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Introdução
O solo é um recurso natural
Fotos:Valdinei Sofiatti
Diante dos fatos citados acima, este que, dos 194 milhões de toneladas de
trabalho tem como objetivos descrever terras férteis erodidas anualmente, 48,5
a importância do manejo e conservação milhões atingem os cursos d’água. Estes
de solo e água, tanto do ponto de vista valores representam a perda de 10 kg de
econômico como ambiental, além de elencar solo para cada quilograma de soja produzido
uma série de práticas conservacionistas que ou 12 kg para cada quilograma de algodão.
podem ser utilizadas pelo produtor rural, Schmidt (1989) ressalta que as perdas no
visando à minimização do processo erosivo Estado do Rio Grande do Sul chegaram a
e à conservação dos recursos naturais 40 t ha-1 ano-1.
solo e água, evitando a degradação dos
Hernani (2003) estima, para o Brasil,
nossos solos e corpos d’água, viabilizando a
prejuízos diretamente associados à erosão
sustentabilidade da agricultura.
nas propriedades rurais, decorrentes dos
menores rendimentos e maiores custos da
Prejuízos Decorrentes da produção, da ordem de US$ 2,9 bilhões.
Erosão Hídrica Os custos gerados pela erosão fora da
propriedade são estimados em US$ 1,3
Os prejuízos sociais e ambientais bilhão, totalizando prejuízos anuais de US$
decorrentes da erosão são elevados. Como 4,2 bilhões.
exemplo, podemos citar que a erosão
reduz a capacidade produtiva dos solos, Além das perdas de solo, existe ainda
e consequentemente causa o aumento outro problema, o qual está associado
nos custos de produção, diminuindo, com à manutenção da água precipitada na
isso, o lucro dos produtores. Pode ainda propriedade. Grande parte desta água escoa
diminuir a área de exploração agrícola, bem sobre a superfície do solo, fazendo com
como interferir na qualidade das vias de que haja redução do volume de água que
deslocamento, impossibilitando, em alguns atinge o lençol freático. De Maria (1999)
casos, o acesso de moradores de áreas estimou as perdas de água em áreas com
rurais à educação e saúde. cultivos agrícolas em 2.519 m3 ha-1 ano-1 e,
para áreas sob pastagens, equivalente a um
De acordo com Yu et al. (1998), cerca décimo deste, correspondendo a uma perda
de 2 bilhões de hectares, o que equivale em torno de 171 bilhões de metros cúbicos
a aproximadamente 13% da superfície de água por ano nas áreas ocupadas por
terrestre, têm sofrido algum tipo de estes tipos de usos. Esta perda de água
degradação induzida pelo homem. A erosão reduz o volume de água disponível para as
é um dos principais fatores causadores da plantas, bem como aquele utilizado para
degradação e deterioração da qualidade abastecimento dos rios e poços.
ambiental, sendo esta acelerada pelo uso e
manejo inadequados do solo. Adicionalmente às perdas de solo e água
são também perdidos nutrientes, material
Segundo a Federação das Associações dos orgânico e defensivos agrícolas. Hernani
Engenheiros Agrônomos do Brasil, no País et al. (2002) e Bragagnolo e Pan (2000)
são perdidas, a cada ano, 600 milhões de estimaram as perdas de nutrientes e
toneladas de solo agrícola por causa da matéria orgânica em virtude da erosão do
erosão (BAHIA et al., 1992). Em 1994 as solo em: cálcio ‑ 2,5 milhões de toneladas;
perdas de solo em áreas intensivamente magnésio ‑ 186 mil toneladas; fósforo
mecanizadas no Estado do Paraná foram ‑ 142 mil toneladas; potássio ‑ 1,45
estimadas em 15 t ha-1 ano-1 a 20 t ha-1 ano-1 milhão de tonelada; e matéria orgânica
(PARANÁ, 1994). Para o Estado de São – 26 milhões de toneladas. Os valores
Paulo, Bertolini et al. (1993) mencionam econômicos diretos advindos destas perdas
Práticas de Conservação de Solo e Água 3
Plantas de cobertura
Florestamento e reflorestamento A utilização de plantas de cobertura,
Solos com baixa fertilidade e alta principalmente nas entrelinhas das
susceptibilidade à erosão devem ser plantações, mantém o solo coberto durante
ocupados com vegetação densa e o período chuvoso, a fim de reduzir os
permanente, como é o caso das florestas. efeitos da erosão e melhorar as condições
Práticas de Conservação de Solo e Água 7
Figura 2. Locação de curvas de nível com trapézio (A) e com esquadro (B).
Fonte: Macedo et al. (2009).
Locação com nível de precisão ou teodolito: sentido perpendicular ao declive, até que
é o processo que fornece maior precisão. o fio médio da luneta do aparelho coincida
Calculada a declividade por meio de com a marca feita na baliza (Figura 4).
nivelamento simples ou composto, tomada
Dessa forma, marcam-se com piquetes
das distâncias horizontais, e obtido o
quantos pontos sejam alcançados pela
espaçamento entre as niveladas, o trabalho
tem início a partir da parte superior da luneta, sendo que no último ponto o
Práticas de Conservação de Solo e Água 9
Foto:Valdinei Sofiatti
Foto: Adalberto Francisco Cordeiro Júnior
A B
Figura 13. Terraço de base estreita (A) e de base larga (B) para contenção de enxurradas.
Declividade (%) < 15% de argila 15% a 35% de argila >35% de argila
metros
E.H E.V. E.H E.V. E.H E.V.
1 73 0,73 76 0,76 81 0,81
2 43 0,85 46 0,92 51 1,02
3 33 0,98 36 1,07 41 1,22
4 28 1,10 31 1,22 36 1,42
5 24 1,22 27 1,37 33 1,63
6 22 1,34 26 1,53 31 1,83
7 21 1,46 24 1,68 29 2,03
8 20 1,59 23 1,83 28 2,24
9 19 1,71 22 1,98 27 2,44
10 18 1,83 21 2,14 26 2,64
E.H. (espaçamento horizontal) = (EV x 100)/D%; EV (espaçamento vertical) = [2 + (D%/X)] 0,305, onde D = declivi-
dade do terreno em (%); X = coeficiente que varia de acordo com a natureza do solo: 1,5 (argiloso), 2,0 (textura média),
2,5 (arenoso). Fonte: Adaptado de Resck (1981).
Uma vez construído o terraço, o agricultor • Plantar faixas de retenção acima dos
que faz o plantio mecanizado poderá canais dos terraços.
passar uma grade niveladora no camalhão
• Usar arado reversível, que movimenta o
conforme é demonstrado na Figura 17.
solo no sentido morro acima.
LOMBARDI NETO, F.; BELLINAZI JUNIOR, RAIJ, B. Van; LOMBARDI NETO, F.;
R.; LERPSCH, I. F. Terraceamento Agrícola. SARTINI, H. J.; KHUN NETO, J.; MOURA,
Campinas, SP: Secretaria de Agricultura J. C. de; DRUGOWICH, M. I.; CORSI, M.;
e Abastecimento do Estado de São Paulo, CASTRO, O. M. de; BERTON, R. S. Manual
Coordenadoria de Assistência Técnica técnico de manejo e conservação de solo
Integral, 1994. 39 p. (CATI. Boletim e água. Campinas, SP: Coordenadoria de
Técnico, 206). Assistência Técnica Integral, 1993, v. 3.
102 p. (Manual Técnico, 40)
LOMBARDI NETO, F.; BERTONI, J.
Tolerância de perdas de terras para solos do RESCK, D. V. S. Parâmetros
Estado de São Paulo. Campinas: Instituto conservacionistas dos solos sob vegetação
Agronômico, 1975. 12 p. (Boletim Técnico, de Cerrados. Planaltina: EMBRAPA-CPAC,
28). 1981. 32 p. (EMBRAPA-CPAC. Circular
Técnica, 6).
MACEDO, J. R.; CAPECHE, C. L.; MELO,
A. S. Recomendações de manejo e SCHMIDT, A. V. Terraceamento na
conservação de solo e água. Niterói, RJ: região Sul. In: SIMPÓSIO SOBRE
Práticas de Conservação de Solo e Água 21
CGPE 9952