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Drenagem
Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Alessandra Janaina Becker
Prof.ª Daniele Candido da Costa
Prof. Eduardo Santana Aires
B395i
ISBN 978-85-515-0489-5
CDD 630
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico!
Boa leitura!
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
INTRODUÇÃO À
IRRIGAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
RELAÇÃO ÁGUA-SOLO-PLANTA
1 INTRODUÇÃO
Segundo Farias et al. (2001), a imprevisibilidade das variações climáticas
confere à ocorrência de adversidades climáticas o principal fator de risco e de insucesso
nos cultivos agrícolas. De acordo com o autor, estresses abióticos, como a seca,
podem reduzir significativamente os rendimentos da lavoura. Sendo o déficit hídrico,
normalmente, o principal fator responsável por perdas na lavoura.
2 CARACTERÍSTICAS DO SOLO
O solo é um componente importante na agricultura e um aliado na irrigação e
drenagem, pois funciona como um reservatório de água. Uma característica essencial
do solo é seu dinamismo, ou seja, ele está sempre em evolução. A intensidade dessas
mudanças depende do ambiente ao qual ele está inserido, incluindo também as
interferências antrópicas.
4
A subdivisão do solo em diferentes camadas e horizontes faz que cada um seja
analisado individualmente, e, assim, possamos projetar que tipo de manejo deve ser
adotado. Essa projeção é importante no manejo da irrigação, bem como nos outros
manejos das culturas.
A textura do solo tem efeitos diretos na irrigação das culturas. Isso acontece,
pois, essa característica influência também na taxa de infiltração de água, na aeração
do solo, na capacidade de retenção de água, na nutrição da planta, e nas forças de
aderência e coesão nas partículas do solo (ANTÔNIO, 2016). Observe que as proporções
das partículas areia, silte e argila (fração granulométrica) presentes no solo formam
a sua textura. Classifica-se o tamanho das partículas classificado da seguinte forma:
argila (< 0,002 mm); silte (0,002 – 0,05 mm); Areia fina (0,05 – 0,2 mm); areia grossa (0,2
– 2 mm). E as frações mais grosseiras do que a fração areia são: cascalho (2 – 20 mm);
calhau (20 – 200 mm); matacão (> 200 mm) (SANTOS et al., 2018; TEIXEIRA et al., 2017).
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O termo franco, ou de textura franca, refere-se a uma mistura de partículas
de areia, silte e argila, que tem propriedades de cada uma em proporções semelhantes.
Isso não quer dizer que estejam presentes na mesma quantidade, já que essas classes
não se encontram no centro do triângulo. Uma porcentagem pequena de argila já é capaz
de dar ao solo propriedades argilosas, e pequenas quantidades de silte e areia afetam
pouco a sua composição – por exemplo, solos com apenas 26% de argila podem ser
considerados com textura franco-argiloso. Já, para ser classificado como areia-franca
ou franco-siltoso, precisa de ao menos 45% de areia ou 50% de silte, respectivamente.
INTERESSANTE
Os lados do triângulo textural representam uma escala de 0 a 100% de
areia, argila e silte. A interpretação da escala deve ser feita no sentido
das setas. E ao encontrar o ponto de encontro, obtém-se a classe
textural daquele solo. Para entender melhor como obter esse resultado,
aprofunde seus conhecimentos sobre o triangulo textural em: https://bit.
ly/35Qc6aP.
Solos de textura arenosa possuem altos teores de areia e baixos teores de argila
o que faz que sejam permeáveis e leves. Têm baixa capacidade de retenção de água e
nutrientes e baixo teor de matéria orgânica.
O efeito disso é que a água infiltra com facilidade, mas não fica muito tempo
retida. Possuem poros maiores e as partículas de areia não possuem íons em superfície
fortes para resistir à força da gravidade e, assim, manter a água por muito tempo aderida
como nas argilas.
A vantagem é que são solos mais fáceis para serem preparados; a desvantagem
é que têm baixa capacidade de retenção de nutrientes e são altamente susceptíveis à
erosão. São solos que, se incorporados matéria orgânica, têm melhora na retenção de
água e nutrientes.
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Já os solos de textura argilosa, ou solos pesados, possuem altos teores de argila,
baixa permeabilidade e alta capacidade de retenção de água e nutrientes. A força entre
as partículas desses solos são altas, dificultando a penetração das raízes e o uso de
implementos agrícolas, já que o solo fica aderido a eles com facilidade. Diferentemente
dos solos arenosos são mais resistentes à erosão, entretanto, são altamente susceptíveis
à compactação.
ATENÇÃO
Solos com partículas grosseiras possuem ótimas propriedades quanto à
permeabilidade e arejamento, porém, baixa capacidade de retenção de água
e nutrientes. Solos com partículas finas, têm boa ou satisfatória capacidade
de retenção, mas a permeabilidade e o arejamento reduzidos, o que pode
prejudicar o desenvolvimento das plantas.
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FIGURA 3 – CURVA DE RETENÇÃO DE ÁGUA NO SOLO (A – TEXTURA ARGILO-ARENOSA; B – TEXTURA
ARENOSA).
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é simulada uma determinada tensão na amostra de solo e posteriormente, por diferença
de peso, determina-se o conteúdo de água relacionada à tensão aplicada.
DICA
A determinação da curva de retenção depende de alguns passos que
vão desde a correta coleta da amostra, até a obtenção dos dados e
construção dos gráficos. O conhecimento desses pontos auxiliará no melhor
entendimento de como manejar a irrigação. Assim, entenda o passo a passo
para determinação da curva de retenção de água no solo em laboratório
acessando: https://bit.ly/367ub43.
A água flui continuamente através das plantas: entra pelas raízes e sai pelos
estômatos (transpiração). Assim, a transpiração faz que as plantas necessitem de
água disponível no solo. Entretanto, você já parou para pensar por que exatamente as
plantas precisam de água? Conforme destacado por Pimentel (2004) as funções da
água incluem:
• permitir a difusão de minerais, solutos celulares e gases, nas células e entre órgãos;
• reagente ou substrato para reações celulares como a fotólise da água, processo que
dá início a fotossíntese (Figura 4);
• fonte do oxigênio molecular existente na atmosfera (produzido na fotossíntese) e do
hidrogênio para redução do gás carbônico (CO2) a carboidrato;
• hidrólise de macromoléculas (amido em açúcares solúveis), importantes para
germinação de sementes e na respiração noturna (não há produção de carboidratos
pela fotossíntese à noite);
• manutenção da turgescência celular para sustentação das plantas herbáceas,
aumento do volume celular e consequente crescimento do vegetal, na abertura dos
estômatos e nos movimentos de folhas e flores.
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FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO SIMPLIFICADA DA FOTOSSÍNTESE
Assim, o déficit hídrico tem como efeito primário reduzir o potencial hídrico,
acarretando a desidratação celular e resistência hidráulica. Após, afeta a expansão celular,
atividades celulares e metabólicas, no fechamento estomático, inibição fotossintética,
causa abscisão foliar, entre outros efeitos. Como apresentado anteriormente, o excesso
de água no solo também é prejudicial às plantas. Esse excesso pode acontecer tanto
em ambientes encharcados quanto em solos compactados. O efeito negativo dessas
condições é a remoção do oxigênio do solo por lixiviação de nutrientes e aparecimento
de doenças.
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IMPORTANTE
Dificilmente a disponibilidade de água de um solo é exatamente a ótima para
uma cultura durante todo o seu ciclo. Pode variar de deficiente a excessivo,
de um dia para outro ou em intervalos curtos. Existe uma faixa de valores de
umidade que possibilita os rendimentos mais elevados para a maioria das
plantas cultivadas. O maior desafio é manejar a água no solo de maneira a
manter as condições dentro dessa faixa ótima.
Para que a irrigação seja eficiente e não haja desperdício ou gastos elevados, é
essencial conhecer a necessidade hídrica do cultivo, pois cada espécie tem diferentes
necessidades e diferentes ambientes impõem diferentes necessidades.
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Evaporação, é o termo utilizado para explicar a passagem da água de líquida
para gasosa (considerando temperaturas abaixo do ponto de ebulição da água – 100 °C).
Quando temos a evaporação da água por meio de superfícies vivas como uma folha ou
a pele de um animal, chamamos de transpiração. Assim, quando esses dois processos
ocorrem em um mesmo momento, fala-se em evapotranspiração.
ATENÇÃO
As perdas de água por evapotranspiração, somada com a que se perde
para as camadas mais profundas do solo, devem ser repostas por meio
das regas.
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IMPORTANTE
É possível prever a produtividade de uma cultura utilizando as medidas de
evapotranspiração durante o ciclo da planta. Isso ocorre, pois há uma relação
entre evapotranspiração e acúmulo de massa seca na planta. Quanto maior
for a transpiração da planta, maior será a abertura dos estômatos, e, assim,
maior a entrada de CO2 na folha para realização da fotossíntese.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O solo deve ser manejado de acordo com suas características. Solos de textura
arenosa têm teores altos de areia e baixos de argila. Sendo, assim, permeáveis, porém
com baixa capacidade de retenção de água e nutrientes e de baixo teor de matéria
orgânica. Solos de textura argilosa possuem altos teores de argila e capacidade de
retenção de água e nutrientes, entretanto, baixa permeabilidade.
• A textura do solo tem efeitos diretos na irrigação das culturas. Isso acontece, pois
essa característica do solo influencia também na taxa de infiltração de água, na
aeração do solo, na capacidade de retenção de água, na nutrição da planta e nas
forças de aderência e coesão nas partículas do solo.
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AUTOATIVIDADE
1 Ter o conhecimento dos tamanhos das partículas do solo, ou seja, a textura do solo,
é essencial para entendermos qual o melhor manejo a ser efetuado naquele solo.
Essa propriedade do solo não é facilmente afetada, sendo, então, considerada uma
propriedade permanente do solo. Sobre as classes de textura dos solos, associe os
itens, utilizando o código a seguir:
I- Solos arenosos.
II- Solos argilosos.
III- Solos médios.
( ) Equilíbrio entre os teores de areia, silte e argila. Em geral, têm boa drenagem e
capacidade de retenção de água e nutrientes.
( ) Solos permeáveis e de baixo teor de matéria orgânica. Possuem baixa capacidade
de retenção de água e nutrientes.
( ) Solos que possuem baixa permeabilidade e alta capacidade de retenção de água e
nutrientes.
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a) ( ) Resultante da evaporação.
b) ( ) Resultante da transpiração.
c) ( ) Resultante da evapotranspiração.
d) ( ) Resultante da respiração.
5 De acordo com Pimentel (2004, p. 13), “A importância da água nos sistemas biológicos
é devida às propriedades físico-químicas únicas da sua molécula, como o alto valor
de calor específico e de vaporização, o que estabiliza a temperatura de um sistema,
como a biosfera, com a evaporação da água dos oceanos, permitindo a vida animal e
vegetal”. Considerando o contexto, disserte sobre as funções da água nas plantas.
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UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO SOLO
1 INTRODUÇÃO
A forma como o solo absorve a água impacta diretamente no seu manejo. No
Tópico 1, vimos que os diferentes tipos de solo têm efeitos diferentes sob a absorção da
água. Agora iremos aprofundar alguns conceitos sobre armazenamento de água no solo
que serão importantes no entendimento do manejo de área irrigadas.
Entender o que acontece com a água que chega ao solo nos ajudará a
compreender a dinâmica da irrigação e como deve ser o seu manejo. A quantidade
de água no solo, ou sua umidade, tem influência na facilidade com que as plantas
absorverão a água. Portanto, nem toda água armazenada estará disponível para a
planta. Esse fenômeno acontece porque quanto mais seco o solo, maior as forças de
retenção e menos água disponível, dificultando a sua absorção.
Por essa razão, a água é considerada uma molécula assimétrica, e seus elétrons
orbitam mais tempo próximos ao oxigênio. Assim, as moléculas de água apresentam
polaridade, visto que as cargas não estão posicionadas de forma uniforme. Essa
característica, a da polaridade, é a explicação do porquê as moléculas de água são
atraídas por íons eletrostáticos e superfícies coloidais.
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Alguns cátions de hidrogênio, sódio, potássio e cálcio, hidratam-se por meio da
sua atração pelo lado, onde se situa o oxigênio das moléculas de água. No solo, essas
propriedades da água fazem que as superfícies da argila (carregadas negativamente)
atraiam a água por meio do lado positivo do hidrogênio da molécula.
ATENÇÃO
Quando o espaço poroso do solo está totalmente ocupado pela água, diz-
se que o solo está saturado.
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Reichardt e Timm (2004) reforçam que a infiltração determina o balanço de
água na zona das raízes, e, assim, o seu conhecimento é essencial para um bom manejo
do solo e da água. Ainda segundo os autores, algumas implicações práticas decorrem
da infiltração. O comportamento do solo, quando seco durante uma chuva ou irrigação,
será de permitir a infiltração da água. Porém, com a diminuição da taxa de infiltração
ao longo do tempo, e em caso de intensificação das chuvas, parte da água escoa pela
superfície do solo. No caso de áreas irrigadas, cabe ao produtor o correto manejo da
irrigação para evitar esse escoamento e uma possível erosão do solo.
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e, como sugere o nome, é uma zona em que o solo está saturado, isto
é, com um teor de umidade igual ao teor de umidade de saturação.
Zona de transição: é uma zona com espessura em torno de 5 cm,
cujo teor de umidade decresce rapidamente com a profundidade.
Zona de transmissão: é a região do perfil através da qual a água é
transmitida. Esta zona é caracterizada por uma pequena variação da
umidade em relação ao espaço e ao tempo.
Zona de umedecimento: é uma região caracterizada por uma
grande redução no teor de umidade com o aumento da profundidade.
Frente de umedecimento: compreende uma pequena região na
qual existe um grande gradiente hidráulico, havendo uma variação
bastante abrupta da umidade. A frente de umedecimento representa
o limite visível da movimentação de água no solo.
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Ainda, aquela água que passou da zona radicular do solo vai alimentar e
recarregar o lençol freático. No meio urbano, é comum que a água nem chegue até esse
ponto, já que muitas áreas são impermeáveis, e, por esse motivo, ela escorre podendo
causar até enxurradas. Outro efeito no meio urbano é que há uma menor quantidade
infiltrando, sendo redistribuída e, consequentemente, chegando ao lençol freático, isso
significa também que rios podem reduzir significativamente seu volume.
No PMP, a planta não consegue retirar água dos poros, pois o armazenamento é
tão pequeno que, mesmo gastando energia a alta tensão da água do solo, não permite
essa retirada. E mesmo que volte a ser irrigada, não será recuperada. Relembrando que
quando o solo está com todos os seus poros preenchidos com água, dizemos que ele
está saturado.
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os agregados. Esta formação – os agregados – resulta em macroporos que melhoram
a permeabilidade do solo à água, sendo esta uma importante condição para a aeração
e a penetração das raízes. Podendo ser melhorada com a rotação de culturas, técnicas
conservacionistas de cultivo e incorporação de matéria orgânica.
5.1 TENSIÔMETRO
Acompanhar o nível de umidade no solo, especialmente na zona de atividade
das raízes, é importante para verificar também a efetividade das irrigações. E é possível
realizá-lo indiretamente, medindo a tensão em que a água se encontra retida no solo. As
medidas podem ser tanto superficiais quanto em profundidade, e, com base nela, você
consegue saber se o solo está seco e necessita de água, ou se já está úmido e você
deve cessar a irrigação.
FIGURA 5 – TENSIÔMETRO
• Uma maior agregação e coesão das partículas faz que o solo se torne mais poroso, e
isso favorece a infiltração.
• A diferença na energia da água entre dois pontos do solo será determinada pela
intensidade da atração gravitacional e pela interação entre os poros e a água (forças
de adesão e coesão, que se expressam gerando os fenômenos da capilaridade).
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AUTOATIVIDADE
1 A água nas células é essencial para que as reações bioquímicas ocorram e para assim
permitir que haja atividade metabólica celular. Assim, analisar os mecanismos que
controlam a entrada e saída da água na célula, ou seja, sua movimentação, permite
a compreensão do comportamento celular. Considerando a movimentação da água,
sobre o fenômeno que afeta na pressão nos vasos, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Respiração.
b) ( ) Exsudação.
c) ( ) Transpiração.
d) ( ) Fotossíntese.
2 A água que chega ao solo em razão de chuvas, degelo ou mesmo pela irrigação,
para ficar disponível para as plantas, deve infiltrar. Assim, a infiltração é um fenômeno
muito importante para o manejo da área irrigada, e alguns fatores podem auxiliar ou
impedir que a água percorra o solo. Acerca da infiltração da água no solo, assinale a
alternativa CORRETA:
a) ( ) Uma boa prática de manejo é aplicar a quantidade máxima requerida pela planta
duas vezes ao dia.
b) ( ) O excesso de água no solo é indicado, pois garante que não haja déficit hídrico
em nenhuma hipótese.
c) ( ) É primordial respeitar a fisiologia e necessidades hídricas da planta.
d) ( ) A irrigação deve ser realizada até haver um escoamento superficial significativo.
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4 Reichardt e Timm (2006, p. 143) mencionam que “Denomina-se infiltração o processo
pelo qual a água entra no solo e perdura enquanto houver disponibilidade de água
em sua superfície. Esse processo é de grande importância prática, pois sua taxa (ou
velocidade), muitas vezes, determina o deflúvio superficial (runoff) ou enxurrada,
responsável pelo fenômeno da erosão durante precipitações pluviais”. Considerando
esse contexto, disserte sobre os fatores que afetam a infiltração do solo.
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UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
RECURSOS HÍDRICOS NAS ATIVIDADES
AGRÍCOLAS
1 INTRODUÇÃO
O uso da irrigação é comum no nosso dia a dia, e não apenas no meio rural. Usa-
se nos gramados de campos de futebol e em condomínios residenciais (ANA, 2021).
E claro, também na produção de alimentos. Em geral, a irrigação no meio rural vem
acompanhada de outras tecnologias e práticas de manejo, e o conjunto dessas práticas
tem impactos no ambiente de produção.
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Embora o consumo de água pela agricultura seja alto, um manejo mais racional
da pode levar à economia de grandes volumes. Estima-se que para produzir 1 kg de
batata (plantio até chegar ao consumidor) gasta-se 133 L de água e de arroz, 2.500 L.
Essas quantidades provam que o manejo racional é essencial.
Antes que uma outorga seja emitida, é preciso que o órgão gestor conheça ou
estime a disponibilidade hídrica da bacia hídrica. Quando a emissão de outorga tem como
finalidade a irrigação informações como a disponibilidade Hídrica da bacia hidrográfica,
a demanda hídrica do empreendimento é fundamental na análise do pedido.
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DICA
A Agência Nacional de Águas (ANA) emite outorgas para rios, reservatórios,
lagos e lagoas sob o domínio da União, que são aqueles corpos de água
que passam por mais de um estado brasileiro ou por território estrangeiro.
Assista ao vídeo do canal ANA, no YouTube, que explica mais da Outorga de
Direito de Uso de Recursos Hídricos. Disponível em: https://bit.ly/3tNeo2r.
A cultura irrigada desempenha um papel cada vez mais importante para garantir
segurança alimentar, viabilizando escala de produção de alimentos, qualidade e os
padrões nutricionais que são mundialmente requeridos. Segundo Rodrigues, Domingues
e Christofidis (2017, p. 26), a “[…] agricultura irrigada induz, direta ou indiretamente,
maior aporte de técnicas, tecnologias, inovações, informações, conhecimento com
desenvolvimento de capacidades”. Segundo os autores, o uso de irrigação traz aumento
de produtividade das culturas, impacto social positivo, retorno financeiro, e aumenta o
respeito aos ecossistemas.
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Camargo (2016) também cita a irrigação com déficit aplicado por etapa, na qual
se busca aplicar uma quantidade de água que supre totalmente o déficit hídrico, mas
somente nas etapas fenológicas mais sensíveis ao estresse hídrico e que tem efeito
direto da produtividade das culturas.
O manejo de irrigação pode ser feito via solo ou via clima. Ou, ainda, um manejo
integrado, no qual a irrigação é baseada nas condições do clima e do solo.
3 QUIMIGAÇÃO
A quimigação é a aplicação de produtos químicos nas culturas por meio da
água da irrigação, técnica compatível com vários sistemas de irrigação, em qualquer
fase de desenvolvimento das culturas, independentemente de sua altura ou do seu
espaçamento.
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A correta manutenção e calibração do sistema também é algo a ser observado
periodicamente para que, assim, seu funcionamento esteja de acordo com os
parâmetros com os quais foi dimensionado. Por exemplo, se a vazão calculada é a
que está efetivamente sendo aplicada e/ou se a taxa de injeção calcula está sendo a
aplicada a campo.
Para que essa calibração seja realizada de forma correta, ela deve ser feita
no local onde será usado o produto, evitando usar apenas os dados do fabricante e
revendedores. Alguns pontos que devem ser conhecidos para tal, são: capacidade do
sistema de irrigação, capacidade do sistema injetor, tempo necessário para irrigar uma
determinada hora, quanto de produto será aplicado, qual o tipo da solução, qual a lâmina
de irrigação e, por fim, quantos hectares serão tratados.
As desvantagens são:
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• custo inicial de infraestrutura do sistema;
• necessidade de mão de obra treinada para a operação do sistema;
• necessidade de conhecimentos técnicos com relação aos produtos, cálculo de
dosagens e épocas de aplicação, principalmente quando relacionados à fertirrigação;
• eventualmente pode haver o molhamento sem necessidade.
4 IMPACTOS AMBIENTAIS
O manejo adequado da irrigação não é independente do processo produtivo e
assim também compromisso com a manutenção da produtividade do cultivo e também
pelo uso eficiente da água, buscando minimizar impactos ambientais. As demandas
hídricas das plantas são supridas tanto pela chuva quanto irrigação.
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• Concentração de elementos tóxicos às plantas.
• Concentração de bicarbonatos, pois estes tendem a precipitar o
Ca e o Mg, aumentando a proporção de Na.
• Aspectos sanitários.
• Aspectos de entupimento de emissores em sistemas de irrigação
localizada. (REICHART; TIMM, 2004, p. 11)
NOTA
Se falarmos de poluição da água, podemos classificá-las como pontuais e
não pontuais. Na pontual, a fonte é facilmente identificável e, normalmente,
a sua origem é uma única, como exemplo, podemos falar de um cano de
esgoto, ou um acidente num local específico. Na poluição difusa (ou não
pontual), já é mais difícil de identificar a origem da poluição, pois, como o
nome mesmo sugere, a origem é pulverizada.
E como a irrigação pode ter esses efeitos? A água aplicada acima da capacidade
de retenção do solo será lixiviada e poderá levar fertilizantes e agrotóxicos para os
reservatórios subterrâneos, causando poluição do lençol freático. E como mitigar esses
efeitos? Realizando com cautela os projetos de irrigação, esse item será explorado
futuramente no livro. É importante ressaltar que é possível aliar irrigação com proteção
do meio ambiente.
Nos itens a seguir, iremos detalhar alguns tipos de impactos ambientais que
podem ser causados pela irrigação, são eles: modificação do meio ambiente, salinização
do solo, contaminação dos recursos hídricos, consumo exagerado da disponibilidade
hídrica da região, consumo elevado de energia e problemas de saúde pública (BERNARDO,
2008).
33
afetar condições naturais locais, acarretar a eliminação da vegetação nativa e,
consequentemente, alterar a microflora e fauna regionais, produção de peixes,
população de insetos e as condições de erosão e de sedimentação na bacia
hidrográfica.
• Salinização do solo: a salinização do solo pode tornar terras improdutivas, pois
afeta a germinação, a densidade e o desenvolvimento vegetativo das culturas, e, em
casos mais intensos, ocasiona a morte das plantas. Quanto mais eficiente a irrigação,
menor a lâmina de água aplicada e menor a quantidade de sal acumulada na área.
Quando não há lixiviação e drenagem, o sal pode se acumular na superfície do solo e
criar solos salinos.
• Contaminação dos recursos hídricos (rios e águas subterrâneas): se há
excesso de água no solo, a água que não é evapotranspirada pelas culturas pode
acabar retornando a rios e córregos. Isso ocorre por meio do escoamento superficial
ou subsuperficial indo para depósitos subterrâneos arrastando consigo sais solúveis,
fertilizantes, resíduos de defensivos, elementos tóxicos, sedimentos entre outros. As
chances de contaminação de mananciais e águas subterrâneas aumentam se há o
aumento das perdas por percolação e escoamento superficial.
• Consumo exagerado da disponibilidade hídrica da região: algumas bacias
apresentam falta de água em razão de terem sido implementados projetos sem a
prévia quantificação do volume de água disponível. Projetos mal dimensionados
ocasionam a falta de água para o consumo humano e animal. Além disso, nem toda
área irrigada é eficiente. O direito de uso da água implica usá-la de forma responsável
e adequada, o que nem sempre ocorre, e pode implicar no consumo exagerado.
• Consumo elevado de energia: a irrigação é uma das práticas utilizada na produção
agrícola que mais consome energia. Assim, naturalmente, projetos que melhorem a
eficiência da irrigação terão efeito na redução do consumo de energia.
• Problemas de saúde pública: áreas irrigadas podem acarretar a contaminação
durante a condução da irrigação, a contaminação da comunidade próxima à
área irrigada e a contaminação do usuário de produtos provenientes daquela
lavoura irrigada. No Brasil, existem relatos de problemas com a propagação da
esquistossomose, proliferação de mosquitos e verminoses. Portanto, a qualidade da
água da irrigação também é algo essencial a ser observado.
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A irrigação tem um impacto socioeconômico na agricultura, e, por isso, é tão
importante mitigar os impactos ambientais ao invés de extinguir o uso da irrigação.
O aumento da produtividade e da produção afeta diretamente o lucro do produtor e
do número de empregos na região. Embora seja uma tecnologia importante e muito
utilizada, principalmente nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, ainda há
grande desperdício de água. Há uma estimativa que mostra que considerando toda a
água captada para irrigação, as plantas acabam utilizando apenas 50%. Quando utilizada
irrigação por superfície, essas perdas chegam a ultrapassar 75%.
NOTA
O uso do mulching, ou cobertura do solo, vem sendo amplamente
utilizado na agricultura. Tem como efeito o aumento da temperatura do
solo, diminuição das perdas de água por evaporação, controlar as plantas
invasoras, facilita a colheita e a comercialização, uma vez que o produto é
mais limpo e sadio. Pode ser sintético (polietileno) ou orgânico (resíduos
vegetais de diferentes composições, por exemplo, casca de arroz, palhada
de milho, sorgo ou capim elefante).
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NOTA
A manutenção corretiva é um trabalho mais intenso na irrigação.
Caracteriza-se por ocorrer em sistemas que pararam de funcionar, seja
por problemas hidráulicos ou elétricos. Já a manutenção preventiva, de
acordo com o próprio nome, tem por objetivo prevenir problemas e gastos
maiores.
Ao longo do livro você verá mais detalhes dos projetos de irrigação. Entretanto, é
importante que você já saiba que, muitas vezes, a fonte de água se encontra em uma posição
topográfica onde se faz necessário bombear a água. Assim, há além do gasto com água, o
gasto também com energia elétrica. Portanto, o uso racional da água impacta igualmente
no consumo de energia nos casos em que se utiliza esse sistema de bombeamento.
Algumas medidas foram relatas por Azevedo (2002) e estão descritas a seguir:
Assim, quando falamos em uso racional de água, podemos dizer que a soma
de medidas otimiza a eficiência do uso da água e mitigam os impactos negativos nos
recursos hídricos. O uso de maneira consciente, responsável e sustentável deve ser
sempre incentivado. Políticas públicas devem ser adotadas e cobradas das autoridades
responsáveis. A agricultura irrigada tem grande importância na alimentação da
população, pois garante produtividade e alimento de qualidade, porém, podem sim
causar impactos negativos ao meio ambiente, à qualidade do solo e água e à saúde
pública. Portanto, o uso racional e consciente é chave para solucionar essa questão.
36
LEITURA
COMPLEMENTAR
FORMAS DE USO MAIS EFICIENTE DA ÁGUA PELA AGRICULTURA
Deivison Santos
Marta Eichemberger Ummus
37
Tecnologias que economizam água
Outra maneira de economizar água é por meio da sua reutilização para atividades
que não exijam potabilidade. Em áreas urbanas e industriais, a adoção dessas medidas
vem aumentando nos últimos anos. As atividades agropecuárias também podem
estabelecer o uso mais consciente, como o tratamento de dejetos animais para a
produção de gás, energia e posterior reuso da água.
Outra estratégia para usar menos água na produção irrigada é o uso de sistemas
mais eficientes em sua condução, como microaspersão e gotejamento, que têm eficiência
maior que 90%, ao invés de sistemas menos eficientes, como canhão autopropelido,
com eficiência menor que 80%. Essa estratégia, aliada aos corretos dimensionamentos,
monitoramento e manutenção do sistema, é muito eficaz em reduzir o volume de água
utilizado pela irrigação. Vale lembrar que a eficiência de um sistema de irrigação também
envolve a adequação de seu uso. Para isso, é preciso conhecer quando e como deve ser
feita a irrigação de salvamento, a irrigação suplementar e a irrigação plena.
Irrigação de salvamento
38
de curta duração. Utiliza principalmente sistemas portáteis e móveis, como o canhão
autopropelido, por causa da maior praticidade e necessidade pontual.
Irrigação suplementar
Irrigação plena
39
Existem também estruturas que favorecem a chamada “colheita de água”.
Isso pode ser realizado com a cobertura do solo ou com a construção de barragens
e drenagens subsuperficiais. Essa prática converte o solo em um grande sumidouro
de água, podendo ainda fazer a conexão dessas estruturas a reservatórios para
armazenamento hídrico. Na região do MATOPIBA, em que há ocorrência de chuvas
torrenciais, o uso de reservatórios é uma alternativa bastante interessante, já que a
água pode ser armazenada na estação chuvosa para ser utilizada na estação seca.
FONTE: SANTOS, D.; UMMUS, M. E. Formas de uso mais eficiente da água pela agricultura. Fronteira
Agrícola. Informativo Técnico, Núcleo de Sistemas Agrícolas da Embrapa Pesca e Agricultura, Brasília,
DF, n. 9, p. 1-3, nov. 2015. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/
doc/1039319/1/CNPASA2015fa9.pdf. Acesso em: 21 dez. 2021.
40
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A cultura irrigada desempenha um papel cada vez mais importante para garantir
segurança alimentar, viabilizando escala de produção de alimentos, qualidade e os
padrões nutricionais que são mundialmente requeridos.
• A água aplicada acima da capacidade de retenção do solo será lixiviada e poderá levar
fertilizantes e agrotóxicos para os reservatórios subterrâneos, causando poluição do
lençol freático.
41
AUTOATIVIDADE
1 A poluição da água pode gerar um fenômeno que resulta na reprodução acelerada
de alguns organismos que já estão presentes no ambiente, sendo um processo
decorrente do desequilíbrio ambiental que pode durar dias ou meses. Sobre a
denominação desse fenômeno, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Trofização.
b) ( ) Nitrificação.
c) ( ) Desnitrificação.
d) ( ) Eutrofização.
( ) A reposição das reservas subterrâneas junto aos lençóis freáticos depende do uso
racional da água.
( ) Adotar um manejo adequado pode ocasionar a deposição de sais e a degradação de
solos cultivados.
( ) A água é um bem privado, ou seja, o proprietário do terreno ao possuir escritura,
automaticamente já outorga para uso da água.
42
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - F - V
b) ( ) V - F - F.
c) ( ) F - F - V.
d) ( ) F - V - F.
4 Um dos grandes desafios da agricultura irrigada é produzir cada vez mais alimentos,
utilizando cada vez menos água. Nesse contexto, a irrigação torna-se essencial para
garantir a produtividade e rentabilidade dos produtores rurais, e ao mesmo tampo
diminuir o uso da água. Disserte sobre ao menos três manejos que contribuem para
o uso racional da água.
43
44
REFERÊNCIAS
ANA – AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO. Atlas
irrigação: uso da água na agricultura irrigada / Agência Nacional de
Águas e Saneamento Básico. 2. ed. Brasília, DF: ANA, 2021. Disponível em:
https://biblioteca.ana.gov.br/asp/download.asp?codigo=148256&tipo_
midia=2&iIndexSrv=1&iUsuario=0&obra=88090&tipo=1&iBanner=0&iIdioma=0. Acesso
em: 1 jan. 2022.
45
BRITO, R. A. L. Quimigação. Brasília, DF: Embrapa, c2022. Disponível
em: https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/milho/arvore/
CONT000fmp44tsb02wyiv8065610d6qve9z1.html. Acesso em: 8 jan. 2022.
OUTORGA de direito de uso de Recursos Hídricos. [S. l.: s. n], 2011. 1 vídeo (5
min.) Publicado pelo anagovbr. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=FsgkXCf3bic. Acesso em: 10 jan. 2022.
46
PIMENTEL, C. A relação da planta com a água. Seropédica: Edur, 2004.
SANTOS, D.; UMMUS, M. E. Formas de uso mais eficiente da água pela agricultura.
Fronteira Agrícola. Informativo Técnico, Núcleo de Sistemas Agrícolas da Embrapa
Pesca e Agricultura, Brasília, DF, n. 9, p. 1-3, nov. 2015. Disponível em: https://www.
infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1039319/1/CNPASA2015fa9.pdf.
Acesso em: 21 dez. 2021.
47
TRIÂNGULO Textural. [S. l.: s. n.], 2011. 1 vídeo (7 min.). Publicado pelo canal Khan
Academy Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1zDoeDmvdZQ.
Acesso em: 10 jan. 2022.
48
UNIDADE 2 —
SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
49
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
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50
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
IRRIGAÇÃO LOCALIZADA
1 INTRODUÇÃO
A irrigação consiste na aplicação de água para repor a transpirada pelos vegetais
e evaporada do solo, processo conhecido como evapotranspiração (HERNANDEZ, 2016).
Trata-se de uma técnica artificial ou não, que visa suprir a necessidade de água
pelas culturas, com aplicação no momento certo e na quantidade certa. Durante este
processo são atendidas as demandas do solo-planta-atmosfera. A irrigação é conhecida
e realizada desde os primórdios da humanidade, data-se seu início em 4.500 a.C. em
áreas áridas perto das margens dos grandes rios. Tem-se relato de sua utilização na
China e em outros lugares da Ásia (2.000 a.C.), e, posteriormente, no Egito e na Índia
(1.000 a.C.), e, somente em 500 d.C., seu uso em áreas úmidas. No Brasil, essa técnica
teve seu início na Fazenda Santa Cruz em 1589, na cidade do Rio de Janeiro, com o
pioneirismo religioso dos padres jesuítas, que, usufruindo da técnica, irrigavam suas
hortas (BERNARDO; SOARES; MANTOVANI, 2008).
Hoje o mundo necessita dos alimentos produzidos pela agricultura irrigada, e com
o exponencial crescimento da população, torna-se imprescindível o desenvolvimento
dos métodos existentes. Dentre os métodos de irrigação, compreendem-se: a irrigação
localizada, irrigação por aspersão, irrigação por superfície e irrigação por subsuperfície.
IMPORTANTE
O método de irrigação localizada consiste na aplicação de água em
área específica, ou seja, em uma parte que representa a área ocupada
pelas raízes das plantas, caso este molhamento seja superior, há uma
descaraterização do método cuja capacidade é de molhar uma área
mínima de 20% em solos úmidos e 33% em solos semiáridos (SANTOS et
al., 1997).
51
Portanto, ao escolher este método, o profissional deve atentar para as vantagens,
desvantagens e sua aplicabilidade. Dentre as vantagens, destacam-se:
• melhor utilização do recurso hídrico: a lâmina d’água a ser aplicada sob o solo é
controlada, as perdas por evaporação são menores, não há escoamento superficial,
tampouco percolação, não irriga áreas desnecessárias e proporciona maior eficiência
da irrigação;
• ganhos produtivos: em geral, há uma maior produtividade em culturas que são
irrigadas por gotejamento, pois há uma uniformidade dos frutos cultivados sob este
sistema de irrigação;
• irrigação com a adubação: a irrigação localizada permite a diluição de adubos na
água de irrigação, denominada de fertirrigação, concentrando as raízes da cultura na
região denominada de bulbo;
• controle de plantas invasoras: esta água de irrigação não molha as plantas
invasoras e, consequentemente, suas sementes, obtendo-se um melhor controle;
• tratos culturais: com a irrigação localizada não há interferência quanto às demais
práticas requeridas pelas culturas como capinas, aplicação de defensivos agrícolas
ou colheita;
• topografi a: dentro dos métodos de irrigação, este é o que melhor se adapta as
diferentes declividades do terreno;
• controle da água salina: há maior concentração de água salina ao redor do bulbo
úmido e menor concentração na área ocupada pelas raízes;
• economia: tanto de mão de obra, pois trata-se de um sistema fixo e permite sua
reutilização em outras culturas ou em novas safras.
• obstrução: neste sistema a água sai em pequenos orifícios que variam conforme o
tipo e o modelo dos emissores, portanto, é necessário que a água utilizada seja de
boa procedência, por isso, torna-se imprescindível a utilização de filtros. Uma vez os
emissores entupidos sua recuperação é baixa;
• distribuição radicular: em razão dê formação do bulbo molhado, as raízes das
plantas ficam menos fixas no solo, podendo ocasionar o tombamento da planta.
ATENÇÃO
Os tipos de irrigação localizada são por gotejamento e por microaspersão.
52
2 GOTEJAMENTO
O sistema de irrigação por gotejamento, possui menor capacidade de
molhamento, quando comparado ao sistema de irrigação por microaspersão. Os
emissores estão localizados na linha lateral, e a distribuição de água é em formato de
gota. Normalmente, os gotejadores são de baixa vazão (até 20 L h-1 a cada ponto –
emissor – de saída d’água) e com pressão de funcionamento de 5 a 10 mca (LEVIEN,
2004).
Este sistema é altamente indicado para lugares que possuam solos com altos
teores de argila (COELHO et al., 2017). No entanto, alguns gargalos são vistos neste
sistema, a exemplo, a suscetibilidade ao entupimento das saídas d’água e a necessidade
de mais gotejadores por planta. Portanto, ao optar por este sistema, o produtor deve
utilizar água limpa e possuir recursos financeiros que atenda as demandas da cultura a
ser irrigada.
3 MICROASPERSÃO
Os microaspersores surgiram para atender a demanda por emissores que
não entupissem tão facilmente. O sistema de irrigação por microaspersão possui
maior capacidade de molhamento quando comparado ao sistema de irrigação por
gotejamento, sendo altamente indicada para solos mais arenosos, mas com capacidade
de ser utilizado em solos muito argilosos. Os microaspersores, nome que recebem os
emissores do sistema de microaspersão, distribuem mais água e em pequena área
formando um círculo (3 a 7 m de diâmetro), com velocidade e capacidade de molhamento
alterável conforme a vazão (acima dos 40 L h-1) e a pressão de trabalho (10 a 20 mca)
(COELHO et al., 2017).
53
A montagem do sistema de irrigação localizada é a mesma para estes tipos
de irrigação, mudando, apenas, o tipo de emissor a ser utilizado (gotejadores ou
microaspersores).
Por isso, os emissores são divididos, conforme Levien (2004), em dois tipos: de
alta vazão e de baixa vazão.
54
do tipo bailarina, com raio de alcance de 1 a 3 m.
• Emissores de baixa vazão: constituído pelos gotejadores, mangueiras e fitas
porosas. As características dos emissores de baixa vazão são descritas a seguir:
o tipo labirinto: a água percorre um labirinto – este tipo possui sensibilidade baixa
Sendo assim, estes gotejadores podem ser, conforme Esteves et al. (2012):
• on-line: quando os emissores são acoplados à fita de irrigação, da linha lateral, após
a sua perfuração;
• in-line: quando os emissores já estão acoplados à fita de irrigação, sem a necessidade
de sua perfuração pelo produtor ou profissional.
A vazão dos gotejadores pode ser calculada com base na seguinte expressão:
, em que temos:
55
O cabeçal de controle situa-se após o conjunto motobomba e constitui-se
pelos medidores de vazão, injetor de fertilizantes, registros de gavetas ou válvulas de
controle, manômetros (medidor de pressão), sistema de controle de vazão e filtros,
conforme descrito por Bernardo, Soares e Mantovani (2008).
Claro que a utilização de controle de vazão tem suas vantagens, e uma delas é a
formação de um sistema automatizado. No entanto, os custos deste investimento pode
ser uma grande desvantagem de sua aplicação.
56
Dinâmica semelhante pode ser vista quando se utiliza filtros de papel para coar
um café – a água saborizada sai, no entanto, os grânulos de café ficam retidos no papel
filtro. Existe uma gama de filtros que podem ser utilizadas na irrigação por gotejamento,
conforme especificado por Esteves et al. (2012).
A escolha do filtro mais adequado deve ser feita baseada na qualidade da água
do local.
4 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
Xavier, Costa e Costa (2006) demonstram o resultado de um levantamento
bibliográfico sobre o grau de eficiência dos métodos de irrigação nas culturas da banana,
coco, manga e uva.
QUADRO 1 – CULTURAS SOB DIFERENTE SISTEMA DE IRRIGAÇÃO E SUA EFICIÊNCIA DESTE SISTEMA
57
A irrigação por microaspersão pode ser utilizada na produção de fruteiras
como banana, coco, hortaliças como alface, rúcula, plantas ornamentais e muitas
outras culturas.
58
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
59
AUTOATIVIDADE
1 O método de irrigação localizada consiste no emprego de água em área específica,
ou seja, em uma parte que representa a área ocupada pelas raízes das plantas, em
pequenas proporções e alta constância. Sobre a irrigação localizada, assinale a
alternativa CORRETA:
2 Estima-se que no ano de 2050, a população mundial seja de 9,5 bilhões de pessoas,
e é claro que com este aumento exponencial surgem desafios. Entre estes desafios
está o de alimentar o mundo com qualidade, o que acarreta a busca por maiores
áreas de produção, necessidade de mais insumos e mão de obra, como também,
água para irrigar as áreas de cultivo. Com base no conhecimento adquirido sobre
irrigação, analise as afirmativas a seguir:
60
3 O item mais essencial para pleno funcionamento do sistema de irrigação é o
planejamento e a disposição correta dos equipamentos. Para isso, entender quais
são os itens essenciais e dispensáveis em cada sistema torna-se imprescindível.
Em relação à montagem do sistema de irrigação localizada, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
61
62
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 2, abordaremos o método de irrigação por aspersão. Este sistema
é caracterizado pela saída de água em forma de jato, por meio de uma estrutura
denominada aspersor, formando uma quantidade expressiva de diminutas gotas de
água.
IMPORTANTE
É o sistema que melhor simula a chuva e possui seu funcionamento
coligado a um sistema de bomba e tubulação (BISCARO, 2009). As gotas
formam-se da passagem de água sob pressão por canais denominados
de tubulações ou aspersores (TESTEZLAF, 2017). O molhamento em
área total e a rapidez com que a água sai merece atenção por parte do
produtor, pois o excesso de saída de água pode causar problemas ao
desenvolvimento da cultura.
63
2 CONVENCIONAL
Como visto anteriormente, o método de irrigação por aspersão engloba o
sistema de irrigação convencional. Dependendo da forma como os equipamentos são
manejados a campo, este sistema pode ser classificado em: portátil, semiportátil e fixo.
64
• Acessórios: constituem todos os componentes de ligação necessários para a fluidez
do sistema de irrigação. Estes componentes são: a bucha de redução para saída do
aspersor, cap macho e fêmea, cotovelos com 45° e 90°, derivação rosca e derivação
fêmea, curva de derivação e curva de nivelamento, registro de esfera, válvula de linha,
redução macho/fêmea, acoplamento rápido e válvula para aspersor e adaptadores.
• Aspersores: componente mais relevante do sistema e tem como finalidade a
pulverização da água em gotas finas. Para a escolha do aspersor, deve-se atentar
ao raio de alcance destes jatos, ou seja, para um bom molhamento, é necessário a
sobreposição dos jatos d’água. Como dito anteriormente, um dos principais gargalos
deste método são as condições climáticas, em especial, o vento, pois, quando
presente, tende a desviar a pulverização causando deriva de água, tirando o mérito
do sistema.
65
O grau de pulverização do jato pode ser calculado por meio da seguinte
expressão, segundo Raposo (1994): , em que temos:
66
2.1.4 Eficiência do sistema e aspersor e dimensionamento
da linha lateral
Quanto à eficiência do aspersor, este pode variar de 75% a 85% e pode ser
calculado, segundo Biscaro (2009), por meio da seguinte expressão: ,
em que temos:
3 MECANIZADA
Este sistema serve para irrigar grandes áreas, melhorando a eficiência de
aproveitamento da água e proporcionando uma diminuição dos custos com mão de
obra. Para proporcionar mobilidade, o sistema de irrigação por aspersão mecanizado é
disposto sob sistema com rodas.
67
A movimentação do sistema autopropelido dá-se por um carretel acionado por
um sistema de correias e uma turbina movida pela passagem de água sob pressão. Em
razão do deslocamento deste sistema, ele pode ser classificado em dois tipos:
• Aspersor: pode conter um ou mais bocais, variável conforme a área a ser irrigada e
modelo. Pode ser utilizado uma barra irrigadora ao invés do canhão. A irrigação ocorre
por faixas.
• Carretel enrolador: é formado pelo conjunto motriz e carretel com mangueira de
polietileno, montados sobre o chassi com duas a seis rodas e acoplamento à barra de
tração do trator.
• Conjunto motobomba: consiste em uma turbina hidráulica e uma caixa de redução
de velocidade, que faz o enrolamento da mangueira no carretel estando o carro
irrigador na outra extremidade da mangueira.
• Mangueira: tem que suportar a pressão, precisar ser resistente a abrasão uma vez
que ela se desloca, e ser flexível, para enrolar e desenrolar no carretel, deve possuir
de 45 a 140 mm, com peso depende da espessura e comprimento variável podendo
chegar a 500 m.
• Sistema de engrenagens e turbinas: a força motora que gira o carretel é
constituída por uma turbina que é movida pela água, parte da água vai para o canhão
e a outra parte para a turbina e movimenta uma pá, que movimenta a rotação do
carretel enrolador. Depois de passar pela pá, localizadas na turbina, essa água vai
para o canhão hidráulico. A rapidez de recolhimento da mangueira, será conforme o
conjunto de engrenagens (polias e engrenagens).
68
• Base do sistema de distribuição de água: o carrinho onde o canhão está acoplado
é colocado distante do carretel enrolador, quando começa a operação, ele começa o
recolhimento da mangueira e como consequência a irrigação.
• Trator: responsável por esticar a mangueira.
Dentre as limitações deste sistema, pode-se citar: a sua sensibilidade aos fatores
climáticos, como o vento, não possui uma distribuição de água uniforme, a mangueira
possui um prazo curto de vida, há uma variação na velocidade de deslocamento, grande
impacto da gota sob as plantas e consumo de bastante energia.
• Pivô central fixo: irriga uma determinada área, mas não pode ser deslocado.
• Pivô central rebocável: irriga a área, mas apresenta capacidade de ser deslocado,
com o auxílio de tratores, reduzindo custos para o produtor.
69
• Caixa de controle: toda a automatização do sistema encontra-se na caixa de
controle, alocada na torre central, e, por isso, é revestida por material resistente as
variações climáticas existentes. Todas as funções podem ser controladas por este
sistema.
• Anel coletor: cabo de transferência de energia para as torres móveis.
• Contator: relacionado ao desalinhamento do anel coletor, quando há problemas
com o desvio de energia, o contator, percebe o contato elétrico, acionando a torre
para que desligue.
• Emissores: devem possuir uma grande eficiência (pouca pressão) para realizar
aplicação em uma determinada área.
• Tubulação de distribuição: local onde os aspersores estão inseridos, com medidas
que variam de diâmetro de 200 a 250 mm.
• Torre móvel: distribuídas na linha lateral, distanciadas entre 25 e 70 m.
• Reguladores de pressão: como os emissores, devem trabalhar com pressões
baixas, quanto maior a pressão, maior a vazão, sendo assim, dentro do sistema existe
uma variação de vazão. Isto não é interessante ao sistema, por isso a importância dos
reguladores de pressão para satisfazer a vazão dos emissores.
• Conjunto motorredutor: a movimentação das torres ocorre por acionamento
elétrico.
70
Este sistema é indicado para áreas planas e retangulares, torna-se imprescindível
o alinhamento por sulco a fim de orientar as rodas do trator, há um deslocamento do
sistema para frente e para trás e a bomba de funcionamento acionada por motor a
combustão.
4 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
O sistema de irrigação por aspersão convencional adequa-se a uma extensa
gama de culturas; este sistema é recomendado para pomares, pastagem, hortaliças e
muitos outros.
71
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
72
AUTOATIVIDADE
1 O sistema de irrigação por aspersão é caracterizado pela saída de água em forma de
jato, por meio de uma estrutura denominada aspersor, formando uma quantidade
expressiva de diminutas gotas de água. Com base neste método, assinale a alternativa
CORRETA:
73
( ) O sistema de pivô central é dividido em pivô central fixo, quando irriga área específica
e pivô central rebocável quando instituído de capacidade de deslocamento.
( ) O carretel enrolador não é formado pelo conjunto motriz e carretel com mangueira
de polietileno.
( ) O sistema de deslocamento é indicado para áreas planas e retangulares.
74
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
IRRIGAÇÃO POR SUPERFÍCIE
1 INTRODUÇÃO
A irrigação por superfície, ou por gravidade, é um dos sistemas de irrigação mais
antigos da humanidade. Basicamente, a água escorre e cobre solo de forma permanente
ou temporária, usando a gravidade, para que a água seja infiltrada durante seu
escoamento (TESTEZLAF, 2017). Para isso, é preciso projetar e manejar corretamente a
área, visto que, se mal manejados, processos erosivos podem ocorrer trazendo prejuízos
ao produtor (LEVIEN, 2003).
Por vezes, possui baixa eficiência por ter inadequações no projeto hidráulico
do sistema e no seu manejo. É muito comum o produtor não respeitar as orientações
técnicas e, dessa forma, cometer erros na aplicação da lâmina de água (COSTA; SOUZA,
2006).
75
ATENÇÃO
A irrigação por superfície tem sido utilizada em diferentes conformidades,
sendo classificada em irrigação por sulcos, faixas e por inundação.
2 SULCOS
A irrigação de superfície, utilizando sulcos, pode ser de forma parcial ou
temporária, em que a água é conduzida por meio de canais ou sulcos, dispostos
paralelamente à linha de plantio da cultura (FRIZZONE, 2017). Existem diferentes
configurações para a irrigação de sulcos: retilíneo com gradiente, em nível, em contorno,
corrugações, ziguezague e em dentes.
Locais semiáridos, deve-se ser criteriosa a escolha desse tipo de irrigação, por
ser frequente a presença de solos rasos, com baixa capacidade de infiltração e alta taxa
de elevação (ZONTA et al., 2016). Quanto às culturas, a maioria delas permite esse tipo
de irrigação, sobretudo aquelas cultivadas de forma retilíneas como as olerícolas, milho,
batata, frutíferas, algodão etc. (FRIZZONE, 2017).
Scaloppi (2003) dispôs de certas vantagens que faz que a irrigação por sulco se
sobressaia das demais.
76
Segundo Testezlaf (2017), os pontos negativos a serem apontados são:
77
4 IRRIGAÇÃO POR INUNDAÇÃO
A inundação é uma prática de irrigação que dispõe de água alocada em um
terreno dividido em compartimentos, preferível que o terreno seja nivelado, chamado de
tabuleiros ou quadros de diversos tamanhos limitados por diques ou taipas (TESTEZLAF,
2017). As taipas, normalmente, são construídas em níveis, permitindo dessa forma
uniformidade na altura da lâmina de irrigação. Os tabuleiros podem ter de 1 a 40 hectares,
quando o solo é plano. As taipas podem ter de 1 a 1,5 m de base e de 0,3 a 0,6 m de altura
(ZAMBERLAN et al., 2014; GOMES, 2004).
As limitações apresentadas por esse sistema são que ele está essencialmente
ligado ao tipo de cultura, somado a isso, a área fica limitada ao tráfego de máquinas,
principalmente, quando os tabuleiros possuem pequenas dimensões; há uma
considerável incidência de insetos pela presença da água. Solos que possuem alta taxa
de infiltração não são recomendados para se utilizar inundação (TESTEZLAF, 2017).
78
Os locais onde a água fica alocada neste sistema são chamados de tabuleiros;
mesmo a água alcançando o nível de irrigação desejado, continua-se a sua aplicação;
o excesso é removido pelos denominados vertedores e, quando necessário, se utiliza
este excesso para abastecimento dos demais tabuleiros existentes em uma área,
funcionando de maneira efetiva para melhoria do sistema de irrigação (LEVIEN, 2003).
Solos muito argilosos, com reduzida velocidade de infiltração, cujo lençol freático
esteja adjunto ao nível, são os mais desejados para a implementação da irrigação
contínua, pois, em situação diferente, há uma grande desvantagem, a infiltração da
água e menor eficiência do sistema de irrigação. É utilizada em áreas onde há grande
disponibilidade de água, e, nas quais, o arroz é cultivado em áreas de desnível, também
chamado de cultivo em terras altas (MEZZOMO, 2009).
A irrigação temporária, por sua vez, possui uma economia de 22 a 75% do volume
aplicado sob o sistema.
5 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
A irrigação por superfície aproveita a chuva natural para alagar os campos de
produção. Não existe um método de irrigação melhor que o outro, para seleção de um
método mais adequado a uma produção agrícola, é necessário atentar-se às condições
do local como topografia, cultura cultivada e relevo.
79
A irrigação por superfície vem sendo utilizada mais comumente no Brasil, em
especial, nas culturas da cana-de-açúcar, arroz, milho, cebola, sendo culturas que
respondem bem a solos que são encharcados. Em contrapartida, a cultura do tomate,
uva, maçã e pera não respondem bem ao método superfície, pois não toleram solos
encharcados, sendo este ambiente susceptível ao surgimento de patógenos diminuindo
o seu valor comercial.
80
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
81
AUTOATIVIDADE
1 O método de irrigação por superfície é conhecido desde a antiguidade, consiste
no cobrimento do solo por água de forma contínua ou temporária, apoiando-se na
gravidade e nas propriedades do solo para o funcionamento do método. Por isso,
são necessários um declive e uma velocidade de infiltração mínimos. Sobre o declive
necessário e a velocidade de infiltração, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) 0 a 2% e 23 mm h-1.
b) ( ) 0 a 0,08% e 24 mm h-1.
c) ( ) 1 a 0,08 e 24 mm h-1.
d) ( ) 0 a 0,07 a 24 mm h-1.
82
( ) A irrigação por inundação é indicada para solos que possuam capacidade restrita de
infiltração.
4 A irrigação por superfície utilizando-se sulcos é uma forma em que a água é conduzida
por canais e arranjada, paralelamente, à linha de plantio. Um dos principais benefícios
deste sistema está em menor necessidade de mão de obra, baixo custo ao ano, além
de adequar-se às diversas culturas. Sabendo-se disso, disserte sobre a configuração
deste sistema, bem como, abordando suas desvantagens.
5 O sistema de irrigação por superfície deve ser instaurado baseado em projeto, por
isso, o produtor deve seguir as orientações passadas pelo profissional capacitado
que conseguirá determinar o método mais adequado a sua necessidade. Para isso,
diferencie irrigação temporária de irrigação contínua.
83
84
UNIDADE 2 TÓPICO 4 -
SELEÇÃO DO MÉTODO DE IRRIGAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
A irrigação é uma grande vantagem. Isso ocorre, porque possibilita uma produção
sem dependência do regime pluviométrico, proporciona maiores produtividades, permite
a produção em diferentes épocas, possibilita colheita programada conforme a demanda
de mercado e melhores preços, permite a realização de mais de uma safra da cultura, e
possibilita o desenvolvimento econômico social.
IMPORTANTE
Para se selecionar o método de irrigação mais adequado, algumas
características devem ser consideradas. São elas: solo (topografia,
características físicas do solo, salinidade), condições climáticas (velocidade
dos ventos, umidade, regime pluviométrico, variações climáticas), recurso
hídrico disponível (analisar a qualidade, custo da água e distância
da fonte a área a ser irrigada), cultura agrícola (cada cultura possui
sua exigência hídrica) e questões sociais e econômicas (mão de obra,
tecnologia disponível, demanda de mercado, capacidade de produção,
armazenamento e escoamento, entre outros).
85
de irrigação por superfície (sulcos). A textura do solo deve ser considerada, pois
afeta a disponibilidade de água. Solos arenosos ou muito argilosos possibilitam a
utilização do sistema de irrigação por aspersão convencional e localizada, desde que
apliquem água com menor frequência. Neste mesmo tipo de solo, perdas de água são
observadas quando utilizado o sistema de irrigação por superfície. Recomenda-se a
utilização de irrigação por inundação em solos muito argilosos. Solos que apresentam
textura média adequam-se a todos os métodos de irrigação. A textura de um solo
ideal é aquela que possui maior estrutura granular, apresentando, desta forma, maior
capacidade de armazenamento. A utilização do sistema de irrigação por superfície
torna-se inviável em solos desestruturados e com quantidade expressiva de areia. A
capacidade de infiltração de água é variável, conforme o método de irrigação: para a
irrigação por sulco, considera-se a vazão e declividade do terreno; já para a irrigação
por aspersão, considera-se para a determinação da faixa de aplicação de água ideal
o tamanho, capacidade e espaçamento entre os emissores. Sendo assim, para áreas
com baixa velocidade de infiltração, recomenda-se a irrigação por superfície; em
áreas declivosas e com baixa velocidade de infiltração, recomenda-se a irrigação por
aspersão convencional e microaspersão. A utilização de sistema mecanizado não é
recomendada em solos com menor velocidade de infiltração. No entanto, solos muito
arenosos implicam na implantação de sistemas de irrigação, devendo-se optar pelos
métodos de irrigação por aspersão ou localizada. Como regra, adota-se:
º solos com capacidade de infiltração inferior a 10 mm/h, recomenda-se a irrigação
por superfície;
º solos com capacidade de infiltração superior a 30 mm/h, recomenda-se a irrigação
localizada ou aspersão.
86
profundo sistema radicular necessitam de menos irrigação quando comparada a
culturas superficiais. Sendo assim, para plantas com sistema radicular profundo,
recomenda-se irrigação por superfície e plantas com sistema radicular superficial
recomenda-se a irrigação por aspersão e localizada. Culturas com expressivo
desenvolvimento vegetativo, necessitam de um método de irrigação capaz de aplicar
a água acima da vegetação. Por este motivo, sistemas portáteis dificultam esta
forma de irrigação, sendo mais apropriado o sistema de pivô central e deslocamento
linear. Apenas a irrigação por aspersão demonstra ser um gargalo na irrigação de
grandes culturas. As exigências quanto ao uso d’água variam de cultura para cultura,
plantas que necessitam de irrigação no estádio inicial, recomenda-se a irrigação por
aspersão, no entanto, este sistema é limitante quando utilizado em culturas sensíveis
ao molhamento próximo a fase de colheita. Exigências da cultura também devem
ser relevadas, pois, métodos de irrigação que proporcionam um grande molhamento
também podem acarretar o surgimento de doenças fitossanitárias, por isso atenção
deve ser dada ao uso de irrigação por aspersão, sendo preferível para culturas mais
sensíveis (algumas hortaliças e fruteiras), o sistema de irrigação por superfície e
gotejamento.
• Condições climáticas: o vento é uma das condições que mais interfere na irrigação,
principalmente, quando se trata da irrigação por aspersão podendo atuar diretamente
na eficiência deste método. A uniformidade de distribuição de água é menos
comprometida no sistema de irrigação mecanizada com o uso de autopropelido.
Dentre os sistemas que menos são influenciáveis pelo vento, destacam-se o pivô
central e o deslocamento linear, como também, sistemas de irrigação por superfície,
subterrânea e gotejamento. As condições de temperatura e umidade também são
importantes, em sistema de irrigação com altas temperaturas e baixa umidade relativa
do ar, deve-se tomar cuidado com o uso de aspersores. Nestas mesmas condições,
há grande transpiração dos vegetais e evaporação de água do solo, necessitando de
maiores aplicações de lâminas d’água. No sistema de irrigação por sulco e faixas essas
perdas de água são baixas e imperceptíveis em sistema de gotejamento, no entanto,
em irrigação por inundação e microaspersão são consideráveis. O investimento em
irrigação acompanha a escala de necessidade do local, quando as chuvas são bem
distribuídas e atendem a necessidade da produção, menor é o investimento neste
setor, optando-se por irrigação por superfície e aspersão, já em regiões áridas e
semiáridas, torna-se imprescindível produzir com a utilização de algum sistema de
irrigação. A irrigação pode ser uma aliada proteção das plantas contra a geada.
• Origem da água de irrigação: deve-se atentar à disponibilidade de água da região
associada a sua vazão e volume, devendo esta ser igual ou superior à necessidade
hídrica requerida pela cultura, considerando-se a eficácia do método de irrigação,
sendo preferível o sistema de irrigação por aspersão e localizada. A distribuição da
água deve ser feita respeitando-se a declividade do terreno, sendo preferível aquela
que respeita à gravidade. Água que contenha muitos materiais sólidos pode causar
entupimento dos emissores, e, com isso, prejudicar a irrigação. O método de irrigação
localizada é o mais sensível, já os métodos por aspersão e superfície são os menos
sensíveis. Quanto ao custo da água superficial, sua obtenção é fácil e de baixo custo,
87
enquanto a obtenção de água subterrânea é mais elevada e necessita de maiores
investimentos desde captação, distribuição e pessoas capacitadas em extraí-las da
fonte.
• Aspectos gerais: para a implementação de um dado sistema de irrigação, deve-se
atentar para os fatores sociais que incluem conceitos, pensamentos, capacidade de
se abrir ao novo por parte dos produtores, que por muitas vezes, limitam a introdução
de novas tecnologias que melhorariam a sua produção. Produtores que percebem
que as novas tecnologias vêm para acrescentar e melhorar, tendem a obter maiores
e melhores índices produtivos. Para produtores menos tecnificados, tem-se relatado
a utilização de irrigação por superfície e aspersão, em contrapartida, a irrigação
localizada e mecanizada ainda constituem um sistema de maior dificuldade de inserção
para o produtor. Quanto ao aspecto econômico, percebe-se que só há investimento
neste setor quando há um preço de mercado favorável da cultura, que justifique o
investimento ou a extrema necessidade de sua instauração. Portanto, culturas com
alto valor de mercado, tendem a serem produzidas com maiores investimentos nos
métodos de irrigação.
88
• Qual principal mecanismo de acionamento da bomba de irrigação (combustíveis,
elétrico, trator) e todas as características destes componentes, para sistemas mais
complexos, como de irrigação por aspersão, inserir todas as características da bomba
centrífuga (modelo, rotação, potência, vazão) e recalque).
• Método de irrigação que se deseja inserir na área, levando-se em consideração os
custos e tecnologia empregáveis conforme a área e a cultura a ser irrigada.
• Fazer uma planilha que contenha os dados altimétricos, quando preferível o sistema
de irrigação localizada inserir os dados da realização da curva de nível. Caso não seja
possível, fazer um croqui esboçando as características da área (dimensões, pontos
altimétricos, fonte hídrica, distância da fonte hídrica para o local de irrigação, entre
outros.).
• Informações de precipitação, evaporação do Tanque Classe A, evapotranspiração,
vento, temperatura, UR devem ser anotados.
• Cálculo da lâmina de água a ser aplicada no local: variável conforme a cultura agrícola
e o local de cultivo.
• Escolha do método mais apropriado: variável conforme a cultura agrícola, declividade
do terreno, dimensões da área de cultivo e disponibilidade hídrica.
• Cálculo do turno de rega: variável conforme a cultura agrícola, distribuição do sistema
radicular, resistência a seca e microporosidade do solo.
• Cálculo da vazão: variável conforme o tipo de equipamento, dimensão da área,
precipitação e horas trabalhadas.
• Dimensionamento das tubulações e acessórios: quando determinados conforme a
necessidade e competência, devem ser montados na área a ser irrigada.
• Conjunto motobomba: variável conforme a vazão, pressão e potência.
• Desenho do croqui: demonstrando as dimensões, bem como locais de inserção dos
componentes de irrigação como linha lateral, linha de derivação, emissores e outros
componentes do sistema.
89
aproveitada pelas plantas, sendo parte evaporada, outra percolada ou até mesmo
escoada. Para avaliar se o sistema está trabalhando conforme o mensurado no projeto,
é calculado coeficiente de uniformidade de distribuição da água e a eficiência de
aplicação (CUNHA et al., 2014).
4 EXEMPLOS DE PROJETOS
Os produtores procuram instalar um sistema de irrigação quando percebem
a sua necessidade, especialmente através do regime pluviométrico e necessidade
hídrica da cultura. Depender das chuvas não é tarefa simples, pois, caso não tenha
regularidade, todos o custo investido na produção pode ser perdido quando a cultura
é sensível ao déficit hídrico. Os dois princípios abordados são os pioneiros para a
construção de um projeto de irrigação. Para escrever um projeto de irrigação além da
caracterização edafoclimática e da cultura, torna-se imprescindível o estudo do solo
90
e dimensionamento dos componentes da irrigação, para posterior dimensionamento
hidráulico. Sabendo-se disso, a seguir, são dados dois exemplos simples de projetos de
irrigação por microaspersão em laranja e em alface.
1. DADOS GERAIS
Município: Garanhuns/PE
Propriedade: Sitio Castainho
Proprietário: Francisco Almeida de Oliveira
2. SOLO
Topografia: suave ondulada Declividade: 7,7 %
Solo: apresenta textura franco-arenosa
3. CULTURA A IRRIGAR
Cultura = laranja Área = 1 ha.
Espaçamento entre plantas na linha (Sp) = 3,0 m
Espaçamento entre linhas de cultivo (SR) = 6,0 m
Espaçamento entre linhas laterais de irrigação (SL) = 6,0 m
Profundidade efetiva das raízes = 0,60 m
4. CLIMA
Evapotranspiração de referência (ETo) = 5,2 mm d. -1
5. DIMENSIONAMENTO
Uniformidade de emissão assumida para projeto (EU) = 90%
Grau de adequação da irrigação (AR) = 90%
Tipo de emissor = microaspersor fixo, com ângulo seco de 30°
Vazão do microaspersor a 15 m de carga de pressão = 31 L h-1
Diâmetro médio da área molhada pelo microaspersor = 3,0 m
Trajetória da água = 24°
Pressão de trabalho= 1,7 BAR
1. DADOS GERAIS
Município: Aquidauana/MS
Propriedade: Fazenda Alvelino Machado
Proprietário: Maria Aparecida Alvelino Machado
2. SOLO
Topografia: planície área de ecótono cerrado-pantanal
Declividade: até 20%
Solo: argissolo vermelho-distrófico
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3. CULTURA A IRRIGAR
Cultura =alface
Área = 2 ha.
Espaçamento entre plantas na linha (Sp) = 30 cm
Espaçamento entre linhas de cultivo (SR) = 30 cm
Espaçamento entre linhas de irrigação nos canteiros (SL) = 1 m
Profundidade efetiva das raízes = 20 cm
4. CLIMA
Evapotranspiração de referência (ETo) = 2,13 mm d. -1
5. DIMENSIONAMENTO
Uniformidade de emissão assumida para projeto (EU) = 90%
Grau de adequação da irrigação (AR) = 90%
Tipo de emissor = ASPERSOR D-NET 8550
Vazão do microaspersor= 510 L h-1
Diâmetro médio da área molhada pelo microaspersor = 19 m
Trajetória da água = 24°
Pressão de trabalho= 2 a 3 BAR
ESTUDOS FUTUROS
Depois desta etapa, inicia-se a análise hidráulica, que você, acadêmico,
estudará adiante.
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LEITURA
COMPLEMENTAR
PANORAMA DA EVOLUÇÃO DA AGRICULTURA IRRIGADA NO SUDESTE DO BRASIL
ENTRE 2006 E 2017
A região Sudeste é a principal região irrigante do país, seguido pelas regiões Sul,
Nordeste, Centro-Oeste e Norte, com a maior área irrigada dos estados do Rio Grande
do Sul, Minas Gerais e São Paulo, representando, respectivamente, 20,4, 16,6 e 16,0%
da área irrigada total do país. O Gráfico 1 expõe a evolução da área irrigada ocupada por
cada método de irrigação no Brasil segundo os Censos Agropecuários de 2006 e 2017.
Observa-se que no Brasil ocorreu aumento em torno de 32% da área total irrigada entre
o Censo de 2006 e 2017.
Isso demonstra que a tecnologia e informação está cada vez mais chegando
ao campo. Além disso, a partir do levantamento, nota-se a preocupação com o uso
da água, pois uma das técnicas que mais se utiliza água é a pôr sulcos (eficiência em
torno de 50%), sendo a única que houve redução (52%). E um aumento de 376% no
uso do sistema localizada (eficiência de 95%), que é uma técnica de alta eficiência. O
método de irrigação por pivô central obteve um aumento de 60%, pois de acordo com
Albuquerque et al. (2020) o aumento está associado a expansão agrícola no cerrado e
a redução do custo para a instalação dos pivôs, e assim seu payback sendo menor e
maior retorno financeiro. Também no Censo foram levantando diversos outros métodos
de menor proporção de utilização que são considerados artesanais, todos incluídos em
“outros métodos”. Tais métodos são utilizados de forma regionais para atender alguma
demanda específica e são de maiorias de baixo custo e com eficiência baixa. Por isso,
seu uso se manteve praticamente inalterado.
93
GRÁFICO 1 – EVOLUÇÃO DA ÁREA IRRIGADA OCUPADA POR CADA MÉTODO DE IRRIGAÇÃO NO BRASIL
SEGUNDO OS CENSOS AGROPECUÁRIOS DE 2006 E 2017.
Em geral, os estados de Goiás, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais
que apresentaram as maiores expansões em área absoluta. Os estados de SP e MG se
destacam esse aumento por estar próximo ao grande centro consumidores, os quais
destacam principalmente o cultivo de hortaliças (SCHERER et al.,2016). Também é notável
que o estado de São Paulo teve uma expansão dos pomares de citrus, devido ao avanço
do grenning, o manejo adequado de irrigação e fertirrigação proporcionam redução do
seu impacto e isso associado ao aumento da demanda, faz que se intensifique o uso da
irrigação (ERPEN et al., 2018).
94
O estado de Minas Gerais está associado à sua consolidação como produtor
de café e ganhando destaque na produção de café especiais, em que a irrigação
se torna fundamental para reduzir os impactos do déficit hídrico e aumenta a
produtividade (GUIMARÃES; CASTRO JÚNIOR; ANDRADE, 2016). O estado de Goiás,
está se consolidando como polo produtor de grãos, desta forma o investimento em
sistema de irrigação por pivô central vem ganhando destaque, visto que a seu relevo
proporciona ter áreas maiores e assim otimizar a produção e reduzir os problemas de
déficit hídrico (PEREIRA JÚNIOR; FERREIRA; MIZIARA, 2017). No Estado de Minas Gerais,
o avanço também da instalação de sistema de irrigação por pivô central para o cultivo
do arroz teve um aumento substancial nos últimos, assim ocasionando o aumento da
área absoluta irrigada (MANKE et al.,2017).
95
GRÁFICO 3 – PORCENTAGEM DE ÁREA IRRIGADA NO BRASIL POR CADA MÉTODO DE IRRIGAÇÃO SEGUN-
DO O CENSO AGROPECUÁRIO DE 2017
A região Sudeste, com 92,7 Mha (10,9% do território nacional), abriga 80,35
milhões de habitantes de acordo com o Censo 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010), que corresponde a 44% da população e responsável
por 55,2% do PIB brasileiro (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA,
2010). A região Sudeste, de acordo com Christofidis (1999), tem 4,3 Mha aptos para
irrigação (sem várzea) e sua área irrigada total em 2017 foi de 2,65 Mha.
96
GRÁFICO 5 – EVOLUÇÃO DA ÁREA IRRIGADA OCUPADA POR CADA MÉTODO DE IRRIGAÇÃO NA REGIÃO
SUDESTE SEGUNDO OS CENSOS AGROPECUÁRIOS DE 2006 E 2017.
De acordo com Rudorff et al. (2010), quase toda a mudança no uso da terra, para
a expansão da cana-de-açúcar no ano agrícola de 2008/09, ocorreu em pastagens e
terras de cultivo anual, sendo igualmente distribuídas em cada uma delas.
Também foi observado que durante a safra 2008, a área queimada de cana
de açúcar foi reduzida para 50% da área total colhida, em resposta a novos protocolos
que visavam eliminar a prática da queima da palha da cana de açúcar até 2014 para
áreas mecanizadas. Também destacamos que Paulino et al. (2011) consideram que
entre 1995/6 e 2006 a expansão da irrigação na região Sudeste foi bastante impactada
pelo aumento na aplicação de vinhaça, principalmente associada ao uso do sistema
autopropelido em áreas de cana-de-açúcar para produção de biocombustíveis.
97
GRÁFICO 6 – PORCENTAGEM DE ÁREA IRRIGADA NA REGIÃO SUDESTE POR CADA MÉTODO DE IRRIGAÇÃO
SEGUNDO O CENSO AGROPECUÁRIO DE 2017.
FONTE: Adaptada de SILVA, C. O. F.; PUTTI, F. F.; MANZIONE, R. L. Panorama da evolução da agricultura
irrigada no sudeste do Brasil entre 2006 e 2017. Irriga, Botucatu, v. 1, n. 3, p. 446-457, dezembro, 2021.
Disponível em: https://irriga.fca.unesp.br/index.php/irriga/article/view/4379/2998. Acesso em: 3 fev. 2022.
98
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
99
AUTOATIVIDADE
1 A qualidade da água disponível na região associada a sua vazão e volume são quesitos
considerados para a eficiência de quaisquer métodos de irrigação empregado em
uma área de produção. Sobre a origem da água de irrigação, assinale a alternativa
CORRETA:
2 Sabe-se que não existe um único método de irrigação que atenda às demandas de
todas as culturas existentes, no entanto, existe algo em comum acerca dos métodos
de irrigação, estes devem ser empregados com base em sua recomendação e
aplicabilidade. Com base na uniformidade da lâmina de água a ser aplicada sob o
solo, analise as afirmativas a seguir:
100
3 Fazer um projeto de irrigação vai muito além do dimensionamento do sistema, consiste
em diversas etapas anteriores a esta, que se caracterizam pelo estudo de diversos
fatores que contribuem para a eficiência dos métodos de irrigação existentes. Sobre o
planejamento de um projeto de irrigação, classifique V para as sentenças verdadeiras
e F para as falsas:
( ) Deve-se caracterizar o solo, escolher a cultura agrícola que será utilizada, fazer
um estudo aprofundado da topografia local e entender as necessidades hídricas da
cultura.
( ) O único problema do projeto de irrigação é sua limitação quanto ao tamanho da
área. Em áreas muito grandes (monocultoras) é inviável fazer um projeto, pois não
existe método que se aplique.
( ) É imprescindível fazer desenhos, conhecidos como croquis, das áreas a serem
irrigadas, pois fornecem um melhor posicionamento quanto às características do
local.
4 A irrigação é uma grande vantagem, isso ocorre, porque possibilita a produção sem
dependência do regime pluviométrico e proporciona ganhos produtivos. No entanto,
para que a inserção deste sistema seja vantajosa é necessário atentar-se para
alguns fatores. Cite ao menos dois fatores e disserte sobre estes de forma completa,
utilizando suas palavras.
5 Reginaldo, recém-formado em Agronomia, convida sua amiga Lau para com ele
desenvolver um aplicativo na área de irrigação. Lau que pensava em empreender,
vislumbrou a oportunidade de realizar um sonho, agora, no mundo digital. Antes de
dar início percebem que seria interessante pensar em alguns aspectos do aplicativo
como nome e qual conteúdo devem abordar, decidiram iniciar pelo tema “Seleção
do Método de Irrigação”. Disserte sobre o tema seleção do método de irrigação,
abordando seus aspectos, baseando-se na proposta dos amigos Reginaldo e Lau.
101
102
REFERÊNCIAS
BERNARDO, S.; SOARES, A. A.; MANTOVANI, C. Manual de irrigação. 8. ed. Viçosa:
UFV, 2008.
CHAIBEN NETO, M. Irrigação por sulcos para cultivo de milho em áreas de arroz
irrigado. Orientador: Adroaldo Dias Robaina. 2019. 57 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Agrícola) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2019.
103
GOLLO, E. A. Sistemas de implantação e irrigação por superfície para o cultivo
de milho em áreas de arroz irrigado. 2016. 60 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Agrícola) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2016.
KELLER, J.; KARMELI, D. Trickle irrigation design. Glendora: Rain Bird Sprinkler
Manufacturing Corporation, 1975. 133 p.
PANDEY, S. The Role of Irrigation for Food Security and Sustainability. Encyclopedia
of Food Security and Sustainability, [s. l.], v. 3, p. 142-416, 2019. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/B9780081005965221732. Acesso
em 06 de fev. 2022.
104
RAI, R. K.; SINGH, P. V. Chapter 2 – irrigation project planning. In: RAI, R. K.; SINGH, V.
P.; UPADHYAY, B. O. S. M. G.; BURTON, M. A.; MOLDEN, D. J. Planning and Evaluation
of Irrigation Projects. Cambridge, MA: Academic Press, 2017. p. 7-24. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/B9780128117484000029. Acesso
em 06 de fev. 2022.
RAPOSO, J. R. A rega por aspersão. 2. ed. Lisboa: Livraria Técnica, 1994. 358p.
105
do Solo e da Água, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de
Pelotas, Pelotas, 2020. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/handle/
doc/1128547. Acesso em: 3 fev. 2022.
106
UNIDADE 3 —
DRENAGEM
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
107
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
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108
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
NOÇÕES DE DRENAGEM NA AGRICULTURA
1 INTRODUÇÃO
A drenagem consiste no conjunto de operações destinadas a retirar o excesso
de umidade do solo para obter melhores condições agricultáveis aos terrenos a longo
prazo.
2 MAPAS FREÁTICOS
O lençol freático pode ser definido como o limite entre a zona de saturação e
a zona de aeração, estando localizado logo acima da camada impermeável do solo.
Formam um reservatório de água subterrânea proveniente de precipitações que infiltram
ao longo dos solos pelos poros e interstícios cujo volume se altera de acordo com o
regime de chuvas e a porosidade do solo.
109
A profundidade do lençol freático também pode variar com a topografia e a
cobertura vegetal da área. As variações no nível do lençol freático podem ser medidas
e ilustradas por meio de curvas de nível, proporcionando a caracterização de redes de
fluxo de água subterrânea.
110
FIGURA 1 – ESQUEMA REPRESENTATIVO DE UM POÇO DE OBSERVAÇÃO
FONTE: A autora
111
2.1.1 Leitura dos poços e equipamentos utilizados
As leituras dos dados obtidos nos poços podem ser realizadas diariamente,
semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente, dependendo do objetivo do produtor
agrícola. Por exemplo, para avaliação do desempenho de sistemas de drenagem
subterrâneas as leituras são realizadas diariamente. Em terrenos irrigados, a análise do
comportamento do lençol freático dos dados é feita de forma mensal, tomando-se, por
base, o ciclo da planta, ou somente após um ano do ciclo completo da cultura.
2.2 PIEZÔMETROS
Os piezômetros são equipamentos de baixo custo formados por tubos de PVC
com a extremidade perfurada, instalados em determinadas profundidades do solo para
avaliação da carga hidrostática (Figura 2). Estima o nível do lençol freático pela pressão
hidrostática por intermédio da soma da carga de elevação mais a carga de pressão no
ponto de instalação, resultando em valores de carga total. Além disso, pode ser utilizado
para determinação da poropressão ou pressão neutra e da condutividade hidráulica do
solo.
FONTE: A autora
112
Esses dispositivos são inseridos no solo de modo que a extremidade furada
fique em contato direto com a camada cuja carga hidrostática se quer determinar.
2.3 HIDROGRAMAS
Hidrogramas são gráficos produzidos com base em variações da vazão do nível
da água em função do tempo. São representados pelas hidrógrafas ou curvas de nível
freático. São elaboradas com base nos dados adquiridos dos poços de observação
(hidrógrafas freáticas) ou com os dados gerados pelos piezômetros (hidrógrafas
piezométricas). Os hidrogramas podem auxiliar nas seguintes investigações:
113
A escala do mapa é de livre escolha do aluno, porém, em projetos básicos ou
que necessitem muitos detalhes é sugerido o uso de escalas de 1:2.000, 5.000, 10.000
ou 1:25.000, com isolinhas de 0,20, 0,50 ou 1,00 m.
Este tipo de mapa é bastante utilizado para terrenos com grandes problemas de
drenagem subterrânea (Figura 3)
FONTE: A autora
114
2.6 MAPA DE VARIAÇÃO DE NÍVEL
O mapa de variação de nível nada mais é do que a sobreposição de mapas de
uma mesma área, mas de duas épocas distintas. Neste estilo de mapa, marca-se as
variações existentes nos pontos de intersecção entre as curvas de nível. Em seguida,
traça-se uma curva para unir os pontos de mesma variação. Pode ser ilustrado tomando-
se por base mapas de isoípsas ou de isóbatas, sendo a metodologia de construção do
mapa a mesma para ambos os casos (Figura 4).
FONTE: A autora
115
elementos contidos nos mapas freáticos. A Figura 5 mostra um mapa de isoípsas, em
que as linhas de fluxo são representadas pelas linhas de maior espessura. Os números à
direta indicam as cotas (em metros) de cada curva de nível do lençol freático.
FONTE: A autora
Mapas representados com curvas de níveis bem espaçadas sinalizam áreas com
gradientes hidráulicos fracos e de alta permeabilidade. Em contrapartida, curvas de nível
mais estreitas referem-se a terrenos com gradientes fortes e pouca permeabilidade.
Por fim, locais com grandes variações dos níveis freáticos evidenciam áreas
de carga, enquanto as pequenas variações determinam áreas de descarga. Podem ser
identificadas a partir da origem das linhas de fluxo ou por curvas de nível concêntricas.
116
3 COEFICIENTES DE DRENAGEM
Os coeficientes de drenagem descrevem a taxa de remoção do excesso de água
do solo dentro de um determinado limite de tempo com o propósito de evitar processos
erosivos e garantir proteção para as plantas. É expressa em razão da altura da lâmina da
água por dia (mm/dia ou cm/dia), sendo bastante utilizado em cálculos de espaçamento
entre os drenos.
117
O coeficiente de escoamento depende de diversos fatores como o tipo e
textura do solo, a taxa de cobertura vegetal, o grau de saturação do solo e a declividade
geral da bacia. No dimensionamento de drenos coletores de escoamento superficial,
primeiramente, calcula-se a vazão de escoamento, sempre considerando a intensidade
da chuva em mm.h-1.
• método racional;
• método de MacMath;
• regionalização de vazão.
4 SISTEMA SOLO-PLANTA-ATMOSFERA
O sistema solo-planta-atmosfera (SSPA) é o conjunto de processos
interdependentes influenciados por fatores físicos, químicos e biológicos, e que tem
como força motriz o movimento da água.
FONTE: A autora
118
Durante o seu desenvolvimento, as plantas consomem menos de 5% da água
que é absorvida, sendo a maior parte retida no solo ou difundida para a atmosfera. O
consumo de água das plantas refere-se à perda de água por evapotranspiração. Os
solos formam verdadeiros reservatórios de armazenamento de água, porém, o alto
volume de chuvas pode gerar perdas por escoamento superficial, erosão do solo ou
percolação profunda.
119
• Célula A: Ψw = - 0,3 + 0,2 => Ψw = - 0,1 MPa
• Célula B: Ψw = - 0,8 + 0,5 => Ψw = - 0,3 Mpa
• Água higroscópica: forma uma camada de solvatação ao redor das partículas, onde
se fixa por adsorção, movimentando-se no estado de vapor. Nesse caso, o potencial
hídrico da espécie vegetal é maior que o do solo, resultando em um estado de seca
fisiológica na planta.
• Água capilar: a água é parcialmente retida por capilaridade no solo em razão da
tensão superficial, formando uma película em torno dos grãos e nos espaços capilares.
• Água gravitacional: águas de solos encharcados, onde os poros se encontram
cheios de água sem capacidade para reter mais água. Diminuem significativamente
o nível de aeração.
FONTE: A autora
120
Diante disso, o conceito de capacidade de campo (CC) é definido pelo conteúdo
de água retido no solo após saturação e drenagem do excesso por gravidade. Verifica-
se uma maior capacidade de campo em solos argilosos e solos com alto conteúdo de
húmus. Por outro lado, o ponto de murcha permanente (PMP) refere-se às condições
muito secas que reduzem o potencial hídrico forma tão drástica, a ponto de não haver
água disponível no solo para absorção pelas plantas que permanecem murchas, pois
não conseguem manter a turgência das células.
FONTE: A autora
O fluxo da água entre as raízes e as folhas pode ocorrer por dois modos distintos,
via xilema por meio da geração de pressão positiva na raiz, ou por pressão negativa
criada pelas folhas.
122
A transpiração é um processo essencial na absorção de CO2 pelas folhas, no
transporte de íons para as partes aéreas e no controle de temperatura, o qual é controlado
pela abertura e fechamento dos estômatos. Os fatores que afetam essa atividade são
o balanço de vapor d’água entre a superfície da folha e a atmosfera, temperatura,
umidade relativa do ar, vento e a disponibilidade hídrica do solo. Além disso, é o principal
processo de geração de gradientes de pressão no SSPA. A força determinante da perda
de água por transpiração é a diferença na concentração de vapor entre a folha e o ar,
sendo essa diferença denominada como déficit de vapor d’água. Outro fator de controle
da perda de água por transpiração e a resistência estomática (difusão pelos estômatos)
e a resistência da camada de ar limítrofe (espessura da folha).
O balanço hídrico nada mais é que o somatório das quantidades de água que
entram e saem de uma área do solo em dado intervalo de tempo. Do ponto de vista
agrícola, o balanço hídrico tem um papel decisivo na definição das condições hídricas
sob as quais uma cultura se desenvolveu ou está se desenvolvendo em cada um dos
seus estádios fenológicos.
123
IMPORTANTE
As plantas CAM e C4, em condições de suprimento de água adequado,
apresentam maior eficiência no uso de água (massa seca de planta
produzida/massa de água consumida pela irrigação e chuvas) do que
as plantas C3, pois podem manter os estômatos mais fechados, com a
assimilação de CO2 constante, sem perder água.
124
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• As flutuações dos níveis do lençol freático podem ser representadas por meio de
mapas freáticos cujas informações são obtidas por intermédio da construção de
poços de observação e piezômetros.
• As plantas absorvem a água do solo por meio dos pelos absorventes presentes nas
raízes, transportando essa água para o caule e folhas via xilema, sendo posteriormente
perdida por evapotranspiração.
125
AUTOATIVIDADE
1 Hidrogramas são gráficos produzidos com base em variações do nível do lençol
freático em função do tempo, sendo representados pelas hidrógrafas. São elaboradas
com base nos dados adquiridos dos poços de observação ou nos piezômetros. Sobre
os hidrogramas, analise as afirmativas a seguir:
126
3 Os coeficientes de drenagem relacionam-se com as taxas de remoção do excesso
de água do solo dentro de um determinado limite de tempo. Essa capacidade é
determinada pelas características da vegetação, volume de precipitação e tipo de
solo. Com isso, é possível estimar a capacidade de retenção e infiltração do solo
para o dimensionamento dos dispositivos de drenagem em períodos secos de chuva
intensa. Considerando as relações entre os coeficientes de drenagem com as taxas
de transporte da água subterrânea e sob superfície, assinale a alternativa CORRETA:
127
128
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
EFEITOS DA DRENAGEM NO SOLO E PLANTAS
1 INTRODUÇÃO
Dentro dos sistemas de produção agrícola, o conhecimento das características
do solo é o passo inicial para a escolha das melhores áreas de implantação das culturas
a serem produzidas. Os solos são divididos de acordo com a fração de agregados que
os compõem. Isso acontece, pois esses elementos definem o comportamento destes
solos frente a interações físico-químicas, atividade biológica, eventos climáticos e a
manipulação pelo homem.
O excesso de água no solo traz enormes perdas para a agricultura, pois impede
o estabelecimento dos cultivos, dificulta o manejo dos solos, prejudica a aplicação de
insumos e dificulta a manipulação de máquinas agrícola. Além disso, diversos processos
fisiológicos, como o transporte de nutrientes e a respiração são alterados, gerando
impactos negativos para o crescimento das espécies vegetais e perdas de produtividade.
Dessa forma, acadêmico, no Tópico 2, iremos aprender os principais efeitos da drenagem
no solo e nas plantas.
2 CARACTERÍSTICAS DO SOLO
O solo são meios dinâmicos onde ocorrem sucessivas interações entre plantas,
animais, microrganismos, matéria orgânica, ar e água. Essas interações são responsáveis
por criar dinâmicas físicas, químicas e biológicas que determinam diretamente e
indiretamente as características do solo e garantem um ambiente favorável ao
desenvolvimento de espécies de plantas e animais.
129
Muitas práticas agrícolas envolvem o uso das características físicas do solo, por
exemplo, textura e estrutura, para determinação do comportamento destes frente ao
manejo de diferentes culturas.
130
FIGURA 10 – TRIÂNGULO DE CLASSIFICAÇÃO TEXTURAL DOS SOLOS
131
• taxas de umedecimento e secagem;
• expansão e contração das partículas;
• penetração e expansão das raízes;
• congelamento e derretimento;
• escavações de animais;
• atividade humana e de máquinas agrícolas.
132
FONTE: Brady e Ray (2013, p. 117)
IMPORTANTE
Solos de textura argilosa e com alto teor de umidade são bastante
suscetíveis a danos estruturais, por causa da maior tendência a destruição
dos agregados e formação de lama quando expostos a pressões
mecânicas. Isso reflete em péssimas condições físicas do solo para plantio.
Dessa forma, é preciso planejar a melhor época de preparação do solo,
conforme os teores de umidade do terreno.
2.3 CONSISTÊNCIA
A consistência do solo está relacionada às forças de adesão e coesão das
partículas que compõem o solo. É uma propriedade resultante da correlação entre
textura, estrutura e umidade do solo. Adicionalmente, caracteriza-se pela resistência
do terreno a deformação e ruptura. A determinação da consistência é baseada no
teor de umidade da área. Em solos secos, é estimada pelo grau de dureza, em solos
úmidos, caracteriza-se pela friabilidade do solo e nos solos molhados é determinada
pela plasticidade e pegajosidade do solo.
133
resistência, consideramos como firme; se não se desfaz sob pressão entre os dedos,
mas somente por pressão entre as mãos, consideramos como muito firmes.
2.4 POROSIDADE
Corresponde aos espaços de ar ou índice de vazios existentes entre os agregados
de partículas do solo. A porosidade interfere nas atividades de aeração, movimento e
retenção da água, resistência do solo a penetração e no enraizamento das plantas.
134
2.6 COMPACTAÇÃO DO SOLO
É a tensão aplicada sobre a estrutura física do solo forçando a agregação
das partículas, que como consequência, diminuem o volume ocupado. Em geral,
solos arenosos possuem baixo grau de compactação em razão de sua estrutura ser
formada por um maior arranjo de partículas grandes e macroporos. Os solos argilosos
são basicamente compostos por microporos e possuem maior possibilidade de arranjo
entre as partículas. Relacionado algumas características temos que: quanto maior a
densidade do solo, maior é o nível de compactação e menor é a porosidade total.
135
A resistência do solo à penetração pode ser avaliada através do uso de medidores
de compactação do solo, conhecidos como penetrômetro. O plantio direto é uma técnica
que quando realizada grosseiramente aumenta a resistência do solo a penetração.
Elevação do teor de umidade, rotação de culturas, adubação verde e mobilização dos
solos com arado e escarificador podem diminuir a resistência a penetração, pois rompem
de forma mecânica as camadas compactadas, contribuindo para a agregação do solo.
Com base na Lei de Darcy, podemos afirmar que o movimento de água em um solo
saturado é diretamente proporcional a carga hidráulica e inversamente proporcional à
coluna do solo. A condutividade hidráulica é relativa ao coeficiente de proporcionalidade
da equação de Darcy.
136
Os principais fatores que se relacionam intrinsecamente com essa propriedade
são:
• viscosidade da água;
• distribuição do tamanho dos poros;
• disposição granulométrica;
• índice de vazios;
• rugosidade das partículas minerais;
• grau de saturação do solo.
137
3.1.1 Método de permeâmetro de carga constante
O ensaio de carga constante é indicado para solos com elevada permeabilidade
(solos arenosos). Essa análise foi desenvolvida para estimar a condutividade hidráulica
de solos saturados por meio da condução das amostras em um sistema previamente
montado, utilizando-se um frasco de Mariotte ou um tubo de vidro transparente. O
método consiste em manter uma carga hidráulica constante enquanto é medido o
volume da solução, isto é, a vazão (Q), a ser drenado em função do tempo. A massa de
água é determinada pelo uso de balança digital e o tempo é registrado com o auxílio de
um cronometro.
138
Acadêmico, a partir de agora, iremos descrever os procedimentos utilizados
para estimar a condutividade hidráulica em campo.
FONTE: A autora
139
O teste só se inicia após a execução dos procedimentos de análise do perfil
do solo (espessura, profundidade, distribuição e textura) e da profundidade do lençol
freático. Com base nestes dados são definidos os locais de condução do teste e a
profundidade total do furo no solo. Os próximos passos que envolvem essa metodologia
são:
• abertura dos poços de observação até que o nível do lençol freático seja ultrapassado.
A profundidade do furo depende da camada da qual se quer calcular a condutividade
hidráulica. Todo esse processo é efetuado utilizando-se um trado;
• em seguida, instala-se os equipamentos de medição e espera-se em torno de 24
horas para que ocorra a estabilização do lençol freático no interior do poço;
• após o reestabelecimento do nível do lençol freático, mede-se a altura inicial da
lâmina da água e a quase totalidade desta água é drenada por meio de uma bomba
manual;
• por fim, mede-se ascensão do nível do lençol freático em função do tempo. A altura
pode ser mensurada utilizando-se uma boia fixada em um suporte contendo uma
trena de aço ou uma fita lisa – para os intervalos de tempo, utiliza-se um cronometro;
• a quantidade de testes a serem realizados depende da extensão do terreno e da
similaridade entre as propriedades das camadas do solo, além da conformidade dos
resultados.
ATENÇÃO
Vejamos algumas regras práticas.
• o espelho da água no fundo do poço deve ser da ordem de 5 a 10 vezes
o seu diâmetro (40 a 80 cm);
• deve-se iniciar o teste com uma lâmina de fundo de 5 cm;
• os intervalos de tempo devem ser constantes (5, 10, 15, 20, 25 segundos
etc.);
• o raio (r) do poço deve ficar entre 3 e 7 cm;
• a distância entre o nível freático e o fundo do poço (H) deve ser de no
mínimo 20 cm e no máximo 200 cm;
• o teste é finalizado quando os valores de distância das leituras começam
a se tornar muito próximos, ou seja, quando atingem 3/4 da leitura
inicial (Yn >3/4 Yo).
140
Os cálculos de condutividade hidráulica pelo método de poço seguem a equação
de Ernst, apresentando variações de acordo com as características da camada do solo.
141
O permeâmetro de Guelph é um aparelho portátil montado no local designado
para a amostragem. Após a montagem é aberto um orifício com um trado (de 30 a 50
cm de profundidade), onde, posteriormente, será injetado água, a fim de manter a carga
constante. Em seguida, o nível da água no fundo do trado se estabiliza (carga hidráulica
constante) formando um bulbo de saturação de água no solo, denominado bulbo de
saturação. O bulbo formado é estável e sua forma depende das características do
solo. Os resultados do permeâmetro de Guelph são interpretados aplicando a seguinte
fórmula: , em que Q é a vazão do regime permanente (L3T-1),
A utilização deste aparelho é vantajosa por sua rapidez, facilidade de uso e pela
obtenção de resultados estaticamente confiáveis (Figura 13).
FONTE: A autora
142
O permeâmetro de Guelph é um dos principais métodos utilizados para avaliação
da condutividade hidráulica em solos não-saturados, ou seja, solos com condição de
umidade abaixo do teor de saturação. Nessa condição, é possível avaliar a condutividade
hidráulica saturada e não-saturada, deduzidos a partir das zonas de saturação formadas
pelo bulbo ao redor do furo de sondagem.
Por último, temos o cálculo da porosidade drenável pelo método de Taylor (1959):
, em que fn(Z) é a porosidade drenável do perfil do solo, à profundidade
Z, em relação à superfície (cm3 cm-3), V é o volume (cm3) de água drenado do perfil,
quando o lençol freático passa em Zn-1 a Zn, A é a área de secção da coluna do solo
143
drenado (cm2), Zn é a profundidade final do lençol freático (cm) e Zn-1 é a profundidade
inicial do lençol freático (cm).
144
4.1.1 Aeração do solo
A aeração é o processo responsável pela troca de gases entre a atmosfera e
o solo. O acúmulo de água tende a ocupar os espaços porosos do solo, impedindo a
troca gasosa, bem como a difusão e o fluxo de massas. Esse mecanismo diminui a
oxigenação do solo, promovendo a formação de gases fitotóxicos, como o gás sulfídrico
e o gás metano, a partir de organismos que utilizam o nitrato como substrato na
ausência de oxigênio. O déficit de oxigênio impossibilita o desenvolvimento das raízes
e a sobrevivência de microrganismos aeróbicos. Consequentemente, ocorre diminuição
nos processos de nitrificação e desnitrificação dos compostos nitrogenados e redução
da fixação de nitrogênio no solo.
4.1.2 Estrutura
O excesso de água preenche os espaços porosos entre as partículas resultando
em um meio saturado. Quanto mais saturado for o solo, menores serão as forças de
coesão, ocasionado uma menor resistência dessas áreas à compressão. Em casos de
intenso tráfego de máquinas ou de animais, ocorre um aumento da aplicação de forças
verticais, levando a significativas mudanças estruturais por causa da compactação do
terreno pelo aumento da densidade do solo.
145
4.1.3 Textura
A textura do solo é uma propriedade diretamente relacionada à composição
granulométrica (proporção de argila, silte e areia) e à disposição dos poros no solo,
pois, como mencionado anteriormente, esta propriedade define as competências de
permeabilidade e de retenção de água e nutrientes dos terrenos.
146
4.2.1 Aeração
A ausência de oxigênio junto às raízes implica em alterações metabólicas e
estruturais desde as folhas até as raízes dos vegetais. Quando expostos por longos
períodos nessas condições, estas alterações podem se tornar irreversíveis levando
a problemas de: crescimento limitado das raízes e partes aéreas, desbalanceamento
hormonal, curvatura e acamamento do caule, epinastia, senescência, clorose e
enrolamento das folhas. Em adição, algumas plantas têm o comportamento de modificar
o padrão de alocação de biomassa do caule e folhas para as raízes. Contudo, esta é uma
estratégia comum de espécies vegetais submetidas a longos períodos de alagamento.
Em contrapartida, as plantas também possuem alguns mecanismos comportamentais
e fisiológicos contra a falta de oxigênio, tais como: redução da atividade fotossintética,
fechamento dos estômatos, crescimento de raízes adventícias e diminuição do
transporte de açúcares.
4.2.2 Nutrientes
Outro fator associado à carência de oxigênio está relacionado à absorção de
água e nutrientes. Isso ocorre, porque, em solos mal drenados, verifica-se a redução da
disponibilidade de nutrientes e a diminuição da permeabilidade da membrana celular
das raízes, dificultando a assimilação de nutrientes e água. Como resultado, as plantas
podem murchar ou desidratar, além de apresentar sintomas de carência nutricional.
147
Além disso, o oxigênio é responsável pelo potencial de oxirredução do solo,
garantindo o equilíbrio do sistema redox de diferentes elementos (carbono, ferro
manganês, enxofre, nitrogênio). Dessa maneira, muitos elementos essenciais se tornam
disponíveis para absorção por meio de reações envolvendo a presença de oxigênio.
4.2.3 Temperatura
Outro fator prejudicial para as plantas está nas mudanças de temperatura
ocasionadas pela baixa condução térmica dos solos encharcados. As plantas apresentam
temperaturas ótimas de crescimento cuja faixa ideal varia de acordo com a espécie
vegetal. Baixas temperaturas interferem nos processos de decomposição orgânica, na
disponibilidade de nutrientes e no tempo de germinação das sementes.
148
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Os solos são compostos por diferentes texturas, que dizem respeito à proporção
relativa das partículas de argila, silte e areia existentes no solo se são agrupados em
diferentes tamanhos.
• O excesso de água no solo traz enormes perdas para a produção agrícola, pois impede
o estabelecimento dos cultivos, dificulta o manejo dos solos e prejudica a aplicação
de insumos.
149
AUTOATIVIDADE
1 Na agricultura, as características do solo são parâmetros importantes para o
estabelecimento das culturas, influenciando na fertilidade, tempo de vida útil do
solo e na rentabilidade, à proporção que evita prejuízos causados por erosão ou
compactação. Na drenagem agrícola, as características do solo são aplicadas na
determinação da capacidade de drenagem dos terrenos e no dimensionamento dos
drenos. A partir desse conhecimento, classifique V para as sentenças verdadeiras e F
para as falsas:
150
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.
151
152
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
DRENAGEM SUBTERRÂNEA E DRENAGEM
SUPERFICIAL
1 INTRODUÇÃO
Nós tópicos anteriores, discutimos sobre o papel das propriedades físicas do
solo na capacidade de retenção e transporte da água ao longo de suas camadas. Com
isso, aprendemos porque e como os solos e as plantas são impactadas pela elevação do
teor de umidade. Também, com base na interação dessas características, conseguimos
determinar a melhor forma de se manejar os terrenos de acordo com a época do ano,
tipo de solo e a espécie vegetal a ser cultivada. Diferentes tipos de solos têm respostas
distintas ao excesso de água, logo o método de drenagem também pode ser variável e
adaptado a condição do local.
153
2 REGIMES DE DRENAGEM
Os cálculos de espaçamento entre os drenos têm como base o movimento
de escoamento da água no solo durante diferentes condições de regime de chuvas,
diferenciando-se em duas situações. No primeiro caso, considera-se o movimento
quando não existe variação do valor potencial total em dado ponto, sendo definido como
regime permanente. Já na segunda situação, considera-se o movimento quando ocorre
variação do valor potencial total com o tempo, sendo então, denominado, como regime
não permanente.
FONTE: A autora
154
Nessa situação, temos como critério específico a recarga (q) que o sistema deve
drenar permanentemente para manter o lençol em uma altura mínima (h) constante.
Dessa forma, o regime permanente caracteriza-se pela invariabilidade do sistema com
relação ao tempo e uma variabilidade com respeito à posição. Por exemplo, pode ser
aplicado em condições que exijam realizar a drenagem de uma determinada lâmina
da água diariamente. Para isso, empregamos a equação de Hooghoudt, descrita no
próximo subtópico.
FONTE: A autora
Define como critério a altura (m) do nível do lençol freático antes e após o
rebaixamento (h0 e ht) e o tempo de rebaixamento (dias). Logo, os potenciais variam com
o tempo e a posição. Neste caso, utilizamos a equação de Glover-Dumm para calcular o
espaçamento entre os drenos, a qual é descrita no próximo subtópico.
155
3 EQUAÇÕES DE DRENAGEM
O manejo incorreto de projetos de drenagem agrícola pode provocar inúmeros
prejuízos ambientais, econômicos e produtivos. Além disso, o dimensionamento correto
desses sistemas propicia maior rentabilidade e qualidade de vida aos produtores do
campo.
Por isso, acadêmico, é importante que dentro da sua formação como engenheiro
agrônomo aprenda a aplicação das principais equações utilizadas para determinação da
vazão e o dimensionamento dos drenos de acordo com as condições de escoamento da
água e pelas características do solo.
156
TABELA 2 – VALORES DE REFERÊNCIA DO COEFICIENTE DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL (C), COM BASE NA
DECLIVIDADE, TIPO DE SOLO E ESPÉCIE CULTIVADA
157
3.2.1 Fórmula de Donnan
A fórmula de Donnan foi desenvolvida com base em sistemas de irrigação e é
empregada em condições de fluxo horizontal, regime permanente com lençol freático
constante, solos de características homogêneas e sistemas de drenos paralelos:
, em que L o espaçamento entre os drenos (m), K a condutividade
hidráulica (m/dia), B a altura do lençol freático no ponto médio entre os drenos (m), D
a distância entre a superfície da água no dreno e na barreira (m) e R o coeficiente de
drenagem (m/dia).
Essa fórmula assume como princípio geral a divisão das perdas de carga
hidráulica durante o fluxo de água vertical, horizontal, e radial em três componentes:
h = hh + hv + hr, em que h representa a perda total de carga hidráulica e hh, hv e hr
correspondem às variáveis de perda de carga hidráulica por causa dos fluxos de água
horizontal, vertical e radial, respectivamente. Todos os componentes da equação são
expressos em metros.
158
3.2.4 Fórmula de Glover-Gumn
Além do fluxo variável horizontal, está fórmula inclui as propriedades de
porosidade drenável e o tempo de rebaixamento do lençol freático até uma profundidade
fixa cujo valor é predeterminado: , em que t significa o tempo de
drenagem, V a porosidade drenável, ho a altura máxima pré-fixada para o lençol freático,
ht a altura assumida para o lençol freático e d é a profundidade do estrato equivalente.
Esta fórmula é indicada para condições em que não existe equilíbrio constante
entre a recarga e descarga de água no solo promovendo oscilação frequente do lençol
freático.
4 DRENAGEM SUBTERRÂNEA
A drenagem subterrânea tem como finalidade remover o excesso de água da
camada do solo onde se desenvolvem as raízes das plantas, garantindo níveis adequados
de oxigenação nesse local. Esse método permite regular a umidade do solo, retirar o
excesso de sais em solos de regiões áridas e semiáridas e rebaixar ou manter o lençol
freático em níveis mais profundos. Para melhor diagnóstico e instalação de projetos de
drenagem subterrânea, é preciso ter informações sobre a direção de escoamento do
lençol freático e o gradiente hidráulico. Além disso, esse método de drenagem é dividido
em dois diferentes sistemas:
159
freático e profundidade do solo. Esses dados serão posteriormente utilizados para o
dimensionado da profundidade e espaçamento entre os drenos.
5 DRENAGEM SUPERFICIAL
O sistema de drenagem superficial é o método empregado para a retirada
do excesso de água sobre solos de superfície planas, tendo como objetivo reduzir a
velocidade de escoamento superficial e as perdas por erosão hídrica. Esse sistema se
baseia no processo de drenagem natural cuja metodologia busca seguir os parâmetros
topográficos naturais do terreno.
160
FIGURA 16 – ILUSTRAÇÃO DE UM SISTEMA DE DRENAGEM NATURAL
FONTE: A autora
161
Segundo dados técnicos, os solos que apresentam uma taxa de drenagem
relativamente alta podem conter camalhões de altura máxima entre 15 e 50 cm e largura
de até 300 m. Solos com drenagem média a largura recomendada pode variar de 15 a 30
m. Já nos solos com drenagem lenta e muito lenta, esses valores podem variar de 10 a
20 m e 6 a 12 m, respectivamente. O comprimento dos sulcos não deve ser muito longo,
pois podem ocasionar excesso de umidade nas cabeceiras.
162
5.6 DUPLO PRINCIPAL
Indicadas para terrenos que apresentam depressões largas. Segue o mesmo
princípio da drenagem espinha de peixe, porém com modificações (Figura 18 – item d).
5.7 AGRUPAMENTO
Agrupamento, ou sistema composto, é quando são instalados diferentes tipos
de sistemas de drenagem em um único terreno. Muitas vezes, são feitas combinações
conforme cada parte do terreno, ajustando conforme a característica ou necessidade do
ponto escolhido. Dessa forma, podemos ter terrenos em que algumas partes acontece
a construção de sistemas do tipo camalhão, enquanto em outras se utilize o método
espinha de peixe, em conjunto, ainda podemos manter áreas com as características
naturais de drenagem.
163
FIGURA 18 – REPRESENTAÇÃO DOS PRINCIPAIS SISTEMAS DE DRENAGEM: A) SISTEMA INTERCEPTOR; B)
SISTEMA DE DRENOS RASOS E PARALELOS; C) ESPINHA DE PEIXE; D) DUPLO PRINCIPAL; E) AGRUPAMENTO
FONTE: A autora
Os drenos abertos nada mais são que os canais ou valetas construídas tanto
para drenagem superficial quanto para drenagem subterrânea (Figura 19). Têm como
função a coleta e transporte, tendo capacidade de conduzir grandes vazões de água.
Esses tipos de dreno têm como vantagem o baixo custo de construção, fácil manutenção
e permitem a visualização das condições de funcionamento.
164
FIGURA 19 – IMAGEM DE UM DRENO DO TIPO ABERTO
ATENÇÃO
Durante o dimensionamento dos drenos, é necessário levar em
consideração as seguintes características:
165
LEITURA
COMPLEMENTAR
SOFTWARE PARA CÁLCULO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA DIÁRIA
PELO MÉTODO DE PENMAN-MONTEITH
J. C. Q. Mariano
F. B. T. Hernandez
G. O. Santos
A. H. C. Teixeira
RESUMO
INTRODUÇÃO
Para suprir essa perda de água das plantas para atmosfera é necessário repor
esta água ao solo a fim de garantir um bom desenvolvimento das culturas, de forma
natural (chuva) ou artificial (irrigação).
166
De acordo Santos, Hernandez e Rossetti (2010) a estimativa da
evapotranspiração de referência pelo método de Penman-Monteith, permite ao
irrigante determinar o quanto e quando irrigar sua cultura, possibilitando assim fazer
o uso racional da água. A UNESP Ilha Solteira disponibiliza gratuitamente as variáveis
agroclimáticas diárias coletadas na região noroeste paulista de agosto de 1991 através
do canal CLIMA que pode ser acessado pela URL http://clima.feis.unesp.br, incluindo a
estimativa da evapotranspiração de referência.
Assim, este artigo tem como objetivo divulgar e colocar a disposição dos
interessados um software capaz realizar a estimativa da evapotranspiração de referência
pelo método de Penman-Monteith, em valores diários ou em lote, automatizando e
otimizando este trabalho.
DESCRIÇÃO DO ASSUNTO
(1)
Onde:
167
O software foi desenvolvido utilizando a linguagem de programação C#, também
escrito como C# ou C Sharp (em português lê-se "cê charp"), é uma linguagem de
programação orientada a objetos, desenvolvida pela Microsoft como parte da plataforma
.NET. A sua sintaxe orientada a objetos foi baseada no C++ mas inclui muitas influências
de outras linguagens de programação, como Object Pascal e Java e o requisito mínimo
para se instalar o software é um computador com Sistema Operacional Windows XP ou
superior e NET Framework 4.
168
O tipo de processamento pode ser escolhido no canto superior direito onde se
tem um combobox com as opções “Individual” ou “Lote”. No processamento Individual
o usuário tem a opção de escolher a unidade de medida das variáveis agroclimáticas
antes de se iniciar o cálculo da evapotranspiração de referência.
Por padrão caso o usuário não escolha nenhuma unidade de medida adota-
se: temperatura máxima (ºC), temperatura mínima (ºC), umidade máxima (%), umidade
mínima (%), velocidade do vento (m/s), altura do anemômetro (metros), radiação global
(MJ.m2.dia-1), radiação líquida (MJ.m2.dia-1), fluxo de calor e pressão atmsoférica (KPa).
• Inserir Linha: insere uma linha no grid para que o usuário possa informar as variáveis
agroclimáticas.
• Excluir Linha: exclui uma determinada linha selecionada no grid
• Setar Unidade de Medida: este item abre ao usuário um formulário para que ele
escolha a unidade de medida de cada variável agroclimática representado na Figura
3.
• Importar Arquivo: opção que permite o usuário escolher um determinado arquivo
contendo os dados agroclimáticos.
• Limpar Linhas da Grid: limpa todas as linhas contidas na grid.
169
Esta ferramenta tem como alvo principal os pequenos produtores que muitas
das vezes sentem-se carentes por falta de conhecimento técnico para efetuar o manejo
correto de suas culturas. Com está ferramenta, o produtor poderá simplificar o processo
da estimativa da evapotranspiração informando apenas os dados agroclimáticos e o
software que fará todos os procedimentos cabíveis auxiliando na tomada de decisão
correta de quando e quanto irrigar, racionalizando o uso da água. Para o meio científico
padronização de processos, para título de comparação entre outros métodos de
evapotranspiração.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
FONTE: MARIANO, J. C. M. et al. Software para cálculo da evapotranspiração de referência diária pelo mé-
todo de Penman-Monteith. In: CONGRESSO NACIONAL DE IRRIGAÇÃO E DRENAGEM, 21., 2011, Petrolina.
Anais [...]. Brasília, DF: ABID, 2011. p. 1-6. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/
item/49551/1/HeribertoCongresso-Irrigacao-2011.pdf. Acesso: 14 fev. 2022.
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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Existem diferentes equações que podem ser utilizadas para calcular a drenagem
superficial e o espaçamento entre os drenos, variando de acordo com o regime de
drenagem do solo.
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AUTOATIVIDADE
1 As taxas de escoamento e de infiltração da água no solo podem ser influenciadas
pela intensidade das chuvas, caracterizando o comportamento do lençol freático,
segundo diferentes regimes de drenagem. Sobre os regimes de drenagem da água,
assinale a alternativa CORRETA:
I- Equação de Donnan.
II- Equação de Manning.
III- Equação de Boussinesq.
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3 A drenagem superficial caracteriza-se por possuir diferentes tipos de sistemas de
acordo com as características de fluxo d’água e a morfologia do solo, resultando
em diferentes arranjos dos drenos, os quais incluem desde o espaçamento até a
distribuição dos drenos no solo. De acordo com os sistemas de drenagem superficial,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas.
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REFERÊNCIAS
BATISTA, M. J. et al. Drenagem como instrumento de dessalinização e prevenção
da salinização de solos. 2. ed. Brasília, DF: Codevasf, 2002.
TAYLOR. G. S. Drainable porosity evaluation from outflow measurements and its use
in drawdown equations. Soil Science, Ohio, v. 90, n. 6, p. 338-343, 1959. Disponível
em: https://journals.lww.com/soilsci/Citation/1960/12000/DRAINABLE_POROSITY_
EVALUATION_FROM_OUTFLOW.4.aspx. Acesso: 1 mar. 2022.
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