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CONSTRUÇÃO DE VIAS DE ACESSO E DE BASE DE POÇOS

Após determinado o local de um novo poço a ser perfurado, tem início a etapa de
permissoria, que consiste em negociações com os proprietários das terras onde haverá
necessidade de intervenção para construção de acesso e base para o poço. Esta
negociação permite a flexibilidade de aproximadamente 100 m quanto ao local exato do
poço a ser perfurado. Inicialmente é feita na propriedade uma definição topográfica do
local com a fixação de um marco topográfico. Após a negociação inicia-se a execução
das obras necessárias.
Areia e argila costumam ser usadas nos aterros. A via de acesso deverá, após concluída,
possuir uma largura de cerca de 6 metros e um raio de curvatura do acesso de no
mínimo 25m. Nestes acessos devem ser utilizadas tubulações apropriadas e
dimensionadas quando do cruzamento com cursos d’água, e “mata-burros” ou porteiras
quando ocorre a transposição de cercas de arame. A um determinado espaçamento
devem ser construídos cruzadores visando permitir o tráfego de veículos. Esta atividade
não demanda a instalação de acampamentos ou grandes canteiros de obras, permitindo
que as empresas contratadas se instalem em centros urbanos que permitam a
manutenção de oficinas e a acomodação de funcionários.

IMPACTOS DA CONSTRUÇÃO DE VIAS DE ACESSO E DE BASE DE POÇOS

• MEIO FÍSICO

– Modificações no Arranjo do Solo: Construção de bases de poços e vias de


acesso imprimem os mesmos impactos que o levantamento sísmico quanto ao
arranjo dos horizontes do solo. A operação inicia-se com maquinário pesado
para execução da raspagem do local onde os citados elementos serão
posicionados e, conforme as condições locais, são feitos aterros com finalidade
de dar ao local condições de sustentação.
A exposição de horizontes subsuperficiais e o afogamento de horizontes
superficiais (cobertura de horizonte A com material com características químicas
e físicas diferentes) são impactos muito importantes para o solo, uma vez que é
na superfície do mesmo que vive a maior parte da biota e das raízes de vegetais
superiores e se concentram matéria orgânica e nutrientes. Cada base de locação
apresenta dimensões aproximadas de 3500 m2, revestida em toda sua extensão
por argila com altíssimo grau de compactação.
A construção de estradas e base de poços provoca um impacto negativo no
arranjo dos horizontes do solo, de grande magnitude, porque envolve, além do
horizonte A, horizontes subsuperficiais, visto que a terraplanagem em alguns
casos exige cortes profundos.
O impacto pode ser revertido, pois o material colocado sobre a superfície do
terreno pode ser retirado para aproveitamento em outros locais (a área dos poços
podem ser reduzidas à metade em relação a sua área inicial). Em casos de cortes
de pequena profundidade para a construção da base dos poços, o produto da
raspagem é normalmente acumulado para posterior utilização (na época do
arrasamento dos poços o material estocado é espalhado na superfície do terreno,
revertendo o impacto).
– Modificações na Estrutura do Solo: três são as ações entre as atividades de E&P
terrestres que resultam na modificação da estrutura do solo: construção da base
de poços, construção de vias de acesso e construção de estações coletoras. Em
todas elas o solo é compactado para receber as benfeitorias planejadas, o que
interfere diretamente na sua estrutura.
É considerado de média magnitude devido à possibilidade de descompactação
do mesmo através de práticas mecânicas (aração, gradagem, subsolagem etc.) ou
pela flora e fauna que se instalam no local e vão descompactando de maneira
natural. Pelo mesmo motivo é considerado temporário para as bases de poços,
pois após o seu abandono o solo pode ser arado e, com a volta da vegetação, ir
retornando às condições originais. Em muitos casos os proprietários podem
utilizar estas áreas para posicionamento de benfeitorias.
Para a construção de estradas e estações coletoras, o impacto costuma ser
permanente porque são elementos que permanecem no local por um tempo
indeterminado, com construção de elementos de concreto no caso das estações e
utilização para outros fins, no caso das estradas principais.

– Alteração do Teor de Água do Solo: a construção de bases de poços, de estações


coletoras e de estradas de acesso altera o teor de água do solo de duas maneiras:
diminui o teor de água com a redução do nível do lençol freático devido à
construção/manutenção de drenos e elevação da superfície do solo devido aos
aterros ou amplia o teor de água devido a modificações no padrão de drenagem
regional provocado pelo represamento de água.

– Alterações no Fluxo de Água: a implantação de vias de acesso, estações


coletoras e bases de poços pode causar modificações no fluxo de água em suas
áreas de influência. A construção de vias, estações coletoras e bases de poços
pode provocar impactos locais no que diz respeito a alterações de fluxo de água,
pelo aumento de nível d’água a montante da estrutura construída, e redução das
vazões a jusante. Desta forma, a construção de vias de acesso, bases de poços e
diques pode tornar certas áreas mais secas e outras mais úmidas, inclusive
podendo causar alagamentos.

– Alteração da Qualidade da Água: pode ocorrer um aumento do aporte de


sedimentos, esgotos e resíduos a cursos d’ água na execução de obras tais como
construção de bases de poços, arrasamento de poços, construção de vias de
acesso, montagem de linhas de surgência e construção de oleodutos e gasodutos.
O aumento do afluxo deste material ampliará concentrações de sólidos
suspensos, com conseqüente aumento de turbidez e modificação de cor,
reduzindo a entrada de raios solares na massa d’ água, influenciando os
ecossistemas aquáticos.

– Aumento do Nível de Ruído: O ruído originado na construção de vias de acesso


e de base de poços são provenientes da operação de máquinas e caminhões
transportadores de areia e argila. É considerado de pequena magnitude porque
altera o nível de ruído em pequenas proporções. A manutenção de vias de acesso
provoca também aumento do nível de ruído de pequena magnitude, ocasionado
pela passagem de máquinas e caminhões.
– Aumento do Nível de Poluentes no Ar: É tido como temporário, porque seus
efeitos ocorrem apenas no momento da obra, cessando após o seu término.
A manutenção de vias de acesso provoca também aumento do nível de ruído de
pequena magnitude, ocasionado pela passagem de máquinas e caminhões.

• MEIO BIÓTICO

– Alteração da Composição Faunística


– Evasão de Animais
– Morte de Animais
– Supressão de Vegetação
– Alteração na Composição Florística: Mudanças no ambiente físico que altere sua
morfologia em qualquer sentido, no horizonte do solo e na sua composição
química e permeabilidade, bem como o teor de água disponível, promoverá
alteração na composição florística das áreas afetadas.
Dentre estes impactos, os maiores estão relacionados à construção de vias de
acesso, que podem causar obstrução do fluxo de água, aumentando ou
diminuindo a lâmina d’ água. Com o aumento de umidade, haverá substituição
das espécies de ambiente secos por outras de terrenos alagadiços. Em situação
de seca, ocorrerá o inverso com a vegetação.
Cabe ressaltar que esta alteração não é compensatória, pois estas alterações não
se fazem na maioria das vezes com espécies da região, mas sim com outras que
denominamos de daninhas ou invasoras, pertencentes a outros ecossistemas e em
sua grande maioria espécies de outras nacionalidades que estão amplamente
adaptadas aos ambientes mais diversos, substituindo completamente, em
determinadas situações, a flora regional, com conseqüências também sobre a
fauna.
Na extração de areia e argila com escavações de grande porte, pode haver em
alguns casos exposição ou aproximação excessiva do lençol freático, deixando o
solo coberto por uma lâmina d’água ou mais úmidos, promovendo a substituição
de espécies preferenciais de solos secos por outras adaptadas a terrenos
alagadiços ou com grande taxa de umidade.
Na construção da base de poços e na sua perfuração existe um entorno que é
alterado com entrada gradativa, por lixiviação, de sedimentos utilizados na
construção da base das sondas de perfuração. Este material favorece a instalação
de espécies de ambientes com estrutura de solo diferente à da região.
Com a desativação destes equipamentos e recuperação dos ambientes que foram
impactados, a vegetação será composta por indivíduos pertencentes a espécies
adaptadas às novas condições de luminosidade, temperatura e físico-química do
solo.

PERFURAÇÃO DE POÇOS

Após aprovada a locação de um determinado poço, exploratório ou de desenvolvimento,


e realizadas as obras de acesso e base necessárias à instalação da sonda, ocorre a
transferência desta para o local a ser perfurado. O transporte dos equipamentos se faz
com carretas e caminhões, uma vez que a sonda pode ser desmontada (exceção:
Amazônia). De modo geral a sonda de perfuração, ao terminar um poço, é
imediatamente transferida para o local onde está previsto um novo poço, operação esta
que recebe o nome de DTM (desmonte, transporte, montagem).
Para o início da atividade de perfuração de poços instala-se a sonda sobre o local a ser
perfurado e, ao redor da mesma, ainda dentro da base preparada para esta atividade,
instalam-se vários trailers de apoio para a atividade de perfuração.
A estrutura de apoio ao redor da sonda é composta por instalações (trailers) para o
encarregado-geral, para o pessoal da geologia, para o sondador, refeitório, dormitórios,
vestiários, sanitários, oficinas de solda e mecânica, laboratório de lama, central de ar
comprimido, diversos almoxarifados e outros.
O método de perfuração utilizado no Brasil é o rotativo, utilizando-se brocas tricônicas
para o corte das rochas.
Após o teste de produção, se confirmada a capacidade de produzir hidrocarbonetos em
escala comercial, instalam-se os equipamentos necessários à produção. Caso contrário,
se for um poço “seco” (sem hidrocarbonetos), o mesmo será arrasado. Se for um poço
produtor em escala subcomercial, o mesmo não é arrasado, aguardando melhor
avaliação.
Após perfurado o poço e realizados os testes de produção a poço aberto, caso se
confirme o interesse comercial em colocá-lo em produção, entra em atividade a SPT
(Sonda de Produção Terrestre). As atividades da SPT envolvem a execução do
revestimento interno de produção, a limpeza do fluido de perfuração, a perfilagem
acústica do poço e o canhoneio no intervalo produtor de hidrocarbonetos.

IMPACTOS DA PERFURAÇÃO DE POÇOS

• MEIO FÍSICO

– Aumento da Disponibilidade de Água para Captação: A perfuração de poços


para a descoberta e produção de hidrocarbonetos permite um melhor
conhecimento dos aqüíferos com maior potencial para produção de água
subterrânea. Desta forma, conhecendo-se este potencial é possível, ao se
abandonar um poço de petróleo, adaptá-lo para que seja produtor de água,
atendendo demandas não supridas por águas superficiais. Esta fonte de água
poderá suprir demandas rurais, em atividades agro-industriais, ou mesmo
pequenas comunidades ou cidades. Este impacto é positivo.
No caso de perfuração de poços pioneiros, ou seja, os primeiros poços de uma
região, pode ocorrer negociação com o proprietário para a retirada de areia em
área próxima à da base, sendo as escavações transformadas em bebedouros de
animais. Este impacto também será positivo.

– Alteração de Qualidade de Água: A exposição da superfície do lençol freático


facilita a contaminação do lençol e o aumento de perdas por evaporação
(negativo). Por outro lado, facilita o acesso aos recursos hídricos para animais,
cuja importância é ampliada em períodos de seca, caso ocorram (positivo).
Pode ocorrer uma contaminação de águas por hidrocarbonetos, produtos
químicos e materiais perigosos, por “blow-out” e/ou derramamento de fluidos na
perfuração de poços, resultante de acidentes operacionais. Entre os fluidos que
poderiam ser derramados incluem-se: óleo, gás e águas salinas de sub-
superfície. As alterações de qualidade causadas por lançamentos em corpos d’
água dos materiais acima citados geralmente causam impactos de grande
magnitude.

– Aumento do Nível de Poluentes do Ar: O aumento do nível de poluentes do ar é


considerado impacto de pequena magnitude, porque os poluentes são lançados
de várias fontes e em quantidades limitadas.

• MEIO BIÓTICO

– Aumento do Nível de Poluentes do Ar

– Evasão de Animais

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