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CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA – ANO 2018

DISCIPLINA: RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

Capítulo I – Introdução – Conceito de Tensão

Aula 01
Conceitos Iniciais
Hipóteses simplificadoras
Equilíbrio de um corpo deformável
Determinação dos esforços internos

Prof. Bruno Ceotto


● BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
• Hibbeler, R. C., “Resistência dos Materiais”.
Ed. Pearson Prentice Hall - 7ª Edição - 2010
• Ferdinand P. Beer; E. Russel Johnston, Jr; John T. DeWolf; David F. Mazurek,
“Mecânica dos Materiais”. Ed. McGraw Hill Brasil – 5ª Edição - 2011

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Sumário: Capítulo 1

1.1 Introdução – Objetivo da Resistência dos Materiais


1.2 Forças Axiais e Tensões Normais
1.3 Tensões Cisalhantes
1.4 Tensões Admissíveis, Tensões Últimas e Coeficiente de Segurança
1.5 Projeto de Acoplamentos Simples
1.6 Tensões em um Plano Oblíquo ao Eixo

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1.1 Introdução – Objetivo da Resistência dos Materiais
Na Mecânica Geral, os corpos sólidos, ou elementos estruturais, são tratados
como sendo corpos rígidos ou indeformáveis, já o estudo dos corpos sólidos
deformáveis é realizado pela Mecânica dos Corpos Sólidos Deformáveis.

Este ramo da Mecânica reúne, entre outras disciplinas, a Resistência dos


Materiais e a Teoria da Elasticidade.

A Resistência dos Materiais estuda tanto a resistência dos elementos


estruturais, para que não venham a se romper, como também a rigidez dos
mesmos, a fim de que suas deformações sejam compatíveis com o uso a que
se destinam.

Os métodos de cálculo utilizados na Resistência dos Materiais são deduzidos


a partir de uma série de hipóteses simplificadoras, baseadas em resultados
comprovados experimentalmente.

A Teoria da Elasticidade, no entanto, não utiliza essas hipóteses


simplificadoras, e, portanto pode resolver de maneira precisa os problemas
analisados pela Resistência dos Materiais, além de outros mais complexos.
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1.1.1– Problemas tratados pela Resistência dos materiais

• Dimensionamento: a partir dos esforços externos atuantes no


elemento estrutural e das propriedades físicas do seu material
constituinte, são calculadas as suas dimensões, assim como as
deformações nele produzidas, com vistas a se obter segurança e
economia;

• Verificação de estabilidade: a partir do material e das dimensões do


elemento estrutural, são pesquisados os esforços externos máximos
(cargas) que podem atuar sobre ele com segurança, de maneira a
produzir um equilíbrio estável.

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1.1.2– Tipos de elementos estruturais

• Barras: uma dimensão sobressai perante as outras duas; 

• Lâminas: duas dimensões sobressaem perante a terceira; 

• Blocos: as três dimensões são de mesma ordem de grandeza. 

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1.1.3– Hipóteses simplificadoras para o estudo dos corpos deformáveis

a) Considera-se que todo material é contínuo, homogêneo e


isótropo.
• Contínuo: a matéria é distribuída continuamente no volume do
corpo, assim poderemos utilizar cálculo infinitesimal.
• Homogêneo: tem as mesmas propriedades físicas e mecânicas em
todos os pontos do seu volume.
• Isótropo: tem essas mesmas propriedades em todas as direções

b) As deformações são muito pequenas em relação às dimensões


do corpo.

Considerando esta hipótese, as equações da Resistência dos Materiais poderão ser


deduzidas a partir do equilíbrio dos corpos indeformados, ou seja, em suas
dimensões e posição anterior à aplicação das cargas.

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c) Hipótese de Bernoulli - Jacob Bernoulli (1654-1705)
As seções permanecem planas e normais ao eixo longitudinal da peça após as
deformações.

d) Princípio de Saint Venant.


Em regiões do corpo distantes do ponto de aplicação das ações externas, os
efeitos dessas ações dependem muito pouco do modo da sua aplicação.

e) Princípio da superposição dos efeitos.


O efeito de um conjunto de esforços agindo simultaneamente sobre um corpo é
igual à soma dos efeitos de cada esforço agindo isoladamente, em ordem
arbitrária (válido para pequenas deformações).
= q1 + q 2

Basicamente, para a aplicação da superposição dos efeitos o material deve se


manter no regime elástico linear do diagrama tensão deformação, ou seja,
possuir valores de tensões e deformações abaixo do limite de proporcionalidade,
além de possuírem pequenos deslocamentos, se comparados com as dimensões
do corpo.
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1.1.4– Classificação dos esforços
Quanto à localização no corpo analisado são classificados como externos ou
internos.
ativo que se refere às cargas aplicadas, e
Os esforços externos podem ser de dois tipos:
reativo as reações nos apoios.

Os esforços internos se subdividem em resultantes e tensões e existem apenas


quando o corpo está sendo solicitado por algum esforço externo, seja uma carga ou
uma reação.

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1.1.4.1 – Classificação dos esforços externos

a) Quanto ao tipo
Ativos  cargas, peso próprio.
Reativos  reações de apoio

b) Quanto à natureza
Forças (cargas)
Binários (momentos)

c) Quanto à variação no tempo


Permanente praticamente não varia de intensidade e ponto de aplicação
Dinâmico varia de intensidade
De impacto  desenvolve vibrações na estrutura
Móveis ou acidentais são as sobrecargas, podendo ou não variar de
posição.

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d) Quanto à forma de aplicação
Concentrados (rigorosamente não existem):
quando atuam sobre uma área muito reduzida

Distribuídos

 Linearmente  forças referidas por unidade de comprimento.


Ex.: Carga de alvenaria
 Superficialmente forças referidas por unidade de área.
Ex.: Pressão de vento, empuxo
 Volumetricamente  forças referidas por unidade de volume.
Ex.: Forças de corpo

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1.1.5– Equilíbrio de um corpo deformável
a) Tipos de vínculos e reações de apoio
Apoios mais encontrados nos problemas bidimensionais.

 

(1º Gênero) (2º Gênero)

(1º Gênero) (2º Gênero)


(1º Gênero)  (3º Gênero)

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b) Equações de Equilíbrio Estático
O equilíbrio de um corpo requer tanto equilíbrio de forças, para evitar
que o corpo sofra translação, como o equilíbrio de momentos, para evitar
a rotação do corpo.

Essas condições podem ser expressas matematicamente por meio de duas


equações vetoriais:

F = 0
Mo= 0

A primeira equação vetorial representa a soma de todas as forças que


atuam sobre o corpo e, a segunda representa a soma dos momentos de
todas as forças em relação a um ponto O qualquer, que pode estar sobre
o corpo ou fora dele.

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Num sistema de coordenadas x, y, z com origem no ponto O, as duas
equações anteriores podem ser escritas na forma escalar, como seis
equações, como a seguir:

Fx = 0 Fy = 0 Fz = 0 Equilíbrio de forças: evita a translação do corpo.

Mx= 0 My= 0 Mz= 0 Equilíbrio de momentos: evita a rotação do corpo.

As equações acima são ferramentas utilizadas para se determinar as reações


de apoio desconhecidas e as resultantes internas nos corpos em equilíbrio
estático.

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c) Isolamento de Sistemas Mecânicos - DCL (diagrama de corpo livre)
Antes de aplicarmos as referidas equações de equilíbrio estático, é
necessário isolar o corpo em relação a todos os corpos vizinhos.
Esse isolamento é realizado, ficticiamente, por meio da representação do
seu DCL.
O DCL deve conter todos os esforços conhecidos e desconhecidos que
atuam sobre o corpo.

As equações de equilíbrio só devem ser escritas após o DCL ser


corretamente elaborado.

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Exemplo 1 – Cálculo de reações de apoio
Para a estrutura dada a seguir, determine as reações nos apoios A e C;
Resposta: FBC = 1,1719 kN () ; Ax = 0,703 kN (); Ay = 0,938 kN ()

- RESOLUÇÃO -

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1.1.6– Determinação dos esforços internos

De uma maneira geral, um corpo quando submetido à ação de


carregamentos externos (respeitando-se a resistência do seu material
constituinte) irá manter a sua integridade.

Isto se deve ao aparecimento de esforços internos que agem em oposição


às forças externas para impedir que o corpo seja destroçado.

Pergunta: Como podemos determinar esses esforços internos?

Resposta: Utilizando o DCL (Diagrama de Corpo Livre) que é obtido


a partir do Método das Seções

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Pergunta: O que é o método das seções?

Resposta: O método das seções consiste em aplicar um plano de corte


imaginário no corpo a ser estudado, que passe pela região onde as cargas
internas deverão ser determinadas.

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As duas partes do corpo são então separadas e o Diagrama de Corpo Livre
corpo é desenhado.

DCL da Observe que ocorre uma distribuição de forças


parte internas desconhecidas na área exposta da seção,
inferior que garante o equilíbrio da mesma.

Equações de Equilíbrio Estático


O equilíbrio do corpo requer tanto o equilíbrio de forças, para evitar que o corpo
sofra translação, como o equilíbrio de momentos, para evitar a rotação do corpo.
Matematicamente, essas condições podem ser expressas por meio de duas
equações vetoriais:
F = 0
Mo= 0
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Apesar da distribuição exata dos esforços internos na seção ser desconhecida
(Figura b), podemos reduzir esta distribuição de esforços internos a uma força
resultante, FR, e a um momento, MRO, localizados em um ponto da seção (é
conveniente escolher o centro de gravidade da área secionada) (Figura c).

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A Força FR e o Momento resultante MRO podem ser decompostos em
componentes, obtendo assim:

– Força Normal (N): componente da Força, normal à área da seção de


corte, que provoca contração ou distensão do corpo;
– Força Cortante (V): componente da Força, paralela à a seção;
provocando deslizamento da seção;
– Momento Torçor (T): componente do Momento que tende a torcer
um segmento do corpo;
– Momento Fletor (M): componente do Momento que tende a fletir o
corpo em torno de um eixo.

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Efeitos provocados pelos quatro tipos de esforços internos:

 Força Normal, N: provoca o afastamento ou a aproximação de duas


seções adjacentes;
 Força de cisalhamento, V: promove o deslizamento relativo de uma
seção em relação à outra;
 Momento Torçor ou Torque, T: provoca a rotação relativa de duas
seções em torno de um eixo que lhes é perpendicular;
 Momento Fletor, M: tende a fletir o corpo em relação ao eixo
localizado no próprio plano da seção.

– Convenção de sinais positivos para os quatro tipos de esforços internos:

+ + + +

N V T M

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Exemplos característicos dos efeitos de cada esforço interno:

a) Tração e compressão (quando atua apenas força normal, N)


S1 S1
R=P P R=P N=P
Tração (+) 

S1 S1
R=P P R=P N=P
Compressão (-) 

b) Cisalhamento (quando atua apenas força cortante, V)

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c) Torçor (quando atua somente o momento torçor, T)
T1

MT =T1

T=T1

d) Flexão
Pura  quando atua somente momento fletor (M);
Simples  quando atuam simultaneamente momento fletor e força cortante
(M e V);
Composta  quando atua momento fletor, força cortante, força normal e/ou
momento torçor (M, V, N e/ou T).

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– Exemplos para determinação dos esforços internos –

Exemplo 2
Seja o guindaste da Figura dada. Se o motor levanta a carga W de 500 lb com
velocidade constante, determinar a resultante das cargas internas que atua na seção
transversal no ponto C. Desprezar o peso das roldanas e da viga.

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– Resolução Exemplo 2 –
• Análise do DCL do segmento à esquerda do ponto C, conforme Figura, a seguir.

- Equações de equilíbrio estático:


( + ) Fx = 0;  500 lb + NC = 0  NC = – 500 lb
( + ) Fy = 0;  – 500 lb – VC = 0  VC = – 500 lb
( + ) MC = 0;  500 lb(4,5 pés) – 500 lb(0,50 pé) + MC = 0  MC = – 2.000 lb.pés

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Exemplo 3
Para o elemento mostrado na figura pede-se: (a) as reações nos apoios A e B;
(b) esforços internos na seção transversal que contém o ponto C.
Resposta: Ax = 16,45 kN (); Ay = 21,93 kN (); FB = 97,59 kN () ;
N = 16,45 kN () ; V = 21,93 kN (); M = 32,89 kNm ()

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Exemplo 4
Para a estrutura dada, determine esforços internos na seção transversal que
contém o ponto D.
Resposta: ND = 0,703 kN () ; VD = 0,313 kN (); MD = 0,313 kNm ()
OBS: As reações de apoio em A e C já foram calculadas no exemplo 1.

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– Resolução Exemplo 4 –
 Reações de apoio em A e C: (já calculadas no Exemplo 1 - Repetido)

 Esforços internos na seção transversal que contém o ponto D

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Exemplo 5
A estrutura do poste de energia elétrica suporta os três cabos, e cada um deles
exerce uma força de 4kN nas escoras. Se as escoras estiverem acopladas por pinos
em A, B e C, determine os esforços internos na seção transversal que passa pelo
ponto F e nos pinos A e C.

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– Resolução Exemplo 5 –

Ay = ?
Ax = ? By = ?
Bx = ?
Cy = ?
Ax = ?
Cx = ?
Cx = ? Ay = ?
Bx = ? Cy = ?
MF = ? By = ?
MF = ?
Fy = 12 kN Fy = 12 kN
DCL 1 DCL 2 DCL 3 DCL 4

- Análise do equilíbrio estático dos DCLs 1, 2, 3 e 4:


DCL 1  MF= 0  MF = 2[(4)(1,2)] - (4)(1,2)  MF = 4,8 kNm
DCL 1  Fy = 0  Fy = 12 kN
DCL 2  Fx = 0  Ax = Cx [I]
DCL 2  Fy = 0  Ay + Cy = 12 kN [II]
De [I], [III], [IV]  Ay = Cy
DCL 3  MB= 0  1,2Ay+ 0,9Ax = (4)(2,4) [III]
 de [II]  Ay = Cy = 6,0 kN
DCL 4  MB= 0  1,2Cy+ 0,9Cx = (4)(2,4) [IV]
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