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GEOTECNIA

APLICADA

Ronei Tiago Stein


Sistemas de rebaixamento
do lençol freático
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar a aplicabilidade de sistemas de rebaixamento de lençol


freático.
 Descrever os tipos de sistemas de rebaixamento de lençol freático.
 Indicar os cuidados ao utilizar sistemas de rebaixamento de lençol
freático.

Introdução
Conhecer as características do solo é fundamental para evitar surpresas e
complicações ao longo da execução de obras, principalmente obras de
médio e grande porte. Dentre as características do solo que devem ser
consideradas, estão a profundidade do lençol freático e o teor de umidade
do solo. Quando o nível do lençol se encontra alto, podendo interferir
na execução da obra, é possível optar por promover o rebaixamento do
lençol freático, ou seja, retirar a água do subsolo de maneira induzida,
de modo a proporcionar condições para que os serviços de escavação,
estabilização ou contenção do solo ocorram.
Neste capítulo, você verá no que consiste o rebaixamento de lençol
freático, bem como em quais obras de engenharia esse sistema é utilizado.
Além disso, você verá os tipos de sistemas de rebaixamento de lençol
freático mais comumente utilizados e os cuidados que os profissionais
devem ter ao implantá-los.
2 Sistemas de rebaixamento do lençol freático

1 Rebaixamento do lençol freático:


aplicabilidade
De acordo com Queiroz (2016), a exploração da água subterrânea pode ser feita
diretamente na superfície, pelas nascentes, ou na subsuperfície, por meio de
aberturas executadas no terreno (as quais são denominadas poços). Logo, os
poços consistem em escavações (manuais ou mecânicas) que atingem o nível
d’água, ou lençol freático, e são por onde a água é retirada. Tratam-se de obras
de engenharia que envolvem as áreas de geotecnia, hidráulica, hidrogeologia,
assim como instalações elétricas e equipamentos de perfuração e montagem.
Porém, além de verificar a posição e a profundidade do lençol freático, há
outros objetivos de exploração do subsolo, como (DAS, 2013):

 determinar a natureza do solo local e sua estratificação;


 obter amostras amolgadas e indeformadas do solo para identificação
visual e ensaios de laboratório apropriados;
 determinar a profundidade e a natureza do leito rochoso (quando
encontrado);
 realizar ensaios de campo in situ, como permeabilidade, ensaio de
penetração dinâmica, dentre outros;
 observar as condições de drenagem do local;
 avaliar qualquer problema especial de construção em relação às estru-
turas próximas existentes.

Obras de engenharia como construção de edifícios, barragens, túneis,


escavações, dentre várias outras, podem necessitar tanto de uma drenagem
profunda quanto de um rebaixamento do lençol freático. As técnicas de dre-
nagem profunda (também denominada drenagem subterrânea), são utilizadas
em situações nas quais é preciso drenar a água do lençol freático, evitando,
assim, possíveis deslizamentos e instabilidades do solo, como a destruição de
aterros, escorregamentos de taludes e erosões, além da redução na capacidade
de transporte do subleito. Os drenos utilizados são capazes de interceptar a
água do lençol e até mesmo proporcionar o seu rebaixamento (JANUÁRIO;
GARCIA; GARCIA, 2016, documento on-line).
Sistemas de rebaixamento do lençol freático 3

O rebaixamento do lençol freático por sua vez, tem o objetivo de me-


lhorar as condições do solo, visando promover escavações e estabilização,
possibilitando a realização de obras subterrâneas. Dessa forma, quando
falamos de rebaixamento de lençol freático, estamos falando do bombeamento
das águas subterrâneas durante determinado período de tempo, buscando
controlar (parcialmente ou totalmente) o nível estático do lençol freático.
Para isso, existem diferentes técnicas/métodos que serão apresentados ao
longo do capítulo.
Cada vez mais, o rebaixamento do lençol freático vem sendo utilizado
na engenharia, visto que apresenta várias vantagens. Veja, a seguir, algumas
dessas vantagens descritas por Hachich (1998).

 Interceptar a percolação de água que emerge nos taludes ou no fundo


de escavações, já que a água pode acabar prejudicando a construção de
determinada obra ou mesmo impedir a sua construção.
 Garantir maior estabilidade de taludes, evitando o carregamento do
solo com o passar do tempo.
 Reduzir/eliminar a necessidade de utilização de ar comprimido na
escavação de túneis.

Talude é o termo utilizado para superfícies inclinadas, que podem tanto ser compostas
de solo quanto de rochas. Os taludes podem ser naturais (como encostas e morros)
ou construídos pelo homem (como é o caso de aterros e cortes).

Dentre as obras que fazem uso do rebaixamento do lençol freático, estão


edifícios/condomínios que apresentam garagem abaixo do nível do solo. Além
disso, o rebaixamento do lençol freático é utilizado em obras que atingem
grandes distâncias, como é o caso de túneis, galerias e minas subterrâneas
(Figura 1).
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Figura 1. Exemplos de obras que necessitam de rebaixamento do lençol freático: (a) cons-
trução de garagens abaixo do nível do solo; (b) construção de túneis; (c) construção de
galerias; (d) demais construções localizadas abaixo do nível do solo.
Fonte: Pelisson (2018, documento on-line); Peruphotart/Shutterstock.com.; Maksim Safaniuk/Shutterstock.
com; Karasinski (2011, documento on-line).

De acordo com Barros ([201-?], documento on-line):

Quando os andares abaixo do térreo atingem o nível do lençol freático, é


preciso esgotar a água através do rebaixamento. O procedimento ocorre no
local da edificação e, em alguns casos, pode se estender para a vizinhança.
Dependendo do tipo de contenção e solo, o processo atinge distâncias de até
centenas de metros.

Outras vantagens desta técnica são descritas por Righetto (1998), como
as que você vê a seguir.

 Barrar a percolação de água no canteiro de obras, que pode tanto emergir


dos taludes quanto do fundo das escavações. Essa água pode acabar
impedindo a construção de determinada obra ou, então, aumentar os
custos significativamente.
 Promover o aumento da estabilidade dos taludes, evitando/dificultando
que o solo seja erodido e carreado para o fundo da escavação.
Sistemas de rebaixamento do lençol freático 5

 Em túneis, por exemplo, o rebaixamento do lençol freático diminui a


necessidade de fazer uso de ar comprimido.
 Melhorar as condições de escavação.
 Diminuir a liquefação do solo sob influência da percolação da água.
 Reduzir a carga lateral em estruturas de escoramentos.

Barros (2020) menciona que o rebaixamento do lençol freático é um sistema


muito utilizado em obras, principalmente devido ao custo baixo (em obras de
pequeno e médio porte principalmente) e à agilidade de escoar a água, sendo
um método muito seguro e podendo ser implantado em obras com maior com-
plexidade, como é o caso de túneis, galerias de infraestruturas, dentre outros.
Porém, apesar de o rebaixamento do lençol freático ser um método comu-
mente utilizado, apresenta alguns riscos. É o caso, por exemplo, dos recalques
em terrenos adjacentes, de ruptura de fundo, efeito de areia movediça, carrea-
mento de partículas, dentre outros. Logo, é fundamental que os profissionais
envolvidos no projeto tenham conhecimento técnico, bem como que analisem
com cautela o sistema que será utilizado no rebaixamento do lençol freático.

2 Tipos de sistemas de rebaixamento


de lençol freático
Em relação ao rebaixamento do lençol freático, existem diferentes métodos
que buscam eliminar a água existente no subsolo. A seguir, são apresentados
alguns desses métodos que se destacam.

 Bombeamento direto (ou esgotamento direto): de todos os sistemas,


é o mais simples e de fácil aplicação, o que o torna o método mais
empregado. Consiste em cavar valas ou poços abaixo da área onde a
obra está ocorrendo. Em função da gravidade, a água adentra por esses
poços/valas e, para retirá-la, faz-se uso de bombas hidráulicas, que
bombeiam a água para fora no canteiro de obra.
 Ponteiras drenantes (“well-points”): este sistema também é de fácil
aplicação. Conforme Rodriguez Alonso (2007), consiste em introduzir
verticalmente canos coletores (denominados ponteiras) em toda a área
onde houve o rebaixamento do solo. A água do subsolo sobe por esses
canos e, por meio de tubos coletores, é bombeada para fora da obra. As
ponteiras podem ser PVC ou de ferro galvanizado. A Figura 2 ilustra
um sistema de ponteiras filtrantes.
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Figura 2. Representação do funcionamento de ponteiras drenantes.


Fonte: Wyde ([201-?], documento on-line).

A água que se encontra no tubo coletor pode ser escoada para fora do canteiro de
obras por duas maneiras, como você confere a seguir.
 Sistema de vácuo: constituído por uma bomba, uma câmara de vácuo e o tubo
coletor, que transporta a água retirada do solo pelas ponteiras por meio do sistema
de vácuo, que faz com que a água seja succionada para a câmara de vácuo. Após
esse processo, a água é retirada para fora da obra com o auxílio de uma bomba
centrífuga. Essa técnica é utilizada para profundidades de até cinco metros.
 Sistema de bomba: conforme descreve Hachich (1998, p. 590), o sistema de bomba
é composto por: “[...] um conjunto de ponteiras que é dotado de uma bomba
centrifuga para bombear a água, de uma bomba de vácuo para bombear o ar e de
uma câmara com válvula flutuante, cuja função é de separar o ar da água (também
chamada de câmara de vácuo)”.

A principal desvantagem do uso de ponteiras filtrantes (também denominadas drenan-


tes) é a profundidade — esse sistema é eficiente apenas para pequenas profundidas,
de até oito metros em média.
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 Poços profundos: este tipo de sistema de rebaixamento do lençol freático


pode atingir até em torno de 100 metros de profundidade e bombeia cerca
de 4 m3/h. Existem diferentes sistemas de poços profundos, veja-os a seguir.
■ Sistema injetores (ou ejetores): por este sistema, força-se a circulação
da água por meio de um bocal previamente conformado para reproduzir
um tubo do tipo Venturi, chamado injetor. Esse injetor é instalado na
extremidade inferior do poço individual. Rodriguez Alonso (2007)
descreve que o sistema funciona como um circuito semifechado, no qual
a água é impulsionada por bomba centrífuga através de uma tubulação
horizontal geral de injeção. Essa tubulação dispõe de saídas para os
poços individuais, que, por meio de tubos de PVC para injeção, com
diâmetros de 25 ou 32 mm, levam a água até o injetor posicionado
no fundo do poço. A água inicialmente injetada, depois de passar
pelo injetor, é acrescida da água aspirada, que sobe por um tubo de
retorno de 32 ou 40 mm até a superfície e daí segue, pela tubulação
geral coletora horizontal, para o tubo de descarga acoplado à caixa
d’água. A Figura 3 apresenta uma ilustração desse tipo de sistema.

Figura 3. Esquema mostrando o funcionamento de sistemas


injetor/ejetor de água no subsolo.
Fonte: Solotrat ([201-?], documento on-line).
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■ Sistema de bombas submersas: é utilizado para rebaixamento de


grandes profundidades, sendo comumente utilizado em aquíferos
com o coeficiente de permeabilidade elevado e, como o próprio nome
diz, trabalha com bombas submersas no fundo do poço.
 Drenos: têm como objetivo interceptar o fluxo da água subterrânea
por meio do rebaixamento do lençol freático, impedindo-o de atingir
o subleito. Em relação ao rebaixamento do lençol freático, existem
diferentes tipos de drenos; veja-os a seguir.
■ Drenos horizontais profundos (DHP): trata-se de uma técnica simples
e muito utilizada em solos com grande concentração de água. Essa
técnica (Figura 4) busca retirar a água do solo e manter a sua estabili-
dade do mesmo; para isso, são inseridos tubos de pequenos diâmetros
ao longo do corpo do talude. Para auxiliar o escoamento da água, os
drenos possuem uma inclinação que varia entre 5 e 10º, onde a água
desce por gravidade (RODRIGUEZ ALONSO, 2007). A perfuração
do solo normalmente é a etapa mais complexa desse tipo de drenagem.

Figura 4. Funcionamento dos drenos horizontais profundos (DHP).


Fonte: Naresi Junior ([201-?], documento on-line); Drilling do Brasil (2018, documento on-line).

■ Trincheira drenante: é um método simples e consiste em valas


com profundida entre 1 e 2 metros. Essas valas são preenchidas com
material drenante (normalmente areia ou brita) e envoltas por manta
filtrante, as quais são conectadas a uma vala principal. Essa, por sua
vez, tem a função de escoar a água até os poços. Na grande maioria
dos casos, as trincheiras drenantes estão instaladas em formato
de “espinha de peixe”, a fim de coletar toda a água subterrânea de
determinado local/área (RODRIGUES; SUZUKI; TAVARES, 2016).
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 Drenagem por eletrosmose: a superfície das partículas dos solos


de granulação muito fina (como é o caso de argilas coloidais) possui
uma carga elétrica negativa e, dessa forma, tem-se a formação de uma
película de água com predominância de íons (com carga positiva).
Caputo (2007) descreve que o método de drenagem por eletrosmose
consiste em atrair o fluxo d’água para um determinado ponto utilizando
um gerador de corrente contínua. O gerador polariza as partículas
d’água, que, consequentemente, serão atraída para o sentido da carga
oposta. Ou seja, ao se colocarem dois eletrodos em um solo saturado
e se estabelecer uma corrente elétrica entre ambos, a água contida nos
vazios do solo percolará no sentido do ânodo (polo positivo) para o
cátodo (polo negativo). A Figura 5 ilustra o sistema de rebaixamento
do lençol freático por eletrosmose.

Figura 5. Sistema de rebaixamento do lençol freático por eletrosmose.


Fonte: Caputo (1987 apud BATISTA, 2016, p. 19).

 Galeria de drenagem: consiste em uma sequência de drenos profundos


(localizados na posição horizontal), colocados em maciços de solo ou
drenos de alívio em maciços rochosos (Figura 6). Normalmente, esse
é o último sistema que compõe o rebaixamento do lençol freático. As
galerias de drenagem são utilizadas em obras de grande porte, onde o
volume de água é muito grande. Como exemplos de obras que necessitam
de galerias de drenagem, tem-se túneis ou fundações de barragens.
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Figura 6. Imagem de uma galeria de drenagem, a qual é


utilizada em obras de grande porte, com alta vazão de água.
Fonte: Ricardo de Paula Ferreira/Shutterstock.com.

As galerias de drenagem são utilizadas quando os demais métodos mencionados


não são viáveis ou, então, não são eficazes para rebaixar o volume de água previsto.
Esse método apresenta um custo elevado e, por isso, não é comumente adotado na
engenharia brasileira.

3 Cuidados com o uso de sistemas


de rebaixamento do lençol freático
De acordo com Guidicini e Nieble (2013), a expressão “rebaixamento do lençol
freático” se refere a abaixamentos de água em uma razão de pelo menos um
metro por dia, caso comum em reservatórios de barragens ou nas margens
fluviais após uma enchente. Se o nível de uma massa de água sofre rebaixa-
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mento lento, no interior de um talude, o lençol freático de água permanecerá


aproximadamente horizontal. Por outro lado, se o rebaixamento for rápido, a
descida da superfície piezométrica não acompanhará a do nível de água livre
e, ao fim do processo, essa superfície estará acima do pé do talude.

Como a pressão total de água no caso de rebaixamento rápido é muito maior


que no caso do rebaixamento lento, a pressão efetiva atuante será menor,
diminuindo as forças resistentes ao escorregamento e, consequentemente,
o seu fator de segurança. Isso significa que, mesmo que um talude tenha se
conservado estável com grande número de rebaixamentos lentos, poderá so-
frer colapso após um rápido rebaixamento. Escorregamentos provocados por
rebaixamentos rápidos são muito comuns e afetam principalmente sedimentos
compreendidos entre areias e argilas (GUIDICINI; NIEBLE, 2013, p. 60).

Dessa forma, antes de instalar um sistema de rebaixamento de lençol


freático, bem como escolher o sistema que rebaixará o lençol freático, os en-
genheiros devem avaliar o volume de água existente. Além disso, é importante
que os profissionais envolvidos no projeto de rebaixamento do lençol freático
tenham conhecimento específico sobre esse tipo de drenagem.

Segundo Marangon (2004), antes de escolher o método de rebaixamento do lençol


freático, é importante que os engenheiros observem o nível de água do subsolo, a
quantidade de água que se infiltra (e que eventualmente precisará ser bombeada) e
os recalques que porventura possam aparecer nas vizinhanças das escavações.

Guidicini e Nieble (2013) complementam os cuidados que os profissionais


devem ter em relação aos projetos e à implantação do rebaixamento do lençol
freático e descrevem que os aspectos ambientais da área onde a obra ocorrerá
devem ser levados em consideração. Dentre esses aspectos ambientais, os
autores citam os seguintes:

 complexo geológico — como é o caso da natureza petrográfica, estado


de alteração por intemperismo, acidentes tectônicos (falhamentos, do-
bramentos), altitudes das camadas, formas estratigráficas, intensidade
de diachasamento, entre outros;
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 complexo morfológico — inclinação superficial, massa, forma de relevo,


entre outros;
 complexo climático-hidrológico — clima da região, índices pluviomé-
tricos, regime de águas subterrâneas, entre outros;
 calor solar;
 tipo de vegetação original.

O rebaixamento de lençol freático acaba interferindo diretamente na fun-


dação da estrutura/obra e, consequentemente, acaba interferindo em todas as
demais fases de construção. É preciso que os profissionais envolvidos tomem
cuidados durante o rebaixamento do lençol freático, visto que possíveis danos
à vizinhança podem ocorrer. Dentre os problemas, Barros (2020) descreve:

 formação de trincas nas paredes e muros de divisa;


 afundamentos de pisos;
 emperramento de portas e janelas em edificações vizinhas;
 prejuízos e danos em revestimento (surgimento de rachaduras) e em
tubulações;
 afundamentos nas calçadas e no asfalto;
 colapso da estrutura (em casos mais graves).

Contudo, para que os prejuízos citados de fato ocorram, é necessário que


se constate uma série de erros. Allen e Iano (2013) descrevem também que,
em relação ao rebaixamento do lençol freático, os engenheiros e profissionais
envolvidos no projeto devem tomar cuidado com o recalque.

Recalque, também denominado assentamento, refere-se ao rebaixamento que algumas


edificações sofrem em função do adensamento do solo sob sua fundação. As trincas
e rachaduras nas edificações são algumas das consequências do recalque.

O rebaixamento do lençol freático busca garantir que o solo no fundo da


escavação/obra mantenha a densidade e as características de compactação,
não causando, assim, prejuízos durante a execução da obra ou mesmo após
o seu término. Dessa forma, busca-se reduzir a umidade do solo e permitir
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condições de trabalhabilidade. A segurança na obra também é outro objetivo


do rebaixamento do lençol freático, considerando a melhora das condições de
estabilidade de taludes, evitando escorregamento e reduzindo as dimensões
da área requerida para a obra.

No México, o Palácio de Belas Artes recalcou-se mais de 4,5 metros no solo argiloso
desde que foi construído na década de 1930. Esse é um caso extremo, em que houve
erros graves tanto no sistema de rebaixamento do lençol freático quanto de fundações
na edificação. É comum haver recalques em edificações, mas, geralmente, limita-se a
quantidades medidas em milímetros.

É essencial que os engenheiros analisem cada projeto de forma única,


pois um sistema implantado em determinada obra não necessariamente será
eficaz em outra obra, já que se tem variação do tipo de solo, da profundidade
do lençol freático, dos índices pluviométricos, da geomorfologia do local,
dentre vários outros fatores.

ALLEN, E.; IANO, J. Fundamentos da engenharia de edificações: materiais e métodos. 5.


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Sistemas de rebaixamento do lençol freático 15

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