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Plano de Disciplina

Período: Semestral Tema: Resistência dos Materiais

Professor: Flávio Lúcio Santos de Carvalho

Objetivos: ->Geral: Proporcionar aos alunos sobre Materiais (Resistência e Utilização).

->Específico: Identificar quais são os materiais utilizados e sua resistência.

Desenvolvimento - Ementa: Fundamentos da análise estrutural. Estudo das tensões e deformações


sofridas pelos elementos estruturais. Análise de vigas isostáticas submetidas a flexão, acompanhada da
análise das tensões normais que venham a surgir nas seções dessas vigas. Estudo do estado plano de
tensões.

Recursos instrucionais: Data Show, Quadro e Pinceis Técnica instrucional: Expositiva

Avaliação: Testes, Provas e Trabalhos


Referências Bibliográficas:
 GERE, J.M. (2003). “Mecânica Dos Materiais”, 5a. Ed., Pioneira Thomson Learning Ltda., São Paulo,
Brasil.
2. NASH, W. Resistência Dos Materiais. Editora Mc Graw Hill Brasil, 3.ª Edição, 1990, São Paulo.
3. RILEY, STURGES E MORRIES. Mecânica Dos Materiais. Editora Ltc, 5.ª Edição, 2003.
4. BEER, F.P. E JOHNSTON, JR., E.R. Resistência Dos Materiais, 3.º ED., Makron Books, 1995.
5. HIBBELER, R.C. Resistência Dos Materiais, 3.º ED., Editora Livros Técnicos E Científicos, 2000.
6. TIMOSHENKO, S.P. Resistência Dos Materiais, Ed. Livros Técnicos E Científicos, 1982.
RESISTÊNCIA DOS
MATERIAIS
Capítulo I
Introdução
Definição
 O que é a Resistência dos Materiais?

A resistência dos materiais é um assunto bastante antigo. Os cientistas


da antiga Grécia já tinham o conhecimento do fundamento da estática,
porém poucos sabiam do problema de deformações.

O desenvolvimento da resistência dos materiais seguiu-se ao


desenvolvimento das leis da estática. Galileu (1564-1642) foi o
primeiro a tentar uma explicação para o comportamento de algumas
vigas submetidas a carregamentos e suas propriedades e aplicou este
estudo, na época, para os materiais utilizados nas vigas dos cascos de
navios para marinha italiana.

Podemos definir que a ESTÁTICA (parte da Física que estuda


sistemas sob a ação de forças que se equilibram) considera os efeitos
externos das forças que atuam num corpo e a RESISTÊNCIA DOS
MATERIAIS, por sua vez, fornece uma explicação mais satisfatória, do
comportamento dos sólidos submetidos à esforços externos,
considerando o efeito interno.
Na construção mecânica, as peças componentes de uma
determinada estrutura devem ter dimensões e proporções
adequadas para suportarem esforços impostos sobre elas.
Exemplos:
Classes de solicitações
 Quando um sistema de forças atua sobre um corpo, o efeito
produzido é diferente segundo a direção e sentido e ponto de
aplicação destas forças. Os efeitos provocados em um corpo podem
ser classificados em esforços normais ou axiais, que atuam no
sentido do eixo de um corpo, e em esforços transversais, atuam na
direção perpendicular ao eixo de um corpo. Entre os esforços axiais
temos a tração e a compressão, e entre os transversais, o
cisalhamento, a flexão e a torção.

 Quando as forças agem para fora do corpo, tendendo a alongá-lo no


sentido da sua linha de aplicação, a solicitação é chamada de
TRAÇÃO; se as forças agem para dentro, tendendo a encurtá-lo no
sentido da carga aplicada, a solicitação é chamada de
COMPRESSÃO.
Revisão de estática
 Forças
O conceito de força é introduzido na mecânica em geral. As forças
mais conhecidas são os pesos, que tem sempre sentido vertical
para baixo, como por exemplo, o peso próprio de uma viga, ou o
peso de uma laje sobre esta mesma viga.

As forças podem ser classificadas em concentradas e distribuídas.


Na realidade todas as forças encontradas são distribuídas, ou seja,
forças que atuam ao longo de um trecho, como os exemplos citados
anteriormente e ainda em barragens, comportas, tanques, hélices,
etc. Quando um carregamento distribuído atua numa região de área
desprezível, é chamado de força concentrada. A força concentrada,
tratada como um vetor, é uma idealização, que em inúmeros casos
nos traz resultados com precisão satisfatória. No estudo de tipos de
carregamentos, mais a diante, retornaremos a este assunto.
 No sistema internacional (SI) as forças concentradas são expressas
em Newton [N]. As forças distribuídas ao longo de um comprimento
são expressas com as unidades de força pelo comprimento [N/m],
[N/cm], [N/mm],etc.
A força é uma grandeza vetorial que necessita para sua definição,
além da intensidade, da direção, do sentido e também da indicação
do ponto de aplicação.
Duas ou mais forças constituem um sistema de forças, sendo que
cada uma delas é chamada de componente. Todo sistema de forças
pode ser substituído por uma única força chamada resultante, que
produz o mesmo efeito das componentes.
Quando as forças agem numa mesma linha de ação são chamadas
de coincidentes. A resultante destas forças terá a mesma linha de
ação das componentes, com intensidade e sentido igual a soma
algébrica das componentes.

 Exemplos:
Exercício
Equilíbrio estático e análise das estruturas
Condições de Equilíbrio:
 (1) a soma vetorial das forças que atuam sobre o corpo deve ser zero.
 (2) a resultante dos torques de todas as forças que atuam sobre um
corpo, calculadas em relação a um eixo (qualquer), deve ser zero.

 Torque ou momento de força: é o produto de uma força F pela


distância l a um ponto do eixo:

T = F·l

O torque mede a tendência da força F de provocar uma rotação em


torno de um eixo. A segunda condição de equilíbrio corresponde à
ausência de qualquer tendência à rotação.
Unidades: Torque: 1 N·m
Exercício
Um sinaleiro de 125 N de peso está pendurado por um cabo preso a
outros dois cabos como indicado na figura. Encontre a tensão dos
três cabos

Solução: T1 = 75.2 N, T2 = 99.8 N e T3 = 125 N


Uma lanterna, de massa 10 kg, está presa por um sistema de
suspensão constituído por uma corrente e uma haste, apoiadas na
parede. A inclinação entre a corrente e a haste horizontal é de
45o.Considerando a lanterna em equilíbrio, determine a força que a
corrente e a haste suportam.
Exercício

Equilíbrio Estático
Uma prancha de comprimento L = 3m e
massa M = 2 kg está apoiada nas
plataformas de duas balanças como mostra
a figura.
Um corpo de massa m = 6 kg está sobre a
prancha à distância x1 = 2.5 m da
extremidade esquerda e à distância x2 da
extremidade direita. Determine as leituras
F1 e F2 das balanças
Solução: F1 = 19.6 N, F2 = 58.9 N
Alavancas
 Alavancas: uma barra é colocada sobre um apoio, chamado fulcro
ou ponto de apoio de forma que a distância entre o fulcro e uma das
extremidades da barra seja maior que a distância entre o fulcro e a
outra extremidade. O fulcro funciona como eixo de rotação da barra.

 O peso da carga produz um torque em um sentido que deve ser


vencido por um torque no sentido oposto, produzido por uma força
aplicada à extremidade mais longa. Como o braço de alavanca é
maior, é possível levantar a carga exercendo uma força menor do
que o peso da carga

ensaio de alavanca
https://www.youtube.com/watch?v=rGy1kWiTAMQ
https://www.youtube.com/watch?v=1LmyzxqihPQ
Alavancas
A alavanca consiste numa barra rígida que pode girar ao redor de
um ponto de apoio.
Tipos de Alavancas
 Alavanca interfixa (1a classe) : o ponto de apoio (A) fica entre o
peso (R) e o esforço aplicado (P). Exemplos: as tesouras, a barra
para o levantamento de pesos e o alicate.
Alavancas
Alavanca inter-resistente (2ª classe): o ponto de apoio (A) fica em
uma extremidade. O esforço é aplicado na outra.
Exemplos: o carrinho de mão e o quebra-nozes.
Alavancas
 Alavanca inter-potente (3ª classe): o esforço (P) é aplicado entre o
peso (R) e o ponto de apoio (A). Exemplos: as pinças e o antebraço
humano.

LEI DA ALAVANCA

Lei da alavanca: igualdade dos torques: P•a = R•b


onde P e R representam as forças e, a e b as distâncias.
Exercícios
1) Duas crianças, cujos pesos estão indicados em Newton, se
equilibram em um balanço. Determine o valor da força vertical n e a
posição x da segunda criança
2) Móbile: de 4 ornamentos e 3 varas.
As distâncias (em cm) estão indicados na figura, e a massa de um
dos ornamentos é conhecida. Determine as massas dos
ornamentos A, B e C de modo que o móbile fique em equilíbrio.
3) Classifique o tipo de alavanca e calcule a força necessária para mantê-
las em equilíbrio:
O Centro de Gravidade
 A figura mostra um corpo dividido em diversas partes. O peso de
cada parte é wi e o peso total do corpo é W = Σ wi Podemos
imaginar este peso total concentrado num único ponto, de modo
que se o corpo fosse apoiado no ponto estaria em equilíbrio
estático. Este ponto, pelo qual passa a resultante das forças
exercidas pela gravidade sobre todas as partículas do corpo é o
centro de gravidade ou baricentro.
 Em um sólido regular e homogêneo, o baricentro coincide com o centro
geométrico do objeto.

Um corpo está em equilíbrio estável quando, forçado a deslocar-se de sua


posição, retorna naturalmente a ela. Esse tipo de equilíbrio ocorrerá enquanto
a vertical que passa por seu baricentro cair dentro da superfície de apoio
desse corpo. Quanto menor for essa superfície (caso do corpo humano, em
que a planta dos pés é pequena em relação à altura), maior o esforço
necessário para mantê-lo em equilíbrio.
1) Torre de Pisa
A torre inclinada de Pisa tem 55 m de altura e 7 m de diâmetro. O topo
da torre está deslocado de 4.5 m da vertical. A taxa de movimento do
topo, em 1992, era de 1 mm/ano. Considere a torre como um cilindro
uniforme. O centro de gravidade estará no centro do cilindro. Determine
o ângulo com a vertical que a torre fará no momento em que estiver na
eminência de cair.
Tensão
Tensão normal e tensão transversal
 Seja o exemplo de uma barra de seção transversal A submetida a
uma força de tração F. É evidente que uma outra barra de seção
transversal maior (por exemplo, 2 A), submetida à mesma força F,
trabalha em condições menos severas do que a primeira. Isso
sugere a necessidade de definição de uma grandeza que tenha
relação com força e área, de forma que os esforços possam ser
comparados e caracterizados para os mais diversos materiais.
 Essa grandeza é a tensão.
 Tensão é a grandeza física definida pela força atuante em uma superfície e a
área dessa superfície. Ou seja,

tensão = força / área >>> σ = F / A

Por essa definição, a unidade de tensão tem dimensão de pressão mecânica


e, no Sistema Internacional, a unidade básica é a mesma da pressão: pascal
(Pa) ou Newton por metro quadrado (N/m2).

A Figura 01 (a) representa uma barra tracionada por uma força F. A parte (b)
da figura mostra um seccionamento transversal hipotético. Então, a tensão σ,
normal ao corte, é dada por:

σ=F/A

Onde A é a área da seção transversal da barra.

Obs: é suposto que as tensões estão uniformemente distribuídas ao longo da


seção. Em vários casos, isso não pode ser considerado verdadeiro e o
resultado da fórmula acima é um valor médio.
A Figura (a) representa uma barra
tracionada por uma força F.
A parte (b) da figura mostra um
seccionamento transversal
hipotético. Então, a tensão σ,
normal ao corte, é dada por:

σ=F/A

Onde A é a área da seção


transversal da barra.

Obs: é suposto que as tensões estão


uniformemente distribuídas ao
longo da seção. Em vários casos,
isso não pode ser considerado
verdadeiro e o resultado da fórmula
acima é um valor médio.
Tensão Normal
 A carga normal F, que atua na peça, origina nesta, uma tensão
normal “σ” (sigma), que é determinada através da relação entre a
intensidade da carga aplicada “F”, e a área de seção transversal da
peça “A”.

σ [N/m2]
F [N]
A [m2]

No Sistema Internacional, a força é expressa em Newtons (N), a


área em metros quadrados (m2). A tensão (σ) será expressa, então,
em N/m2, unidade que é denominada Pascal (Pa).
 Na prática, o Pascal torna-se uma medida muito pequena para tensão,
então usa-se múltiplos desta unidade, que são o Kilopascal (kPa),
Megapascal (MPa) e o Gigapascal (Gpa).

 Exercício
1) Uma barra de seção circular com 50 mm de diâmetro, é tracionada
por uma carga normal de 36 kN. Determine a tensão normal
atuante na barra.
a) Força normal: F = 36kN = 36000N
b) Área de secção circular:
 c) Tensão normal:
Diagrama Tensão x Deformação
 Na disciplina de Resistência dos Materiais é necessário conhecer o
comportamento dos materiais quando submetidos a carregamentos. Para
obtermos estas informações, é feito um ensaio mecânico numa amostra do
material chamada de corpo de prova. Neste ensaio, são medidas a área de
seção transversal “A” do CP e a distância “L0” entre dois pontos marcados
neste.

No ensaio de tração, o CP é submetido a um carga normal “F”. A medida que


este carregamento aumenta, pode ser observado um aumento na distância
entre os pontos marcados e uma redução na área de seção transversal, até a
ruptura do material. A partir da medição da variação destas grandezas, feita
pela máquina de ensaio, é obtido o diagrama de tensão x deformação.
 Entre os diagramas σ x ε de vários grupos de materiais é possível, no entanto,
distinguir algumas características comuns; elas nos levam a dividir os materiais
em duas importantes categorias, que são os materiais dúcteis e os materiais
frágeis.

 Os materiais dúcteis, como o aço, cobre, alumínio e outros, são caracterizados


por apresentarem escoamento a temperaturas normais. O corpo de prova é
submetido a carregamento crescente, e com isso seu comprimento aumenta,
de início lenta e proporcionalmente ao carregamento.

 Desse modo, a parte inicial do diagrama é uma linha reta com grande
coeficiente angular. Entretanto, quando é atingido um valor crítico de tensão
σE, o corpo de prova sofre uma grande deformação com pouco aumento da
carga aplicada. A deformação longitudinal de uma material é definida como:
 Quando o carregamento atinge um certo valor máximo, o diâmetro do CP
começa a diminuir, devido a perda de resistência local. A esse fenômeno é
dado o nome de estricção.

 Após ter começado a estricção, um carregamento mais baixo é o suficiente


para a deformação do corpo de prova, até a sua ruptura. A tensão σE
correspondente ao início do escoamento é chamada de tensão de escoamento
do material; a tensão σR correspondente a carga máxima aplicada ao material
é conhecida como tensão limite de resistência e a tensão σr correspondente
ao ponto de ruptura é chamada tensão de ruptura.
Lei de Hooke

 A tensão σ é diretamente proporcional à deformação ε e podemos


escrever:

 Essa relação é conhecida como Lei de Hooke, e se deve ao


matemático inglês Robert Hooke (1635-1703). O coeficiente E é
chamado módulo de elasticidade ou módulo de Young (cientista
inglês, 1773-1829), que é determinado pela força de atração entre
átomos dos materiais, isto é, quanto maior a atração entre átomos,
maior o seu módulo de elasticidade. Exemplos: Eaço = 210 GPa;
Ealumínio = 70 GPa.
 Como sabemos que:
 Podemos escrever a seguinte relação para o alongamento (Δl):

 O alongamento será positivo (+), quando a carga aplicada tracionar a


peça, e será negativo (-) quando a carga aplicada comprimir a peça.
Exercício
 Uma barra de alumínio de possui uma secção transversal quadrada
com 60 mm de lado, o seu comprimento é de 0,8m. A carga axial
aplicada na barra é de 30 kN. Determine o seu alongamento. Eal =
70x103 MPa.

a) Força normal:
F = 30kN = 30000 N

b) Comprimento inicial da barra:


l = 0,8m = 800mm

c) Área de secção quadrada:


A = a2 = 602 = 3600mm2
 A peça de aço abaixo foi submetida ao ensaio de compressão e sofreu
rupturas com a carga de 32 t. Calcular a tensão de ruptura e a
compressão do material, sendo Eaço = 210 GPa;
Tração e Compressão
 Podemos afirmar que uma peça está submetida a esforços de tração ou
compressão, quando uma carga normal (tem a direção do eixo da peça) F,
atuar sobre a área de secção transversal da peça.
 Quando a carga atuar no sentido dirigido para o exterior da peça, a peça está
tracionada. Quando o sentido da carga estiver dirigido para o interior da
peça, a barra estará comprimida.

ensaio de tração de materiais:

https://www.youtube.com/watch?v=CMdKW09HWzs (aço carbono)

https://www.youtube.com/watch?v=4bokS5qZN1w (aço inox 304)

https://www.youtube.com/watch?v=E66Q4y2B5UM (plásticos)

ensaio de compressão de materiais:

https://www.youtube.com/watch?v=54cBnTHYIG8 (geral)

https://www.youtube.com/watch?v=QOyCOp-ex9k (aço)

https://www.youtube.com/watch?v=y5dx9zQFu3Q (concreto)
 Concentração de Tensões de Tração
Todo componente estrutural que apresente descontinuidades como furos ou
variação brusca de seção, quando solicitados, desenvolvem tensões maiores
na região de descontinuidade do que a tensão média ao longo da peça.

a) Distribuição de tensão de tração uniforme numa barra de seção constante;


b) Distribuição de tensões de tração próximas a um furo circular.
 No dimensionamento de componentes com estas características, a
tensão máxima (σmáx) deve ser considerada de forma que não
ultrapasse o limite de resistência do material (σE ou σR).
A relação entre a tensão máxima (σmáx) e a tensão média (σmed) é
definida por:

 Onde Kt é chamado “fator de forma” ou “coeficiente de concentração


de tensão”. Para cada caso particular de descontinuidade geométrica,
os valores de Kt são diferentes e podem ser encontrados através da
análise do gráfico Kt x d/w.
Exemplo
Exercícios
 1) Calcular a tensão máxima produzida no entalhe representado pelo
furo de diâmetro d = 35 mm, sendo a carga de tração P = 20 kN.
2) Calcular a tensão máxima produzida no entalhe representado
pela figura abaixo, que é submetida a uma carga de tração de 120
KN. As dimensões são:
Raio de arredondamento = 5 mm.

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