilização temporária – rebaixamento
do lençol freático
Estabilização temporária – rebaixamento
do lençol freático
 Objetivos:
 Melhorar as condições de estabilidade de taludes, evitando escorregamentos;
 Garantir que o solo no fundo da escavação mantenha sua densidade e
características de compactação;
 Reduzir a umidade de solos em áreas de empréstimo, para garantir as suas
condições de compactação no aterro;
 Evitar liquefação do solo sob a influência da percolação da água

 Cuidado: Durante o processo de rebaixamento do lençol freático é fundamental o


acompanhamento das obra vizinhas, visto que tal processo, pode causar
interferências no solo, que podem acarretar recalques indesejáveis.
Estabilização permanente –
Melhoramento
 Entende como melhoramento do solo técnicas que por efeito físico, efeito químico ou
efeito mecânico alteram alguma ou algumas das propriedades intrínsecas dos solos.
 Compactação
 Aceleração da consolidação
 Densificação
Estabilização permanente –
Melhoramento - Compactação
 Compactação: processo mecânico que impõe ao solo a redução no número de
vazios buscando garantir:
 Redução da compressibilidade (recalques futuros);
 Redução da permeabilidade;
 Aumento da resistência.
Estabilização permanente –
Melhoramento - Compactação
 Emprego da compactação:
 Preenchimento de cavas de fundações e de tubulações enterradas.
 Pavimento rodoviários (estabilidade, ausência de recalques), melhoria da
capacidade de suporte de solos superficiais;
 Preenchimento com solo entre maciço e estrutura de arrimo;
 Aterros de barragens (estanqueidade e estabilidade);
Estabilização permanente – Melhoramento -
Aceleração da consolidação

 Consolidação: processo de redução do índice de vazios por expulsão de fluido


(água).
 Sobrecarga
 Drenos Verticais
Estabilização permanente – Melhoramento -
Aceleração da consolidação

 Sobrecarga:
O processo consiste em impor ao terreno, por um tempo necessário, um
carregamento maior do que ele deverá suportar ao longo de toda a vida útil, dessa
forma os recalques iniciais serão maiores, de forma a serem justificados pela
consolidação.
Estabilização permanente – Melhoramento -
Aceleração da consolidação

 Drenos Verticais:
A instalação de drenos verticais aceleram a consolidação
uma vez que a velocidade de escoamento aumenta com o
encurtamento do percurso da água.
Estabilização permanente – Melhoramento -
Densificação por Vibrocompactação
 A vibrocompactação, aplicável a solos granulares sem coesão (areias, seixos,
calhaus, etc.), consiste na introdução de um vibrador no solo natural, com ou
sem a ajuda de um fluido de injeção, geralmente água.
 A vibrocompactação é recomendada para solos granulares com teor de finos
inferior a 10-15%, abaixo do lençol freático, podendo ser aplicada a
profundidades de até 20m.
Estabilização permanente – Melhoramento -
Densificação por Vibrocompactação
 A vibrocompactação é feita por um vibrador que é um corpo tubular de aço suspenso por
uma grua móvel e dotado de uma ponta de tugstênio que transmite vibração de frequencia
regulável qe que está preparado para injetar água pela ponta.
 As vibrações transmitidas ao solo provocam um movimento horizontal, de frequência igual a
do vibrador e de amplitude variável de acordo com a sua potência.
 A compactação produz uma diminuição de volume do solo (densificação), o qual é
preenchido por um material arenoso de proveniência externa ou por material do mesmo
terreno.
Estabilização permanente – Melhoramento -
Densificação por Vibrosubstituição
 É uma técnica de processo construtivo similar à vibrocompactação, porém aplicada
para depósitos de solos com teor de finos superior a 15%. A vibrosubstituição
consiste na execução de colunas de pedregulho ou de areia para melhoramento do
solo, fazendo uma verdadeira substituição de materiais nos pontos de tratamento.
 As colunas com material de substituição podem ser utilizadas como suporte de
estruturas ou aproveitadas como drenos verticais para acelerar o adensamento de
solos finos.

Fonte:www.maxwell.vrac.puc-rio.br/27809/27809_3.PDF – acesso agosto de 2022


Estabilização de taludes
 Quando a população dos morros é consultada sobre o que acha que segura as encostas, a
resposta é quase unânime: muro de arrimo. Embora seja uma solução indispensável para a
contenção de encostas, quando se aplicam ao caso, os muros de arrimo não precisam ser
a primeira opção nas situações de redução e prevenção do risco.
 As soluções devem ser aquelas que possibilitam condições de estabilidade, que só se
viabilizam quando a encosta é tratada como um todo, com soluções combinadas de
retaludamento, de proteção superficial com materiais naturais e artificiais e de drenagem
adequada à microbacia em questão, além de obras de estrutura de contenção, tais como
muros de arrimo, quando necessários.
 Essas soluções servem para apoiar decisões que permitem a escolha do tipo de obra e
serviço que melhor se adeque à estabilização da encosta. Apresentam também como
objetivo estimular a criatividade para adaptação e/ou modificação total ou parcial das
técnicas apresentadas, diante das características geotécnicas encontradas, dos recursos e
mão-de-obra disponíveis e de outros fatores condicionantes.
Estabilização de taludes - Retaludamento

 Definição:
 Intervenções através da mudança de sua geometria,
particularmente através de cortes nas partes mais elevadas,
visando regularizar a superfície e, sempre que possível,
recompor artificialmente condições topográficas de maior
estabilidade para os materiais que as compõem.
 Áreas retaludadas ficam frágeis em virtude da exposição de
novas áreas cortadas, devendo assim o projeto de
retaludamento prever a proteção do talude alterado, por meio
de revestimentos naturais ou artificiais associado a um
sistema de drenagem.
Estabilização de taludes - Retaludamento
 Recomendações
 Fazer a remoção do material a partir do topo do talude para evitar acidentes com
deslizamentos quando se descalça a base;
 Em taludes contínuos, com mais de 5 m de altura, escalonar degraus (bermas ou
banquetas) para reduzir o percurso da água sobre a face do talude;
 Fazer a proteção superficial do talude harmonizada ao sistema de
microdrenagem, previamente dimensionada no projeto de retaludamento;
 Remover o material excedente, evitando danos às áreas vizinhas, bem como o
assoreamento das linhas de drenagem;
Estabilização de taludes - Retaludamento
 Recomendações
Estabilização de taludes – Drenagem Superficial

 O objetivo da drenagem é diminuir a infiltração de águas pluviais,


captando e escoando-as por canaletas dispostas longitudinalmente, na
crista do talude e em bermas, e , transversalmente, ao longo de linhas de
maior declividade do talude. Para declividades grandes, pode ser
necessário recorrer a escadas de água, para minimizar a energia de
escoamento das águas.
Estabilização de taludes – Proteção Superficial

 A proteção superficial de taludes tem um papel fundamental na sua


estabilização, impedindo a ocorrência de processos erosivos e reduzindo
a infiltração de água nas superfícies desprotegidas. É importante
entender que de modo geral as propostas de estabilização são sempre
combinadas, normalmente com projeto de drenagem ( superficial ou
profunda) e a proteção superficial.
Estabilização de taludes – Proteção Superficial

 Com materiais naturais: os materiais naturais adotados no revestimento


são os vegetais e o solo natural, sendo esse ultimo usado principalmente
no fechamento de fendas.
 Revestimento Vegetal: tem entre as funções atenuar o choque das chuvas
sobre o solo contendo a erosão; reduzir a infiltração das águas, fazendo que
os escoamento ocorra em grande parte pelas folhas; minimizar a erosão por
meio das tramas das raízes.
Estabilização de taludes – Proteção Superficial

 Recomendações
 Adotar, para os revestimentos dos taludes próximos às moradias,
gramíneas de menor porte a fim de evitar ninhos de animais nocivos;
 Adotar a recomposição vegetal nativa nas áreas desmatadas, em encostas
íngremes e em áreas não edificáveis, interditadas à ocupação, adotando
práticas de plantio de mudas ou lançamento de sementes;
 Erradicar as árvores de grande porte no terço superior da encosta,
particularmente as que já se apresentam inclinadas;
 As árvores situadas no pé da encosta e que podem funcionar como barreira
vegetal devem ser mantidas; árvores nos patamares, afastadas da borda da
encosta, geralmente não oferecem risco;
 Sugerir ou induzir (através da doação de mudas) o plantio de frutíferas de
pequeno porte como pitanga, acerola, goiaba, que não oferecem perigo nas
encostas e representam fonte alimentar.
Estabilização de taludes – Proteção Superficial

 Recomendações – Revestimento com vegetação


Estabilização de taludes – Proteção Superficial
 Revestimento com grama armada com geossintéticos
 A utilização de grama armada é recomendada em taludes que apresentam e/ou solo
árido que impossibilita o plantio de vegetação em curto tempo. Para evitar o
deslizamento, a montagem de placas de grama armada deve ser feita no talude, de
baixo para cima, fixando-as imediatamente com a tela geossintética presa por
grampos.
Estabilização de taludes – Proteção Superficial
 Selagem de fendas com material argiloso
 As fendas nos terrenos podem resultar do ressecamento de solos calcários e
sedimentos com argila expansiva, determinando uma malha de aberturas,
conhecidas também como gretas de dissecação. Esse tipo de fenda facilita a
penetração de agua no solo, porem não tem relação com rupturas ou tensões
internas do maciço.
Estabilização de taludes – Proteção Superficial
 Selagem de fendas com material argiloso
 As aberturas alongadas, isoladas ou paralelas na superfície do terreno representam
fendas de ruptura em solos, aterros por tensões de cisalhamento sobre as massas
em desequilíbrio gravitacional.
 Quando o terreno mostra desnível entre os dos dois lados, indicando movimento na
encosta, é um sinal evidente de risco de acidente.
 Assim como nas gretas de dissecação, ao permanecerem abertas essas fendas
permitem maior percolação de água, bem no plano de ruptura.
Estabilização de taludes – Proteção Superficial
 Selagem de Fendas
 O recobrimento da área da fenda com lonas plásticas reduz a infiltração direta
de água através da fenda, porém, sem o redirecionamento das águas que se
infiltram na superfície da encosta, representa uma solução tópica de pequeno
efeito.
 Usar, sempre que possível, solo argiloso, não expansivo e não orgânico, pelas
suas propriedades impermeabilizantes, baixo custo e facilidade de aplicação.
 ATENÇÃO: a lama betonitica, com propriedades expansivas
até pode ser usada ocasionalmente, porém deve se tomar
cuidado com a proximidade do lençol freático, uma vez que
ocasiona fases de expansão e contração.

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