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ESCOLA PREPARATÓRIA DE CADETES DO AR

DIVISÃO DE ENSINO
NACN – Núcleo de Aprofundamento em Ciências da Natureza
Aprofundamento em Física

EQUILÍBRIO DOS CORPOS EXTENSOS

Professor: Antônio Ribeiro de Rezende Neto

Barbacena, 14 de julho de 2023.


EQUILÍBRIO DOS CORPOS EXTENSOS
1- Introdução
Um dos pressupostos básicos da Estática é que os corpos estudados não sofrem deformação.
Os outros dois pressupostos vêm da Dinâmica: primeiro, que um corpo está em equilíbrio, em
movimento constante ou em repouso quando a força resultante externa que atua sobre ele é nula; e,
segundo, que não ocorre a ação de forças externas que possam provocar sua rotação. A Estática
divide-se em duas partes: a estática do ponto material e a estática do corpo extenso.
Tratar um corpo como um ponto material equivale a admitir que, na situação em que está
sendo estudado, só interessa considerar a possibilidade de ele adquirir algum movimento de
translação, já que não se pode caracterizar o movimento de rotação de um corpo puntiforme. Por isso,
dizemos que o equilíbrio de um ponto material é de translação.
O corpo extenso, por sua vez, pode apresentar tanto o movimento de translação como o de
rotação. Por esse motivo, o estudo do equilíbrio do corpo extenso requer duas análises: uma referente
à translação e outra referente à rotação.
Para compreender como corpos extensos se mantêm em equilíbrio, usa-se os conceitos de
momento de uma força e de centro de gravidade. Esses conceitos são aplicados em diversas áreas,
como na engenharia (em edificações) e nas artes (em acrobacias de equilibristas circenses, na
construção de móbiles etc.).

Figura 1.1: Vista da estrutura da ponte Hercílio Luz, um ponto turístico clássico em Florianópolis-SC.

2- Estática do ponto material (partícula)


De início, vamos relembrar que um ponto material ou partícula é um corpo cujas dimensões
são desprezíveis em relação à situação colocada. Por exemplo, um avião realizando um trajeto
transcontinental é tomado como um ponto material; pousado na pista, em relação a ela, o mesmo
avião está longe de ser considerado uma partícula.
Equilíbrio é o nome dado ao estado de uma partícula qualquer em que a força resultante
sobre ela é nula (F⃗ R = ⃗0). A força resultante é o resultado da soma de todas as forças que atuam
sobre um determinado corpo. Quando essa soma vetorial é igual ao vetor nulo diz-se que o ponto
material se encontra em estado de equilíbrio, que pode ser classificado em:
2
 Equilíbrio estático: quando o corpo em equilíbrio está em repouso;
 Equilíbrio dinâmico: quando o corpo está em movimento uniforme, ou seja, com velocidade
constante.

Figura 2.1: Classificação dos tipos de equilíbrio de uma partícula.

A única condição de equilíbrio do ponto material é que ⃗FR = ⃗0.


A figura 2.2 a seguir representa uma partícula em equilíbrio e as forças atuantes.
Em 2.2 (a), a partícula está sob a ação exclusiva de três forças coplanares.
Em 2.2 (b), as três forças são somadas pela regra do polígono, obtendo-se uma linha poligonal
fechada, razão pela qual a força resultante é nula e a partícula encontra-se em equilíbrio.
Em 2.2 (c), analisa-se a força resultante por meio da decomposição das forças segundo duas
retas perpendiculares x e y: ⃗F3x equilibra ⃗F1 e ⃗F3y equilibra ⃗F2 .

Figura 2.2: Sistema de forças atuando sobre uma partícula.

Os arcos são elementos estruturais muito presentes nas construções desde a antiguidade. As
civilizações antigas do Egito, da Babilônia, da Grécia e da Assíria já utilizavam arcos, mas foram os
Romanos que passaram a utilizá-los em larga escala.
Na Roma Antiga (figura 2.3), os arcos eram construídos com blocos de pedra simplesmente
justapostos, sem nenhum material que ligasse um bloco a outro. Isso era possível porque cada bloco
é equilibrado pelas forças que recebe dos blocos adjacentes. Ao se considerar a não solicitação de
atrito, as forças que cada bloco recebe são normais de compressão:

Figura 2.3: Os belos arcos nas construções da Roma Antiga (sem cimento).

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Observe que a soma de ⃗Fn1com ⃗Fn 2, obtida pela regra do paralelogramo, equilibra o peso ⃗P
(conforme ilustrado na figura 2.4).

⃗ n com F
Figura 2.4: A resultante das forças normais de compressão F ⃗ n equilibra o peso ⃗P do bloco.
1 2

3- Exercícios propostos 1

3.1- Uma das modalidades de ginástica olímpica é a das argolas. Nessa modalidade, os músculos mais
solicitados são os dos braços, que suportam as cargas horizontais, e os da região dorsal, que suportam
os esforços verticais. Considerando um atleta cuja massa é de 60 kg e sendo os comprimentos
indicados na figura H = 3,0 m, L = 1,5 m e d = 0,5 m, responda (g = 10 m/s2):

a) Qual a tensão em cada corda quando o atleta se encontra pendurado no início do exercício com os
braços na vertical?
b) Quando o atleta abre os braços na horizontal, qual a componente horizontal da tensão em cada
corda?

3.2- Os antigos romanos foram os primeiros a usar extensivamente o arco arquitetônico em suas
construções. A propriedade mais notável do arco é que as pedras que o compõem permanecem em
equilíbrio devido somente às forças mútuas de contato, sem necessidade de argamassa para cimentá-
las umas às outras.
Considere que o arco representado na figura abaixo está, desse modo, em equilíbrio e que cada uma
de suas pedras pesa 150 N. Determine a direção e o sentido da resultante das forças que as pedras
laterais D e E exercem sobre a pedra central C e calcule seu módulo.

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3.3- Na figura a seguir, (1) e (2) são duas rampas planas perfeitamente lisas que se interceptam em
uma reta horizontal, que passa por A e é perpendicular ao plano do papel. Nas rampas, apoia-se um
prisma reto, hexagonal, regular e homogêneo, cujo peso ⃗P tem intensidade de 100 N.

Sabendo que sen = 0,6 e cos = 0,8, determine as intensidades das forças aplicadas pelo prisma
sobre as rampas.

3.4- Uma corda AB tem a sua extremidade A fixa, enquanto a outra B está ligada ao bloco M em
forma de paralelepípedo de peso 120 N. Esse bloco repousa sobre um plano horizontal. O coeficiente
de atrito entre o plano e o bloco é 0,30. Em um ponto C da corda é dependurado um peso Q tal que o
ângulo formado pelo trecho AC com a horizonta seja 60°; o trecho CB é horizontal.
(Adotar g = 10 m/s2.)

a) Qual a força de atrito exercida pelo plano sobre o bloco quando ele estiver na iminência de
movimento?
b) Qual o peso máximo que se pode pendurar em C?

3.5- Na figura a seguir, representamos o maxilar inferior de uma pessoa. Na tentativa de colocar o
primeiro molar na posição correta, podemos ligá-lo aos dentes incisivo e terceiro molar por meio de
dois elásticos (A e B) cujas constantes elásticas são k = 2√2 N/m. O elástico A é fixo e produz uma
força elástica de intensidade constante igual a √3.10-2 N. Um parafuso P é preso ao elástico B, de tal
forma que, ao girá-lo, o elástico estica 1 mm a cada volta completa. Quantas voltas devemos dar no
parafuso para que o dente seja puxado somente na direção x, sabendo que o elástico B estava
inicialmente não deformado?

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4- Momento escalar de uma força em relação a um eixo

O momento de uma força ⃗F (também chamado de torque), aplicada num ponto P, é a grandeza
que indica a sua capacidade de fazer um corpo girar (esse é o seu efeito) em torno do ponto O
(chamado polo) escolhido, conforme ilustrado na figura 4.1.

⃗ aplicada em um ponto P e um ponto de referência O (polo), escolhido


Figura 4.1: A figura mostra uma força F
arbitrariamente.

O módulo do torque é calculado pelo produto da intensidade F da força pela distância b do


ponto O à linha de ação da força.
MF⃗ = F.b

Observe que a distância b, também chamada braço da força, é sempre medida


perpendicularmente à reta suporte de F⃗.
A finalidade do sinal algébrico (+ ou -) é distinguir os momentos que correspondem a uma
tendência de rotação no sentido horário daqueles que correspondem a uma tendência de rotação no
sentido anti-horário. Em cada problema, deve–se convencionar o sinal que será atribuído ao
momento. Pode-se considerar positivo, por exemplo, o momento de uma força capaz de produzir
rotação no sentido horário e negativo o momento de uma força capaz de produzir rotação no sentido
anti-horário.
Observe que o momento será nulo em relação a O quando esse ponto pertencer à linha de ação
da força, situação em que o braço é nulo, conforme ilustrado na figura 4.2.

⃗ 1e F
Figura 4.2: Os momentos das forças F ⃗ 2 são nulos em relação ao polo O.

As unidades de medida de momento são obtidas pelo produto de uma unidade de força por
uma unidade de comprimento:
unidade (M) = unidade (F) . unidade (b)
Assim, a unidade de medida de momento, no SI, é o newton . metro (N.m), que não deve ser
chamada de joule, reservando-se essa denominação para a unidade de trabalho e energia, que são
grandezas físicas diferentes do momento de uma força.

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Agora, observe a figura 4.3. Nela está representada um corpo de comprimento ℓ, que é a
distância entre o ponto (O) de giro e o local onde uma força ⃗F é aplicada.

Figura 4.3: O braço b da força em relação ao eixo O de rotação do parafuso não é igual ao comprimento ℓ da
chave. O módulo do torque é calculado como sendo F.ℓ.sen.

Como a força ⃗F não é perpendicular à barra, o braço b é diferente do comprimento ℓ. Assim, uma
força alternativa de calcular o torque é substituir b por ℓsen. Assim,

MF⃗ = F.ℓ.sen

Outra maneira para calcular o momento da força ⃗F, indicada na figura 4.3, seria decompor a
força ⃗F pelas suas componentes representadas na figura 4.4.

Figura 4.4: Componentes da força ⃗F para o cálculo do momento, em relação ao ponto O.

Observe que só a componente ⃗Fy produzirá momento em relação a O, uma vez que o ponto O
pertence à linha de ação da componente ⃗Fx. Por isso, o braço de ⃗Fx em relação a O é igual a zero,
ocorrendo o mesmo com o seu momento. Note também que o braço de ⃗Fy em relação a O é igual a ℓ.
Assim, o módulo do momento de ⃗Fy é dado por:
MF⃗ = MF⃗ = Fy .ℓ
y
Como Fy = F.sen, a equação anterior pode ser reescrita como:
𝐌𝐅 = F.ℓ.sen

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Resumindo: Momento de uma força (torque) é uma grandeza capaz de medir a eficiência de
uma força em produzir rotação em um corpo.

Exemplificando:
 Maçaneta de portas: esses objetos ficam o mais distante possível da dobradiça para aumentar a
eficiência da força em fazer a porta rotar. Esta eficiência é tanto maior quanto maiores for a
intensidade da força e a distância entre o local onde ela é aplicada e o eixo de rotação (eixo das
dobradiças).

Figura 4.5: A maçaneta é colocada o mais distante possível da braçadeira da porta, para que possamos abri-la com o
mínimo de esforço.

 Chaves: as chaves de fenda, de boca e afins são multiplicadores de torque. Quanto maior for o
cabo, menor será a força necessária para realizar o serviço.

Figura 4.6: Acoplando um cano de ferro à chave, de modo a aumentar a distância do local onde aplica a força até o eixo
de rotação do parafuso, o mecânico consegue retirar o parafuso com mais facilidade.

 Marchas da bicicleta: quanto menor for a coroa ligada ao pedal, maior será o torque produzido.
Assim, maior será a força transmitida para as rodas.

Figura 4.7: O sistema de transmissão da bike funciona com uma pedivela (que é uma manivela de pé), presa a uma
engrenagem (coroa), que movimenta através da corrente, outra engrenagem.gem presa a roda.
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Uma bicicleta equipada com um câmbio de várias marchas possui algumas rodas dentadas
(coroas) ligadas ao pedal e outras ligadas ao eixo da roda traseira (roda motriz). Essas coroas têm
raios (Ri) diferentes. Para cada par de coroas acopladas pela corrente, temos uma marcha. Com
relação à diversidade dos raios das coroas, a melhor escolha (melhor marcha) numa subida muito
acentuada, situação em que o fundamental é conseguir subir, e não desenvolver altas velocidades é
conectar a corrente na menor coroa ligada ao pedal e maior coroa da roda traseira (pinhão), conforme
esquematizado na figura 4.8-A.

(A) (B)

Figura 4.8: Um sistema de marchas de bicicleta, onde estão representadas as forças atuantes no par de coroas acopladas
pela corrente (A) e na roda traseira (B).

Para provar o que está descrito no parágrafo anterior, expressaremos os torques em relação ao
centro das coroas. Além disso, as coroas serão consideradas em equilíbrio de rotação, isto é, em
movimento de rotação com velocidade angular constante. Assim, em módulo, os torques horário e
anti-horário serão sempre iguais. Na figura 4.8, estão representadas as forças relevantes à análise que
vamos fazer. É bom lembrar que, com as coroas em equilíbrio de rotação, a intensidade (F2) da tração
em todos os pontos da corrente é a mesma.
No sistema constituído pelo pedal e pela coroa nele ligada, tem-se F1 b1 = F2 R1, ou
F1 . b1
F2 =
R1
No sistema constituído pela roda traseira (figura 4.8-B) e pela coroa correspondente, tem-se
Fb
F3 R3 = F2 R2  F3 R3 = R1 1 R2
1

𝐑 𝟐 𝐛𝟏
𝐅𝟑 = 𝐅𝟏
𝐑𝟏 𝐑𝟑
b
Como R1 é constante, a última expressão obtida permite concluir que, para um determinado valor de
3
⃗F1, quanto maior for R2 e menor for R1, maior será F3, ou seja, mais intensa será a força motriz que a
bicicleta receberá do solo. Então, essa é a melhor combinação: Menor coroa ligada ao pedal e
maior coroa da roda traseira.
Como vimos em Cinemática (Movimentos Circulares), as frequências de rotação das coroas
combinadas são inversamente proporcionais aos seus raios.
v1 = v2  1R1 = 2R2  2f1R1 = 2f2R2 
R1
f2 = f1
R2

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Note, então, que R1 menor e R2 maior minimizam f2, que é a frequência da roda traseira (roda motriz).
Por isso, altas velocidades não são conseguidas nessa situação.
Então, para maximizar f2 (altas velocidades) precisa-se o maior valor de R1 e o menor valor
de R2. Então, a melhor combinação é, para este caso, maior coroa ligada ao pedal e menor coroa
da roda traseira.
Veja que R1 maior e R2 menor tornam F3 pequena. Isso, entretanto, não é importante, porque não são
necessárias forças de grande intensidade para acelerar a bicicleta numa pista horizontal.

Além desses exemplos, existem diversos outros presentes em nosso cotidiano. Isto é, todo
movimento de rotação está relacionado como momento de uma força.

4.1- Momento (Torque) resultante:

O momento resultante em relação a um determinado polo O é igual à soma algébrica dos


momentos de todas as forças aplicadas no objeto, em relação ao mesmo polo O.
MR = 𝐌𝐅𝟏 + 𝐌𝐅𝟐 +⋯+ 𝐌𝐅𝐍

Figura 4.9: Corpo sólido submetido à ação de N forças coplanares.

4.2- Binário:

Binário é um sistema constituído de duas forças de mesma intensidade, mesma direção e


sentidos opostos, cujas linhas de ação estão a uma certa distância d (figura 4.10). A distância d chama-
se braço do binário.

Figura 4.10: Binário.

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4.2.1- Momento escalar do Binário:

O momento do binário é a soma algébrica dos momentos das forças que o constituem.

Figura 4.11: Binário e o polo O, escolhido arbitrariamente.

Assim, considerando um polo O arbitrário (figura 4.11) e levando em conta a convenção de


sinais, vem:

M = +Fd1 + (-Fd2)  M = F(d1 – d2) 

M = Fd
O binário da figura 4.11 tem sentido horário e seu momento resultou positivo; se tivesse
sentido anti-horário, seu momento seria negativo.
Da expressão obtida (M = Fd) pode-se concluir que o momento de um binário independe do
polo O escolhido.
Os objetos representados na figura 4.12 exemplificam utilizações de binários.

Figura 4.12: Exemplos de binário

A resultante do binário é nula, pois as forças que o constituem têm mesma intensidade, mesma
direção sentidos opostos. Desse modo, se aplicarmos um binário a um sólido, inicialmente em
repouso, este não adquire movimento de translação (pois a resultante é nula), mas adquire movimento
de rotação não uniforme (pois o momento não é nulo).

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5- Condições de equilíbrio do corpo extenso
Para um corpo extenso estar em equilíbrio, é necessário satisfazer duas condições: uma
referente ao equilíbrio de translação e outra ao equilíbrio de rotação.

 Condição de equilíbrio de translação:

A condição de equilíbrio de translação de um corpo extenso (centro de massa em repouso ou


em movimento retilíneo e uniforme) é que a resultante das forças externas atuantes no corpo seja
nula:
⃗ ext = 0⃗
F
⃗ ext = 0⃗ ) nos fornece as seguintes equações escalares:
A condição resultante nula (F

FRx = F1x + F2x +…+ FNx (projeções em x)


{F = F + F +…+ F (projeções em y)
Ry 1y 2y Ny

 Condição de equilíbrio de rotação:

A condição de equilíbrio de rotação de um corpo extenso sob a ação de um sistema de forças


coplanares é que a soma algébrica dos momentos escalares de todas as forças em relação a qualquer
eixo perpendicular ao plano das forças seja nula:

 M = 0
A condição soma algébrica dos momentos nula nos fornece mais uma equação escalar:

MO =MF⃗ 1 + MF⃗ 2 +…+ MF⃗ N

A figura 5.1 ilustra um corpo extenso, a ponte, sofrendo a ação de diversas forças.

Figura 5.1: Uma ponte (corpo extenso) sofrendo a ação de diversas forças.

Considerando que o sistema de interesse é a ponte, para que esta esteja em equilíbrio estático,
as forças atuando nela devem atender as seguintes condições:
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i) para que não haja translação a resultante deve ser zero,

⃗⃗ (1) + N
N ⃗⃗ (2) + F ⃗ (2) +⃗⃗⃗P =⃗⃗0
⃗ (1) + F

Ou algebricamente:
N(1) + N(2) = F(1) + F(2) + P ...... (1)

ii) para que não haja rotação, o torque sobre a ponte também deve ser zero
N(1)d1 + N(2)d2 + F(1)d3 + F(2)d4 + Pd5 = 0 ..... (2)
onde cada di (i = 1, 2, 3, 4,5) é a distância da linha de ação de cada força em relação a um ponto
arbitrário (polo).
Combinado as equações (1) e (2) chega-se, por exemplo, numa relação entre as intensidades das
forças de compressão ⃗N⃗ (1) e ⃗N
⃗ (2) .

5.1- Teorema das três forças:

Se um corpo estiver em equilíbrio sob ação exclusiva de três forças, estas deverão ser
coplanares e suas linhas de ação serão, necessariamente, concorrentes num único ponto ou paralelas
(figura 5.2).

Figura 5.2: Um corpo extenso em equilíbrio sob ação exclusiva de três forças.

5.1.1- Demonstração do teorema das três forças:

Suponha-se que as linhas de ação de duas dessas forças (F ⃗ 1 e ⃗F2 por exemplo) sejam
concorrentes num ponto O e que isso não aconteça com a força ⃗F3, conforme ilustrado na figura 5.3:

Figura 5.3: Um corpo extenso sujeito à ação exclusiva de três forças.

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No equilíbrio, a soma algébrica dos momentos de todas as forças tem de ser nula e isso tem de
acontecer em relação a qualquer polo, inclusive a O.
Em relação a O, os momentos de ⃗F1 e ⃗F2 são nulos, mas o momento de ⃗F3, não.
Assim, conclui-se que a linha de ação de ⃗F3 também passa por O, pois, se isso não acontecesse, a
soma dos três momentos em relação a O não seria nula e a condição de equilíbrio de rotação não
estaria respeitada.

Como exemplo de aplicação deste teorema considere o seguinte caso: Uma barra AB em
equilíbrio pendurada em uma parede por meio de um fio de peso desprezível. Pode-se determinar a
⃗⃗ exercida pela parede sobre a barra. As linhas de ação do peso P
direção da força R ⃗ e da tração
⃗ concorrem no ponto C. A força R
T ⃗⃗ tem linha de ação definida pelos pontos A e C.

Figura 5.4: Sob a ação de três forças (peso, forças exercidas pelo fio e a resultante das forças exercidas pela parede), a
barra permanece em equilíbrio na condição de que essas forças sejam coplanares e com linhas de ação concorrentes em
um único ponto.

6- Centro de massa (CM) e centro de gravidade (CG)


Em física, o centro de massa (CM) é o ponto hipotético onde toda a massa de um sistema
físico está concentrada e que se move como se todas as forças externas estivessem sendo aplicadas
nesse ponto.
Se o sistema for constituído por um corpo, o centro de massa pode ser considerado como o
ponto onde aplicada uma força o corpo se move sem rotacionar, com torque resultante zero. Se o
sistema for constituído por mais de um corpo, o centro de massa será o ponto em que, se unir os
corpos em suas respectivas posições por um elemento que os integre (tal como um segmento rígido),
pode ser suspendido mantendo todos os corpos a uma mesma altura.
O uso do centro de massa na mecânica clássica é atribuído à simplificação de movimentos
compostos realizados por corpos rígidos – aqueles em que a posição relativa das partículas que o
compõem não muda ao longo do tempo - transformando-os em movimentos simples, onde é possível
que haja aplicação das Leis de Newton como uma partícula. Quando um objeto de formato irregular
é lançado ao ar, por exemplo, há diferentes movimentos em todas as partículas que o constituem,
entretanto, há um ponto em que segue o movimento de tal objeto como se fosse uma partícula, esse
ponto é o centro de massa.
O centro de massa (CM) também pode ser chamado de centro de gravidade (CG) quando um
corpo estiver sob a influência de um campo gravitacional uniforme, ou seja, aquele em que a força
gravitacional é igualmente exercida em todos os pontos do objeto. Ainda, se um objeto tiver forma
regular e densidade homogênea, o centro de massa coincidirá com o centroide, ou seja, o centro
geométrico do objeto.

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6.1- Centro de gravidade de um sistema de pontos materiais discretos:

Considere uma distribuição plana de n pontos materiais de pesos ⃗P1, ⃗P1, ..., ⃗Pn e seja ⃗P o peso
total (resultante) dessa distribuição. Associemos ao plano dos pontos um sistema de eixos ortogonais
Oxy:

Figura 6.1: Diagrama para o cálculo do centro de massa em um conjunto de partículas.

Como a resultante de um sistema de forças equivale ao sistema, temos que o momento do peso
total é igual à soma algébrica dos momentos dos pesos de todas as partículas. Então, em relação a O,
escrevemos:
MP⃗ = MP⃗ 1 + MP⃗ 2 +…+ MP⃗ n
PxCG = P1x1 + P2x2 + ... + Pnxn
em que P = P1 + P1 + ... + Pn.
Assim, a abscissa do centro de gravidade do sistema é dada por:
P1 x1 +P2 x2 +…+ Pn xn
xCM =
P1 + P2 +…+ Pn
Similarmente, a ordenada do centro de gravidade do sistema é dada por:
P1 x1 +P2 x2 +…+ Pn xn
yCM =
P1 + P2 +…+ Pn

De modo análogo, define-se uma terceira coordenada zCG do centro de gravidade, caso os
pontos materiais estivessem distribuídos no espaço (distribuição tridimensional).
Em todas as situações de nosso interesse, as distâncias entre os pontos materiais são pequenas
o suficiente para que o campo gravitacional ao qual estão submetidos possa ser considerado uniforme.
Então, tem-se:
m1 gx1 +m2 gx2 +…+ mn gxn
xCM = e
m1 g + m2 +…+ mn g
m1 gx1 +m2 gx2 +…+ mn gxn
yCM =
m1 g + m2 +…+ mn g
Sim plicando as expressões anteriores chega-se a
m1 x1 +m2 x2 +…+ mn xn
xCM =
m1 + m2 +…+ 𝐦n

m1 x1 +m2 x2 +…+ mn xn
yCM =
m1 + m2 +…+ 𝐦n
Disso, conclui-se que:
Em campo gravitacional uniforme, o centro de gravidade (ou baricentro) coincide com o centro de
massa.
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6.2- Centro de gravidade de alguns corpos homogêneos em campo gravitacional uniforme:

O centro de gravidade de uma barra cilíndrica ou prismática, de um disco ou de uma placa


retangular de espessura uniforme, de uma esfera, de um cilindro ou de um cubo encontra-se no centro
geométrico (CG) ou centroide desses corpos, desde que sejam homogêneos.
Em geral, para encontrar o CG, utiliza-se a seguinte regra:
“ O centro de massa de uma figura plana homogênea localiza-se sobre o seu eixo de simetria. Se o
corpo possuir dois eixos de simetria, o centro de massa estará na intersecção entre os eixos”.
Como exemplo, observe que, para determinar o CG de um retângulo basta traçar dois eixos
de simetria (que são suas próprias diagonais). No ponto de encontro destes eixos está localizado o
CG, conforme ilustrado na figura 6.2.

Figura 6.2: Diagrama representando o centro de massa do retângulo.

No método experimental, basta que o corpo seja pendurado pela borda, por, pelo menos, dois
pontos diferentes, um de cada vez. Cada ponto marcará o início de uma linha vertical, descendente.
O encontro dessas linhas se dá exatamente no centro de massa, conforme indicado na figura 6.3.

Figura 6.3: Ilustração do método experimental para a determinação do centro de massa de um corpo qualquer.

6.2.1- Centro de massa de chapas planas compostas:

Para calcular o centro de massa de chapas planas compostas, deve-se considerar cada parte do
objeto individualmente, encontrar os seus centros de massa e, em seguida, somá-los. Para isso, deve-
se adotar um sistema de referência, conforme mostra a figura 6.4

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Figura 6.4: Diagrama do centro de massa de uma chapa composta.

A imagem acima mostra uma figura plana composta por um quadrado e um triângulo
retângulo. Após adotar o sistema de referência (Oxy), devemos considerar o centro de massa de cada
uma das figuras. Para isso, utiliza-se o índice 1 para o quadrado e 2 para o triângulo. Para calcular as
coordenadas do centro de massa da figura inteira, devemos somar as coordenadas das figuras
individuais através da equação:

m1 x1 +m2 x2
xCM =
m1 + m2
m1 x1 +m2 x2
yCM =
m1 + m2

Conhecer o centro de massa é importante até mesmo para a nossa própria saúde: o centro de
massa do corpo humano fica na altura da coluna, por isso, ao levantar objetos pesados, recomenda-se
a flexão dos joelhos, o que causa uma redistribuição da nossa massa em virtude da mudança do centro
de massa do nosso corpo, não gerando, assim, danos à coluna.

Figura 6.5: O centro de gravidade de um homem está aproximadamente 54% de sua estatura, medida a partir dos pés.

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7- Exercícios propostos 2

7.1- Uma barra homogênea AB de peso P = 100 N está articulada em A. Em B suspende-se por meio
de um fio de peso desprezível um corpo de peso de intensidade Q = 900 N.

Determine:
a) a intensidade da força horizontal ⃗F capaz de manter a barra em equilíbrio, formando 30o com a
horizontal.
b) as componentes horizontal e vertical da reação da articulação sobre a barra.

7.2- Uma barra homogênea AB de peso P = 10 N e comprimento L = 50 cm está apoiada num ponto
O a 10 cm de A. De A pende um corpo de peso Q1 = 50 N. A que distância x de B deve ser colocado
um corpo de peso Q2 = 10 N para que a barra fique em equilíbrio na horizontal?

7.3- A figura mostra uma barra apoiada entre uma parede e o chão. A parede é perfeitamente lisa; o
coeficiente de atrito estático entre a barra e o chão é  = 0,25.

Calcule a tangente do menor ângulo  entre a barra e o chão para que não haja escorregamento.

7.4- Uma esfera de peso P =10√3 N e raio R está suspensa por meio de um fio inextensível de
comprimento L = R e apoia-se em uma parede vertical sem atrito. Determine a força de tração no fio
e a força que a parede aplica na esfera.

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7.5- Uma gangorra encontra-se em equilíbrio como na figura a seguir, sustentando duas crianças A e
B, de massas iguais a mA e mB, em repouso sobre ela.

Em um certo instante, a criança B passa a caminhar lentamente para a direita, com velocidade
constante de intensidade vB. Para manter a gangorra em equilíbrio, nesse mesmo instante a criança A
passa a caminhar lentamente para a esquerda, com velocidade constante de intensidade vA, e consegue
seu objetivo.
a) Considerando que os comprimentos a, b e L indicados na figura estejam em escala, qual das
crianças chega primeiro ao final da gangorra em equilíbrio?
b) Determine vA em função de mA, mB e vB.

7.6- Na figura a seguir, uma haste AB, homogênea e de secção reta uniforme, medindo 2,4 m, é
suspensa pelo seu ponto médio M, por meio de um arame. Na extremidade B, há um recipiente de
massa desprezível contendo água, enquanto, na extremidade A, há um camundongo de massa 250 g.
Nessa situação, a haste se mantém em repouso na posição horizontal.

Em determinado instante, o recipiente começa a vazar água na razão de 75 g/s e, em consequência


disso, o camundongo passa a se mover no sentido de A para M, de modo a manter a haste na sua
posição inicial. Para isso, qual deve ser o módulo v da velocidade do camundongo, em m/s?

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7.7- Com relação ao funcionamento de uma bicicleta de marchas, em que cada marcha é uma
combinação de uma das coroas dianteiras com uma das coroas traseiras, são formuladas as seguintes
afirmativas:
I. Numa bicicleta que tenha duas coroas dianteiras e cinco traseiras, temos um total de dez marchas
possíveis, em que cada marcha representa a associação de uma das coroas dianteiras com uma das
traseiras.
II. Em alta velocidade, convém acionar a coroa dianteira de maior raio com a coroa traseira de maior
raio também.
III. Em uma subida íngreme, convém acionar a coroa dianteira de menor raio e a coroa traseira de
maior raio.
Entre as afirmações acima, estão corretas
a) I e III apenas.
b) I, II e III.
c) I e II apenas.
d) II apenas.
e) III apenas.

7.8- Uma barra homogênea, articulada no pino O, é mantida na posição horizontal por um fio fixado
a uma distância x de O.

Como mostra a figura, o fio passa por um conjunto de três polias que também sustentam um bloco de
peso de intensidade P. Desprezando efeitos de atrito e o peso das polias, determine a força de ação
do pino O sobre a barra.

7.9- A figura a seguir representa duas roldanas de raios r = 10 cm e R = 40 cm presas em um mesmo


eixo que pode rotar praticamente sem atrito.

Cordas leves estão enroladas nessas roldanas. Em uma delas, está suspenso um bloco de massa M
igual a 50 kg e o sistema é mantido em equilíbrio pela força vertical ⃗F aplicada na outra corda.
Considerando o módula da aceleração da gravidade igual a 10 m/s2, calcule a intensidade de ⃗F.
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7.10- As máquinas simples são ferramentas utilizadas pelo homem e que ajudam desenvolvimento
das atividades do seu dia a dia. Considere o binário a seguir:

Na figura, PD são os pedais e A1 são os pés de vela. Considere que um atleta utiliza sapatilhas que
lhe permitem fazer forças iguais, tanto na subida quanto na descida dos pedais.
Se os pés de vela têm 110 mm e a força que o atleta imprime no pedal é de 120 N, o torque produzido
no eixo da coroa pelo atleta é, em unidades SI, igual a
a) 13,2
b) 26,4
c) 1320
d) 13200
e) 26400

7.11- Uma roda de raio R e massa M está apoiada sobre uma superfície horizontal e encostada em um
degrau de altura h (h < R), num local onde a aceleração da gravidade tem módulo igual a g. Uma
força horizontal ⃗F é aplicada ao eixo da roda como mostra a figura.

a) Determine os valores de |F ⃗ | para os quais a roda sobe o degrau.


⃗ 1 | a intensidade da força que deixa a roda na iminência de subir o degrau. Para essa situação,
b) Seja |F
determine a intensidade |F ⃗ 2 | da força exercida sobre a roda pelo degrau.

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7.12- Determinar as coordenadas do centro de gravidade da placa homogênea, de espessura uniforme,
indicada na figura abaixo.

7.13- Um portão retangular de massa igual a 50 kg tem 2,50 m de comprimento, 1,45 m de altura e
está preso a duas dobradiças A e B. O vértice da dobradiça A dista 0,10 m do topo do portão, e o
vértice da dobradiça B, 0,10 m da base, como indica a figura a seguir.

Suponha que o sistema esteja em repouso, que o peso do portão esteja aplicado em seu centro
geométrico e que a aceleração da gravidade local tenha intensidade de 10 m/s2.
a) Calcule o módulo da força resultante exercida pelas duas dobradiças sobre o portão.
b) Calcule o módulo da componente horizontal da força exercida pela dobradiça A sobre o portão e
determine seu sentido.

7.14- A placa circular, homogênea e de espessura constante, tem raio R e possui um furo circular de
raio r. Determine, em função de r e R as coordenadas do centro de massa da placa.

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8- Equilíbrio de corpos apoiados
Para que um corpo simplesmente apoiado numa superfície não tombe é preciso que a vertical,
passando pelo seu centro de gravidade, intercepte a região de apoio
As figuras 8.1-A e 8.1-B representam uma barra prismática e homogênea, simplesmente
apoiada em uma mesa. Em 8.1-A, a linha de ação do peso da barra (reta vertical, passando pelo seu
centro de gravidade) intercepta a região de apoio. Nesse caso, a barra não tomba. Já em 8.1-B, a linha
de ação do peso da barra não intercepta a região de apoio e ela tomba ao ser abandonada.

(A) (B)
Figura 8.1: Quando a linha de ação do peso não interceptar a superfície de apoio, o momento resultante não será mais
nulo e o objeto tombará.

Nas situações das figuras 8.2-A e 8.2-B, supondo que o atrito impeça o escorregamento do
bloco, ele não tomba em 8.2-A, mas tomba em 8.2-B. Observe que, em 8.2-A, a linha de ação do peso
do bloco intercepta a região de apoio no plano inclinado, o que não acontece em 8.2-B:

(A) (B)
Figura 8.2: O tombamento acontece quando a linha de ação do peso do bloco ultrapassa o vértice inferior da sua base de
apoio.

8.1- Tipos de equilíbrio de um corpo:

Dependendo do comportamento de um objeto após ser retirado de sua posição inicial,


podemos classificar seu equilíbrio em três tipos diferentes: estável, instável e indiferente.

8.1.1- Equilíbrio estável:

Se um objeto, após ser afastado de sua posição de equilíbrio, retornar a ela, dizemos que há
equilíbrio estável. Corpos em equilíbrio estável, após serem retirados de sua posição inicial, têm o

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centro de massa (ou centro de gravidade) alterado para posições superiores. Assim, o torque da força
⃗ faz com que o objeto retorne à sua posição inicial, conforme ilustrado na figura 8.3, onde F
peso P ⃗
representa a força de suspensão.

Figura 8.3: Equilíbrio estável: Deslocando-se ligeiramente a placa da posição de equilíbrio, girando-a em torno
de O e abandonando-a em seguida, ela tende a retornar à posição original.

No equilíbrio estável o centro de gravidade CG está abaixo do ponto de suspensão O.

8.1.2- Equilíbrio instável:

Se um objeto, após ser afastado de sua posição de equilíbrio, continuar afastando-se cada vez
mais, dizemos que o equilíbrio é do tipo instável. O peso ⃗P tem momento em relação ao ponto de
suspensão, fazendo com que a placa se afaste da posição de equilíbrio.
Isso acontece com corpos que possuem seu centro de massa acima do ponto onde estão
suspensos, conforme mostra a figura 8.4.

Figura 8.4: Equilíbrio instável: Deslocando-se ligeiramente a placa da posição de equilíbrio, girando-a em
torno de O e abandonando-a em seguida, ela afasta ainda mais da posição original.

8.1.3- Equilíbrio indiferente:

Quando um objeto tem a sua posição alterada e, mesmo assim, mantém a sua situação de
equilíbrio, dizemos que existe o equilíbrio indiferente, conforme ilustra a figura 8.5.
O equilíbrio indiferente ocorre sempre que o ponto de suspensão do corpo coincide com o seu
centro de gravidade.

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Figura 8.5: Equilíbrio indiferente: afastando-se a placa da posição de equilíbrio, girando-a em torno de O, ela
permanece em equilíbrio na nova posição

Como descrito nos itens 8.1.1, 8.1.2 e 8.1.3, para definir o tipo de equilíbrio de um corpo,
deve-se considerar a tendência que esse corpo tem de retornar à sua posição original.
Vamos analisar outro exemplo: uma esfera homogênea encontra-se em equilíbrio num apoio côncavo
(figura 8.6). Seu equilíbrio é estável. Ao ser deslocada ligeiramente da posição de equilíbrio e
abandonada em seguida, ela tende a voltar à posição original.

Figura 8.6: Equilíbrio estável de uma esferinha sobre uma superfície côncava.

No caso em que a esfera está em equilíbrio num apoio convexo, seu equilíbrio é instável:
deslocando-se a esfera ligeiramente da posição de equilíbrio, ela se afasta ainda mais dessa posição,
conforme ilustrado na figura 8.7.

Figura 8.7: Equilíbrio instável de uma esferinha sobre uma superfície convexa.

Estando a esfera apoiada num plano horizontal, seu equilíbrio é indiferente: deslocando-se
ligeiramente a esfera da posição de equilíbrio e abandonando-a em seguida, ela permanece em
equilíbrio na nova posição (figura 8.8).

Figura 8.8: Equilíbrio indiferente de uma esferinha sobre uma superfície horizontal.
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9- Exercícios propostos 3

9.1- De uma chapa uniforme e homogênea recorta-se um retângulo com medidas AB = 10 cm e AD


= 10√3 cm, conforme a figura abaixo.

Suspende-se a chapa pelo vértice A. Determine, na posição de equilíbrio, o ângulo que o lado AB
forma com a vertical.

9.2- O coeficiente de atrito estático entre um bloco homogêneo e um plano inclinado vale 0,80.

O bloco é colocado em repouso sobre o plano inclinado. Sendo sen = 0,60; cos = 0,80 e
b = 1,5 cm,
a) verifique se o bloco escorrega ao longo do plano inclinado.
b) determine o máximo valor da altura h do bloco para que ele fique apoiado sem tombar.

9.3- O centro de gravidade de um boneco de madeira situa-se no seu próprio corpo. Fixamos no
boneco um arame com duas bolas de madeira, conforme a figura.

Apoiando-se a ponta do pé do boneco numa superfície plana, ele permanece em equilíbrio. Observa-
se que, afastando-se o boneco ligeiramente da posição de equilíbrio (girando-o em torno do ponto de
apoio), ele tende a voltar à posição de equilíbrio, isto é, o equilíbrio é estável. O que se pode afirmar,
nessas condições, a respeito da posição do centro de gravidade do sistema (boneco + arame com
bolas) em relação ao ponto de apoio?

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9.4- Uma esfera, constituída de partes iguais de alumínio (Al) e chumbo (Pb), foi abandonada sobre
um plano horizontal, conforme mostra a figura.

a) A esfera permanece em equilíbrio na posição mostrada na figura? Como seria a posição de


equilíbrio estável e de equilíbrio instável? Faça esquemas.
b) Faça um esquema da posição de equilíbrio que a esfera atinge ao ser suspensa pelo ponto A.

9.5- Empilham-se três livros idênticos sobre uma mesa, conforme mostra a figura. Cada livro tem
comprimento L = 20 cm. Quais os valores máximos de x e y para que o conjunto mantenha-se em
equilíbrio?

9.6- O joão-teimoso é um boneco que, deslocado de sua posição de equilíbrio, sempre volta a ficar
em pé. Suponha que uma criança segure um joão-teimoso na posição da figura e logo em seguida o
solte, sobre uma superfície horizontal.

Assinale a alternativa que melhor representa o esquema das forças que, com exceção das forças de
atrito, atuam sobre o joão-teimoso deitado, imediatamente após ser solto pela criança.

a) b)

c) d)

e)

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10- Alavancas
As alavancas são objetos rígidos que podem ser usados para mover ou segurar corpos de difícil
manuseio ou ainda muito pesados. De acordo com o seu tamanho e os pontos onde ocorre a aplicação
das forças, as alavancas são capazes de promover uma grande vantagem mecânica, isto é, multiplicar
a intensidade da força produzida, chamada também de força resistente ⃗Fr (a força que se pretende
vencer com a alavanca).
A vantagem mecânica das alavancas depende diretamente da distância entre o ponto de aplicação da
força potente ⃗Fp (força exercida na alavanca por quem a usa) e o ponto de apoio (fulcro). Quanto
maior for essa distância, comumente chamada de “braço”, menor será o esforço necessário.

Figura 10.1: Alavancas: utensílios domésticos que facilitam a vida diária, diminuindo a força que se deve aplicar para
realizar as tarefas comuns.

10.1- Tipos de alavancas:

Existem três tipos de alavanca: interfixa, inter-resistente e interpotente.

10.1.1- Alavancas interfixas:

É um tipo de alavanca em que o fulcro (ponto de apoio) está entre os pontos de aplicação de
⃗Fp e ⃗Fr como ilustra a figura 10.2, em que bp é o braço da força potente e br é o braço da força
resistente, ambos em relação ao fulcro.

Figura 10.2: O ponto de apoio da alavanca interfixa está entre a força potente e a força resistente.

Se desconsiderarmos a massa da alavanca, suposta em equilíbrio, podemos afirmar que, em


relação ao fulcro, o momento horário da força resistente é, em módulo, igual ao momento anti-horário
da força potente:

Fpbp = Frbr
Fazendo br menor que bp, temos Fp menor que Fr. Essa é a vantagem do uso da alavanca
interfixa.

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Nos alicates, torquês e tesouras, por exemplo, tem-se um par de alavancas interfixas operando
em conjunto.

Figura 10.3: Algumas alavancas interfixas eficientes na multiplicação de forças e facilitação de tarefas cotidianas.

10.1.2- Alavancas inter-resistentes:

É um tipo de alavanca em que a força resistente está aplicada entre a força potente e o fulcro.

Figura 10.4: Na alavanca inter-resistente a força resistente está entre o ponto de apoio e a força potente.

Ignorando a massa da alavanca e considerando-a em equilíbrio, tem-se:

Fpbp = Frbr
Como br é menor que bp, continua-se obtendo Fp menor que Fr. Essa é a vantagem do uso desse tipo
de alavanca.
São exemplo de alavancas inter-resistentes o quebra-nozes, carrinho de mão, abridor de
garrafas, grampeador, dentre outros.

⃗ r está mais próxima do fulcro do que a força aplicada F


Figura 10.5: Na alavanca inter-resistente, a força de resistência F ⃗ p.

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10.1.3- Alavancas interpotente:

Nesse tipo de alavanca, a força potente está aplicada entre o fulcro e o ponto de aplicação da
força resistente.

⃗ p está entre o ponto de apoio e a força resistência F


Figura 10.6: Na alavanca interpotente, a força potente F ⃗ r.

Veja mais sobre "Alavanca" em: https://brasilescola.uol.com.br/fisica/alavanca.htm

Ignorando a massa da alavanca e considerando-a em equilíbrio, tem-se:

Fpbp = Frbr
Note que, br é maior que bp. Então, Fp é maior que Fr, de modo que esse tipo de alavanca não
apresenta a vantagem dos outros tipos analisados. Entretanto, nem por isso ela deixa de ter sua
utilidade. É o caso, por exemplo, de uma pinça, em que temos duas alavancas interpotentes operando
em conjunto.

Figura 10.7: As alavancas interpotentes têm uma desvantagem mecânica, já que a força potente ⃗Fp é maior que a força resistente ⃗Fr.

10.2- Alavancas do corpo humano:

O estudo das alavancas corporais é um conteúdo essencial no curso de graduação em áreas da


saúde. Sua importância baseia-se no fato de que o sistema musculoesquelético faz uso de alavancas
para manter o corpo nas diferentes posturas bem como para a locomoção e movimentação do corpo
no espaço. Por exemplo, fisioterapeutas aplicam os conhecimentos de alavancas nas áreas de
ergonomia, fisioterapia desportiva, terapia manual, etc.
No corpo humano, os ossos funcionam como braços de alavancas, as articulações agem como
pivô (ou fulcro) os músculos oferecem as forças de esforço para mover a carga, e as forças de carga
são geralmente os pesos das partes do corpo que estão sendo movidas ou forças necessárias para
erguer, empurrar objetos.

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O antebraço é uma alavanca interpotente:

A força resistente ⃗FR é o peso do objeto sustentado pela mão. A força potente ⃗FP é exercida
pelo músculo bíceps. O cotovelo é o ponto de apoio A (fulcro).

Figura 10.7: As alavancas do corpo humano: O antebraço é uma alavanca interpotente.

O pé é uma alavanca inter-resistente.

Quando erguemos o corpo, ficando na ponta do pé, parte do peso do nosso corpo é sustentado
pelo pé (força resistente ⃗FR).
A força potente ⃗FP é exercida pelos músculos gêmeos, que formam a barriga da perna. A ponta do pé
é o ponto de apoio A (fulcro).

Figura 10.8: As alavancas do corpo humano: O pé é uma alavanca inter-resistente.

A cabeça é uma alavanca interfixa.

A força resistente ⃗FR é o peso da cabeça e a força potente ⃗FP é exercida pelos músculos do
pescoço.
A articulação da cabeça com a coluna vertebral define o ponto de apoio A.

Figura 10.9: As alavancas do corpo humano: A cabeça é uma alavanca interfixa.

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Algumas orientações de cuidados posturais são baseadas no sistema de alavancas. Sabe aquela
orientação de se agachar ao levantar um peso ao invés de fletir o tronco quando é preciso levantar um
peso do chão? Então! Essa é uma aplicação prática do sistema de alavancas no corpo humano.
Na imagem 10.10, erguer o peso como a pessoa à esquerda está fazendo produz um grande
torque sobre a coluna lombar (pivô). A força usada para erguer está a uma grande distância do pivô.
Dessa forma, os músculos das costas precisam exercer uma grande força para gerar o torque
necessário para erguer o peso e podem sobrecarregar a coluna lombar.

(A) (B)

Figura 10.10: Formas errada (A) e correta (B) para erguer um peso.

É importante manter esse peso próximo ao corpo para reduzir o torque gerado na coluna, dessa
forma, fletir os joelhos e usar a força dos quadríceps para elevar o peso do chão é uma estratégia mais
eficiente para proteger a coluna de sobrecargas mecânicas, pois assim usamos os músculos das pernas
para erguer o peso, poupando os músculos posteriores da coluna.

11- Exercícios propostos 4


11.1- A ilustração seguinte mostra o deslocamento dos remadores em um lago, sendo que os remos
são considerados alavancas.
Um estudante, ao analisar essa situação, na margem do lago, afirmou que
I. a alavanca é do tipo interfixa.
II. o ponto fixo da alavanca encontra-se na água.
III. o braço da força resistente é menor que o da força potente.
IV. a força da água sobre o barco é menor que a exercida pelos
remadores.
São corretas apenas as afirmativas
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) III e IV.
e) II e IV.

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11.2- Uma pessoa ao mover areia com o auxílio de uma pá, mantém a mão próxima ao corpo em uma
posição fixa, como mostrado na figura abaixo.

a) Identifique o tipo de alavanca usado nesse sistema.


b) Supondo que as mãos da pessoa estejam distanciadas 50 cm e a pá tenha 110 cm de comprimento,
qual a força que a pessoa precisa aplicar na pá para levantar 5,0 kg de areia?

11.3- Uma gangorra em um parquinho infantil é ocupada por dois gêmeos idênticos e de mesma
massa, Cosmo e Damião. Na brincadeira, enquanto um dos irmãos sobe em um dos acentos do
brinquedo, o outro desce no outro acento. O brinquedo pode ser descrito como uma haste rígida, com
um acento em cada extremidade, e livre para girar em um plano vertical em torno do ponto central.
Considere os torques na haste da gangorra exercidos pelas forças peso de Cosmo (Mc) e de Damião
(Md), em relação ao ponto central. Na configuração em que Cosmo está na posição mais alta, é correto
afirmar que

a) Mc < Md
b) Mc = Md  0
c) Mc > Md
d) Mc = Md = 0
e) Mc < 0 < Md

11.4- Pedro foi com a namorada em um restaurante para comer sushi. Entretanto, não sabia utilizar
os palitos tradicionais para pegar o alimento. O garçom, então, forneceu palitos alternativos, presos
em uma das extremidades (A), assim podia utilizá-los, como mostra a figura abaixo.

Com base no exposto, assinale a alternativa que completa, corretamente, as lacunas da frase a seguir:
O conjunto de palitos dado a Pedro funciona como uma alavanca __________, dessa forma, a força
aplicada __________ é maior que a força aplicada __________.
a) interpotente – por Pedro nos palitos – pelos palitos no sushi
b) inter-resistente – por Pedro nos palitos – pelos palitos no sushi
c) interpotente – pelos palitos no sushi – por Pedro nos palitos
d) inter-resistente – pelos palitos no sushi – por Pedro nos palitos
e) interfixa – pelos palitos no sushi – por Pedro nos palitos

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14- Respostas:
Exercícios Propostos 1:

3.1: a) 300 N; b) 50 N 3.2: direção vertical, sentido de baixo para cima e módulo 150 N.
3.3: 80 N e 60 N 3.4: a) 36 N ; b) 36√3 N 3.5: 5

Exercícios Propostos 2:

mB vB
7.1: a) 950√3 N; b) 950√3 N e 1000 N 7.2: 5,0 cm 7.3: 2 7.4: 20 N e 10N 7.5: a) B; b)
mA

P x-y Mg√h(2R-h) MgR


7.6: 36 cm/s 7.7: A 7.8: ( ) 7.9: 125 N 7.10: B 7.11: a) |F⃗ |> ; b)
4 x+y R-h R-h
7.12: xCG = 31,4 cm; yCG = 20,6 cm 7.13: a) 500 N; b) 500 N para a esquerda
r²R
7.14: xCG = - ; yCG = 0
2(R2 -r2 )

Exercícios Propostos 3:

9.1: 60º 9.2: a) o bloco não escorrega; b) 2,0 cm


9.3: Sendo o equilíbrio estável, o centro de gravidade CG do sistema fica abaixo da ponta do pé de
apoio.
9.4: a) A esfera não permanece em equilíbrio na posição em que foi abandonada.
Sendo PPb > PAl, conclui-se que os momentos de PPb e PAl, em relação ao ponto de apoio A, não se
anulam.
A tendência da esfera é girar no sentido horário, de modo que a semiesfera de chumbo ocupe a parte
Inferior (conforme indicado na figura).

 Posição de equilíbrio estável:


Deslocando-se ligeiramente a esfera da posição de equilíbrio, sua tendência é voltar.

 Posição de equilíbrio instável:


Deslocando-se ligeiramente a esfera da posição de equilíbrio, ela se afasta mais dessa posição.

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b) O centro de gravidade (G) do sistema está localizado do lado do chumbo. Assim, na posição de
equilíbrio os pontos A e G estão na mesma vertical.

9.5: 10 cm e 5 cm 9.6: E

11.1: C 11.2: a) interpotente; b) 110 N 11.3: B 11.4: A

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15- Referências Bibliográficas:
Doca, R.H.; Biscuola, G.J.; Bôas, N.V. Tópicos de Física 1. 21ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2012.

Junior, F.R.; Ferraro, N.G.; Soares, P.A.T. Física 1: Os Fundamentos da Física. 10ª ed. São Paulo:
Editora Moderna Ltda., 2015.

Yamamoto, K.; Fuke, L.F. Física para o Ensino Médio 1: Mecânica. 4ª ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2016.

Equilíbrio Estático: Disponível em: < https://brasilescola.uol.com.br/fisica/equilibrio-estatico.htm>.


Acesso em 14 de julho de 2023.

Centro de massa: Disponível em: < https://brasilescola.uol.com.br/fisica/centro-massa.htm >. Acesso


em 17 de julho de 2023.

Torque: Disponível em: < https://www.todoestudo.com.br/fisica/torque>. Acesso em 15 de julho de


2023.

Alavancas: Disponível em: < https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/alavancas.htm>. Acesso em


19 de julho de 2023.

Alavancas do corpo humano: Disponível em: < https://guiadofisio.com.br/alavancas-do-corpo-


humano/>. Acesso em 19 de julho de 2023.

Alavancas do corpo humano: Disponível em: < http://osfundamentosdafisica.blogspot.com/2016/


07/a-fisica-do-corpo-humano-v.html >. Acesso em 19 de julho de 2023.

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