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LIVRO - GRÁTIS

MARACUJÁ
DO PLANTIO A COLHEITA

MACIEL LEMOS
EMANUEL MAIA
ANNA FRIDA HATSUE MODRO
ISAC FOGAÇA
AUTORES

Msc. Eng. Ag.° Maciel Lemos


Extensionista Rural, EMATER-RO.
E-mail: maciellemos@emater-ro.com.br

Emanuel Maia Engenheiro Agrônomo, DSc.


em Fitotecnia, Professor Adjunto do Depto de
Engenharia Florestal – UNIR/RM.
E-mail: emanuel@unir.br

Anna Frida Hatsue Modro Bióloga, Dra.


em Entomologia, pesquisadora do Depto. de
Engenharia Florestal – UNIR/RM.
E-mail: fridamodro@gmail.com

Msc. Eng. Ag.°Isac Fogaça


Extensionista Rural, EMATER-RO.
E-mail: ifogaca@hotmail.com
Sumário

APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................... 1
CARACTERÍSTICAS DA PLANTA E CULTIVARES ................................................................. 1
Características botânicas ........................................................................................................ 1
Principais espécies de importância para fruticultura ......................................................... 2
Cultivares .................................................................................................................................. 3
CLIMA E SOLO ......................................................................................................................... 5
PREPARO DO SOLO PARA O PLANTIO ............................................................................... 6
Aquisição ou produção de muda .......................................................................................... 6
Formação de mudas em sacolas de plástico ....................................................................... 7
Semeadura ............................................................................................................................... 8
Condução das mudas em viveiro .......................................................................................... 8
Controle de doenças e pragas no viveiro ............................................................................. 8
Porte das mudas para o plantio ............................................................................................ 9
IMPLANTAÇÃO DO POMAR ........................................................................................... 9
Cuidados na escolha da área ................................................................................................. 9
Sistema de condução em espaldeira vertical ................................................9
Espaçamento ......................................................................................................................... 10
Preparo das covas ................................................................................................................. 10
Transplantio ........................................................................................................................... 10
Transplantio e cuidados com as mudas ............................................................................. 11
Adubação ............................................................................................................................... 11
Podas ...................................................................................................................................... 12
POLINIZAÇÃO ....................................................................................................................... 13
Polinização natural ................................................................................................................ 13
Polinização artificial .............................................................................................................. 14
COLHEITA .............................................................................................................................. 15
MANEJO DE PLANTAS DANINHAS .................................................................................... 16
PRAGAS E DOENÇAS ............................................................................................................ 17
CUSTOS DE PRODUÇÃO....................................................................................................... 22
BIBLIOGRAFIAS .................................................................................................................... 24
APRESENTAÇÃO
A cultura do maracujazeiro geralmente é adotada por aqueles que
querem iniciar na produção de fruteiras, pois é relatada dentre as
fruteiras como uma cultura de menores custos de implantação e de
fácil manejo. Contudo vale comentar que o maracujazeiro exige
alguns cuidados especiais para se obter bons resultados.
O maracujazeiro é uma planta originária do Brasil, adaptada a altas
temperaturas e precipitação bem distribuída sendo apreciada no
mundo inteiro pela beleza de suas flores. Atualmente é cultivada em
vários estados do Brasil, porém regiões como a Norte e Nordeste
apresentam-se mais favoráveis para a sua produção.
O maracujazeiro amarelo é uma planta auto-incompatível, ou seja, o
pólen produzido por uma flor não consegue fecundar outra flor da
mesma planta. Como principais agentes polinizadores temos as
mamangavas, sendo que as abelhas melíferas (colméia, europa, ou
africanizadas) normalmente são prejudiciais a cultura devido ao seu
pequeno tamanho, retiram o pólen e o néctar da flor do
maracujazeiro sem o polinizar, o que acarreta em baixas produções
na lavoura.

CARACTERÍSTICAS DA PLANTA E CULTIVARES

Características botânicas

O sistema radicular do maracujazeiro-amarelo é considerado


superficial, estando concentrado nos primeiros 30-40cm de solo e
num raio de 50cm, chegando essa porção de solo a sustentar 60 a
80% do sistema radicular do maracujazeiro.
O maracujazeiro é uma planta que floresce e frutifica em vários
meses do ano. Considerada planta de “dias longos”, necessita entre
11 a 12 horas de luz para florescer. Observa-se menor produção do
maracujazeiro com a diminuição dos níveis de radiação solar, não
observando flores sob intenso sombreamento. Em Rondônia, as
flores do maracujazeiro se abrem por volta das 11 horas e fecham-
se após as 18 horas (Mira, 2012).
O período produtivo da cultura concentra-se nos meses de
dezembro a julho, e os maiores preços da fruta são obtidos entre
agosto e novembro, devido à diminuição da oferta do produto no
comércio que está relacionada à menor duração do período
luminoso no sudeste e centro-oeste, e a seca em Rondônia. A
disponibilidade de água também é fator importante na produção da
frutífera que, em períodos secos, tem queda de botões florais,
redução do florescimento, queda de frutos, além do
comprometimento da fecundação e do desenvolvimento da planta,
com conseqüente diminuição da produção. Mas a irrigação é uma
boa alternativa para o agricultor que almeja a produção de
maracujazeiro durante todo o ano (Oliveira, 2011). O maracujazeiro
inicia sua produção de frutos entre 4 a 10 meses após o plantio das
mudas no campo, podendo variar este tempo devido a época de
plantio ou do uso de irrigação.

Principais espécies de importância para fruticultura

Maracujá amarelo ou azedo: Passiflora edulis Sims f. flavocarpa –


ou maracujá-azedo ou amarelo é o mais conhecido e o mais
cultivado. O fruto é redondo ou oval, com a cor da casca verde,
antes da maturação, e amarela quando maduro (Figura 1A). A polpa
é predominantemente ácida, com coloração variando do amarelo
claro ao laranja-avermelhado. Os frutos podem ter entre 60 a 700g,
com rendimento de suco entre 25-45%. Sua utilização na forma de
suco é muito apreciada, mas o consumo da fruta fresca está em
crescimento em todo o Brasil. É a principal espécie plantada
comercialmente em Rondônia.
Maracujá roxo: Passiflora edulis Sims ,pode ser utilizado para suco
ou como fruta fresca. É a variedade mais cultivada na Austrália e na
África do Sul. O fruto é redondo, com a cor da casca verde, antes da
maturação, e arroxeado após o início do processo e quase preta
quando maduro (Figura 1B). Esse maracujá é bem desenvolvido em
regiões de clima frio e de elevadas altitudes. O cruzamento do
maracujazeiro-amarelo com o maracujazeiro roxo produz o tipo de
fruto denominado como maracujá maçã (Figura 1C).
Maracujá doce: Passiflora alata - se difere das demais espécies
comerciais pelos frutos, que são ovais ou periformes, com casca
muito alaranjada, lembrando o mamão papaia. Em campo, antes da
frutificação, pode ser diferenciado pela seção quadrangular do
caule. É usado também como ornamental, pois suas folhas
permanecem abertas durante o dia todo. O peso dos frutos varia de
80 a 300 g, com comprimento médio de 10,5cm e 8cm de largura. A
polpa é adocicada com forte e agradável odor, mais enjoativa se
utilizada na forma de suco, por isso, tem sido consumido
exclusivamente como fruta fresca (Figura 1D).
Cultivares

Até poucos anos atrás não se falava de variedades ou cultivares de


maracujá, porém em função de pesquisas recentes foram lançados
materiais de boa qualidade. Eles integram pomares comerciais,
principalmente no sudeste e centro-oeste, necessitando maiores
estudos sobre seu comportamento nas demais regiões brasileiras.
Em Rolim de Moura, acompanhamos vários plantios pela
Universidade Federal de Rondônia e EMATER com a cultivar 275 do
IAC.

Cultivares comuns ou seleções locais


São as variedades mais conhecidas em todo o país, de maneira
geral não sofreram processo de melhoramento genético, por isso
apresenta grande variabilidade tanto na produção, qualidade dos
frutos e na resistência a pragas e doenças.
Alguns exemplos são os pomares formados por sementes retiradas
de outros pomares comerciais existentes na região. Estes pomares
geralmente estão associados a problemas referentes à
produtividade e qualidade de frutos, como os pomares não são
específicos para produção de sementes as mudas formadas por
estas plantas normalmente apresentam menor vigor, menor
produção e rendimento de suco variando entre 19 a 35% (Resende,
2011).

Híbridos ‘IAC Série 270’ (IAC-273; IAC-275; IAC-277)

Esses híbridos foram obtidos pela continuidade do programa que


produziu o Composto IAC-27. Os híbridos IAC-273 e IAC-277
produzem frutos destinados ao consumo in natura, enquanto o cv.
IAC-275 tem dupla aptidão, com frutos com alto teor de sólidos
solúveis (açúcares) e rendimento em suco acima de 50%.
Apresentam também uma boa produção (acima de 35 t ha-1),
porém não se recomenda aos produtores retirar sementes dos pés
devido à grande variabilidade que poderá existir no próximo pomar.

Gigante Amarelo:

É um material híbrido, considerado de alta produtividade,


produzindo na região do cerrado em torno de 42 t ha-1. Segundo
informações da Embrapa tem boa tolerância à antracnose e
bacteriose, mas é susceptível à virose, verrugose e às doenças
causadas por patógenos de solo e não há informação sobre
maiores danos causada por pragas. Plantios em Rondônia
apresentaram um ótimo desevolvimento e produtividade.

Ouro Vermelho:

Híbrido recentemente lançado pela Embrapa, considerado o a


cultivar com maior quantidade de vitamina C, com a polpa de cor
amarelo forte. A produtividade nas condições do Distrito Federal
tem ficado em torno de 40 t ha-1 no primeiro ano, sem a
polinização manual. É tolerante a doenças foliares, incluindo a
virose. Em diferentes locais, tem-se comportado como tolerante a
doenças causadas por patógenos do solo.

Sol do Cerrado:

É outro híbrido da Embrapa que tem como vantagem não ter a


necessidade de polinização manual. A produtividade é semelhante a
cv. Ouro Vermelho, tem tolerância a doenças foliares, como
bacteriose, antracnose e virose, mas é susceptível a doenças
causadas por patógenos de solo.
Neste hibrido, teve que se acrescentado um percentual de 15% de
N (nitrogênio), para que a plantas vegete mais e cobrissem os
frutos. Porque os frutos ficava expostos ao sol e ocorre a queima
dos mesmo
CLIMA E SOLO

O maracujazeiro amarelo é considerado uma planta de clima


tropical e desenvolve-se melhor em regiões com temperaturas
médias entre 23 e 27ºC. Comenta-se que o maracujazeiro roxo é
mais adaptado a climas mais amenos. O maracujazeiro apresenta
uma característica interessante, pois floresce em condições de
elevada temperatura e luminosidade (duração do dia) acima de 11
horas. Assim na região Norte como um todo, o maracujazeiro pode
produzir durante todo o ano com bastante intensidade e alcançar
produtividades acima de 80 t ha-1. O maracujazeiro é considerado
também uma planta resistente à seca, no entanto, requer nos
primeiros meses bastante água, para poder desenvolver e ter um
bom pegamento das mudas. Requer também precipitação anual de
800 a 1.700mm anuais, e bem distribuídas, e alta luminosidade. O
agricultor deve optar por realizar o plantio em solos de textura
média, profundos e bem drenados, e não utilizar baixadas, solos
pedregosos ou com possibilidade de encharcamento.
Para a produção durante o período da seca é necessária a irrigação.
Em experimento conduzido na Universidade Federal de Rondônia,
para este período, verificou-se a necessidade diária de 6mm em
média de água por planta.

As chuvas intensas também podem causar prejuízos a lavoura, pois


há redução do número de flores abertas, maior dificuldade para a
polinização, além de maior incidência de doenças. Ventos fortes
também são prejudicais ao pomar, pois podem derrubar as
espaldeiras e ventos quentes e secos causam murchamento, e
diminuem a quantidade e qualidade dos frutos produzidos. Desta
forma recomenda-se o uso de quebra ventos, que podem ser
formadas por árvores, cana-de-açúcar, feijão guandu, bananeiras
entre outras, plantadas no sentido predominante que o vento incide
no pomar.
PREPARO DO SOLO PARA O PLANTIO

São recomendadas as operações de subsolagem, aração e de


gradagem. A cultura do maracujazeiro tem uma vida útil que
possibilita até três anos de colheitas, contudo há exemplos da
renovação anual. É recomendado o preparo do solo toda vez que se
renova à cultura.
Em solos planos ou levemente inclinados, com boa drenagem, o
maracujazeiro pode ser plantado sem restrições. Em áreas com
declividade suave a moderada, recomenda-se o plantio do
maracujazeiro em sistema de latada, que oferece maior proteção ao
solo, outra alternativa é a manutenção de plantas para cobertura do
solo.

Aquisição ou produção de muda

A propagação do maracujazeiro se faz normalmente com sementes.


Recomenda-se a utilização de sementes de cultivares que
apresentem alto potencial de produção. Todavia, caso a opção seja
por usar sementes de pomares comerciais (seleção local), para a
produção de mudas para um hectare, deve-se escolher em torno de
60 plantas para evitar problemas com a auto-incompatibilidade.
Estas plantas devem se mostrar vigorosas, produtivas, precoces,
resistentes a doenças e pragas, originárias de frutos grandes,
maduros, com grande percentagem de suco e boa qualidade. O
período de observação e seleção deve acontecer durante todo o
período de colheita de forma que sejam escolhidas as melhores
plantas.

As sementes, das plantas selecionadas, podem ser mantidas no


interior dos frutos até secar ou serem colhidas e colocadas em
recipiente de vidro ou louça para fermentar. Essa fermentação tem a
finalidade de facilitar a separação das sementes da mucilagem. Para
esse processo exigi-se geralmente, um período de dois a seis dias.
Depois, as sementes devem ser lavadas e colocadas em um jornal
para secar, à sombra.
Para a retirada da mucilagem pode ser usado também um
liquidificador, este deve ser ligado por alguns segundos e depois
desligar, tomando os cuidados para não quebrar as sementes. As
sementes devem ser utilizadas logo após o período de secagem,
pois a sua viabilidade é curta.

Formação de mudas em sacolas de plástico

Neste método os resultados são bons, desde que alguns critérios


técnicos sejam obedecidos:
Escolha do local do viveiro: deve ser localizado longe de pomares
comerciais ou de plantas adultas de maracujazeiro, na parte mais
alta do terreno. A área deve ser levemente inclinada para evitar
encharcamento, local de fácil acesso e livre de plantas daninhas.

Recipientes: saco de plástico de material reciclado, cor preta,


tamanho de 12x8cm e com capacidade para aproximadamente 600
ml de substrato (mesma usada para café).

Substrato: mistura de duas partes de terra de barranco (tem


menos sementes de plantas daninhas) uma parte de esterco de
curral bem curtido. Se a terra for muito argilosa, acrescentar uma
parte de areia grossa lavada. A cada metro cúbico da mistura,
acrescentar dois quilos de calcário dolomítico e três quilos de NPK
04-14-08. Deve-se peneirar a mistura e umedecer se estiver muito
seca

Solarização: é um tratamento térmico do solo com o objetivo de


eliminar microorganismos causadores de doenças e sementes de
plantas espontâneas. Quanto menor a altura da camada de solo
mais eficiente é o tratamento. Para fazer este tratamento deve-se:
1. Espalhar o substrato sobre o solo (chão batido ou área
cimentada) em camadas de no máximo 20 cm de altura;
2. Umedecer o substrato, o ponto ideal é quando apertar entre os
dedos e o substrato tomar forma;
3. Cobrir preferencialmente com plástico transparente por um
período de sete dias em dias claros.

Encher os recipientes manualmente com o substrato tratado. Cada


metro cúbico de substrato é suficiente para encher 1.600 sacolas de
plástico. Compactar levemente o substrato dentro das sacolas,
somente até que elas se mantenham em pé. Um metro quadrado
de canteiro, em média comporta 120 sacolas cheias.

Semeadura

Pode ser realizada durante o ano todo, desde que o plantio seja
irrigado. Colocam-se três sementes em cada saquinho, com um
centímetro de profundidade, recobrindo-as com o próprio substrato.
Cada 100g de semente é suficiente para formar 1.500 mudas.

Após a semeadura, cobrir os canteiros com coberturas de palha ou


sacos de pano, construídas a 20 cm de altura do chão, para que a
água das chuvas ou irrigações não compacte em demasia a superfície
do substrato ou remova as sementes. Esta cobertura deve ser
retirada gradativamente, após a emissão da primeira ou segunda
folha verdadeira, para permitir o desenvolvimento da muda em sol
pleno.

Condução das mudas em viveiro

Da semeadura até a completa germinação, que ocorre de 15-30 dias,


dependendo da temperatura, rega-se duas vezes ao dia. Depois
disso, as regas são feitas conforme a necessidade, em geral uma vez
ao dia, podendo ser em dias alternados, cuidando para não
encharcar ou faltar água.
Quando as plantas apresentarem duas folhas verdadeiras, é feito o
desbaste, deixando apenas uma planta por recipiente. Molhar antes
do arranquio das plantas excedentes, para não causar danos às
plantas remanescentes. Pode-se optar pelo corte das plantas, o que
pode ser feito com tesoura ou com a mão. Ressalta-se que, após o
surgimento da terceira folha verdadeira deve-se regar a planta com
uma solução de nitrocálcio ou uréia a 0,5% (50g para cada 10 litros
de água) uma vez por semana, usando cerca de 15 litros da solução
por cada metro quadrado de canteiro.

Controle de doenças e pragas no viveiro

Se houver infecções de verrugose no viveiro, eliminar todas as


mudas. No viveiro, as doenças são controladas, preventivamente,
através de pulverizações quinzenais no período seco do ano, e
semanal, nos períodos úmidos, com produtos cúpricos na dose
recomendada por um Engenheiro Agrônomo. No caso de
tombamento das mudinhas, reduzir a irrigação e eliminar os
saquinhos contaminados e todos aqueles circunvizinhos.

Porte das mudas para o plantio

As mudas podem ser levadas para o campo quando atingirem cerca


de 20 cm de altura. Outra recomendação, para plantios menos
tecnificados, é que as mudas sejam transplantadas após a emissão
da sétima folha verdadeira formada e antes da emissão da primeira
gavinha, o que ocorre geralmente 60 dias após a semeadura.
Recomenda-se reduzir as regas no período que antecede o plantio,
para conferir maior resistência das mudas.

IMPLANTAÇÃO DO POMAR

Cuidados na escolha da área


Áreas sujeitas ao encharcamento ou baixadas úmidas não devem
ser utilizadas, pois favorecem as doenças e causam dificuldades
para as plantas absorverem os nutrientes do solo. Deve-se evitar,
também, áreas com declividade acentuada, pois são mais favoráveis
a erosão e criam maiores dificuldades na implantação e
manutenção das espaldeiras. Evitar áreas que já foram plantadas
com maracujá, pois favorecem o aparecimento de pragas e
doenças. Dar preferências para áreas planas, com boa drenagem e
ventiladas, que permitam estabelecer o espaldeiramento no sentido
norte-sul, promovendo uma maior incidência de luz para as plantas.

Sistema de condução em espaldeira vertical

Existem diversos tipos de sistemas de condução empregados


para o maracujazeiro, entretanto a espaldeira vertical é de
construção simples, facilita os tratos culturais, e apresenta menor
custo de implantação.
Considerado o sistema tradicional, é o mais difundido método de
condução do maracujazeiro, permite alcançar excelentes
produtividades com o uso de polinização manual, frutos de
melhor classificação e facilita os tratamentos fitossanitários.
Recomenda-se construir a espaldeira vertical com mourões de 4 a
6m de espaçamento, normalmente 5m, colocando um fio de
arame n°12, no ápice dos mourões. Sugere-se que a cerca tenha
entre 1,8 a 2m de altura do solo e no máximo 120m de
comprimento, com mourões com mais de 10 cm de diâmetro.
Na extremidade e a cada 40m deve utilizar mourões com
diâmetro superior a 20 cm (esticadores), que devem ser
enterrados a 1 metro de profundidade. Os esticadores das
extremidades devem ser fincados com uma inclinação para fora
.de 15 a 45°. Os mourões de menor diâmetro são enterrados a 50
cm de profundidade.
É importante, visando uma maior durabilidade. Fazer uso de
produtos que preservem a madeira. Existem no mercado mourões
de eucalipto com tratamento especial, garantindo durabilidade
acima de 20 anos.

Espaçamento

O espaçamento a ser adotado no pomar vai depender de como vão


ser executados os tratos culturais, como por exemplo, as capinas e
pulverizações. Normalmente, utiliza-se o espaçamento de 2,5 a 3,5m
entre linhas e 4 a 5m entre plantas. Para pomares onde as
pulverizações e roçagens serão feitas com trator, recomenda-se que
as linhas sejam pelo menos 1m maiores que a largura do trator. Em
caso de se plantar outras culturas junto com o maracujá, como por
exemplo, milho, feijão, amendoim e abóbora, deve-se escolher
maior espaçamento entre linhas de 4,5 a 5 metros.

Preparo das covas

As covas devem ter aproximadamente as seguintes dimensões: 40 x


40 x 50 cm (largura, comprimento e profundidade, respectivamente),
se as covas forem abertas com perfuratriz (no trator) deve-se
quebrar as paredes da cova com a cavadeira evitando assim o
espelhamento (camada lisa e compacta formada nas laterais da
cova). Em média, o trator tem a capacidade de abrir 100 covas por
hora.

Transplantio

Onde a cultura será implantada com irrigação, a semeadura pode


ser realizada durante o ano todo. Caso não seja realizada a irrigação,
a semeadura deve ser realizada de modo a permitir o plantio no
início da estação de chuvas.
As mudas aptas para o transplante são aquelas que apresentam
cerca de 20 cm de altura, três a quatro folhas bem formadas,
sistema radicular bem formado (muitas raízes) e sem sintomas de
ataque de pragas e doenças.
Cerca de trinta dias após o transplantio deve-se percorrer o pomar
e verificar a existência de falhas, ou de mudas que tiveram um
desenvolvimento inicial muito lento.
Estas plantas devem ser substituídas por outras mudas de
desenvolvimento mais adiantado para termos assim um pomar com
um manejo uniforme.

Transplantio e cuidados com as mudas

- Evitar bater a muda durante o transporte do viveiro até a cova;


- Manter a muda o mais ereto possível;
- Evitar quebrar o torrão nas mudas de saquinho;
- No plantio, cortar as raízes que estiverem enroladas no fundo do
saquinho;
- Quando plantar deixar o nível da terra do saquinho, com o nível do
solo da cova;
- Preferir o plantio em dias chuvosos ou em horas mais frescas do
dia (início da manhã ou fim da tarde);
- Controlar cupins e formigas antes e depois do plantio.
Após o plantio das mudas deve-se utilizar um “tutor” para conduzir a
mudinha do solo até o fio de arame. Este tutor pode ser uma estaca
de bambu ou barbantes, cordões de sisal ou fitilhos plásticos.
Prender as cordinhas em uma estaca fincada no solo ao lado da
muda, nunca na própria muda.

Adubação

A adubação deve ser orientada conforme a produtividade esperada


e a fertilidade do solo, portanto é necessária a realização da análise
de solo para obter produções satisfatórias. Entretanto, aqui serão
apresentadas orientações básicas que podem auxiliar na adubação
do pomar.
Adubação de plantio e formação

Para plantio recomenda-se elevar a saturação de bases entre 70-


80%, com aplicação do calcário em área total e profundidade de até
40cm. Recomenda-se ainda, aplicar por cova as seguintes
quantidades: 20L de esterco bovino curtido, 200g de P2O5 4g de
Zinco e 1g de Boro.
Para o período de formação da planta, recomenda-se aplicar por
cova, aos 30 dias após o transplante (DAT): 10g de N; aos 60 DAT:
15g de N; e aos 90 DAT: 50g de N e 50g de K2O.

Adubação de frutificação

Dividir a aplicação de N e K em três vezes se não houver irrigação,


caso irrigado, dividir em até 12 aplicações. A aplicação do fósforo
pode ser anual, para plantios em sequeiro e em duas parcelas
(início e fim do período chuvoso) para lavouras irrigadas.
É recomendado fazer a aplicação anual de micronutrientes (Boro,
Zinco), desde que realizada preferencialmente no período de
chuvas. Para os produtores que realizam podas, deve-se utilizar da
mesma sugestão de adubação relatada acima.
Micronutrientes

Em solos deficientes, aplicar juntamente com a primeira parcela da


adubação de produção, no início da estação chuvosa, 2 kg ha-1 de
Boro e 4 kg ha-1 de Zinco, ou via foliar, com três pulverizações
(outubro, janeiro e abril), utilizando calda com 300g de sulfato de
zinco, 100g de ácido bórico e 500g de uréia em 100 litros de água.

Podas

A frutificação do maracujazeiro ocorre em ramos novos, por essa


razão a poda se faz necessária, de modo a possibilitar produções
satisfatórias. A poda também é exigida pelo intenso
desenvolvimento da planta, que origina uma densa massa vegetal,
favorável, muitas vezes, ao surgimento de pragas e doenças, além
de provocar o aumento de peso a ser sustentado pela espaldeira.

Poda de formação

Deve-se conduzir a muda em haste única, desbrotando


periodicamente até que ultrapasse o arame de sustentação em 10
cm, com isso escolhe-se duas das brotações laterais para formar os
cordões horizontais, um para cada lado da planta. Depois disso,
quando esta brotação alcançar a metade do espaçamento entre as
plantas deve-se eliminar o broto terminal (despontar) para forçar a
formação dos brotos laterais. Manter todas as brotações surgidas
desses cordões, pendendo livremente na vertical formando a
cortina.

Poda de produção

Deve ser feita quando a cortina estiver com muitos ramos e


adensada. A poda deve ser realizada quando houver disponibilidade
de água no solo para a planta. Os ramos da cortina deverão ser
cortados 40-60cm abaixo do arame, para arejar o ambiente,
reduzindo o ataque de pragas e doenças.
POLINIZAÇÃO

Na Rondônia, as flores do maracujazeiro se abrem por volta das 11


horas e fecham-se após as 18 horas (Mira, 2012). Deste modo, é
importante que não sejam aplicados agrotóxicos neste período.

Polinização natural

O maracujá amarelo apresenta auto-incompatibilidade, ou seja, é


incapaz de produzir sementes quando polinizado com o pólen da
própria planta. O agente polinizador mais eficiente e que apresenta
menor custo é a mamangava (Figura 2A). Portanto, é muito
importante a criação de condições para o aumento da população de
mamangavas, mediante a construção de abrigos, usando
preferencialmente tocos secos de bambu e o plantio de espécies
vegetais que produzam flores atrativas. Se forem usados produtos
químicos no controle de pragas e doenças, estes deverão ser
aplicados pela manhã, para não comprometer os agentes naturais
(mamangavas).
As abelhas melíferas, européias ou africanizadas, são consideradas
pragas do maracujazeiro, pois elas abrem a flor e pegam todo o
pólen (Figura 2B). E geralmente flores visitadas por estas abelhas
não são visitadas pela mamangava.

Polinização artificial

Essa polinização é realizada no período da tarde devido ao horário


de abertura das flores (Figura 2D). Um modo prático de avaliar a
necessidade de polinização artificial ou o aumento da população de
mamangavas é contar o número de flores caídas. Sabe-se que a flor
do maracujá, após seu dia de abertura, fecha e cai, caso não seja
fecundada. Se a queda de flores por planta for acentuada, isso
aponta a necessidade de incremento da polinização.
A polinização artificial é efetuada nos períodos de maior floração e
com três dedos, com os quais se transfere o pólen de uma planta
para outra. No início da atividade recomenda-se “sujar” os dedos
com o pólen da planta da fileira vizinha. Depois se recomenda fazer
a polinização artificial em apenas um dos lados de uma fileira
formada por maracujazeiros. Caso exista a presença de abelhas
africanizadas (abelha Europa), deve-se recolher flores em fase de
pré-antese (Figura 2C). Em local sombreado, deve-se retirar as
anteras e realizara a polinização artificial no horário normal
utilizando o pólen proveniente destas flores.
No caso de se utilizar as cultivares BRS Sol do Cerrado e BRS Ouro
Vermelho, segundo dados da Embrapa, a polinização artificial pode
ser dispensada.
COLHEITA

Geralmente, o maracujazeiro começa a produzir entre o quarto e o


décimo mês após o plantio no campo, conforme a região. Tem-se
uma produtividade média de 20 a 80 t ha-1, variando de acordo
com a região, variedade, tecnologia, condição nutricional da planta,
entre outros fatores.
O maracujá atinge o ponto de colheita, em média, 55 dias após a
abertura da flor, antes de se desprender da planta mãe. Quando é
colhido mais tarde, ao cair no chão, estará com idade de
aproximadamente 75 dias, murchará rapidamente, perdendo peso
e qualidade na polpa. Quanto mais cedo foi colhido, maior a vida
pós-colheita do fruto.
Para o mercado de frutas frescas recomenda-se, com a ajuda de
uma tesourinha, colher os frutos 2 a 3 vezes por semana, quando
ainda estão presos à planta, com um pequeno pedúnculo e
coloração verde-amarelada.
MANEJO DE PLANTAS DANINHAS

A região que se localiza abaixo da copa da planta deve estar sempre


livre de plantas espontâneas, ou mato, pois estas competem pela
água e nutrientes com o maracujazeiro.
Nas entre linhas pode-se manter as plantas espontâneas roçadas,
ou plantar uma cultura companheira. Esta cultura companheira
pode ser utilizada como adubação verde para o maracujazeiro,
utilizando plantas como a mucuna e feijão de porco; ou servir como
sustento da família como o feijão, amendoim, melancia e abóbora.

Deve-se evitar manter o solo sem nenhuma cobertura, pois nesta


situação ele torna-se ressecado e compactado superficialmente,
além de estar mais susceptível a erosão. Por isso não há problemas
em deixar a formação de piso com gramíneas (braquiária), como
pode acontecer naturalmente em muitas áreas de plantio que
anteriormente eram cobertas por pastagens. Nesta situação
recomenda-se roçar periodicamente a área, sempre que o capim
atingir cerda de 50cm de altura.

PRAGAS E DOENÇAS

Toda a utilização de agrotóxicos deve ser recomendada por


um Engenheiro Agrônomo, e as aplicações deve ser
realizadas conforme as suas recomendações técnicas.

Pragas como as abelhas irapuás (abelha preta ou cachorro) são


comuns, deve-se localizar e remover os ninhos, que geralmente
estão em matas próximas ou construções abandonadas. As abelhas
melíferas são uma praga muito temida, pois podem causar perda
total das floradas, porque carregam o pólen das flores antes de sua
abertura, atrapalhando a polinização.
As colméias devem ser retiradas das proximidades do pomar, ou
não se deve plantar pomares quando existirem apiários próximos.
No caso de ocorrência de formigas o controle é necessário,
especialmente cortadeiras e lava-pés. As primeiras causam desfolha
e as segundas, alimentam-se da casca, próximo ao colo das plantas,
favorecendo a entrada de um fungo chamado Fusarium.

Alguns danos ocorridos nos frutos não são doenças, como a


escadaldura (Figura 4), que é uma lesão por excesso de sol, devido a
desfolhas ou mau posicionamento da espaldeira.

As principais pragas e doenças da cultura podem variar conforme


o local, mas para a Zona da Mata podem ser resumidas em:
Quadro 1: Principais pragas da cultura do maracujazeiro
Figura 5. Principais pragas do maracujazeiro e seus danos. A)
Lagartas desfolhadoras; B e C) Percevejos do maracujazeiro; E)
Sintomas de ácaros; F) Ácaros
Figura 6. Principais doenças do maracujazeiro e seus sintomas. A:
Sintomas de fusariose; B: Sintomas de verrugose nos frutos; C:
Sintomas de verrugose nas folhas; D: Sintomas de verrugose nos
ramos; E) Sintomas iniciais de podridão preta; F) Sintomas
avançados de podridão preta.

Obs.: Utilize sempre equipamento de proteção individual –


EPI (macacão impermeável, luvas e botas de borracha, óculos
protetor e mascara com filtros).
BIBLIOGRAFIAS

BRUCKNER, C. R. & PICANÇO, M. C. (Eds.) (2001). Maracujá:


tecnologia de produção, pós-colheita, agroindústria,
mercado. Porto Alegre: Cinco Continentes. 472 p.

Mira, A. B. Determinação do horário efetivo de polinização


manual em maracujazeiro-amarelo em diferentes lâminas de
irrigação. Relatório Parcial de pesquisa - PIBIC. Universidade
Federal de Rondônia, Rolim de Moura. 12p.

Oliveira, J.W. Produção e qualidade comercial de frutos do


maracujazeiro-amarelo submetido a diferentes lâminas de
irrigação nas condições edafoclimáticas da Zona da Mata
Rondoniense. Relatório final de pesquisa - PIBIC. Universidade
Federal de Rondônia, Rolim de Moura. 15p.

Resende, H.F.L. Qualidade físico-química de frutos de


maracujazeiro-amarelo em diferentes lâminas de irrigação
nas condições edafoclimáticas da Zona da Mata Rondoniense.
Relatório final de pesquisa - PIBIC. Universidade Federal de
Rondônia, Rolim de Moura. 17p.
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