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MÁRIO CICARELI PINHEIRO

DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO


DE ESTUDOS HIDROLÓGICOS
E DIMENSIONAMENTOS HIDRÁULICOS EM OBRAS DE
MINERAÇÃO

1ª EDIÇÃO

MARÇO DE 2011
ÍNDICE SUMARIZADO

APRESENTAÇÃO

AGRADECIMENTOS

DEDICATÓRIA

PREFÁCIO

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 2. TIPOS DE OBRAS HIDRÁULICAS EM MINERAÇÃO

CAPÍTULO 3. ELEMENTOS DE HIDROLOGIA

CAPÍTULO 4. ESTUDOS DE BALANÇO HÍDRICO

CAPÍTULO 5. CRITÉRIOS PARA DIMENSIONAMENTO HIDROLÓGICO

CAPÍTULO 6. CRITÉRIOS PARA LEVANTAMENTOS TOPOBATIMÉTRICOS

CAPÍTULO 7. CRITÉRIOS PARA DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO

CAPÍTULO 8. DEFINIÇÃO DE INDICADORES PARA GESTÃO DE SEGURANÇA

CAPÍTULO 9. ESTUDOS E DIMENSIONAMENTOS NAS ETAPAS DE VIDA ÚTIL

CAPÍTULO 10. APRESENTAÇÃO DE MEMORIAIS DESCRITIVOS E DE CÁLCULO

CAPÍTULO 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXO: ESTUDOS DE CHUVAS INTENSAS NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA DIFL


ÍNDICE DETALHADO

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................8

AGRADECIMENTOS............................................................................................................. 9

DEDICATÓRIA...................................................................................................................10

PREFÁCIO........................................................................................................................ 11

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 12

1.1. Considerações Iniciais..................................................................................................12


1.2. Estrutura do Documento...............................................................................................14
1.3. Nomenclatura e Siglas..................................................................................................16
1.4. Definições..................................................................................................................... 16
2. TIPOS DE OBRAS HIDRÁULICAS EM MINERAÇÃO..........................................................21

3. ELEMENTOS DE HIDROLOGIA.......................................................................................26

3.1. Requerimento de Dados Básicos..................................................................................26


3.2. Monitoramento Hidrometeorológico..............................................................................30
3.3. Monitoramento Hidrométrico.........................................................................................30
3.4. Processamento de Dados e Análise de Consistência...................................................31
3.5. Estabelecimento de Séries de Vazões..........................................................................34
3.6. Características do Regime Hidrológico Médio...............................................................37
3.7. Características do Regime Hidrológico de Estiagem.....................................................38
3.8. Características do Regime Hidrológico de Cheias .......................................................43
3.9. Regularização de Vazões de Estiagem.........................................................................44
3.10. Avaliação de Ofertas Hídricas.....................................................................................47
3.11. Metodologias de Regionalização Hidrológica..............................................................48
3.11.1. Critério Geral para Aplicação das Metodologias..................................................................49

3.11.2. Regionalização da Vazão Média de Longo Termo..............................................................50

3.11.3. Regionalização da Curva de Permanência de Vazões........................................................51

3.11.4. Regionalização da Curva de Frequência de Vazões Mínimas............................................53

3.11.5. Regionalização da Curva de Regularização de Vazões de Estiagem.................................54

3.12. Delimitação da Região de Abrangência......................................................................56


3.13. Características Físicas de Bacias Hidrográficas.........................................................57
4. ESTUDOS DE BALANÇO HÍDRICO.................................................................................63
4.1. Balanço Hídrico de Bacias Hidrográficas......................................................................64
4.2. Balanço Hídrico de Unidades Industriais.......................................................................64
4.3. Balanço Hídrico de Reservatórios.................................................................................66
4.4. Integração de Balanços entre Reservatórios e Unidades Industriais............................71
5. CRITÉRIOS PARA DIMENSIONAMENTO HIDROLÓGICO....................................................73
5.1. Vazões de Referência para Captação a Fio-d’Água......................................................73
5.2. Volume Útil para Regularização de Vazões..................................................................75
5.3. Volume para Retenção de Rejeitos...............................................................................75
5.4. Volume para Retenção de Sedimentos.........................................................................76
5.5. Bacias de Decantação..................................................................................................83
5.6. Cálculo de Cheias de Projeto........................................................................................84
5.6.1. O Conceito de Cheia de Projeto............................................................................................84

5.6.2. Método Direto: Análise de Frequência de Dados Fluviométricos..........................................84

5.6.3. Métodos Indiretos.................................................................................................................. 85

5.6.4. Pluviologia: Relações Altura-Duração-Frequência................................................................86

5.6.5. Pluviologia: Ietogramas de Chuvas de Projeto......................................................................90

5.6.6. Pluviologia: Distribuição Espacial de Chuvas de Projeto.......................................................92

5.6.7. PMP: Precipitação Máxima Provável.....................................................................................95

5.6.8. Cálculo da Precipitação Efetiva............................................................................................. 95

5.6.9. Método Racional.................................................................................................................... 97

5.6.10. Método do Hidrograma Unitário Sintético............................................................................99

5.6.11. Simulação Hidrológica: Modelos Concentrados................................................................101

5.6.12. Simulação Hidrológica: Modelos Distribuídos....................................................................102

5.7. Volume para Amortecimento de Cheias......................................................................102


5.7.1. Critérios Gerais e Premissas...............................................................................................104

5.7.2. Barragem de Rejeitos.......................................................................................................... 110

5.7.3. Barragem de Água.............................................................................................................. 115

5.7.4. Barragem de Contenção de Sedimentos.............................................................................116

5.7.5. Síntese dos Critérios de Projeto..........................................................................................117

5.8. Níveis Operativos Notáveis de Reservatórios.............................................................118


5.9. Borda Livre de Barragens...........................................................................................121
5.10. Estruturas de Desvio de Cursos de Água..................................................................122
5.11. Estruturas de Travessia............................................................................................124
5.12. Estruturas de Drenagem de Cavas e Pilhas..............................................................125
5.13. Estruturas de Drenagem Periférica em Barragens de Rejeitos.................................128
6. CRITÉRIOS PARA LEVANTAMENTOS TOPOBATIMÉTRICOS............................................130
6.1. Batimetria de Seções Fluviais.....................................................................................130
6.1. Batimetria de Reservatórios........................................................................................132
7. CRITÉRIOS PARA DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO.....................................................135
7.1. Dimensionamento de Estruturas Hidráulicas...............................................................137
7.1.1. Canais ................................................................................................................................ 137

7.1.2. Vertedouros......................................................................................................................... 141

7.1.3. Orifícios............................................................................................................................... 147

7.1.4. Condutos Afogados............................................................................................................. 149

7.1.5. Bacias de Dissipação de Energia........................................................................................150

7.1.6. Canais de Restituição.......................................................................................................... 154

7.1.7. Descidas de Água............................................................................................................... 157

7.1.8. Caixas de Passagem........................................................................................................... 161

7.1.9. Estruturas de Emboques..................................................................................................... 162

7.1.10. Estruturas de Desemboques em Desníveis Localizados...................................................164

7.1.11. Transições......................................................................................................................... 167

7.1.12. Desarenadores.................................................................................................................. 171

7.1.13. Canais em Curva............................................................................................................... 173

7.1.14. Sifões................................................................................................................................ 175

7.2. Sistema de Extravasamento a Superfície Livre...........................................................177


7.2.1. Arranjos Típicos................................................................................................................... 177

7.2.2. Passos de Cálculo para Dimensionamento.........................................................................179

7.3. Sistema de Extravasamento Poço-Galeria..................................................................184


7.4. Comportas e Válvulas.................................................................................................185
7.5. Dispositivo para Manutenção de Fluxo Residual.........................................................188
7.6. Bueiros........................................................................................................................ 189
7.7. Pontes e Travessias....................................................................................................196
7.8. Obras de Drenagem....................................................................................................199
7.8.1. Projeto Conceitual de Drenagem.........................................................................................200

7.8.2. Canaletas de Drenagem...................................................................................................... 202


7.8.3. Canais Periféricos............................................................................................................... 204

7.8.4. Descidas de Água............................................................................................................... 205

7.8.5. Caixas de Passagem........................................................................................................... 207

7.8.6. Dispositivos de Dissipação de Energia................................................................................207

7.8.7. Bacias de Detenção............................................................................................................ 207

7.8.8. Bombeamento das Águas................................................................................................... 208

7.8.9. Bacias de Contenção de Sedimentos..................................................................................208

7.8.10. Projeto Básico de Drenagem............................................................................................. 210

7.9. Tomadas de Água.......................................................................................................211


7.10. Obras Hidráulicas Especiais.....................................................................................211
7.11. Dimensionamento de Barragens...............................................................................212
7.11.1. Critérios Gerais.................................................................................................................. 212

7.11.2. Barragem de Contenção de Rejeitos.................................................................................213

7.11.3. Barragem de Contenção de Sedimentos...........................................................................213

7.11.4. Barragem de Água............................................................................................................ 213

7.11.5. Barragem de Usos Múltiplos..............................................................................................213

7.12. Tópicos de Hidráulica Fluvial.....................................................................................214


8. DEFINIÇÃO DE INDICADORES PARA GESTÃO DE SEGURANÇA......................................219
8.1. Indicador Hidrológico..................................................................................................219
8.2. Indicador de Capacidade de Água..............................................................................221
8.3. Indicador de Capacidade para Rejeito........................................................................223
9. ESTUDOS E DIMENSIONAMENTOS NAS ETAPAS DE VIDA ÚTIL.....................................226
9.1. Estudos Preliminares de Gestão Ambiental e Territorial (GAT)...................................226
9.2. Projeto Conceitual e Análise de Alternativas...............................................................227
9.3. Estudos de Viabilidade................................................................................................229
9.4. Projeto Básico............................................................................................................. 229
9.5. Construção e Projeto Executivo..................................................................................230
9.6. Operação.................................................................................................................... 231
9.7. Desativação................................................................................................................ 231
10. APRESENTAÇÃO DE MEMORIAIS DESCRITIVOS E DE CÁLCULO....................................232
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................235
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................237
ANEXO: ESTUDOS DE CHUVAS INTENSAS NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA DIFL..............243
APRESENTAÇÃO

O setor de mineração representa uma importante atividade industrial para o Brasil, gerando
movimentações que totalizam 10,5% do PIB nacional e 25% do saldo da balança comercial.
Nesse cenário, a VALE tornou-se a segunda maior empresa do País e a segunda maior
empresa de mineração do Mundo, sendo a líder mundial na extração de minério de ferro.

Nas suas operações de lavra, beneficiamento e transporte de minério, a VALE executa


diversas operações que envolvem o uso da água, quer seja para utilização industrial, quer seja
para disciplinamento das águas nocivas que interferem com a produção. Em todas as
operações de manejo e uso da água, são envolvidas as atividades de concepção, projeto e
operação de obras hidráulicas diversas, destinadas à condução e armazenamento das águas e
à disposição de rejeitos.

Ao elaborar diretrizes para a implantação interna de uma Política de Recursos Hídricos,


visando ao uso racional e manejo integrado da água em suas Unidades Industriais, a VALE
vem executando todas as obras hidráulicas requeridas para a redução do consumo específico,
diminuindo a pegada hídrica de seus produtos minerais, bem como tem aumentado os índices
de recirculação, com recuperação e reuso das águas industriais e redução de lançamento de
efluentes.

Ciente da necessidade de executar as obras hidráulicas com padrões confiáveis de segurança,


a VALE tem investido no aprimoramento dos projetos e da operação das obras hidráulicas, por
meio da realização de auditorias regulares e revisão dos critérios de dimensionamento. As
equipes técnicas da POTAMOS vêm trabalhando junto à VALE desde 1996, elaborando
diagnósticos de usos da água e dimensionamentos de obras hidráulicas, podendo acompanhar
no campo o desempenho operativo das estruturas. Ao ficar patente a necessidade de se
proceder a uma revisão e adequação dos critérios de projeto das obras hidráulicas em
mineração, a VALE apoiou a execução desse trabalho, que reuniu aspectos práticos de
acompanhamentos operativos em tempo real e conceitos clássicos de dimensionamento,
permitindo a divulgação dessa experiência para aprimoramento da engenharia hidráulica
brasileira.

GTGH – Grupo Temático de Geotecnia e Hidrogeologia da VALE


AGRADECIMENTOS

À equipe de técnicos da POTAMOS, nas pessoas dos engenheiros Rodney Tagliatti Ribeiro e
Fernando Alves Lima, das engenheiras Alessandra Aparecida de Lima, Viviane Borda Pinheiro
e Alessandra Rabelo Porto, e dos técnicos em geoprocessamento Douglas de Almeida
Rodrigues e Marlon Vinicius Gomes de Souza, pelo suporte na elaboração de figuras e
diagramação do texto.

Ao engenheiro Felipe Figueiredo Rocha, da Pimenta de Ávila Consultoria Ltda., pelas revisões
e adequações de fórmulas e referências bibliográficas, e ao amigo e professor Bela Petry, pela
cuidadosa revisão e análise da pertinência do texto como guia para dimensionamento de obras
hidráulicas.

Aos engenheiros César Luiz Alves e Washington Pirete, do Grupo Temático de Geotecnia e
Hidrogeologia da VALE, pelo fornecimento de sugestões, casos práticos de aplicação e
indicação dos focos de maior importância para o projeto das obras hidráulicas em mineração.

Belo Horizonte, julho de 2011.

Mário Cicareli Pinheiro


DEDICATÓRIA

A elaboração desse Documento foi viabilizada em função das oportunidades oferecidas pela
VALE nos últimos anos, ao colocar os profissionais da POTAMOS Engenharia e Hidrologia
Ltda. em contato com problemas práticos ligados ao dimensionamento e à operação das obras
hidráulicas implantadas em suas Unidades Industriais.

Como mérito especial, deve ser destacada a atuação do Geólogo Armando Mangolim Filho,
que levantou as primeiras contestações a respeito dos critérios tradicionais de
dimensionamento das obras hidráulicas em mineração, sugerindo a necessidade de
aperfeiçoamento das metodologias. Assim, a esse profissional deve ser creditado o
estabelecimento da base conceitual para a caracterização dos problemas, que culminou em
sugestões renovadoras e na percepção da necessidade de adequação dos métodos clássicos
às peculiaridades apresentadas pelo setor de mineração.

A ideia central da elaboração do Documento surgiu a partir de um curso programado pela MBR
com o objetivo de promover a equalização do conhecimento de seus técnicos nas áreas de
Hidrologia e Hidráulica, aplicadas ao dimensionamento das obras em mineração. O curso,
ministrado no primeiro semestre de 2006, teve a duração de 80 horas-aula e foi baseado em
uma ementa especial, combinando teoria com os problemas reais que eram resolvidos pela
empresa.

A equipe técnica da POTAMOS agradece a oportunidade oferecida pelas empresas VALE e


MBR e dedica o Documento à perseverança e ao caráter construtivo e contestatório do
Geólogo Armando Mangolim Filho.
PREFÁCIO

Nas últimas décadas, o setor de mineração vem crescendo de forma acentuada no Brasil,
demandando vultosos investimentos em obras de infraestrutura, muitas delas no contexto da
Engenharia de Recursos Hídricos. Tradicionalmente em nosso País, os manuais relacionados
ao dimensionamento de obras hidráulicas foram desenvolvidos para as aplicações dos setores
de geração de energia elétrica, de drenagem urbana e de irrigação, não se encontrando
nenhuma referência específica para o setor de mineração.

Foi pensando em preencher essa lacuna que surgiu a ideia de elaboração desse Documento,
que acumula a experiência da POTAMOS Engenharia e Hidrologia Ltda. ao longo dos últimos
18 anos em estudos e projetos para diversas empresas de mineração e principalmente para a
VALE, que vem oferecendo a oportunidade de acompanhamento permanente do desempenho
operativo das suas obras hidráulicas.

O Documento não teve a pretensão de fazer exaustivas revisões de Hidrologia e Hidráulica,


mas apenas se concentrar em alguns tópicos que eram essenciais para o entendimento de
conceitos apresentados. Assim, pressupõe-se que o usuário dessas diretrizes tenha
conhecimentos básicos dessas disciplinas, devendo recorrer à bibliografia especializada para o
aprofundamento de algum tópico.

Especificamente no que concerne ao dimensionamento das obras hidráulicas, procurou-se dar


uma abordagem diferenciada no Capítulo 7, apresentando passos de cálculo, premissas e
condicionantes de projeto e grandezas envolvidas nos cálculos, além de indicar a gradação do
emprego progressivo dos conceitos do escoamento uniforme e gradualmente variado.

Embora o foco do Documento concentre-se nas aplicações em projetos de mineração, muitos


conceitos e passos de cálculo poderão ser também aplicados no dimensionamento de obras
hidráulicas para outros setores da Engenharia de Recursos Hídricos, principalmente quando há
necessidade de lidar com a escassez de dados de monitoramento hidrométrico e de fixar
durações críticas para as chuvas de projeto, diferentes dos tempos de concentração das bacias
hidrográficas.

Mário Cicareli Pinheiro


POTAMOS ENGENHARIA E HIDROLOGIA LTDA.
Av. Barão Homem de Melo, 4386 – 14º andar – Estoril
30450-250 - BELO HORIZONTE-MG
e-mail: mario.cicareli@potamos.com.br
Tel. (31) 3297-6292
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Para realizar as suas atividades de extração, processamento e expedição de minérios, a VALE


mantém diversas Unidades Industriais, abrangendo as minas, a logística de transporte por
estradas e ferrovias e os portos de embarque. Em todas as unidades, a água aparece como
um recurso natural que interfere com as atividades fins, ora sendo útil nas captações para
consumo humano, para beneficiamento de minério ou para umectação de áreas, ora sendo
nociva quando presente em excesso nas praças de trabalho.

Qualquer que seja a condição em que a água se apresenta na Unidade Industrial, útil ou
nociva, o seu armazenamento e condução devem ser feitos por meio das obras hidráulicas,
que são estruturas concebidas e dimensionadas especialmente para o escoamento das
vazões, preservando-se a integridade das demais estruturas do empreendimento.

Embora existam critérios consagrados para o dimensionamento de obras hidráulicas, algumas


características inerentes às atividades de mineração introduzem peculiaridades que exigem
adaptações nos critérios. Dentre as características que remetem para uma adequação de
critérios, podem ser citadas:

 Em geral as minas encontram-se localizadas em cabeceiras de bacias hidrográficas,


interferindo com cursos de água de pequeno porte, para os quais não existem registros de
monitoramento de vazões;

 As barragens construídas para disposição de rejeitos nem sempre podem ser implantadas
em locais ideais sob os aspectos hidráulicos, topográficos e geotécnicos, devendo ser
consideradas as restrições de cunho ambiental e de limites de propriedade das
mineradoras, as quais criam condicionantes que requerem adequações nos critérios
convencionais de dimensionamentos;

 Os reservatórios formados pelas barragens de contenção de rejeitos tendem a ocupar


parcelas substanciais das áreas das respectivas bacias hidrográficas, resultando em uma
total alteração no regime hidrológico, principalmente na gênese das cheias;

 A arquitetura das obras hidráulicas em mineração deve ser adaptada à dinâmica das
alterações constantes, inerentes às operações de lavra, tais como alteamentos de
barragens de rejeitos, avanços de taludes de cavas de minas e pilhas de estéril e relocação
de estradas de acesso.

POTAMOS / VALE 13
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Por conta dessas peculiaridades, nem sempre os critérios convencionais de dimensionamento


de obras hidráulicas aplicam-se diretamente nos projetos de mineração, passando por
adaptações que variam segundo a empresa projetista, sem uma padronização de critérios.
Também o setor de energia elétrica apresentava esse problema de diversidade de critérios, o
que resultou na elaboração de manuais específicos pela ELETROBRÁS, para facilitar a análise
de projetos e a montagem de especificações técnicas para a contratação de serviços.
Pretende-se, com o presente Documento, estabelecer diretrizes específicas para o
dimensionamento de obras hidráulicas em mineração, tendo como molde as publicações da
ELETROBRÁS (2000) e da ELETROBRÁS & CBDB (2003).

Outro fato que ressaltou a importância da fixação de critérios para o dimensionamento das
obras hidráulicas em mineração surgiu no decorrer dos dois últimos anos, a partir do momento
em que a VALE iniciou as atividades de implantação do SGBP – Sistema de Gestão de
Barragens e Pilhas. Um dos produtos desse sistema, nas áreas de Hidrologia e Hidráulica, é o
cálculo de indicadores de segurança hidrológica das barragens, de capacidade de
fornecimento de água em reservatórios de regularização e de capacidade de contenção de
rejeitos. No processo de cálculo desses indicadores, de suma importância para a garantia da
segurança das barragens contra galgamento por ondas de cheias e para a manutenção da
integridade operativa das Unidades Industriais, a VALE deparou-se com a diversidade de
critérios adotados pelas empresas projetistas e com a falta de padronização para a
apresentação dos relatórios descritivos de projeto. Por causa desse problema, alguns
indicadores não puderam ser calculados de imediato, acarretando a necessidade de pesquisar
arquivos de projetos e até de fazer levantamentos específicos de campo, para determinar as
condições as built das obras.

Na implantação do SGPB também ficou patente a importância de serem observadas as


seguintes ações:

 O dimensionamento hidráulico-hidrológico das barragens deve ser integrado com as demais


obras, nas situações de existir uma série de reservatórios em cascata em uma mesma
bacia hidrográfica;

 A necessidade de fixação de premissas e condicionantes de projeto para o


dimensionamento dos vertedouros, principalmente nos aspectos concernentes ao volume
de amortecimento de cheias;

 Elaboração e acompanhamento operativo de planos de disposição de rejeitos nas


barragens, como forma de otimizar o espaço disponível para essa finalidade;

 Os levantamentos topobatimétricos dos reservatórios devem ser executados de acordo com


os planos de disposição de rejeitos e de utilização de água nos reservatórios;

 O balanço hídrico das Unidades Industriais deve converter-se em uma atividade de rotina,
com revisões pelo menos a cada 6 meses;

 Necessidade de fixação dos níveis operativos notáveis dos reservatórios, acompanhando a


dinâmica evolutiva dos depósitos de rejeitos.

POTAMOS / VALE 14
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

1.2. ESTRUTURA DO DOCUMENTO

O presente Documento foi elaborado com a finalidade de estabelecer as diretrizes para


elaboração dos estudos hidrológicos e dimensionamentos hidráulicos, aplicados ao projeto de
obras em mineração. A motivação central de elaboração do trabalho transparece na
necessidade de padronização dos critérios aplicados ao projeto das obras hidráulicas, o que se
traduz na agilidade de análise e discussão dos projetos pelas equipes internas da VALE, além
de facilitar a montagem de termos de referência para a contratação dos serviços.

O Documento está estruturado em 12 capítulos, incluindo essa Introdução, com o


encadeamento dos seguintes tópicos:

 Capítulo 2 - Tipos de Obras em Mineração: apresentação das obras hidráulicas que são
implantadas como suporte às atividades de mineração, incluindo as áreas de minas e de
logística de transportes e embarque.
 Capítulo 3 – Elementos de Hidrologia: abordagem dos principais tópicos de Hidrologia
que suportam o dimensionamento das obras e as avaliações das ofertas hídricas nas áreas
dos empreendimentos. Abrange o requerimento de dados básicos, as necessidades de
monitoramento hidrométrico, os métodos de análise e consistência de dados, os cálculos
das características do regime hidrológico dos cursos de água, os critérios de avaliação das
ofertas hídricas, as metodologias de regionalização de vazões e o cálculo de cheias de
projeto.
 Capítulo 4 - Estudos de Balanço Hídrico: basicamente reportando e enfatizando a
importância da PRO-DIAT de Procedimentos para Elaboração de Balanço Hídrico,
aplicados às Unidades Industriais da VALE.
 Capítulo 5 - Critérios para Dimensionamento Hidrológico: apresentação dos critérios de
cálculo das vazões de dimensionamento para cada tipo de obra hidráulica e dos volumes
notáveis para amortecimento de cheias, retenção de rejeitos e sedimentos e regularização
de vazões de estiagem.
 Capítulo 6 - Critérios para Levantamentos Topobatimétricos: constituído praticamente
de uma especificação para os serviços de campo, aplicados aos levantamentos em cursos
de água e reservatórios.
 Capítulo 7- Critérios para Dimensionamento Hidráulico: apresentação de roteiros para o
dimensionamento das estruturas hidráulicas, constituídas por vertedouros em lâmina livre,
vertedouros tipo poço-galeria, dispositivos para manutenção de fluxo residual a jusante de
barragens, bacias de dissipação de energia, bueiros e pontes, canaletas de drenagem,
descidas de água e tomadas de água.
 Capítulo 8 - Definição de Indicadores para Gestão de Segurança: relacionado aos
métodos de cálculo dos indicadores hidráulicos e hidrológicos do SGBP.
 Capítulo 9 - Estudos e Dimensionamentos nas Etapas de Vida Útil: discriminação das
sequências de estudos e cálculos para dimensionamento das obras em cada etapa da vida
útil da Unidade Operacional, abrangendo a seleção de locais, a viabilidade, o projeto
básico, a implantação, a operação e a fase de desativação.

POTAMOS / VALE 15
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

 Capítulo 10 - Apresentação de Memoriais Descritivos e de Cálculo: contendo


recomendações específicas para a montagem de termos de referência e orientações às
empresas projetistas na forma de elaboração de relatórios técnicos.
 Capítulo 11 - Considerações Finais: apresentação em destaque do resumo dos critérios
que foram adaptados para as obras de mineração.

Ao final, são apresentadas as Referências Bibliográficas, contendo a discriminação de todas


as citações feitas no texto, que constituem parte integrante e agregada a esse documento.
Como complemento, apresenta-se no ANEXO uma síntese dos estudos de chuvas intensas e
de cálculo de Precipitação Máxima Provável, encomendados pela VALE, para aplicação nos
projetos localizados na região do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais.

Em razão da abrangência dos temas abordados e para facilitar a consulta, no Quadro 1.1 são
listados alguns tópicos de maior interesse e o respectivo item de figuração no texto.

Quadro 1.1 – Listagem de tópicos de maior interesse e item de localização no texto.


TÓPICO DE INTERESSE LOCALIZAÇÃO NO TEXTO
Borda livre – canais Subitem 7.1.1
Borda livre – reservatórios Item 5.9
Cheia de projeto – análise de frequência Subitem 5.6.2
Cheia de projeto – métodos indiretos de cálculo Subitem 5.6.3
Cheia de projeto - dimensionamento de barragens Item 5.7
Chuva de projeto – geral Subitem 5.6.5
Chuva de projeto – cálculo da chuva efetiva Subitem 5.6.8
Chuva de projeto – abatimento Subitem 5.6.6
Chuva de projeto – duração crítica Subitem 5.6.10
Chuva de projeto – desagregação Subitem 5.6.4
Equação de Chuvas Intensas Subitem 5.6.4
Equilíbrio fluvial Item 7.12
Estiagem - previsão Item 3.7
Etapas da vida útil das obras hidráulicas Capítulo 9
Inércia volumétrica Item 1.4
Memoriais descritivo e de cálculo Capítulo 10
NBR 13028 Item 5.12
Peculiaridades e características das obras hidráulicas em mineração Item 1.1 e Capítulo 2
PMP – Precipitação Máxima Provável Subitem 5.6.7
Região de Abrangência Item 3.12
Representações numéricas das variáveis hidrológicas e hidráulicas Capítulo 10
Reservatório off-stream Item 3.9
Reservatório equivalente Item 3.9
Risco hidrológico Item 5.10
SGBP – Sistema de Gestão de Barragens e Pilhas: indicadores Capítulo 8
Volume de espera para amortecimento de cheias (VESP) Item 5.7

POTAMOS / VALE 16
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

1.3. NOMENCLATURA E SIGLAS

Listagem das nomenclaturas, abreviações e siglas utilizadas no texto do Documento:

ABRH – Associação Brasileira de Recursos Hídricos


ANA – Agência Nacional de Águas
CBDB – Comitê Brasileiro de Barragens
COPAM – Conselho Estadual de Política Ambiental do Estado de Minas Gerais
D – Deflúvio médio anual
DIPF – Departamento de Planejamento de Ferrosos da VALE
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICOLD – International Committee on Large Dams
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia
MLT – Vazão média de longo termo de um curso de água
NA – Nível de água
Q7,10 – vazão mínima com 7 dias de duração e 10 anos de período de retorno
Q95 – vazão mínima com 95% de permanência no tempo
PRO – Procedimento de Operação da VALE
RMBH – Região Metropolitana de Belo Horizonte
SGBP – Sistema de Gestão de Barragens e Pilhas da VALE
SGE – Serviço Geográfico do Exército
SISGERH – Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos da VALE
TR – Período de Retorno
USACE – United States Army Corps of Engineers
USBR – United States Bureau of Reclamation
USGS – United States Geological Survey
VALE – Nome atual da antiga Companhia Vale do Rio Doce
VESP – Volume de amortecimento da cheia de projeto do vertedouro
VDISP – Volume efetivamente disponível para amortecimento de cheias
VU – volume útil para regularização de vazões

1.4. DEFINIÇÕES

A seguir apresenta-se um glossário com as definições dos termos técnicos utilizados no


Documento, buscando uma uniformização com a nomenclatura que está sendo instituída nas
PROs, nos estudos GAT – Gestão Ambiental e Territorial e nos sistemas SGPB e SISGERH.

 Borda Livre

Folga de elevações marcada entre o NA máximo maximorum e a cota de coroamento das


barragens. Em caso de canais, folga de elevação entre o perfil de escoamento da vazão de

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projeto e a cota do topo da parede do canal.


 Captação a Fio-d’água

Qualquer captação de água útil que opera diretamente com as vazões naturais do curso de
água, sem regularização de volumes.
 Cheia de Projeto

Sequência de evolução temporal das vazões de dimensionamento das estruturas


hidráulicas, compondo a figura denominada hidrograma.
 Comporta Ensecadeira

Dispositivo de controle de vazão colocado no topo dos vertedouros controlados, com as


finalidades de elevar o NA máximo normal ou de obstruir o fluxo, também denominado
stop-log.
 Consumo

Valor efetivo de vazão que é consumido de uma bacia hidrográfica, considerando a


recuperação da água nas barragens de rejeitos e o efeito de regularização dos
reservatórios.
 Cota de Coroamento

Elevação do topo do maciço das barragens, posicionada acima do NA máximo maximorum.


 Deflúvio Médio Anual

Volume médio escoado no período de 1 ano, calculado pelo produto da vazão MLT pelo
número de segundos do ano (365,25 x 86400 segundos).
 Demanda

Valor total de vazão requerido para a operação de uma Unidade Industrial, sem considerar
a recuperação de água que ocorre nas barragens de rejeitos.
 Disponibilidade Hídrica

Vazão efetivamente disponibilizada para utilização em uma Unidade Industrial, calculada a


partir do cotejo das ofertas hídricas com as demandas e consumos efetivos de água em
uma bacia hidrográfica.
 Estrutura Hidráulica

Denominação genérica para qualquer estrutura dimensionada para a condução ou


armazenamento de água (vertedouros, canais, bacias de dissipação de energia, bueiros,
pontes, canaletas, descidas de água).
 Evento de Precipitação

Qualquer precipitação registrada ou prognosticada caracterizada pelas grandezas básicas


de altura (mm) e duração (horas).
 Fluviograma

Gráfico representativo da evolução da vazão ao longo tempo, abrangendo longos períodos de


tempo, suficientes para identificar a sazonalidade entre estações chuvosas e de estiagem.

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 Fluxo Residual

Descarga mínima que deve ser mantida a jusante de uma barragem ou estrutura de
captação de água, visando a preservação da vida aquática, a manutenção de padrões de
qualidade de água e a garantia de suprimento de outros usuários.
 Hidrograma

Gráfico representativo da evolução da vazão ao longo do tempo, abrangendo curtos


períodos de tempo, geralmente associados à resposta da bacia hidrográfica a um evento de
precipitação.
 Inércia Volumétrica

Termo usado para designar as características da bacia hidráulica dos reservatórios que
apresentam volumes de armazenamento relativamente elevados em relação à magnitude
da área da bacia hidrográfica. Quantitativamente, pode-se considerar que um reservatório
apresenta inércia volumétrica se VU > 0,6 D, implicando em ciclos de operação plurianual,
e/ou VESP > 100 mm, que acarreta durações críticas maiores que 24 horas para a chuva
de cálculo da cheia de projeto do vertedouro (Nomenclatura: VU – volume útil; D – deflúvio
médio anual; VESP – volume de espera para amortecimento de cheias).
 NA Máximo Maximorum

Nível de água máximo alcançado pelo reservatório durante a operação de trânsito da cheia
de projeto.
 NA Máximo Normal

Nível de água do reservatório que corresponde à cota da soleira de vertedouro em lâmina


livre ou à cota do topo das comportas de vertedouro controlado.
 NA Mínimo Operativo

Nível de água mínimo de reservatório de regularização de vazões de estiagem,


correspondente à cota inferior de afogamento das estruturas de tomada de água.
 Obra Hidráulica

Obra de engenharia constituída de forma isolada por uma estrutura hidráulica ou por um
conjunto de diversas estruturas hidráulicas, acopladas de forma tal a permitir o escoamento
ou armazenamento de água em consonância com critérios de segurança.
 Oferta Hídrica

Vazão passível de ser outorgada em um curso de água, calculada por um percentual das
vazões mínimas de referência Q7,10 ou Q95, em observância à legislação vigente na área da
Unidade Industrial.
 Perfil de Escoamento

Linha que representa o traçado longitudinal da superfície de escoamento ao longo de uma


estrutura hidráulica.

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 Período de Retorno

Conceito estatístico que representa o intervalo esperado de anos entre ocorrências


consecutivas de um determinado evento de cheias, sendo calculado pelo inverso da
probabilidade de a vazão de cheia ser igualada ou excedida em um ano qualquer.
 Reservatório de Regularização

Reservatório artificial formado por barragem, com volume suficiente para aumentar o fluxo
natural de estiagem dos cursos de água.
 Seção Fluvial de Interesse

Seção do curso de água para a qual será desenvolvido o projeto da obra hidráulica, que
incorpora as características físicas da respectiva bacia hidrográfica de contribuição.
 Tomada de Água

Estrutura hidráulica de captação de água para aproveitamento de água útil, podendo estar
implantada em reservatórios ou uma seção fluvial.
 Unidade Industrial

Denominação genérica para qualquer empreendimento da VALE, podendo ser uma mina e
respectivas instalações de beneficiamento de minério, as ferrovias e estradas de acesso e
os portos de embarque.
 Vazão Média MLT

Vazão média de longo termo de um curso de água, correspondendo ao valor que,


ocorrendo com distribuição constante no tempo, resultaria no mesmo deflúvio total escoado.
 Vazão Mínima Q7,10

Vazão mínima de referência de um curso de água, correspondendo ao quantil de 10 anos


de período de retorno das amostras dos valores mínimo anuais de vazões com 7 dias de
duração.
 Vazão Mínima Q95

Vazão mínima de referência de um curso de água, correspondendo ao percentil da curva de


permanência das vazões que são igualadas ou excedidas em 95% do tempo.
 Vazão de Projeto

Vazão de dimensionamento das estruturas hidráulicas, representada por um único valor,


geralmente o pico ou vazão máxima dos hidrogramas de cheias.
 Vertedouro Controlado

Vertedouro que opera com qualquer tipo de comporta.


 Vertedouro em Lâmina Livre

Vertedouro que opera sem controle, com escoamento a superfície livre.


 Volume de Contenção de Rejeitos

Volume alocado abaixo do NA máximo normal de um reservatório, tendo como finalidade a


disposição de rejeitos gerados nos processos de beneficiamento de minério.

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 Volume de Espera

Volume alocado entre o NA máximo normal e o NA máximo maximorum de um reservatório,


tendo como finalidade o amortecimento da cheia de projeto do vertedouro.
 Volume Morto

Volume alocado abaixo do NA mínimo operativo de um reservatório, tendo como finalidades


a retenção de sedimentos para preservação do volume útil ou o afogamento de estruturas
de tomada de água.
 Volume Útil de Regularização

Volume alocado entre o NA mínimo operativo e o NA máximo normal de um reservatório,


tendo como finalidade a regularização de uma descarga constante para atendimento de
uma demanda.

POTAMOS / VALE 21
CAPÍTULO 2
TIPOS DE OBRAS HIDRÁULICAS EM MINERAÇÃO

A seguir são listadas as obras hidráulicas comumente implantadas nas Unidades Industriais da
VALE, com indicação das peculiaridades de cada estrutura que são condicionadoras para a
fixação de critérios de dimensionamento.

Barragem de Contenção de Rejeito (Barragem de Rejeito)

Obras de barramento destinadas à disposição dos rejeitos gerados no beneficiamento de


minério, geralmente formando um reservatório que permite a clarificação da água decantada e
a posterior recuperação para reuso no processo industrial.

Estruturas hidráulicas componentes: vertedouro, canal de descarga, bacia de dissipação de


energia, tomada de água, dispositivo de manutenção de fluxo residual.

Características especiais condicionadoras de critérios: localização em cabeceiras de bacias


hidrográficas, obras de grande porte localizadas em áreas de drenagem relativamente
pequenas, reservatórios com grande inércia volumétrica, construção em etapas sucessivas de
alteamentos, vida útil de curta duração, possibilidade de conter resíduos tóxicos.

Em determinadas condições, o reservatório de água formado pela Barragem de Rejeitos pode


ser utilizado também para a regularização de vazões de estiagem do curso de água,
transformando-se a obra em uma Barragem de Uso Múltiplo.

Barragem de Contenção de Sedimentos

Obras de barramento destinadas à contenção dos sedimentos gerados nas áreas das
Unidades Industriais, geralmente implantadas a jusante de pilhas de estéreis ou de locais com
grandes movimentos de terra. Comumente designadas de Barragens de Contenção de Finos,
essas obras podem requerer manutenção permanente de desassoreamento dos reservatórios,
durante o ciclo de operação da Unidade Industrial.

Algumas Barragens de Contenção de Sedimentos podem ser construídas na forma de diques


de enrocamento, com estruturas galgáveis que funcionam como vertedouro. Nos casos de a
barragem ser construída de forma convencional, têm-se as seguintes estruturas hidráulicas
componentes: vertedouro, canal de descarga e bacia de dissipação de energia.

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Características especiais condicionadoras de critérios: localização em áreas com elevado


potencial de geração de sedimentos e ausência de dados de monitoramento, necessidade de
manutenção antes do esgotamento total do volume morto, vida útil de curta duração.

Barragem de Água

Obras de barramento destinadas exclusivamente à regularização de vazões de estiagem,


geralmente implantadas em bacias mais preservadas, nas proximidades da Unidade Industrial.

Estruturas hidráulicas componentes: vertedouro, canal de descarga, bacia de dissipação de


energia, tomada de água e dispositivo de manutenção de fluxo residual.

Tomada de Água

Obra de captação de água para abastecimento da Unidade Industrial, podendo ser implantada
em reservatórios ou diretamente na calha de um curso de água. As captações localizadas em
reservatórios podem ser feitas por meio de balsas com as instalações de bombeamento ou por
meio de torres, conectadas a tubulações de sucção até uma estação elevatória. Nos casos de
localização diretamente nas calhas dos cursos de água, tem-se geralmente uma captação a
fio-d’água, constituída por uma soleira de elevação de NA, canal de adução, desarenador e
estação elevatória.

Estruturas hidráulicas componentes: barragem de elevação de NA, canal de adução,


desarenador, torre ou flauta, tubulação de sucção ou de adução, estação elevatória.

Sistemas de Drenagem Transversal de Rodovias e Ferrovias

Obras-de-arte correntes (bueiros) ou especiais (pontes), implantadas nas travessias do sistema


viário sobre os talvegues ou quaisquer canais de desvio de fluxo.

Estruturas hidráulicas componentes: emboques, canais tubulares ou celulares, bacias de


dissipação de energia.

Sistemas de Drenagem Longitudinal de Rodovias e Ferrovias

Obras destinadas à coleta e escoamento do fluxo de escoamento superficial gerado nos


pavimentos ou nos taludes de cortes e aterros do sistema viário.

Estruturas hidráulicas componentes: canaletas, canais, descidas de água, caixas de


passagem, bacias de dissipação de energia, bueiros de greide, bacias de detenção.

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Sistemas de Drenagem de Cavas e Pilhas

Obras destinadas à coleta e escoamento do fluxo de escoamento superficial gerado nos


taludes de cavas de minas e de pilhas de estéreis.

Estruturas hidráulicas componentes: canaletas, canais, descidas de água, caixas de


passagem, bacias de dissipação de energia, bueiros de greide, bacias de detenção.

Características especiais condicionadoras de critérios: terrenos sem suporte para a fundação


das estruturas, terrenos altamente friáveis e susceptíveis à erosão hídrica, necessidade de
manutenção permanente.

Diferentemente dos sistemas de drenagem urbana, que podem ser classificados em estruturas
de microdrenagem e de macrodrenagem, segundo o porte das obras de condução das águas
pluviais, no caso dos projetos em mineração não existe essa distinção formal. Apenas como
sugestão, pode-se estabelecer um critério de classificação para os sistemas de drenagem de
cavas e pilhas, distinguindo-se:

 Estruturas de microdrenagem: constituídas pelas canaletas de berma, canaletas de


crista, descidas de água e demais estruturas componentes;
 Estruturas de macrodrenagem: constituídas pelos canais de maior porte, que reúnem as
águas coletadas pelos sistemas de microdrenagem, antes do lançamento final nos cursos
de água.

Canais Periféricos de Drenagem

São constituídos pelas obras de desvio de fluxos de reservatórios formados por barragens de
contenção de rejeitos, nos quais o material depositado apresenta propriedades químicas que
impedem o lançamento na rede de drenagem natural.

Estruturas componentes: canais escavados a meia encosta (revestidos ou em terreno natural),


diques de desvio de fluxos, bueiros de travessias e descidas de água.

Características especiais condicionadoras de critérios: cruzamento de talvegues, terrenos com


alta permeabilidade, compatibilidade de traçado com os limites dos depósitos de rejeitos.

As Fotos 2.1 a 2.10 ilustram algumas das obras hidráulicas descritas anteriormente e
comumente implantadas nas Unidades Industriais da VALE.

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Foto 2.1 – Barragem de contenção de Rejeitos Foto 2.2 – Barragem de contenção de Sedimentos
(Barragem Norte, Mina Gongo Soco). (Barragem Capão da Serra, Mina Tamanduá).

Foto 2.3 – Barragem de Água Foto 2.4 – Tomada de Água


(Barragem Rio do Peixe, Mina Conceição). (Barragem Sul, Mina Gongo Soco).

Foto 2.5 – Sistemas de drenagem transversal de Foto 2.6 – Sistemas de drenagem transversal de
rodovias e ferrovias: Bueiro. rodovias e ferrovias: Ponte.

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Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Foto 2.7 – Sistemas de drenagem longitudinal de Foto 2.8 – Sistemas de drenagem longitudinal de
rodovias e ferrovias: canaletas. rodovias e ferrovias: bueiro

Foto 2.9 – Sistemas de Drenagem de Cavas e Pilhas Foto 2.10 – Canais periféricos de pilhas de estéril
(Mina do Pico). (Mina Tamanduá).

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Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

CAPÍTULO 3
ELEMENTOS DE HIDROLOGIA

Para efeito de ordenamento de conceitos e separação dos aspectos teóricos e aplicados da


disciplina Hidrologia, optou-se por apresentar nesse Capítulo apenas os tópicos mais
relevantes da teoria dessa disciplina, que são importantes para o suporte ao dimensionamento
das obras hidráulicas. No Capítulo 5, são apresentados os tópicos aplicados da Hidrologia, na
forma de elementos que se convertem em grandezas de dimensionamento, tais como vazões
de projeto e volumes de armazenamento.

3.1. REQUERIMENTO DE DADOS BÁSICOS

Nesse item são discriminados os principais tipos de dados básicos requeridos para a
elaboração dos estudos hidrológicos, juntamente com as indicações dos locais onde as
informações podem ser obtidas.

Dados da Unidade Industrial

Dados a serem obtidos junto à Unidade Industrial, para suporte à elaboração dos estudos
hidrológicos:

 Plano Diretor da Unidade Industrial, contendo a localização das principais estruturas


componentes: barragens de rejeitos, barragens de contenção de sedimentos, pontos de
captação de água, pontos de consumo de água;
 Dados cadastrais dos fluxos de água: vazão de água nova, vazão de água recirculada,
demanda das usinas de beneficiamento de minério;
 Dados dos rejeitos: percentagem de sólidos na polpa, índice de vazios, água retida na
polpa;
 Plano de monitoramento hidrométrico: localização de vertedouros de medições de
descarga, séries históricas observadas, localização de pluviômetros e estações
climatológicas.

Cartografia

A base cartográfica para elaboração dos estudos hidrológicos consiste das plantas editadas
pelo IBGE e SGE, em escalas 1:1.000.000, 1:250.000, 1:100.000 e 1:50.000.

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Na região do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, também estão disponíveis plantas


geológicas em base cartográfica na escala 1:25.000, editadas pelo USGS.

Menciona-se ainda a importância crescente das imagens de satélite, que permitem a


visualização das características de uso e ocupação do solo das bacias hidrográficas e facilita o
cálculo das respectivas características físicas.

Pluviometria

Os dados de pluviometria podem ser obtidos nos endereços oficiais da ANA (www.ana.gov.br)
ou do INMET. Os dados mantidos pela ANA são públicos e podem ser coletados diretamente
do banco de dados da entidade, enquanto os da rede do INMET são fornecidos mediante
consulta prévia e pagamento de uma taxa, proporcional à quantidade de informações
coletadas.

A seleção das estações pluviométricas de interesse deve ser feita dentro da Região de
Abrangência da Unidade Industrial, conforme os limites recomendados no Item 3.13. Para cada
estação pluviométrica selecionada, devem ser coletados os registros históricos de alturas
diárias de precipitação, além das informações básicas de localização da estação (coordenadas
geográficas e altitude).

Também devem ser obtidos os dados pluviométricos coletados na Unidade Operacional. Nesse
caso, recomenda-se a visita prévia ao local do ponto de monitoramento, para verificar a
conformidade das instalações.

Para efeito de estudos de chuvas de projeto, deve ser pesquisada a existência de relações
prévias entre as grandezas altura-duração-frequência, estabelecidas nas chamadas equações
de chuvas intensas. A consulta preliminar deve ser feita no clássico trabalho de Pfafstetter
(1957), que estabeleceu 98 equações de chuvas intensas para diversas estações
pluviográficas, abrangendo todo o território do Brasil. Posteriormente, as equações contidas
nessa publicação foram disponibilizadas na forma de tabelas, para facilitar as aplicações
(CETESB, 1980).

Para o estado de Minas Gerais, recentemente foi publicado um amplo trabalho pela COPASA
MG (2001), ajustando equações de chuvas intensas para 200 estações pluviográficas.
Especificamente para a RMBH, recomenda-se a aplicação da equação regional estabelecida
por Pinheiro & Naghettini (1998), que permite o ajuste diferenciado das relações em função da
distribuição isoietal média anual sobre a região.

Para outras regiões do Brasil, relações de chuvas intensas mais atualizadas podem ser obtidas
nos anais dos simpósios bi-anuais da ABRH (www.abrh.org.br).

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Climatologia

Independentemente de haver dados de monitoramento climatológico na Unidade Industrial,


qualquer aplicação que envolva o processamento de variáveis características do clima
(temperatura, evaporação, insolação, umidade relativa do ar, velocidade e direção do vento,
pressão atmosférica) deverá ser baseada nos registros das estações da rede oficial do INMET.

Para se obter informações mais detalhadas e processadas das características do clima


regional, recomenda-se a consulta ao livro de Nimer (1979) ou às normais climatológicas
publicadas pelo INMET (1986). Especificamente para o estado de Minas Gerais, o INMET
(1980) publicou um atlas com as normais anuais e mensais, nas formas de isolinhas.

Fluviometria

A rede fluviométrica oficial de monitoramento dos rios brasileiros é operada pela ANA
(www.ana.gov.br) e os respectivos registros são públicos. Na seleção das estações
fluviométricas de referência para cada estudo, devem ser inventariados todos os cursos de
água localizados na região de entorno da Unidade Industrial, buscando uma congruência de
uniformidade hidrológica, baseada nas características de clima, relevo, vegetação e fácies
geológicas.

Para cada estação fluviométrica selecionada, devem ser coletados os registros históricos de
cotas e vazões médias diárias, os resumos de medições de descarga líquida e as fichas
descritivas das instalações. Sempre que possível, as estações fluviométricas mais importantes
devem ser visitadas, para a verificação local das condições operativas e hidráulicas das seções
medidoras. Recomenda-se a verificação da área de drenagem de cada estação, marcando-se
a localização na cartografia disponível e delimitando-se a respectiva bacia hidrográfica de
contribuição.

Também devem ser obtidos os dados fluviométricos coletados na Unidade Operacional (dados
de vertedouros ou de réguas linimétricas). Nesse caso, recomenda-se a visita prévia ao local
do ponto de monitoramento, para verificar a conformidade das instalações. A Figura 3.1.1
mostra um exemplo de seleção de estações fluviométricas em uma Região de Abrangência,
incluindo pontos de monitoramento da ANA e da Unidade Industrial.

POTAMOS / VALE 29
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Figura 3.1.1 – Mapa de localização de estações de monitoramento fluviométrico.

Legislação Ambiental

Nos estudos de avaliação das disponibilidades hídricas, torna-se importante conhecer a


legislação estadual que regulamenta a outorga de usos da água. Essa informação pode ser
obtida nos endereços eletrônicos dos órgãos estaduais de gestão ambiental ou de recursos
hídricos.

Em geral, os limites máximos de captação são fixados em função de vazões representativas do


regime de estiagem dos mananciais.

Planos de Bacias

Outra informação de relevância refere-se aos Planos de Bacias Hidrográficas, que devem ser
conhecidos para a bacia de inserção da Unidade Industrial. Os Planos de Bacias, quando
disponíveis, podem ser obtidos nos endereços eletrônicos dos órgãos estaduais de gestão de
recursos hídricos ou da ANA.

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Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Estudos Anteriores

Constitui informação básica importante todos os estudos hidrológicos anteriores elaborados


para a Unidade Industrial, assim como outros estudos de âmbito regional, eventualmente
disponíveis. Desses estudos, devem ser destacadas as seguintes informações:

 Critérios de projeto adotados;

 Dados básicos utilizados;

 Premissas e condicionantes de projeto;

 Principais resultados.

3.2. MONITORAMENTO HIDROMETEOROLÓGICO

Considera-se como monitoramento hidrometeorológico a medição das variáveis características


de clima: temperatura, evaporação, insolação, umidade relativa do ar, velocidade e direção do
vento, pressão atmosférica, precipitação pluviométrica.

Para a maioria das aplicações, o monitoramento único da precipitação pluviométrica é


suficiente. Para proceder à instalação das estações de monitoramento, devem ser consultadas
as normas da OMM - Organização Meteorológica Mundial (OMM, 1970).

Todas as Unidades Industriais deverão ter pelo menos o monitoramento da precipitação


pluviométrica. Dentre as recomendações de instalação da OMM, deve-se ter cuidado especial
com a distância mínima de obstáculos (árvores, paredes, construções em geral), que deve
observar a relação: a distância mínima deve ser igual a 2 vezes a altura do obstáculo.

As Unidades Industriais que possuem reservatórios com grande inércia volumétrica,


incorporados ao balanço hídrico global e com recuperação de água de polpa de rejeito, devem
manter uma estação evaporimétrica, equipada pelo menos com tanque evaporimétrico Classe
A, psicrômetro e anemômetro.

3.3. MONITORAMENTO HIDROMÉTRICO

Considera-se como monitoramento hidrométrico o registro sistemático de descarga líquida nos


cursos de água, em seções fluviais equipadas com dispositivos de medição de nível de água,
de forma tal que seja possível estabelecer uma relação cota x descarga (curva-chave).

As seções medidoras podem ser equipadas com vertedouros ou calhas medidoras, que
apresentam relações unívocas entre cotas e descargas, ou então se constituírem em estações
fluviométricas convencionais, com instalação de réguas linimétricas e provisão para medição
de descarga líquida pelo método área x velocidade.

POTAMOS / VALE 31
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Nos cursos de água de pequeno porte e nas nascentes, recomenda-se a instalação de


vertedouros ou calhas medidoras. Para os cursos de água de maior porte, nos quais fica
complexa a instalação de uma singularidade hidráulica, as instalações devem ser de uma
estação fluviométrica convencional. Nesses casos, deve-se avaliar criteriosamente a operação
da estação nos meses de estiagem, pois o possível predomínio da largura em relação à
profundidade da seção medidora pode resultar em baixa sensibilidade da curva-chave,
tornando inócua a operação. Esse problema somente pode ser solucionado com a relocação
da estação ou a construção de uma soleira vertente.

O monitoramento hidrométrico deve ser feito nas seguintes seções fluviais:

 Nascentes que tenham conexão com os corpos de minério que serão lavrados;

 Mananciais que serão utilizados como fontes de suprimento de água nova;

 Cursos de água formadores dos reservatórios das barragens de rejeitos, que operam com a
finalidade de regularização de vazões de estiagem;
 Seções a jusante das barragens que operam com recuperação de água de polpa de rejeito
ou regularização de vazões de estiagem.

Para a instalação e operação das estações de monitoramento, recomenda-se a consulta à


bibliografia especializada. Em idioma português, a referência é o livro da ABRH – Associação
Brasileira de Recursos Hídricos, com o título “Hidrometria Aplicada” (SANTOS et al., 2000). As
agências governamentais norte-americanas U.S. Bureau of Reclamation (USBR, 1997) e U.S.
Geological Survey (BUCHANAN & SOMERS, 1976; BENSON & DALRYMPLE, 1984; CARTER
& DAVIDIAN, 1989, RANTZ, 1982a; RANTZ, 1982b) também apresentam bibliografia de
orientação para serviços de hidrometria.

3.4. PROCESSAMENTO DE DADOS E ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA

Os dados coletados nas redes de monitoramento podem apresentar inconsistências inerentes


ao processo de amostragem e falhas diversas de equipamentos, requerendo uma análise
prévia de consistência, antes da efetiva utilização nos estudos hidrológicos. Além disso,
algumas aplicações requerem a homogeneidade temporal das séries de registros de dados,
acarretando a necessidade de preenchimento de falhas e extensão de períodos históricos.

Exatamente para proceder a essa homogeneização temporal, o primeiro passo da análise de


consistência consiste na elaboração do histograma de disponibilidade de dados, nos moldes do
exemplo mostrado na Figura 3.4.1. O histograma permite a identificação das falhas existentes
e a seleção do período base comum a ser usado na homogeneização.

O tratamento de consistência mais comum aplicado aos dados pluviométricos refere-se ao


preenchimento de falhas e à verificação da homogeneidade das séries, para identificar
tendências inerentes a alterações de localização da estação pluviométrica. Nas aplicações de
preenchimento de falhas, deve-se evitar o uso extensivo para longos períodos, procurando a
utilização apenas em lacunas isoladas. Para obter as descrições detalhadas dos métodos de

POTAMOS / VALE 32
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

análises de consistência de dados pluviométricos, recomenda-se a consulta a Singh (1992) e


DNAEE (1973, 1983).

No que concerne aos dados fluviométricos, as seguintes verificações de consistência devem


ser feitas:

 Curva-chave: análise da dispersão dos pontos de medição de descarga líquida,


identificação de tendências e de relocação de referência de nível das réguas linimétricas;
 Cotagramas: identificação de erros de leitura grosseiros e erros de metro nas escalas.

Sempre que possível, recomenda-se uma visita de inspeção de campo às estações


fluviométricas selecionadas como referência para os estudos hidrológicos, para avaliar a
qualidade geral das instalações, o nível de escolaridade e envolvimento do observador, as
características do trecho fluvial e da seção medidora de descargas e a existência de controles
hidráulicos a jusante. O problema da baixa sensibilidade do ramo inferior da curva-chave,
comentado no item anterior, pode ser identificado a partir da visita de inspeção à estação,
quando esta for realizada nos meses de estiagem. A baixa sensibilidade caracteriza-se pela
permanência do perfil de escoamento em uma mesma cota, mesmo que ocorram variações
significativas na descarga.

POTAMOS / VALE 33
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Figura 3.4.1 – Histograma de disponibilidade de dados fluviométricos.

POTAMOS / VALE 34
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3.5. ESTABELECIMENTO DE SÉRIES DE VAZÕES

Nos estudos de avaliação de ofertas e disponibilidades hídricas, é usual a utilização de séries


de vazões médias mensais, estabelecidas para as estações fluviométricas selecionadas como
referência.

Na sequência da atividade de consistência dos dados (Item 3.4), são estabelecidas as séries
de vazões médias diárias e as respectivas séries de vazões médias mensais. Quase como
regra, as séries de dados registradas nas estações fluviométricas apresentam-se não
homogêneas no tempo, com históricos de diferentes comprimentos. A visualização dessa não
homogeneidade pode ser vista em histogramas de disponibilidade de dados fluviométricos,
conforme mostrado na Figura 3.4.1.

As aplicações estatísticas com os dados fluviométricos e o desenvolvimento de metodologias


de regionalização requerem a utilização de séries de vazões que sejam homogêneas no
tempo, isto é, que apresentem os mesmos comprimentos de histórico e não apresentem falhas.
Para cumprir essa condição, deve-se proceder à homogeneização das séries de vazões
médias mensais, com preenchimento de falhas e extensão dos períodos de observação,
conforme o seguinte procedimento metodológico:

 Com base no histograma de disponibilidade de dados fluviométricos (Figura 3.4.1),


selecionar o período base para homogeneização, que deve ser o mais longo possível do
histórico e que apresente sobreposição no tempo, suficiente para estabelecer as relações
de correlação;
 Estabelecer as correlações entre as estações, por meio do cálculo do coeficiente de
correlação (Equação 3.5.1);
 Estabelecer o critério de regressão, dentre as Equações 3.5.5 a 3.5.7 e análise gráfica de
melhor ajuste (Figura 3.5.1);
 Iniciar a homogeneização das séries de vazões, por meio do preenchimento e extensão
daquela estação que seja mais representativa da região de abrangência e que tenha o
maior comprimento de histórico;
 Dar sequência ao processo de homogeneização, utilizando como critério para
preenchimento a proximidade geográfica entre as estações, a localização em um mesmo
curso de água, a localização em uma mesma bacia hidrográfica e os maiores valores de
coeficiente de correlação.

Fórmulas para cálculo do coeficiente de correlação:

cov  x, y 
r (3.5.1)
sX  sY

POTAMOS / VALE 35
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 x  
n

i  x  yi  y
cov  x.y   i
n 1
(3.5.2)
0,5

 x 
 1 n
2
sX    i x  (3.5.3)
n  1 i 

0,5

 y 
 1 n
2
sY    i y  (3.5.4)
n  1 i 

Nas equações acima, r é o coeficiente de correlação linear, n é o comprimento da


amostra, yi são os pontos amostrais da estação a ser preenchida e x i os pontos
amostrais da estação selecionada como base para o preenchimento.

Equações utilizadas para homogeneização:

 Regressão linear: Y  abX (3.5.5)


 Regressão logarítmica: LnY  a  LnX (3.5.6)

 Regressão potencial: Y  a  Xb (3.5.7)

Figura 3.5.1 – Regressão entre vazões médias mensais de duas estações fluviométricas.

POTAMOS / VALE 36
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O Quadro 3.5.1 mostra a série de vazões médias mensais homogeneizadas de uma estação
fluviométrica, na qual os dados preenchidos figuram em negrito.

POTAMOS / VALE 37
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Quadro 3.5.1 – Série de vazões médias mensais homogeneizadas.


Resumo de Descargas Médias Mensais (m3/s)
Estação Fazenda Água Limpa-Jusante e Fazenda Água Limpa
Curso de água: Rio das Velhas Dados preenchidos
Área de Drenagem: 173 km²

ANO JAN FEV MAR ABR MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉDIA MÁXIMA MíNIMA
1926 7.69 13.08 6.80 7.76 4.51 3.68 3.22 3.08 2.84 3.65 4.71 6.09 5.59 13.1 2.84
1927 6.50 6.16 6.23 3.88 3.29 3.07 3.96 3.45 3.85 3.87 2.37 2.32 4.08 6.50 2.32
1928 2.26 2.11 2.68 3.01 6.60 3.30 3.05 2.96 3.79 4.06 4.48 7.48 3.81 7.48 2.11
1929 5.92 9.44 5.72 4.25 3.25 3.15 2.73 2.56 2.44 2.41 6.59 6.46 4.58 9.44 2.41
1930 6.50 5.76 5.94 4.91 4.46 2.39 2.21 2.05 2.00 2.37 4.48 5.99 4.09 6.50 2.00
1931 4.74 7.53 6.68 5.54 3.60 2.94 2.53 2.33 2.33 2.78 2.75 3.58 3.94 7.53 2.33
1932 6.15 4.98 3.57 2.67 2.54 2.47 2.05 1.84 1.80 2.63 3.19 7.06 3.41 7.06 1.80
1933 7.54 4.42 3.95 3.76 3.17 2.89 2.95 2.93 2.77 3.15 3.06 5.61 3.85 7.54 2.77
1934 5.38 3.47 3.43 3.12 2.89 2.58 2.45 2.35 2.38 2.47 2.69 3.53 3.06 5.38 2.35
1935 5.32 6.64 4.74 4.04 2.99 2.60 2.41 2.31 2.35 2.56 2.43 3.08 3.46 6.64 2.31
1936 3.15 4.04 4.58 3.84 2.59 2.17 1.98 1.91 1.85 1.90 3.48 5.01 3.04 5.01 1.85
1937 7.28 6.71 3.89 3.24 3.35 2.60 2.23 1.87 1.81 2.52 3.39 7.25 3.84 7.28 1.81
1938 4.21 3.62 3.25 3.60 3.01 2.33 2.07 2.13 2.10 2.12 2.62 5.25 3.03 5.25 2.07
1939 6.40 5.06 3.92 3.53 2.75 2.25 2.11 1.93 1.98 2.12 2.18 3.23 3.12 6.40 1.93
1940 4.34 4.77 5.33 3.20 2.30 1.99 1.83 1.66 1.70 2.01 4.40 4.99 3.21 5.33 1.66
1941 5.92 4.01 4.72 4.53 2.62 2.34 2.21 1.95 2.12 2.16 2.96 3.97 3.29 5.92 1.95
1942 5.13 3.76 5.60 3.10 2.48 2.29 1.36 1.16 1.15 1.78 2.77 7.29 3.16 7.29 1.15
1943 9.04 6.45 8.01 4.79 3.18 3.03 2.24 1.88 1.63 1.97 1.89 6.07 4.18 9.04 1.63
1944 3.83 7.32 5.40 4.14 3.04 2.19 1.85 1.64 1.40 2.11 2.45 4.20 3.30 7.32 1.40
1945 7.56 6.28 7.34 7.51 4.99 3.94 2.98 2.23 1.94 2.20 2.86 7.65 4.79 7.65 1.94
1946 9.41 5.19 4.98 4.29 2.80 2.23 1.95 1.74 1.78 1.67 3.44 3.23 3.56 9.41 1.67
1947 4.95 3.57 6.20 3.99 3.27 2.36 1.77 1.57 1.53 1.67 2.70 8.20 3.48 8.20 1.53
1948 4.42 5.35 5.49 3.36 2.80 2.79 2.54 2.26 2.16 2.19 3.12 12.65 4.09 12.65 2.16
1949 22.1 18.0 6.12 4.25 3.16 3.01 2.66 2.50 2.39 2.69 2.79 5.20 6.24 22.1 2.39
1950 4.07 4.22 3.71 3.00 2.67 2.51 2.35 2.18 2.41 2.26 3.80 4.41 3.13 4.41 2.18
1951 4.45 6.24 8.92 5.80 4.04 3.58 3.31 3.18 3.20 3.10 2.56 2.98 4.28 8.92 2.56
1952 4.65 7.13 7.54 4.16 3.26 3.05 2.77 2.74 2.43 3.40 3.78 4.38 4.11 7.54 2.43
1953 3.00 4.66 4.02 3.77 2.94 2.65 2.34 2.35 2.26 2.73 2.96 5.05 3.23 5.05 2.26
1954 3.32 3.53 2.72 2.85 2.44 2.09 1.96 2.02 1.92 2.22 3.11 3.37 2.63 3.53 1.92
1955 9.06 4.23 3.33 3.07 2.38 2.19 1.99 1.93 1.92 3.21 2.62 5.25 3.43 9.06 1.92
1956 3.86 2.46 3.07 2.01 1.94 1.58 1.39 1.28 1.20 1.12 1.99 6.23 2.35 6.23 1.12
1957 3.92 4.16 5.94 3.29 2.56 2.11 1.87 1.70 1.86 1.55 5.35 6.97 3.44 6.97 1.55
1958 5.22 5.43 3.45 3.24 2.54 2.16 2.29 1.86 1.99 2.38 1.92 2.46 2.91 5.43 1.86
1959 2.56 2.65 4.43 1.92 1.61 1.45 1.35 1.27 1.38 1.76 2.35 2.71 2.12 4.43 1.27
1960 3.98 3.52 4.66 2.18 1.90 1.66 1.53 1.35 1.32 1.45 1.70 4.48 2.48 4.66 1.32
1961 10.4 7.93 4.78 3.10 2.59 2.34 2.04 1.80 1.60 1.55 2.04 2.85 3.58 10.4 1.55
1962 4.17 5.69 2.78 2.04 1.81 1.58 1.47 1.33 1.46 1.86 2.03 8.78 2.92 8.78 1.33
1963 3.43 3.00 1.99 1.65 1.49 1.43 1.34 1.32 1.11 1.47 2.56 1.54 1.86 3.43 1.11
1964 5.73 7.22 3.38 2.76 1.73 1.52 1.38 1.15 1.06 2.67 5.08 7.00 3.39 7.22 1.06
1965 13.7 10.7 7.41 3.31 2.88 2.05 1.87 1.70 1.34 2.50 3.85 3.31 4.55 13.7 1.34
1966 6.11 2.18 4.42 2.57 2.46 2.11 2.02 1.79 1.64 2.35 3.94 4.18 2.98 6.11 1.64
1967 4.83 7.30 3.83 2.50 2.36 2.20 1.83 1.91 0.653 1.22 2.39 2.77 2.82 7.30 0.653
1968 3.32 3.09 3.29 2.72 1.28 0.793 0.764 1.71 1.45 1.65 1.98 4.15 2.18 4.15 0.764
1969 3.60 2.85 2.59 1.99 1.79 1.74 1.73 1.41 1.24 1.83 3.38 3.85 2.33 3.85 1.24
1970 4.96 3.16 3.33 2.72 1.72 1.54 1.64 1.69 2.86 3.27 3.05 2.72 2.72 4.96 1.54
1971 2.37 2.19 1.99 1.85 1.55 1.82 1.49 1.31 1.58 2.00 3.20 3.52 2.07 3.52 1.31
1972 2.86 4.30 4.69 3.41 2.19 1.94 2.10 1.81 1.86 2.50 3.36 5.39 3.03 5.39 1.81
1973 5.36 4.22 5.25 3.72 2.78 2.41 2.17 2.05 1.95 2.50 3.37 4.83 3.38 5.36 1.95
1974 4.33 3.02 4.03 3.56 2.88 2.40 2.10 1.88 1.64 1.98 1.92 3.14 2.74 4.33 1.64
1975 4.69 4.41 2.49 2.47 2.01 1.77 1.70 1.50 1.53 1.51 3.33 2.55 2.50 4.69 1.50
1976 1.77 2.33 1.88 1.65 1.47 1.24 1.33 1.36 1.81 2.32 3.41 3.39 2.00 3.41 1.24
1977 6.80 4.42 2.96 2.83 2.05 1.85 1.71 1.53 1.76 1.74 2.90 3.17 2.81 6.80 1.53
1978 7.69 4.14 3.32 2.87 2.80 2.04 1.99 1.67 1.76 2.19 3.74 3.89 3.17 7.69 1.67
1979 7.78 27.7 7.99 5.14 3.98 3.33 2.97 2.65 2.70 2.11 4.03 7.29 6.47 27.7 2.11
1980 10.3 5.32 3.46 5.30 3.36 2.98 2.65 2.39 2.11 2.21 3.30 6.21 4.13 10.3 2.11
1981 5.77 3.66 4.03 3.26 2.59 2.49 2.15 2.11 1.84 2.60 5.70 6.40 3.55 6.40 1.84
1982 10.4 5.00 9.14 5.13 3.76 3.14 2.74 2.52 2.30 2.84 2.65 5.35 4.58 10.4 2.30
1983 9.32 6.40 5.95 5.19 3.57 3.08 2.70 2.27 3.01 4.40 4.05 6.70 4.72 9.32 2.27
1984 4.69 3.31 3.43 2.93 2.40 2.16 1.99 2.14 2.21 2.03 2.89 4.85 2.92 4.85 1.99
1985 14.0 8.63 8.58 5.43 3.87 3.11 2.87 2.62 2.62 3.04 3.67 7.36 5.48 14.0 2.62
1986 9.11 5.27 4.66 3.14 2.99 2.55 2.50 2.42 2.12 1.87 2.49 6.19 3.78 9.11 1.87
1987 4.24 2.90 5.93 3.29 3.30 3.32 2.36 1.88 2.19 1.77 2.08 5.25 3.21 5.93 1.77
1988 3.45 5.54 4.33 4.04 2.69 2.63 2.35 2.17 2.00 2.06 2.26 2.57 3.01 5.54 2.00
1989 3.38 3.41 3.36 1.99 1.63 1.68 1.54 1.48 1.51 2.57 2.27 9.66 2.87 9.66 1.48
1990 3.42 2.57 2.52 1.98 1.88 1.59 1.57 1.67 1.52 1.48 2.14 2.38 2.06 3.42 1.48
1991 10.6 4.88 5.43 3.53 2.69 2.33 2.09 1.89 2.06 2.42 2.71 3.02 3.64 10.6 1.89
1992 13.8 13.0 4.03 3.53 2.75 2.34 2.18 1.84 2.72 3.48 6.62 9.37 5.47 13.8 1.84
1993 6.59 4.20 3.89 3.82 2.87 2.52 2.13 2.02 1.99 2.11 2.29 3.20 3.14 6.59 1.99
1994 5.24 2.58 4.56 2.91 2.45 2.16 1.92 1.75 1.59 1.72 2.31 3.35 2.71 5.24 1.59
1995 2.51 3.67 3.12 2.39 1.96 1.71 1.58 1.40 1.37 1.72 2.38 6.44 2.52 6.44 1.37
1996 5.84 3.59 4.00 2.81 2.54 1.67 1.63 1.51 1.88 1.94 5.55 5.96 3.24 5.96 1.51
1997 13.40 5.52 6.01 4.28 3.08 2.72 2.28 1.96 1.90 2.33 2.48 4.37 4.19 13.4 1.90
1998 5.09 4.06 2.85 2.37 2.20 2.05 1.86 1.78 1.48 2.00 2.75 2.50 2.58 5.09 1.48
1999 3.10 2.48 4.42 1.89 1.45 1.33 1.23 1.10 1.14 1.20 2.84 3.00 2.10 4.42 1.10
2000 6.28 4.47 3.43 2.29 1.80 1.56 1.50 1.54 1.82 1.40 3.04 3.25 2.70 6.28 1.40
2001 3.67 1.84 2.02 1.43 1.37 1.26 1.15 1.11 1.27 1.27 3.30 5.94 2.14 5.94 1.11
2002 5.48 6.39 3.35 2.37 2.00 1.71 1.59 1.52 2.00 1.50 2.57 4.13 2.88 6.39 1.50
2003 9.00 2.97 3.19 2.67 2.05 1.80 1.67 1.65 1.63 1.50 2.02 2.54 2.72 9.00 1.50
2004 3.70 3.68 3.31 3.15 2.09 1.99 1.85 1.60 1.37 1.50 1.59 4.40 2.52 4.40 1.37
2005 5.56 3.31 5.33 2.40 2.15 1.91 1.72 1.53 1.71 1.51 2.61 4.88 2.89 5.56 1.51
2006 2.83 2.35 3.85 2.35 2.01 1.75 1.62 1.50 1.52 2.25 3.48 4.88 2.53 4.88 1.50
2007 6.24 5.27 2.67 2.27 2.01 1.87 1.68 1.53 1.92 2.22 3.11 4.89 2.97 6.24 1.53
Características do Período
Mínima 1.77 1.84 1.88 1.43 1.28 0.793 0.764 1.10 0.653 1.12 1.59 1.54
Máxima 22.1 27.7 9.14 7.76 6.60 3.94 3.96 3.45 3.85 4.40 6.62 12.6 QMLT (m³/s) QESP(l/s.km²)
Média 6.0 5.3 4.51 3.37 2.67 2.28 2.06 1.91 1.92 2.22 3.11 4.89 3.35 19.4

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3.6. CARACTERÍSTICAS DO REGIME HIDROLÓGICO MÉDIO

A principal variável característica do regime hidrológico médio é a vazão média de longo


termo (MLT), calculada pela fórmula:

n
1
MLT 
n
 Q
i
i (3.6.1)

Na equação acima, Qi representa os dados de vazão média mensal da série histórica


homogeneizada e n é o número total de meses abrangido pelo período histórico. Para a
série mostrada no Quadro 3.5.1, a vazão MLT vale 3,35 m³/s (canto inferior direito),
calculada para um histórico de n = 984 meses.

A vazão MLT tem um significado importante nos estudos de avaliação de ofertas hídricas, por
representar a capacidade máxima teórica passível de fornecimento de um manancial. A Figura
3.6.1 ilustra, graficamente, o conceito da vazão MLT, comparativamente com o fluviograma das
vazões médias mensais. No período histórico disponível, a vazão MLT, ocorrendo
hipoteticamente de forma constante, produziria o mesmo deflúvio acumulado que a somatória
das vazões médias mensais que compõem o fluviograma.

Figura 3.6.1 – Conceito gráfico da vazão MLT.

A curva de permanência representa outra forma de agrupar a série de vazões médias


mensais. As vazões são ordenadas entre o máximo da série (27,7 m³/s com 0% de valores
maiores ou iguais) e o mínimo da série (0,650 m³/s com 100% de valores maiores ou iguais),
conforme mostrado na Figura 3.6.2, para a série tabelada no Quadro 3.5.1.

POTAMOS / VALE 39
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Figura 3.6.2 – Curva de permanência de vazões médias mensais.

A partir da vazão MLT, pode-se calcular o deflúvio médio anual D (m³), pela multiplicação
MLT x número de segundos do ano.

3.7. CARACTERÍSTICAS DO REGIME HIDROLÓGICO DE ESTIAGEM

O regime de estiagem de um curso de água pode ser caracterizado por meio de análise
estatística de vazões mínimas ou por percentis da cauda direita da curva de permanência. As
vazões de estiagem assim caracterizadas, com associação a uma probabilidade de excedência
(ou respectivo período de retorno) ou a uma determinada permanência no tempo, indicam uma
condição de prognóstico de ocorrência no futuro, em um ano qualquer.

O conceito de prognóstico de vazões de estiagens, associado à análise de frequência, pode


ser esquematicamente representado pelo gráfico da Figura 3.7.1. No caso, a curva mostrada
representa a distribuição de probabilidade teórica ajustada à amostra de mínimos anuais de
vazão média mensal de uma estação fluviométrica, destacando o conceito de uma vazão de
estiagem QM,TR com TR anos de período de retorno. O conceito pode ser traduzido pelas
seguintes equações:

1
TR  Q M,TR  
P Q M  Q M,TR 
(3.7.1)

POTAMOS / VALE 40
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QM,TR

P Q M  Q M,TR    f  x   dx
X (3.7.2)
0

Nas equações acima, TR(  ) representa o período de retorno da vazão mínima Q M,TR, P(
 ) é a probabilidade de ocorrerem valores de vazões mínimas Q M menores ou iguais à
vazão mínima QM,TR e fX(x) é a função densidade de probabilidade teórica que modela a
frequência das vazões mínimas.

A Figura 3.7.2 mostra a distribuição teórica Gumbel III ajustada à amostra dos mínimos anuais
de vazão média mensal da série de vazões homogeneizadas do Quadro 3.5.1. Desse ajuste
teórico, são calculados os quantis de vazão mínima anual, para períodos de retorno notáveis,
geralmente com 2, 5, 10, 25 e 50 anos, obtendo-se, respectivamente, as vazões QM,2, QM,5,
QM,10, QM,25 e QM,50.

Nos casos de utilização da curva de permanência para cálculo de vazões índices do regime de
estiagem (Figura 3.6.2), é comum a utilização dos percentis de 50% (Q50), 90% (Q90), 95% (Q95)
e 98% (Q98).

Outro índice do regime de estiagem largamente utilizado é a vazão Q7,10 (vazão mínima anual
com 7 dias de duração e 10 anos de período de retorno). Se a estação fluviométrica de
referência apresentar um histórico relativamente longo de vazões médias diárias, o valor da
vazão Q7,10 pode ser calculado a partir da análise de frequência da amostra dos mínimos
anuais de vazão com 7 dias de duração, com ajuste de uma distribuição de probabilidade
teórica.

Normalmente, se os estudos hidrológicos forem desenvolvidos com base na homogeneização


das séries de vazões médias mensais de várias estações fluviométricas de referência (Item
3.5), tem-se apenas a possibilidade de calcular o quantil de vazão mínima Q M,10 (vazão mínima
mensal com 10 anos de período de retorno). Assim, essa vazão deve ser multiplicada por um
fator de redução (COPASA / HIDROSISTEMAS, 1993), que varia de acordo com as
características de regime dos cursos de água. Esse fator pode ser calculado para ser
representativo de uma dada Região de Abrangência (Item 3.13), com base nas informações
contidas nas séries de vazões médias diárias das estações fluviométricas de referência. Nesse
caso, procura-se estabelecer uma relação entre as vazões mínimas anuais com 7 dias de
duração e as respectivas vazões médias mensais, para a posterior generalização regional.

POTAMOS / VALE 41
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Figura 3.7.1 – Conceito de período de retorno de vazão de estiagem.

Figura 3.7.2 – Análise de frequência de vazões de estiagem.


Outra forma de analisar o regime de estiagem dos cursos de água emprega a curva de
recessão dos fluviogramas, mostrada na Figura 3.7.3. A curva de recessão representa a

POTAMOS / VALE 42
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evolução temporal das vazões a partir do instante em que cessam as contribuições de


escoamento superficial e o escoamento passa a ser sustentado apenas pelo fluxo de base da
bacia. A evolução temporal da curva de recessão pode ser modelada com base na equação:

( t  t 0 )
Q t   Q 0 e k (3.7.3)

Na equação acima, Q(t) é a vazão no tempo t após o instante t 0 de início do


escoamento sustentado exclusivamente pelo fluxo de base, Q0 é a vazão no instante t0
e k é a constante de recessão.

Figura 3.7.3 – Curva de recessão de fluviograma.

A constante de recessão k que figura na Equação 3.7.3 pode ser calculada com base na série
histórica de vazões das estações fluviométricas de referência. Conforme mostrado na Figura
3.7.4, os trechos de escoamento mantidos exclusivamente pelo fluxo de base normalmente
aparecem em trechos retilíneos nos fluviogramas, se as ordenadas forem expressas em escala
logarítmica. Isolando os trechos retilíneos das recessões dos hidrogramas, pode-se calcular o
valor da constante k entre intervalos de tempo pré-selecionados. Para o intervalo de tempo Δt
(t2 - t1) selecionado na Figura 3.7.4, com vazões Q1 e Q2 respectivamente no início e fim do
intervalo, a constante k pode ser calculada pela inversão da Equação 3.7.3, obtendo-se:

t
k (3.7.4)
ln Q 1 - ln Q 2

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Figura 3.7.4 – Esquema de cálculo da constante de recessão K.

O conhecimento da constante k para um determinado curso de água permite elaborar a


previsão de vazões de estiagens, a partir do conhecimento atual de uma vazão inicial Q0. O
procedimento de cálculo está mostrado de forma esquemática na Figura 3.7.5.

Figura 3.7.5 – Esquema de cálculo para previsão de vazões de estiagem.

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3.8. CARACTERÍSTICAS DO REGIME HIDROLÓGICO DE CHEIAS

As cheias nos cursos de água são caracterizadas pelos respectivos hidrogramas de cheias,
que apresentam o aspecto típico mostrado na Figura 3.8.1. As cheias naturais nos rios
brasileiros são causadas pelas precipitações, que aumentam a vazão nos cursos de água em
decorrência das componentes dos escoamentos superficial e subsuperficial. Nos rios de regime
perene, o hidrograma de cheias desenvolve-se com a soma das componentes de vazão
subterrânea (QB) e de escoamento superficial e subsuperficial (QS). Conforme mostrado na
Figura 3.8.1, os hidrogramas de cheias apresentam um ramo de subida, até atingir a vazão de
pico, a partir da qual inicia a descida na chamada curva de recessão.

As obras hidráulicas de condução, tais como as canaletas de drenagem e os bueiros, são


dimensionadas para escoar a vazão de pico. No caso dos vertedouros das barragens, o
dimensionamento deve ser feito por meio do processamento de todo o hidrograma de cheias,
pois o processo de trânsito pelo reservatório altera a forma do hidrograma de saída pelo
extravasor (Item 5.7).

Existem diversas metodologias para a separação dos componentes de escoamento superficial


e subterrâneo de um hidrograma de cheia (CHOW et al., 1988). Os componentes do
hidrograma de cheias permitem calcular as seguintes grandezas características:

Ve
 Chuva efetiva: Pe  (3.8.1)
A

 Volume de escoamento superficial: Ve  Q S  dt  Pe  A (3.8.2)

Pe
 Coeficiente de escoamento superficial: C (3.8.3)
P

Nas relações acima, Pe representa a chuva efetiva que contribui para o escoamento superficial,
P é a chuva total e A é a área de drenagem da bacia.

Os elementos componentes dos hidrogramas de cheias, indicados na Figura 3.8.1, são mais
representativos das bacias que apresentam escoamento do tipo hortoniano (CHOW et al.,
1988), isto é, nas quais há uma nítida separação entre o volume de água da chuva que infiltra e
aquele excedente que escoa pelas superfícies dos terrenos (escoamento superficial). Nas
bacias densamente florestadas, como na Região Amazônica, praticamente não ocorre
escoamento superficial e as enchentes são resultado da componente de escoamento
subsuperficial que infiltra e deságua pelo horizonte superior do perfil de solo.

POTAMOS / VALE 45
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Figura 3.8.1 – Componentes do hidrograma de cheia.

3.9. REGULARIZAÇÃO DE VAZÕES DE ESTIAGEM

A regularização de vazões de estiagem consiste em armazenar em um reservatório os volumes


superavitários do período chuvoso, para utilização posterior nos meses secos. Para uma vazão
a ser regularizada QREG, a Figura 3.9.1 ilustra o conceito de regularização, destacando os
períodos de déficit de atendimento, quando a vazão natural do manancial permanece inferior a
QREG. Em cada ano hidrológico, os volumes de déficit destacados na Figura 3.9.1 podem ser
calculados pela equação:

VD i    Q A  Q REG   dt , sempre que QA < QREG (3.9.1)

Na Equação 3.9.1, a variável VDi representa o volume de déficit no i-ésimo ano


hidrológico da série de vazões afluentes naturais QA.

O cálculo dos volumes de déficit VDi é processado pelo balanço hídrico do reservatório, com
incorporação das variáveis de precipitação e evaporação direta sobre a superfície do lago,
segundo o esquema mostrado na Figura 3.9.2. O balanço hídrico é processado de forma
sequencial, em passos de tempo mensais, empregando a equação:

ΔV
 Q A (t)  Q REG    P  E 0   A R  (3.9.2)
Δt

Na Equação 3.9.2, QA(t) é a vazão média mensal afluente, P a precipitação mensal e E0


a evaporação direta da superfície líquida AR do reservatório. A equação é resolvida de

POTAMOS / VALE 46
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forma sequencial, tendo como incógnita a variável ΔV. Em cada ano hidrológico, o
volume de déficit VDi é calculado pela soma dos valores negativos (déficit) de ΔV. Na
sequência de cálculo, quando os valores de ΔV passam a ter sinal positivo para Q A >
QREG, os superávits vão sendo utilizados para abater o déficit VD i, até zerar essa
grandeza, significando que o reservatório está cheio.

Figura 3.9.1 – Conceito de regularização de vazões de estiagem.

Figura 3.9.2 – Representação esquemática do balanço hídrico de um reservatório hipotético.

Do processamento da Equação 3.9.2, são obtidos tantos valores de VDi quantos forem os anos
disponíveis do histórico de vazões afluentes. Como critério para o setor de mineração,

POTAMOS / VALE 47
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recomenda-se a adoção do volume útil do reservatório como sendo VU=max(VD i). No processo
de cálculo, para a determinação da incógnita ΔV é necessário o conhecimento das variáveis
QA(t), P e E0, além das relações auxiliares representadas pelas curvas cota-área e cota-volume
do reservatório a ser formado.

Nos estudos de alternativas para implantação de barragens com reservatórios de regularização


de vazões de estiagem, é comum calcular valores de VU para diversos valores de QREG e assim
formatar a chamada curva de vazão regularizada, conforme mostrado na Figura 3.9.3.

Figura 3.9.3 – Curva de vazão regularizada versus volume útil.

Em determinadas aplicações, pode ser necessária a construção do reservatório a montante do


ponto selecionado para a captação da vazão QREG, como no exemplo hipotético da Figura 3.9.4.
Essa necessidade pode ocorrer em razão de limitações ambientais ou de problemas
relacionados à aquisição de terras para a construção do reservatório. Assim, nesses casos, o
volume útil VU requerido no local da captação pode ser alocado em outra seção fluvial da bacia
hidrográfica, desde que o regime hidrológico local seja suficiente para encher o reservatório.
Para a maioria das regiões de inserção dos empreendimentos da VALE, a condição ideal é que
se tenha a condição VU < 0,60.DSF, sendo DSF o deflúvio médio anual na seção fluvial
selecionada. Observando essa condição limite, normalmente tem-se uma operação do
reservatório com ciclos de esvaziamento e enchimento dentro de cada ano hidrológico, sem
levar a operação para uma condição plurianual. Denomina-se reservatório equivalente ao
dimensionamento em conformidade com o conceito de alocar o volume útil a montante do
ponto de captação.

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Figura 3.9.4 – Conceito de reservatório equivalente.

Em se tratando da questão de regularização de vazões de estiagem, um novo conceito poderá


ser introduzido para solucionar problemas de disponibilidades hídricas, em situações de
exaustão da capacidade de produção dos mananciais, perante os limites legais de captação e
de conflito com outros usuários. Trata-se do conceito de reservatório off-stream, indicando os
casos de necessidade de se construir o reservatório fora do curso de água principal,
armazenando as vazões bombeadas de outro curso de água, mediante o instrumento de
outorga sazonal.

3.10. AVALIAÇÃO DE OFERTAS HÍDRICAS

O conceito de oferta hídrica está relacionado à capacidade de produção dos mananciais de


superfície ou subterrâneos, perante as demandas de água nas Unidades Industriais do setor de
mineração ou de outros usuários existentes na bacia.

No caso dos mananciais de superfície, as ofertas hídricas são determinadas em função de


indicadores do regime de vazões mínimas (Item 3.7). Os órgãos gestores de recursos hídricos
têm adotado como referência, nos respectivos instrumentos legais que regulamentam a
liberação de outorga para uso da água, as vazões mínimas Q 7,10, Q90 e Q95 (Tabela 5.1.1). A
oferta hídrica de um curso de água pode ser definida como o limite outorgável, definido na
legislação pertinente. Do cotejo entre a vazão mínima de referência com os limites fixados na
legislação, podem ser elaborados gráficos de oferta hídrica superficial, como o da Figura

POTAMOS / VALE 49
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3.10.1, no caso válido para o estado de Minas Gerais, no qual a legislação estabelece o limite
máximo de 30% da vazão Q7,10 para as derivações de uso consuntivo.

Figura 3.10.1 – Curva de oferta hídrica superficial.

Para os mananciais de água subterrânea, a oferta hídrica está relacionada à determinação das
reservas permanentes e renováveis das unidades aquíferas. O limite de outorga para
explotação de água subterrânea pode ser fixado em função de percentuais das reservas
renováveis, ainda carecendo de definições mais precisas por parte da legislação pertinente.

Em geral, as atividades de desaguamento das cavas das minas podem vir a retirar água
subterrânea das reservas renováveis e permanentes, sendo uma atividade inerente ao
processo de avanço das frentes de lavra. Nesses casos, toda a água bombeada pode ser
considerada como oferta hídrica subterrânea, desde que resguardadas as restrições de
reposição de fluxos na rede de drenagem afetada pelo rebaixamento.

3.11. METODOLOGIAS DE REGIONALIZAÇÃO HIDROLÓGICA

Entende-se por regionalização hidrológica a transferência de informações de bacias com


monitoramento hidrométrico sistemático para bacias com carência ou ausência de dados.
Pode-se considerar que a aplicação de metodologias de regionalização hidrológica apresenta-
se como regra para os estudos aplicados ao dimensionamento das obras hidráulicas no setor
de mineração, visto que se constitui em exceção a disponibilidade de dados nos locais
selecionados para a implantação das obras.

POTAMOS / VALE 50
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A priori, a transferência de informações hidrológicas nas metodologias de regionalização


deveria ser feita somente entre regiões hidrologicamente homogêneas. Não existe uma
definição exata para esse termo, mas pode-se considerar a homogeneidade com base na
semelhança das seguintes características: (i) regime pluviométrico, (ii) regime climatológico,
(iii) substrato geológico, (iv) cobertura vegetal, (v) relevo e (vi) tipologia de uso e ocupação do
solo.

Nas áreas de implantação dos projetos de mineração, é comum a existência de cursos de água
com regimes condicionados, fortemente, pelas características geológicas locais, não
apresentando assim nenhuma homogeneidade com a região de entorno. Nesses casos,
qualquer inferência de regime hidrológico para esses cursos de água deve ser feita com base
em dados reais de monitoramento, não valendo os critérios correntes de regionalização. Deve-
se destacar que as nascentes apresentam condições peculiares de desaguamento de água
subterrânea, para as quais também nem sempre se podem aplicar as metodologias de
regionalização hidrológica.

3.11.1. Critério Geral para Aplicação das Metodologias

Para aplicar qualquer metodologia de regionalização hidrológica, os seguintes passos de


cálculo devem ser observados:

 Delimitar a Região de Abrangência do projeto, segundo os critérios apresentados no Item


3.12;
 Obter mapas geológicos, cartográficos, de vegetação e de uso e ocupação do solo da
Região de Abrangência;
 Selecionar as estações de monitoramento hidrométrico inseridas na Região de
Abrangência, compreendendo os pontos de registros de dados pluviométricos,
fluviométricos e climatológicos da rede oficial (ANA, INMET) e pontos de medição na área
do projeto (vertedouros, indicadores de nível de água, pluviômetros, tanques
evaporimétricos);
 Proceder a uma análise de consistência dos dados coletados (Item 3.4), fazendo a seleção
final das estações que serão utilizadas como referência;
 Cruzar os dados hidrométricos com as características físicas da Região de Abrangência
para verificar a hipótese de homogeneidade hidrológica (o cruzamento de dados, no caso,
consiste em verificar os valores e características dos seis itens citados na introdução do
presente Item);
 Elaborar o mapa de isoietas médias anuais para a Região de Abrangência;

 Homogeneizar as séries de vazões médias mensais nas estações fluviométricas de


referência (Item 3.5);
 Estimar a evapotranspiração potencial para a Região de Abrangência.

Uma das classes de metodologias de regionalização hidrológica consiste em generalizar e


transferir algumas variáveis dos regimes hidrológicos médios e mínimos dos cursos de água,

POTAMOS / VALE 51
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conforme indicação dada nos Subitens 3.11.2 a 3.11.5. Alternativamente, porém requerendo
cuidados especiais, pode-se também transferir uma série de vazões médias mensais para os
locais de interesse e assim proceder aos cálculos das características do regime hidrológico.
Como cuidado básico nesse caso, devem ser levantados indicadores que efetivamente
assegurem a homogeneidade hidrológica da Área de Abrangência, além de existir pelo menos
uma estação fluviométrica de referência com área de drenagem da ordem de grandeza das
bacias a serem analisadas para o projeto das obras hidráulicas.

De qualquer forma, existe certa subjetividade na análise e aplicação dos métodos de


regionalização hidrológica, requerendo interpretações visuais em gráficos, conforme se pode
deduzir na aplicação de alguns métodos citados nos próximos subitens. Caso não seja
observada a homogeneidade dos dados fluviométricos na Região de Abrangência, recomenda-
se a revisão e a intensificação do programa de monitoramento na área do projeto, procurando
efetuar medições sistemáticas nas seções fluviais de interesse.

Para o maior aprofundamento nas metodologias de regionalização, além dos roteiros


apresentados nesse documento, recomenda-se a consulta à referência clássica de Tucci
(2002).

Para o caso da inferência do regime hidrológico de cheias em bacias não monitoradas, existem
métodos consagrados de cálculo indireto de vazões, que estão abordados com maiores
detalhes no Item 5.6.

3.11.2. Regionalização da Vazão Média de Longo Termo

A vazão média de longo termo (MLT) sintetiza a característica mais relevante do regime
hidrológico dos cursos de água, por representar o limite superior da oferta hídrica (Item 3.6).
Uma estimativa confiável da MLT agrega segurança aos estudos hidrológicos, podendo até ser
usada como vazão índice no processo de generalização regional.

Em uma região hidrologicamente homogênea, a vazão MLT pode ser estimada com base no
balanço hídrico simplificado das bacias hidrográficas (Item 4.1), aplicando a relação:

MLT  PREC  ETP


(3.11.1)

Nessa equação, a vazão MLT é dada em mm, sendo PREC a precipitação média anual
sobre a bacia (mm) e ETP a evapotranspiração real (mm).

A evapotranspiração real pode ser estimada para a Região de Abrangência, resolvendo-se a


Equação 3.11.1 para cada estação fluviométrica de referência, para a qual se têm calculadas a
vazão MLT da série de vazões médias mensais homogeneizadas e a precipitação média sobre
a respectiva bacia. Normalmente, em regiões hidrologicamente homogêneas a aplicação da
Equação 3.11.1 para calcular a evapotranspiração real fornece resultados pouco divergentes,
que indicam valores médios, máximo e mínimo de referência.

POTAMOS / VALE 52
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Nas regiões hidrologicamente homogêneas, pode-se obter uma correlação aderente entre a
vazão específica média de longo termo (em L/s.km²) e a área de drenagem, conforme
mostrado na Figura 3.11.1. Nesses casos, pode-se aplicar a correlação para estimar a vazão
MLT com base no conhecimento do parâmetro área de drenagem da seção fluvial de interesse.
Ressalta-se que a aplicação dessas correlações deve ser evitada em extrapolações para áreas
de drenagem muito inferiores às menores bacias das estações fluviométricas de referência,
pois o resultado obtido pode resultar pouco plausível, tendendo a superestimar a vazão MLT.

Figura 3.11.1 – Relação entre vazão específica MLT e área de drenagem.

O USGS recomenda uma metodologia de regionalização para estimativa da vazão MLT, citada
por Riggs (1970), em casos de existir pelo menos um ano hidrológico de monitoramento na
seção fluvial de interesse.

3.11.3. Regionalização da Curva de Permanência de Vazões

Utilizando-se as curvas de permanência das vazões médias mensais homogeneizadas das


estações fluviométricas de referência, pode-se proceder à transferência para a seção fluvial de
interesse com base em dois métodos distintos, a seguir descritos.

 Usando o parâmetro físico área de drenagem como índice para regionalização:

As curvas de permanência das vazões específicas q (L/s.km²) das estações fluviométricas


de referência são traçadas em um mesmo gráfico, conforme mostrado na Figura 3.11.2.
Obtém-se uma curva de permanência mediana, que passa a ser utilizada como
representativa da Região de Abrangência. A generalização para a seção fluvial de interesse

POTAMOS / VALE 53
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pode ser feita pela multiplicação das vazões específicas da curva regional pela respectiva
área de drenagem da seção.

Figura 3.11.2 – Regionalização da curva de permanência de vazões com base na área de drenagem.

 Usando a estimativa da vazão MLT como índice para regionalização:

As curvas de permanência das estações fluviométricas de referência são divididas pelas


respectivas vazões MLT e traçadas em um mesmo gráfico, conforme mostrado na Figura
3.11.3. Obtém-se uma curva de permanência mediana, que passa a ser utilizada como
representativa da Região de Abrangência. A generalização para a seção fluvial de interesse
pode ser feita pela multiplicação da curva regional pela respectiva estimativa da vazão MLT
(Subitem 3.11.2).

POTAMOS / VALE 54
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Figura 3.11.3 – Regionalização da curva de permanência de vazões com base na vazão MLT.
3.11.4. Regionalização da Curva de Frequência de Vazões Mínimas

Utilizando-se as curvas de frequência das vazões mínimas das estações fluviométricas de


referência, pode-se proceder à transferência para a seção fluvial de interesse com base em
dois métodos distintos, a seguir descritos.

 Usando o parâmetro físico área de drenagem como índice para regionalização:

As curvas de frequência das vazões específicas mínimas (L/s.km²) das estações


fluviométricas de referência são traçadas em um mesmo gráfico, conforme mostrado na
Figura 3.11.4. Obtém-se uma curva de frequência mediana, que passa a ser utilizada como
representativa da Região de Abrangência. A generalização para a seção fluvial de interesse
pode ser feita pela multiplicação das vazões específicas da curva regional pela respectiva
área de drenagem da seção.

POTAMOS / VALE 55
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Figura 3.11.4 – Regionalização da curva de frequência de vazões mínimas com base na área de
drenagem.

 Usando a estimativa da vazão MLT como índice para regionalização:

As curvas de frequência de vazões mínimas das estações fluviométricas de referência são


divididas pelas respectivas vazões MLT e traçadas em um mesmo gráfico, conforme
mostrado na Figura 3.11.5. Obtém-se uma curva de frequência mediana, que passa a ser
utilizada como representativa da Região de Abrangência. A generalização para a seção
fluvial de interesse pode ser feita pela multiplicação da curva regional pela respectiva
estimativa da vazão MLT (Subitem 3.11.2).

POTAMOS / VALE 56
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Figura 3.11.5 – Regionalização da curva de frequência de vazões mínimas com base na vazão MLT.

3.11.5. Regionalização da Curva de Regularização de Vazões de Estiagem

O processo inicia-se com o cálculo das curvas de regularização de vazões de estiagem (Figura
3.9.3) para cada uma das estações fluviométricas de referência. Em seguida as curvas são
adimensionalizadas, dividindo-se as vazões regularizadas no eixo das abscissas pelas
respectivas vazões MLT e os volumes úteis no eixo das ordenadas pelos respectivos deflúvios
médios anuais (Item 3.6). A Figura 3.11.6 mostra uma curva de regularização de vazões de
estiagem adimensionalizada por esse procedimento.

Desenhando as curvas adimensionais de todas as estações fluviométricas de referência em um


mesmo gráfico, conforme mostrado na Figura 3.11.7, pode-se traçar uma curva de
regularização mediana, que passa a ser utilizada como representativa da Região de
Abrangência. A generalização para a seção fluvial de interesse pode ser feita pela
multiplicação dos valores da curva adimensional pelo respectivo deflúvio médio anual (eixo das
ordenadas) e pela respectiva vazão MLT (eixo das abscissas), estimados para a seção.

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Figura 3.11.6 – Curva de regularização de vazões de estiagem adimensionalizada.

Figura 3.11.7 – Regionalização da curva de regularização de vazões de estiagem.

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3.12. DELIMITAÇÃO DA REGIÃO DE ABRANGÊNCIA

Em todos os projetos que envolvem cálculos referentes a estudos hidrológicos, a unidade


básica de trabalho é a bacia hidrográfica, especificamente delimitada na seção de referência de
implantação da obra. Entretanto, a condição quase geral de inexistência de dados de
monitoramento impõe a necessidade de ampliar a área de estudo, como forma de abarcar
pontos de monitoramento que possam ser utilizados nas metodologias de regionalização
hidrológica.

No contexto dessa necessidade de ampliação, pode-se definir como Região de Abrangência


à área total delimitada no entorno dos empreendimentos, quase sempre associada ao conceito
de bacia hidrográfica, com extensão suficiente para incluir todos os pontos de monitoramento
que devem compor a base de dados para os estudos, além dos limites do divisor de águas da
bacia de interesse.

De acordo com a finalidade de desenvolvimento dos estudos hidrológicos, as seguintes


considerações podem ser feitas:

 Nos estudos de avaliação de ofertas hídricas, a Região de Abrangência deve abranger o


maior número possível de estações fluviométricas representativas, observando-se a
necessidade de se preservar o conceito de homogeneidade hidrológica.
 Para o cálculo de cheias de projeto para dimensionamento de obras hidráulicas, a Região
de Abrangência pode estender-se até o ponto de inclusão de uma estação pluviométrica
que possa ser representativa do regime de chuvas da região. Caso já exista uma equação
de chuvas intensas, consagrada para a região, não haveria necessidade de estender a
abrangência além da seção de referência da obra.
 Para a implantação de sistemas de gerenciamento de recursos hídricos de uma Unidade
Industrial, nos quais é importante a inclusão de análises de qualidade das águas, a Região
de Abrangência deve ser delimitada pelas seções de referência das bacias de todos os
cursos de água que possam ser influenciados pelo empreendimento.

Na Figura 3.12.1 apresenta-se a delimitação de uma Região de Abrangência de um estudo de


avaliação de ofertas hídricas, podendo-se notar a extensão da área em relação ao ponto de
localização da Unidade Industrial.

POTAMOS / VALE 59
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Figura 3.12.1 – Região de Abrangência para avaliação das ofertas hídricas do Projeto Gongo Soco-MG.

3.13. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS

Sendo a bacia hidrográfica a unidade geográfica básica dos estudos hidrológicos, na sequência
da delimitação de sua superfície devem ser calculadas as seguintes características físicas:
área de drenagem, comprimento axial, traçado do perfil longitudinal, declividade média
equivalente, tempo de concentração, tipologia de uso e ocupação do solo, cobertura vegetal e
geologia. Essas são as características físicas mais relevantes para os estudos hidrológicos
aplicados ao dimensionamento das obras hidráulicas em mineração. Para informações sobre
outras características e parâmetros, recomenda-se a consulta ao livro de Singh (1992).

Quando são incluídas várias estações fluviométricas em uma Região de Abrangência,


normalmente nos casos dos estudos de regionalização hidrológica, a característica física de
interesse restringe-se à área de drenagem. Mesmo considerando que a área da bacia
hidrográfica vem informada nos arquivos dos bancos de dados, recomenda-se a revisão de seu
valor, em razão de possíveis inconsistências nos valores armazenados.

POTAMOS / VALE 60
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Área de Drenagem: A

Representa a superfície plana da bacia hidrográfica, delimitada pelo divisor de águas, medida
nas unidades km² ou hectares (ha).

Comprimento Axial: L

Representa o comprimento do curso de água principal (maior talvegue) da bacia, medido na


unidade km.

Traçado do Perfil Longitudinal

Representa o perfil traçado ao longo do desenvolvimento do talvegue principal da bacia,


conforme mostrado na Figura 3.13.1.

Figura 3.13.1 – Traçado de perfil longitudinal de bacia hidrográfica (rio Piranga).

POTAMOS / VALE 61
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Declividade Média Equivalente

Representa a declividade média do talvegue principal, ao longo do desenvolvimento do perfil


longitudinal, podendo ser calculada pela fórmula:

2
 
  Li 
Se   i  (3.13.1)
 Li 



i

S i 

Se é a declividade média equivalente (m/m), Li são os comprimentos elementares entre


curvas de níveis consecutivas (m), medidos ao longo do talvegue principal e S i são as
declividades de cada comprimento elementar Li (m/m).

Tempo de Concentração

O tempo de concentração pode ser definido como o tempo gasto para as águas do
escoamento superficial percorrer toda a extensão longitudinal da bacia, a partir do início de
uma precipitação efetiva; de outra forma, pode ser definido como o tempo necessário para o
escoamento superficial percorrer toda a extensão longitudinal da bacia, desde as cabeceiras
até a seção fluvial de referência.

O tempo de concentração decorre da composição dos seguintes tipos de escoamento:

 Escoamento em superfícies ou escoamento difuso: associado ao tempo de percurso do


escoamento superficial nas cabeceiras da bacia, de forma difusa, sobre superfícies onde
não existem talvegues definidos, até alcançar o primeiro talvegue de concentração do fluxo.
 Escoamento em canais naturais: fluxo concentrado nos talvegues efêmeros ou perenes
da rede hidrográfica da bacia, normalmente referenciado ao comprimento axial do curso de
água principal.
 Escoamento em canais artificiais ou galerias: ocorre em bacias com talvegues
canalizados ou nas drenagens artificiais das redes de drenagem de cavas e pilhas.

O tempo de concentração pode ser calculado por meio de fórmulas empíricas, que
incorporam as características físicas das bacias hidrográficas, ou pelo método cinemático,
baseado na velocidade de escoamento pelos canais.

Os resultados obtidos pela aplicação das fórmulas empíricas podem se apresentar bastantes
divergentes, sendo importante a avaliação das condições de desenvolvimento de cada um dos
métodos. A seguir são apresentadas as fórmulas empíricas mais usuais, podendo ser
encontrada uma referência mais ampla no trabalho de Silveira (2005).

POTAMOS / VALE 62
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 Fórmula empírica de Kirpich: desenvolvida para pequenas bacias em áreas de cabeceiras


de bacias hidrográficas rurais, com declividades relativamente acentuadas, entre 3% e 10%.
Alguns autores sugerem que a aplicação dessa fórmula restringe-se a bacias com A < 0,80
km² (PONCE, 1994), embora no trabalho de Silveira (2005) tenham sido feitas indicações
para bacias de maior porte.

0,385
 L2 
t C  0,39   
 (3.13.2)
 Se 

Nessa fórmula tC é o tempo de concentração (horas), L o comprimento axial (km) e S e a


declividade média em % (Equação 3.13.1).

 Fórmula empírica de G. B. Williams:

0,61  L
tC  0,11 (3.13.3)
A  S 0e,20

Nessa fórmula o tempo de concentração tC é dado em horas, L é o comprimento axial (km),


A é a área de drenagem (km²) e S e a declividade média (%). A fórmula é recomendada
especialmente para aplicação em bacias rurais, não havendo indicação explícita de limites
superiores, quanto às declividades e magnitude das áreas de drenagem.

 Fórmula do método cinemático: baseada na velocidade do escoamento nos canais,


fornecendo resultados mais realísticos, quando se encontram disponíveis informações
sobre a geometria e declividade das calhas fluviais. A aplicação da fórmula consiste em
subdividir o talvegue principal em trechos de características homogêneas e uniformes, em
termos de declividades e morfologia fluvial, estimando a velocidade de escoamento e assim
calculando o tempo de concentração:

Li
tC  v
i i
(3.13.4)

O tempo de concentração tC é calculado em segundos, para os comprimentos Li de cada


trecho em m e respectivas velocidades médias vi em m/s. Para estimar a velocidade, pode-
se aplicar a fórmula de Manning, desde que se conheça a geometria e as características de
rugosidade da calha fluvial, ou então usar estimativas como as da Tabela 3.13.1. Na
aplicação da fórmula de Manning, sugere-se a consideração do canal escoando a seção
plena, podendo utilizar apenas a calha menor, no caso de canais naturais.

As fórmulas empíricas para o cálculo do tempo de concentração aplicam-se para o escoamento


em canais. Para o caso do escoamento difuso, podem ser usadas estimativas de velocidades
de escoamento pelas superfícies (Tabela 3.13.1) ou então utilizar os valores obtidos de
ábacos, semelhantes ao da Figura 3.13.2.

POTAMOS / VALE 63
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Tabela 3.13.1 – Faixas de velocidade média para aplicação do método cinemático.


FAIXA DE DECLIVIDADE (%)
TIPO DE ESCOAMENTO
0OSO3 4OSO7 8 O S O 11 S P 12
ESCOAMENTO DIFUSO
Florestas 0,0 – 0,50 0,50 – 0,80 0,80 – 1,00 > 1,00
Pastagens 0,0 – 0,80 0,80 – 1,10 1,10 – 1,30 > 1,30
Áreas Cultivadas 0,0 – 0,90 0,90 – 1,40 1,40 – 1,70 > 1,70
Pavimentos 0,0 – 2,60 2,60 – 4,00 4,00 – 5,20 > 5,20
ESCOAMENTO EM CANAIS
Canais Naturais 0,0 – 0,60 0,60 – 1,20 1,20 – 2,10 -
Canais Prismáticos Manning Manning Manning Manning

Figura 3.13.2 – Ábaco para estimativa de velocidades de escoamento difuso em superfícies.

POTAMOS / VALE 64
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Para o cômputo final do tempo de concentração, devem ser somados os tempos individuais
calculados para o escoamento difuso e para o escoamento em canais, conforme a Equação
3.13.5. Em bacias de grande porte, o tempo de escoamento difuso pode ser desprezível,
perante o tempo mais longo do escoamento ao longo do talvegue principal.

t C  t difuso  t canal (3.13.5)

Recomenda-se observar o mapa da bacia e identificar a predominância de cada um dos tipos


de escoamento. Em bacias muito grandes, o escoamento difuso pode ser desprezado, porém,
em bacias de pequeno porte, a sua predominância pode ser relevante. Recomendam-se, na
aplicação de fórmulas empíricas, a verificação da ordem de grandeza da velocidade resultante
e a comparação com valores plausíveis, como os da Tabela 3.13.1.

Em qualquer aplicação, o tempo de concentração mínimo a ser considerado deve ser da ordem
de 5 minutos, que é precisão dos aparelhos registradores que fornecem a base de dados para
o estabelecimento das relações IDF de chuvas de projeto.

Tipologias de Uso e Ocupação do Solo

As tipologias de uso e ocupação do solo estão associadas às taxas de escoamento superficial


e índices de infiltração. Nas áreas de mineração podem ser diferenciadas as seguintes
tipologias: pilhas de estéril, barragens de rejeitos, cavas, pátios de estocagem de minério,
barragens de água, estradas de acesso, superfícies impermeáveis de telhados e pavimentos,
superfícies naturais.

O tratamento clássico dessas características físicas das bacias hidrográficas consiste em


delimitar em planta cada tipologia, computando o percentual de ocupação em relação à área de
drenagem total.

Cobertura Vegetal

A cobertura vegetal está associada ao potencial de infiltração e de evapotranspiração das


bacias.

Geologia e Tipo do Solo

O substrato geológico das bacias está associado à capacidade de armazenamento de água


nos lençóis subterrâneos e os tipos de solo condicionam o potencial de infiltração. Alguns
métodos de cálculo de precipitação efetiva (Subitem 5.6.8) estão relacionados às tipologias de
solo, que podem ser agrupadas em função do potencial de infiltração, variando entre solos de
maior capacidade (arenosos) e solos menos permeáveis (argilosos).

POTAMOS / VALE 65
CAPÍTULO 4
ESTUDOS DE BALANÇO HÍDRICO

Considerando a importância da simulação de balanço hídrico em suas Unidades Industriais, a


VALE elaborou uma normatização específica, denominada Procedimento para Elaboração de
Balanço Hídrico, da qual foram extraídos alguns elementos para apresentação nos subitens
seguintes.

Em linhas gerais, o balanço hídrico representa a aplicação da equação da continuidade de


massas, quando a matéria em análise é a água. O conceito de continuidade de massas
estabelece que a quantidade de matéria que entra em um sistema é igual à quantidade de
matéria que sai do mesmo, em um intervalo de tempo determinado ou para as condições
médias de funcionamento das variáveis de entrada e saída.

O conceito mostrado na figura acima se aplica para as condições médias de longo termo das
variáveis de entrada e de saída e para fluxos em regimes permanentes. De maneira genérica,
em curtos intervalos de tempo podem ocorrer armazenamentos positivos ou negativos no
sistema, representando-se a equação de balanço hídrico da seguinte forma:

 VOL
(FLUXO ENTRADA) – (FLUXO SAÍDA) = (4.1)
t

Nessa equação, a grandeza ΔVOL representa a variação de volume do sistema, que pode ser
positiva (+) ou negativa (-), no intervalo de tempo Δt considerado.

Por ser um balanço de massas, as variáveis de entrada e de saída do sistema podem ser
expressas diretamente em unidades de peso (ton), em unidades de volume (m 3) ou de vazão
(m3/h).

O sistema pode ser definido como quaisquer componentes da Unidade Industrial que
armazenem ou conduzam fluxos de água, tais como linhas adutoras, britadores, unidades de
peneiramento, espessadores, unidades de concentração de minério e barragens de contenção
de rejeitos. Em muitas aplicações, o balanço pode ser feito de forma global para toda a unidade
industrial, devendo sempre ser diferenciado para as obras hidráulicas de intervenção nos
cursos de água, tais como estruturas de captação a fio-d’água, reservatórios de regularização e
barragens de contenção de rejeitos.

POTAMOS / VALE 66
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

4.1. BALANÇO HÍDRICO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS

Na maior parte das aplicações, o balanço hídrico das bacias hidrográficas é feito para as
condições médias de longo termo das variáveis de entrada e saída, aplicando-se a Equação
3.11.1. Para essas condições, pressupõe-se que o termo de variação de volume (ΔVOL) da
Equação 4.1 seja nulo, igualando-se assim os fluxos de entrada e de saída.

Em uma bacia com lençol freático estanque, sem comunicação com os reservatórios de água
subterrânea das bacias adjacentes, considera-se como única variável de entrada a precipitação
(P) e como únicas variáveis de saída a evapotranspiração real (ETP) e a vazão média de longo
termo (MLT). A Figura 4.1.1 ilustra esse conceito de balanço hídrico simplificado.

Figura 4.1.1 – Esquema de balanço hídrico de bacia hidrográfica.

4.2. BALANÇO HÍDRICO DE UNIDADES INDUSTRIAIS

O balanço de massas global de uma unidade industrial, considerando as variáveis de entrada e


de saída medidas em unidade de peso (ton), pode ser resumido no esquema da Figura 4.2.1.

Também considerando que o regime de operação da unidade é permanente, a diferença entre


as variáveis de entrada e de saída podem ser usadas para a estimativa das perdas e do
consumo efetivo, muitas vezes de difícil monitoramento. Assim:

(PERDAS + CONSUMO) = (ROM + ÁGUA BRUTA + ÁGUA RECUPERADA) – (REJEITO + DESCARGAS + PRODUTO)

POTAMOS / VALE 67
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Figura 4.2.1 – Balanço de massas em uma unidade industrial.

A variável (DESCARGAS) indicada na Figura 4.2.1 representa todos os fluxos de água e rejeito
que são liberados nas ocasiões das paradas da Unidade Industrial. Mesmo podendo ocorrer
com certa frequência, as descargas não representam, necessariamente, uma variável a ser
incluída no balanço, porque a água purgada deve ser reposta antes da entrada em operação
da unidade, para a sua condição operativa em regime permanente. Portanto, a inclusão das
descargas em um balanço deve ser analisada em cada caso. Em muitas unidades, as
descargas são encaminhadas para as barragens de contenção de rejeitos e retornam como
água recuperada.

A conversão do balanço de massas em balanço hídrico decorre da quantificação das umidades


contidas no ROM e no produto, assim como na separação dos fluxos de água contidos no
rejeito e nas descargas. O esquema do balanço hídrico de uma unidade, onde as variáveis são
expressas em unidades de volume (m3) ou de vazão (m3/h), está representado na Figura 4.2.2.

Figura 4.2.2 – Balanço hídrico de uma unidade industrial.


4.3. BALANÇO HÍDRICO DE RESERVATÓRIOS

POTAMOS / VALE 68
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Genericamente, o balanço hídrico de um reservatório formado por uma barragem pode ser
representado pelo esquema da Figura 4.3.1. A componente de vazão afluente representa o
fluxo natural da bacia hidrográfica, que aporta ao reservatório através dos cursos de água,
enquanto a vazão defluente se compõe de todos os fluxos que saem do sistema (vazão a ser
utilizada, fluxo residual mínimo para jusante e percolação pelo maciço). As componentes de
precipitação e evaporação atuam diretamente sobre a superfície do reservatório, com
balanço positivo no período chuvoso e negativo na época de estiagem.

Figura 4.3.1 – Balanço hídrico de reservatório formado por barragem.

Especificamente para o caso de uma barragem de contenção de rejeito, na qual ocorre a


recuperação da água para reuso na unidade industrial, tem-se o balanço esquematizado na
Figura 4.3.2.

Figura 4.3.2 – Balanço hídrico de barragem de contenção de rejeitos.

Diferentemente dos casos das unidades industriais, a maioria das barragens é implantada em
vales de cursos de água, aparecendo assim no balanço uma variável adicional relacionada à
vazão afluente natural da bacia hidrográfica, muitas vezes de difícil quantificação. Também há
que se considerar que o sistema opera quase sempre em regime não permanente, com
efetivas variações de volume no reservatório. Assim, a equação do balanço hídrico pode ser
traduzida da seguinte forma:

POTAMOS / VALE 69
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

VOL (ÁGUA NO REJEITO + VAZÃO AFLUENTE + DEMAIS ENTRADAS + PRECIPITAÇÃO) – (ÁGUA


 RETIDA NO REJEITO + EVAPORAÇÃO + ÁGUA RECUPERADA + DEMAIS SAÍDAS +
t VERTIMENTO + FLUXO RESIDUAL + PERCOLAÇÃO)

As variáveis que figuram nessa equação têm os seguintes significados:

 ΔVOL – variação de volume do reservatório no intervalo de tempo Δt considerado;

 ÁGUA NO REJEITO – volume ou vazão de água contida na polpa do rejeito;

 VAZÃO AFLUENTE – descarga natural gerada na bacia hidrográfica;

 DEMAIS ENTRADAS – quaisquer outras entradas de água decorrentes da operação da


unidade industrial, tais como bombeamentos de sumps, perdas e descargas;
 PRECIPITAÇÃO – altura de chuva (mm) que precipita diretamente sobre a superfície
líquida do reservatório. A transformação da altura de chuva para unidades volumétricas é
feita pela multiplicação com a área da superfície do reservatório;
 ÁGUA RETIDA NO REJEITO – volume de água que fica retido nos vazios do rejeito;

 EVAPORAÇÃO – altura de água (mm) que se perde da superfície líquida do reservatório


por evaporação. A transformação da altura de evaporação para unidades volumétricas é
feita pela multiplicação com a área da superfície do reservatório;
 ÁGUA RECUPERADA – volume de água recirculada e retornado para reaproveitamento na
unidade industrial;
 DEMAIS SAÍDAS – outras retiradas de água do reservatório para aproveitamento que não
retornam para a unidade industrial (aspersão ou derivações para outras unidades);
 VERTIMENTO – volume de água liberado pelo vertedouro da barragem;

 FLUXO RESIDUAL – descarga mínima para jusante;

 PERCOLAÇÃO – fluxo de água pelo maciço e fundação da barragem.

A equação de balanço hídrico de reservatórios pode ser usada tanto para o dimensionamento
do volume útil requerido para a regularização de uma descarga, quanto para a operação em
tempo real durante a vida útil do empreendimento.

O termo de variação de volume na equação de balanço hídrico (ΔVOL) pode ser calculado
diretamente, a partir da curva cota-volume do reservatório, ou de forma indireta, se todas as
demais variáveis indicadas na equação forem conhecidas. Na determinação direta com base
na curva cota-volume é necessário o conhecimento da variação do nível de água do
reservatório no intervalo de tempo considerado, conforme mostrado de forma esquemática na
Figura 4.3.3.

Caso exista um monitoramento confiável de todas as variáveis artificiais que figuram no


balanço hídrico do reservatório, além das variáveis naturais precipitação e evaporação, então a
vazão afluente natural pode ser aproximada pelo termo ΔVOL / Δt.

POTAMOS / VALE 70
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Figura 4.3.3 – Cálculo da variação de volume com base na variação de nível de água.

A determinação direta da variação de volume nas barragens de contenção de rejeitos somente


pode ser feita se houver um procedimento sistemático de levantamentos batimétricos, com
atualização permanente da curva cota-volume (Capítulo 6).

Ainda na elaboração de balanço hídrico de barragens, é importante o conhecimento do regime


hidrológico do curso de água, expresso pela curva de frequência de vazões mínimas (Item 3.7)
e pela curva de regularização (Item 3.9). O estudo de frequência das vazões mínimas fornece
as vazões de referência para efeito de fixação do fluxo residual para jusante, que vem a ser
uma exigência ambiental fixada pelos órgãos de gestão de recursos hídricos federal e
estaduais.

Existem também barragens que são construídas a meia encosta, fora dos cursos de água, nas
quais não existe a componente da vazão natural da bacia hidrográfica.

A equação de balanço hídrico de reservatórios pode ser adequada para barragens que
recebem fluxos de rejeitos e não têm recuperação de água e para aquelas obras com
finalidade específica de regularização de vazões.

Nas Unidades Industriais onde existe aproveitamento de reservas de água subterrânea, torna-
se necessária a montagem de um modelo hidrogeológico conceitual, para a estimativa das
reservas renováveis e permanentes dos aquíferos, além da estimativa da recarga. A Figura
4.3.4 ilustra um esquema de modelo conceitual, ressaltando-se as componentes de recarga e
de bombeamento, que são as variáveis de maior relevância para o balanço hídrico.

POTAMOS / VALE 71
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Figura 4.3.4 – Modelo conceitual para balanço hídrico de aquíferos continentais.

As disponibilidades hídricas de um aquífero são inferidas a partir das estimativas de suas


reservas permanentes e renováveis (reguladoras), que podem ser conceitualmente
representadas pelo modelo indicado na Figura 4.3.5. As reservas permanentes são aquelas
situadas na zona saturada abaixo do nível mínimo de oscilação sazonal da superfície
piezométrica do aquífero livre, enquanto as reservas renováveis situam-se acima desse nível,
flutuando-se em conformidade com as recargas.

Na Figura 4.3.5, pode-se inferir que as nascentes dos cursos de água e, de uma forma geral, o
fluxo de base nos meses de estiagem, são abastecidos pelas reservas renováveis, havendo
um equilíbrio entre essas variáveis e a recarga, em condições médias de longo termo.
Normalmente, a utilização de água subterrânea deve-se restringir a parcelas das reservas
renováveis, para não afetar o equilíbrio do sistema ou reduzir de forma sensível o fluxo de base
dos cursos de água.

Em condições naturais, a recarga dos aquíferos é feita essencialmente pela precipitação,


representando um percentual da água infiltrada no solo. Nem todo o volume infiltrado se
transforma em recarga, visto que atuam na bacia hidrográfica as variáveis naturais da
transpiração vegetal e da evaporação da água presente na zona de aeração do solo.

POTAMOS / VALE 72
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Figura 4.3.5 – Representação esquemática das reservas permanentes e renováveis de um aquífero.

Pela complexidade dos sistemas aquíferos, sugeridas pelas representações das Figuras 4.3.4
e 4.3.5, os cálculos de balanço hídrico devem ser feitos com base em criteriosos estudos
hidrogeológicos, envolvendo a montagem de modelos conceituais, a amostragem em furos de
sondagens e a execução de testes de bombeamento.

Atenção especial deve ser dada para os aquíferos localizados em zonas costeiras ou bacias
insulares, onde o bombeamento das reservas pode provocar intrusão da cunha salina e
contaminar os estoques de água doce. A Figura 4.3.6 ilustra as variáveis a serem consideradas
no balanço hídrico de aquíferos costeiros.

Figura 4.3.6 – Modelo conceitual para balanço hídrico de aquíferos costeiros.

POTAMOS / VALE 73
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4.4. INTEGRAÇÃO DE BALANÇOS ENTRE RESERVATÓRIOS E UNIDADES


INDUSTRIAIS

O balanço hídrico representa um elemento integrante do gerenciamento dos recursos hídricos


de uma Unidade Industrial, por meio do qual são calculados as demandas de água e os
consumos a serem efetivamente outorgados nas unidades industriais. A forma de inserção do
balanço hídrico pode ser visualizada no diagrama da Figura 4.4.1.

Figura 4.4.1 – Inserção do balanço hídrico no gerenciamento de recursos hídricos.

O balanço hídrico (c) permite a determinação das demandas do empreendimento (f), para
serem cotejadas com as disponibilidades hídricas (g). Estas, por sua vez, são avaliadas (e)
com base em estudos hidrológicos (a) e hidrogeológicos (b), que fornecem as estimativas dos
potenciais de explotação dos mananciais de superfície e subterrâneos.

A Figura 4.4.2 mostra uma forma de integração entre os balanços hídricos das Unidades
Industriais (usinas de beneficiamento de minério) e os reservatórios formados pelas barragens.
Pode-se definir como demanda à soma de todos os fluxos de água que entram na Unidade
Industrial e que são fundamentais para a sua operação. Ainda dentro da Unidade Industrial, o
balanço negativo entre as entradas e as saídas representa o consumo efetivo que ocorre no
sistema, geralmente associado às perdas por evaporação e à umidade incorporada ao produto.

No caso dos reservatórios das barragens de água, o consumo é representado pela vazão
efetivamente regularizada, enquanto para as barragens de rejeitos o consumo é calculado em

POTAMOS / VALE 74
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

função da diferença entre a vazão bombeada e o retorno de água na polpa do rejeito. Nessas
barragens, o consumo deve-se, em larga escala, à parcela da água retida nos vazios do rejeito.

Figura 4.4.2 – Integração dos balanços hídricos entre unidade industrial e reservatórios.

POTAMOS / VALE 75
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CAPÍTULO 5
CRITÉRIOS PARA DIMENSIONAMENTO HIDROLÓGICO

No presente capítulo são apresentados os tópicos de Hidrologia Aplicada que resultam em


elementos para o dimensionamento das obras hidráulicas. Basicamente, esses elementos são
constituídos pelas vazões de projeto e volumes alocados nos reservatórios para amortecimento
de cheias, regularização de vazões de estiagem e contenção de sedimentos.

5.1. VAZÕES DE REFERÊNCIA PARA CAPTAÇÃO A FIO-D’ÁGUA

As captações a fio-d’água são aquelas projetadas para a derivação de vazões de um curso de


água nas condições naturais de seu regime hidrológico, sem promover a regularização por
meio de barragens, eventualmente apenas elevando o perfil de escoamento para criar
profundidades que permitem o afogamento de estações elevatórias ou a indução de cargas
hidráulicas no emboque das estruturas de desvio. A definição de que uma captação será
operada a fio-d’água depende das características do regime hidrológico do manancial
selecionado, no que concerne às vazões de estiagem. A Figura 5.1.1 ilustra o conceito de uma
captação a fio-d’água: para uma garantia de 100% de suprimento, a soma da vazão a ser
captada com o fluxo residual mínimo a ser mantido para jusante deve ser menor que os
mínimos valores do fluxo de base.

As vazões de referência para o dimensionamento das captações a fio-d’água são aquelas


representativas do regime de estiagem do manancial (Item 3.7), geralmente estabelecidas por
instrumentos legais dos órgãos estaduais de gestão de recursos hídricos. De acordo com o
Estado da União onde a obra hidráulica será implantada, a vazão de referência pode ser a
mínima Q7,10 ou os percentis da curva de permanência, representados pelas vazões Q 90, Q95 ou
Q98.

Pela regra quase geral de não haver disponibilidade de dados de monitoramento hidrométrico
no local da obra de captação, as vazões de referência devem ser estimadas com base em
aplicação de metodologias de regionalização hidrológica (Item 3.11), que utilizam séries de
vazões médias mensais homogeneizadas. Para o caso da vazão de referência Q 7,10, o quantil
obtido da análise estatística com as amostras dos mínimos anuais de vazões médias mensais
deve ser multiplicado por um fator de redução (COPASA / HIDROSISTEMAS, 1993), que varia
de acordo com as características de regime dos cursos de água. Esse fator pode ser calculado
para ser representativo de uma dada Região de Abrangência (Item 3.12), com base nas
informações contidas nas séries de vazões médias diárias das estações fluviométricas de
referência. Nesse caso, procura-se estabelecer uma relação entre as vazões mínimas anuais
com 7 dias de duração e as respectivas vazões médias mensais, para a posterior
generalização regional.

POTAMOS / VALE 76
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Figura 5.1.1 – Conceito hidrológico para caracterização de captação a fio-d’água.

As Portarias que regulamentam os pedidos de outorga para uso de água adotam percentuais
dessas vazões mínimas de referência para definir o limite máximo de derivação nas captações
a fio-d’água, condicionando a localização das tomadas de água. Na verdade, a localização das
estruturas em uma seção fluvial depende do cotejo entre a disponibilidade hídrica e a demanda
a ser atendida (Item 3.10). A Tabela 5.1.1 apresenta os critérios de outorga nos estados nos
quais a VALE possui Unidades Industriais.

Tabela 5.1.1 – Critérios de outorga para captações a fio-d’água.


VAZÃO DE LIMITE DE
ESTADO INSTRUMENTO LEGAL
REFERÊNCIA OUTORGA
Minas Gerais Portarias IGAM 010/98 e 007/99 Q7,10 0,30 Q7,10
o
Espírito Santo Instrução Normativa IEMA N 019/2005 Q7,10 0,50 Q7,10
Bahia Decreto Estadual Nº 6296/97 Q90 0,80 Q90
Pará Resolução No 003 de 03.09.2008 do CERH Não fixada -
Maranhão Não há - -
o
Goiás Resolução N 09 de 23.08.2004 da SEMARH Q95 0,70 Q95
o
Mato Grosso Resolução N 12 de 06.06.2007 do CEHIDRO Q95 0,70 Q95
União Não definido pela ANA Q95 0,70 Q95

POTAMOS / VALE 77
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5.2. VOLUME ÚTIL PARA REGULARIZAÇÃO DE VAZÕES

Quando a demanda de água de uma Unidade Industrial for maior que os limites legais
outorgáveis para captações a fio-d’água, a solução clássica consiste na construção de
reservatórios para regularização das vazões de estiagem. Os volumes úteis requeridos para a
regularização das vazões podem ser alocados em Barragens de Rejeitos ou em Barragens de
Água, construídas especificamente para esse fim.

O volume útil para a regularização de vazões pode ser determinado por meio da operação
simulada do balanço hídrico do reservatório, conforme explicado no Item 3.9. A vazão total a
ser regularizada, que aparece no esquema de balanço hídrico da Figura 3.9.2, corresponde à
soma da demanda da Unidade Industrial (deduzida da parcela de água recuperada no caso
das Barragens de Rejeitos) com o fluxo residual mínimo a ser mantido a jusante, fixado pelas
Portarias de regulamentação dos pedidos de outorga (Tabela 5.1.1). Definida a vazão a ser
regularizada, o volume útil pode ser obtido da curva de regularização (Figura 3.9.3).

Como sugestão genérica, que não deve ser tomada como regra, recomenda-se que a vazão
total a ser regularizada não ultrapasse o percentual 60% da vazão MLT, para evitar a alocação
de volumes úteis de grandes magnitudes, que impliquem em operações plurianuais do
reservatório. Essa recomendação não se aplica para os reservatórios que operam com balanço
hídrico em circuito fechado, como nos casos das barragens de disposição de rejeitos tóxicos. A
razão de se evitar a operação plurianual nos reservatórios implantados nas áreas de mineração
deve-se aos seguintes fatores: (i) recomendação de minimizar o volume de água armazenado
das barragens de contenção de rejeitos e (ii) dificuldade atual de manter um esquema
permanente de operação em tempo real, condição importante para gerenciar as incertezas
inerentes à previsão de vazões afluentes aos reservatórios.

5.3. VOLUME PARA RETENÇÃO DE REJEITOS

Os volumes a serem alocados nas Barragens de Contenção de Rejeitos devem ser


determinados em função da produção anual esperada de rejeitos nos processos de
beneficiamento de minério, dada na unidade ton/ano. Especificamente, os volumes devem ser
calculados pela divisão da geração de rejeitos em peso pela densidade da polpa (em ton/m³),
para obtenção do volume em unidade m³.

A densidade da polpa varia com o tempo de disposição, função do adensamento dos depósitos
no interior do reservatório. Assim, recomenda-se que a densidade da polpa seja fornecida em
função de ensaios de adensamento feitos em laboratório, para a obtenção de valores mais
realísticos dos depósitos no interior do reservatório.

Em estudos de concepção e de análise de alternativas de locação de eixos de barragens, o


volume pode ser calculado na hipótese de deposição uniforme no reservatório, simplesmente
analisando a morfologia da bacia hidráulica, representada pela curva cota-volume. Para
estudos de viabilidade e projeto básico, pode-se aprofundar a análise com hipóteses de

POTAMOS / VALE 78
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disposição controlada dos rejeitos, formando depósitos que resultam no melhor aproveitamento
do espaço disponível (ICOLD, 1996).

Ao iniciar a construção de uma barragem de contenção de rejeitos, torna-se importante o


estabelecimento de um plano de lançamento, de acordo com os métodos definidos para o
alteamento do maciço e a forma da bacia hidráulica do reservatório. Em qualquer operação de
lançamento de rejeitos, deve-se evitar a formação de braços estagnados de água no
reservatório.

5.4. VOLUME PARA RETENÇÃO DE SEDIMENTOS

A determinação de volumes para a retenção de sedimentos deve ser feita no dimensionamento


das estruturas específicas das Barragens de Contenção de Sedimentos, implantadas a jusante
de pilhas de estéril e de áreas com atividades intensivas de mineração, ou no cálculo do
volume morto das Barragens de Água (Item 5.7.3).

As bacias de retenção de sedimentos ou o volume morto dos reservatórios devem ser


dimensionados com um volume suficiente para acumular o aporte de descarga sólida, em um
horizonte de vida útil pré-definido para a obra. O processo de deposição de sedimentos em um
reservatório depende de vários fatores, sendo mais relevantes:

 A produção específica de sedimentos da bacia hidrográfica ou da área que drena para a


bacia de retenção, dada em ton/km².ano, m³/km².ano ou m³/ha.ano.
 Dimensão do reservatório em relação deflúvio médio anual da bacia hidrográfica.

 Composição granulométrica da descarga sólida afluente.

 Velocidade média do fluxo e tempo de residência ao longo do reservatório.

As Barragens de Contenção de Sedimentos podem ser de grande porte, dimensionadas com


volumes suficientes para operação durante toda a vida útil de um empreendimento de
mineração, ou então de pequeno porte, que exigem manutenção periódica de limpeza e
dessassoreamento.

Traduzindo essa classificação relativamente ao processo de deposição, os reservatórios


podem ser classificados como de pequeno, médio ou grande porte. O parâmetro dessa escala
de comparação pode ser um índice adimensional, representado pelo quociente entre o volume
total do reservatório (VT) e o deflúvio médio anual (D). Embora não exista uma indicação
precisa dos limites desse parâmetro para qualificar o porte do reservatório, pode-se tentar a
seguinte classificação indicada na Tabela 5.4.1.

Na referida tabela, o parâmetro (VT/D) relaciona-se com a chamada eficiência de retenção do


reservatório, que é a relação entre o volume de sedimentos retidos e o volume total afluente.

POTAMOS / VALE 79
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Tabela 5.4.1 – Classificação do porte de reservatórios.


PORTE DO RESERVATÓRIO RELAÇÃO VT / D
Pequeno (VT/D) < 0,01
Médio 0,01 < (VT/D) < 0,1
Grande (VT/D) > 0,1

Estimativa da Produção Específica de Sedimentos

O método mais exato para cálculo da produção de sedimentos em uma área ou bacia
hidrográfica decorre da aplicação dos princípios da hidrossedimentologia aos dados de
monitoramento de uma estação sedimentométrica. Dentre os diversos compêndios que tratam
desse tema, destacam-se os livros de Carvalho (1994) e Morris & Fan (1997).

Normalmente, as contribuições específicas de sedimentos decrescem com a magnitude da


área de drenagem, conforme mostrado na clássica curva de Khosla (Figura 5.4.1), que se
apresenta como uma envoltória superior de diversas medições feitas em bacias monitoradas.
Na maioria das aplicações práticas, com inexistência de dados de monitoramento
sedimentométrico, a curva envoltória da Figura 5.4.1 pode ser usada para estimar a
contribuição específica de sedimentos de bacias rurais, com relativa ocupação por atividades
antrópicas.

Figura 5.4.1 – Curva envoltória de produção específica de sedimentos.

POTAMOS / VALE 80
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Nas áreas ocupadas por atividades de mineração, o EPA (1976) apresentou valores de
contribuição específica de sedimentos variando entre 300 m³/ha.ano a 600 m³/ha.ano, em
empreendimentos dos Estados Unidos. No Brasil, tem sido prática a adoção do limite superior
dessa faixa para cálculo da contribuição de sedimentos em áreas de mineração.

Influência da Magnitude do Volume do Reservatório

O outro elemento de cálculo do volume sedimentado refere-se à eficiência do reservatório em


reter sedimentos, fator que depende da magnitude do volume armazenado e das
características da bacia hidráulica do reservatório. Dentre os métodos disponíveis para estimar
a eficiência de retenção dos sedimentos, citam-se as curvas de Brune e de Churchill (ANEEL,
2000), mostradas nas Figuras 5.4.2 e 5.4.3, respectivamente. Como a eficiência de retenção
pode ser alterada com a perda de volume do reservatório por assoreamento, Linsley et al.
(1992) apresentaram uma metodologia de cálculo sequencial, para computar a redução da
eficiência ao longo da vida útil empreendimento.

Quanto à aplicação de um ou outro método de cálculo da eficiência de retenção, tem sido


prática corrente a adoção da curva de Churchill para os casos de empreendimentos hidráulicos
de pequeno porte (CARVALHO, 1994), podendo se enquadrar nessa categoria os reservatórios
que apresentam a relação VT/D < 0,001.

Nas barragens de água, o maior problema relacionado ao assoreamento do reservatório refere-


se ao avanço dos sedimentos submersos em direção do ponto da tomada de água. Para fazer
essa análise, recomenda-se a adoção do critério fixado pelo USBR (1977), por meio do
chamado Método Empírico de Redução de Área.

Segundo o EPA (1976), as barragens de pequeno porte devem ser dimensionadas com uma
vida útil de 1 a 3 anos. Devido à redução da eficiência de retenção com a perda progressiva
dos volumes de acumulação, os reservatórios devem ser dessassoreados, quando a
capacidade de armazenamento já estiver reduzida para 40% a 50%.

POTAMOS / VALE 81
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Figura 5.4.2 – Curva de Brune para cálculo da eficiência de retenção de sedimentos.

Figura 5.4.3 – Curva de Churchill para cálculo da eficiência de retenção de sedimentos.

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Composição Granulométrica da Descarga Sólida

Para que um reservatório possa reter toda a faixa granulométrica das contribuições de
descargas sólidas, é necessário que o volume disponível seja de grande porte relativo, acima
de VT/D > 0,50. Na prática, muitos reservatórios não se apresentam com essa configuração de
grande porte, retendo apenas parcialmente o espectro da curva granulométrica. Para avaliar o
limiar da faixa de retenção, pode-se utilizar o ábaco de Hjulström, reproduzido na Figura 5.4.4.
O ábaco define as zonas de erosão, transporte e sedimentação (deposição), pelo cruzamento
dos dados de velocidade média do escoamento (ordenadas) com o diâmetro das partículas da
descarga sólida (abscissas). A linha tracejada que separa as zonas de sedimentação e de
transporte no ábaco pode ser usada para estimar a velocidade de sedimentação das partículas.

A Tabela 5.4.2 apresenta os diâmetros médios das partículas por faixas granulométricas, para
auxílio na utilização e interpretação do ábaco (Referência: USACE, 1977).

Figura 5.4.4 – Ábaco de Hjulström para determinação da faixa granulométrica de retenção.

A velocidade média do escoamento ( v ) ao longo do reservatório pode ser estimada com base
na aplicação da seguinte fórmula, na qual Q é a vazão média afluente (m³/s), L o comprimento
longitudinal do reservatório (m) e VT o volume total armazenado (m³):

Q L
v (5.4.1)
VT

POTAMOS / VALE 83
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Tabela 5.4.2 – Classificação dos sedimentos quanto à granulometria.


CLASSIFICAÇÃO
FAIXA DIÂMETRO (mm) DIÂMETRO MEDIANO (mm)
FAIXA GRANULOMÉTRICA
Argila < 0,004 -
Silte Muito Fino 0,004 – 0,008 0,0057
Silte Fino 0,008 – 0,016 0,0113
Silte Médio 0,016 – 0,032 0,0226
Silte Grosso 0,032 – 0,0625 0,0447
Areia Muito Fina 0,0625 – 0,125 0,0884
Areia Fina 0,125 – 0,250 0,1768
Areia Média 0,250 – 0,50 0,3536
Areia Grossa 0,50 – 1,00 0,7071
Areia Muito Grossa 1,00 – 2,00 4,4142
Pedregulho Muito Fino 2,00 – 4,00 2,8284
Pedregulho Fino 4,00 – 8,00 5,6569
Pedregulho Médio 8,00 – 16,00 11,3137
Pedregulho Grosso 16,00 – 32,00 22,6274
Pedregulho Muito Grosso 32,00 – 64,00 45,2548

Na maioria dos casos das barragens de contenção de sedimentos, a fração granulométrica do


material coesivo (argila e silte) não fica depositada, conferindo turbidez à vazão defluente, com
a indicação nítida de que apenas as partículas mais grossas são retidas. Essa característica
deve ser bem avaliada nos processos de licenciamento ambiental, para não criar expectativas
exageradas para a qualidade da água decantada, principalmente durante o período chuvoso.
Destaca-se também a tendência de as frações de silte e argila constituírem o maior percentual
da descarga sólida transportada durante os eventos de cheias, restringindo a eficiência dos
reservatórios de retenção em suprimir a turbidez da água.

Tempo de Residência

Os reservatórios das barragens de retenção de sedimentos operam com o conceito de tempo


de residência, que pode ser definido como o quociente entre o volume total do reservatório e a
vazão em trânsito. Obviamente, o tempo de residência depende da magnitude da vazão em
trânsito pelo reservatório, reduzindo-se durante a ocorrência de cheias. Pode-se estabelecer
um conceito para dimensionamento de barragens de contenção de sedimentos, em função do
tempo de residência, considerando a vazão dominante como critério de cálculo do volume a ser
alocado. No caso, a vazão dominante pode ser fixada no valor equivalente ao pico da cheia
com período de retorno de 2 anos, que representa um evento morfogenético de transporte de
sedimentos e modelação dos canais fluviais.

POTAMOS / VALE 84
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Dimensionamento do Volume Morto

O dimensionamento do volume morto das barragens de água pode ser feito de diversas
formas, dependendo das condições de contorno que são impostas. Existem duas condições
gerais mais amplas, que norteiam os passos de cálculo, a saber:

 Dado o horizonte de vida útil do empreendimento, calcular a magnitude do volume


morto;
 Fixado um valor para o volume morto, calcular o horizonte de vida útil do
empreendimento.

Para o caso de ser fixado o horizonte de vida útil do reservatório, como critério de projeto:

 Obter as características da bacia hidráulica do reservatório: curvas cota-área e cota-volume.

 Calcular as características do regime hidrológico no eixo de implantação da barragem:


vazão média de longo termo e deflúvio médio anual.
 Calcular a contribuição de sedimentos ao eixo da barragem, em m³/ano (Figura 5.4.1 ou
estimativas de contribuições específicas para áreas de mineração).
 Admitir inicialmente que a eficiência de retenção do reservatório será de 100% e calcular o
volume morto VM  q S  A  N (qS contribuição específica de sedimentos em m³/km².ano, A
área de drenagem em km² e N vida útil em anos).
 Aplicar a metodologia sugerida por Linsley et al. (1990) para avaliar a redução da eficiência
de retenção com o tempo e a necessidade de ajustar o valor inicial calculado para VM.

Para o caso de ser fixado o valor do volume morto, como critério de projeto:

 Obter as características da bacia hidráulica do reservatório: curvas cota-área e cota-volume.

 Calcular as características do regime hidrológico no eixo de implantação da barragem:


vazão média de longo termo e deflúvio médio anual.
 Calcular a contribuição de sedimentos ao eixo da barragem, em m³/ano (Figura 5.4.1 ou
estimativas de contribuições específicas para áreas de mineração).
 Aplicar a metodologia sugerida por Linsley et al. (1990) para estimar o horizonte de vida útil
da barragem.

Recomenda-se a verificação do desempenho dos cálculos efetuados com a aplicação do


modelo matemático HEC-6.

Dimensionamento do Volume para Retenção de Sedimentos

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As barragens de retenção de sedimentos devem ser dimensionadas para reter pelo menos a
faixa granulométrica das areias, equivalente a considerar a retenção de todas as partículas de
descarga sólida com diâmetro D50 > 0,1 mm.

Considerando o reservatório da barragem de detenção com as dimensões básicas de


comprimento L (m) e largura média b (m), para uma dada vazão de projeto Q (m³/s) tem-se a
seguinte relação de dimensionamento:

Q
L b  (5.4.2)
vS

A outra variável que figura na Equação 5.4.2 é a velocidade de sedimentação v S, que para o
caso limiar das areias muito finas pode ser aproximada por vS = 0,009 m/s, conforme indicado
pelo diagrama da Figura 5.4.4.

5.5. BACIAS DE DECANTAÇÃO

Nesse documento, o termo Bacia de Decantação está sendo aplicado para designar os
reservatórios de pequeno porte que são implantados como estrutura auxiliar dos sistemas de
drenagem superficial de pilhas de estéril, cavas e estradas de acesso, com a finalidade
principal de reter os sedimentos de granulometria mais grossa, carreados pelos eventos de
chuva de curta duração.

Pode-se considerar que a diferença entre uma bacia de decantação e um reservatório para
retenção de sedimentos reside na duração dos eventos hidrológicos: enquanto os reservatórios
para retenção de sedimentos são dimensionados para ciclos anuais, as dimensões das bacias
de decantação resultam de eventos de chuva de curta duração, geralmente inferiores a 24
horas. Por conta desse critério de dimensionamento, as bacias de decantação exigem
manutenção periódica, principalmente após a ocorrência de chuvas de alta intensidade.

Em diversas situações, as bacias de decantação são dimensionadas com a finalidade principal


de amortecimento de cheias nos sistemas de drenagem, reduzindo os picos de escoamento
superficial nas bancadas das cavas e pilhas. Nos pits fechados das cavas das minas, as bacias
de decantação (sumps) podem ser utilizadas como reservatórios auxiliares aos sistemas de
bombeamento, para evitar o acúmulo de água no fundo da cava e otimizar o dimensionamento
das bombas.

Como critério hidrológico de dimensionamento, as bacias de decantação devem ser projetadas


para eventos de chuva com períodos de retorno de 10 a 50 anos, seguindo os passos de
cálculo:

 Estabelecer os critérios e condicionantes básicos: limite de espaço para implantação das


bacias, limite para dimensão das bombas, tempo de esvaziamento da bacia, período de
retorno e duração da chuva de projeto.

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 Lançar o projeto conceitual de drenagem (Item 5.12) e definir a localização preliminar das
bacias de decantação.
 Delimitar as áreas de drenagem de contribuição a cada bacia de decantação.

 Calcular os hidrogramas ou volumes afluentes às bacias de decantação, usualmente


empregando o Método Racional (Subitem 5.6.9).
 Simular a operação da bacia de decantação, empregando o Método de Puls Modificado
(Item 5.7).

5.6. CÁLCULO DE CHEIAS DE PROJETO

5.6.1. O Conceito de Cheia de Projeto

A cheia de projeto pode ser definida como o hidrograma de cheia (Item 3.8) que é calculado
com a finalidade específica de dimensionamento das obras hidráulicas, estando associado à
capacidade limite das estruturas de condução (canais, bueiros, vertedouros) ou à altura
atingida pelos perfis de escoamento (diques, tomadas de água).

Dentre os elementos componentes do hidrograma de cheia, apresentados na Figura 3.8.1, o


mais importante é a vazão de pico, geralmente representando a vazão que efetivamente é
utilizada no dimensionamento das obras hidráulicas. No caso específico do dimensionamento
de vertedouros de barragens, torna-se necessária a utilização de todo o hidrograma de cheia,
no processo de simulação do trânsito pelo reservatório (Item 5.7).

Existem duas classes de métodos para o cálculo das cheias de projeto: (i) método direto, que
utiliza os dados de vazões registradas em uma estação fluviométrica e (ii) métodos indiretos,
baseados no cálculo dos hidrogramas a partir de dados de chuva precipitada sobre a bacia
hidrográfica.

5.6.2. Método Direto: Análise de Frequência de Dados Fluviométricos

O método direto de cálculo de cheias de projeto baseia-se na análise estatística das vazões
registradas em uma estação fluviométrica, normalmente utilizando amostras de valores
máximos anuais de vazão média diária ou de vazão de pico. Assim, as amostras disponíveis
para a análise estatística (análise de frequência) são formadas por tantos pontos quantos
forem os anos hidrológicos disponíveis no histórico de medições da estação.

Quanto à recomendação de tamanho mínimo da amostra que forneça uma análise estatística
confiável, não existe um critério específico para essa definição, embora alguns autores
recomendem comprimentos mínimos de 20 anos, ou então um comprimento mínimo de n anos
para estimar quantis com até 2n anos de período de retorno (NAGHETTINI & PINTO, 2007).
De qualquer forma, devem-se evitar extrapolações para probabilidades de excedência muito
superiores àquelas calculadas pela frequência dos pontos amostrais.

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O conceito de determinação de cheia de projeto pelo método direto consiste na associação de


vazões com o respectivo período de retorno, calculado como o inverso da probabilidade de o
valor ser igualado ou excedido em um ano qualquer. O processamento dos cálculos pelo
método direto pode ser feito com o aplicativo SEAF – Sistema Especialista de Análise de
Frequência, disponibilizado no endereço eletrônico do Departamento de Engenharia Hidráulica
e Recursos Hídricos da UFMG (Referência: www.ehr.ufmg.br).

A principal limitação para a aplicação do método direto reside na ausência de dados de


monitoramento nos locais selecionados para implantação das obras hidráulicas de mineração.
Geralmente, as obras hidráulicas são implantadas em seções fluviais que definem bacias de
pequena magnitude de área de drenagem, nas quais não existe monitoramento fluviométrico
com período de dados suficiente para suportar uma análise de frequência.

Uma outra limitação do método direto refere-se ao fato de a maioria das estações
fluviométricas disponibilizarem apenas dados de vazão média diária, quando, na realidade, as
vazões de projeto devem corresponder aos respectivos valores instantâneos de pico. Em
bacias com áreas de drenagem de pequena magnitude, como nos casos das bacias
abrangidas pelas obras hidráulicas em mineração, pode haver uma diferença significativa entre
a máxima vazão média diária (registrada na estação fluviométrica) e a vazão de pico (vazão de
projeto). Uma das formas de resolver esse problema consiste em aplicar relações de correção
entre as máximas vazões médias diárias e as vazões de pico, como a fórmula de Fuller, dada
abaixo:

 2,66 
Q P  Q M  1  0,3  (5.6.1)
 A 

Nessa fórmula, QP é a vazão de pico, Q M o quantil de máxima vazão média diária e A é


a área de drenagem (km²).

Por conta dessas limitações, o método direto de determinação de cheias de projeto tem pouca
aplicabilidade no dimensionamento das obras hidráulicas em mineração. Além disso, para o
dimensionamento de vertedouro de barragens é necessária a determinação do hidrograma
completo da cheia de projeto, que não se define pelo método direto.

5.6.3. Métodos Indiretos

O conceito dos métodos indiretos de cálculo de cheias de projeto baseia-se na transformação


de chuva em vazão, empregando modelos matemáticos específicos. Na aplicação dos métodos
indiretos, o resultado obtido não deve ser considerado como uma cheia de projeto com um
dado período de retorno, mas sim como a vazão determinada a partir de um evento de chuva
com um período de retorno definido.

Como os eventos de chuva são caracterizados pela altura precipitada com uma certa duração,
torna-se necessária a definição das relações altura-duração-frequência (Item 5.6.4), nas quais
essas grandezas características são associadas aos respectivos períodos de retorno. Também

POTAMOS / VALE 88
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é necessário definir a distribuição temporal das alturas precipitadas (Item 5.6.5) e a forma de
distribuição espacial dos eventos (Item 5.6.6).

Dentre os métodos indiretos de cálculo de cheias de projeto, os de maior importância para o


dimensionamento das obras hidráulicas em mineração são o Método Racional (Item 5.6.9) e o
Método do Hidrograma Unitário (Item 5.6.10).

Além desses métodos de cálculo tradicionais, deve ser mencionada a crescente aplicação de
modelos matemáticos de simulação hidrológica mais sofisticados, que podem resultar em
valores mais confiáveis para as cheias de projeto nos casos de haver disponibilidade de dados
para calibração.

Nos subitens seguintes são apresentados os passos de cálculo para a aplicação dos métodos
indiretos, que abrangem:

 Seleção de uma relação altura-duração-frequência representativa da Região de


Abrangência do projeto ou de uma estação pluviométrica representativa;

 Caso não se disponha de uma relação para a Região de Abrangência, proceder à análise
estatística da amostra de máximos anuais de altura de chuva com 1 dia de duração obtida
da estação pluviométrica representativa;

 Calcular o tempo de concentração da bacia hidrográfica em estudo;

 Definir um intervalo de discretização temporal e montar os gráficos de distribuição altura x


tempo (ietogramas), para durações maiores e iguais ao tempo de concentração da bacia;

 Elaborar a desagregação dos quantis de chuvas de 1 dia de duração em alturas de chuvas


de menor duração, quando não se dispõe de uma relação altura-duração-frequência;

 Verificar a necessidade de aplicação e proceder à distribuição espacial das alturas de


chuvas sobre a área da bacia hidrográfica.

5.6.4. Pluviologia: Relações Altura-Duração-Frequência

As grandezas básicas das precipitações, normalmente monitoradas, são a altura (P) e a


duração (t). Derivada dessas duas grandezas, define-se a intensidade da chuva como a
relação P/t, que tem a dimensão [L x T-1]. Para as estações pluviométricas equipadas com
aparelho registrador pluviógrafo, podem ser selecionadas amostras de máximos anuais de
alturas de chuvas com diversas durações, inferiores a 24 horas. Normalmente, são
selecionadas as durações notáveis de 5, 10, 15, 20, 30 e 45 minutos e de 1, 2, 3, 4, 6, 8, 10,
12, 18 e 24 horas. Para cada amostra correspondente a uma dada duração notável, procede-
se a uma análise estatística, calculando-se os quantis correspondentes a períodos de retorno
notáveis de 2, 5, 10, 25, 50 e 100 anos. Da associação das intensidades resultantes de cada
duração e com uma certa frequência, podem ser estabelecidas relações do tipo indicada
abaixo, também conhecida como equação de chuvas intensas:

POTAMOS / VALE 89
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a  TR b
i (5.6.1)
 t  0  c

Na equação anterior, i é a intensidade de chuva (mm/h), TR o período de retorno


(frequência), t a duração (minutos), a/b/c são constantes de regressão e ξ0 um
parâmetro de escala do modelo matemático de regressão.

Uma variação do tipo da Equação 5.6.1 foi estabelecida por Pinheiro & Naghettini (1998) para a
Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), onde se inserem várias Unidades Industriais
da VALE, tais como as Minas Fábrica, do Pico, Tamanduá, Capitão de Mato, Capão Xavier,
Mar Azul, Córrego do Feijão, Jangada e o Complexo ITM Vargem Grande. A equação
incorpora uma variável componente de regionalização hidrológica, que permite a aplicação em
qualquer área da RMBH, sendo dada pela seguinte expressão:

i TR,t, j  0,76542  t 0,7059  P 0,5360   TR,t (5.6.2)

Nessa equação, iTR,t,j é a estimativa da intensidade de chuva (mm/h), com duração t e


período de retorno TR no local j, P é a precipitação média anual estimada para o local j
e μTR,t representa um fator de frequência adimensional, tabelado em função de TR e t.

A componente que permite a generalização regional é a precipitação média anual (P), que
pode ser estimada pelo mapa isoietal da Figura 5.6.1.

As relações intensidade-duração-frequência das precipitações apresentam certa uniformidade


regional, o que permite a generalização das equações e a aplicação para bacias que não
possuem dados de monitoramento de chuvas. Além disso, é possível estabelecer uma relação
altura-duração-frequência a partir dos dados de monitoramento de uma estação pluviométrica
equipada apenas com aparelho totalizador diário tipo pluviômetro. O processo de cálculo é
denominado desagregação de chuvas, consistindo-se, basicamente, na determinação das
alturas de chuvas de durações inferiores a 24 horas com base nas respectivas alturas
acumuladas com 1 dia de duração. Os passos de cálculo são os seguintes:

 Selecionar uma estação pluviométrica representativa do regime de chuvas da Área de


Abrangência, que tenha passado por um processo de consistência prévia e apresente
comprimento de histórico relativamente longo;
 Efetuar a análise de frequência para a amostra dos máximos anuais de altura de chuva
com 1 dia de duração, obtendo-se os quantis para alguns períodos de retorno notáveis;
 Transformar as alturas de chuvas de 1 dia de duração (P 1 dia) em chuvas com 24 horas de
duração (P24), essencialmente aplicando a relação P24 = 1,10 x P1 dia;
 Desagregar as alturas de chuvas de 24 horas de duração em alturas de chuvas de menor
duração, geralmente para 6 min, 10 min, 15 min, 20 min, 30 min, 1 hora, 2 horas, 3 horas,
4 horas, 6 horas, 10 horas, 12 horas e 18 horas;

POTAMOS / VALE 90
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 Com os valores assim desagregados, as alturas de chuvas para quaisquer outras durações
podem ser calculadas por interpolação dos pontos, ajustados a uma curva gráfica.

Figura 5.6.1 – Mapa isoietal de alturas médias anuais na RMBH (PINHEIRO & NAGUETTINI, 1998).

Uma das metodologias mais clássicas de desagregação aplicada no Brasil é a do método das
isozonas, definida por Taborga (1974). Suportado pelo clássico trabalho de Pfafstetter (1957),
a base do método das isozonas decorreu da constatação de que havia uma certa uniformidade
regional entre as alturas de chuva de 6 min com 24 horas (P 6min/P24) e de 1 hora com 24 horas
(P1/P24), configurando as chamadas isozonas de igual relação entre as precipitações de
diferentes durações. O mapa das isozonas os quocientes entre as chuvas de 6 min e 1 hora,
relativamente à chuva de 24 horas, são reproduzidos na Figura 5.6.2. Para qualquer outra
duração, as alturas de chuva podem ser obtidas por interpolação, empregando o gráfico da
Figura 5.6.3.

POTAMOS / VALE 91
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POTAMOS / VALE 92
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Figura 5.6.2 – Mapa de isozonas de igual relação entre as alturas de chuvas de 6 min e 1 hora com a
chuva de 24 horas (TABORGA, 1974).

POTAMOS / VALE 93
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Figura 5.6.3 – Ábaco para interpolação e cálculo de alturas de chuvas (TABORGA, 1974).

5.6.5. Pluviologia: Ietogramas de Chuvas de Projeto

Nas aplicações do Método do Hidrograma Unitário (Item 5.6.10) para cálculo de vazões de
cheias, é necessário discretizar a altura da chuva de projeto, com uma certa duração, em
blocos justapostos de menor duração, compondo o chamado ietograma de chuva de projeto.
Usualmente, recomenda-se a adoção do intervalo de discretização (Δt) igual a 20% do tempo
de concentração da bacia (Δt = tC/5), como forma de se obter uma relação matemática
compatível com a fórmula de cálculo do Método do Hidrograma Unitário.

Uma vez estabelecido o intervalo de discretização Δt, existem diferentes formas de distribuição
temporal dos blocos de chuvas resultantes, dentro da realidade de que a chuva não apresenta
uma distribuição uniforme ao longo do tempo. Uma das formulações que pode ser empregada

POTAMOS / VALE 94
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deve-se a Huff, citado por Chow et al. (1988), com os resultados da distribuição temporal
reproduzidos na Figura 5.6.4. Como exemplo de aplicação, a Figura 5.6.5 ilustra três diferentes
distribuições temporais para a configuração do 2o quartil, com probabilidades de ocorrência de
10%, 50% e 90%. Como solução de compromisso, tem sido praticada, nos projetos de obras
hidráulicas em mineração, a adoção do critério de distribuição do 2o quartil e 50% de
probabilidade de ocorrência.

Figura 5.6.4 – Critérios de Huff para distribuição temporal dos blocos de precipitação.

Figura 5.6.5 – Ietogramas montados a partir da distribuição de Huff no 2o quartil.

POTAMOS / VALE 95
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Em algumas aplicações, especialmente nos casos de dimensionamento de vertedouros de


barragens que formam reservatórios com elevada inércia volumétrica (Subitem 5.7.5), pode ser
requerido o cálculo de ietogramas com intervalos de discretização de 1 dia. Nesses casos,
recomenda-se a adoção do ietograma de chuva diária registrado na estação pluviométrica de
referência, que tenha gerado a altura acumulada mais crítica do histórico, para a duração
crítica do evento da chuva de projeto. A Figura 5.6.6 mostra uma típica distribuição temporal de
alturas de chuva de 1 dia, para uma duração crítica de 10 dias.

Para projetos executados na Região Metropolitana de Belo Horizonte, recomenda-se a


discretização temporal determinada por Pinheiro & Naghettini (1998).

Figura 5.6.6 – Ietograma de chuva com intervalo de discretização de 1 dia.

Em um trabalho recente encomendado pela DIPF (2011), foram estabelecidas relações altura-
duração-frequência para todas as minas localizadas na Região do Quadrilátero Ferrífero de
Minas Gerais, buscando uma padronização nos valores de chuvas de projetos a serem
adotados nos estudos da VALE. Uma síntese desse trabalho está apresentada no ANEXO a
esse documento.

5.6.6. Pluviologia: Distribuição Espacial de Chuvas de Projeto

Além da variação ao longo do tempo, os eventos de chuva apresentam também uma grande
variabilidade espacial. Para a maioria das aplicações, o interesse está focado no cálculo da
altura de chuva média sobre a bacia hidrográfica. Como os cálculos das relações altura-
duração-frequência são feitos para um determinado ponto de monitoramento pluviométrico,
considera-se que os resultados obtidos sejam representativos da chamada altura de chuva
pontual.

POTAMOS / VALE 96
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Em função da magnitude da área de drenagem da bacia hidrográfica, Taborga (1974)


recomenda o seguinte critério de distribuição espacial:

 Se A < 25 km², pode-se admitir que a altura de chuva média P seja igual à altura da
chuva pontual P0;
 Se A > 25 km², calcula-se a altura de chuva média pela multiplicação da chuva pontual
por um fator de abatimento k <1, função da magnitude da área de drenagem e da duração
do evento, conforme o gráfico da Figura 5.6.7 (CETESB, 1980).

Figura 5.6.7 – Fator de abatimento da altura de chuva pontual (CETESB, 1980).

Nas aplicações do Método do Hidrograma Unitário ou de qualquer modelo de simulação chuva-


vazão, pode ser necessária a segmentação da bacia em sub-bacias, buscando uma
representação mais realística para o modelo matemático. Nesses casos, cada sub-bacia pode
ter a altura de chuva média calculada com base na distribuição isoietal recomendada pelo U.S.
Weather Bureau (CHOW et al., 1988). A Figura 5.6.8 apresenta a distribuição isoietal padrão,
que tem a forma de elipses concêntricas com a relação entre os eixos a = 2,5b.

A recomendação para os casos de aplicação nas bacias de interesse para as obras de


mineração pode ser montada pela combinação do gráfico de abatimento da Figura 5.6.7 com o
padrão isoietal da Figura 5.6.8, adotando-se os seguintes passos:

 Selecionar a isoieta envoltória na Figura 5.6.8, com o limite de área imediatamente


superior à área da bacia hidrográfica;
 Para cada duração de interesse, obter o fator de abatimento k na Figura 5.6.7,
considerando a área da isoieta envoltória;
 Definir a forma da isoieta envoltória da bacia sabendo que a área da elipse é dada por A
= πab;
 Calcular o valor da altura da isoieta envoltória PC por meio da equação:

POTAMOS / VALE 97
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25 A  25  P0  PC 
 P0      k  P0 (5.6.3)
A A  2 

 Interpolar as isoietas entre a área central de 25 km² e a área da isoieta envoltória,


empregando as relações de áreas intermediárias indicadas na Figura 5.6.8 e aplicando a
Equação 5.6.3.
 Sobrepor a distribuição isoietal obtida sobre a área da bacia hidrográfica, procurando
centralizar o núcleo de 25 km² no centro geométrico da bacia, de forma a cobrir toda a
superfície.

Figura 5.6.8 – Distribuição isoietal padrão para cálculo da chuva de projeto (CHOW et al., 1988).

Quando se aplica a distribuição isoietal padrão, a altura da chuva média em cada sub-bacia
pode ser calculada pelo Método das Isoietas, que emprega a formulação:

Ai
P P
i
INT 
A
(5.6.4)

Nessa fórmula, PINT representa a média das alturas de chuvas entre isoietas
consecutivas e Ai é a área abrangida entre as isoietas consecutivas.

Destaca-se que a maioria das bacias hidrográficas de contribuição para as obras hidráulicas
em mineração abrange áreas de pequena magnitude, para as quais se aplica a hipótese de a
altura da chuva média equivalente ser igual à altura da chuva pontual P0.

POTAMOS / VALE 98
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5.6.7. PMP: Precipitação Máxima Provável

A PMP – Precipitação Máxima Provável representa o evento máximo de chuva (um evento de
chuva caracteriza-se por uma altura pontual ou distribuição isoietal, referente a uma duração
especificada) passível de ocorrer em uma região, considerando os limites de vapor de água
precipitável comportados pela troposfera. Por conta desse conceito, a PMP representa a chuva
de projeto ideal para o cálculo da cheia de projeto de vertedouros das barragens de grande e
médio porte e alto risco a jusante em caso de rompimento do maciço.

A determinação da PMP requer o processamento de registros de estações climatológicas e o


conhecimento da dinâmica climática regional, demandando um estudo técnico altamente
especializado. Embora existam vários estudos de cálculo de PMP aplicados para bacias
hidrográficas de grande porte, feitos pelas empresas do setor elétrico, pode-se considerar que
há uma carência de estudos de determinação de PMP pontual, para aplicação em bacias
hidrográficas de pequeno porte, que representa a quase totalidade dos casos de interesse para
a mineração.

Não cabendo no objeto do presente documento discorrer sobre a metodologia de cálculo da


PMP, recomenda-se a contratação de profissionais experientes ou de estudos específicos para
as aplicações nas obras hidráulicas em mineração. Especificamente para a região do
Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, pode-se mencionar como fonte o citado trabalho da
DIPF (2011).

5.6.8. Cálculo da Precipitação Efetiva

A precipitação efetiva é definida como aquela que resulta do excedente de chuva em relação
às abstrações hidrológicas (infiltração, interceptação, retenção e evapotranspiração),
representando a parcela que contribui para o escoamento superficial ou subsuperficial que
formata os hidrogramas de cheias (Item 3.8). De forma gráfica e conceitual, o cálculo da
precipitação efetiva pode ser feito conforme o esquema mostrado na Figura 5.6.9, com
indicação das principais grandezas envolvidas: Pe precipitação efetiva, Fa volume infiltrado e Ia
outras abstrações (retenção e interceptação).

A forma mais simples de cálculo da precipitação efetiva resulta da multiplicação da altura de


chuva total pelo coeficiente de escoamento superficial (Subitem 5.6.9), definido por um único
valor C < 1,0 em função das características de uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica.

POTAMOS / VALE 99
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Figura 5.6.9 – Conceito de cálculo da precipitação efetiva.

O procedimento de cálculo mais utilizado é o Método do SCS – Soil Conservation Service,


baseado na aplicação conjugada das seguintes equações:

P  Pe  Ia  Fa (5.6.5)

Fa Pe
 (5.6.6)
S P  Ia

25.400
S  254 (5.6.7)
CN

Ia  0,2  S (5.6.8)

Pe 
 P  Ia  2
(5.6.9)
 P  Ia  S 
S   P  Ia 
Fa  (5.6.10)
 P  Ia  S 
Nessas equações, considera-se que P seja a precipitação total (mm), S representa o potencial
de infiltração do solo (mm), calculado em função do parâmetro CN, que é tabelado em função
da tipologia e das condições de uso e ocupação do solo. Para a seleção do parâmetro CN
aplicado às condições brasileiras, recomenda-se a consulta aos trabalhos de Setzer & Porto

POTAMOS / VALE 100


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(1979) e de Sartori et al. (2005a e 2005b). Para proceder a aplicações mais criteriosas desses
trabalhos, recomenda-se a definição prévia das tipologias de solos ocorrentes na bacia
hidrográfica de interesse, consultando especialistas da área (geologia e pedologia) ou
acessando os mapeamentos feitos pelas Secretarias de Agricultura dos estados brasileiros.

O parâmetro CN é definido em função de três condições de umidade antecedente do solo: seco


(Condição I), normal (Condição II) e úmido (Condição III). Nas aplicações para cálculo de
cheias de projeto de vertedouros, é recomendada a adoção da Condição III, na hipótese de
que ocorreram precipitações antecedentes para umedecer o solo e restringir a capacidade de
infiltração. A observação desse critério de umidade antecedente, que é recomendado inclusive
por auditores internacionais de segurança de barragens, pode resultar em valores pouco
realísticos para a chuva efetiva, com tendências de superestimação para as condições
brasileiras. A solução para esse problema ainda não está delineada, dependendo de pesquisas
em bacias com monitoramento instantâneo de chuva e vazão. Uma sugestão é avaliar o
coeficiente de escoamento superficial resultante, que não deve ser muito superior a C = 0,50
para as bacias hidrográficas com baixas taxas de impermeabilização do solo.

Em outro extremo do problema da superestimação, também se deve cuidar de analisar as


aplicações para eventos de chuva de curta duração total, para os quais a parcela de abstração
Ia pode suprimir volumes significativos de precipitação e assim fornecer valores pouco
realísticos para o coeficiente de escoamento superficial, subestimando o valor da chuva efetiva.

Na maioria das aplicações, há interesse em se calcularem os blocos do ietograma de chuva


efetiva em cada intervalo de discretização Δt, devendo-se empregar o método de cálculo
sequencial indicado por Chow et al. (1988).

Existem outros métodos de cálculo da chuva efetiva, tais como o da fórmula de Horton e o de
Green-Ampt. As aplicações práticas desses métodos ficam restringidas pelo fato de possuírem
mais parâmetros e assim agregar incertezas nas estimativas.

Independente do método aplicado para cálculo da chuva efetiva, o resultado fica sensível à
distribuição temporal assumida para os blocos de chuva do ietograma. Conforme indicado no
Subitem 5.6.5, recomenda-se a adoção da distribuição temporal decorrente do Método de Huff,
no 2o quartil e com 50% de probabilidade de ocorrência (ver Figura 5.6.5, ietograma do centro).

Recordando-se que a chuva efetiva corresponde ao escoamento superficial direto, a aplicação


de qualquer método para a Região Amazônica pode resultar em valores não realísticos, pelo
fato de os hidrogramas de cheias das bacias densamente ocupadas com vegetação de mata
equatorial serem formados, essencialmente, por escoamento subsuperficial. Esse tema ainda
carece de pesquisas para resultar em uma recomendação metodológica mais embasada.

5.6.9. Método Racional

O Método Racional é baseado no conceito da continuidade de vazões (Q = A.v), considerando


o termo de velocidade como sendo a intensidade da chuva de projeto, com dimensão [L.T -1]. A

POTAMOS / VALE 101


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fórmula de aplicação do método é dada abaixo, inserindo-se as abstrações hidrológicas no


termo do coeficiente de escoamento superficial:

Q P  0,278  C  i  A (5.6.11)

Nessa equação QP é a vazão de pico (m³/s), C o coeficiente de escoamento superficial


(adimensional), i a intensidade da chuva de projeto (mm/h) e A é a área de drenagem
(km²).

A premissa básica do Método Racional é a adoção da intensidade da chuva de projeto com


uma duração igual ao tempo de concentração tC da bacia hidrográfica. Todos os compêndios
de Hidrologia Aplicada e de diretrizes para projetos de drenagem pluvial apresentam tabelas de
valores do coeficiente de escoamento superficial C, em função das tipologias de uso e
ocupação do solo. Para as aplicações no dimensionamento de obras hidráulicas em
mineração, podem ser adotados os valores de coeficiente C constantes da Tabela 5.6.1.

Tabela 5.6.1 – Valores de coeficiente de escoamento superficial.

TIPOLOGIA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO COEFICIENTE DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL

Sem vegetação (solo exposto) 0,65 / 0,40


Campo natural (vegetação baixa) 0,50 / 0,30
Arbusto cerrado (vegetação média) 0,45 / 0,30
Floresta e matas densas 0,05 / 0,20
Áreas de cultivo (sem curvas de nível) 0,35 / 0,25
Cava 0,60 / 0,70
Pilhas de estéril (fase inicial, superfície exposta) 0,60 / 0,50
Pilhas de estéril (fase final, c/ cobertura vegetal) 0,50 / 0,30
Taludes de barragens gramados 0,50 / 0,30

Embora o Método Racional seja


aplicado essencialmente para o cálculo
da vazão de pico QP, a sua formulação
resulta em um hidrograma de cheia
simétrico, com tempo de base igual a 2
x tC, conforme mostrado na Figura
5.6.10.

Figura 5.6.10 – Hidrograma de escoamento


superficial resultante da aplicação do
Método Racional.

POTAMOS / VALE 102


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O método tem como limitação a aplicabilidade apenas para pequenas bacias hidrográficas,
com área de drenagem A < 1,0 km². Entretanto, existem adaptações para aplicação em bacias
com áreas de até 10 km², empregando a formulação abaixo, na qual se insere um coeficiente
de retardo Φ:

Q P  0,278  C  i  A   (5.6.12)

Dentre as formulações sugeridas para o cálculo do coeficiente de retardo, pode-se adotar:

1
 (5.6.13)
n
A

Nessa equação, a área de drenagem A é dada em hectares (ha) e n é um parâmetro que pode
assumir os seguintes valores:

- n = 4 para bacias com talvegue principal com baixas declividades, inferiores a 0,5%
- n = 5 para bacias com talvegue principal com declividades entre 0,5% e 1,0%
- n = 6 para bacias com talvegue principal com declividades superiores a 1,0%

5.6.10. Método do Hidrograma Unitário Sintético

O hidrograma unitário representa o hidrograma de escoamento superficial correspondente a


uma precipitação efetiva de 1 mm (pulso unitário) e pode ser aplicado como operador de uma
bacia hidrográfica, para gerar hidrogramas de cheias correspondentes a precipitações efetivas
de quaisquer magnitudes e durações.

Sob o enfoque puramente teórico, o hidrograma unitário pode ser calculado a partir de registros
simultâneos de chuva e de vazão, considerando dados de monitoramento contínuo (pluviógrafo
e linígrafo) na bacia hidrográfica. Essa condição de monitoramento simultâneo praticamente
não existe nas pequenas bacias de interesse para as obras hidráulicas implantadas nas áreas
de mineração, devendo assim ser aplicado o conceito de hidrograma unitário sintético.

Nessa variação do método, o hidrograma unitário é sintetizado de forma indireta para a bacia
hidrográfica, com base em parâmetros físicos, que podem ser determinados em plantas
cartográficas. Dentre os parâmetros físicos de maior utilização citam-se a área de drenagem e
a declividade média equivalente do talvegue principal, definidores do tempo de concentração
da bacia.

Como existe a possibilidade de adaptação do Método Racional para bacias de até 10 km² de
área de drenagem, recomenda-se a aplicação do Método do Hidrograma Unitário para as
bacias maiores, sempre que o interesse estiver focado apenas na vazão de pico. Quando for
necessária a determinação do hidrograma de cheias para o dimensionamento de vertedouros
de barragens, o método deve ser aplicado para quaisquer bacias, com A > 1,0 km².

POTAMOS / VALE 103


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Dentre as metodologias disponíveis para a síntese de hidrogramas unitários, recomenda-se a


adoção do método do SCS – Soil Conservation Service para bacias que apresentem muitas
intervenções (pilhas e estradas de acesso) e áreas impermeáveis (estradas pavimentadas,
galpões industriais e escritórios). Para as bacias em condições mais naturais, o método de
Clark apresenta-se mais adequado.

O intervalo de tempo unitário a ser adotado nos cálculos de síntese de hidrogramas unitários
deve ser de Δt = tC/5, sendo tC o tempo de concentração da bacia. Esse mesmo intervalo
unitário deve ser adotado para a discretização da chuva de projeto e composição de
ietogramas, conforme indicado no Subitem 5.6.5. A duração total da chuva de projeto deve ser
maior que o tempo de concentração da bacia, sendo recomendado o teste com diversas
durações, até a obtenção da condição mais crítica, em termos da magnitude da vazão de pico
obtida. A essa condição denomina-se a duração crítica da chuva de projeto.

Para os casos de cálculo de cheias de projeto para dimensionamento de vertedouros, a


duração crítica da chuva de projeto deverá ser definida com base na simulação da operação do
reservatório, empregando modelos matemáticos de simulação (Subitem 5.6.11). A duração
crítica será aquela que resultar na maior vazão vertida, associada à maior sobrelevação do NA
do reservatório.

Em reservatórios com elevada inércia volumétrica, a duração crítica pode não ser alcançada de
imediato, indicando a necessidade de adicionar chuvas de projeto progressivamente maiores
que 2 dias. Nesses casos, recomenda-se adotar o procedimento apresentado no Subitem
5.7.5, para limitação da duração crítica.

Ainda para as durações de chuvas superiores a 2 dias, o método do hidrograma unitário deve
ser substituído por um modelo distribuído (Subitem 5.6.12), ou por hidrogramas de vazões
médias diárias, calculadas a partir da aplicação de um índice Φ de infiltração aos ietogramas
de chuvas diárias. Essa adequação metodológica está associada ao fato de que o balanço
hídrico dos reservatórios com inércia volumétrica não é sensível aos picos dos hidrogramas de
cheias, processando apenas os blocos de volumes afluentes diários.

Uma outra característica importante contida na teoria do hidrograma unitário é a de que a


chuva incidente sobre a bacia resulta em escoamento superficial, ou escoamento tipo
hortoniano, segundo a classificação dada por Chow et al. (1988). No Brasil, principalmente nas
bacias cobertas com florestas tropicais ou com terrenos planos e arenosos, o escoamento
superficial tende a ser nulo e os hidrogramas de cheias são gerados por escoamento
subsuperficial ou por precipitação direta sobre áreas saturadas. Assim, a expectativa é de que
a aplicação do hidrograma unitário nessas condições resulte em estimativas exageradas para
as cheias de projeto. Até o presente momento, não existe uma metodologia simplificada para o
cálculo de hidrogramas resultantes de escoamentos não hortonianos, sendo esse tema
motivador de pesquisas futuras, que deverão ser baseadas em dados de monitoramento de
bacias experimentais.

POTAMOS / VALE 104


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5.6.11. Simulação Hidrológica: Modelos Concentrados

Para processar o cálculo dos hidrogramas de cheias de projeto e a simulação do


amortecimento nos reservatórios, recomenda-se a utilização dos modelos de simulação
hidrológica, disponíveis em aplicativos de domínio público. Os modelos de simulação podem
ser dos tipos concentrado ou distribuído.

Os modelos concentrados, também chamados de modelos de eventos, são aqueles que


simulam o escoamento resultante de eventos isolados de chuvas, até o limite da duração
crítica da bacia. Dentre os aplicativos disponíveis, recomenda-se a utilização do modelo HEC-
HMS: River Modeling System, distribuído pelo USACE (2010). O modelo calcula hidrogramas
de cheias por meio de diversos métodos de síntese de hidrogramas unitários, combinado com
metodologias variadas de determinação de chuva efetiva. Ademais, o modelo simula o trânsito
do hidrograma de cheias por reservatórios (Item 5.7), incorporando os elementos de cálculo
indicados na Figura 5.7.3.

Dada a versatilidade do modelo em simular a operação de reservatórios e a resposta de bacias


hidrográficas perante eventos de chuvas, tem-se a ferramenta ideal para a estimativa da
duração crítica da chuva de projeto. Para o caso de aplicação em bacias hidrográficas, os
seguintes passos de cálculo podem ser aplicados para a determinação da duração crítica:

 Delimitar a área da bacia hidrográfica e identificar as condições de uso e ocupação do solo;

 Identificar a necessidade de adoção de subdivisões na área da bacia hidrográfica, em


função das magnitudes das áreas, das tipologias de uso e ocupação do solo e respectivas
características morfológicas;
 Identificar a necessidade de se proceder à distribuição espacial da chuva de projeto
(Subitem 5.6.6);
 Montar os ietogramas das chuvas de projeto, para diversas durações notáveis, pelo menos
até a duração de 24 horas. Recomenda-se iniciar pela duração básica igual ao tempo de
concentração da bacia e prosseguir com as durações características de 1, 2, 3, 4, 6, 8, 12,
18 e 24 horas;
 Montar o diagrama unifilar do esquema de modelação, de acordo com as recomendações
do manual do usuário do modelo;
 Definir parâmetros e critérios básicos de cálculo: método de cálculo da chuva efetiva
(Subitem 5.6.6), geometria dos canais fluviais para o caso de propagação dos hidrogramas,
parâmetros do método de cálculo da infiltração;
 Para cada duração notável, simular o hidrograma de cheia resultante, adotando como
duração crítica aquela que gerar a maior vazão de pico.

Para o caso de existência de reservatórios, o modelo pode ser utilizado para o


dimensionamento hidrológico dos sistemas de extravasamento das barragens, seguindo os
passos de cálculo:

 Aplicar os 4 primeiros passos da condição anterior da bacia hidrográfica;

POTAMOS / VALE 105


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 Montar o diagrama unifilar do esquema de modelação, inserindo os elementos básicos para


a simulação do trânsito da cheia pelo reservatório (Figura 5.7.3): curva de descarga do
extravasor, curva cota-volume do reservatório;
 Para cada duração notável, simular os hidrogramas de cheias gerados na bacia e os
hidrogramas defluentes da barragem, adotando como duração crítica aquela que gerar o
maior pico de descarga vertida.

Salienta-se que a definição de vazões de projeto em função da duração crítica da chuva


apresenta-se como uma das inovações importantes no dimensionamento das obras hidráulicas
em mineração, distintamente do conceito tradicional de se utilizar uma duração igual ao tempo
de concentração da bacia. Sobre esse assunto, já existem recomendações explícitas na
literatura técnica, como a citação de Tucci (2007) para utilizar a duração de 24 horas.

5.6.12. Simulação Hidrológica: Modelos Distribuídos

Os modelos distribuídos simulam eventos de mais longa duração e contêm elementos que
permitem incorporar a descarga do fluxo de base do escoamento, além de características mais
abrangentes dos reservatórios naturais de água da bacia. Normalmente, os modelos
distribuídos devem passar por processos criteriosos de calibração de parâmetros, razão pela
qual não têm aplicação generalizada em pequenas bacias hidrográficas.
Em suma, não é convencional a aplicação de modelos distribuídos para o cálculo de cheias de
projeto para dimensionamento de obras hidráulicas em pequenas bacias não monitoradas,
sendo encontradas aplicações em caso de grandes barragens, como as implantadas pelo setor
elétrico brasileiro.

Um caso de simulação com esquema distribuído, com aplicação em projetos de mineração,


refere-se à modelação hidrodinâmica do trânsito de cheias em reservatórios assoreados. Essa
situação aparece nos reservatórios das barragens de rejeitos, na condição de desativação da
obra, devendo ser o método de dimensionamento dos sistemas de extravasamento para a
condição de assoreamento total do reservatório.

A utilização de modelagem hidrodinâmica é imperiosa também nos casos de reservatórios


rasos com grandes estirões de praias de rejeitos e nos casos de implantação de diques em
braços de reservatórios, situação típica das grandes barragens de rejeitos.

As simulações com modelagem hidrodinâmica podem ser feitas com o utilitário UNET
(BARKAU, 1996), incorporado recentemente ao modelo HEC-RAS.

5.7. Volume para Amortecimento de Cheias

O volume para amortecimento de cheias, também chamado de volume de espera (VESP),


representa o espaço que deve ser alocado acima do NA máximo normal nos reservatórios
formados pelas barragens, tendo a finalidade de armazenar, temporariamente, os volumes
amortecidos em decorrência do trânsito dos hidrogramas de cheias.

POTAMOS / VALE 106


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O cálculo do volume para amortecimento de cheias fica inserido no contexto do


dimensionamento hidrológico dos vertedouros das barragens, sendo determinado em um
processo de cálculo simultâneo e iterativo com a fixação da largura da soleira vertente e da
sobrelevação do NA máximo do reservatório. Em linhas gerais, pode-se considerar que a
determinação do volume de espera para amortecimento de cheias e demais cálculos
associados (largura da soleira vertente e sobrelevação do NA do reservatório) representa um
dos dimensionamentos que exige o maior rigor de segurança em obras hidráulicas na
mineração, em vista dos riscos associados a um eventual colapso da estrutura.

O cálculo do volume de espera pode ser processado por meio da equação geral de balanço
hídrico (Equação 4.1), que pode figurar na seguinte forma de resolução numérica por
diferenças finitas:

 QA i  QA i1    2Vi   2V 
 QVi    i1  QVi1  (5.7.1)
 t   t 

Na resolução da Equação 5.7.1, pressupõe-se a determinação prévia da cheia de projeto para


dimensionamento do vertedouro (variável QAi). Também devem ser adotadas condições de
contorno para a resolução numérica da equação, definindo-se os volumes (V i) e vazões
vertidas (QVi) em função da sobrelevação (Hi) do nível de água do reservatório, acima da cota
da soleira do vertedouro.

A Figura 5.7.1 representa, de forma esquemática, a variação ao longo do tempo das grandezas
envolvidas no processo de cálculo. Entre os instantes t1 e t2, a vazão afluente QA mantém-se
com valores maiores que a vazão vertida QV, acarretando a sobrelevação do NA do
reservatório e o aumento do volume de água acumulado V acima da soleira do vertedouro. No
instante t2, quando se igualam as vazões QA e QV, ocorrem os valores máximos de
sobrelevação de NA (NA1) e de acúmulo de volume no reservatório, que corresponde ao valor
do volume de espera (VESP). A partir do instante t 2, a vazão vertida QV permanece com
valores maiores que a vazão afluente QA, ocorrendo assim o esvaziamento progressivo do
reservatório, até a recuperação do nível de água inicial NA0.

O procedimento de cálculo descrito denomina-se Método de Puls Modificado, figurando como


uma rotina do modelo matemático de simulação HEC-HMS (Item 5.6.11).

POTAMOS / VALE 107


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Figura 5.7.1 – Conceito do amortecimento de cheias em reservatórios.

5.7.1. Critérios Gerais e Premissas

Critério para Cálculo da Cheia de Projeto

O primeiro passo para o cálculo do volume de espera VESP consiste na determinação da cheia
de projeto do vertedouro (variável QA), segundo os procedimentos descritos no Item 5.6. No

POTAMOS / VALE 108


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caso das barragens construídas em áreas de mineração, a aplicação dos métodos indiretos de
cálculo de cheias de projeto apresenta-se como regra geral, pelos fatos de não haver registros
fluviométricos no local da obra e da necessidade de testar a resposta da bacia hidrográfica
para a PMP.

O critério a ser adotado na determinação da cheia de projeto do vertedouro deve ser fixado em
função da dimensão da barragem e do nível de risco a jusante, em caso de acidente com
rompimento do maciço. De uma maneira geral, no Brasil têm sido os critérios definidos pelo
USACE (1979) e citados pelo ICOLD (1992). Na realidade, esses critérios foram ajustados pelo
CBDB e efetivamente recomendados para aplicação no caso das barragens brasileiras
(ELETROBRÁS, 1987). A Tabela 5.7.1 apresenta a classificação das barragens segundo a
dimensão, e o Quadro 5.7.1 segundo o nível de risco a jusante. Em função da combinação
dessas classificações, o Quadro 5.7.2 resume os critérios recomendados pelo CBDB.

Esses critérios apresentam-se mais conservadores que as recomendações contidas na NBR


13028 (ABNT, 2006), que estabelece como cheia de projeto os hidrogramas gerados para
chuvas entre 500 e 1000 anos de período de retorno. Somente para a fase de desativação é
que figura o critério da cheia de projeto gerada pela PMP.

Tabela 5.7.1 – Classificação das barragens pela dimensão.


CATEGORIA ALTURA – H (m) ARMAZENAMENTO – V (106 m³)

Pequena 5 < H < 15 0,05 < V < 1,0


Média 15 < H < 30 1,0 < V < 50
Grande H > 30 V > 50

Quadro 5.7.1 – Classificação das barragens pelo potencial de risco.

CATEGORIA PERDAS DE VIDA PERDAS ECONÔMICAS

Mínima
Nenhuma esperada
(região não desenvolvida em
Baixo (nenhuma estrutura permanente
benfeitorias e cultivos
para habitação humana)
ocasionais)

Até cinco
Apreciável
(nenhum desenvolvimento urbano
Significante (terras cultivadas, benfeitorias
e não mais do que um pequeno
industriais e casas)
número de estruturas habitáveis)

Excessiva
Alto Mais do que cinco (comunidades, indústrias e
agriculturas extensas)

POTAMOS / VALE 109


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Quadro 5.7.2 – Critérios para cálculo de cheia de projeto de vertedouros.

RISCO DIMENSÃO CHEIA DE PROJETO

Cheia com período de retorno entre


Pequena
50 e 100 anos
Cheia com período de retorno de
BAIXO Média
100 anos a ½ CMP

Grande ½ CMP a 1 CMP

Cheia com período de retorno de


Pequena
100 anos a ½ CMP

Média ½ CMP a 1 CMP


MÉDIO

Grande 1 CMP

Pequena ½ CMP a 1 CMP

Média 1 CMP
ALTO

Grande 1 CMP

CMP – Cheia Máxima Provável

Especificamente para o estado de Minas Gerais, o COPAM estabeleceu uma classificação para
as barragens de contenção de rejeitos de mineração, discriminada na Deliberação Normativa
No 62, de 17 de dezembro de 2002, que se apresenta mais abrangente em relação aos critérios
do ICOLD. Aos 5 tipos de categorias das barragens foram associados pesos, conforme
indicado no Quadro 5.7.3. Com base no somatório dos pesos, as barragens são então
enquadradas em 3 classes, com a divisão listada no Quadro 5.7.4.

A partir das recomendações do ICOLD e CBDB (Quadro 5.7.2), pode-se fazer uma composição
com a classificação do COPAM e sugerir um critério mais objetivo para as barragens em
mineração, sem grandes amplitudes em amplos intervalos para definição da cheia de projeto.
Nesse sentido, a partir dos trabalhos do GTGH da VALE foi elaborado um critério para cálculo
da cheia de projeto dos sistemas de extravasamento das barragens em mineração,
condensados no Quadro 5.7.5.

O conceito básico das recomendações consiste em dimensionar o sistema de extravasamento


para uma determinada cheia e verificar o dimensionamento para uma cheia de teste, de maior
magnitude, sem considerar a borda livre.

POTAMOS / VALE 110


Quadro 5.7.3 – Categorias para a classificação das barragens conforme a Deliberação Normativa COPAM No 62.
OCUPAÇÃO HUMANA A INTERESSE AMBIENTAL A INSTALAÇÕES NA ÁREA DE
PORTE DA BARRAGEM PORTE DO RESERVATÓRIO
JUSANTE JUSANTE JUSANTE
ALTURA H (m) PESO VOLUME V (106 m³) PESO TIPO PESO TIPO PESO TIPO PESO
H<15 0 V<0,5 0 Inexistente 0
Pouco Significativo 0 Inexistente 0
15H30 1 0,5V5,0 1 Eventual 2
Existente 3 Significativo 1 Baixa Concentração 1
H>30 2 V>5,0 2
Grande 4 Elevado 3 Alta Concentração 2

Quadro 5.7.4 – Classificação das barragens conforme a Deliberação Normativa COPAM No 62.

CLASSE SOMATÓRIO DOS PESOS - P

I P  2
II 2 < P  5
III P > 5
Quadro 5.7.5 – Critérios para cálculo de cheia de projeto de vertedouros (recomendação
GTGH).

CLASSE DN 62 CRITÉRIO ICOLD / CBDB


RECOMENDAÇÃO GTGH
COPAM RISCO DIMENSÃO CHEIA PROJETO
Pequena TR entre 50 e 100 anos TR = 500 anos verificado
CLASSE I
Média TR = 100 anos a ½ CMP para TR = 1000 anos
BAIXO
Grande ½ CMP a 1 CMP
TR = 1000 anos verificado
Pequena TR = 100 anos a ½ CMP
para TR = 5000 anos
CLASSE II Média ½ CMP a 1 CMP
MÉDIO
Grande 1 CMP TR = 1000 anos verificado
Pequena ½ CMP a 1 CMP para TR = 10.000 anos

Média 1 CMP TR = 10.000 anos ou


CLASSE III ALTO
Grande 1 CMP 1 CMP

SINALIZAÇÃO DE CORES: Classe I - verde; Classe II – amarelo; e Classe III – vermelho.

Sob a ótica dos critérios recomendados pelo ICOLD/CBDB e considerando a questão polêmica
de se fixar o nível de risco em função de perdas de vidas humanas, e ainda dado o risco ao
negócio do empreendedor do setor de mineração em caso de acidentes com rompimento de
barragens, tem sido prática a adoção do critério de segurança máxima, fixando-se a CMP
como cheia de projeto, exceto nos casos de barragens de pequena dimensão e baixo nível de
risco.

Por definição, a CMP – Cheia Máxima Provável representa o hidrograma de cheia gerado pela
transformação chuva-vazão do evento da PMP – Precipitação Máxima Provável, distribuído na
área da bacia hidrográfica de contribuição (Subitem 5.6.7). Devido à carência de estudos de
PMP pontual no Brasil, especialmente nas áreas dos projetos de mineração, tem sido prática
corrente o cálculo da CMP a partir do evento de chuva decamilenar. De qualquer forma, existe
uma incerteza nas estimativas dos limites superiores dos eventos de chuva, que deve ser
criteriosamente analisada em cada caso de aplicação. No estado do conhecimento atual, tem
havido uma convergência dos resultados dos estudos de estimativas de chuvas extremas, com
indicativos dos seguintes valores para a altura de chuva de 24 horas:

 Nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste: variando entre 300 mm e 350 mm;

 Na Região Amazônica: variando entre 250 mm e 300 mm.

Algumas estimativas convergem para valores de altura maiores que 400 mm, para o evento da
chuva de 24 horas, nas aplicações do processo de cálculo da PMP pelo método estatístico.
Nos registros das estações pluviométricas da rede oficial da ANA, os máximos valores desses
eventos têm sido da ordem de 250 mm (Região Sudeste) ou de 200 mm (Região Amazônica).

Outra questão ainda incerta relativa ao cálculo das cheias de projeto de vertedouros refere-se à
premissa de umidade antecedente do solo da bacia hidrográfica. Por exemplo, na aplicação do
Método do SCS para cálculo da chuva efetiva, normalmente é recomendada a adoção da
Condição III de umidade antecedente, o que acarreta na geração de altas taxas de escoamento
superficial. Como balizamento, pode-se considerar que os eventos de cheias registrados na
bacia representativa do ribeirão Serra Azul, operada pela ANA na região do Quadrilátero
Ferrífero de Minas Gerais, quase sempre geram volumes de escoamento superficial inferiores
a 30% do volume da chuva precipitada. Enquanto não forem realizadas pesquisas específicas
para reduzir essa incerteza, pode-se recomendar a adoção do seguinte critério para a
verificação e aferição da estimativa da CMP, para os eventos de chuva inferiores a 24 horas: o
volume do hidrograma de escoamento superficial deve ser inferior a 50% do volume da
chuva de projeto.

Premissa de Águas Profundas

Outra premissa para a simulação do amortecimento da cheia de projeto no reservatório é a


existência de “águas profundas” no estirão em frente à soleira do vertedouro, significando que
sempre haveria um lago para processar o balanço hídrico, mesmo nas barragens de rejeitos ou
de contenção de sedimentos. Na condição de assoreamento total do reservatório, que pode
ocorrer no limite da desativação das barragens, o trânsito da cheia de projeto deve ser
simulado por meio de um modelo hidrodinâmico (Item 5.6.12).

Barragens em Cascata

Em caso de barragens projetadas em


cascata em uma mesma bacia
hidrográfica, os vertedouros das obras
de jusante devem ser dimensionados
com a incorporação do efeito de
amortecimento proporcionado pelos
reservatórios de montante. Ainda no
caso de barragens construídas em
cascata, a alteração geométrica de um
vertedouro de uma barragem de
montante implica, necessariamente, na
revisão do dimensionamento das obras
de jusante. A simulação pode ser
processada no modelo HEC-HMS, com
diagramações típicas da indicação na
Figura 5.7.2.

Figura 5.7.2 – Diagrama unifilar para simulação do


amortecimento de cheias em reservatórios em cascata
.

Condições de Contorno

Para a resolução numérica da Equação 5.7.1, são adotadas as seguintes condições de


contorno, na realidade sendo elementos que contêm os termos relativos ao dimensionamento
propriamente dito (geometria da soleira vertente e espaço para alocação do VESP):

 Relação cota-volume acima da soleira do vertedouro;


 Curva de descarga do vertedouro (Item 7.1.2).

Na Figura 5.7.3 são mostrados, de forma esquemática, os elementos de cálculo que funcionam
como condições de contorno para a resolução numérica da equação de amortecimento de
cheias em reservatórios.

Condição Inicial

Para o início do processo de cálculo iterativo da Equação 5.7.1, é necessário estabelecer a


condição inicial de nível de água do reservatório do instante inicial t = 0. Como critério de
projeto, adota-se normalmente a cota do NA máximo normal, correspondente à elevação da
soleira vertente.

Figura 5.7.3 – Elementos básicos para o cálculo do amortecimento.

5.7.2. Barragem de Rejeitos

Critério de Projeto: Morfologia do Reservatório

Os reservatórios das barragens de rejeitos apresentam como característica morfológica básica


o avanço das frentes de assoreamento, que penetram em cunha sobre o espaço volumétrico
acima do NA máximo normal. A Figura 5.7.4 mostra uma típica planta de reservatório de
barragem de rejeito e respectivo corte longitudinal, servindo para esclarecer os critérios de
dimensionamento. O avanço da frente de assoreamento reduz a capacidade de amortecimento
de cheias do reservatório, devendo o dimensionamento ser efetuado para uma condição limiar
com estirão mínimo de superfície líquida. Tem sido prática adotar um estirão variando entre
100 m e 200 m, como configuração limiar antes de ser acionada uma próxima etapa de
alteamento ou serem tomadas medidas para desativação da obra. Nessa condição limiar,
calcula-se a curva cota-volume para ser utilizada como condição de contorno na determinação
de VESP.
Normalmente, os rejeitos formam frentes de avanço de assoreamento com declividade de praia
da ordem de 0,6%, definindo uma morfologia para a determinação da curva cota-volume. A
Figura 5.7.5 mostra a comparação entre as curvas cota-volume para o reservatório no início do
período de operação e com a condição limiar de assoreamento, ficando ressaltada a perda de
volume de amortecimento no espaço acima do NA máximo normal. A declividade sugerida para
a praia da frente de assoreamento corresponde ao seu trecho final, onde oscilaria o nível de
água durante o processo de amortecimento de cheias. Nas cabeceiras da frente de
assoreamento, em trechos próximos aos pontos de lançamento dos rejeitos, as declividades
podem adquirir valores mais elevados, em função da drenagem e desaguamento natural da
polpa.

Em suma, os seguintes critérios podem ser recomendados para a definição das condições
limiares para cálculo de VESP:

 Estirão de água de 100 m a 200 m em frente à soleira do vertedouro (variável D na


Figura 5.7.4);
 Declividade de 0,6% para a praia da frente de assoreamento, podendo ser adotados
outros valores em função das características do rejeito.

Figura 5.7.4 – Configuração da morfologia dos reservatórios das barragens de rejeitos.


Figura 5.7.5 – Comparação das curvas cota-volume para a condição limiar de assoreamento.

Critério de Projeto: Localização da Barragem

A localização ideal das barragens de rejeitos deve ser nas cabeceiras dos cursos de água, de
sorte a formar reservatórios com grande inércia volumétrica (ver definição introduzida no Item
1.4). Os reservatórios de grande porte apresentam condições mais favoráveis de tempo de
residência, importante no processo de clarificação da água decantada da polpa do rejeito, além
de resultarem em maiores espaços para a alocação do VESP, reduzindo as dimensões do
sistema de extravasamento. O critério de implantar as barragens de rejeitos em bacias de
pequeno porte aparece como recomendação do ICOLD (1989), principalmente nos casos de
rejeitos que geram efluentes tóxicos.

Segundo Vick (1990), citado em EPA (1994), a área da bacia hidrográfica de contribuição deve
ser de 5 a 10 vezes menor que a área da superfície do reservatório, resultando nas seguintes
relações:

A RESERVATOR IO
 0,200 para ABACIA < 5 x ARESERVATÓRIO (5.7.2)
A BACIA

A RESERVATOR IO
 0,100 para ABACIA < 10 x ARESERVATÓRIO (5.7.3)
A BACIA

Nessas relações, a variável ARESERVATORIO representa a área do espelho de água do reservatório


no NA máximo normal (na condição inicial de enchimento, sem os depósitos de rejeitos) e
ABACIA é a área de drenagem da bacia hidrográfica no eixo de implantação da barragem.
A observação desse critério torna-se particularmente importante para evitar que as cheias
concentradas nos talvegues desmontem os depósitos de rejeitos consolidados nas cabeceiras
e provoquem turbulência nas águas do reservatório, fatores que podem reduzir a eficiência em
promover a clarificação da água decantada da polpa do rejeito.

Na verdade, os limites indicados nas equações acima representam a altura de chuva efetiva ou
o deflúvio de escoamento superficial que podem ser amortecidos ou armazenados em cada
metro de elevação do NA do reservatório. Em alguns projetos, já foram observadas condições
satisfatórias de dimensionamento até para situações limites da equação abaixo:

A RESERVATOR IO
 0,050 (5.7.4)
A BACIA

Em determinadas condições de restrição na qualidade da água, o número à direita da Equação


5.7.2 pode ser até maior que 0,400 (equivalente a 400 mm de chuva efetiva), principalmente
quando se procura reduzir ou mesmo anular as operações de vertimento.

Passos de Cálculo para Dimensionamento

A seguir são listados os passos de cálculo sequenciais para a simulação do trânsito de cheias
nos reservatórios das barragens de rejeitos, para determinação do VESP.

 Delimitar a bacia hidrográfica de contribuição no local do eixo da barragem;

 Determinar as características da bacia hidráulica do reservatório: curvas cota-área e cota-


volume;
 Obter as características conceituais do arranjo geral da barragem: tipo construtivo, formas
de alteamento, tipo de vertedouro (Itens 7.2 e 7.3);
 Definir as condições de uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica de contribuição,
incluindo as diversas tipologias existentes, tais como: matas, campos, pastagens,
superfícies impermeáveis da área do reservatório e de áreas de pavimentos e telhados,
áreas urbanas, áreas pantanosas, cavas de minas e pilhas de estéril;
 Definir o tipo de solo existente da bacia: consultar mapas específicos disponibilizados pelas
Secretarias Estaduais de Agricultura ou análise pedológica em fotografias de satélite;
 Definir o método de cálculo da chuva efetiva (Item 5.6.8);

 Definir o método de cálculo do hidrograma da cheia de projeto (Itens 5.6.10 a 5.6.12);

 Definir uma equação de descarga preliminar para o vertedouro;

 Definir os níveis NA máximos normais para as diversas etapas de alteamento;

 Definir uma posição e morfologia para a frente de assoreamento da praia de rejeitos,


segundo o critério mostrado na Figura 5.7.4;
 Calcular as relações cota-volume acima do NA máximo normal, considerando a morfologia
prevista para a praia de rejeitos;
 Simular a operação do trânsito da cheia de projeto pelo reservatório, empregando o método
de Puls Modificado;
 Obter as grandezas do dimensionamento hidrológico do vertedouro: NA máximo
maximorum, vazão máxima vertida, volume de espera requerido entre o NA máximo normal
e o NA máximo maximorum;
 Caso os resultados não sejam favoráveis, rever a equação do vertedouro e repetir a
simulação de trânsito de cheia pelo reservatório.

Para facilitar a convergência dos passos de cálculo, pode-se estabelecer como critério
adicional de projeto a fixação prévia da borda livre máxima entre a cota de coroamento da
barragem e o NA máximo normal. Como recomendação genérica, tem sido prática no
dimensionamento dos vertedouros das barragens de rejeitos a fixação da borda livre máxima
em 3,00 m, sendo 2,00 m para alocação de VESP e 1,00 m como a borda livre propriamente
dita, para absorver recalques do maciço e arrebentação de ondas eólicas. Ressalta-se que
esse critério não deve ser tomado como recomendação estrita, pois existem outros
condicionantes para a fixação da borda livre máxima, tais como condições geotécnicas dos
alteamentos e geometria da calha do vertedouro.

Barragem de Rejeito em Circuito Fechado

As barragens de rejeitos que operam em circuito fechado devem ser dimensionadas para
acomodar dois tipos de volumes de espera (Item 5.8):

 Volume de espera para amortecer e reservar os deflúvios de cheias de longa duração,


alocado abaixo da soleira do vertedouro, tendo a finalidade de evitar que ocorra vertimento,
por razões de qualidade das águas da polpa do rejeito. O dimensionamento deve ser feito
para o deflúvio gerado pelo quantil de precipitação anual com probabilidade de ser igualado
ou excedido entre 1,0% e 0,1%, estando localizado na calda direita da distribuição de
probabilidade que se ajusta às amostras de totais de precipitação anual. Sugere-se que
esse volume de espera seja determinado com base na simulação do balanço hídrico do
reservatório, considerando que uma parcela das águas acumuladas serão consumidas
como volume útil de regularização. A recomendação básica é a de que as barragens de
rejeito em circuito fechado operem com a máxima capacidade de regularização possível,
como salvaguarda para evitar o vertimento e otimizar a magnitude desse volume de espera.
 Volume de espera para amortecer a cheia de projeto de segurança contra galgamento,
ficando alocado acima da soleira do vertedouro e condicionando a fixação do NA máximo
maximorum. A cheia de projeto deve ser gerada a partir da PMP, testando-se a duração
crítica do sistema, já que os reservatórios das barragens de rejeito em circuito fechado
tendem a apresentar uma elevada inércia volumétrica.
5.7.3. Barragem de Água

As barragens de água devem ser dimensionadas para regularizar as vazões de estiagem,


tendo como componente principal a alocação do espaço do volume útil (VU). Adicionalmente,
os reservatórios devem operar com a alocação do volume morto para a contenção dos
sedimentos que ficarão retidos durante a vida útil do empreendimento. A Figura 5.7.6 mostra o
corte esquemático do reservatório de uma barragem de água, com os componentes de volume
morto, volume útil e volume para amortecimento de cheias.

No caso, o VESP para amortecimento de cheias deve ser fixado para a condição inicial da
morfologia do reservatório, sem a consideração das frentes de assoreamento. Excetuando
essa consideração e o fato de as barragens de água serem construídas em uma única etapa,
todos os demais passos de cálculo estabelecidos para o dimensionamento das barragens de
rejeitos podem ser seguidos. O volume útil deve ser calculado em conformidade com os
requerimentos de regularização, seguindo os conceitos apresentados no Item 3.9.

Figura 5.7.6 – Corte típico do reservatório de uma barragem de água.

Critério de Projeto: Localização da Barragem

O critério principal que norteia a localização do eixo de uma barragem de água é o da


disponibilidade hídrica, combinada com o cálculo do volume útil. Para evitar a operação do
reservatório em regime plurianual, deve ser seguida a recomendação apresentada no Item 3.9,
relativa à condição de se ter VU < 0,60.DSF, sendo DSF o deflúvio médio anual estimado para a
seção fluvial do eixo da barragem. Esse critério deve ser permeado com a relação entre a área
do reservatório e a área da bacia hidrográfica, como forma de otimizar as dimensões do
sistema de extravasamento.

Critério de Cálculo do Volume Morto

O elemento básico do cálculo do volume morto é a estimativa da taxa de produção anual de


sedimentos na bacia hidrográfica, dada em ton/ano ou m³/ano. Nos casos das barragens de
água implantadas nos empreendimentos de mineração, pode-se considerar como regra a
inexistência de dados de produção de sedimentos na bacia hidrográfica. Assim, o gráfico da
Figura 5.4.1 pode ser utilizado na estimativa da produção anual de sedimentos, em função da
magnitude da área de drenagem da bacia. Nota-se que o gráfico apresenta limites superiores e
inferiores para a relação de produção específica de sedimentos. A adoção de um ou outro
limite ou de qualquer valor intermediário dependerá das características físicas da bacia,
principalmente no que concerne ao grau das intervenções antrópicas. Bacias preservadas e
com relevo mais plano, assim como as bacias que apresentam o escoamento subsuperficial
como a principal componente dos hidrogramas de cheias, tendem a apresentar baixas taxas de
produção de sedimentos.

O volume morto pode ser calculado seguindo os passos indicados no Item 5.4, referendo à
determinação de volumes para a contenção de sedimentos.

5.7.4. Barragem de Contenção de Sedimentos

As barragens de contenção de sedimentos podem ser diferenciadas entre estruturas de maior


porte, que são implantadas em vales a jusante de perímetros que englobam as áreas com
atividades de mineração (cavas, pilhas e estradas de acesso), ou pequenos diques,
implantados nos pés das pilhas de estéril ou nos locais de desaguamento das drenagens das
cavas (Itens 5.4 e 5.5).

Critério de Projeto: Morfologia do Reservatório

A morfologia dos reservatórios das barragens de contenção de sedimentos evolui de forma


semelhante ao caso das barragens de rejeitos (Subitem 5.7.2), embora o avanço das frentes
de assoreamento tenda a ocorrer mais lentamente. Assim, os mesmos critérios das barragens
de rejeitos podem ser adotados para estabelecer o limiar da configuração do reservatório para
o cálculo do volume de espera.

Para os pequenos diques, que podem assorear em períodos de apenas um ano hidrológico,
recomenda-se configurar o reservatório para a hipótese de total assoreamento, resultando em
valores nulos para o volume de espera.

Critério de Projeto: Localização da Barragem

As barragens de contenção de sedimentos devem ser implantadas em seções a jusante de


todas as intervenções da área da mineração, de forma a controlar toda a bacia de contribuição.
Embora menos relevante que no caso das barragens de rejeitos, deve-se observar a relação
de Equação 5.7.2, para a configuração de volumes de espera que resultem em amortecimentos
substanciais nos hidrogramas de cheias afluentes.
Passos de Cálculo para Dimensionamento

Os passos de cálculo para dimensionamento são semelhantes aos recomendados para o caso
das barragens de rejeitos, diferenciando-se apenas o fato de que as barragens de contenção
de sedimentos, normalmente, são construídas em uma única etapa, sem previsão de
alteamentos.

Para o caso dos diques, pode-se dimensionar o vertedouro sem volume de espera, adotando-
se a vazão de pico do hidrograma da cheia de projeto.

5.7.5. Síntese dos Critérios de Projeto

Do conjunto de tópicos acima apresentados, referentes ao dimensionamento hidrológico de


vertedouros e cálculo do volume de espera VESP, podem ser resumidos os seguintes critérios
de projeto mais importantes:

 As barragens de rejeitos e de contenção de sedimentos devem ser construídas,


preferencialmente, em seções fluviais que delimitam bacias com pequenas áreas de
drenagem, recomendando-se a observação do critério indicado pela Equação 5.7.2;
 A maioria das barragens em mineração deve ser dimensionada para a condição de
segurança máxima, com cheias de projeto geradas por chuva decamilenar ou PMP, em
razão dos riscos ambientais e de exposição das empresas em casos de acidentes com
rompimento de maciço;
 A condição inicial para a aplicação do Método de Puls Modificado (Equação 5.7.1) deve ser
a fixação do NA do reservatório na cota da soleira do vertedouro (NA máximo normal);
 Nas barragens de rejeitos e de contenção de sedimentos, a morfologia do reservatório deve
ser fixada para uma condição limiar de assoreamento, conforme o esquema indicado na
Figura 5.7.4;
 Na construção de barragens em cascata, os vertedouros das barragens de jusante devem
ser dimensionados com a incorporação da operação simulada das barragens de montante;
 Para o caso de dimensionamento de vertedouros em reservatórios totalmente assoreados,
recomenda-se a aplicação de modelagem hidrodinâmica, para incorporar o efeito de
amortecimento do VESP remanescente, acima do perfil de assoreamento.

Na sequência dos passos de cálculo para a determinação de VESP, o hidrograma da cheia de


projeto (QAi) não se apresenta com uma configuração previamente definida, pois a duração da
chuva de projeto depende da determinação das condições mais críticas da operação simulada
do trânsito da cheia pelo reservatório. A condição mais crítica corresponde àquela de maior
sobrelevação do NA do reservatório, que depende da duração da chuva de projeto, das
dimensões do reservatório e da própria largura da soleira vertente. O processo de cálculo não
é direto e imediato, devendo ser feito por tentativas, adotando-se durações, para a chuva de
projeto, progressivamente maiores que o tempo de concentração. Na evolução das tentativas,
haverá uma certa duração que resultará na máxima sobrelevação, a partir da qual a operação
simulada de trânsito de cheias resultará em menores sobrelevações para o NA do reservatório.

Em condições ideais de simulação, a máxima sobrelevação do NA é atingida antes do término


da duração da chuva de projeto, indicando que o reservatório iniciou o processo de
esvaziamento mesmo no decorrer do evento de precipitação. Em reservatórios de grande
inércia volumétrica, a duração crítica tende a ultrapassar o tempo de 24 horas e progredir para
durações maiores, sem atingir a condição ideal de convergência, podendo até superar a
duração de 30 dias. Nesses casos, deve-se limitar a duração crítica em um tempo máximo de
10 dias, aumentando a largura da soleira vertente até atingir esse objetivo.

Em diversas aplicações práticas com reservatórios de grande inércia volumétrica, pôde-se


constatar que a convergência para a duração crítica depende da distribuição do ietograma da
chuva de projeto. A recomendação explícita de emprego do método de Huff para a composição
dos ietogramas, dada no Subitem 5.6.5, resulta de experiências bem sucedidas de alcance da
convergência, que pode não ocorrer, por exemplo, com a metodologia de blocos alternados,
também citada por Chow et al. (1988).

5.8. NÍVEIS OPERATIVOS NOTÁVEIS DE RESERVATÓRIOS

Os volumes acumulados nos reservatórios das barragens condicionam a delimitação de níveis


operativos notáveis, que são usados como referência para o dimensionamento das alturas
dos maciços e para a operação dos empreendimentos durante a vida útil das obras. Os
principais níveis operativos notáveis são:

 NA máximo normal: nível de água máximo normal do reservatório, que em geral coincide
com a cota das soleiras dos sistemas de extravasamento, correspondendo à condição de
reservatório cheio;
 NA mínimo operativo: nível de água mínimo que pode ser alcançado pelo reservatório,
sem comprometer as estruturas de captação existentes, correspondendo à condição de
reservatório vazio;
 NA máximo maximorum: máxima sobrelevação atingida pelo nível de água de um
reservatório, correspondente à condição simulada pelo trânsito da cheia de projeto.

Os níveis operativos notáveis delimitam ou são delimitados por volumes característicos que
são alocados nos reservatórios, conforme as definições apresentadas no Item 1.4. Os
principais volumes característicos são:

 Volume Útil (VU) de regularização de vazões de estiagens, delimitado entre o NA máximo


normal e o NA mínimo operativo;
 Volume Morto (VM), alocado abaixo do NA mínimo operativo, indicando a parcela inerte do
reservatório para a contenção de sedimentos ou afogamento mínimo das estruturas de
tomada de água;
 Volume de Espera (VESP) para amortecimento de cheias, delimitado entre o NA máximo
normal e o NA máximo maximorum.

Os níveis operativos notáveis são estabelecidos em função das finalidades de cada barragem,
que podem ser: (i) barragem de água para regularização de vazões de estiagem, (ii) barragem
de rejeito em circuito aberto, (iii) barragem de rejeito em circuito fechado, (iv) barragem de
rejeito com múltiplas finalidades e (v) barragem de contenção de sedimentos.

Barragem de Água

Reservatório operando com volume útil para regularização de vazões de estiagens e volume
morto para retenção de assoreamento ou afogamento das estruturas de tomada de água
(Figura 5.8.1).

Figura 5.8.1 – Níveis operativos notáveis de Barragem de Água.

Barragem de Rejeito em Circuito Aberto

Uma barragem de rejeitos opera em circuito aberto se a água liberada pela polpa pode ser
incorporada à vazão natural do curso de água e verter para jusante sem comprometimento dos
padrões de qualidade estabelecidos para o curso de água. Nessas barragens, pode-se
recircular toda a água liberada pela polpa do rejeito para utilização industrial, mantendo-se o
reservatório permanentemente no NA máximo normal, vertendo a vazão afluente natural do
curso de água (Figura 5.8.2).

Como a maioria das barragens de contenção de rejeitos é construída por etapas sucessivas, os
níveis operativos notáveis acompanham a dinâmica dos alteamentos.
Figura 5.8.2 – Níveis operativos notáveis de Barragem de Rejeitos em circuito aberto.

Barragem de Rejeito em Circuito Fechado

Uma barragem de rejeitos opera em circuito fechado se a água liberada pela polpa, juntamente
com todo o deflúvio de escoamento gerado na bacia hidrográfica de contribuição, deve ser
armazenada para utilização como água industrial. Essa característica é típica das barragens de
contenção de rejeitos tóxicos ou com padrões de qualidade que impedem a liberação da água
da polpa para jusante.

O reservatório dessas barragens opera com um volume útil para a regularização das vazões de
estiagem e com dois níveis de volume de espera, a saber (Figura 5.8.3):

 VESP1: volume de espera para retenção de cheias ou deflúvios gerados por eventos de
chuva de longa duração, recomendando-se o período máximo de 12 meses (ano hidrológico
completo);
 VESP2: volume de espera para amortecimento da cheia de projeto do vertedouro de
emergência, determinada a partir da PMP de duração crítica para o sistema.

A sobreposição dos volumes de espera condiciona a existência de dois NAs máximos normais
(NA1 e NA2 na Figura 5.8.3), sendo que a soleira do vertedouro de emergência fica implantada
na cota do NA2.

Figura 5.8.3 – Níveis operativos notáveis de Barragem de Rejeitos em circuito fechado.


Barragem de Rejeito com Múltiplas Finalidades

Representa o caso particular de uma barragem de rejeito que opera em circuito aberto com um
volume útil para regularização de vazões de estiagem (Figura 5.8.4). Nesses casos, a cota do
NA mínimo operativo é fixada em função do volume útil para regularização e dos requisitos de
afogamento ou de posição das tomadas de água.

Figura 5.8.4 – Níveis operativos notáveis de Barragem de Rejeito com múltiplas finalidades.

Barragem de Contenção de Sedimentos

As barragens de contenção de sedimentos apresentam características similares às barragens


de rejeitos que operam em circuito aberto sem volume útil de regularização (Figura 5.8.2).

5.9. BORDA LIVRE DE BARRAGENS

A Borda Livre das barragens é definida como o espaço que deve ser alocado entre o NA
máximo maximorum e a cota de coroamento do maciço, com a finalidade de absorver a
arrebentação de ondas formadas por ventos ou agregar segurança adicional para eventuais
recalques na elevação da crista.

O critério de cálculo da borda livre apresentado a seguir decorre de uma adaptação da


metodologia formulada por Saville et al. (1962), proposta por Naghettini (1999). O critério parte
do cálculo da amplitude da onda eólica, dada pela fórmula:

h 0  0,005  v 1W,06  F 0,47 (5.9.1)

Variáveis: h0 é a amplitude da onda eólica (m), v W a velocidade do vento a 7,60 m acima


do NA do reservatório (km/h) e F o fetch ou extensão da superfície líquida sobre a qual
atua o vento (km).

O fetch F deve ser calculado conforme os esquemas mostrados na Figura 5.9.1, diferenciados
para um reservatório de formado alongado e regular e para um reservatório irregular, formado
por vários braços.

Na ausência de estudos estatísticos de determinação de frequência e velocidade de ventos,


recomenda-se a adoção de valores no intervalo entre 50 km/h e 100 km/h. Tem sido prática a
adoção do valor de 80 km/h. O valor da velocidade do vento (v W) na Equação 5.9.1 deve ser
corrigido para valores representativos da velocidade ao nível da superfície do reservatório (v SR),
aplicando os fatores de correção da Tabela 5.9.1 (SAVILLE et al., 1962).

Tabela 5.9.1 – Fatores de correção da velocidade na superfície do reservatório.

Fetch (km) 0,805 1,609 3,219 6,437 9,656 12,874

vW/vSR 1,08 1,13 1,21 1,28 1,31 1,31

Para as barragens de terra ou enrocamento, o valor da borda livre a ser adotado deve ser igual
a 1,4 x h0, sendo h0 a altura significativa da onda calculada pela Equação 5.9.1.

Por razões de segurança, a borda livre mínima a ser adotada nas barragens de mineração é
de 1,00 m, conforme recomendação do USBR (1977).

Figura 5.9.1 – Esquemas de cálculo do fetch de reservatórios (Adaptado de SENTURK, 1994).

5.10. ESTRUTURAS DE DESVIO DE CURSOS DE ÁGUA

As estruturas hidráulicas de desvio de cursos de água são obras provisórias construídas para
secar trechos fluviais e permitir a implantação de obras hidráulicas definitivas, tais como
barragens e canais. Assim, as estruturas de desvio são concebidas e projetadas para operar
durante a construção da obra definitiva, sendo constituídas por ensecadeiras, tubos e canais. O
dimensionamento hidrológico das estruturas de desvio consiste em determinar a cheia de
projeto para o dimensionamento hidráulico.
Condicionantes e critérios de projeto: (i) dar preferência para a construção da obra durante o
período seco, (ii) definir a duração da obra – somente durante o período seco, abranger um
período chuvoso ou previsão de durar N anos, (iii) definir o período de retorno da cheia de
projeto ou o risco hidrológico admissível durante o período de duração da obra.

Passos de cálculo para obra de desvio durante o período seco:

 Selecionar a duração do período seco na região, recomendando-se o período maio-


setembro para a Região Sudeste e o período junho-outubro para a Região Norte (Sul do
estado do Pará e Oeste do estado do Maranhão);
 Selecionar os eventos de chuva do período seco: máximas alturas anuais para as durações
de interesse;
 Definir o período de retorno da chuva de projeto: tem sido prática a adoção de períodos de
retorno entre 10 anos e 25 anos. Caso seja seguida a recomendação do ICOLD (1984) de
adoção de um risco de 5% para a seleção da cheia de projeto de obras de desvios para a
construção de barragens, o período de retorno correspondente seria de 20 anos;
 Calcular o hidrograma da cheia de projeto (Subitens 5.6.2, 5.6.9 ou 5.6.10), considerando
condições de baixa umidade antecedente na bacia hidrográfica ou coeficientes de
escoamento superficial com valores mais baixos, em função de as cheias no período seco
resultarem de eventos isolados de chuvas.

Passos de cálculo para obra de desvio durante o período chuvoso, considerando um ano
hidrológico completo:

 Selecionar os eventos de chuva anual: máximos anuais de altura de chuva para as


durações de interesse;
 Definir o período de retorno da chuva de projeto, podendo ser adotada a mesma
recomendação dos passos anteriores estabelecidos para o período seco;
 Calcular o hidrograma da cheia de projeto, considerando condições normais de umidade
antecedente na bacia hidrográfica.

Passos de cálculo para obra de desvio com duração de N anos hidrológicos:

 Selecionar um risco hidrológico e calcular o período de retorno da cheia de projeto,


empregando a equação:
N
 1 
R  1  1   (5.10.1)
 TR 

R é o risco hidrológico e TR o período de retorno (anos). Como recomendação de projeto, o


risco hidrológico pode ser fixado em 10% (R = 0,10) ou 5% (R = 0,05). O risco hidrológico
significa a probabilidade de ocorrer pelo menos um evento superior à cheia de projeto no
período de N anos.
 Calcular o hidrograma da cheia de projeto, considerando condições normais de umidade
antecedente na bacia hidrográfica.
Normalmente, o dimensionamento das estruturas de desvio (canais e ensecadeiras) deve ser
feito para a vazão de pico do hidrograma da cheia de projeto. Em condições específicas,
pode-se considerar a possibilidade de dimensionar as estruturas de desvio para a vazão
amortecida, desde que seja possível definir a priori o NA máximo de montante. Para avaliar a
possibilidade de dimensionar as estruturas com a vazão amortecida, recomenda-se a
observação da seguinte relação:

max  VOL 
 0,010 (5.10.2)
A

A observação da relação acima indica que o max(VOL), volume máximo passível de


acumulação a montante, é maior que 10 mm de precipitação efetiva gerada na área de
drenagem (A) da bacia hidrográfica de contribuição.

5.11. ESTRUTURAS DE TRAVESSIA

Consideram-se como estruturas hidráulicas de travessia as pontes e bueiros, que são as obras
de drenagem transversal dos sistemas viários (rodovias, ferrovias, estradas de acesso em
áreas de minas).

Condicionantes e critérios de projeto:

 Condicionante 1: morfologia fluvial no eixo da travessia, que condiciona o tipo e o arranjo da


obra;
 Condicionante 2: declividade do talvegue no eixo de implantação, que condiciona o tipo de
escoamento da estrutura (subcrítico ou supercrítico), válida principalmente para o caso de
bueiros;
 Critério de projeto para bueiros: vazão com período de retorno de 25 a 50 anos;

 Critério de projeto para pontes: vazão com período de retorno de 100 anos.

Praticamente todas as estruturas de travessia são dimensionadas para vazões de projeto


determinadas pela aplicação de métodos indiretos de transformação chuva-vazão (Item 5.6.3).
Os dimensionamentos hidráulicos são feitos para a vazão de pico, adotando-se os métodos:
 Método Racional, se A < 1,00 km² (Item 5.6.9);

 Método do Hidrograma Unitário Sintético, se A > 1,00 km² (Item 5.6.10).

Em situações excepcionais, pode-se usar o aterro da obra viária como barragem de


amortecimento de hidrogramas de cheias e dimensionar a estrutura de travessia para a vazão
amortecida. A adoção desse critério somente deve ser aplicada se houver segurança do
maciço do aterro, em termos de funcionar como paramento para níveis de água elevados
durante a ocorrência de cheias, suportando a filtração e percolação resultantes.
Embora os manuais de obras de drenagem (DNIT, 2006) não apresentem recomendações
quanto à duração da chuva a ser adotada no cálculo da vazão de projeto, sugere-se a
determinação da duração crítica para as aplicações do método do hidrograma unitário,
conforme especificado no Item 5.6.10.

5.12. ESTRUTURAS DE DRENAGEM DE CAVAS E PILHAS

Principais estruturas componentes dos sistemas de drenagem de cavas e pilhas: canais


periféricos, canaletas de berma, descidas de água, caixas de passagem, bacias de dissipação
de energia, bacias de detenção (sumps) e bacias de sedimentação.

Dados básicos requeridos: Plano Diretor da Mina, com indicação do arranjo geral e localização
dos principais componentes (cavas, pilhas de estéril, pátios de estocagem, pátios de embarque
ou desembarque, estradas), planta topográfica da área e planta cartográfica com a hidrografia
regional.

Passos de cálculo para determinação das vazões de projeto:

 Lançar em planta topográfica o arranjo geral de cada etapa do Plano Diretor, abrangendo o
avanço das frentes de lavra e os projetos conceituais das pilhas de estéril;

 Avaliar os sentidos dos fluxos de escoamento superficial das áreas de cavas e pilhas em
relação à rede hidrográfica natural;

 Desenhar o Projeto Conceitual de Drenagem: lançamento das principais estruturas


componentes e definição dos pontos de lançamento na rede hidrográfica natural;

 Sobre a planta do Projeto Conceitual, definir as principais seções de controle para cálculo
das vazões de projeto: pontos de mudança de direção de fluxo, pontos de deságues de
bancadas superiores, interceptação de talvegues naturais;

 Delimitar as bacias de contribuição nas seções de controle;

 Desenhar o diagrama unifilar do Projeto Conceitual, acoplado às áreas das bacias de


contribuição;

 Calcular as vazões de projeto em cada seção de controle.

Em função da pequena magnitude das áreas de drenagem das bacias de contribuição,


normalmente as vazões de projeto são calculadas pela aplicação do Método Racional (Item
5.6.9). Para a determinação da intensidade das chuvas de projeto, recomenda-se a duração
igual ao tempo de concentração das bacias e os períodos de retorno constantes da Tabela
5.12.1.

Destaca-se que na NBR 13028 (ABNT, 2006) são feitas as seguintes recomendações para o
cálculo da chuva de projeto:
 Período de retorno mínimo de 100 anos para os dispositivos de pequenas vazões, tais
como canaletas de berma e descidas de água;
 Período de retorno mínimo de 500 anos para os dispositivos de grandes vazões, tais como
canais de coleta e condução final das águas de drenagem.

Tabela 5.12.1 – Período de retorno para cálculo das chuvas de projeto.

Componente do Sistema de Drenagem Período de Retorno (anos)

Canais periféricos 50 a 100


Canaletas de berma 10 a 25
Descidas de água 10 a 25
Caixas de passagem 10 a 25
Bacias de dissipação de energia 25 a 50
Bacias de detenção (sumps) 50 a 100
Bacias de sedimentação 100

Os coeficientes de escoamento superficial devem variar em conformidade com as tipologias de


uso e ocupação do solo, previstas no Plano Diretor, podendo ser adotados os valores da
Tabela 5.6.2.

Como as áreas de cavas podem ser trabalhadas em desenvolvimento de pits fechados, deve-
se conceber o sistema de drenagem de forma tal a escoar por gravidade o máximo possível
das contribuições de escoamento superficial, distinguindo a área aberta e a área fechada,
conforme esquema da Figura 5.12.1.

Figura 5.12.1 – Esquema de delimitação de área fechada e área aberta nas cavas das minas.
Como critério de projeto, o sistema de drenagem das áreas abertas deve ser dimensionado
para as vazões pico, enquanto nas áreas fechadas devem ser calculados os volumes
acumulados nos sumps do pit fechado.

No processo de cálculo das vazões de pico para dimensionamento das estruturas em áreas
abertas, deve-se montar o diagrama unifilar de cada ramal do sistema de drenagem, conforme
esquema sugerido na Figura 5.12.2. A vazão de dimensionamento de um trecho k genérico
qualquer deve ser feita segundo os passos de cálculo:

Figura 5.12.2 – Diagrama unifilar de ramal de sistema de drenagem.

 Computar o tempo de concentração acumulado tk até o ponto Pk pela equação

k 1
L k 1,k
tk  t
i 1
i 
v k 1,k
(5.12.1)

 Calcular a intensidade da chuva de projeto ik usando a relação intensidade-duração-


frequência selecionada (Equação 5.6.1), com a duração igual ao tempo de concentração
acumulado tk;
 Calcular o coeficiente de escoamento superficial ponderado C k de todas as parcelas de
áreas de contribuição de montante pela equação

C  A i i
CK  i 1
k
(5.12.2)
A
i1
i

 Calcular a vazão de dimensionamento do trecho k pela equação do Método Racional


 k 
Q k  0,278  CK  ik    A i  (5.12.3)
 i1 
Para o trecho do extremo de montante k = 1, o tempo de concentração t 1 deve ser calculado
pela soma do tempo de escoamento difuso e do tempo de escoamento no talvegue até o ponto
P1 (Item 3.13).

No processo de cálculo dos volumes a serem bombeados das áreas fechadas dos pits, os
seguintes passos devem ser observados:

 Definir a relação cota-área-volume da área do pit que poderá acumular os volumes de


escoamento superficial;
 Definir a contribuição de água subterrânea, para ser somada às vazões do escoamento
superficial;
 Definir os valores de contorno para as variáveis do dimensionamento: (i) duração da chuva
crítica, (ii) tempo máximo de esvaziamento do fundo da cava e (iii) máxima área passível de
ser inundada (ou máximo NA permissível) no interior da cava;
 Calcular os blocos de volumes afluentes ao fundo da cava, somando-se as componentes de
escoamento superficial e fluxo subterrâneo.

5.13. ESTRUTURAS DE DRENAGEM PERIFÉRICA EM BARRAGENS DE


REJEITOS

São estruturas constituídas por canais de contorno periférico aos reservatórios das barragens
de rejeitos, dimensionados com a finalidade de desviar o fluxo do escoamento superficial das
águas pluviais e das contribuições de base dos cursos de água afluentes, visando dar
flexibilidade à operação e minimizar o contato dos depósitos com as vazões naturais da bacia
hidrográfica. Aplicam-se em casos de rejeitos que agregam padrões de qualidade abaixo dos
parâmetros de enquadramento dos cursos de água, tais como rejeitos tóxicos ou com elevados
níveis de turbidez. A Figura 5.13.1 mostra um arranjo típico de drenagem periférica.

Principais estruturas componentes: canais periféricos escavados em solo (com ou sem


revestimento), descidas de água, bacias de dissipação de energia, barragens para desvio de
fluxo.

Dados básicos requeridos: Plano Diretor da Mina, balanço hídrico do reservatório da barragem
de rejeitos, qualidade dos rejeitos, estudos de qualidade da água do reservatório.

Sequência do dimensionamento:

 Calcular as vazões de cheias dos cursos de água afluentes: não existe um critério
específico para a definição do período de retorno das cheias de projeto. Deve-se considerar
que toda a vazão excedente à de projeto dos canais afluirá ao reservatório e será
incorporada ao balanço de qualidade das águas, com eventual vertimento. Dada a analogia
dessas estruturas com a drenagem de cavas e pilhas, pode-se recomendar o mesmo
critério contido na NBR 13028 (Item 5.12), com períodos de retorno variando entre 100 e
500 anos;
 Definir o projeto conceitual das estruturas, com a locação dos canais, diques e barragens
de desvio;
 Efetuar o dimensionamento hidráulico das estruturas, considerando as recomendações
específicas do Capítulo 7. Avaliar a necessidade de revestir os canais periféricos, em razão
das características do solo local, como forma de evitar infiltração e reduzir as linhas de fluxo
na direção do reservatório.

Figura 5.13.1 – Arranjo típico de drenagem periférica em barragens de rejeito.


Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

CAPÍTULO 6
CRITÉRIOS PARA LEVANTAMENTOS TOPOBATIMÉTRICOS

6.1. BATIMETRIA DE SEÇÕES FLUVIAIS

O levantamento de seções batimétricas em trechos fluviais é fundamental para os estudos de


simulação de perfis de escoamento de vazões de cheias. Dentre as aplicações mais
importantes que resulta de simulações de perfis de escoamento, podem ser enumeradas:

 Estabelecimento de curvas-chaves em seções fluviais para as quais não existe medição de


descarga líquida, como nos casos a jusante de bacias de dissipação de energia;
 Verificação do dimensionamento de pontes e bueiros;

 Cálculo indireto de vazões de cheias com base no nivelamento de marcas de cheias.

No rol de critérios recomendados pelo USBR (1977), adaptados do método área-declividade


proposto por Dalrymple & Benson (1962), os seguintes passos devem ser observados para a
especificação de levantamentos de seções para o cálculo indireto de curvas-chaves:

 O trecho fluvial selecionado deve ter um comprimento pelo menos 75 vezes a


profundidade média do escoamento das vazões em análise;
 O número mínimo de seções batimétricas no trecho deve ser 5 (cinco);
 O espaçamento entre seções deve ser tal que o desnível do perfil longitudinal ou do
perfil de escoamento entre seções seja inferior a 0,60 m;
 As seções batimétricas devem ser estendidas pelas margens até os pontos de alcance
do NA correspondente à máxima vazão a ser simulada;
 Os levantamentos de campo devem ser feitos em seções transversais ao escoamento,
tanto na calha menor, quanto nas planícies de inundação das margens esquerda e direita;
 O engenheiro encarregado de fazer as especificações deve proceder a uma visita
prévia de campo, para observar as características do trecho fluvial de interesse e tirar
fotografias representativas para possibilitar as estimativas dos coeficientes de rugosidade
de Manning;
 Mesmo excedendo o limite do comprimento mínimo do trecho fluvial de interesse, a
existência de uma seção de controle hidráulico a jusante deve ser necessariamente
levantada.

Para os casos de aplicação ao cálculo de perfis de escoamento através de pontes e bueiros, as


seções batimétricas devem ser levantadas conforme os esquemas mostrados nas Figuras
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6.1.1 e 6.1.2. Os critérios de espaçamento entre essas seções são apresentados pelo USACE
(2008), indicando que devem ser levantadas outras seções a montante e jusante, para permitir
a conexão da estrutura com todo o trecho fluvial de interesse.

Figura 6.1.1 – Esquema para levantamento de seções batimétricas aplicadas ao dimensionamento de


pontes.
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Figura 6.1.2 – Esquema para levantamento de seções batimétricas aplicadas ao dimensionamento de


bueiros.
6.2. BATIMETRIA DE RESERVATÓRIOS

A execução de levantamentos batimétricos nos reservatórios das barragens de rejeitos deve


ser feita regularmente, como forma de avaliar o avanço das frentes de assoreamento e a
disponibilidade de volume para o amortecimento de cheias (VDISP).

Destaca-se nesse ponto a diferença entre as variáveis VDISP e VESP, considerando que
ambas se referem ao volume reservado acima do NA máximo normal para o amortecimento de
cheias:

 VESP é o volume de espera calculado como critério de projeto, considerando uma condição
limite de assoreamento ou de avanço da praia de rejeito (Subitem 5.7.2);
 VDISP é o volume efetivamente disponível para o amortecimento de cheias, obtido pelo
procedimento de topobatimetria indicado a seguir;
 Conforme estabelecido para o indicador hidrológico do sistema SGBP (Capítulo 8), para
que uma barragem esteja segura sob os aspectos hidráulicos e hidrológicos, é necessária a
observação da relação VDISP > VESP.

Nas barragens em operação, os levantamentos devem ser feitos a cada 6 meses, ou pelo
menos uma vez por ano. Preferencialmente, nas datas dos levantamentos o nível de água
deve estar no NA máximo normal. Os serviços de campo devem ser feitos com equipamento
ecobatímetro, sendo fundamental a anotação da cota do nível de água nas data dos
levantamentos.

Para permitir a revisão permanente do valor de VDISP, juntamente com a batimetria do


reservatório deve ser também feito o levantamento topográfico da parte emersa da frente de
assoreamento, até o limite previsto para o NA máximo maximorum.

A Figura 6.2.1 mostra o resultado de um levantamento batimétrico, indicando as linhas


isóbatas, de igual profundidade. Na Figura 6.2.2 tem-se um típico levantamento topográfico de
uma praia de rejeitos. Com base nos resultados dos levantamentos batimétricos e topográficos,
pode-se calcular a curva cota-volume atualizada do reservatório, conforme mostrado na Figura
6.2.3. Dessa curva, é possível calcular os valores atualizados das variáveis VDISP e VU
(volume útil), empregando o processo gráfico indicado na Figura 6.2.3, a partir dos níveis
operativos notáveis.
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Figura 6.2.1 – Batimetria de reservatório.


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Figura 6.2.2 – Levantamento topográfico da parte emersa da praia de rejeitos.

Figura 6.2.3 – Curva cota-volume atualizada e volumes notáveis.


CAPÍTULO 7
CRITÉRIOS PARA DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO

Entende-se por dimensionamento hidráulico a determinação das dimensões das estruturas e


obras de condução ou acumulação de água. Na via normal do dimensionamento, parte-se do
pressuposto de que já foram concluídos os estudos hidrológicos, definidores das vazões de
projeto (Capítulo 5), bem como se encontram disponibilizados os levantamentos de campo
requeridos, definidores das condições de contorno para o desenvolvimento longitudinal das
obras (Capítulo 6). Eventualmente, as obras hidráulicas podem introduzir alterações
significativas na morfologia dos canais fluviais e nas características físicas das bacias
hidrográficas, suficientes para demandar uma análise retroativa dos estudos hidrológicos, que
leva a um processo de cálculo iterativo até que seja obtida a compatibilidade entre os
elementos das disciplinas Hidrologia e Hidráulica. A Figura 7.1 ilustra a sequência de cálculo
convencional do dimensionamento hidráulico, quando são determinadas as dimensões das
estruturas a partir do conhecimento prévio de uma vazão de projeto.

Figura 7.1 – Fluxograma de atividades para o dimensionamento das obras hidráulicas.


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Em algumas situações, o problema a ser resolvido consiste na verificação da capacidade de


uma obra hidráulica existente, perante alterações ocorridas no âmbito da bacia hidrográfica ou
das condições de contorno e premissas iniciais de projeto. Nesses casos, o primeiro passo de
cálculo consiste na verificação da capacidade de descarga da estrutura e o posterior cotejo
com os resultados dos estudos hidrológicos, conforme mostrado na Figura 7.2.

Figura 7.2 – Fluxograma para verificação do dimensionamento de uma obra hidráulica.

As obras hidráulicas são compostas por conjuntos de estruturas hidráulicas, que são
conectadas nos projetos de forma a não resultar em alterações bruscas ou sobrelevações nos
perfis de escoamento que impliquem no colapso das obras. Dentre as estruturas hidráulicas
utilizadas nas obras de mineração, citam-se: canais, vertedouros, orifícios, condutos afogados,
bacias de dissipação de energia, canais de restituição, descidas de água, caixas de passagem,
estruturas de emboques, estruturas de desemboques e transições.
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Nesse capítulo apresentam-se, inicialmente, os critérios de dimensionamento das estruturas


hidráulicas (Item 7.1), vistas como peças isoladas. Em seguida (Itens 7.2 a 7.11), são
apresentadas as principais obras hidráulicas, compostas por conjuntos de estruturas
hidráulicas, indicando critérios para as conexões necessárias. O Item 7.12 discorre sobre os
conceitos básicos da hidráulica fluvial, que são importantes para o estabelecimento de
condições de contorno de dimensionamento das obras hidráulicas.

As estruturas hidráulicas, vistas como peças isoladas do dimensionamento hidráulico, podem


ser consideradas como seções de controle hidráulico e assim serem dimensionadas pelas
respectivas equações de controle, em condições de escoamento em regime permanente e
uniforme. Já a conexão das estruturas para a composição de uma obra pode alterar as
condições de controle hidráulico do regime uniforme, devendo assim ter o dimensionamento
final verificado para as condições de regime permanente e variado ou até mesmo requerendo
a verificação para o regime transiente.

Os critérios de dimensionamento de cada estrutura hidráulica apresentada no Item 7.1


abrangem os seguintes passos cálculo:

 Elaboração de croquis representativos do conceito da estrutura, em planta e cortes


típicos;
 Definição das premissas e condicionantes de projeto;
 Definição das equações de dimensionamento;
 Definição das variáveis do dimensionamento.

7.1. DIMENSIONAMENTO DE ESTRUTURAS HIDRÁULICAS

7.1.1. Canais

São estruturas destinadas à condução da água entre duas seções com cotas ou cargas
hidráulicas diferenciadas, podendo ter diversas formas geométricas simples ou compostas:
retangular, triangular, circular, trapezoidal. Os canais podem ser construídos com diversas
formas de revestimento, sendo as principais o concreto, gabião, enrocamento, pedra
argamassada, terramesh, solo cimento e grama.
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Croquis do Dimensionamento

Figura 7.1.1 – Croquis básicos para dimensionamento de canais.

Premissas e Condicionantes de Projeto

 Tipo de revestimento: define o coeficiente de rugosidade;

 Imposições construtivas: disponibilidade de equipamentos ou de peças pré-moldadas no


canteiro de obras;
 Elevações EL1 e EL2, comprimento L (Figura 7.1.1): determinam a declividade de
implantação S0;
 Para evitar a formação de ondas na superfície do escoamento, preferencialmente deve-se
procurar implantar os canais com declividades S0 < 0,7 SCR (para escoamentos subcríticos)
ou S0 > SCR (para escoamentos supercríticos), segundo recomendações do SWDT (1997);
 Geometria da seção de escoamento: define as relações entre área molhada (A), perímetro
molhado (P) e profundidade do escoamento (y);
 Tipo de escoamento: regime permanente e uniforme para dimensionamento básico e
regime permanente e variado para verificação no conjunto da obra hidráulica;
 Limites de velocidade: velocidade máxima para evitar abrasão da superfície do
revestimento e velocidade mínima para evitar deposição de sedimentos (Tabela 7.1.1);
 Seção de máxima eficiência hidráulica: adotar relação b = 2y para canais em seção
retangular e y = 0,80Φ para canais circulares (STURM, 2001).
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Tabela 7.1.1 – Limites de velocidades máximas e mínimas para dimensionamento de canais (AZEVEDO
NETTO et al., 1998).

VELOCIDADE MÉDIA LIMITE INFERIOR

Característica do Sedimento Velocidade (m/s)


Águas com suspensões finas (silte e argila) 0,30
Águas carregando areias finas 0,45
Águas de esgoto 0,60
Águas pluviais 0,75

VELOCIDADE MÉDIA LIMITE SUPERIOR

Tipo de Revestimento Velocidade (m/s)


Canais com fundos arenosos 0,30
Canais com fundos em argila ou silte 0,40
Seixos rolados (cascalho) 0,80
Materiais aglomerados consistentes 2,00
Alvenaria 2,50
Canais em rocha compacta e sã 4,00
Canais revestidos de concreto 6,00

Equações de Dimensionamento

A equação básica para dimensionamento de canais em regime de escoamento uniforme é a


Fórmula de Manning:

2
1 (7.1.1)
Q  AR 3 S 0
n

Q – vazão de projeto (m³/s)


n – coeficiente de rugosidade de Manning
A – área molhada da seção (m²)
R – raio hidráulico da seção (m)
S0 – declividade longitudinal do canal (m/m)

Existem diversos aplicativos computacionais para o cômputo da Equação 7.1.1, podendo ser
citado o Programa HIDROwin, encontrado no endereço eletrônico do Departamento de
Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da UFMG (Referência: www.ehr.ufmg.br). Diversos
autores (CHOW, 1959; BAPTISTA & LARA, 2006) apresentam os elementos geométricos
básicos das seções prismáticas usadas no dimensionamento dos canais, com as formulações
matemáticas para o cálculo da área molhada (A), perímetro molhado (P), raio hidráulico (R =
A/P) e profundidade hidráulica (D = A/T), sendo T a largura de topo da seção molhada.
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Nos aplicativos computacionais que processam a Equação 7.1.1, além do cálculo das variáveis
do dimensionamento são também determinados os seguintes elementos subsidiários:

 Velocidade média do escoamento na seção (v em m/s):

Q
v (7.1.2)
A

 Número de Froude F (adimensional):

v
F (7.1.3)
gD

O parâmetro adimensional Número de Froude é usado como indicador do tipo de escoamento,


que pode ser classificado como subcrítico (F<1) ou supercrítico (F>1).

Variáveis de Dimensionamento

Todas as grandezas que figuram no termo do lado direito da Equação 7.1.1 podem ser
consideradas como variáveis de dimensionamento. Normalmente, o coeficiente de rugosidade
de Manning (n) é definido em função da premissa adotada quanto ao tipo de revestimento do
canal, enquanto a declividade longitudinal (S0) decorre da condicionante imposta pelas cotas de
início e fim do canal, indicadas respectivamente por El. 1 e El. 2 no croqui da Figura 7.1.1.

Fixados os valores dessas variáveis, o dimensionamento direciona-se, então, para o cálculo


das seguintes grandezas:

 Seção retangular: profundidade do escoamento (y) e largura da seção (b);


 Seção triangular: profundidade do escoamento (y) e inclinação lateral (H : V);
 Seção trapezoidal: profundidade do escoamento (y), largura inferior (b) e inclinação
lateral (H : V);
 Seção circular: diâmetro (Φ) e relação profundidade/diâmetro (y/Φ).

Para a fixação do valor do coeficiente de rugosidade de Manning, podem ser adotados os


valores tabelados que figuram na bibliografia clássica de Hidráulica (CHOW, 1959; BARNES,
1967; HICKS & MASON, 1998).

Para o dimensionamento de canais revestidos com enrocamento solto, tipo rip-rap, existem
critérios específicos que relacionam o diâmetro mediano do material com a profundidade e a
tensão de cisalhamento crítica (Item 4.13 de STURM, 2001).
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Cálculo da Borda Livre

Normalmente, a altura máxima do canal é fixada com um valor maior que a profundidade do
escoamento (y), acrescentando uma borda livre para a segurança do dimensionamento. A
borda livre pode ser calculada com base nas seguintes formulações:

 Profundidade de escoamento equivalente à vazão de projeto majorada em 30% (y


calculado para a vazão igual a 1,30.Q), recomendada pelo CETESB (1980);
 Fórmulas dependentes das variáveis características do escoamento (FCTH, 1999):

BL  y K (7.1.4)

Fórmula recomendada pelo U.S. Bureau of Reclamation, na qual BL é a borda livre (m), y a
profundidade do escoamento (m) e K um fator variando entre K = 0,40 para baixos valores
de vazão de projeto (limite inferior de 0,500 m³/s) e K = 0,80 para altos valores de vazão de
projeto (limite superior de 80,0 m³/s). A recomendação básica de aplicação dessa fórmula
é que a borda livre fique situada entre 0,30 m e 1,20 m.

BL  0,60  0,037  v  3 y
(7.1.5)

Fórmula recomendada pelo Manual de Drenagem Urbana da Cidade de Denver (Colorado,


USA), na qual BL é a borda livre (m), y a profundidade do escoamento (m) e v a velocidade
média do escoamento (m/s).

7.1.2. Vertedouros

São estruturas que têm a finalidade básica de interpor uma seção de controle hidráulico ao
escoamento por meio da profundidade crítica, sendo aplicadas nos sistemas de
extravasamento das barragens e como medidores de descarga.

Croquis do Dimensionamento

Figura 7.1.2 – Croquis básicos para dimensionamento de vertedouros.


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Premissas e Condicionantes de Projeto

 Definição do tipo de vertedouro a ser adotado (Figura 7.1.3): soleira delgada, soleira
espessa, perfil Creager, emboque de canal;
 O escoamento deve ser subcrítico a montante da seção de controle do vertedouro;

 Limitação da carga hidráulica (H) a montante: imposição geotécnica para máxima


sobrelevação ou para estabilidade estrutural do bloco de concreto;
 A soleira do vertedouro não deve estar afogada por jusante. Existem critérios específicos
para incorporar os efeitos do afogamento, quando este não altera a condição de
escoamento crítico na soleira, apresentados pelo USBR (1977).

Figura 7.1.3 – Tipos de soleiras vertentes.

Equações de Dimensionamento

Equação genérica de descarga através de uma soleira vertente:

3
2 (7.1.6)
Q  2g  C d  L e  H 2
3

Le  L  KL (7.1.7)

L H H
Cd  f  , ,  (7.1.8)
b L P

Q é vazão vertida (m³/s), L e é a largura efetiva da soleira (m), C d é o coeficiente de


descarga (adimensional), H é a carga hidráulica (m) e P é a profundidade no canal de
aproximação (m).

Os valores do coeficiente de descarga Cd e do fator KL podem ser obtidos dos ábacos da Figura
7.1.4 (STURM, 2001).
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Figura 7.1.4 – Coeficientes da equação de descarga do vertedouro de soleira delgada (STURM, 2001).

A equação de descarga do vertedouro pode ser apresentada em uma fórmula mais


simplificada, com o coeficiente de descarga Cd expresso de forma dimensional (L0,5 T-1):

3
Q  Cd  L  H2 (7.1.9)

O coeficiente de descarga Cd expresso em unidades métricas (m0,5/s) varia segundo o tipo de


soleira vertente (Figura 7.1.3):

 Soleira delgada: Cd = 1,81 m0,5/s;

 Soleira espessa: Cd = 1,71 m0,5/s;

 Perfil tipo Creager: Cd = 2,10 m0,5/s (valor de referência).

Para o caso específico do perfil tipo Creager, existe uma formulação detalhada para o desenho
da geometria da ogiva, conforme mostrado na Figura 7.1.5. Nota-se que todas as grandezas
estão definidas em função da variável Hd, denominada carga de projeto. Segundo o critério
recomendado pelo USBR, citado por Gupta (1989), o valor de H d deve observar a relação
Hmax/Hd ≤ 1,33 sendo Hmax a máxima sobrelevação do NA do reservatório, obtida da operação
simulada de trânsito da cheia de projeto (Item 5.7 e Figura 5.7.1).

Essencialmente, o coeficiente de descarga Cd para o perfil tipo Creager apresenta um valor de


referência variável, em função da profundidade P do canal de aproximação, conforme mostrado
na Figura 7.1.6. Como o paramento vertical da soleira vertente pode apresentar declividades
diferentes na vertical, a Figura 7.1.7 apresenta as correções necessárias para a incorporação
desse detalhe geométrico. Ademais, deve-se fazer a correção do valor de referência do
coeficiente de descarga para levar em conta cargas hidráulicas distintas da carga de projeto H d
(Figura 7.1.8).
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Figura 7.1.5 – Geometria da ogiva do vertedouro com perfil tipo Creager (GUPTA, 1989).

Figura 7.1.6 – Valor de referência para o coeficiente de descarga do vertedouro com perfil tipo Creager
(USBR, 1977).
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Figura 7.1.7 – Fator de correção do coeficiente de descarga para a geometria do paramento de


montante (USBR, 1977).

Figura 7.1.8 – Fator de correção do coeficiente de descarga para a carga hidráulica (USBR, 1977).

Na aplicação da Equação 7.1.9, a largura L deve ser corrigida para o seu valor efetivo L e,
incorporando os efeitos de contração lateral do fluxo e da eventual existência de pilares no vão
da soleira vertente. A Figura 7.1.9 ilustra a análise que deve ser feita para aplicação da
equação de cálculo da largura efetiva:

L e  L  2K a  N  K p   H (7.1.10)

L é a largura geométrica (m), H a carga hidráulica (m), N o número de pilares, K a o


coeficiente de perda de carga na contração (depende da forma da contração) e K p o
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coeficiente de perda de carga nos pilares (depende da forma dos pilares).

Os valores que podem ser assumidos pelos coeficientes Ka e Kp podem ser consultados em
USBR (1977).

Figura 7.1.9 – Elementos para o cálculo da largura efetiva L e da soleira vertente (USBR, 1977).

Variáveis de Dimensionamento

A variável básica do dimensionamento dos vertedouros é a largura da soleira vertente (L), que
efetivamente é a grandeza geométrica principal que figura no termo da direita das Equações
7.1.6 e 7.1.9. Secundariamente, a sobrelevação do nível de água (H) também pode ser
considerada como uma variável do dimensionamento, obtida da operação simulada de trânsito
da cheia de projeto (Item 5.7 e Figura 5.7.1).

Um importante elemento do dimensionamento do vertedouro é a curva de descarga, que pode


ser calculada com aplicação das Equações 7.1.6 ou 7.1.9. O gráfico da Figura 7.1.10 mostra
uma típica curva de descarga de vertedouro, na qual o eixo das ordenadas é dado na escala
de cotas altimétricas, para facilitar o dimensionamento do maciço da barragem. No caso de
vertedouros com soleira em perfil tipo Creager, a curva de descarga deve ser calculada na
sequência dos passos abaixo indicados, pelo fato de o coeficiente de descarga ser variável:

 Definir o valor de referência para o coeficiente de descarga C 0 em função do parâmetro


adimensional P/Hd (Figura 7.1.6);
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 Definir os coeficientes Ka e Kp para aplicação na Equação 7.1.10;


 Definir um intervalo de discretização ΔNA para cálculos progressivos da carga hidráulica
H sobre a soleira vertente;
 Para cada valor discretizado de carga hidráulica H, calcular a largura efetiva L e
(Equação 7.1.10) e corrigir o valor do coeficiente de descarga C com base no ábaco da
Figura 7.1.8, calculando em seguida a vazão vertida resultante (Equação 7.1.9).

Figura 7.1.10 – Curva de descarga de um vertedouro.

7.1.3. Orifícios

Os orifícios são estruturas de controle hidráulico que operam afogadas, sendo aplicadas em
sistemas de extravasamento de barragens e emboques de bueiros. Apresentam geometria
bem definida, geralmente em formato circular, retangular ou quadrada.

Croquis do Dimensionamento

Figura 7.1.11 – Croquis básicos para dimensionamento de orifícios.


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Premissas e Condicionantes de Projeto

 Existência de carga hidráulica a montante, resultante do afogamento da estrutura;

 Para que ocorra o afogamento, a carga hidráulica H sobre a geratriz inferior deve satisfazer
a relação H > 1,2 h (sendo h a altura da seção do orifício);
 O contato da lâmina de água com a geratriz superior da estrutura deve ocorrer em um
trecho relativamente curto, para que a perda de carga seja decorrente apenas da contração
da veia líquida;
 Dessa premissa anterior decorre a condição de o escoamento ser livre a jusante do orifício.

Equações de Dimensionamento

Reportando-se à Figura 7.1.11, observa-se a distinção entre pequenos orifícios e grandes


orifícios.

Equação de descarga para pequenos orifícios: para a condição de carga hidráulica H > 3 h.

Q  C d  A  2gH (7.1.11)

A descarga Q é dada em m³/s, Cd é o coeficiente de descarga, A a área do orifício em


m² (A = b h) e H a carga hidráulica, conforme definida na Figura 7.1.11.

Equação de descarga para grandes orifícios: para a condição de carga hidráulica H < 3 h.

2  H1,5  H12,5 
Q  C d  A  2g   1 
 (7.1.12)
3  H 1  H 2 

As grandezas Q, Cd e A são definidas como na Equação 7.1.11 e cargas hidráulicas H 1


e H2 são indicadas na Figura 7.1.11.
Para obter informações mais detalhadas sobre a hidráulica dos orifícios, recomenda-se
consultar o livro de Azevedo Netto et al. (1998), que apresenta informações importantes
relativas aos tópicos:

 Tabelas com valores do coeficiente de descarga Cd variando entre 0,653 a 0,607,


recomendando-se o valor médio de 0,61;
 Fator de correção para a contração incompleta da veia líquida, em função da posição do
orifício, relativa ao fundo e às paredes laterais;
 Alterações do valor do coeficiente de descarga C d em função do adoçamento das arestas
de entrada do orifício, alcançando o limite máximo de 0,98.

No clássico compêndio de projeto de barragens do USBR (1977) são encontrados diversos


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valores do coeficiente de descarga Cd para os casos de adoçamento da geometria de entrada


dos orifícios (Figura 10.10 da citada bibliografia).

Variáveis de Dimensionamento

A variável básica do dimensionamento dos orifícios é a área da seção (A), que efetivamente é
a grandeza geométrica principal que figura no termo da direita das Equações 7.1.11 e 7.1.12.
Secundariamente, a sobrelevação do nível de água (H) também pode ser considerada como
uma variável do dimensionamento, obtida da operação simulada de trânsito da cheia de projeto
(Item 5.7 e Figura 5.7.1), nos casos de aplicação dos orifícios como estruturas de
extravasamento de vazões de cheias em barragens, ou da operação em regime permanente de
um bueiro com afogamento a montante e nas tomadas de água. Em qualquer aplicação,
supõe-se a fixação prévia do valor do coeficiente de descarga Cd.

7.1.4. Condutos Afogados

São estruturas de condução de água, com geometria circular ou celular, que operam
totalmente afogadas, com cargas hidráulicas a montante e a jusante. Geralmente as obras
hidráulicas compostas por estruturas de condução fechada não são dimensionadas para operar
em condição afogada, sendo essa uma situação limite para teste de operação ou definição de
curvas de descarga de bueiros ou sistemas de extravasamento.

Croquis do Dimensionamento

Figura 7.1.12 – Croquis básicos para dimensionamento de condutos afogados.

Premissas e Condicionantes de Projeto

 Existência de carga hidráulica a montante (NA1) e a jusante (NA2);


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 Para haver escoamento no sentido do fluxo indicado na Figura 7.1.12, deve ocorrer a
relação NA1 > NA2;
 Comprimento L do conduto suficiente para prevalecer a perda de carga ao longo de seu
perímetro molhado;

Equações de Dimensionamento

As equações que definem a vazão escoamento através de um conduto afogado são dadas por:

Q2
H   K
2g  A 2
(7.1.13)

 19,62  n 2  L 
 K  K E  K S  K L  

 R4/3 
(7.1.14)

Nessas equações, Q é a vazão conduzida pelo conduto (m³/s), A é a área da seção do conduto
(m²), KE a perda de carga na entrada (KE  0,50), KS a perda de carga na saída (KS  1,00), KL
representa perdas localizadas (por exemplo, em comportas e válvulas), n é o coeficiente de
rugosidade de Manning do conduto e R o raio hidráulico (m).

Os compêndios clássicos de Hidráulica (LENCASTRE, 1983) apresentam diversas


combinações de perdas de carga localizadas K L. Para o caso de comportas e válvulas, a
variação de KL em função das respectivas aberturas permite estabelecer as curvas de
descarga, aplicando-se as Equações 7.1.13 e 7.1.14.

Variáveis de Dimensionamento

Diversas combinações de cálculo podem ser feitas com a aplicação das equações de
dimensionamento de condutos forçados, sendo mais corrente as seguintes combinações:

 Dimensionar a seção do conduto A para escoar uma vazão de projeto Q, dados os níveis
de montante e jusante NA1 e NA2;
 Determinar a capacidade de escoamento Q de um conduto com área A, conhecidos os
níveis de montante e jusante NA1 e NA2;
 Determinar a sobrelevação do nível a montante NA1, induzida pelo escoamento forçado de
uma vazão Q através de um conduto de área A.

7.1.5. Bacias de Dissipação de Energia

As bacias de dissipação de energia são estruturas destinadas a absorver e dissipar a energia


cinética do escoamento supercrítico, que ocorre nos canais de descarga dos vertedouros e
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descidas de água, permitindo que o fluxo seja restituído a jusante em condições de regime
subcrítico, condizentes com o equilíbrio morfodinâmico dos cursos de água naturais.
Existem vários tipos de bacias de dissipação de energia, sendo as estruturas mais utilizadas
aquelas que se baseiam nos conceitos de ressalto hidráulico e de salto de esqui, cujos critérios
de dimensionamento são apresentados nesse subitem. As referências mais completas para o
dimensionamento das bacias de dissipação podem ser encontradas em Peterka (1984) e
Khatsuria (2005), onde aparecem outros tipos de estruturas, tais como caixas de impacto e
rampas dentadas, muito úteis para implantação no extremo de jusante de tubulações e em
descidas de água com baixas vazões específicas.

Croquis do Dimensionamento

Figura 7.1.13 – Croquis básicos para dimensionamento de bacias de dissipação por salto de esqui.
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Figura 7.1.14 – Croquis básicos para dimensionamento de bacias de dissipação por ressalto hidráulico.

Premissas e Condicionantes de Projeto

Para as bacias baseadas na indução de ressalto hidráulico:

 Definir o tipo de bacia a ser utilizado, em função do número de Froude F 1 na entrada da


bacia de dissipação. Os diversos tipos de bacias por ressalto hidráulico, padronizadas e
testadas em laboratório, são apresentados por Peterka (1984);
 Evitar o emprego de arquitetura hidráulica distinta daquelas já testadas em laboratório;

 Posicionar o fundo da bacia de dissipação de forma a afogar a altura conjugada do ressalto


y2. Condição (y2 < yREST), sendo yREST a profundidade do escoamento no canal de restituição;
 Prever drenagem lateral e de fundo para alívio de pressões hidrostáticas atuando na
estrutura;
 Características hidráulicas do canal de restituição e da calha fluvial do curso de água
(Subitem 7.1.6);
 Evitar alinhamento perpendicular do eixo da bacia de dissipação com o eixo da calha fluvial
do curso de água.

Para as bacias baseadas no salto de esqui:

 Na zona de impacto do jato lançado pelo salto de esqui, deve ser prevista uma fossa de
erosão;
 A fossa de erosão deve ser escavada, preferencialmente, em rocha sã;
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 Se não houver ocorrência de rocha sã na zona de impacto do jato, deve-se prever a


construção de uma bacia revestida em gabião ou uma caixa de concreto;
 As profundidades do escoamento no canal de restituição devem afogar a profundidade da
fossa de erosão.

Equações de Dimensionamento

Equações básicas para as bacias de dissipação por ressalto hidráulico:

y1 1 
   1  F12  1 (7.1.15)
y2 2  

v1
F1 
gy 1
(7.1.16)

L R  6,9   y 2  y 1  (7.1.17)

Reportando-se à Figura 7.1.14, definem-se as variáveis das equações acima: y 1 profundidade


do escoamento na entrada da bacia de dissipação, y2 altura conjugada do ressalto, F1 número
de Froude do escoamento na entrada da bacia de dissipação, v1 velocidade do escoamento na
entrada da bacia de dissipação e LR comprimento do ressalto.

Existem vários tipos de bacias de dissipação por ressalto (PETERKA, 1984), cujos
comprimentos LR podem ser reduzidos em relação ao valor fornecido pela Equação 7.1.17.

Equações básicas para as bacias de dissipação por salto de esqui:

x2
y  x  tan  

K  4 d  h v  cos 2  , K = 0,90

(7.1.18)

v 02
hv 
2g
(7.1.19)

Essas equações definem a trajetória horizontal x e vertical y do jato de água, sendo  o ângulo
de lançamento do salto de esqui, d e v0 respectivamente a profundidade e a velocidade na
seção do lançamento.

A profundidade da fossa de erosão (h e) depende da altura de queda do jato (H) e da vazão


específica por metro linear de largura do canal de descarga (q), valendo os seguintes valores
máximos e mínimos (ELETROBRÁS & CBDB, 2003):
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min h e   0,7  q 0,54  H0,225


(7.1.20)
max  h e   1,9  q 0,54  H0,225
(7.1.21)

Nas Equações 7.1.20 e 7.1.21, o coeficiente multiplicador 0,7 refere-se ao substrato de rocha
basáltica de excelente qualidade, enquanto o valor 1,9 aplica-se para areia solta, podendo
representar o limite superior de escavação em depósitos aluviais. Em alguns casos de obras
hidráulicas em mineração, pode ser conveniente a implantação de bacias de dissipação tipo
salto de esqui em leitos fluviais não rochosos, sendo recomendada a construção de uma caixa
de concreto ou gabião, aplicando-se a Equação 7.1.18 para o cálculo do comprimento e a
utilização do coeficiente multiplicador igual a 1,0 nas Equações 7.1.20 e 7.1.21.

Variáveis de Dimensionamento

Para as bacias com ressalto hidráulico: altura conjugada, comprimento do ressalto, cota do
fundo.

Para as bacias por salto de esqui: ângulo do defletor, alcance do jato, profundidade da fossa de
erosão. O comprimento da fossa de erosão deve ser maior que o alcance do jato x.

7.1.6. Canais de Restituição

Estrutura de canal de tipo especial, com a função básica de conectar o fluxo da bacia de
dissipação ao canal natural do curso de água. Além dessa função básica, tem como finalidade
mais importante promover o afogamento da altura conjugada ou NA equivalente das bacias de
dissipação.

Em uma definição mais ampla, pode-se denominar canal de restituição a qualquer estrutura de
canal que faça a conexão da seção de jusante de uma obra hidráulica com o leito natural do
curso de água.
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Croquis do Dimensionamento

Figura 7.1.15 – Croquis de dimensionamento de canais de restituição.


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Premissas e Condicionantes de Projeto

 Vazão de contribuição do curso de água receptor: pode variar desde a própria vazão de
dimensionamento da estrutura, no caso de canais de restituição de sistemas de
extravasamento de barragens, até análises de sensibilidades de vazões máximas e
mínimas, em casos de estruturas de transposição de bacias;
 Curva-chave do curso de água receptor, na seção de junção com o canal;

 Preferencialmente, o alinhamento do canal do restituição não deve ser perpendicular ao


eixo do curso de água;
 Tipo de revestimento do canal;

 O fluxo deve ocorrer em regime subcrítico, na maioria dos casos.

Equações de Dimensionamento

Não existe uma equação básica de dimensionamento dos canais de restituição, devendo ser
aplicado um modelo de simulação de perfis de escoamento, em regime permanente e
gradualmente variado (por exemplo, o modelo HEC-RAS). O dimensionamento do canal deve
ser feito com base no seguinte procedimento de cálculo:

 Especificar e levantar seções batimétricas ao longo do canal natural do curso de água, no


trecho imediatamente a jusante do ponto de confluência com o canal de restituição,
devendo ser considerado um número mínimo de 3 (três) seções (observar as
recomendações para levantamentos batimétricos constantes do Item 6.1);
 Calcular a curva-chave no extremo de montante do canal natural, junto à confluência com o
canal de restituição, utilizando as seções batimétricas levantadas e aplicando um modelo de
simulação de perfis de escoamento para a condição de escoamento gradualmente variado.
Caso o trecho em análise do canal natural seja uniforme, a condição de contorno a jusante
pode ser a de profundidade normal;
 Definir uma geometria preliminar para o canal de restituição, podendo ser empregada a
equação de continuidade (Q = A.v), com velocidades v < 1,0 m/s;
 Editar a geometria do canal de restituição no modelo HEC-RAS, tendo como condição de
contorno, a jusante, a curva-chave do canal natural;
 Calcular a curva-chave na seção M (Figura 7.1.15);

 Verificar se a curva-chave da seção M afoga a altura conjugada y 2 da bacia de dissipação,


conforme indicado na Figura 7.1.16;
 Caso não ocorra a condição de afogamento, definir nova geometria para o canal de
restituição (valendo também alterar a declividade longitudinal e a profundidade de
escavação) e repetir o cálculo da curva-chave na seção M.
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Figura 7.1.16 – Condição de contorno para o dimensionamento do canal de restituição.

Variáveis de Dimensionamento

Além das variáveis básicas do dimensionamento que são o tipo e a seção do canal, aparecem
graus de liberdade para ajuste na declividade longitudinal, nas profundidades do perfil de
escavação e no tipo de revestimento. Normalmente, os canais de restituição são revestidos
com enrocamento de proteção, gabião ou rip-rap.

7.1.7. Descidas de Água

As descidas de água são estruturas destinadas a conduzir o escoamento em trechos curtos


com altos desníveis (elevadas declividades), sendo muito utilizadas em obras de drenagem
(Item 7.8) e em canais de descarga de sistemas de extravasamento (Item 7.2), podendo ser
construídas em canais lisos revestidos de concreto ou em degraus de concreto ou gabião.

A utilização de degraus sucessivos, formando escadas, constitui o tipo mais comum de


descidas de água, nas quais podem ocorrer dois tipos distintos de fluxo: (i) escoamento em
quedas sucessivas (nappe flow) ou (ii) escoamento deslizante sobre vórtices (skimming
flow).
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Croquis do Dimensionamento

Figura 7.1.17 – Croquis de dimensionamento de descidas de água.

Premissas e Condicionantes de Projeto

 Material construtivo: concreto, gabião ou enrocamento;

 Elevações EL1 e EL2, comprimento do trecho de descida: determinam a declividade de


implantação S0 ou o ângulo da descida ;
 Tipo da descida: canal liso revestido ou degraus;

 Para as descidas em degraus, definição do tipo de escoamento (nappe flow ou skimming


flow), com base na aplicação do gráfico da Figura 7.1.18 (CHANSON, 2002).
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Figura 7.1.18 – Tipos de escoamento nas descidas de água em degraus (CHANSON, 2002).

Equações de Dimensionamento

Para a condição de escoamento em quedas sucessivas (nappe flow), são válidas as equações
de degraus, apresentadas no Subitem 7.1.10 (Equações 7.1.25 a 7.1.29). O pressuposto desse
tipo de escoamento é a ocorrência de ressalto hidráulico em cada degrau, embora essa
condição não seja condicionante, podendo as quedas sucessivas ocorrem com escoamento
supercrítico.

Velocidade teórica máxima do escoamento na base da rampa de descida, para a condição de


escoamento deslizante sobre vórtices (skimming flow):

v max  2g   H1  d  cos   (7.1.22)

q
d (7.1.23)
v max
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Na Equação 7.1.23, a variável d representa a profundidade do escoamento na base da rampa


de descida e q é a vazão específica (m³/s.m). Normalmente, o produto d.cos na Equação
7.1.22 apresenta-se desprezível perante o valor de H1.

O valor da velocidade teórica corresponde à situação que ocorreria para um fluido ideal, sem
perdas por atrito ou resistência ao escoamento. Na prática, a velocidade real v a deve ser
corrigida com base no gráfico da Figura 7.1.19, que se aplica para rampas lisas ou em
degraus. A redução da velocidade ocorre em parte pela aeração da lâmina de escoamento,
fator que contribui também para a dissipação parcial da energia. No referido gráfico, a
grandeza yC é a profundidade crítica do escoamento, dada pela equação:

q2
yC  3 (7.1.24)
g

Tendo-se calculado a velocidade real va, a profundidade da lâmina de escoamento pode ser
determinada pela equação de continuidade Q = A x v.

Figura 7.1.19 – Gráfico para correção da velocidade na base da rampa da descida de água.

Variáveis de Dimensionamento

As variáveis básicas do dimensionamento das descidas de água em degrau são a altura da


queda (h) e o comprimento do degrau (L), grandezas que permitem a identificação do tipo de
fluxo. A altura dos muros laterais deve ser tal que confine o escoamento da lâmina de água
aerada (para escoamento deslizante sobre vórtices) ou a altura conjugada do ressalto na base
dos degraus das quedas sucessivas.
7.1.8. Caixas de Passagem
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Estruturas usadas em obras de drenagem, com a finalidade de promover a transição de


regimes de escoamento, absorvendo as perdas de carga induzidas em mudanças de direção
de fluxo e em bacias de dissipação a jusante de descidas de água.

A estrutura de uma caixa de passagem é constituída pelas seções de deságue das vazões
afluentes, pela caixa propriamente dita e pelas seções de saída, que podem ser frontais (caixa
de passagem operando como dissipador de energia) ou laterais (com mudança de direção do
fluxo).

Croquis do Dimensionamento

Figura 7.1.20 – Croquis de dimensionamento de caixas de passagem.

Premissas e Condicionantes de Projeto


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 Profundidade e limite para a cota de fundo da caixa;

 Restrições de dimensão para as saídas.

Equações de Dimensionamento

As caixas de passagem são dimensionadas considerando o controle hidráulico exercido pelas


seções de saída, que normalmente se configuram na forma de orifícios, valendo a aplicação
das Equações 7.1.11 ou 7.1.12. Eventualmente, se a estrutura de saída operar como conduto
forçado (Figura 7.1.12), devem ser aplicadas as Equações 7.1.13 e 7.1.14. O afogamento
como conduto forçado pode ocorrer em situações de a tubulação de saída ser implantada com
declividade subcrítica.

Variáveis de Dimensionamento

A variável básica de dimensionamento é a profundidade da carga hidráulica (H), mostrada na


Figura 7.1.20. A seção em planta da caixa de passagem deve ser ligeiramente superior à
largura da estrutura de entrada e com tamanho mínimo que permita a visitação, para as
eventuais operações de limpeza. Recomenda-se a inserção de uma borda livre sobreposta à
altura H da carga hidráulica (Figura 7.1.20), para evitar o transbordamento da caixa. Na falta de
um critério específico, pode-se adotar uma borda livre de 0,30 m.

7.1.9. Estruturas de Emboques

Toda estrutura hidráulica de canal (Item 7.1.1) deve ter a montante uma estrutura de emboque,
com a finalidade de absorver a perda de carga na entrada e evitar transbordamentos
localizados. Geralmente, as estruturas de emboque devem ser dimensionadas nas transições
de cursos de água naturais para canais artificiais, não existindo um padrão específico para o
seu desenho. Na verdade, uma estrutura de emboque pode ser constituída por quaisquer
paramentos que confinem o perfil de escoamento a montante das canalizações, tais como
muros de ala ou ensecadeiras, evitando o transbordamento para as áreas adjacentes de
montante.

De certa forma, as caixas de passagem (Subitem 7.1.8) operaram como estruturas de


emboque para os condutos forçados ou condutos que operam como canais.

Nas estruturas de emboque, podem ocorrer as seguintes condições de dimensionamento:

 Condição 1: não existe restrição para a elevação da carga hidráulica induzida a montante e
a altura do paramento de proteção deve confinar toda a carga H (Figura 7.1.21), geralmente
em casos de o canal ser construído em galeria fechada com possibilidade de operar
controle hidráulico de orifício no emboque;
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 Condição 2: existe limitação da cota de transbordamento a montante e a estrutura de


emboque deve ser ajustada com uma geometria que promova o abatimento da carga
hidráulica, por meio do aumento da largura da seção de controle (Figura 7.1.22).

Croquis do Dimensionamento

Figura 7.1.21 – Croquis de dimensionamento de estruturas de emboque sem restrição para a carga
hidráulica a montante.

Figura 7.1.22 – Croquis de dimensionamento de estruturas de emboque com limite para a carga
hidráulica a montante.
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Premissas e Condicionantes de Projeto

 Geometria e declividade do canal em sequência do emboque.

 Tipo de escoamento no canal em sequência do emboque (regime subcrítico ou


supercrítico).
 Cotas ou levantamento topográfico das áreas adjacentes que podem ser inundadas pela
indução de carga.
 Máxima carga hidráulica admissível a montante.

Equações de Dimensionamento

Qualquer equação de descarga que relacione Q x H presta-se para o dimensionamento das


estruturas de emboque, quando se considera a Condição 1 mostrada na Figura 7.1.21. Se o
emboque operar sem afogamento para a vazão de projeto, o dimensionamento poderá ser feito
com as equações que definem o escoamento em bueiros (Item 7.6).

Se o emboque funcionar afogado, poderão ser aplicadas as Equações 7.1.11 ou 7.1.12,


definidoras dos orifícios.

Para a Condição 2 mostrada na Figura 7.1.22, deve ser desenhada uma estrutura de
alargamento, semelhante a um vertedouro com soleira em arco. O conceito dessa estrutura
consiste em acelerar progressivamente o escoamento, para evitar a perda de carga localizada
na transição para o trecho canalizado. Nota-se que ocorre fluxo lateral ao longo da soleira da
estrutura de emboque.

Caso os escoamentos a montante e a jusante da estrutura de emboque ocorram em regime


subcrítico, não existe uma equação de descarga específica e a avaliação do perfil de
escoamento poderá ser feita pela edição do trecho de interesse no modelo HEC-RAS.

Variáveis de Dimensionamento

A variável básica do dimensionamento é a carga hidráulica H induzida a montante. A


arquitetura hidráulica da seção de emboque deve ser adequada a conter a carga H.

7.1.10. Estruturas de Desemboques em Desníveis Localizados

Nos canais com escoamento em regime subcrítico, pode ser necessário implantar mudanças
bruscas no perfil longitudinal, para vencer desníveis localizados ou promover transições em
desemboques para leitos naturais. Dentre as estruturas convencionais para promover o
acomodamento dos desníveis, sem causar erosões, podem ser usados os degraus verticais e
as calhas inclinadas com blocos dissipadores (CETESB, 1980).
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Os degraus verticais baseiam-se no conceito de ressalto hidráulico e as calhas inclinadas


apresentam um desenho empírico, decorrente de experimentos em modelos reduzidos
(PETERKA, 1984).

Croquis do Dimensionamento

Figura 7.1.23 – Croquis de dimensionamento de degraus verticais.

Figura 7.1.24 – Croquis de dimensionamento de calhas inclinadas com blocos dissipadores.


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Premissas e Condicionantes de Projeto

Premissas e condicionantes para degraus verticais:

 Preferencialmente, o escoamento deve ser subcrítico a montante;

 A curva-chave de jusante (profundidades a jusante da profundidade y2) não deve apresentar


profundidades inferiores a y2;
 O comprimento total de desenvolvimento do ressalto hidráulico deve ser revestido;

 A curva-chave de jusante não deve afogar a soleira do degrau.

Premissas e condicionantes para as calhas inclinadas:

 O escoamento no canal de aproximação deve ser subcrítico;

 A vazão unitária no canal de aproximação deve observar a relação q < 5,58 m³/s.m;

 As condições ideais de operação ocorrem para vazões unitárias no intervalo q  (2,0 – 3,0)
m³/s.m;
 A velocidade no canal de aproximação deve observar a relação v  3 g  q  1,52 .

Equações de Dimensionamento

Todas as dimensões dos degraus verticais, indicadas na Figura 7.1.23, são definidas em
função parâmetro adimensional D (número de queda):

q2
D
g  h3
(7.1.25)

L1
 4,30  D 0,27
h
(7.1.26)

y1
 0,54  D 0,425
h
(7.1.27)

y2
 1,66  D 0,27
h
(7.1.28)

L 2  6,9   y 2  y 1  (7.1.29)
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Para as calhas inclinadas, todas as dimensões são fixadas em função da grandeza a = 0,8 x
yC, sendo yC a profundidade crítica do canal de aproximação. Não existe limite para o
comprimento total da calha, devendo ser prevista uma extensão adicional para que o extremo
de jusante permaneça abaixo das cotas de fundo do canal de restituição.

Variáveis de Dimensionamento

Para os degraus verticais, as grandezas de dimensionamento são a altura de queda (h) e o


comprimento total do revestimento a jusante (L 1 + L2). Deve-se prever também uma borda livre
para acomodar a altura conjugada y2.

Para as calhas inclinadas, as grandezas de dimensionamento estão mostradas na Figura


7.1.24, representadas pelas alturas e espaçamento dos blocos dissipadores e altura do muro
de proteção, todas definidas em função da grandeza a = 0,8 x yC.

7.1.11. Transições

As transições são entendidas como quaisquer alterações no traçado em planta dos canais,
com mudanças de seções em estreitamentos e alargamentos, ou no traçado do perfil
longitudinal, nas chamadas concordâncias verticais. Conforme definição do FHWA (2006), as
transições são consideradas como quaisquer mudanças na seção transversal dos canais,
projetada para implantação em curtas distâncias e de forma tal a causar o mínimo de
perturbação no perfil de escoamento.

A formulação do projeto das transições depende do regime de escoamento a montante da


transição, remetendo para soluções mais simples na condição de escoamento subcrítico. No
caso do escoamento em regime supercrítico, o principal problema a ser resolvido refere-se à
formação de ondas transversas a jusante da transição, que podem resultar em
transbordamento do canal.

As concordâncias verticais devem ser intercaladas no perfil longitudinal de um canal sempre


que houver necessidade de alterar a declividade do fundo. Esse tipo de transição vertical será
abordado no Item 7.2.

Croquis do Dimensionamento
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Figura 7.1.25 – Croquis de dimensionamento de estreitamento de canais.

Figura 7.1.26 – Croquis de dimensionamento de alargamento de canais.

Premissas e Condicionantes de Projeto

 Determinação do Número de Froude na entrada da transição para definição do regime de


escoamento;
 Nas transições em regime subcrítico, deve-se observar a relação y 3  1,10  y C para
descartar a possibilidade de formação de ressalto hidráulico (y C é a profundidade crítica),
bem como a recomendação de se ter o ângulo de deflexão  < 12,5o (FHWA, 2006);
 Nas transições em regime supercrítico, o dimensionamento deve ser feito de forma a evitar
a formação de ondas de choque transversas e ondas estacionárias;
 Independentemente do regime de escoamento, o ângulo de deflexão  deve observar a
1
relação tan   , sendo F o Número de Froude na entrada da transição (WSDE, 1993).
3F

Equações de Dimensionamento
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Conforme formulação apresentada por Chow (1959), o dimensionamento das contrações em


regime supercrítico demanda cálculos iterativos e demorados. Para contornar esse problema,
Sturm (1985) apresentou uma solução gráfica mais simplificada, posteriormente publicada no
livro do mesmo autor (STURM, 2001). Os gráficos da Figura 7.1.27 mostram a solução
simplificada que depende, essencialmente, do coeficiente de contração r  b 3 / b1 e do Número
de Froude F1. Conhecidas essas variáveis, os gráficos fornecem os valores do ângulo de
contração  e da relação y3/y1 para o cálculo da profundidade conjugada y3.

Entre as curvas A e B, destacadas na metade inferior da Figura 7.1.27, pode ou não ocorrer
ondas de choque, mas à direita da curva B certamente ocorrerão ondas de choque. Como
critério de dimensionamento, recomenda-se definir um ponto à esquerda da curva A para a
fixação do ângulo .

Figura 7.1.27 – Dimensionamento simplificado de contrações em regime supercrítico (STURM, 1985 e


2001).

O dimensionamento de expansões em condição de regime supercrítico pode ser feito em


conformidade com o esquema da Figura 7.1.28. A partir do início da expansão, são justapostas
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uma curva divergente de comprimento total LP e uma curva reversa a partir do ponto de
inflexão P.

b2
Coeficiente de expansão: re  (7.1.30)
b1

1 1  x  
3/2
z
Equação da curva divergente:        1 (7.1.31)
b1 2  4  b1  F1  
 
LP
Equação para cálculo de LP:  0,7  re (7.1.32)
b 1  F1

LT
Equação para cálculo de LT:  1  3,25   re  1
b1  F1
(7.1.33)

z  zP  x  LP 
Equação da curva reversa:  sin 90 o   (7.1.34)
b 2 / 2  zP  L T  L P 
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Figura 7.1.28 – Dimensionamento de expansões em regime supercrítico.


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Variáveis de Dimensionamento

A variável básica do dimensionamento das contrações é o ângulo de deflexão  que condiciona


o comprimento L. Essas grandezas também são as variáveis do dimensionamento das
expansões em regime subcrítico.

Para as expansões em regime supercrítico, as variáveis do dimensionamento são o raio de


expansão re, a posição do ponto P de inflexão LP e o comprimento total da transição LT.

7.1.12. Desarenadores

São estruturas destinadas a promover a sedimentação das partículas sólidas, de granulometria


mais grossa, transportadas no escoamento dos cursos de água naturais e que podem afetar a
operação das obras hidráulicas de tomadas de água (Item 7.9), por meio de assoreamento. Os
desarenadores devem passar por limpezas periódicas, normalmente feitas por comportas de
fundo.

Croquis do Dimensionamento

Figura 7.1.29 – Croquis de dimensionamento de desarenadores.


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Premissas e Condicionantes de Projeto

Os desarenadores clássicos das tomadas de água têm as premissas e condicionantes


reguladas pela Norma Brasileira da ABNT NBR 12.213 (1992), constando dos seguintes itens:

 O desarenador deve ser eficiente para remover todas as partículas sólidas com velocidade
de sedimentação vS > 2,1 cm/s, basicamente representadas pela fração acima das areias
médias;
 O comprimento do desarenador, calculado teoricamente, deve ser aumentado em 1,50
vezes, por razões de aumento de eficiência;
 Recomenda-se a adoção de uma borda livre de 0,40 m sobre a profundidade mínima do
desarenador;
 A velocidade horizontal vH no interior do desarenador deve ser vH < 0,30 m/s;

 A vazão de projeto Q deve ser aquela de dimensionamento da tomada de água, operando


em regime permanente.

Equações de Dimensionamento

Determinação da área do desarenador AD (planta):


Q
AD  (7.1.35)
vS

Comprimento teórico do desarenador LCALC:


Q
L CALC  (7.1.36)
B  vS

Comprimento real a ser adotado no dimensionamento LPROJ:

L PROJ  1,5  L CALC


(7.1.37)

Profundidade mínima do desarenador min (H):


Q
min H 
B  vH
(7.1.38)

Variáveis de Dimensionamento

O dimensionamento de uma estrutura desarenadora é precedido pela fixação dos


condicionantes: velocidade de sedimentação vS e velocidade horizontal vH. Em função da vazão
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de projeto, define-se a área do desarenador (A D), o comprimento da estrutura (L PROJ) e a


profundidade mínima min (H).

7.1.13. Canais em Curva

Preferencialmente, deve-se evitar o projeto de canais com curvas horizontais, pois o desvio de
fluxo pode resultar em ondas transversais, propagando-se para jusante, e na sobrelevação do
nível de água, aumentando o perfil transversal no lado externo da curva. Quando as condições
de contorno impuserem a necessidade de implantar curvas nos canais, devem ser adotados
critérios que minimizem os problemas das ondas e sobrelevações.

Em geral, nas condições de escoamento em regime subcrítico os problemas das curvas são
facilmente contornados, com adoções de critérios simplificados de fixação de raios de
curvatura ou de proteções para as sobrelevações resultantes. Os problemas tornam-se mais
complexos para o escoamento supercrítico, em função da geração de ondas transversais.

Croquis do Dimensionamento

Figura 7.1.30 – Croquis de dimensionamento de curvas em canais.


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Premissas e Condicionantes de Projeto

Para escoamento em regime subcrítico, a curva pode ser simples, com um único raio R,
observando a condicionante básica R>3T, sendo T a largura de topo do canal (CETESB, 1980).

Para escoamento em regime supercrítico, a curva deve ser composta, com transições a
montante e a jusante da curva principal de raio R. As transições podem ser circulares ou
espirais, observando a condicionante básica (HAESTAD METHODS, 2003):

4  v2  T
R (7.1.39)
gy

Na equação acima, v é a velocidade média (m/s) do escoamento a montante da curva, y


a profundidade normal (m) e T a largura de topo (m).

Ainda para o escoamento em regime supercrítico, deve-se observar a condição de máxima


sobrelevação admissível max(z) = 0,09T.

Equações de Dimensionamento

Equação da sobrelevação do nível de água no lado externo da curva:

v2  T
z 
2g  R
(7.1.40)

Para as curvas em escoamento subcrítico, basicamente deve-se observar o raio mínimo


(Equação 7.1.39) e o cálculo da sobrelevação.

Referindo-se à Figura 7.1.30, são aplicadas as seguintes equações para o escoamento em


regime supercrítico, no caso de transições circulares:

RT  2  RC (7.1.41)

 B / tan  
  arctan   (7.1.42)
 R T  0,5  B 

 1
  arcsen   
F
(7.1.43)

Nas equações acima, B é a largura de topo do canal, R T o raio das transições, RC o raio da
curva central,  o ângulo central das transições,  o ângulo da onda na curva central e F o
Número de Froude do escoamento.
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Para o dimensionamento das transições em curvas espirais, existem vários critérios para a
fixação dos comprimentos e ângulos internos das curvas, que podem ser obtidos dos ábacos e
formulários do manual Hydraulic Design Criteria (USACE, 1977b).

Variáveis de Dimensionamento

As variáveis básicas do dimensionamento das curvas são os raios centrais (R C) e raios das
transições (RT), bem como a sobrelevação do nível de água (z). Para proceder ao
dimensionamento, deve-se primeiramente determinar o regime de escoamento, em função do
Número de Froude.

Nas curvas em regime subcrítico, não são esperadas as formações de ondas transversais,
desde que seja observada a relação de raio mínimo R>3T. Nas curvas em regime supercrítico,
o problema da formação das ondas transversais pode ser minimizado pela intercalação das
transições.

O problema da sobrelevação do nível de água no lado externo das curvas pode ser
solucionado com o alteamento unilateral da parede do canal ou com o rebaixamento do fundo
no lado interno. O rebaixamento não deve ser construído de forma brusca, sendo recomendada
uma transição antes e depois da curva, com o seguinte comprimento:

15  v 2  B
L (7.1.44)
gR

Nessa equação, tem-se o comprimento L, a largura do canal B = T e as demais variáveis


definidas como na Equação 7.1.39.

7.1.14. Sifões

Os sifões são constituídos por tubulações que têm a finalidade de conduzir o escoamento de
uma certa elevação para outra localizada em cota mais baixa, passando por uma elevação
intermediária mais alta. Podem ser utilizados para transpor o fluxo sobre o maciço de uma
barragem ou de uma ensecadeira de desvio de rio.

Croquis do Dimensionamento

A Figura 7.1.29 mostra o croqui de dimensionamento de um sifão, que deve estar previamente
cheio de água, para funcionar. O trecho AB, de comprimento LAB, chama-se ramo ascendente,
e o trecho BC, ramo descendente e tem comprimento L BC. O comprimento total do sifão será
LAC = LAB + LBC.
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Conforme destacado por Silvestre (1979), o início de funcionamento do sifão ocorre a partir da
escorva do vértice (ponto B), que pode ser executada aspirando a água pela extremidade A,
por meio de indução de uma pressão negativa no vértice B.

Figura 7.1.31 – Croquis de dimensionamento de sifões.

Premissas e Condicionantes de Projeto

O dimensionamento de um sifão deve observar a seguinte condicionante básica: a pressão no


ponto B (Figura 7.1.31) deve ser inferior à pressão de vapor, para evitar a formação de ar e
consequentemente a interrupção do fluxo.

Condicionante construtiva: altura da barragem a ser transposta.

Equações de Dimensionamento

As equações de dimensionamento dos sifões podem ser estabelecidas a partir da aplicação do


Teorema de Bernoulli (SILVESTRE, 1979), servindo para:

 Cálculo da capacidade de descarga, Q = A.v C, sendo A a área da seção do conduto do sifão


e vC a velocidade pelo conduto dada pela equação abaixo.

2g  z A
vC 
 19,62  n 2  L AC  (7.1.45)
1   K L  
 R 4/3 
 
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Nessa equação, KL é o somatório das perdas de carga localizadas ao longo de todo o
comprimento do sifão (perdas na entrada, na saída e nas curvas), n é o coeficiente de
rugosidade de Manning da tubulação e R o raio hidráulico.

 Para assegurar o funcionamento do sifão, a pressão no vértice B deve ser inferior à pressão
atmosférica local, basicamente dependendo da dimensão zB (Figura 7.1.31), que deve
satisfazer a relação abaixo.

v B2  19,62  n 2  L AB 
zB   1  KL    10,33 (7.1.46)
2g  R4/3 

Nessa equação, KL é o somatório das perdas de carga localizadas no ramo ascendente
AB (perdas na entrada e nas curvas).

Variáveis de Dimensionamento

Normalmente, dimensiona-se um sifão com diâmetro D para escoar uma determinada vazão Q,
tendo um desnível máximo zB até o ponto mais alto e um comprimento total LABC. Na maioria
dos casos, o desnível zB e o comprimento LABC figuram como condicionantes de projeto, ficando
como variável de dimensionamento o diâmetro D, que é determinado por tentativas até se obter
a convergência para a vazão de projeto Q. Mesmo nesse processo de tentativas, as
possibilidades de seleção de tubulações ficam restritas aos diâmetros comerciais, disponíveis
para o tipo de material selecionado.

Na prática, Lencastre (1979) ressalta que o desnível z B não deve ultrapassar 6 metros, para
evitar a pressão negativa no vértice B.

7.2. SISTEMA DE EXTRAVASAMENTO A SUPERFÍCIE LIVRE

O sistema de extravasamento a superfície livre representa a obra hidráulica componente do


projeto das barragens em geral, tendo a finalidade de verter as vazões de cheias afluentes ao
reservatório e evitar que o NA ultrapasse a cota de coroamento do maciço. A denominação a
superfície livre refere-se à condição operativa das estruturas como canal, com a seção de
controle hidráulico do sistema concentrada na soleira do vertedouro.

7.2.1. Arranjos Típicos

A Figura 7.2.1 mostra o arranjo típico de um sistema de extravasamento a superfície livre,


selecionado para exemplificar uma obra composta de várias estruturas hidráulicas, que deve
ser dimensionada pela conexão dos diversos componentes. O arranjo mostrado nessa figura
representa a configuração mais genérica usualmente empregada, composta pela conexão das
seguintes estruturas:

 Canal de aproximação;
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 Soleira vertente;

 Canal de descarga;

 Bacia de dissipação de energia;

 Canal de restituição.

Em barragens de concreto, normalmente a soleira vertente apresenta-se incorporada ao


maciço, não existindo a estrutura do canal de aproximação.

Em projetos com canais de descarga muito longos, pode-se obter uma economia por redução
da seção de escoamento, interpondo uma transição entre a soleira vertente e o trecho de
montante do canal. Como essa transição ocorre em regime de escoamento supercrítico, devem
ser observados os critérios de dimensionamento apresentados no Subitem 7.1.11.

Eventualmente, o estreitamento do canal de descarga pode resultar em vazões específicas


(m³/s.m) muito elevadas, dificultando o dimensionamento da bacia de dissipação. Uma forma
de resolver o problema consiste em alargar o canal de descarga na entrada da bacia de
dissipação, interpondo uma transição de alargamento (Subitem 7.1.11).

Existem variações de arranjo em relação à configuração típica mostrada na Figura 7.2.1, tais
como o vertedouro lateral e vertedouros tipo labirinto e com soleira em arco. Para esses
arranjos, as adequações requeridas em relação aos critérios apresentados nesse subitem
retingem-se, normalmente, ao controle hidráulico exercido pela soleira vertente. Os detalhes
dessas adequações podem ser consultados na bibliografia de Senturk (1994) ou de Vischer &
Hager (1998).
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Figura 7.2.1 – Arranjo típico de sistema de extravasamento a superfície livre.

7.2.2. Passos de Cálculo para Dimensionamento

Passo 1 – Definição do arranjo geral do sistema (arquitetura hidráulica)

Inicialmente, ainda sem a definição das dimensões decorrentes do dimensionamento


hidráulico, o projetista deve incorporar todas as restrições construtivas impostas pelas
disciplinas de geotecnia, topografia e de disponibilidade de materiais de construção. No caso
de barragens de rejeitos, deve-se avaliar a adequação do arranjo à sequência de alteamentos.
Preferencialmente, devem ser buscadas soluções com estruturas convencionais, evitando o
acoplamento de estruturas sem contorno hidráulico bem definido.

Nesse passo inicial, definem-se uma geometria e o tipo construtivo da soleira vertente (Figura
7.1.3), com a respectiva equação de descarga, condição essencial para a execução do Passo
2.

Passo 2 – Dimensionamento hidrológico

Consiste em proceder à operação simulada do trânsito do hidrograma da cheia de projeto pelo


reservatório, definindo-se uma largura inicial para a soleira vertente. Adota-se um valor
constante para o coeficiente de descarga, função do tipo de vertedouro.

Os critérios de dimensionamento hidrológico estão apresentados no Item 5.7. Deve-se ressaltar


que o passo de dimensionamento hidrológico evolui-se de forma iterativa, podendo ser
necessária a revisão da duração crítica da chuva de projeto, em função da inércia volumétrica
do reservatório (Subitem 5.6.10).

Como resultados do dimensionamento hidrológico, são obtidas as grandezas básicas do


projeto: (i) largura L da soleira vertente, (ii) vazão de projeto, correspondente à máxima vazão
defluente na operação simulada de trânsito de cheia e (iii) máxima sobrelevação do NA do
reservatório, fornecendo o primeiro indicador da elevação do NA máximo maximorum.

Passo 3 – Dimensionamento hidráulico

O dimensionamento deve feito de montante para jusante, iniciando pelo canal de


aproximação. Os croquis de dimensionamento estão mostrados na Figura 7.2.2, devendo ser
observados os seguintes critérios e condicionantes de projeto, ressaltados por Khatsuria
(2005):

 O escoamento no canal deve ser subcrítico, com velocidades bastante baixas, para reduzir
as perdas de carga;
 As velocidades médias máximas não devem exceder a 3,0 m/s;

 A declividade longitudinal do canal deve ser nula;


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 A profundidade P entre o fundo do canal e a elevação da soleira vertente deve ser a maior
possível, preferencialmente maior que 1/5 da carga de projeto Hd;
 Para evitar fluxo assimétrico na entrada da soleira vertente, o canal de aproximação deve
apresentar um comprimento retilíneo mínimo da ordem de 1,0 a 1,5 vezes a largura da
seção;
 Mesmo tendo baixas velocidades de escoamento, recomenda-se a proteção do canal com
enrocamento.

Figura 7.2.2 – Croquis de dimensionamento do canal de aproximação.

Normalmente, as seções dos canais de aproximação são de geometria trapezoidal, com


largura de base pelo menos igual à largura da soleira vertente. Uma vez fixadas as dimensões
iniciais do canal, procede-se ao cálculo do perfil de escoamento, empregando o modelo HEC-
RAS. A seção de jusante (Seção 1 indicada na Figura 7.2.2) deve ser posicionada a uma
distância em torno de 10 metros da soleira vertente, para incorporar a condição de contorno de
jusante imposta pela estrutura, que é dada pela carga hidráulica H obtida na Equação 7.1.9. A
seção do extremo de montante deve estar posicionada dentro do reservatório, afastada o
suficiente do canal de aproximação para incorporar o efeito de águas profundas, onde as
velocidades de escoamento tendem para zero. O perfil de escoamento deve ser simulado para
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a vazão de projeto definida no Passo 2, fornecendo como resultado prático a perda de carga
total ao longo do canal de aproximação e a cota corrigida do NA máximo maximorum.

Em seguida passa-se ao dimensionamento detalhado da soleira vertente, conforme os


critérios apresentados no Subitem 7.1.2, obtendo-se os elementos básicos do
dimensionamento, mostrados na Figura 7.1.5, para o caso de perfil tipo Creager. O elemento
básico da arquitetura geométrica da ogiva é a carga hidráulica de projeto H d, que pode ser
calculada como Hd = 0,75xHmax, função da máxima sobrelevação do NA do reservatório,
determinada no Passo 2. Após o dimensionamento da geometria da soleira vertente, calcula-se
a curva de descarga final e corrigida do vertedouro, da seguinte forma:

 Estabelecer um passo de discretização para a carga hidráulica H, por exemplo, a cada 0,20
m, gerando valores de H = 0,00; 0,20; 0,40; 0,60; 0,80; 1,00; 1,20; .....; Hmax;
 Para a carga de projeto Hd = H0 calcular o valor de referência C0 para o coeficiente de
descarga, em função da relação P/H0, empregando o ábaco da Figura 7.1.6;
 Para cada carga hidráulica H simular o perfil de escoamento pelo canal de aproximação e
obter a carga hidráulica efetiva He acrescida pela perda de carga;
 Para cada carga hidráulica He calcular a largura efetiva da soleira vertente L e, aplicando a
Equação 7.1.10;
 Para cada carga hidráulica He determinar o coeficiente de descarga corrigido C em função
da relação He/Hd (Figura 7.1.8);
 Aplicar a Equação 7.1.9 e obter a relação QxHe (vazão vertida versus sobrelevação do NA
do reservatório) que é a curva de descarga da soleira vertente.

Para soleiras vertentes de outros tipos, o dimensionamento pode ser feito para apenas um
valor médio de coeficiente de descarga, devendo-se observar os limites de funcionamento
entre uma soleira espessa e uma soleira delgada. Segundo Azevedo Netto et al. (1998), para
valer o coeficiente de soleira espessa, a espessura da soleira (e) deve satisfazer à relação e >
0,66xH, sendo H a carga hidráulica induzida a montante.

A concordância da geometria do perfil Creager da soleira vertente com a rampa do canal de


descarga é feita por meio de uma curva circular, com raio R = 2 x Hd, conforme esquematizado
na Figura 7.2.3.
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Figura 7.2.3 – Concordância vertical entre o perfil tipo Creager e a rampa do canal de descarga.
O canal de descarga apresenta, em geral, declividades elevadas, havendo assim rápida
convergência para o escoamento em regime uniforme. O dimensionamento pode ser feito
segundo os conceitos apresentados no Subitem 7.1.1, definindo-se a profundidade y do
escoamento e a respectiva borda livre. Para declividades progressivamente maiores que 10%,
a lâmina de água inicia um processo de aeração, que reduz a velocidade de escoamento,
aumentando assim as profundidades. Nesses casos, deve-se fazer a correção do valor da
velocidade, conforme os critérios apresentados no Subitem 7.1.7 (Figura 7.1.19). Para se
adaptar ao perfil do terreno ou da escavação do topo rochoso, eventualmente o canal de
descarga deve apresentar curvas em concordância vertical, que podem ser côncavas ou
convexas (Figura 7.2.4). Ainda quanto aos aspectos construtivos, os canais de descarga
podem ter o fundo em superfície lisa ou em degraus.

Figura 7.2.4 – Concordâncias verticais no canal de descarga.


As concordâncias côncavas podem ser feitas por curvas circulares simples, com raio mínimo
igual a 10 vezes a profundidade do escoamento (R mim = 10*y1). As concordâncias convexas
devem ser feitas por curvas parabólicas, empregando as equações:
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x2
y  x tan  0 

K 4 y 1  h v  cos 2  0  (7.2.1)

 tan 1  tan  0 
y  x tan  0   x2 (7.2.2)
2L T

Nessas equações, 0 e 1 são os ângulos das declividades dos trechos de montante e


de jusante, respectivamente, hv a carga cinética no início da curvatura, y1 a
profundidade no início da curvatura e K P 1,5. A aplicação de uma ou outra equação
dependerá da condição de se fixar previamente o comprimento da transição LT.

As curvas no canal de descarga devem ser evitadas, pois o escoamento ocorre em regime
supercrítico. Em caso extremo de necessidade de implantação de uma curva, devem ser
observados os critérios de dimensionamento apresentados no Subitem 7.1.13.

Ao final do canal de descarga, deve ser implantada uma bacia de dissipação de energia,
devendo ser aplicados os critérios apresentados no Subitem 7.1.5, tendo como variável de
dimensionamento a profundidade y1 na entrada da estrutura e o respectivo número de Froude
F1.

Como componente estrutural final do sistema de extravasamento, deve ser implantado um


canal de restituição entre a bacia de dissipação e o canal natural do curso de água, conforme
critérios apresentados no Subitem 7.1.6.

Nas barragens de rejeito alteadas pela linha de centro ou por jusante, é comum a implantação
de sistemas de extravasamento a superfície livre com deflexões no canal de descarga, que se
ajustam ao alinhamento final do canal de descarga do extravasor de desativação, conforme
mostrado na Figura 7.2.5. Em cada deflexão entre os canais de descarga das etapas
intermediárias de alteamento e o canal de descarga de desativação, deve-se projetar uma
soleira, para absorver as incertezas das complexas condições de contorno que se apresentam,
com todos os fluxos escoando em regime supercrítico.
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Figura 7.2.5 – Canal de descarga com deflexões em barragens de rejeitos.


7.3. SISTEMA DE EXTRAVASAMENTO POÇO-GALERIA

Os sistemas de extravasamento tipo poço-galeria representam uma variação do sistema tipo


tulipa, sendo muito utilizados em barragens de rejeitos, em razão da flexibilidade operativa
agregada às etapas de alteamento. A Figura 7.3.1 mostra um típico arranjo do sistema, no qual
se destacam os principais componentes: seção de emboque, poço de queda e galeria.

O arranjo proporcionado por esse tipo de estrutura apresenta-se pouco convencional para os
padrões das obras hidráulicas, por não existirem avaliações do funcionamento por meio de
testes em modelos reduzidos e critérios específicos para o acoplamento dos componentes.

A adequação desse tipo de estrutura ao alteamento das barragens de rejeitos decorre da


possibilidade de implantar a torre por módulos alteáveis, acompanhando o avanço da crista do
maciço. Como critérios e condicionantes de maior relevância, podem-se mencionar:

 A flexibilidade operativa aumenta caso possa ser instalado um sistema de comportas


ensecadeiras (comportas tipo stop-log) em uma das faces da torre;
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 Preferencialmente, a galeria deve ser implantada com declividade supercrítica e com


capacidade de descarga superior ao controle da torre, para evitar o funcionamento afogado;
 A implantação da galeria deve ser precedida de um criterioso estudo geotécnico, para
avaliar os riscos inerentes à descontinuidade na compactação do aterro do maciço da
barragem.

Figura 7.3.1 – Arranjo típico do sistema de extravasamento tipo poço-galeria.


O dimensionamento hidráulico do sistema poço-galeria é feito com base no cálculo da curva de
descarga, que pode ter os seguintes controles hidráulicos:

 Controle hidráulico no topo da torre: exercido pelo vertedouro tipo soleira delgada, que
opera pelo galgamento do topo da comporta ensecadeira, com a carga hidráulica induzida
H1 (ver Figura 7.3.1 para a referência das variáveis). Aplica-se a Equação 7.1.9, com o
coeficiente de descarga C = 1,81 m0,5/s. Como em geral a largura da soleira vertente é
bastante estreita, deve-se aplicar a largura efetiva decorrente da contração dos filetes
fluidos, empregando a Equação 7.1.10.
 Controle hidráulico no interior da torre: exercido pelo orifício de conexão com a galeria,
em função da carga hidráulica induzida H 0 ou H2. Aplica-se a Equação 7.1.11, com
coeficiente de descarga Cd = 0,61. Na realidade, o controle de orifício passa a governar a
curva de descarga se ocorrer de a torre ficar totalmente afogada, na situação de a carga H 0
alcançar o topo da soleira da comporta ensecadeira e assim atuar a carga H2. Após o
afogamento da torre, o sistema opera com controle de orifício, enquanto a galeria escoar a
superfície livre.
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 Controle hidráulico por afogamento total das estruturas: ocorre no caso de afogamento
da galeria, passando a descarga a ser controlada pelo desnível H, com aplicação das
Equações 7.1.13 e 7.1.14.

A curva de descarga pode ser calculada por passos discretos da elevação do NA do


reservatório, sendo o intervalo de 0,10 m mais apropriado às condições de modelação dos
múltiplos controles. Em cada passo de cálculo, são calculadas as cargas H1, H2 e H e
aplicadas as respectivas equações de descarga (Equações 7.1.9, 7.1.10, 7.1.13 e 7.1.14),
sendo adotada a vazão de menor valor como aquela correspondente ao NA do reservatório. No
início dos cálculos, para valores mais baixos de NA do reservatório, pode-se calcular a carga
hidráulica H0 induzida no interior da torre, como forma de verificar a condição de afogamento,
sabendo-se que o controle de orifício atuará somente após o enchimento da torre até o topo da
soleira da comporta.

7.4. COMPORTAS E VÁLVULAS

As comportas e válvulas são dispositivos eletromecânicos implantados em canais, soleiras de


vertedouros ou em tubulações com a finalidade de permitir um controle assistido das vazões
escoadas. As vazões são determinadas em função da abertura do dispositivo e da carga
hidráulica induzida a montante, compondo a chamada curva de descarga da válvula ou
comporta.

Dentre os diversos tipos de comportas e válvulas disponíveis (ERBISTE, 1987), a utilização


mais comum nas obras hidráulicas em mineração é de comportas tipo gaveta (em canais e
soleiras vertentes), Figura 7.4.1, e de válvulas tipo gaveta ou tipo dispersora (em
extremidades de tubulações), Figura 7.4.2.
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Figura 7.4.1 – Esquema de dimensionamento de comporta tipo gaveta.

Figura 7.4.2 – Esquema de dimensionamento de válvula tipo gaveta ou tipo dispersora.


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Para o dimensionamento de comportas, considera-se que o controle das descargas seja feito
por equações de orifício (Equações 7.1.11 e 7.1.12), na hipótese de o escoamento a jusante do
dispositivo ocorrer a superfície livre. A curva de descarga é calculada em função da abertura
(a) da comporta, que pode ser aumentada, progressivamente, até alcançar a condição de
escoamento livre, quando ocorre o descolamento da lâmina de água do bordo inferior da
comporta. Remetendo-se à Figura 7.4.1, os seguintes passos de cálculo podem ser adotados
na determinação da curva de descarga:

 Definir um intervalo de discretização para a variação do NA, que condiciona o valor da


carga hidráulica H, entre o NA mínimo e o NA máximo de operação, sendo recomendados
intervalos variando a cada 0,10 m;
 Para cada valor discreto de NA, calcular a carga hidráulica H e variar a abertura (a) da
comporta, em intervalos progressivos a cada 10% da abertura total;
 Para cada combinação de NA com as 10 possíveis aberturas da comporta, calcular a vazão
controlada pelo orifício, até o limite da abertura total.

A Figura 7.4.3 mostra uma típica curva de descarga de comporta, para diversas aberturas,
limitada à direita pela curva contínua que representa a curva de abertura total do dispositivo.

Figura 7.4.3 – Típica curva de descarga de comporta tipo gaveta em soleira de vertedouro.

Para o dimensionamento das válvulas, a determinação da curva de descarga é feita com


aplicação das equações de tubulação forçada (Subitem 7.1.4), inserindo na Equação 7.1.14 um
coeficiente de perda de carga proporcional à abertura do dispositivo. A Tabela 7.4.1 reproduz
os valores característicos dos coeficientes de perdas de carga, conforme apresentados por
Lencastre (1983). Remetendo-se à Figura 7.4.2, a curva de descarga de uma válvula pode ser
calculada aplicando-se uma sequência de passos semelhante ao caso das comportas,
observando-se os intervalos de aberturas dados na Tabela 7.4.1.
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Tabela 7.4.1 – Coeficientes de perdas de carga em válvulas (LENCASTRE, 1983).

a/D 0,181 0,194 0,208 0,250 0,333 0,375 0,417 0,458 0,500 0,583 0,667 1,000

K 41,21 35,36 31,35 22,68 11,89 8,63 6,33 4,57 3,27 1,55 0,77 -

Coeficientes de perda de carga para válvula gaveta circular.

a/h 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00

K 193 44,5 17,8 8,12 4,02 2,08 0,95 0,39 0,09 0,00

Coeficientes de perda de carga para válvula gaveta retangular.

2a/D 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90

K 30 9,0 4,0 2,2 1,3 0,92 0,69 0,67 0,67

Coeficientes de perda de carga para válvula dispersora tipo Howell-Bunger.

7.5. DISPOSITIVO PARA MANUTENÇÃO DE FLUXO RESIDUAL

A manutenção de fluxos remanescentes a jusante das barragens é feita por meio de


dispositivos especiais, compostos por obras hidráulicas de captação, controle e restituição de
vazões. Nas barragens de rejeitos, a implantação do dispositivo torna-se necessária caso a
vazão captada seja superior à água recuperada da polpa, resultando no rebaixamento do
reservatório abaixo do NA máximo normal. Nas barragens de água, que operam com derivação
direta para um centro de consumo, a implantação do dispositivo é imperiosa, pois é previsto o
deplecionamento anual do reservatório.

Existem diversos tipos de dispositivos de manutenção de fluxo residual, que dependem do


arranjo e da finalidade da barragem, podendo-se enumerar:

 Tomada de água em torre ou por caixa submersa, com tubulação de descarga implantada
na fundação ou em canal escavado na ombreira;
 Sifão;

 Derivação da tomada de água principal, que capta a água recirculada e a vazão


regularizada pelo reservatório.

Em qualquer tipo de arranjo adotado, o controle do fluxo deve ser feito por meio de uma válvula
reguladora, normalmente colocada na extremidade de jusante da tubulação. Dependendo do
arranjo, devem ser também instaladas, a montante, comportas para manutenção, tipo
comportas ensecadeiras ou válvulas gaveta, que operam apenas nas posições aberta ou
totalmente fechada.

A tomada de água para o dispositivo deve ser colocada em elevações inferiores ao NA mínimo
operativo, de forma a manter o fluxo remanescente legal mesmo nas condições mais extremas
de operação do reservatório. Essa situação extrema de operação representa o condicionante
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básico de projeto, ou seja, o dispositivo deve ter dimensões que permitam a liberação do fluxo
mínimo para jusante com o nível do reservatório na posição NA mínimo.
Como a maioria dos dispositivos é constituída por condutos forçados, os critérios de
dimensionamento devem seguir os passos indicados no Subitem 7.1.4, agregando a perda de
carga da válvula ou comporta reguladora da vazão (Item 7.4).

No caso de dispositivos constituídos por sifões, o dimensionamento deve os passos


apresentados no Subitem 7.1.14, acrescentando o coeficiente de perda de carga relativo à
válvula de controle das vazões.

A vazão de dimensionamento do dispositivo deve ser aquela estabelecida no processo de


outorga para implantação da obra hidráulica, que varia de acordo com a legislação pertinente
de cada estado da federação (Item 5.1). Em determinadas situações, principalmente nos casos
de barragens implantadas em seções que drenam bacias com áreas de drenagem de pequena
magnitude, a vazão de projeto do dispositivo deve ser deduzida da vazão esperada pelo
sistema de drenagem interna do maciço. Recomenda-se a implantação de vertedouros de
medição a jusante das obras de derivação, com a finalidade de aferir a descarga liberada pelo
dispositivo e garantir a conformidade legal da obra.

Em casos de obras de captação a fio-d’água, com barragens vertentes de elevação do nível de


água, o dispositivo de manutenção do fluxo remanescente pode ser constituído por adufas,
equipadas com comportas tipo gaveta, sendo o orifício dimensionado para a condição de carga
hidráulica constante.

Passos de cálculo para o dimensionamento dos dispositivos de manutenção de fluxo residual:

 Definir vazão de projeto, em função dos estudos de vazão mínima, aplicados ao eixo de
implantação da barragem (Item 5.1);
 Definir o fluxo da drenagem interna através do maciço da barragem;

 Abater o valor do fluxo da drenagem interna da vazão de projeto;

 Estabelecer os níveis operativos notáveis do reservatório (NA máximo normal e NA


mínimo);
 Definir o tipo de arranjo a ser adotado para o dispositivo;

 Proceder ao dimensionamento hidráulico do dispositivo, aplicando os critérios de


dimensionamento de condutos forçados (Subitem 7.1.4) ou de sifões (Subitem 7.1.14)
equipados com válvulas reguladoras (Item 7.4);
 Dimensionar o vertedouro medidor para implantação a jusante da barragem.

7.6. BUEIROS

São obras hidráulicas destinadas a promover travessias de talvegues sob aterros de qualquer
natureza, geralmente construídos como componentes de drenagem transversal de ferrovias e
estradas. Os bueiros devem ser construídos em qualquer tipo de talvegue cortado pela obra
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viária, independentemente do regime de escoamento existente (perene, intermitente ou


efêmero), podendo ter geometria circular (bueiro tubular), quadrada ou retangular (bueiro
celular) ou nas formas elípticas e lenticulares (bueiros de aço corrugado). A Figura 7.6.1
apresenta os elementos básicos do dimensionamento hidráulico de bueiros, destacando-se a
declividade de implantação (S0), o diâmetro D (bueiro tubular), a base B e a altura H (bueiro
celular), a carga hidráulica a montante (HW), a profundidade a jusante (HT), a profundidade
normal do escoamento no interior da estrutura (yN) e a profundidade crítica (yCR).

Dadas as características construtivas dos bueiros, mostradas esquematicamente na Figura


7.6.1, pode-se afirmar que o escoamento se processa em regime gradualmente variado, na
maioria dos casos, pois sempre ocorrerão perdas de cargas localizadas nas seções de
emboque e de desemboque e, em algumas situações, mudanças de regimes de escoamento
ao longo da estrutura. Assim, a profundidade normal (y N) do escoamento representa apenas
uma condição limiar de tendência de equilíbrio no escoamento em regime uniforme.

Figura 7.6.1 – Elementos básicos do dimensionamento de bueiros.

No contexto do funcionamento hidráulico, os bueiros apresentam-se como uma das obras


hidráulicas mais complexas, dadas as diversas condições de escoamento comportadas ao
longo da estrutura. A Figura 7.6.2, adaptada de Baptista & Lara (2006), mostra os diversos
tipos de escoamento passíveis de ocorrer, cada tipo condicionando o critério de
dimensionamento hidráulico.
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Figura 7.6.2 – Tipos de escoamento em bueiros.


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Equações básicas para o dimensionamento de bueiros, conforme descritas por Baptista & Lara
(2006):

 Declividade crítica (SCR) para bueiros tubulares:

n2
S CR  32,82  (7.6.1)
3
D

 Declividade crítica (SCR) para bueiros celulares:

4
2,6  n 2  4H  3 (7.6.2)
S CR  3  
3
H  B 

 Máxima vazão admissível [max(Q)] para bueiros tubulares em regime de escoamento tipo
(a):

5
max  Q   1,533  D 2
(7.6.3)

 Máxima vazão admissível [max(Q)] para bueiros celulares em regime de escoamento tipo
(a):

3
max  Q   1,705  B  H 2 (7.6.4)

 Máxima vazão admissível [max(Q)] para bueiros tubulares em regime de escoamento tipo
(b), funcionando com lâmina de água a 0,80 do diâmetro D:

8
0,305 3
max  Q    D  S0 (7.6.5)
n

 Máxima vazão admissível [max(Q)] para bueiros celulares em regime de escoamento tipo
(b), funcionando com lâmina de água a 0,80 da altura H:

1
  0,80  B  H 5  3 S0
max  Q    2 
 (7.6.6)
  B  1,6  H  n

Os bueiros devem ser dimensionados para a vazão de pico dos hidrogramas de cheias (Figura
3.8.1), sendo comum a fixação de períodos de retorno de 25 a 50 anos, dependendo da
importância da obra viária.

No processo de dimensionamento de um bueiro, a condição ideal é a de se adotar a premissa


de não afogamento a montante, remetendo-se para as condições de escoamento (a) e (b) da
Figura 7.6.2. Eventualmente, pode-se adotar a premissa de afogamento a montante, desde que
sejam tomadas as devidas medidas para o aterro operar como paramento temporário para a
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formação de reservatório. Nesse caso, pode-se inclusive avaliar o potencial de amortecimento


do reservatório, como forma de reduzir a vazão de amortecimento do bueiro. O amortecimento
do hidrograma da cheia passa a ser significativo desde que seja observada a relação da
Equação 5.10.2.

Critério de dimensionamento de bueiros para a condição de escoamento da Figura 7.6.2a:

 Calcular a vazão de projeto empregando as metodologias descritas no Item 5.6;

 Condicionante de carga hidráulica a montante: HW < 1,2 D ou HW < 1,2 H;

 Calcular a carga hidráulica a jusante HT, podendo-se aplicar as metodologias descritas no


Item 6.1 e no Subitem 7.1.6;
 Calcular a profundidade normal (yN) resultante da condição limiar de escoamento uniforme
no interior do bueiro, empregando a Equação 7.1.1;
 Condicionante de carga hidráulica a jusante: HT < yN;

 Condicionante de declividade do bueiro, tomando como referência as Equações 7.6.1 ou


7.6.2: S0 > SCR;
 Calcular as dimensões básicas do bueiro (D para bueiro tubular; B e H para bueiro celular)
empregando as Equações 7.6.3 ou 7.6.4.

Critério de dimensionamento de bueiros para a condição de escoamento da Figura 7.6.2b:

 Calcular a vazão de projeto empregando as metodologias descritas no Item 5.6;

 Condicionante de carga hidráulica a montante: HW < 1,2 D ou HW < 1,2 H;

 Calcular a carga hidráulica a jusante HT, podendo-se aplicar as metodologias descritas no


Item 6.1 e no Subitem 7.1.6;
 Calcular a profundidade normal (yN) resultante da condição limiar de escoamento uniforme
no interior do bueiro, empregando a Equação 7.1.1;
 Condicionante de carga hidráulica a jusante: HT < yN;

 Condicionante de declividade do bueiro, tomando como referência as Equações 7.6.1 ou


7.6.2: S0 < SCR;
 Calcular as dimensões básicas do bueiro (D para bueiro tubular; B e H para bueiro celular)
empregando as Equações 7.6.5 ou 7.6.6.

Critério de dimensionamento de bueiros para a condição de escoamento da Figura 7.6.2c:

 Calcular a vazão de projeto empregando as metodologias descritas no Item 5.6;

 Definir a declividade de implantação do bueiro (S0) em função do perfil do talvegue;

 Condicionante de carga hidráulica a montante: HW > 1,2 D ou HW > 1,2 H;

 Calcular a carga hidráulica a jusante HT, podendo-se aplicar as metodologias descritas no


Item 6.1 e no Subitem 7.1.6;
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 Calcular a profundidade normal (yN) resultante da condição limiar de escoamento uniforme


no interior do bueiro, empregando a Equação 7.1.1;
 Condicionante de carga hidráulica a jusante: HT < yN;

 Calcular as dimensões básicas do bueiro (D para bueiro tubular; B e H para bueiro celular)
empregando as Equações 7.1.11 ou 7.1.12.

Critério de dimensionamento de bueiros para a condição de escoamento da Figura 7.6.2d:

 Calcular a vazão de projeto empregando as metodologias descritas no Item 5.6;

 Definir a declividade de implantação do bueiro (S0) em função do perfil do talvegue;

 Condicionante de carga hidráulica a montante: HW > 1,2 D ou HW > 1,2 H;

 Calcular a carga hidráulica a jusante HT, podendo-se aplicar as metodologias descritas no


Item 6.1 e no Subitem 7.1.6;
 Condicionante de carga hidráulica a jusante: HT > D ou HT > H;

 Calcular o desnível ΔH entre os perfis de escoamento a montante e a jusante;

 Calcular as dimensões básicas do bueiro (D para bueiro tubular; B e H para bueiro celular)
empregando as Equações 7.1.13 ou 7.1.14.

Nos passos de cálculo indicados acima, foram apresentados critérios para o dimensionamento
de bueiros em condições limites de escoamento da vazão de projeto, assumindo as condições
de contorno que diferenciam os tipos de escoamento mostrados na Figura 7.6.2. Para bueiros
existentes ou para condições de carga hidráulica H W distintas dos limites dados acima, pode
ser necessário o cálculo da vazão escoada, não mais valendo a aplicação das Equações 7.6.3
a 7.6.6. Nesses casos, recomenda-se a aplicação dos ábacos constantes da publicação do
DNIT (2006), que fornecem relações entre descargas e cargas hidráulicas H W para diversos
tipos de bueiros, incluindo aqueles de aço corrugado, com seções elípticas e lenticulares.

Para a condição de escoamento mostrada na Figura 7.6.2a, para bueiro tipo celular, a relação
entre descarga e carga hidráulica pode ser calculada pela equação abaixo, desde que seja
observada a condição HW < 1,2 H:

2 2
Q  C d  B  HW  g  HW (7.6.7)
3 3

Nessa equação, pode-se adotar o valor do coeficiente de descarga C d = 0,90. Destaca-se que
essa equação pode ser aplicada também para o dimensionamento de estruturas de emboque
de canais em regime supercrítico (Subitem 7.1.9), que apresentam conexão com canais em
leito natural e regime subcrítico a montante.

Uma atividade comum em mineração consiste na verificação da capacidade de descarga de


um bueiro existente, que pode equacionada com a determinação da respectiva curva de
descarga, seguindo os passos de cálculo:
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 Levantar os dados cadastrais do bueiro: tipo (celular, tubular, lenticular, elíptico), material
construtivo (concreto, aço corrugado), comprimento e declividade de implantação (S0);
 Preferencialmente, proceder ao levantamento de seções batimétricas a montante e a
jusante, conforme procedimentos listados no Capítulo 6;
 Verificar a condição do regime de escoamento ao longo da estrutura, pela aplicação das
Equações 7.6.1 e 7.6.2;
 Determinar a curva-chave na seção de jusante, estabelecendo a relação Q x HT;

 Identificar o tipo de escoamento e de controle prevalecente (Figura 7.6.2);

 Determinar a curva de descarga do bueiro (relação Q x H W), empregando os ábacos da


publicação do DNIT ou as Equações 7.1.11, 7.1.12, 7.1.13, 7.1.4 e 7.6.7;
 Para cada vazão calculada, verificar se ocorre afogamento por jusante ou escoamento a
seção plena, remetendo-se para a condição de escoamento da Figura 7.6.2d.

No processo de dimensionamento de bueiros, existem limites das dimensões das estruturas


estabelecidas pelos fabricantes, nos casos de tubos ou estruturas de aço corrugado, bem
como padrões de aduelas pré-moldadas para o caso de células de concreto. Assim, pode
ocorrer de as vazões de projeto excederem os limites das estruturas disponíveis, situações que
exigem a construção de linhas múltiplas de bueiros (duplos, triplos ou múltiplos). Segundo
Baptista & Lara (2006), perde-se cerca de 5% de eficiência para cada linha adicional de
bueiro, significando que a capacidade de descarga fica reduzida para 95% e 90% da soma das
vazões, respectivamente para os bueiros duplos e triplos.

Como condicionante adicional de projeto, as velocidades máximas no interior dos bueiros não
devem ultrapassar 4,5 m/s e 6,0 m/s, respectivamente para as estruturas de concreto e de aço
corrugado. Em qualquer condição, devem ser verificadas as condições de erosão no canal a
jusante (Tabela 7.1.1), para identificar a necessidade de implantação de bacias de dissipação
de energia.

No presente documento, os bueiros estão sendo considerados como obras hidráulicas,


compostas por uma estrutura de emboque, um tubo ou galeria e uma seção de desemboque,
através das quais o escoamento flui em regime variado. Embora as equações de
dimensionamento, apresentadas anteriormente, tenham sido deduzidas de condições limiares
de escoamento uniforme ou de profundidades críticas, os critérios de projeto baseiam-se no
estabelecimento das condições limites ideais de funcionamento. Para identificar o perfil
completo do escoamento através dos bueiros, recomenda-se a aplicação do modelo HEC-RAS,
com utilização do sistema de editoração especial das estruturas componentes dos bueiros,
acopladas aos canais fluviais de montante e de jusante.

7.7. PONTES E TRAVESSIAS

As pontes e travessias são obras hidráulicas que cruzam os talvegues para permitir a
implantação de sistemas viários (estradas e ferrovias) e de sistemas de condução de minério
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(minerodutos e correias transportadoras). No contexto da drenagem transversal das obras


rodo-ferroviárias, as pontes são consideradas como obras-de-arte especiais, pois requerem
projetos específicos, não padronizados, próprios para a travessia de grandes vãos.

A Figura 7.7.1 mostra o arranjo típico de uma ponte, caracterizado pelo estreitamento de fluxo
promovido pelos encontros dos aterros e pelos pilares fundeados no leito fluvial. Em alguns
casos, geralmente em condições de vales estreitos e profundos entalhados em rocha sã, as
pontes e travessias podem ser construídas sem pilares e aterros nos encontros.

O dimensionamento hidráulico consiste em definir a elevação do tabuleiro da ponte, acima do


perfil de escoamento da cheia de projeto. Adota-se a vazão de pico do hidrograma da cheia de
projeto, geralmente estimada para períodos de retorno variando entre 50 e 100 anos. A cota do
tabuleiro da ponte deve ser fixada após o acréscimo de uma borda livre mínima de 1,00 m,
acima do perfil de escoamento da vazão de projeto.

Figura 7.7.1 – Elementos para o dimensionamento hidráulico de pontes e travessias.

A perda de carga localizada nos estreitamentos das pontes pode ser calculada pela Equação
de Yarnell, dada pela expressão:

y
y3
 
 k  F32  k  5F32  0,6    15 4  (7.7.1)

b2
  1
b1
(7.7.2)
Nessas equações, Δy é a perda de carga, y3 a profundidade do escoamento a jusante da
ponte, b1 e b2 respectivamente as larguras do escoamento na calha fluvial e no vão da ponte,
F3 o número de Froude a jusante da ponte. O coeficiente k é um parâmetro empírico que
depende da forma dos pilares da ponte, tendo os valores tabelados para aplicação (FRENCH,
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1994). A Figura 7.7.2 ilustra dos elementos de cálculo da perda de carga pela Equação de
Yarnell.

Figura 7.7.2 – Cálculo de perda de carga em estreitamento de pontes.

De maneira prática e também pela observação dos termos da Equação de Yarnell, pode-se
deduzir que a perda de carga será diretamente proporcional ao estreitamento forçado do
escoamento, dado pela relação b2/b1. Assim, uma questão básica que se coloca no cálculo
refere-se à qualificação da planície de inundação como área de escoamento ou simplesmente
como zona de armazenamento. No segundo caso, de armazenamento na planície, as
velocidades ficam reduzidas ou nulas e assim se pode concluir que a perda de carga induzida
pelo estreitamento será bastante reduzida.

As perdas de carga nos estreitamentos das pontes também podem ser calculadas via
simulação dos perfis de escoamento, empregando o modelo HEC-RAS. O esquema da Figura
7.7.3 mostra o requerimento de dados para a simulação, basicamente constando de seções
batimétricas da calha fluvial e dos locais de travessia, bem como da geometria do vão das
pontes. A aplicação do modelo HEC-RAS fornece também perfis de velocidade de escoamento
em todas as seções, tendo assim elementos para definir obras de proteção dos taludes dos
aterros contra erosão.
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Figura 7.7.3 – Esquema de cálculo de perdas de cargas em pontes com o modelo HEC-RAS.

Enfim, o cerne do problema relacionado ao estreitamento dos vãos das pontes consiste em
determinar a perda de carga localizada e avaliar a propagação do efeito para montante, pelo
efeito induzido de remanso.

O critério geral para o dimensionamento hidráulico de pontes baseia-se no encadeamento dos


seguintes itens:

 Elaboração de estudos hidrológicos para a determinação da vazão de projeto;

 Elaboração do dimensionamento hidráulico para a determinação do nível de água máximo


alcançado pelo escoamento da vazão de projeto;
 Fixação de uma borda livre acima do nível de água máximo, para posicionamento da cota
inferior da viga longarina, sendo recomendada a adoção de um valor mínimo igual a 1
metro.

Os estudos hidrológicos podem ser feitos por aplicação de métodos diretos, quando existe
disponibilidade de dados de monitoramento fluviométrico, ou por métodos indiretos, baseados
em transformações chuva-vazão.

Para o dimensionamento hidráulico, recomendam-se os seguintes passos metodológicos


(BAPTISTA & LARA, 2006):

 Levantamento de seções batimétricas no trecho de implantação da ponte;

 Visita de inspeção ao campo para avaliação das características de rugosidade do canal fluvial;
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 Levantamento de marcas de cheia no local da travessia para identificação da MCV –


Máxima Cheia de Vestígio;
 Aplicação da fórmula de Manning, sob a hipótese de escoamento em regime permanente e
uniforme, considerando o rearranjo:

S0 Q
 2 (7.7.3)
n
AR 3

 Na Equação 7.7.3, Q é a vazão de projeto (m³/s), n o coeficiente de rugosidade de Manning,


S0 a declividade obtida das seções batimétricas (m/m), A é a área molhada (m²) e R o raio
hidráulico da seção (m).
 Cálculo da curva relacionando o NA (nível de água) com os elementos geométricos (A e R)
da equação de Manning. Com base nessa curva, obtém-se o máximo NA, correspondente à
vazão de projeto que representa a MCC – Máxima Cheia de Cálculo;
 Comparação dos níveis de água correspondentes à MCV e à MCC para a definição final do
NA máximo a ser considerado no dimensionamento da ponte;
 Acréscimo da borda livre ao máximo NA para a determinação da cota de posicionamento da
parte inferior da viga longarina.

Os pilares e encontros das pontes podem causar erosões localizadas, demandando análises
detalhadas para adoção das medidas adequadas de proteção (FHWA, 2001). Para os
encontros, são adotadas proteções estruturais de concreto ou enrocamento (rip-rap), enquanto
os pilares devem ser projetados com perfis hidrodinâmicos para reduzir as perdas de carga
localizadas e a formação de vórtices.

7.8. OBRAS DE DRENAGEM

De maneira genérica, as obras de drenagem são aquelas destinadas a concentrar e escoar as


águas do escoamento superficial, que se apresentam como águas nocivas para as atividades
de mineração. As obras de drenagem devem ser implantadas para proteger contra erosão os
diversos terraplenos das estradas, pátios industriais e de estocagem de minério, cavas de
minas e pilhas de estéril.

A drenagem das estradas e ferrovias é feita pelos sistemas de drenagem transversal (pontes
e bueiros) e de drenagem longitudinal (canaletas de crista e de berma, descidas de água,
sarjetas, caixas de passagem, bueiros de greide e dissipadores de energia). Essa classificação
dos sistemas de drenagem é apresentada pelo DNIT (2006), que também descreve os critérios
para os dimensionamentos hidrológico e hidráulico das estruturas componentes.

A seguir serão tratados os conceitos básicos das drenagens de cavas e pilhas, que também
podem ser aplicados para áreas industriais e terraplenos em geral.
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7.8.1. Projeto Conceitual de Drenagem

A implantação dos sistemas de drenagem deve ser precedida pela elaboração do Projeto
Conceitual, definidor do plano geral de escoamento das águas de escoamento superficial e dos
tipos de estruturas a serem empregadas. Para o desenvolvimento do Projeto Conceitual, é
necessária a disponibilidade do Plano Diretor de ocupação da área do empreendimento ou a
planta do projeto de implantação de alguma estrutura componente, tais como plano de lavra ou
geometria de pilhas de estéril.

Os estudos hidrológicos, definidores das vazões de projeto (Item 5.12), são esgotados na
etapa do Projeto Conceitual. As estruturas hidráulicas componentes são apresentadas por
meio de detalhes típicos, com as dimensões básicas de cada peça, considerando o
dimensionamento em regime uniforme para os canais e as equações de controle hidráulico
para as peças especiais, aplicando as equações listadas nos itens precedentes desse capítulo.

Uma obra hidráulica de drenagem é composta pela conexão de diversas estruturas de


condução e transição, destacando-se as canaletas de crista e de berma, os canais periféricos a
cavas e pilhas, as descidas de água, as caixas de passagem, as bacias de dissipação de
energia, as bacias de detenção e as bacias de contenção de sedimentos.

Passos de cálculo do desenvolvimento de um Projeto Conceitual:

 Obtenção da planta dos terraplenos, com taludes e cortes, larguras e declividades das
bermas;
 Inserção da planta na rede hidrográfica natural, por sobreposição com a cartografia
disponível;
 Identificação de todos os pontos de entradas concentradas e difusas de água superficial de
origem externa, gerada na bacia hidrográfica, bem como os pontos de lançamento na rede
de drenagem natural;
 Identificação dos caminhos preferenciais do escoamento das águas pluviais, através (i) dos
talvegues naturais, (ii) das linhas de maior declividade dos taludes de cortes e aterros e (iii)
das laterais das bermas e bancadas em geral;
 Lançamento, de forma esquemática, das estruturas recomendadas para cada trecho
(canaletas, descidas, bacias de dissipação, caixas de passagem, bacias de detenção e de
contenção de sedimentos), adotando-se uma convenção de traço para cada tipo de
estrutura;
 Identificação das áreas que podem ser drenadas por gravidade, conforme o esquema
mostrado na Figura 5.12.1;
 Identificação das áreas de contribuição que deverão ser drenadas para o interior das cavas
das minas, nos casos de projetos em lavras;
 Identificação das seções de referência para o cálculo das vazões de projeto, geralmente
nas caixas de passagem, compondo diagramas em conformidade com o esquema da
Figura 5.12.2;
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 Delimitação das áreas de contribuição em cada seção de referência;

 Cálculo das vazões de projeto, segundo os critérios apresentados no Item 5.12;

 Dimensionamento preliminar das estruturas, considerando escoamento uniforme e as


respectivas equações de controle hidráulico;
 Identificação de possíveis impactos na morfologia natural dos cursos de água nos pontos de
lançamento, observando os conceitos apresentados no Item 7.12;
 Elaboração da planta do Projeto Conceitual de Drenagem, com detalhes típicos das
estruturas componentes e quantitativos preliminares.

Nos casos de drenagens de cavas de minas, devem ser tratadas de forma separada as águas
superficiais e as águas subterrâneas. Normalmente, os sistemas de drenagem são separados
entre essas duas componentes, sendo a drenagem das águas subterrâneas tratada no âmbito
do desaguamento das cavas, aplicando os conceitos da disciplina Hidrogeologia.

Nos projetos de drenagem das pilhas de estéril, também são distinguidos os sistemas de
afastamento das águas superficiais e de drenagem interna do maciço, este dimensionado com
conceitos geotécnicos de fluxo subterrâneo em meios não saturados. Em função do arranjo
geral da estrutura, a drenagem interna do maciço pode ter pontos de descarga no sistema de
drenagem superficial, que passaria a ter dimensões adequadas para o escoamento das águas
superficiais e subterrâneas.

A Figura 7.8.1 mostra um típico arranjo geral de Projeto Conceitual de Drenagem de cava de
mina, com indicação esquemática das estruturas componentes.
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Figura 7.8.1 – Arranjo geral típico de Projeto Conceitual de Drenagem.

7.8.2. Canaletas de Drenagem

As canaletas de drenagem são implantadas nas bermas, com a finalidade de coletar as águas
do escoamento superficial geradas nos taludes dos cortes e aterros e nas áreas das próprias
bermas. A Figura 7.8.2 mostra detalhes típicos das canaletas de drenagem, destacando-se a
declividade transversal da berma, que direciona e concentra o fluxo do escoamento para a
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margem interna, junto ao contato com o talude. Eventualmente, pode-se implantar uma leira na
parte externa, como dispositivo adicional de segurança para evitar o transbordamento para o
talude externo adjacente.

Figura 7.8.2 – Detalhes de canaletas de drenagem implantadas em bermas.

Critérios de dimensionamento:

 A dimensão da canaleta não deve variar ao longo do desenvolvimento longitudinal;

 A dimensão da canaleta deve ser aquela com capacidade para escoar a vazão de projeto
calculada na seção de referência;
 Preferencialmente, os elementos básicos do dimensionamento (área de contribuição,
comprimento crítico, seção da canaleta) devem ser padronizados, fixando-se os respectivos
valores previamente;
 A dimensão máxima da seção transversal da canaleta deve atender a uma solução de
compromisso entre custos, facilidade de implantação e flexibilidade operativa para permitir o
trânsito de veículos sobre a superfície da berma;
 A declividade transversal da berma deve variar entre 5% e 10%;

 O tempo de concentração deve ser calculado pelo método cinemático, tendo valor mínimo
de 5 ou 6 minutos, compatível com a precisão das relações intensidade-duração-frequência
das chuvas de projeto;
 O comprimento crítico da canaleta corresponde àquele no qual a vazão atinge o limite da
seção de escoamento;
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 O dimensionamento hidráulico pode ser feito com as equações do escoamento em regime


uniforme aplicadas a canais (Subitem 7.1.1);
 Sempre que o desenvolvimento longitudinal da canaleta atingir o comprimento crítico, deve-
se prever a intercalação de uma caixa de passagem, acoplada a uma descida de água ou a
uma transição com aumento da seção de escoamento.

As seções das canaletas podem ser retangulares, triangulares ou semi-circulares (meia cana),
tendo como materiais construtivos o concreto armado, a pedra argamassada e peças de aço
corrugado. Também pode ser utilizada a própria superfície da berma, com seção triangular de
lados assimétricos, recomendando-se, no caso, o revestimento da superfície com solo laterítico
compactado.

7.8.3. Canais Periféricos

Os canais periféricos são estruturas de coleta e condução das águas superficiais geradas em
torno das áreas de implantação de cavas de minas e pilhas de estéril, tendo as finalidades de
evitar erosões no contato dos aterros com os terrenos naturais e de reduzir o afluxo de
enxurradas para os taludes e bermas. A Figura 7.8.3 ilustra um arranjo típico de canal
periférico a uma pilha de estéril.

Os canais periféricos geralmente escoam vazões concentradas mais elevadas que as


canaletas e devem ter o traçado longitudinal adaptado à topografia, com variações na
declividade de implantação. O dimensionamento hidráulico pode ser feito com as equações do
escoamento em regime uniforme aplicadas a canais (Subitem 7.1.1), identificando e separando
trechos com declividades constantes. Cuidados especiais devem ser tomados nas curvas em
regime supercrítico e nos trechos com redução brusca de declividade, aonde poderia formar
ressalto hidráulico. Em trechos com declividades elevadas, podem ser implantados degraus
(Subitem 7.1.7), geralmente com fluxo em regime tipo nappe flow.

Dadas as peculiaridades da implantação dos canais periféricos, normalmente desviando o


escoamento dos talvegues e desenvolvendo-se a meia encosta, pode ser necessária a
intercalação de estruturas adequadas para as transições bruscas, tais como bacias de
dissipação intermediárias e caixas de passagem. Com essas características, o regime de
escoamento dominante é gradualmente variado, sendo assim necessária a avaliação detalhada
dos perfis de escoamento na sequência ao dimensionamento preliminar em regime uniforme.
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Figura 7.8.3 – Arranjo geral típico de canal periférico.

7.8.4. Descidas de Água

Nas obras de drenagem, as descidas de água são implantadas com a finalidade de escoar as
águas coletadas nas canaletas e canais periféricos em perfis longitudinais de altas
declividades, com desenvolvimento transversal às bermas ou acompanhando talvegues
íngremes de escoamento efêmero. Por escoarem fluxos em regime supercrítico, com elevadas
velocidades, as descidas de água devem ser necessariamente revestidas, com seções tipo
canal em rampa lisa ou em degraus. Dentre os materiais empregados, citam-se o concreto
armado, a pedra argamassada, os degraus em gabião, as calhas inclinadas com blocos
dissipadores (Figura 7.1.24), os tubos de PVC, as canaletas meia cana de aço corrugado e as
células de material geossintético preenchidas com concreto.

Nas descidas de água que cortam várias bermas, devem ser previstas estruturas de coleta das
águas escoadas pelas respectivas canaletas, geralmente constituídas por caixas de passagem.
A travessia das bermas sempre representa um problema para a implantação das descidas de
água, devido à mudança brusca no perfil longitudinal. Deve-se evitar a formação de ressalto
hidráulico nas bermas, pela dificuldade de conter o perfil do escoamento das elevadas alturas
conjugadas, além de não acrescentar ganho na dissipação de energia geral do sistema. A
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Figura 7.8.4 apresenta alternativas para a travessia das bermas, adequadas ao tipo de
revestimento empregado.

Na Figura 7.8.4a apresenta-se a solução clássica de travessia, com caixa de passagem no


extremo de montante e tubulação enterrada sob o terrapleno da berma. Nesse caso, a caixa de
passagem tem a dupla função de funcionar como ponto de coleta da canaleta da berma e
como seção de controle hidráulico, devendo o dimensionamento seguir os passos de cálculo
apresentados no Subitem 7.1.8. Essa solução é adequada para as descidas em degraus
(concreto, pedra argamassada ou gabião), em canaletas meia cana de aço corrugado e em
tubos de PVC.

Na Figura 7.8.4b apresenta-se a solução recomendada para as descidas de água em rampa


lisa de concreto ou em células de material geossintético, mantendo-se a seção do canal ao
longo da travessia, com imposição de declividade supercrítica, de forma a evitar a formação de
ressalto hidráulico.

Pode-se notar que, em ambas as soluções, a superfície da berma fica liberada para o tráfego
de veículos.

Figura 7.8.4 – Alternativas de travessia das descidas de água sob as bermas.


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Em obras mais definitivas, sem bermas intercaladas e para o escoamento de vazões elevadas,
uma alternativa para a descida de água é a calha inclinada com blocos dissipadores (Figura
7.1.24), que apresenta desempenho hidráulico confiável. Entretanto, essa estrutura somente
deve ser implantada em casos de escoamento de água sem elevadas taxas de sedimentos,
não sendo recomendada para a condução de fluxos de descargas de usinas de beneficiamento
de minérios ou polpa de rejeitos.

O dimensionamento hidráulico das descidas de água deve seguir os critérios apresentados nos
Subitens 7.1.5, 7.1.7, 7.1.8 e 7.1.10.

Uma alternativa de baixo custo, para descidas de água escavadas em terreno natural ou
implantadas na linha de contato de aterros, é a proteção do canal com blocos de enrocamento
(principalmente estéril de mineração). Não existe um critério hidráulico específico para o
dimensionamento dessa solução, devendo-se, entretanto, adotar dispositivos de proteção
contra erosões no contato do enrocamento com o terreno natural, por meio de membranas
geossintéticas e material de granulometria graduada.

7.8.5. Caixas de Passagem

As caixas de passagem (Subitem 7.1.8) devem ser implantadas em todas as seções onde
ocorrem mudanças de direção ou junções de fluxos, tais como extremidades de comprimentos
críticos de canaletas de berma, travessias de descidas de água sobre as bermas.

Além das funções e elementos básicos das caixas de passagem, descritos no Subitem 7.1.8, a
aplicação nas junções de canaletas de berma podem ter adaptações na parte superior, para
receber os escoamentos de canaletas adjacentes.

7.8.6. Dispositivos de Dissipação de Energia

Embora as caixas de passagem operem como dispositivo de dissipação de energia, na maioria


dos casos, deve ser prevista a implantação de bacias de dissipação em todos os pontos de
lançamento das obras de drenagem, para evitar erosões.

Como variação construtiva dos tipos clássicos de bacias de dissipação, descritos no Subitem
7.1.5, é comum a colocação de blocos de estéril nos pontos de lançamento, que atuam na
redução das velocidades do escoamento, forçando a passagem para o regime subcrítico. Não
existe um critério específico para o dimensionamento desse tipo de dispositivo, que pode ter o
desempenho avaliado empiricamente, com base na experiência operativa de cada empresa

7.8.7. Bacias de Detenção

Nas obras de drenagem, as bacias de detenção podem operar com as finalidades de (i)
amortecer os picos dos hidrogramas de cheias, (ii) coletar e armazenar temporariamente as
águas drenadas em fundos de cavas, para posterior bombeamento ou (iii) promover a
infiltração em áreas de recarga.
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As bacias de detenção, também denominadas sumps nas estruturas das obras de drenagem,
devem ser dimensionadas com os critérios definidos no Item 5.7.

7.8.8. Bombeamento das Águas

As águas direcionadas e armazenadas nas bacias de detenção em fundos de cava (sumps)


devem ser esgotadas por meio de bombeamento, aplicando os critérios de dimensionamento
hidrológico descritos no Item 5.12.

7.8.9. Bacias de Contenção de Sedimentos

As bacias de contenção de sedimentos formam reservatórios que atuam de forma concentrada


ou distribuída nas áreas dos empreendimentos de mineração, impedindo que o material sólido
alcance os cursos de água naturais, sendo assim uma importante estrutura das obras de
drenagem superficial.

Na forma distribuída, as bacias de contenção de sedimentos podem ser construídas em


bancadas intermediárias das minas e pilhas, ou ainda a jusante dos deságues das sarjetas
implantadas nas estradas de acesso. Geralmente apresentam baixa capacidade de contenção
e necessitam de manutenção periódica, sendo construídas na forma de tanques escavados,
com o material de bota-fora formando diques laterais. Embora existam valores consagrados
para a estimativa de produção de sedimentos em áreas de mineração (Item 5.4), torna-se
importante a observação de desempenho das bacias em cada empreendimento, registrando a
eficiência de retenção, como forma de subsidiar dimensionamentos futuros. Esse tipo de
estrutura, mostrado esquematicamente na Figura 7.8.5, em geral não apresenta eficiência na
retenção de materiais sólidos de granulometria fina, que conferem turbidez à água, atuando
mais na retenção de partículas na faixa acima das areias médias.

Figura 7.8.5 – Esquema de implantação de bacias de contenção de sedimentos na forma distribuída.


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Na forma concentrada, recomenda-se a construção de uma bacia de contenção de


sedimentos a jusante de todas as intervenções, em uma seção do talvegue principal da bacia
hidrográfica que drena toda a área do empreendimento. Esse tipo de bacia de contenção deve
ser formado por uma barragem de grande porte, que acumule um reservatório com tempo de
residência suficiente para a retenção das partículas mais finas dos sedimentos, devendo
também apresentar uma capacidade que opere ao longo de toda a vida útil do
empreendimento. O dimensionamento do reservatório deve incorporar o potencial de geração
de sedimentos naturais e potenciais da área, além de apresentar provisão para a contenção do
material carreado pelas descargas de manutenção e de paradas das usinas de beneficiamento
de minério, quando for esse o caso. A Figura 7.8.6 mostra um arranjo típico de bacia de
contenção de sedimentos, implantada no talvegue principal a jusante de toda a área de
interferência do empreendimento.

Figura 7.8.6 – Esquema de implantação de bacia de contenção de sedimentos na forma concentrada.

Existem estruturas com concepção intermediária entre as formas distribuída e concentrada,


aplicadas para os talvegues em seções imediatamente a jusante dos pés de pilhas ou de
desaguamento final de sistemas de drenagem. Nesses casos, mostrados esquematicamente
na Figura 7.8.7, a bacia de contenção deve ser formada também por uma barragem, que pode
inclusive ser de enrocamento com maciço adaptado para galgamento. Os reservatórios
formados são de pequeno porte e também requerem manutenção periódica de
desassoreamento.
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Figura 7.8.7 – Esquema de implantação de bacia de contenção de sedimentos em pé de pilha de estéril.

7.8.10. Projeto Básico de Drenagem

De posse da planta do Projeto Conceitual de Drenagem, procede-se à especificação para


levantamentos topográficos detalhados da área de implantação das estruturas, para a devida
amarração planialtimétrica. A planta topográfica resultante representa a base para o
detalhamento do Projeto Básico de Drenagem.

Em linhas gerais, o Projeto Básico deve apresentar o detalhamento de todas as estruturas a


serem implantadas, em um nível que permite a licitação da obra, inclusive com planilhas mais
precisas de quantitativos e custos. Para tanto, a planta do Projeto Conceitual deve ser
ampliada em vários desenhos de arranjos e cortes típicos (transversais e longitudinais) para
cada tipo de estrutura componente, com as devidas amarrações, para a efetiva implantação.

Para a etapa de Projeto Básico já foram feitos todos os cálculos relacionados aos estudos
hidrológicos e dimensionamentos hidráulicos preliminares, empregando as fórmulas do
escoamento uniforme e as equações de controle hidráulico. Procede-se, então, à verificação de
desempenho operativo das estruturas, simulando os perfis de escoamento para a hipótese de
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escoamento variado. Dessa forma, são identificados eventuais trechos de transbordamentos e


de desempenho precário, executando-se os devidos ajustes nas dimensões das estruturas.

7.9. TOMADAS DE ÁGUA

As tomadas de água são obras hidráulicas destinadas à captação de águas úteis para as
atividades de mineração, podendo ser implantadas diretamente nos cursos de água ou nos
reservatórios das barragens de água e de rejeito.

Normalmente, as tomadas de água localizadas nos cursos de água constituem as chamadas


captações a fio-d’água, tendo capacidade de adução e arranjo adequados ao regime
hidrológico natural. Esse tipo de obra é dimensionado com capacidade de bombeamento que
atenda à demanda projetada, devendo ter as estruturas adaptadas para proteger os sistemas
eletromecânicos contra inundações de uma cheia de projeto, podendo-se adotar a vazão de
pico dos hidrogramas de cheias com períodos de retorno de 50 ou 100 anos.

As estruturas componentes das obras de tomada de água são: canal de aproximação,


emboque protegido com grade e comportas ensecadeiras, canal de adução com desarenador
(eventual), poço de sucção e casa de bombas. Na configuração de arranjo mais adequada, as
bombas operam permanentemente submersas, protegidas por caixões de concreto.

As tomadas de água instaladas em reservatórios operam na captação de vazões regularizadas


ou de água recuperada da polpa de rejeitos. O arranjo desse tipo de tomada de água deve
estar adaptado para a variação do nível de água do reservatório, entre as posições operativas
do NA máximo normal e NA mínimo. Os dois tipos básicos de tomadas de água em
reservatórios são: (i) captação com bombas flutuantes sobre balsa, com possibilidade de
manobras sobre trilhos ou mangotes e (ii) captação em torre de tomada, equipada com
comportas, com adução por tubulação forçada até a casa de bombas.

7.10. OBRAS HIDRÁULICAS ESPECIAIS

Muitas das obras hidráulicas implantadas em projetos de mineração podem ser qualificadas
como especiais, no sentido de apresentarem desenhos não convencionais, sem passar por
testes em modelos físicos de laboratório. Nesses casos, o dimensionamento deve ser
conduzido com maior cuidado, para a correta identificação das seções de controle hidráulico
que podem surgir no acoplamento das estruturas. Pode-se considerar que a chave do correto
dimensionamento das estruturas hidráulicas especiais reside na identificação das seções de
controle e na adoção de dimensões que evitem o transbordamento dos perfis de escoamento.

Ao longo do Capítulo 7, foram apresentadas algumas estruturas hidráulicas que podem receber
a qualificação de especiais, destacando-se:

 Os sistemas de extravasamento tipo poço e galeria, pelo fato de apresentarem uma


multiplicidade de controles hidráulicos;
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 As travessias sob bermas com descidas de água em canais lisos de concreto (Figura
7.8.4b), por manter o escoamento em regime supercrítico, sem a formação de ressalto
hidráulico;
 Os canais de descarga com deflexão nos extravasores de superfície das barragens com
maciços alteáveis (Figura 7.2.5).

Em alguns tipos de barragens com maciços alteados com rejeitos, a necessidade de manter o
reservatório distante da linha de crista pode exigir a implantação de sistemas de
extravasamento com longos canais laterais, escavados no contato da praia de rejeitos com o
terreno natural. O aspecto não convencional desse tipo de arranjo reside na natureza do
controle hidráulico que define a curva de descarga, geralmente associado ao controle de canal
com escoamento em regime uniforme, antes de alcançar uma seção crítica que pudesse ser
determinadora da curva de descarga. Nesse tipo de arranjo, a simulação dos perfis de
escoamento com o modelo HEC-RAS é altamente recomendada, por apresentar resultados
confiáveis e realísticos.

7.11. DIMENSIONAMENTO DE BARRAGENS

As barragens constituem uma das obras hidráulicas que mais dependem da junção de
estruturas isoladas, além de seus dimensionamentos demandarem cálculos iterativos entre as
disciplinas Hidrologia e Hidráulica, agregando assim alguma complexidade ao processo. Ao
longo do texto desse Documento de diretrizes de projeto, foram apresentados diversos critérios
para dimensionamento de barragens, que serão resumidos a seguir, com remissões para os
tópicos específicos que trataram de cada assunto.

As barragens enquadram-se no tipo de obra cujo dimensionamento segue todos os passos


indicados na Figura 7.1, passando pela resposta afirmativa no bloco de pergunta sobre
alteração das condições naturais das bacias hidrográficas. De fato, a maioria das barragens
dos projetos de mineração é construída em bacias de pequeno porte, além de formarem
reservatórios com elevada inércia volumétrica. Por essa razão, os reservatórios alteram a
duração crítica dos eventos de chuvas usados no dimensionamento dos sistemas de
extravasamento, gerando um processo iterativo entre a fixação da largura da soleira vertente e
a determinação da máxima sobrelevação do NA.

7.11.1. Critérios Gerais

A grandeza básica do dimensionamento de uma barragem é representada pela cota de


coroamento do maciço, que depende, por sua vez, da fixação dos níveis operativos notáveis e
do cálculo da borda livre. O dimensionamento pode ser feito com base no encadeamento das
seguintes atividades:

 Definição da finalidade da barragem (contenção de rejeitos, contenção de sedimentos,


regularização de vazões de estiagem, usos múltiplos);
 Análise de alternativas e seleção de eixos de implantação do maciço (Item 9.2);
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 Cálculo da curva cota-volume;

 Elaboração do arranjo geral das estruturas (definição de etapas de alteamento, tipo de


estrutura de extravasamento);
 Elaboração do dimensionamento hidrológico para cálculo dos volumes de armazenamento
(Itens 5.2, 5.3 e 5.4);
 Definição dos níveis operativos notáveis (Item 5.8: NA mínimo e NA máximo normal);

 Elaboração do dimensionamento hidrológico do vertedouro (Item 5.7);

 Definição do NA máximo maximorum a partir do dimensionamento hidráulico do sistema de


extravasamento (Itens 7.2 e 7.3);
 Cálculo da borda livre (Item 5.9);

 Determinação da cota de coroamento do maciço pela soma: (NA máximo maximorum +


borda livre).

Nota-se, pela sequência de cálculo dada acima, que o elemento básico do dimensionamento é
constituído pela curva cota-volume.

7.11.2. Barragem de Contenção de Rejeitos

Para uma barragem de contenção de rejeitos, o dimensionamento é feito a partir da


determinação do volume para retenção de rejeitos (Item 5.3). Para o dimensionamento
hidrológico do vertedouro, devem ser observados os critérios descritos no Subitem 5.7.2,
relacionados à morfologia do reservatório.

7.11.3. Barragem de Contenção de Sedimentos

Para uma barragem de contenção de sedimentos, o dimensionamento é feito a partir da


determinação do volume para retenção de sedimentos (Item 5.4). Para o dimensionamento
hidrológico do vertedouro, devem ser observados os critérios descritos no Subitem 5.7.4.

7.11.4. Barragem de Água

Para uma barragem de água, o dimensionamento é feito a partir da determinação do volume


morto (Item 5.4) e do volume útil (Item 5.2). No dimensionamento hidrológico do vertedouro,
devem ser observados os critérios descritos no Subitem 5.7.3.

7.11.5. Barragem de Usos Múltiplos

Em uma barragem de usos múltiplos, o primeiro passo consiste em determinar as finalidades


dos volumes a serem alocados no reservatório, para aplicar, em seguida, os conceitos
descritos nos subitens precedentes.
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7.12. TÓPICOS DE HIDRÁULICA FLUVIAL

O conhecimento de conceitos básicos de Hidráulica Fluvial, em tópicos relacionados ao


equilíbrio morfodinâmico das calhas dos cursos de água, é de suma importância para o
dimensionamento das obras hidráulicas em mineração. De fato, a maioria das obras hidráulicas
é implantada em conexão com canais de cursos de água naturais, havendo uma estreita
interação entre os critérios de dimensionamento das estruturas e os princípios de governam a
morfologia fluvial. Muitos problemas relacionados com erosões e assoreamentos localizados
podem ser evitados com base nos princípios de equilíbrio fluvial.

O tópico em si apresenta-se bastante avançado, havendo diversas referências bibliográficas


para consulta. Na realidade, o equilíbrio morfodinâmico das calhas fluviais depende da
interação entre a descarga líquida e a descarga sólida, esta representada pelo volume e
granulometria dos sedimentos transportados. Interage também no equilíbrio a declividade
longitudinal do talvegue do curso de água e a geometria da calha fluvial. No presente Item,
estão sendo feitas apenas duas menções de maior relevância, relacionadas à geometria da
calha dos cursos de água e ao equilíbrio dos trechos fluviais estáveis. Como bibliografia básica
para consulta, recomenda-se a publicação do FISRWG (2001), que pode ser obtida pela
Internet, através de download de arquivos.

Inicialmente, deve-se destacar que, sob o aspecto geomorfológico e de geração e transporte


de sedimentos, as bacias hidrográficas apresentam um desenvolvimento entre as cabeceiras e
a foz conforme mostrado na Figura 7.12.1.

Figura 7.12.1 – Gênese e transporte de sedimentos nas bacias hidrográficas.

Os terrenos das cabeceiras apresentam topografia mais íngreme e assim um maior potencial
de produção de sedimentos. O uso inadequado do solo nas partes altas das bacias
hidrográficas pode resultar em focos de erosão, que intensificam o processo natural de geração
de sedimentos (intemperismo natural). O potencial de produção de sedimentos é controlado
pelas condições climáticas, tipos de solos e cobertura vegetal. Na região das cabeceiras, o
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entalhe dos cursos de água é bastante condicionado pelos contornos geológicos, com a rede
de drenagem orientada segundo falhas e estruturas de macroescala. A maioria das obras
hidráulicas em mineração é projetada e construída nessa Zona de Produção de montante das
bacias hidrográficas, sendo que a intensificação dos processos erosivos é controlada pelas
diversas estruturas de contenção de sedimentos.

Na sequência de montante para jusante, as declividades dos terrenos e dos cursos de água
ficam reduzidas, apresentando menor potencial erosivo, mas alta capacidade de transporte dos
sedimentos gerados nas cabeceiras. Essa porção da bacia identifica-se como Zona de
Transporte, já ocorrendo alguns depósitos aluviais e tendências de formação de meandros. Os
cursos de água inseridos nessa área apresentam condições de equilíbrio morfodinâmico,
essencialmente balanceado pelos volumes de sedimentos que entram e saem dos trechos
fluviais.

Finalmente, nas proximidades da foz as declividades ficam bastante reduzidas, caracterizando


uma Zona de Deposição, onde são formados os deltas e os pântanos. A morfologia dessa
zona fica totalmente influenciada pelas condições de contorno de jusante, que são
representadas pelos níveis de água do rio principal (em caso de cursos de água afluentes) ou
pela flutuação das marés, em rios com deságue em estuário.

Por conta dessa característica morfogenética das bacias hidrográficas, resulta que a produção
de sedimentos não aumenta na mesma proporção que a magnitude da área de drenagem, ao
se progredir de montante para jusante, no sentido do perfil longitudinal do curso de água
principal. Assim, ocorre uma redução na taxa produção de sedimentos / área de drenagem
(produção específica, em ton/km².ano ou em m³/km².ano), indicando uma relação típica com a
área de drenagem, conforme mostrado na Figura 5.4.1.

A morfogênese dos cursos de água localizados na Zona de Deposição é bastante dinâmica,


podendo ocorrer mudanças na geometria dos canais em curtos espaços de tempo. As
mudanças dependem das taxas de transporte sólido e das possíveis combinações hidráulicas
de perfis de escoamento do curso de água controlador do nível de base ou do alcance da
influência das ondas e marés.

No que concerne à geometria da calha fluvial, é importante mencionar o conceito de vazão


de margens plenas, que representa a vazão de cheia que preenche totalmente a calha, no
limite de transbordamento. A geometria básica da calha (largura e profundidade) é moldada por
essa vazão, que geralmente corresponde a uma cheia ordinária, com período de retorno da
ordem de 2 a 5 anos. Em trechos de lançamento concentrado de obras de drenagem, pode
ocorrer o aumento da magnitude das enchentes ordinárias e assim causar um desequilíbrio na
calha fluvial, geralmente representado por erosão das margens. Esse problema deve ser
avaliado previamente, podendo ser mitigado pela distribuição dos lançamentos em mais de um
ponto, quando possível. Da geometria da calha fluvial, reproduzida por seções batimétricas,
procede-se à simulação de perfis de escoamento e ao cálculo de curvas-chaves em seções de
interesse, tais como trechos de jusante de bacias de dissipação de energia e de canais de
restituição de sistemas de extravasamento de barragens.
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Em um trecho fluvial de canais entalhados em planícies aluviais, ocorre uma interação


permanente entre as variáveis descarga sólida e descarga líquida, contrabalançando-se em
equilíbrio por meio da declividade do álveo e da gradação do diâmetro mediano do material
transportado no leito. Essa interação, representada esquematicamente na Figura 7.12.2,
resulta em erosão ou assoreamento do leito, sempre que uma das grandezas passa por
alteração brusca. Nessas condições de desequilíbrio, o curso de água tende a retomar o
equilíbrio, por meio do ajuste da declividade ou da granulometria do material do leito.

O equilíbrio ocorre por conta do balanço e conservação de massas, indicando que o volume de
sedimentos que aporta à seção de montante de um trecho fluvial tende a se igualar com o
volume que sai no extremo de jusante, para as condições médias de longo termo. Essas
condições de equilíbrio fluvial, representadas de forma qualitativa pelo esquema da Figura
7.12.2, que traduz a chamada Equação de Lane, podem ser equacionadas pela expressão:

Q L  S 0  Q S  D 50 (7.12.1)

na qual QL é a descarga líquida, QS a descarga sólida, S0 a declividade do álveo e D50 o


diâmetro mediano do material do leito.

Figura 7.12.2 – Representação esquemática da equação de equilíbrio morfodinâmico (Adaptada de


FISRWG, 1998).

A interação dinâmica das grandezas representadas na Figura 7.12.2 modela a geometria das
calhas fluviais, formatando dois leitos distintos de escoamento, conforme esquematizado na
Figura 7.12.3. As vazões de estiagem e as enchentes de menor porte, as chamadas enchentes
ordinárias, escoam confinadas na calha menor, que é apropriada e naturalmente moldada para
essa função. Quando ocorre uma enchente excepcional, de maior porte, ocorre o
transbordamento para a planície de inundação, com as vazões ocupando assim os terrenos
adjacentes à calha menor.
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Figura 7.12.3 – Características da morfologia fluvial dos cursos de água.

A modelação da calha menor para escoar as enchentes ordinárias não ocorre necessariamente
nos cursos de água localizados na Zona de Deposição, onde predomina a ação do controle
hidráulico de jusante. Assim, pode acontecer de uma enchente ordinária transbordar para a
planície de inundação, sob o efeito de remanso do rio de jusante ou da influência das marés.

Qualquer que seja a posição relativa dos rios que escoam pelas planícies aluviais, ao longo
das margens forma-se uma linha de diques naturais, conferindo um contorno peculiar à
geometria da calha menor. Essa linha de cotas mais elevadas em relação aos terrenos da
planície de inundação é denominada diques marginais, que é quebrada somente nas seções
onde entram os cursos de água afluentes ou os canais de ligação com as lagoas adjacentes.

Em qualquer intervenção antrópica ou alteração natural que possa modificar uma das quatro
variáveis da equação de equilíbrio de Lane, instala-se uma nova condição morfodinâmica, na
qual as outras variáveis irão se alterar de maneira a se restabelecer o equilíbrio.

Assim, caso seja instalado um barramento em uma seção de um rio, os níveis de água irão se
elevar, reduzindo a declividade do escoamento. Alterado o equilíbrio, deverá haver deposição
de sedimentos a montante de maneira a se restabelecer a declividade original. Em
contrapartida, a jusante do barramento, devido à redução do volume de sedimento disponível
para ser transportado, deverá se estabelecer um cenário de erosão do leito, formando um leito
mais sinuoso do que o original (CHANG, 1988).

Em outra situação, uma significativa redução da vazão de um curso de água, juntamente com o
material sólido presente no escoamento, também poderá resultar na redução da declividade do
escoamento exigindo que haja deposição no trecho afetado de maneira a restabelecer a
declividade original.

As relações acima descritas são explicadas por Schumm (1969) através das relações
qualitativas apresentadas na sequência.
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Aumento da vazão:

↑Q ~ ↑B ↑D ↑F ↑λ ↓S

Aumento na descarga sólida:

↑Qs ~ ↑B ↓D ↑F ↑λ ↑S ↓P

Redução da vazão:

↓Q ~ ↓B ↓D ↓F ↓λ ↑S

Redução na descarga sólida:

↓Qs ~ ↓B ↑D ↓F ↓λ ↓S ↑P

Vazão e descarga sólida aumentam (exemplo: durante um processo de urbanização):

↑Q ↑Qs ~ ↑B ↑↓D ↑F ↑λ ↑↓S ↓P

Vazão e descarga sólida reduzem (exemplo: a jusante de uma barragem):

↓Q ↓Qs ~ ↓B ↑↓D ↓F ↓λ ↑↓S ↑P

Vazão aumenta e descarga sólida reduz (exemplo: aumento da umidade em uma zona antes
pouco úmida):

↑Q ↓Qs ~ ↑↓B ↑D ↓F ↑↓λ ↓S ↑P

Vazão reduz e descarga sólida aumenta (exemplo: aumento no consumo de água combinado
com aumento da ocupação da bacia):

↓Q ↑Qs ~ ↑↓B ↓D ↑F ↑↓λ ↑S ↓P

As variáveis que figuram nas equações acima são definidas como: Q – descarga líquida; Qs –
descarga sólida; B – largura da calha; D – profundidade; F – raio hidráulico; λ – comprimento
de onda dos meandros; S – declividade; P – sinuosidade.

No esquema da Figura 7.12.1, a Zona de Deposição apresenta-se como um cone de dejeção,


com tendência de formação de depósitos. Para os cursos de água com foz diretamente nos
mares e oceanos, os depósitos ocorrem em forma de leque (delta), normalmente
representando formações recentes. A mesma morfologia ocorre nos pontos de lançamento das
barragens de rejeitos, diferenciando dos cursos de água naturais apenas pela rápido
processamento das mudanças. Os canais fluviais que entalham nessas áreas apresentam
elevada dinâmica morfogenética, passando por alterações e desvios em curtos intervalos de
tempo, dependendo de pulsos naturais ou, nos casos das barragens de rejeitos, de
modificações no fluxo de rejeitos.
CAPÍTULO 8
DEFINIÇÃO DE INDICADORES PARA GESTÃO DE SEGURANÇA

O SGBP – Sistema de Gestão de Barragens e Pilhas foi implantado pela VALE com a
finalidade de manter uma operação segura dessas estruturas em suas Unidades Industriais,
estando calcado em uma série de indicadores, que são associados a faróis de segurança
(VERDE), atenção (AMARELO) e alerta (VERMELHO). Nas áreas das disciplinas de Hidrologia
e Hidráulica, foram fixados os seguintes indicadores, que são detalhados nos itens desse
capítulo: Indicador Hidrológico, Indicador de Capacidade de Água e Indicador de Capacidade
para Rejeitos.

8.1. INDICADOR HIDROLÓGICO

Objetivo

Avaliar a segurança hidrológica da barragem com relação à capacidade de amortecimento de


hidrogramas de cheias no reservatório, a fim de evitar o galgamento do maciço.

A importância desse indicador deve-se ao fato de ocorrer uma perda progressiva dos volumes
de amortecimento de cheias, em razão dos avanços das frentes de assoreamento de rejeitos
ou de sedimentos. Essencialmente, o indicador aplica-se somente para as barragens cujos
reservatórios acomodam avanços progressivos de sedimentos, função da disposição de
rejeitos ou da retenção do material sólido gerado pelas atividades de mineração (Barragem de
Contenção de Rejeito, Barragem de Contenção de Sedimentos e Barragem de Múltiplas
Finalidades, com os níveis operativos notáveis descritos no Item 5.8).

Formulação do Indicador

O resultado do indicador é obtido a partir da aplicação da fórmula:

VDISP
IHD   100 (8.1.1)
VESP

VDISP é o volume disponível para amortecimento de cheias, obtido do levantamento


topobatimétrico atual do reservatório (Item 6.2), e VESP é o volume de espera para
amortecimento de cheias, calculado como critério de projeto, considerando uma
condição limite de assoreamento ou de avanço da praia de rejeito (Subitem 5.7.2).
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

A variável VDISP é calculada a partir do levantamento topobatimétrico atualizado do


reservatório, considerando a parte que fica emersa acima do NA máximo normal. O parâmetro
VESP pode ser obtido da documentação de projeto ou do “como-construído”. Na
impossibilidade de obter informações dos projetos, os estudos e dimensionamentos hidráulicos
e hidrológicos devem ser revisados, seguindo os passos de cálculo da Figura 7.2.

Esquematicamente, a variável VDISP pode ser calculada em conformidade com a indicação da


Figura 6.2.3. Caso os memoriais descritivos e de cálculo do projeto estejam disponíveis, o
parâmetro VESP deve ser obtido da operação simulada do trânsito da cheia de projeto pelo
reservatório, conforme o esquema indicado na Figura 5.7.1.

Metodologia de Cálculo

Reportando-se à Figura 6.2.3, o cálculo da variável VDISP deve ser feito na sequência:

 Obter o levantamento batimétrico do reservatório e a topografia dos depósitos de rejeitos ou


sedimentos;
 Levantar a curva cota-volume e destacar o NA máximo normal (cota da soleira do
vertedouro) e o NA máximo maximorum do reservatório (cota estabelecida em projeto ou
fixada na elevação de 1,00 m abaixo da crista da barragem);
 Calcular a variável VDISP pela diferença entre os volumes correspondentes ao NA máximo
maximorum e NA máximo normal.

A obtenção do parâmetro VESP (Figura 5.7.1) pode ser feita por um dos seguintes procedimentos:

 Obter o relatório de projeto da barragem, especificamente os itens de estudos hidrológicos


e dimensionamentos hidráulicos, destacando-se a curva cota-volume;
 Verificar o tópico referente à simulação do trânsito da cheia de projeto do vertedouro pelo
reservatório (amortecimento de cheia);
 Procedimento 1: caso estejam disponíveis os hidrogramas de cheias afluentes e
defluentes, o parâmetro VESP corresponde à área marcada com o sinal “+” na Figura 5.7.1;
 Procedimento 2: caso a operação simulada de trânsito de cheias esteja apresentada em
forma de tabela, destacar a máxima sobrelevação do nível de água sobre a soleira vertente
(NA máximo maximorum) e obter o respectivo volume na curva cota-volume. O parâmetro
VESP é calculado pela diferença dos volumes correspondentes ao NA máximo maximorum
e NA máximo normal.

Critério de Avaliação

O Indicador Hidrológico HID pode situar-se nos seguintes limites:

 IHD > 1,2: situação de conformidade e segurança hidrológica, correspondente ao farol VERDE;
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

 1,0 < IHD < 1,2: indicação de avanço progressivo do assoreamento e perspectiva de
alcance do limiar de segurança do projeto, levando a uma situação de atenção com farol
AMARELO. Necessidade de planejar o alteamento da barragem ou implantar um vertedouro
adicional;
 IHD < 1,0: situação de alerta com farol VERMELHO, devendo ser adotadas ações de curto
prazo ou acionamento de planos de contingenciamento.

Considerações Adicionais

A condição essencial para garantir a segurança hidrológica das barragens de contenção de


sedimentos ou de disposição de rejeitos é a adoção prévia do critério de projeto que considera
o reservatório parcialmente assoreado para a fixação do parâmetro VESP (Subitem 5.7.2).
Somente nos projetos mais recentes esse critério vem sendo adotado, e assim é provável que
o indicador sempre figure abaixo de 1,2 (um vírgula dois) nos casos das barragens mais
antigas. Essa condição remete para a necessidade imediata de rever o critério de
dimensionamento do vertedouro e os planos de alteamento do maciço, fixando-se uma regra
de operação que garanta a segurança (IHD > 1,2) até a desativação da obra.

O cálculo do indicador IHD somente pode ser feito com base na disponibilidade da
documentação do projeto da barragem, sendo que as informações podem não estar
sintetizadas nos formatos mostrados na Figura 5.7.1. Assim, pelo menos para o cálculo do
parâmetro VESP, pode ser necessário um maior dispêndio inicial de análise, que poderá ser
omitida nas iterações futuras de cálculo do indicador. O cálculo do indicador deverá ser
repetido na frequência em que forem feitos os levantamentos topográficos e batimétricos do
reservatório, sendo recomendada a recorrência de 6 meses. Essa frequência poderá ser
ampliada para prazos maiores, nos casos de reservatórios com grande inércia volumétrica.

Para os casos de existirem reservatórios em cascata, deverá ser verificado se o critério de


dimensionamento dos vertedouros das barragens de jusante incorporou o amortecimento nas
barragens de montante (ver Subitem 5.7.1 – Barragens em Cascata). Em caso afirmativo, a
análise deverá ser integrada, observando se houve redução significativa na capacidade de
amortecimento das barragens de montante, a ponto de interferir na segurança das demais
barragens da cascata. Em caso contrário, de os vertedouros terem sido dimensionados de forma
independente, a análise integrada da cascata poderá indicar um nível de segurança adicional.

8.2. INDICADOR DE CAPACIDADE DE ÁGUA

Objetivo

Avaliar a capacidade de regularização de vazões de estiagem nos reservatórios das barragens


de rejeitos que operam com múltiplas finalidades (Item 5.8). Nessas barragens, a conjugação
do volume disponível abaixo do NA máximo normal para a regularização de vazões e para a
disposição de rejeitos requer uma operação assistida, com avaliação permanente do avanço
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

das frentes de assoreamento, para evitar a perda do volume que suplementa a água
recuperado da polpa do rejeito.

Formulação do Indicador

O resultado do indicador é obtido a partir da aplicação da fórmula:

VU disp
ICA   100 (8.2.1)
VUproj

VUdisp é o volume útil efetivamente disponível, obtido do levantamento batimétrico atual


do reservatório (Item 6.2), e VUproj é o volume útil calculado pelos estudos de
regularização de vazões de estiagem, durante a fase de projeto da barragem (Item 3.9).

A variável VUdisp é calculada a partir do levantamento batimétrico atualizado do reservatório,


considerando o volume disponível entre o NA máximo normal e o NA mínimo operativo. A
fixação do NA mínimo operativo depende das características da estrutura de tomada de água,
podendo variar a cada levantamento batimétrico, função da elevação do fundo do reservatório.
O parâmetro VUproj pode ser obtido dos estudos hidrológicos desenvolvidos na etapa de projeto
conceitual da barragem e nos cálculos de balanço hídrico da Unidade Industrial (Capítulo 4).

Metodologia de Cálculo

Reportando-se às Figuras 6.2.3 e 5.8.4, o cálculo da variável VUdisp deve ser feito na
sequência:

 Obter o levantamento batimétrico do reservatório;

 Levantar a curva cota-volume e destacar o NA máximo normal (cota da soleira do


vertedouro) e o NA mínimo operativo (cota estabelecida com base na colocação de
comportas ensecadeiras nas tomadas de água em torre ou da posição das válvulas de pé
das bombas instaladas em balsas ou flutuadores);
 Calcular a variável VUdisp pela diferença entre os volumes correspondentes ao NA máximo
normal e o NA mínimo operativo.

A obtenção do parâmetro VUproj pode ser feita por um dos seguintes procedimentos:

 Obter o relatório de projeto da barragem, especificamente o item de estudos hidrológicos e


de regularização de vazões de estiagem, destacando-se a curva cota-volume e a curva de
regularização (Figura 3.9.3);
 Verificar nos estudos de balanço hídrico da Unidade Industrial a vazão que deve ser
bombeada do reservatório para atender a demanda. Subtrair dessa vazão o valor da água
liberada pela polpa do rejeito e acrescentar o fluxo residual mínimo que deve ser mantido
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

para jusante, para finalmente obter a vazão a ser regularizada da bacia hidrográfica de
contribuição;
 Determinada a vazão a ser regularizada, utilizar a curva de regularização para obter o valor
do volume útil VUproj.

Critério de Avaliação

O Indicador de Capacidade de Água ICA pode situar-se nos seguintes limites:

 ICA > 1,0: situação de conformidade e segurança hidrológica quanto ao atendimento da


demanda de água da Unidade Industrial, correspondente ao farol VERDE;
 ICA = 1,0: indicação de que o avanço progressivo do assoreamento levou à igualdade VU disp
= VUproj, alcançando assim o limiar de segurança do atendimento da demanda e a
possibilidade de romper o equilíbrio do balanço hídrico, levando a uma situação de atenção
com farol AMARELO. Necessidade de planejar o alteamento da barragem ou definir uma
nova fonte de suprimento de água nova;
 ICA < 1,0: situação de alerta com farol VERMELHO, devendo ser adotadas ações imediatas
de contingenciamento para evitar a falta de água para atendimento da demanda da
Unidade Industrial.

Considerações Adicionais

Quando se classifica uma barragem de rejeitos como de múltiplas finalidades, supõe-se a


alocação de um volume útil de regularização de vazões e o deplecionamento do NA do
reservatório no período de estiagem, indicando assim que a vazão bombeada para o
suprimento de água industrial é superior à água recuperada da polpa do rejeito. Embora o
conceito desse tipo de barragem possa ser facilmente formulado, ainda existem poucos casos
reais de operação com múltiplas finalidades. Em muitos casos, a regularização promovida pelo
reservatório figura como benefício marginal, ao se buscar uma operação que reduza o volume
de água armazenado, visando agregar maior segurança geotécnica ao maciço da barragem.

Entretanto, o aumento da pressão sobre o uso dos recursos hídricos nas Áreas de
Abrangência das Unidades Industriais pode resultar na necessidade crescente de alterar o
critério de operação das barragens de rejeitos, incluindo a alocação de volume útil para
regularização de vazões de estiagem.

8.3. INDICADOR DE CAPACIDADE PARA REJEITO

Objetivo

Avaliar o tempo de vida útil restante para o reservatório de uma barragem de disposição de
rejeito, sendo importante na decisão de alteamento do maciço, considerando o tempo
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necessário para a execução de projetos, contratação da obra e cumprimento dos processos de


licenciamento ambiental.

Formulação do Indicador

O resultado do indicador é obtido da aplicação da fórmula:

VR disp
ICR  (8.3.1)
TDR anual

VRdisp é o volume disponível (m³) abaixo do NA máximo norma para a disposição de


rejeitos, obtido do levantamento batimétrico atual do reservatório, já descontado o valor
do volume útil VU, caso do reservatório opere com múltiplas finalidades. TDR anual é a
taxa de disposição de rejeitos anual (m³/ano), sem considerar o adensamento no interior
do reservatório. O indicador ICR é dado na unidade anos.

O volume anual de polpa de rejeitos deve ser calculado com base em medições locais ou a
partir de dados de produção da Usina de Beneficiamento, considerando a média dos últimos 12
meses.

Metodologia de Cálculo

Reportando-se às Figuras 5.8.2 a 5.8.4 e 6.2.1 a 6.2.3, o cálculo da variável VR disp deve ser
feito na sequência:

 Obter o levantamento batimétrico do reservatório e topográfico da parte emersa do rejeito;

 Levantar a curva cota-volume e destacar o NA máximo normal (cota da soleira do


vertedouro;
 Calcular o volume total disponível abaixo do NA máximo normal, descontando o valor do VU
(volume útil de regularização de vazões) se a barragem operar com múltiplas finalidades;
 Calcular o volume passível de ser armazenado acima do NA máximo normal, considerando
o perfil de deposição do rejeito e os limites fixados para amortecimento de cheias (Figura
5.7.4);
 Calcular a variável VRdisp pela soma entre os volumes determinados nos passos anteriores.

Critério de Avaliação

O Indicador de Capacidade de Água ICR pode situar-se nos seguintes limites:

 ICR > 3 anos: situação de conformidade e segurança no tempo disponível para a


disposição de rejeitos, correspondente ao farol VERDE;
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 ICR   2,3 anos: indicação de que o tempo hábil para as providências necessárias à obra
de alteamento da barragem encontra-se no limiar do esgotamento, considerando todas as
atividades de projeto, contratação da obra e licenciamentos ambientais, levando a uma
situação de atenção com farol AMARELO. Necessidade de planejar imediatamente o
alteamento da barragem ou definir um novo local para a disposição de rejeitos;
 ICR < 2 anos: situação de alerta com farol VERMELHO, devendo ser adotadas ações
imediatas de contingenciamento para a disposição dos rejeitos.
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CAPÍTULO 9
ESTUDOS E DIMENSIONAMENTOS NAS ETAPAS DE VIDA ÚTIL

Os estudos e projetos desenvolvidos atualmente pela VALE, envolvendo temas relacionados à


Engenharia de Recursos Hídricos, podem estar incluídos em uma das seguintes etapas, que
na realidade se apresentam em ordem cronológica de execução:

1. Estudos Preliminares de Gestão Ambiental e Territorial (GAT), elaborados com a


finalidade de avaliação da capacidade de suporte dos empreendimentos da empresa, por
meio do levantamento e análise das fragilidades e facilidades existentes na região.

2. Projetos Conceituais e estudos básicos para Análise de Alternativas, abrangendo a


locação de eixos de barragens, de obras de captação e esquemas de drenagem de cavas e
pilhas.

3. Estudos de Viabilidade de alternativas, pontuando as vantagens técnicas e econômicas


das soluções, com vistas à seleção das configurações que serão detalhadas em etapas
posteriores de projeto.

4. Projeto Básico das alternativas selecionadas na etapa de viabilidade.

5. Construção e Projeto Executivo, com acompanhamento das obras e elaboração de


desenhos as built.

6. Operação das estruturas e obras hidráulicas construídas, dentro do horizonte de vida útil
do empreendimento.

7. Desativação, compreendendo a etapa final de vida útil, com encerramento da utilidade da


estrutura.

9.1. ESTUDOS PRELIMINARES DE GESTÃO AMBIENTAL E TERRITORIAL (GAT)

Para a composição do tema recurso água nas análises do GAT, são elaborados estudos
hidrológicos de qualificação e quantificação preliminar do regime dos cursos de água na região
de interesse, envolvendo determinação de vazões características médias e mínimas.
Basicamente, são empregadas metodologias de regionalização hidrológica, utilizando a base
de dados das estações fluviométricas disponíveis ou registros de monitoramento nas Unidades
Industriais.

Os seguintes passos de cálculo podem ser aplicados:

 Definição da bacia hidrográfica de interesse, geralmente cobrindo uma extensão maior que
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a Região de Abrangência de cada Unidade Industrial. Destaca-se que os estudos do GAT


são aplicados para uma determinada bacia hidrográfica, abrangendo mais de uma Unidade
Industrial;
 Seleção dos dados básicos disponíveis, segundo o elenco discriminado no Item 3.1 (dados
da Unidade Industrial, cartografia, pluviometria, fluviometria, climatologia, legislação
ambiental, planos de bacias e estudos anteriores);
 Definição das seções de referência para a avaliação de ofertas hídricas;

 Estabelecimento de séries de vazões médias mensais nas estações fluviométricas


selecionadas (Item 3.5);
 Para as séries de vazões homogeneizadas nas estações fluviométricas, determinar as
características do regime hidrológico médio (Item 3.6), do regime hidrológico de estiagem
(Item 3.7) e de regularização de vazões de estiagem (Item 3.9);
 Aplicar metodologias de regionalização hidrológica (Item 3.11) para a transferência das
características de regime para as seções de referência;
 Proceder à avaliação das ofertas hídricas nas estações fluviométricas selecionadas e nas
seções de referência (Item 3.10);
 Determinar as demandas e consumos efetivos de água nas Unidades Industriais,
empregando os critérios apresentados no Capítulo 4;
 Elaborar o diagnóstico do uso da água nas Unidades Industriais, com base no cotejo entre
os consumos e as ofertas hídricas.

Os estudos demandados pelo GAT não envolvem dimensionamentos de estruturas hidráulicas.

9.2. PROJETO CONCEITUAL E ANÁLISE DE ALTERNATIVAS

O Projeto Conceitual envolve a etapa preliminar do dimensionamento de uma obra, em geral


em uma fase que possibilita a análise de mais de uma solução, compondo um elenco de
alternativas. Nessa etapa, praticamente se esgotam as aplicações de estudos e
dimensionamentos hidrológicos, avançando-se preliminarmente nos dimensionamentos
hidráulicos.

Os projetos de captação de água envolvem a seleção de um manancial e o dimensionamento


de linhas adutoras e estações elevatórias, seguindo os passos de cálculo:

 Definir as demandas a serem atendidas e as vazões de captação;

 Com base nos preceitos da legislação de regulamentação de outorga para uso de água,
definir o conceito a ser aplicado para o cálculo do fluxo residual mínimo para jusante;
 Aplicar os passos de cálculo recomendados no Item 9.1, até o ponto de definir curvas
regionais de vazões médias e mínimas e de características de regularização de vazões de
estiagem;
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 Selecionar eixos que tenham viabilidade técnica para a implantação das obras de captação,
podendo abranger aproveitamentos a fio-d’água ou com reservatório de regularização;
 Executar visitas de inspeção de campo aos eixos selecionados, para observação de
aspectos locais relacionados à topografia, geologia e restrições ambientais;
 Para cada eixo selecionado de captação a fio-d’água, determinar as vazões características
mínimas para o cálculo do fluxo residual mínimo para jusante e cotejo com a demanda a ser
atendida (Item 5.1);
 Para cada eixo selecionado de reservatório de regularização, determinar os volumes úteis
(Item 5.2) e mortos (Item 5.4) e aplicar os passos de cálculo de projeto conceitual de
barragem, descritos mais adiante nesse Item;
 Elaborar o dimensionamento hidráulico preliminar das obras de recalque e adução,
prevendo-se diâmetros e comprimentos de adutoras, dispositivos de segurança e potência
de bombas.

Os projetos de drenagem de cavas e pilhas envolvem o traçado preliminar da rede de


estruturas de condução de água, seguindo os passos de cálculo:

 Obter e lançar em planta cartográfica os arranjos das estruturas de cavas e pilhas;

 Identificar e destacar a rede hidrográfica natural na área de implantação das obras, para
identificação de pontos de lançamentos e de implantação de barragens de contenção de
sedimentos (Item 5.4);
 Lançar em planta o traçado conceitual dos elementos da rede de drenagem, destacando
por convenções de traços diferenciados as estruturas de canaletas de berma, descidas de
água, canais periféricos, caixas de passagem e bacias de dissipação de energia (Item
5.12);
 Delimitar as bacias de contribuição e calcular as vazões de projeto (Item 5.12 e Figura
5.12.2);
 Apresentar seções típicas de cada estrutura hidráulica componente;

 Elaborar o dimensionamento hidráulico preliminar das estruturas, podendo aplicar em larga


escala os conceitos de escoamento em regime uniforme e de controle hidráulico de
estruturas isoladas (Item 7.1).

Nos projetos de barragens, para quaisquer finalidades, também são esgotadas as aplicações
de dimensionamento hidrológico, avançando-se nos dimensionamentos hidráulicos até o ponto
de indicar elementos básicos da dimensão das obras, em uma análise conjunta de seleção de
eixos. Os seguintes passos de cálculo são recomendados:

 Cálculo das relações cota-área e cota-volume dos eixos selecionados, podendo-se


empregar cartografia IBGE ou SGE. Recomenda-se, sempre que possível, a utilização de
plantas de restituição aerofotogramétrica para o dimensionamento da bacia hidráulica do
reservatório;
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

 Aplicar os passos de cálculo recomendados no Item 9.1, até o ponto de definir curvas
regionais de vazões médias e mínimas e de características de regularização de vazões de
estiagem;
 Definir as etapas de alteamento, para o caso de barragens de rejeitos;

 Para cada eixo selecionado, calcular os elementos do dimensionamento hidrológico


(volume útil, volume útil, volume para contenção de sedimentos), apresentados nos Itens
5.2, 5.3 e 5.4;
 Calcular os hidrogramas das cheias de projeto do vertedouro e das obras de desvio (Item
5.6);
 Calcular os volumes para amortecimento de cheias (Item 5.7);

 Definir os níveis operativos notáveis (Item 5.8) e fixar a cota de coroamento do maciço da
barragem, adotando-se uma borda livre padrão de 1,00 m;
 Proceder ao dimensionamento preliminar do sistema de extravasamento, basicamente a
dimensão e tipo da seção de controle (soleira vertente ou sistema poço-galeria).

9.3. ESTUDOS DE VIABILIDADE

Os Estudos de Viabilidade são elaborados como uma extensão do Projeto Conceitual,


direcionados para a definição da alternativa de projeto que será efetivamente implantada. Para
tanto, são feitos alguns detalhamentos nos desenhos de projeto, suficientes para a montagem
de planilhas de quantitativos e custos.

Os indicadores de viabilidade devem ser dados por vários elementos, destacando-se os


seguintes:

 Capacidade de atendimento à finalidade pretendida para a obra, à luz do cotejo com o


regime hidrológico do curso de água;
 Avaliação prospectiva de impactos ambientais;

 Análise custo-benefício, distinguindo-se os custos de implantação da obra (CAPEX) e de


operação (OPEX);
 Avaliação prospectiva dos custos de desativação da obra.

9.4. PROJETO BÁSICO

Na elaboração do Projeto Básico, pressupõe-se o cumprimento das etapas de Projeto


Conceitual e de Estudos de Viabilidade, concentrando-se os dimensionamentos sobre a
alternativa selecionada para construção. Os seguintes procedimentos devem ser adotados:

 Levantamento topográfico detalhado dos locais de implantação das obras, bem como
traçado de seções batimétricas nos locais de restituição de vazões à rede hidrográfica
natural (Item 6.1);
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

 Para o caso de projeto de barragens, proceder ao cálculo detalhado da bacia hidráulica do


reservatório, com base em levantamento topográfico específico ou planta de restituição
aerofogramétrica com equidistância de 1 m ou 2 m entre curvas de nível;
 Revisão dos dimensionamentos hidrológicos, em um processo iterativo com o detalhamento
do dimensionamento hidráulico e de arranjo geral da obra. Esse procedimento aplica-se
para o caso do cálculo da cheia de projeto dos vertedouros, com base no maior
detalhamento da geometria do reservatório e das restrições impostas por outras disciplinas,
tais como geotecnia e materiais de construção;
 Detalhamento do dimensionamento hidráulico, compondo as conexões das estruturas e
testando o desempenho para a condição de escoamento em regime permanente e variado;
 Elaboração de desenhos de arranjo geral e cortes típicos com amarração planialtimétrica;

 Elaboração dos desenhos de formas das estruturas hidráulicas;

 Para o caso de projeto de barragens, proceder ao cálculo detalhado da borda livre,


incorporando a geometria do espelho de água do reservatório e a previsão de arrebentação
de ondas eólicas (Item 5.9);
 Avaliar as condições de equilíbrio morfodinâmico das calhas fluviais nos pontos de
lançamento, com base nos conceitos apresentados no Item 7.12, dimensionando as obras
de contenção indicadas.

9.5. CONSTRUÇÃO E PROJETO EXECUTIVO

Nas etapas de Construção e Projeto Executivo, praticamente não há envolvimento das


atividades de dimensionamentos hidrológicos e hidráulicos, que representam ações típicas das
fases de Projeto Conceitual e de Projeto Básico.

Recomenda-se o acompanhamento de um profissional ligado ao dimensionamento hidráulico,


para efeito de corrigir eventuais ajustes exigidos por imprevistos que surgem durante a
implantação da obra. Especialmente na construção de barragens, devem ser observados os
seguintes aspectos:

 Implantação de órgãos de extravasamento com a geometria exata indicada nos desenhos


de Projeto Básico;
 Conferência das declividades de implantação de canais, quando o número de Froude indica
escoamentos no limiar da condição crítica (número de Froude próximo de 1,0);
 Verificação das condições topográficas nos trechos dos canais de restituição de vazões aos
leitos naturais dos cursos de água;
 Verificação das condições de afogamento das alturas conjugadas das bacias de dissipação
de energia.
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9.6. OPERAÇÃO

Na fase de Operação das obras hidráulicas, a atividade mais importante relaciona-se com o
monitoramento hidrométrico dos cursos de água e das estruturas hidráulicas. Recomendam-se
as seguintes ações permanentes de operação:

 Acompanhamento da recessão dos ramos de estiagem dos fluviogramas (Item 3.7), com
vistas à elaboração de previsões de vazões afluentes a captações a fio-d’água ou a
reservatórios de regularização;
 Elaboração de balanço hídrico de reservatórios, para cálculo de vazões afluentes e
defluentes, conforme as diretrizes contidas no Item 4.3;
 Execução de levantamentos batimétricos rotineiros nos reservatórios das barragens de
rejeitos e de contenção de sedimentos, para cálculo dos indicadores do SGBP (Capítulo 8).

Na etapa de operação de uma obra hidráulica, é importante a aplicação dos preceitos contidos
no SISGERH – Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos, desenvolvido especialmente
para implantação nas Unidades Industriais da VALE.

9.7. DESATIVAÇÃO

Os critérios de dimensionamento hidrológico e hidráulico para a fase de Desativação das obras


hidráulicas ainda não estão perfeitamente definidos, em razão das demandas relativamente
recentes para esse tipo de ação. O próprio conceito de desativação ainda não está totalmente
especificado, com as considerações de abandono total das estruturas ou de formatação de um
passivo permanente de acompanhamento operativo.

Para alguns tipos de obras, tais como captações a fio-d’água, pode-se prever o desmonte e
demolição total das estruturas, visto que as interferências com a morfologia dos cursos de água
e características físicas das bacias hidrográficas são de pequena monta.

Para as obras de drenagem de pilhas, a desativação das estruturas está relacionada ao plano
de revegetação dos taludes e bermas. Para as pilhas implantadas em talvegues, que
demandaram a implantação de canais de desvio do fluxo natural do vale, devem ser adotados
procedimentos especiais, uma vez que será impossível restituir as condições naturais de
escoamento. Deve-se considerar que as estruturas implantadas apresentam uma vida útil
determinada, em função do desgaste natural dos materiais empregados.

Para a desativação das obras de barragens, a fixação de critérios deverá considerar os


seguintes condicionantes:

 Definição do estado final de assoreamento do reservatório, com avanço total da praia até a
soleira do vertedouro ou a alocação de reservatório em frente ao vertedouro;
 Incorporação do efeito de amortecimento do reservatório assoreado, empregando modelos
hidrodinâmicos de simulação de trânsito de cheias (Subitem 5.6.12).
CAPÍTULO 10
APRESENTAÇÃO DE MEMORIAIS DESCRITIVOS E DE CÁLCULO

No presente capítulo, discorre-se sobre uma itemização básica para a montagem dos relatórios
relacionados aos estudos hidrológicos e dimensionamentos hidráulicos aplicados às obras de
mineração. Os relatórios devem constar de memoriais descritivos e de cálculo dos estudos e
dimensionamentos realizados. Os roteiros e recomendações dados a seguir têm como
finalidade a padronização dos textos, com a ideia focal de facilitar as análises por parte dos
contratantes e gerentes das Unidades Industriais.

Como conceito geral, o memorial descritivo contido nos relatórios deve apresentar os estudos
de forma objetiva, procurando-se evitar a explicação de metodologias que já são consagradas
e que podem ser facilmente encontradas na bibliografia pertinente. As figuras, gráficos e
documentações fotográficas devem ser limitadas a exemplos tipo, devendo ser remetidos para
anexos, quando em reprodução repetitiva. Assim, os anexos aos relatórios, que podem
também ser constituídos de volumes especiais, se em grande quantidade que dificulte o
manuseio dos textos, devem conter os seguintes tópicos:

 Memória de Cálculo, que pode ser manuscrita ou mesclada com textos digitalizados,
contendo o roteiro dos cálculos efetuados e cópias de croquis de estruturas hidráulicas
padronizadas;
 Saídas Numéricas e Gráficas de Modelos Computacionais, com os impressos padrões
dos arquivos de saída dos modelos. Esse tipo de informação deve ser evitado, sempre que
possível, nos casos onde essa informação não for de relevância para a análise do relatório.
Também se deve evitar a colagem direta de saídas gráficas dos modelos como figuras nos
textos do memorial descritivo, optando-se por gráficos mais resumidos editados no utilitário
Excel.
 Documentação Fotográfica, contendo detalhes mais minuciosos dos levantamentos de
campo, que se tornariam exaustivos no texto do relatório de memorial descritivo;
 Levantamentos de Campo, quando feitos exclusivamente para o serviço em tela, não se
constituindo em base de dados fornecida de trabalhos anteriores. Incluem-se nesses
levantamentos as topografias de detalhes para a implantação de obras hidráulicas, o
traçado de seções batimétricas, os nivelamentos de RNs (referências de nível), a
implantação de marcos topográficos e as fichas descritivas de implantação de medidores de
vazões ou de estações fluviométricas.

O memorial descritivo completo de um relatório relacionado ao dimensionamento de uma obra


hidráulica deve conter os seguintes capítulos principais:
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

 Introdução: apresentação da finalidade do estudo, estrutura básica de desenvolvimento


(estudos básicos seguidos dos dimensionamentos hidrológicos e hidráulicos), indicação do
nível de desenvolvimento do projeto (estudo e projeto conceitual, estudos de viabilidade,
projeto básico, verificação de desempenho operativo de estrutura existente), sequência de
apresentação dos capítulos, tipos de informações contidas nos anexos;
 Caracterização do Problema: descrição do problema a ser resolvido, apresentação dos
procedimentos metodológicos que serão aplicados para a solução do problema;
 Informações Básicas: relação dos dados básicos que foram utilizados (cartografia,
fluviometria, pluviometria, climatologia, estudos anteriores, visitas de inspeção ao campo,
legislação pertinente);
 Metodologia, Premissas e Condicionantes: apresentação da sequência metodológica
aplicada, indicação de bibliografia e manuais de referência, premissas de projeto e
condicionantes (informações que dão condições de contorno para a solução do problema,
dadas por características físicas, imposições de outras disciplinas, restrições operativas);
 Estudos Hidrológicos Básicos: geralmente desenvolvidos para o cálculo de cheias de
projeto, determinação de volumes de armazenamento, fixação de níveis operativos notáveis
de reservatórios. Em algumas aplicações, os estudos confundem-se com o
dimensionamento hidrológico, como no caso da operação simulada do trânsito de cheias
para a determinação da largura das soleiras vertentes;
 Concepção da Obra: apresentação de alternativas de implantação da obra ou interação
com as áreas de projeto que produzem os desenhos básicos de arranjo geral e cortes
típicos.
 Dimensionamento Hidráulico: apresentação dos critérios de dimensionamento da obra
hidráulica, destacando a sequência de cálculo, as verificações dos perfis de escoamento e
a conexão das peças das estruturas componentes;
 Comentários Finais: conclusões principais, recomendações para eventuais fases
posteriores de projeto ou de implantação das obras, indicação de cuidados especiais,
destaque dos critérios e condicionantes mais impositivos;
 Anexos: memória de cálculo, documentação fotográfica, saídas numéricas e gráficas de
modelos computacionais, levantamentos de campo.

Ainda para efeito de padronização, recomendam-se as representações numéricas abaixo para


algumas variáveis hidráulicas e hidrológicas:

 Vazão: para a variável expressa em m³/s,

- vazão Q < 1 adotar 3 algarismos decimais depois da vírgula: Ex. 0,248 m³/s,
- vazão 1 ≤ Q < 10 adotar 2 algarismos decimais depois da vírgula: Ex. 2,48 m³/s,
- vazão 10 ≤ Q < 100 adotar 1 algarismo decimal depois da vírgula: Ex. 24,8 m³/s,
- vazão Q ≥ 100 sem algarismo decimal depois da vírgula: Ex. 248 m³/s ou 2480 m³/s.
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

 Precipitação: para a grandeza altura expressa em mm, adotar 1 algarismo decimal depois
da vírgula para os valores com duração de até 30 dias (Ex. 24,8 mm para a chuva ocorrida
em 1 dia) e sem algarismo decimal para totais mensais ou anuais (Ex. 248 mm para o total
mensal).

 Profundidades de perfis de escoamento ou cotas altimétricas: como as precisões dos


cálculos e dos dispositivos de leitura é da ordem de centímetros, as grandezas devem ser
dadas em metros, com 2 casas decimais (Ex. El. 258,60 m para o NA máximo normal ou
profundidade y = 2,59 m para o escoamento).
CAPÍTULO 11
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração do presente Documento foi motivada pela pouca disponibilidade de compêndios


específicos abordando o dimensionamento das obras hidráulicas, especialmente no que
concerne à interação existente entre os conceitos das disciplinas Hidrologia e Hidráulica,
permeado pelos levantamentos de campo necessários. No caso da mineração, as
peculiaridades inerentes ao arranjo das obras impõem algumas condições de contorno não
convencionais, levando o projetista a prover adequações segundo critérios empíricos de cada
empresa, resultando na aplicação de métodos não padronizados e até mesmo não pertinentes
em algumas situações. Assim, com o presente trabalho procurou-se desenvolver diretrizes
básicas para o dimensionamento das obras hidráulicas em mineração, na tentativa de
estabelecer alguma padronização de procedimentos, incorporando as peculiaridades
encontradas no campo, com os conceitos modernos da Hidrologia e Hidráulica.

Embora voltado para aplicações em projetos de mineração, os critérios apresentados podem


ser generalizados para outros tipos de obras, tais como sistemas de drenagem urbana e
dimensionamento de obras de infraestrutura hídrica em sistemas de saneamento e de
irrigação. Considerando que muitas das adequações metodológicas apresentadas ainda não
foram objeto de pesquisa científica no Brasil, o Documento fica aberto para futuras revisões,
principalmente aguardando opiniões dos usuários. Quaisquer comentários ou sugestões que
possam ser feitos sobre o Documento serão pertinentes, para efeito de aperfeiçoamentos dos
critérios e emissão de revisões.

Salienta-se também que a utilização desse Documento pressupõe um conhecimento básico de


Hidrologia e Hidráulica por parte do leitor, pois não houve a pretensão de aprofundar os
conceitos dessas disciplinas. Sempre que havia a necessidade de se reportar a um tópico
específico das disciplinas básicas, foi feita remissão a uma referência bibliográfica.

Alguns aspectos abordados no Documento requerem pesquisas acadêmicas avançadas, com o


intuito de ratificar as constatações empíricas que suportaram o estabelecimento de critérios. Os
seguintes aspectos devem ser destacados:

 Estabelecimento de valores realísticos para a PMP – Precipitação Máxima Provável


pontual, para aplicação em bacias hidrográficas com áreas de drenagem de pequena
magnitude;
 Definição de métodos de cálculo de cheias de projeto condizentes com a realidade das
bacias hidrográficas que apresentam baixos índices de escoamento superficial, indicando a
existência de altas taxas de abstração das precipitações através da interceptação e da
infiltração;
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

 Identificação da duração crítica da chuva a ser aplicada nos métodos de cálculo indireto de
cheias de projeto;
 Estabelecimento de critérios para o dimensionamento de sistemas de extravasamento de
barragens após a desativação da obra, especificamente focado na análise prospectiva da
morfologia do reservatório e nas hipóteses para a simulação do trânsito da cheia de projeto;
 Modelação física em laboratório das estruturas hidráulicas peculiares adotadas no
dimensionamento das obras de mineração, tais como sistema de extravasamento tipo poço-
galeria, revestimento de fossas a jusante de bacias de dissipação tipo salto de esqui e
descidas de água em taludes íngremes de cavas de minas.

Para cada tipo de obra hidráulica, procurou-se apresentar uma sequência de passos de
dimensionamento, no intuito de reduzir muitos equívocos que ocorrem nos projetos, quando se
aplicam fórmulas convencionais sem a devida análise do funcionamento da obra. Atualmente,
percebe-se que os erros de projeto estão aumentando na mesma proporção em que se
evoluem as ferramentas computacionais. Cuidados especiais devem ser tomados na utilização
dos levantamentos topográficos digitalizados e na aplicação dos modelos de simulação
hidrológica e hidráulica, que possuem rotinas sugestivas de inteligência artificial, quando, na
realidade, devem ser manuseados com todo critério pelo engenheiro projetista.

Os critérios apresentados recomendam firmemente ao projetista que o dimensionamento final


deva ser precedido de desenhos esquemáticos da obra e de análise cuidadosa dos
condicionantes e premissas de projeto. Também fica ressaltada a importância da apresentação
das memórias de cálculo e de se adotar uma padronização para apresentar os relatórios dos
estudos executados.
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

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ANEXO
ESTUDOS DE CHUVAS INTENSAS NA ÁREA DE
ABRANGÊNCIA DA DIFL – DIRETORIA DE FERROSOS SUL –
E DIFS – DIRETORIA DE FERROSOS SUDESTE – MG

AI. DEFINIÇÃO DAS RELAÇÕES IDF – INTENSIDADE-DURAÇÃO-


FREQUÊNCIA DAS PRECIPITAÇÕES

AI.1. INTRODUÇÃO

A motivação central deste trabalho advém da necessidade de padronização dos critérios


aplicados à elaboração de estudos de chuvas intensas na área de abrangência da DIFL e
DIFS, que fornecem subsídios para os projetos de diversas obras hidráulicas. Atualmente, a
Vale se depara com a diversidade de critérios adotados pelas empresas projetistas para estes
estudos, o que resulta em relações IDF distintas, calculadas para um mesmo local ou para
locais muito próximos.

Entretanto, pode-se afirmar que, via de regra, isto não se deve a uma efetiva alteração do
regime pluviométrico local, o que afetaria as magnitudes e a frequência de ocorrência das
precipitações. Ao contrário, decorre de uma série de fatores, tais como: emprego da técnica
clássica de análise de frequência local de variáveis hidrológicas, subjetividades existentes na
escolha da estação pluviométrica e na construção das amostras (em geral, de tamanho
reduzido), adoção de critérios variados para a seleção da distribuição de probabilidades,
utilização de metodologias distintas para a estimação dos parâmetros desta distribuição,
oscilações amostrais inerentes às séries históricas, dentre outras incertezas estatísticas.

Diante deste cenário, o presente trabalho busca apresentar um estudo de chuvas intensas
regional, que permita a definição das relações IDF em toda a área de abrangência da DIFL e
DIFS. O intuito é padronizar os critérios adotados para o cálculo das precipitações de projeto
naquela área, proporcionando maior coerência no dimensionamento de estruturas hidráulicas
em cascata, uniformizando parte dos critérios empregados nas avaliações de segurança de
barragens, agilizando a análise e discussão dos projetos pelas equipes internas da Vale e
facilitando a montagem de termos de referência para a contratação de serviços.

AI.2. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O presente estudo de chuvas intensas tem como foco os complexos minerários situados na
área de abrangência da DIFL e DIFS, inseridos no quadrilátero delimitado pelos paralelos
20°28’42” e 19°00’08” de latitude Sul e os meridianos 44°09’36” e 43°09’47” de longitude
Oeste, na mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, tal como
ilustra a Figura AI.2.1.
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Figura AI.2.1 – Localização geral das unidades operacionais e projetos de expansão na área de
abrangência da DIFL e DIFS.
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Os complexos minerários da DIFL são: o Complexo Itabiritos, que inclui as Minas Fábrica,
Sapecado, Pico e Galinheiro; o Complexo Vargem Grande, que abrange as Minas Abóboras,
Andaime, Capitão do Mato e Tamanduá; o Complexo Paraopeba, constituído pelas Minas Mar
Azul, Capão Xavier, Mutuca, Córrego do Feijão e Jangada; além das Minas Águas Claras e
Córrego do Meio. Os complexos minerários da DIFS são: o Complexo Itabira, que inclui as
Minas Conceição, Cauê e Minas do Meio (Chacrinha, Onça-Esmeril, Dois Córregos, Periquito);
o Complexo Minas Centrais, que abrange as Minas Brucutu, Água Limpa e Gongo Soco e os
projetos Apolo, Baú e Dois Irmãos; o Complexo Mariana, constituído pelas Minas Timbopeba,
Fábrica Nova, Alegria e Fazendão e os projetos Itabiritos Mariana e Conta História; o Complexo
Serra Geral, onde está situada a Mina Alegria Oeste; além do projeto Serra da Serpentina.

Os complexos minerários de interesse estão inseridos nos seguintes municípios: Barão de


Cocais, Belo Horizonte, Belo Vale, Brumadinho, Caeté, Carmésia, Catas Altas, Conceição do
Mato Dentro, Congonhas, Dom Joaquim, Itabira, Itabirito, Mariana, Mário Campos, Nova Lima,
Ouro Preto, Raposos, Rio Acima, Rio Piracicaba, Sabará, Santa Bárbara, São Gonçalo do Rio
Abaixo e Sarzedo. A Figura AI.2.1 indica o posicionamento das unidades operacionais e
projetos futuros de expansão em relação aos municípios locais.

AI.3. CARACTERIZAÇÃO CLIMATOLÓGICA

Segundo a publicação Climatologia do Brasil (Nimer, 1979), o clima de uma determinada região
é fortemente influenciado pelo mecanismo de circulação atmosférica, que age em interação
com os aspectos de relevo, latitude, continentalidade ou maritimidade, que por sua vez inclui o
efeito das correntes marítimas.

Durante todo o ano nas regiões tropicais do Brasil, à exceção do oeste da Amazônia, sopram
frequentemente ventos de E a NE, oriundos das altas pressões subtropicais, ou seja, do
anticiclone semifixo do Atlântico Sul, ou ventos de componente variável de ocasionais núcleos
de alta do inferior. Esta massa de ar tropical (anticiclone do Atlântico) possui temperaturas mais
ou menos elevadas, fornecidas pela intensa radiação solar e telúrica das latitudes tropicais, e
forte umidade específica, fornecida pela intensa evaporação marítima. Entretanto, devido à sua
constante subsidência superior e consequente inversão de temperatura, sua umidade é
limitada à camada superficial, o que lhe dá um caráter de homogeneidade e estabilidade. O
domínio deste anticiclone mantém a estabilidade do tempo (que permanece ensolarado e com
pouca nebulosidade), interrompida somente com a chegada de correntes perturbadas,
responsáveis por instabilidades e bruscas mudanças de tempo, geralmente acompanhadas de
chuvas.

De acordo com Nimer (1979), a região Sudeste sofre a influência de três tipos de correntes
perturbadas, ilustradas na Figura AI.3.1 e descritas a seguir:

 Correntes perturbadas de S: representadas pela invasão dos anticiclones polares, que


periodicamente atingem o continente sul-americano com ventos de W a SW nas latitudes
altas e médias, mas adquirindo, frequentemente, a direção S a SE nas latitudes tropicais da
região Sudeste do Brasil. Em sua origem, estes anticiclones possuem forte inversão de
temperatura e o ar é muito seco, frio e estável. Porém, em sua trajetória, eles absorvem
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calor e umidade colhidos da superfície quente do mar, aumentados à medida que


caminham em direção aos trópicos. Já nas latitudes médias, a inversão desaparece e o ar
polar marítimo torna-se instável. Com esta estrutura e propriedades o anticiclone polar
invade o continente sul-americano entre dois centros de alta pressão, o do Pacífico e o do
Atlântico, segundo duas trajetórias distintas: uma a oeste dos Andes e outra a leste dessa
cordilheira. Em virtude da maior pressão sobre o Pacífico do que sobre o continente, a
primeira trajetória é pouco frequentada, embora seja percorrida regularmente pela alta polar
no inverno, circunstância em que as precipitações pluviométricas são pouco expressivas. A
segunda trajetória é bem mais frequentada no verão, quando o maior aquecimento do
hemisfério Sul favorece um declínio geral da pressão, principalmente sobre o continente. A
frente polar (FP), geralmente com menos energia nesta época do ano, raramente consegue
percorrer a trajetória do Pacífico e galgar a cordilheira andina nas latitudes médias,
transpondo-a pelo extremo sul do continente e sofrendo um ligeiro estacionamento, durante
o qual a FP adquire a orientação NW-SE. Aí, em contato com a convergência do centro de
baixa pressão do interior, ao alcançar a região do Chaco, a FP dissipa-se ou recua como
frente quente. Enquanto isso, o anticiclone polar que caminhava sobre o continente na
altura do Uruguai, é desviado para o litoral do Brasil, mantendo a frente fria em progressão
para NE pela rota marítima, atingindo, na maioria das vezes, apenas as áreas continentais
do litoral ou próximas a ele. Ao atingir a região Sudeste, a FP não possui, geralmente,
energia suficiente para se manter em constante frontogênese (avanço), estabelecendo-se
então o equilíbrio dinâmico entre a alta do Atlântico Sul e a alta polar. Nesta situação,
condicionada pela maré barométrica, a FP permanece semi-estacionária sobre a região
Sudeste durante 2 a 3 dias, após o que ela pode evoluir por diferentes estágios, desde sua
dissipação até sucessivos avanços e recuos acompanhados de chuvas diárias que podem
durar mais de 10 dias, para finalmente se dissipar com o desaparecimento da alta polar. É,
portanto, a segunda trajetória a principal responsável pela abundante precipitação na região
Sudeste e pelos intensos aguaceiros que ocorrem com muita frequência no verão, nas
áreas serranas e suas proximidades.

 Correntes perturbadas de W: representadas por ventos de W a NW, que regularmente


invadem a região Sudeste entre meados da primavera e meados do outono, trazidos por
linhas de instabilidade tropicais (IT). No seio de uma linha de IT, o ar, em convergência
dinâmica, acarreta geralmente chuvas e trovoadas, por vezes granizo e ventos moderados
a fortes, com rajadas que atingem 60 a 90 km/h. Tais fenômenos são comuns no interior do
Brasil, especialmente no verão, quando há um decréscimo geral da pressão motivado pelo
forte aquecimento do interior do continente. Sua origem parece estar ligada ao movimento
ondulatório que se verifica na frente polar (FP) ao contato com o ar quente da zona tropical.
A partir dessas ondulações formam-se, ao norte da FP, uma ou mais linhas de IT sobre o
continente, que se deslocam com extrema mobilidade, embora possam permanecer
estacionárias. À medida que a FP caminha para o Equador, as IT se deslocam para E, ou
mais comumente para SE, anunciando, com nuvens pesadas e chuvas tipicamente
tropicais, a chegada da FP com antecedência de 24 horas, a qual, no entanto, pode não
chegar. Tais chuvas ocorrem, geralmente, no fim da tarde ou início da noite, quando, pelo
forte aquecimento diurno, intensifica-se a radiação telúrica e, consequentemente, as
correntes convectivas.
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 Correntes perturbadas de E: constituídas pelas ondas de leste (EW), elas caminham de E


para W e são características dos litorais das regiões tropicais atingidos pelos ventos alísios.
Tais fenômenos de perturbação ocorrem no seio dos anticiclones tropicais sob a forma de
ondas que caminham para W, constituindo uma espécie de pseudofrentes, sobre as quais
desaparece a inversão térmica superior, o que permite a mistura do ar das duas camadas
horizontais dos alísios e, consequentemente, chuvas mais ou menos abundantes
anunciando sua passagem. Este sistema de correntes perturbadas é mais frequente no
inverno e secundariamente no outono, enquanto na primavera-verão se torna raro. São
muito restritas as áreas do Sudeste atingidas pelas EW, uma vez que as precipitações
causadas pelo fenômeno diminuem bruscamente para oeste, raramente ultrapassando a
Serra do Espinhaço em Minas Gerais.

Figura AI.3.1 – Sistema de circulação atmosférica perturbada na região Sudeste Fonte: Climatologia do
Brasil, Nimer (1979).

De sua posição geográfica em relação à influência marítima e às correntes de circulação


perturbada, e dos contrastes morfológicos de seu relevo, advêm todas as características do
regime de chuvas da região Sudeste. A variabilidade espacial dos totais anuais médios de
precipitação exprime muito bem a atuação desses fatores na região. Como mostra a Figura
AI.3.2, existem duas áreas nitidamente mais chuvosas: a primeira estende-se no sentido SW-
NE acompanhando o litoral e a Serra do Mar, trajeto mais frequentado por invasões de
correntes de circulação perturbada de S, representadas por frente polar; a segunda estende-se
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perpendicularmente à primeira, no sentido NW-SE, do oeste de Minas Gerais ao estado do Rio


de Janeiro, zona onde mais frequentemente se dá o equilíbrio dinâmico entre o sistema de
circulação do anticiclone subtropical do Atlântico Sul e o anticiclone polar, além de estar sob a
rota preferida das correntes perturbadas de W, ou mais precisamente de NW, representadas
pelas linhas de IT. Estas áreas possuem uma altura de precipitação anual superior a 1.500
mm. No seu interior destacam-se as serras da Mantiqueira e do Mar, onde estes índices
ultrapassam 1.700 mm, atingindo mais de 2.500 mm em alguns locais.

Figura AI.3.2 – Mapa de isoietas totais anuais na região Sudeste do Brasil. Fonte: Atlas Pluviométrico do
Brasil, CPRM (2009).

O aspecto climatológico úmido do interior continental, com características de clima tipicamente


tropical, pode ser associado à região dos estudos, em função de sua localização geográfica no
estado de Minas Gerais. Esse tipo de clima é caracterizado por dois períodos distintos: (i) uma
estação seca, normalmente abrangendo os meses de junho a agosto e caracterizada por
condições tropicais de natureza continental, com baixa umidade relativa do ar; e (ii) uma
estação chuvosa, que abrange o período de novembro a março e se caracteriza pelo domínio
da massa de ar continental equatorial úmida e instável, com umidade relativa do ar e índice de
precipitação altos. Existem ainda os períodos de transição da estação seca para a úmida, nos
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meses de setembro e outubro, e da estação úmida para a seca, nos meses de abril e maio. De
qualquer forma, o máximo pluviométrico na região Sudeste geralmente se dá em dezembro ou
janeiro, estando ele relacionado à soma de chuvas de IT e de FP, ou seja, à conjugação das
correntes de circulação perturbada de W e de S.

Ainda segundo a classificação de Nimer (1979), verifica-se na área de estudo a predominância


do clima tropical sub-quente semi-úmido (4 a 5 meses secos); numa faixa norte-sul da região
está presente o clima mesotérmico brando semi-úmido (4 a 5 meses secos); na porção sudeste
da área encontram-se os climas mesotérmico brando úmido (1 a 2 meses secos) e sub-quente
úmido (3 meses secos), tal como ilustrado na Figura AI.3.3.

Nas áreas sob influência do clima tropical sub-quente, a temperatura média anual é quase
sempre inferior a 22°C, variando principalmente entre 18°C e 20°C. O verão é bastante quente,
apesar de não serem registradas máximas diárias muito elevadas. O mês mais quente deste
período acusa temperatura média superior a 22°C em quase todo o seu domínio. No inverno,
verifica-se pelo menos um mês com temperatura média inferior a 18°C, mas não abaixo de
15°C no mês mais frio (junho ou julho).

Já em regiões sujeitas ao clima tropical mesotérmico brando, há o predomínio de temperaturas


amenas durante todo o ano (média anual em torno de 18°C a 19°C) devido, principalmente, à
orografia. O verão é brando, registrando em seu mês mais quente uma média de 22°C, com
predomínio entre 18°C e 20°C. No inverno, ocorre uma queda sensível de temperatura,
registrando-se em pelo menos um mês temperatura média inferior a 15°C, porém nunca
descendo abaixo de 10°C. Em junho e julho, seus meses mais frios, é comum ocorrer
temperaturas mínimas diárias em torno de 0°C, motivo pelo qual a média das mínimas diárias
nestes meses gira em torno de 6°C a 8°C.
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Figura AI.3.3 – Clima na área de abrangência dos estudos. Fonte: Mapa de Clima do Brasil, IBGE
(2002).
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AI.4. COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

Neste item são apresentados os dados pluviométricos utilizados no estudo, contemplando os


aspectos de localização, disponibilidade e montagem do banco de dados.

AI.4.1.REDE DE DADOS PLUVIOMÉTRICOS

Para permitir a caracterização do regime pluviométrico, bem como subsidiar os estudos de


chuvas intensas na área de abrangência da DIFL e DIFS, foi feito um levantamento de toda a
rede de monitoramento existente, cujos dados pudessem ser disponibilizados para avaliação.

A partir dos bancos de dados da Agência Nacional de Águas – ANA, do Instituto Nacional de
Meteorologia – INMET e do Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM (responsável pelo
Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais – SIMGE), foram levantadas
todas as estações situadas na região, atualmente em operação ou extintas. Dentre as estações
listadas, foram selecionadas aquelas com disponibilidade de registros históricos de alturas de
chuva diária suficientes para análise e que, em termos de localização geográfica, fossem
representativas do regime pluviométrico das áreas de interesse. A Tabela AI.4.1 lista as
estações pluviométricas selecionadas, cuja localização é mostrada na Figura AI.4.1.

Os seguintes conjuntos de estações foram agrupados, levando-se em consideração suas


localizações, altitudes e períodos de dados disponíveis: 1842000/1842020 (São João
Evangelista), 1843001/1843011 (Serro), 1843007/1843012 (Rio Vermelho), 1943005/1943100
(Nova Era), 1943011/1943055/32513 (Instituto Agronômico), 1943053/1943055/83587 (Belo
Horizonte), 1944005/1944055 (Betim) e 2043022/2043059 (Colégio Caraça).

Os pluviômetros existentes nas unidades operacionais da Vale, também avaliados no presente


estudo, são apresentados na Tabela AI.4.2 e Figura AI.4.1. Conforme indicam os dados
disponíveis, há períodos de registros variáveis, abrangendo pela maioria uma faixa em torno
dos 10 anos mais recentes. Entretanto, nem todos os pluviômetros possuem registros de
alturas diárias de chuva (apenas totais mensais), as leituras não são contínuas (maioria com
muitas falhas), além de várias estações apresentarem valores acumulados nos finais de
semana e feriados. Assim, os dados dos pluviômetros da Vale, embora de boa qualidade, não
se mostraram adequados para a análise de frequência de eventos extremos, sendo, no
entanto, considerados para a caracterização das precipitações totais anuais na região de
estudo.

Os registros das estações pluviométricas selecionadas foram analisados com o intuito de (i)
determinar os quantis máximos anuais de precipitação de 1 a 30 dias de duração, a serem
submetidos à análise de frequência de eventos extremos, e (ii) subsidiar a elaboração de um
mapa de isoietas totais anuais na área de abrangência da DIFL e DIFS. Embora existam outras
publicações técnicas especializadas que apresentem tal distribuição isoietal, um novo mapa foi
elaborado com o intuito de considerar os registros pluviométricos mais recentes e incorporar os
dados oriundos do monitoramento da Vale, que fornecem informações valiosas para alguns
locais em que não se dispõe de estações operadas pelo Estado.
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Tabela AI.4.1 – Estações pluviométricas selecionadas na área de abrangência dos estudos.

Altitude Disponibilidade de Coordenadas Entidade


Código Nome Município
(m) Dados Latitude Longitude responsável

1842000 São João Evangelista São João Evangelista 680 01/1941 a 12/1964 -18°32’00’’ -42°46’00’’ ANA
1842007 Guanhães Guanhães 808 06/1945 a 05/2010 -18°46’20’’ -42°55’52’’ ANA
1842020 São João Evangelista São João Evangelista 532 03/1984 a 05/2010 -18°33’10’’ -42°45’51’’ ANA
1843000 Usina Paraúna Presidente Juscelino 648 08/1941 a 04/2010 -18°38’08’’ -43°57’57’’ ANA
1843001 Serro Serro 940 01/1941 a 09/1962 -18°36’00’’ -43°23’00’’ ANA
1843002 Gouveia Gouveia 1200 10/1941 a 05/2010 -18°27’56’’ -43°44’35’’ ANA
1843007 Rio Vermelho Rio Vermelho - 09/1961 a 12/1968 -18°18’00’’ -43°01’00’’ DAEE-MG
1843011 Serro Serro 940 01/1984 a 05/2010 -18°35’34’’ -43°24’45’’ ANA
1843012 Rio Vermelho Rio Vermelho 720 03/1984 a 05/2010 -18°16’47’’ -43°00’02’’ ANA
1943000 Mineração Morro Velho Nova Lima 770 01/1855 a 11/2003 -19°58’45’’ -43°51’00’’ ANA
1943001 Rio Piracicaba Rio Piracicaba 623 01/1940 a 05/2010 -19°55’22’’ -43°10’40’’ ANA
1943002 Conceição do Mato Dentro Conceição do Mato Dentro 675 01/1941 a 05/2010 -19°01’00’’ -43°26’39’’ ANA
1943003 Ferros Ferros 470 01/1941 a 05/2010 -19°15’01’’ -43°00’52’’ ANA
1943004 Jaboticatubas Jaboticatubas 716 08/1941 a 05/2010 -19°31’14’’ -43°44’40’’ ANA
1943005 Nova Era Nova Era 595 01/1941 a 12/1980 -19°46’00’’ -43°03’00’’ ANA
1943006 Sabará Sabará 720 06/1941 a 04/2010 -19°53’35’’ -43°48’54’’ ANA
1943007 Santa Barbara Santa Barbara 748 01/1941 a 05/2010 -19°56’43’’ -43°24’04’’ ANA
1943008 Santa Maria de Itabira Santa Maria de Itabira 538 01/1941 a 05/2010 -19°26’31’’ -43°07’04’’ ANA
1943009 Vespasiano Vespasiano 676 04/1941 a 05/2010 -19°41’14’’ -43°55’15’’ ANA
1943010 Caeté Caeté 840 06/1941 a 04/2010 -19°54’02’’ -43°40’03’’ ANA
1943011 Instituto Agronômico Belo Horizonte 850 01/1941 a 12/1971 -19°54’00’’ -43°55’00’’ ANA
1943012 Lagoa Santa Lagoa Santa 777 01/1941 a 12/1971 -19°38’00’’ -43°54’00’’ ANA
1943017 Pico do Itabira Itabira - 01/1944 a 12/1964 -19°37’00’’ -43°14’00’’ ANA
1943022 Caixa de Areia Belo Horizonte 950 12/1940 a 05/2010 -19°56’42’’ -43°54’45’’ ANA
1943023 Taquaraçu Taquaraçu de Minas 710 01/1942 a 05/2010 -19°39’50’’ -43°41’17’’ ANA

Tabela AI.4.1 (Continuação) – Estações pluviométricas selecionadas na área de abrangência dos estudos.
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Altitude Disponibilidade de Coordenadas Entidade


Código Nome Município
(m) Dados Latitude Longitude responsável

1943024 José de Melo Juatuba 825 01/1944 a 05/2010 -19°41’23’’ -43°35’08’’ ANA
1943025 Morro do Pilar Morro do Pilar 560 01/1945 a 05/2010 -19°13’03’’ -43°22’27’’ ANA
1943027 Usina Peti São Gonçalo do Rio Abaixo 1110 01/1946 a 05/2010 -19°52’51’’ -43°22’03’’ ANA
1943035 Vau da Lagoa Santana do Riacho 1090 11/1955 a 05/2010 -19°13’08’’ -43°35’17’’ ANA
1943042 Fazenda Caraíbas Baldim 700 01/1974 a 05/2010 -19°07’11’’ -43°50’15’’ ANA
1943049 Ponte Raul Soares Lagoa Santa 652 01/1972 a 04/2010 -19°33’41’’ -43°55’04’’ ANA
1943053 Avenida do Contorno Belo Horizonte - 01/1939 a 12/1968 -19°56’00’’ -43°56’00’’ ANA
1943055 Belo Horizonte (Horto) 83587 Belo Horizonte 850 01/1967 a 12/1998 -19°54’00’’ -43°55’00’’ INMET
1943100 Nova Era Telemétrica Nova Era 595 01/2003 a 05/2010 -19°46’00’’ -43°01’34’’ ANA
1944004 Ponte Nova do Paraopeba Betim 721 03/1941 a 05/2010 -19°57’20’’ -44°18’24’’ ANA
1944005 Betim Betim 832 03/1941 a 06/1976 -19°58’17’’ -44°12’06’’ ANA
1944009 Pedro Leopoldo Pedro Leopoldo 698 05/1941 a 05/2010 -19°38’04’’ -44°03’12’’ ANA
1944055 Betim - COPASA Betim 822 01/1976 a 05/2010 -19°58’24’’ -44°11’17’’ ANA
2043002 Lagoa Grande (MMV) Nova Lima 1350 01/1941 a 05/2010 -20°10’45’’ -43°56’34’’ ANA
2043003 Passagem de Mariana Mariana 820 01/1941 a 12/1964 -20°23’00’’ -43°26’00’’ ANA
2043004 Rio do Peixe (MMV) Nova Lima 1097 01/1940 a 05/2010 -20°08’16’’ -43°53’33’’ ANA
2043005 Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete 996 12/1940 a 05/2010 -20°39’54’’ -43°46’40’’ ANA
2043007 Vargem do Tejucal Ouro Preto 1021 03/1941 a 12/1965 -20°20’00’’ -43°33’00’’ ANA
2043008 Monsenhor Horta Mariana 639 03/1941 a 12/1965 -20°21’00’’ -43°17’00’’ ANA
2043009 Acaiaca - Jusante Acaiaca 423 03/1941 a 05/2010 -20°21’45’’ -43°08’38’’ ANA
2043011 Fazenda Paraíso Mariana 477 04/1941 a 05/2010 -20°23’24’’ -43°10’49’’ ANA
2043013 Congonhas - Linígrafo Congonhas 871 05/1941 a 03/2010 -20°31’19’’ -43°49’48’’ ANA
2043022 Colégio Caraça Santa Barbara 1300 10/1941 a 12/1965 -20°13’00’’ -43°34’00’’ ANA
2043023 Conceição do Rio Acima Santa Barbara 805 10/1941 a 12/1965 -20°04’00’’ -43°35’00’’ ANA
2043027 Fazenda Ocidente Barra Longa 462 03/1967 a 05/2010 -20°17’08’’ -43°05’56’’ ANA

Tabela AI.4.1 (Continuação) – Estações pluviométricas selecionadas na área de abrangência dos estudos.
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Altitude Disponibilidade de Coordenadas Entidade


Código Nome Município
(m) Dados Latitude Longitude responsável

2043028 Bicas Mariana - 08/1941 a 02/1966 -20°21’00’’ -43°14’00’’ ANA


2043042 Represa das Codornas (MMV) Nova Lima 1200 01/1976 a 05/2010 -20°09’53’’ -43°53’31’’ ANA
2043043 Represa do Miguelão (MMV) Nova Lima 1152 01/1976 a 05/2010 -20°07’34’’ -43°57’01’’ ANA
2043056 Fazenda Água Limpa - Jusante Ouro Preto 965 01/1984 a 05/2010 -20°18’19’’ -43°36’59’’ ANA
2043059 Colégio Caraça Santa Barbara 1300 01/1983 a 03/2010 -20°05’49’’ -43°29’17’’ ANA
2043060 Itabirito - Linígrafo Itabirito - 01/1984 a 05/2010 -20°18’04’’ -43°47’53’’ ANA
2044007 Entre Rios de Minas Entre Rios de Minas 885 07/1941 a 05/2010 -20°39’40’’ -44°04’14’’ ANA
2044008 Melo Franco Brumadinho 761 07/1941 a 04/2010 -20°11’52’’ -44°07’15’’ ANA
2044009 Fazenda Campo Grande Passa Tempo 915 01/1942 a 05/2010 -20°37’31’’ -44°26’00’’ ANA
2044012 Ibirité Ibirité 1073 01/1945 a 05/2010 -20°02’34’’ -44°02’36’’ ANA
2044016 Fazenda Benedito Chaves Itatiaiuçu 944 05/1970 a 05/2010 -20°09’00’’ -44°19’00’’ ANA
2044019 Fazenda Vista Alegre Mateus Leme 913 05/1970 a 05/2010 -20°03’05’’ -44°27’06’’ ANA
2044021 Alto da Boa Vista Mateus Leme 905 10/1972 a 05/2010 -20°06’20’’ -44°24’04’’ ANA
2044023 Fazenda do Mosquito Igarapé 789 01/1972 a 12/1986 -20°04’00’’ -44°20’26’’ ANA
2044024 Fazenda Curralinho Mateus Leme 786 01/1972 a 05/2010 -20°00’27’’ -44°19’52’’ ANA
2044040 Usina João Ribeiro Entre Rios de Minas 850 01/1973 a 04/2010 -20°38’07’’ -44°02’56’’ ANA
2044046 Bonfim Bonfim - 01/1977 a 12/1993 -20°20’00’’ -44°15’00’’ CEMIG
83587 Belo Horizonte Belo Horizonte 915 01/1967 a 12/2010 -19°56’00’’ -43°56’00’’ INMET
32513 Belo Horizonte - CETEC Belo Horizonte 850 08/1997 a 12/2005 -19°53’00’’ -43°54’54’’ SIMGE
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Tabela AI.4.2 – Estações pluviométricas operadas pela VALE na área de abrangência dos estudos.

Altitude Disponibilidade de Coordenadas


Código Mina Município
(m) Dados Latitude Longitude
FEIPLB6 Mina Córrego do Feijão - Barragem 6 Brumadinho 889 - -20°07’07’’ -44°07’27’’
FEIPL001 Mina Córrego do Feijão - Escritório Brumadinho 833 - -20°07’46’’ -44°07’19’’
FEIPL002 Mina Córrego do Feijão - Laboratório Brumadinho 821 08/2008 a 07/2010 -20°07’57’’ -44°07’16’’
FABPL001 Mina Fábrica Ouro Preto 1217 12/2005 a 07/2010 -20°25’06’’ -43°52’22’’
PLV01-MAC Mina Águas Claras Nova Lima 1084 01/1986 a 07/2010 -19°57’51’’ -43°53’45’’
DIFL

PLV02-MUT Mina Mutuca Nova Lima 1331 08/1984 a 07/2010 -20°01’58’’ -43°57’57’’
PLV03-CPX Mina Capão Xavier Nova Lima 1346 09/2000 a 07/2010 -20°02’59’’ -43°58’01’’
PLV04-TAM Mina Tamanduá Nova Lima 1408 01/2003 a 07/2010 -20°05’54’’ -43°56’29’’
PLV05-PIC Mina Pico Itabirito 1479 03/1990 a 07/2010 -20°13’42’’ -43°51’46’’
PLV06-JGD Mina Jangada Sarzedo 1049 01/2003 a 07/2010 -20°05’01’’ -44°06’09’’
CMEPL001 Mina Córrego do Meio Sabará 920 01/1997 a 10/2010 -19°52’02’’ -43°47’26’’
ALEPL001 Mina Alegria Mariana 942 01/1962 a 09/2010 -20°10’23’’ -43°29’43’’
FAZPL001 Mina Fazendão Mariana 888 09/2002 a 09/2010 -20°08’31’’ -43°24’54’’
FNVPL001 Mina Fábrica Nova Mariana 973 01/2001 a 09/2010 -20°12’10’’ -43°26’09’’
TIMPL001 Mina Timbopeba - Mina Ouro Preto 1114 01/1995 a 09/2010 -20°15’54’’ -43°31’04’’
TIMPL002 Mina Timbopeba - Torre Ouro Preto 1538 01/2001 a 09/2010 -20°16’04’’ -43°31’38’’
BRUPL001 Mina Brucutu São Gonçalo do Rio Abaixo 854 01/2005 a 09/2010 -19°52’04’’ -43°23’10’’
DIFS

GSOPL001 Mina Gongo Soco - Pilha SE Barão de Cocais 1084 - -19°57’55’’ -43°35’35’’
GSOPL004 Mina Gongo Soco - Mirante Barão de Cocais 1207 01/2009 a 09/2010 -19°57’23’’ -43°36’23’’
ALPPL001 Mina Água Limpa - Prédio Lavra Santa Bárbara 895 01/2004 a 10/2010 -19°56’29’’ -43°13’08’’
ALPPL002 Mina Água Limpa - Escritório Central Rio Piracicaba 650 09/1968 a 12/2003 -19°56’21’’ -43°11’49’’
CAUPL001 Mina Cauê - Mina Itabira 916 - -19°35’58’’ -43°12’57’’
CAUPL002 Mina Cauê - Escritório Itabira 900 01/1987 a 09/2010 -19°36’03’’ -43°12’45’’
CONPL001 Mina Conceição Itabira 993 01/1987 a 09/2010 -19°39’28’’ -43°15’42’’
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Figura AI.4.1 – Localização das estações pluviométricas selecionadas na área de estudo.


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AI.4.2.BANCO DE DADOS

Selecionadas as estações pluviométricas a serem utilizadas nos estudos, procedeu-se à


montagem de um banco de dados contendo as respectivas séries históricas de precipitações
totais anuais e máximas anuais de 1, 2, 3, 5, 7, 10, 15, 20 e 30 dias de duração.

Para as precipitações totais anuais, foram utilizadas todas as estações listadas nas Tabelas
AI.4.1 e AI.4.2. Para as precipitações máximas anuais de durações variadas, foi realizada uma
triagem das referidas estações, selecionando-se apenas aquelas cuja quantidade e qualidade
dos dados fossem consideradas adequadas para a análise de frequência de eventos extremos.
Assim, foram utilizadas somente as estações com amostras superiores a 20 anos de dados,
homogêneas, que respeitassem o princípio da independência serial e, preferencialmente, com
assimetria positiva. Além disso, foi realizada uma cuidadosa avaliação dos outliers
eventualmente presentes nas séries, bem como dos registros acumulados de chuva,
especialmente para a construção das amostras de durações superiores a 1 dia.

AI.5. METODOLOGIA UTILIZADA

AI.5.1.GERAL

A análise de frequência de eventos extremos pode ser local, utilizando os registros históricos
de uma única estação, ou regional, fazendo uso dos dados de várias estações situadas na
região de interesse. Neste trabalho, foi utilizada a técnica de análise de frequência regional de
variáveis hidrológicas, aumentando consideravelmente a quantidade de informações, que
passam a ter caráter regional e podem ser transferidas espacialmente.

A análise de frequência regional tem como principais vantagens a possibilidade de estimar os


parâmetros ou variáveis hidrológicas em locais que não possuem registros sistemáticos, além
de reduzir a influência de possíveis erros amostrais, conduzindo a estimativas mais confiáveis
de eventos extremos, baseadas em um maior número de informações.

AI.5.2.DEFINIÇÃO DA METODOLOGIA

Dentre as diferentes técnicas de regionalização existentes, optou-se pelo método de


regionalização da curva adimensional de frequências, denominado método index-flood (“cheia-
índice”). Neste método, os postos localizados em uma região hidrologicamente homogênea
seguem a mesma distribuição de frequências (isto é, possuem amostras oriundas de
populações regidas pela mesma distribuição), à exceção de um fator local chamado index-
flood, característico de cada posto. No presente estudo, foi usada a metodologia dos
momentos-L aplicada à análise regional de frequência de variáveis hidrológicas, proposta por
Hosking e Wallis (1997). Dentre outras vantagens, esta metodologia utiliza algumas estatísticas
construídas para minimizar as subjetividades envolvidas na definição de regiões homogêneas,
etapa que constitui um dos pontos cruciais da regionalização, qualquer que seja o método
escolhido.
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Alguns dos trabalhos mais relevantes realizados no Brasil com o emprego dessa metodologia
são o “Estudo de Chuvas Intensas na Região Metropolitana de Belo Horizonte – RMBH”
(Pinheiro, 1997) e o “Estudo de Chuvas Intensas no Estado do Rio de Janeiro” (Davis e
Naghettini, 2001).

AI.6. RESULTADOS

AI.6.1.DEFINIÇÃO PRELIMINAR DAS REGIÕES HOMOGÊNEAS

Para a divisão preliminar das estações em regiões homogêneas, foram analisadas as


características fisiográficas e climatológicas da área de estudo. Na análise, foram utilizadas 47
estações distribuídas espacialmente na área de abrangência da DIFL e DIFS, selecionadas
segundo os critérios citados no item 4.2 e listadas na Tabela AI.6.1. Levando em conta que, em
toda a região de estudo, a dinâmica de circulação atmosférica e os processos físicos que
governam a formação das tempestades são os mesmos, optou-se por considerar toda a área
como uma região homogênea única. A confirmação desta definição inicial foi feita com base
nos registros das referidas estações, utilizando-se as rotinas computacionais desenvolvidas por
Hosking e Wallis (1997), que permitem o cálculo da medida de heterogeneidade. Os resultados
obtidos são apresentados na sequência.

AI.6.2.ANÁLISE REGIONAL DE FREQUÊNCIA DAS ALTURAS PLUVIOMÉTRICAS

AI.6.2.1. Seleção das Amostras

Conforme descrito no item 4.2, foram selecionadas, para cada estação, as amostras de
precipitações máximas anuais de 1, 2, 3, 5, 7, 10, 15, 20 e 30 dias de duração, calculando-se
em seguida o respectivo index-flood, representado pela média das amostras de máximos
anuais de cada duração. Para as próximas etapas da análise de frequência regional, as
amostras foram adimensionalizadas, dividindo-se seus elementos pelo index-flood
correspondente.
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Tabela AI.6.1 – Estações pluviométricas pertencentes à região homogênea preliminar.

Código Nome Código Nome

1842007 Guanhães 1944005/1944055 Betim


1843001/1843011 Serro 1944009 Pedro Leopoldo
1943000 Mineração Morro Velho 2043002 Lagoa Grande (MMV)
1943001 Rio Piracicaba 2043004 Rio do Peixe (MMV)
1943002 Conceição do Mato Dentro 2043005 Conselheiro Lafaiete
1943003 Ferros 2043007 Vargem do Tejucal
1943004 Jaboticatubas 2043008 Monsenhor Horta
1943005/1943100 Nova Era 2043009 Acaiaca - Jusante
1943006 Sabará 2043011 Fazenda Paraíso
1943007 Santa Barbara 2043013 Congonhas - Linígrafo
1943008 Santa Maria de Itabira 2043022/2043059 Colégio Caraça
1943009 Vespasiano 2043023 Conceição do Rio Acima
1943010 Caeté 2043027 Fazenda Ocidente
1943011/1943055/
Instituto Agronômico 2043028 Bicas
32513
1943012 Lagoa Santa 2043042 Represa das Codornas (MMV)
1943022 Caixa de Areia 2043043 Represa do Miguelão (MMV)
1943023 Taquaraçu 2043056 Fazenda Água Limpa - Jusante
1943024 José de Melo 2043060 Itabirito - Linígrafo
1943025 Morro do Pilar 2044007 Entre Rios de Minas
1943027 Usina Peti 2044008 Melo Franco
1943035 Vau da Lagoa 2044012 Ibirité
1943049 Ponte Raul Soares 2044024 Fazenda Curralinho
1943053/1943055/
Belo Horizonte 2044040 Usina João Ribeiro
83587
1944004 Ponte Nova do Paraopeba - -

AI.6.2.2. Análise de Consistência dos Dados

Inicialmente, foram excluídas as estações de Monsenhor Horta – 2043008 (período de dados


curto e assimetria negativa para diversas durações) e Melo Franco – 2044008 (poucos valores
extremos na série de dados, assimetria negativa e coeficiente de variação baixo).

Para as 45 estações restantes, foram calculados os valores da medida de discordância (Di) da


estação i em relação ao padrão regional, com o objetivo de identificar aquelas que possuem
dados claramente discordantes dos observados na região. Os resultados dessa análise
indicaram que, na maior parte das estações, o valor calculado da medida de discordância (Di)
foi inferior ao valor crítico, que é igual a 3,0. Apenas algumas estações apresentaram-se
discordantes, a saber: Rio Piracicaba – 1943001 (duração 1 dia), Caixa de Areia – 1943022
(duração 1 dia), Morro do Pilar – 1943025 (duração 1 dia), Ponte Raul Soares – 1943049
(duração 30 dias), Conselheiro Lafaiete – 2043005 (durações 2, 3, 5, 7, 10, 15, 20 e 30 dias),
Vargem do Tejucal – 2043007 (duração 20 dias), Congonhas - Linígrafo – 2043013 (durações
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20 e 30 dias), Fazenda Ocidente – 2043027 (durações 7, 10, 15 e 30 dias), Fazenda Água


Limpa - Jusante – 2043056 (durações 3 e 15 dias), Entre Rios de Minas – 2044007 (duração
30 dias) e Usina João Ribeiro – 2044040 (duração 10 dias).

Entretanto, as estações que se apresentaram discordantes não foram excluídas, porque sua
retirada não alterou significativamente a medida de heterogeneidade, discutida no item 6.2.3.
De fato, ao longo de toda a análise regional de consistência de dados, deve-se levar em conta
que os quocientes de momentos-L podem apresentar diferenças naturalmente possíveis,
oriundas de eventuais oscilações amostrais. Assim, se os postos são similares do ponto de
vista dos processos físicos em questão, mesmo que alguns possam apresentar medidas de
discordância superiores aos valores limites estabelecidos, a providência mais sensata seria a
de tratar todo o grupo de postos como uma única região homogênea.

AI.6.2.3. Verificação do Grau de Heterogeneidade Regional

A medida de heterogeneidade (H) permite verificar o grau de heterogeneidade de uma região,


através da comparação entre a variabilidade da razão dos momentos-L amostrais de um grupo
de postos e aquela que seria esperada em uma região homogênea.

Apenas para as durações de 1, 5 e 15 dias, foram obtidos valores superiores a 1 para a medida
de heterogeneidade (H), a partir do qual a região poderia ser considerada “possivelmente
heterogênea”. Entretanto, levando em conta a orientação de que as razões de natureza física
devem ter precedência sobre as de natureza estatística e os resultados obtidos para as demais
durações, entendeu-se não haver motivos evidentes para a redefinição da região. Assim, toda
a área de abrangência da DIFL e DIFS foi considerada como uma única região homogênea.

AI.6.2.4. Verificação da Aderência às Distribuições Candidatas

Para avaliar o ajuste das distribuições candidatas aos dados regionais, foi calculada a medida
de aderência (Z). Para todas as durações de chuvas, a distribuição Generalizada de Valores
Extremos (GEV) foi considerada apropriada para modelar o comportamento populacional das
precipitações máximas anuais na área de estudo. No entanto, por uma questão de parcimônia
estatística, foi adotada a distribuição de Gumbel, uma vez que os ajustes de ambas as
distribuições se mostraram muito parecidos.

AI.6.2.5. Estimativa dos Parâmetros das Distribuições Regionais

Para cada duração, os parâmetros das distribuições regionais foram calculados a partir das
séries adimensionalizadas, segundo a metodologia proposta por Hosking e Wallis (1997). A
Tabela AI.6.2 apresenta os quantis da curva de frequência regional adimensional, para
precipitações de 1 a 30 dias de duração.
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Tabela AI.6.2 – Quantis da curva de frequência regional adimensional associados à duração d e período
de retorno T – pT,d.
Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d (dias)
1 0,9521 1,2097 1,3802 1,5437 1,5956 1,7555 1,9141 2,0722 2,2807 2,4383 2,9616
2 0,9506 1,2163 1,3923 1,5610 1,6145 1,7794 1,9431 2,1062 2,3214 2,4840 3,0239
3 0,9510 1,2147 1,3894 1,5569 1,6100 1,7737 1,9362 2,0981 2,3116 2,4730 3,0090
5 0,9517 1,2115 1,3836 1,5486 1,6009 1,7622 1,9222 2,0817 2,2921 2,4511 2,9791
7 0,9521 1,2098 1,3804 1,5441 1,5960 1,7559 1,9147 2,0729 2,2815 2,4393 2,9629
10 0,9530 1,2058 1,3732 1,5337 1,5847 1,7416 1,8973 2,0524 2,2571 2,4119 2,9255
15 0,9522 1,2095 1,3799 1,5434 1,5953 1,7550 1,9135 2,0715 2,2799 2,4374 2,9604
20 0,9530 1,2057 1,3729 1,5334 1,5843 1,7411 1,8967 2,0518 2,2563 2,4109 2,9243
30 0,9548 1,1981 1,3592 1,5137 1,5627 1,7137 1,8636 2,0130 2,2100 2,3589 2,8533

AI.7. EQUAÇÕES IDF REGIONAIS

AI.7.1.FORMA GERAL

A forma geral das equações do tipo IDF (intensidade-duração-frequência) definidas para a


região homogênea que abrange a área da DIFL e DIFS é a seguinte:

PˆT ,d , i  Pd , i  pT ,d 1  d  30
(AI.7.1)

onde:

 ˆ
P é a estimativa da altura pluviométrica (mm), de duração d (dias), no local i,
T ,d , i

associada ao período de retorno T (anos);


 Pd , i é o index-flood do local i (mm). Para estima-lo em locais desprovidos de observações,
na área de abrangência da DIFL e DIFS, foi ajustado um modelo de regressão do index-
flood com certas variáveis independentes, que expressam características pluviométricas e
fisiográficas locais (veja item 7.2);
 pT ,d representa os quantis da curva de frequência regional adimensional, associados à
duração d e período de retorno T (veja Tabela AI.6.2).

AI.7.2.REGRESSÃO MÚLTIPLA

Diversos modelos de regressão foram testados, usando diferentes conjuntos de variáveis


pluviométricas e fisiográficas independentes, a fim de explicar a variabilidade espacial do
index-flood Pd , i . As variáveis consideradas foram a duração da precipitação (d), a altura de
precipitação média anual (PMA) e a altitude das estações (ALT). A Tabela AI.7.1 apresenta
uma síntese dos modelos de regressão avaliados.
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Tabela AI.7.1 – Síntese dos modelos de regressão do index-flood Pd , i .

Variáveis Var Var Var


Modelo de regressão Dependentes
a b R²parcial R² R²ajustado
residual modelo total

1 Pd ,i  a  d b d 82,7872 0,4954 - 4,77 111,02 115,79 0,9588 0,9587

2 Pd ,i  a  ALT b
ALT 71,0891 0,1609 - 115,01 0,78 115,79 0,0068 0,0043

3 Pd ,i  a  PMA b PMA 0,1357 1,0071 - 112,50 3,29 115,79 0,0285 0,0260

d 0,4954 0,9654
4 Pd ,i  a  d b1  ALT b2
28,2646 3,98 111,81 115,79 0,9656 0,9654
ALT 0,1609 0,1644
d 0,4954 0,9869
5 Pd ,i  a  d b1  PMA b 2 0,0540 1,47 114,32 115,79 0,9873 0,9872
PMA 1,0071 0,6911
ALT -0,0234 0,0001
6 Pd ,i  a  ALT b1
 PMA b 2 0,1200 112,48 3,31 115,79 0,0286 0,0237
PMA 1,0455 0,0219
d 0,4954 0,9869
7 Pd ,i  a  d b1
 ALT b2
 PMA ALT
b3
0,0477 -0,0234 0,0080 1,46 114,33 115,79 0,9874 0,9873
PMA 1,0455 0,6333

Como o objetivo do estudo é determinar as relações IDF na área de abrangência da DIFL e


DIFS, torna-se primordial incluir a duração da precipitação (d) nos modelos de regressão. Esta
variável explica, ainda que de forma espúria, grande parte da variância do index-flood, como
pode ser visto na Tabela AI.7.1. Por outro lado, as equações IDF regionais devem expressar a
influência exercida pela orografia sobre as precipitações na área de estudo, motivo pelo qual foi
avaliada a inclusão de novas variáveis explicativas nos modelos de regressão. Pode-se notar
que a inclusão isolada da altitude (ALT) ou da precipitação média anual (PMA) no modelo que
já contém a duração da precipitação (d) como variável explicativa melhora o desempenho da
regressão, com vantagem para a inclusão da PMA (modelo 5), reduzindo a variância residual e
aumentando o coeficiente de determinação ajustado (R²ajustado). Além disso, fica claro que a
inclusão simultânea da ALT e da PMA não traz benefícios sensíveis à regressão, muito
provavelmente pelo fato das duas variáveis serem altamente correlacionadas.

Portanto, uma vez que a PMA pode ser facilmente obtida no mapa de isoietas totais anuais
apresentado na Figura AI.7.1, o qual, por sua vez, leva em conta a influência orográfica sobre
as precipitações na área de estudo, foi selecionado o modelo 5 para explicar a variabilidade
espacial do index-flood Pd , i . Este modelo de regressão é expresso pela equação (AI.7.2).

Pd ,i  0,0540  d 0,4954  PMAi1,0071 1  d  30


(AI.7.2)

onde PMAi é a precipitação média anual no local i.


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AI.7.3.EQUAÇÕES IDF REGIONAIS FINAIS

Combinando o modelo de regressão da equação (AI.7.2) com os quantis regionais


adimensionais da Tabela AI.6.2, são obtidas as relações IDF válidas para a área de
abrangência da DIFL e DIFS:

PˆT ,d , i  0,0540  d 0,4954  PMAi1,0071  pT ,d 1  d  30


(AI.7.3)

onde:

 ˆ
P é a estimativa da altura pluviométrica (mm), de duração d (dias), no local i,
T ,d , i

associada ao período de retorno T (anos);


 d é a duração da precipitação (dias);

 PMAi é a precipitação média anual no local i. Para estima-la em locais que não possuem
estações pluviométricas e/ou pluviográficas, pode ser utilizado o mapa isoietal da Figura
AI.7.1;
 pT ,d representa os quantis da curva de frequência regional adimensional, associados à
duração d e período de retorno T, extraídos da Tabela AI.6.2.

Para transformação das alturas de chuvas de 1 dia de duração ( P1 dia ) em chuvas de 24 horas
de duração ( P24 h ), foi aplicada a relação P24 h  1,10  P1 dia . Para desagregação das alturas
de chuvas de 24 horas de duração em alturas de chuvas de menor duração, foi aplicado o
método das isozonas, definido por Taborga (1974), que constitui uma das metodologias mais
clássicas de desagregação aplicadas no Brasil. A base do método das isozonas decorreu da
constatação de que havia uma certa uniformidade regional entre as alturas de chuvas de 6 min
com 24 horas ( P6 min P24 h ) e de 1 hora com 24 horas ( P1h P24 h ), configurando as
chamadas isozonas de igual relação entre as precipitações de diferentes durações, mostradas
na Figura AI.7.2 para a área de estudo.

AI.7.4.RELAÇÕES IDF NAS UNIDADES DA VALE

Os procedimentos descritos no item AI.7.3 foram aplicados para obtenção das relações IDF
nas unidades operacionais e projetos de expansão da Vale, inseridos na área de abrangência
da DIFL e DIFS. A Tabela AI.7.2 mostra, para cada unidade de mineração, os valores da
precipitação média anual e do index-flood utilizados para o cálculo das relações IDF, que são
apresentadas nas Tabelas AI.7.3 a AI.7.40.
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Figura AI.7.2 – Isozonas de igual relação entre as precipitações de diferentes durações na área de
abrangência dos estudos.
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Tabela AI.7.2 – Valores da precipitação média anual e do index-flood utilizados para o cálculo das
relações IDF na área de abrangência da DIFL e DIFS.

PMA P1 dia P24 horasP2 dias P3 dias P5 dias P7 dias P10 dias P15 dias P20 dias P30 dias
Mina Isozona
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
Fábrica D 1600 91,0 100 128 157 202 239 285 348 402 491
Retiro D 1600 91,0 100 128 157 202 239 285 348 402 491
João Pereira D 1600 91,0 100 128 157 202 239 285 348 402 491
Itacolomi D 1600 91,0 100 128 157 202 239 285 348 402 491
Segredo D 1550 88,2 97,0 124 152 196 231 276 337 389 475
Pico D 1630 92,8 102 131 160 206 243 290 355 409 500
Sapecado D 1630 92,8 102 131 160 206 243 290 355 409 500
Galinheiro D 1600 91,0 100 128 157 202 239 285 348 402 491
Andaime D 1600 91,0 100 128 157 202 239 285 348 402 491
Abóboras D 1600 91,0 100 128 157 202 239 285 348 402 491
Capitão do Mato D 1700 96,8 106 136 167 215 254 303 370 427 522
Tamanduá D 1790 102 112 144 176 226 267 319 390 450 550
Mutuca D 1810 103 113 145 178 229 270 323 394 455 556
Capão Xavier D 1810 103 113 145 178 229 270 323 394 455 556
Mar Azul D 1810 103 113 145 178 229 270 323 394 455 556
Águas Claras D 1750 99,6 110 140 172 221 261 312 381 440 537
Córrego do Feijão D 1600 91,0 100 128 157 202 239 285 348 402 491
Jangada D 1600 91,0 100 128 157 202 239 285 348 402 491
Córrego do Meio D 1500 85,3 93,8 120 147 189 224 267 326 376 460
Timbopeba C 2050 117 129 165 201 259 306 366 447 515 630
Conta História C 2100 120 132 169 206 266 314 375 458 528 646
Alegria C 2050 117 129 165 201 259 306 366 447 515 630
Itabiritos Mariana C 2100 120 132 169 206 266 314 375 458 528 646
Fábrica Nova C 2100 120 132 169 206 266 314 375 458 528 646
Fazendão C 2100 120 132 169 206 266 314 375 458 528 646
Alegria Oeste C 1600 91,0 100 128 157 202 239 285 348 402 491
Apolo D 1450 82,5 90,7 116 142 183 216 258 315 364 445
Baú C 1450 82,5 90,7 116 142 183 216 258 315 364 445
Gongo Soco D 1450 82,5 90,7 116 142 183 216 258 315 364 445
Dois Irmãos D 1450 82,5 90,7 116 142 183 216 258 315 364 445
Brucutu D 1500 85,3 93,8 120 147 189 224 267 326 376 460
Água Limpa C 1450 82,5 90,7 116 142 183 216 258 315 364 445
Cururu C 1450 82,5 90,7 116 142 183 216 258 315 364 445
Morro Agudo C 1450 82,5 90,7 116 142 183 216 258 315 364 445
Conceição D 1530 87,0 95,7 123 150 193 228 272 333 384 469
Cauê D 1530 87,0 95,7 123 150 193 228 272 333 384 469
Minas do Meio D 1530 87,0 95,7 123 150 193 228 272 333 384 469
Serra da Serpentina D 1600 91,0 100 128 157 202 239 285 348 402 491
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Tabela AI.7.3 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Fábrica.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,7 13,6 15,5 17,3 17,9 19,7 19,2 20,8 22,8 24,4 29,7
10 min 17,3 21,8 24,8 27,6 28,5 31,2 32,1 34,5 37,8 40,1 48,0
15 min 22,6 28,4 32,2 35,8 36,9 40,3 42,3 45,5 49,6 52,6 62,5
20 min 26,3 33,1 37,5 41,6 42,9 46,8 49,5 53,2 58,0 61,4 72,8
30 min 31,5 39,7 44,9 49,7 51,3 55,9 59,8 64,2 69,8 73,9 87,3
1 hora 40,5 50,9 57,5 63,7 65,7 71,6 77,3 82,9 90,1 95,2 112
2 horas 52,5 66,2 75,1 83,5 86,2 94,3 102 110 120 128 152
3 horas 59,5 75,2 85,4 95,1 98,2 108 117 126 138 147 176
4 horas 64,4 81,5 92,7 103 107 117 127 137 150 160 193
6 horas 71,4 90,5 103 115 119 130 142 153 168 179 216
8 horas 76,4 96,9 110 123 127 140 152 164 181 193 233
10 horas 80,2 102 116 130 134 147 160 173 190 203 246
12 horas 83,4 106 121 135 139 153 167 180 198 212 256
18 horas 90,4 115 131 146 151 166 181 196 216 231 280
24 horas 95,4 121 138 155 160 176 192 208 228 244 297
2 dias 122 156 179 200 207 228 249 270 298 319 388
3 dias 149 191 218 244 253 278 304 329 363 388 472
5 dias 192 245 280 313 324 356 388 421 463 495 602
7 dias 227 289 330 369 381 419 457 495 545 582 707
10 dias 271 344 391 437 451 496 540 585 643 687 833
15 dias 332 421 481 537 556 611 666 721 794 849 1031
20 dias 383 484 551 616 636 699 762 824 906 968 1174
30 dias 469 588 667 743 767 841 915 988 1085 1158 1401

Tabela AI.7.4 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Retiro.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,7 13,6 15,5 17,3 17,9 19,7 19,2 20,8 22,8 24,4 29,7
10 min 17,3 21,8 24,8 27,6 28,5 31,2 32,1 34,5 37,8 40,1 48,0
15 min 22,6 28,4 32,2 35,8 36,9 40,3 42,3 45,5 49,6 52,6 62,5
20 min 26,3 33,1 37,5 41,6 42,9 46,8 49,5 53,2 58,0 61,4 72,8
30 min 31,5 39,7 44,9 49,7 51,3 55,9 59,8 64,2 69,8 73,9 87,3
1 hora 40,5 50,9 57,5 63,7 65,7 71,6 77,3 82,9 90,1 95,2 112
2 horas 52,5 66,2 75,1 83,5 86,2 94,3 102 110 120 128 152
3 horas 59,5 75,2 85,4 95,1 98,2 108 117 126 138 147 176
4 horas 64,4 81,5 92,7 103 107 117 127 137 150 160 193
6 horas 71,4 90,5 103 115 119 130 142 153 168 179 216
8 horas 76,4 96,9 110 123 127 140 152 164 181 193 233
10 horas 80,2 102 116 130 134 147 160 173 190 203 246
12 horas 83,4 106 121 135 139 153 167 180 198 212 256
18 horas 90,4 115 131 146 151 166 181 196 216 231 280
24 horas 95,4 121 138 155 160 176 192 208 228 244 297
2 dias 122 156 179 200 207 228 249 270 298 319 388
3 dias 149 191 218 244 253 278 304 329 363 388 472
5 dias 192 245 280 313 324 356 388 421 463 495 602
7 dias 227 289 330 369 381 419 457 495 545 582 707
10 dias 271 344 391 437 451 496 540 585 643 687 833
15 dias 332 421 481 537 556 611 666 721 794 849 1031
20 dias 383 484 551 616 636 699 762 824 906 968 1174
30 dias 469 588 667 743 767 841 915 988 1085 1158 1401

Tabela AI.7.5 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina João Pereira.


Tempo de retorno T (anos)
Duração 2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

d
6 min 10,7 13,6 15,5 17,3 17,9 19,7 19,2 20,8 22,8 24,4 29,7
10 min 17,3 21,8 24,8 27,6 28,5 31,2 32,1 34,5 37,8 40,1 48,0
15 min 22,6 28,4 32,2 35,8 36,9 40,3 42,3 45,5 49,6 52,6 62,5
20 min 26,3 33,1 37,5 41,6 42,9 46,8 49,5 53,2 58,0 61,4 72,8
30 min 31,5 39,7 44,9 49,7 51,3 55,9 59,8 64,2 69,8 73,9 87,3
1 hora 40,5 50,9 57,5 63,7 65,7 71,6 77,3 82,9 90,1 95,2 112
2 horas 52,5 66,2 75,1 83,5 86,2 94,3 102 110 120 128 152
3 horas 59,5 75,2 85,4 95,1 98,2 108 117 126 138 147 176
4 horas 64,4 81,5 92,7 103 107 117 127 137 150 160 193
6 horas 71,4 90,5 103 115 119 130 142 153 168 179 216
8 horas 76,4 96,9 110 123 127 140 152 164 181 193 233
10 horas 80,2 102 116 130 134 147 160 173 190 203 246
12 horas 83,4 106 121 135 139 153 167 180 198 212 256
18 horas 90,4 115 131 146 151 166 181 196 216 231 280
24 horas 95,4 121 138 155 160 176 192 208 228 244 297
2 dias 122 156 179 200 207 228 249 270 298 319 388
3 dias 149 191 218 244 253 278 304 329 363 388 472
5 dias 192 245 280 313 324 356 388 421 463 495 602
7 dias 227 289 330 369 381 419 457 495 545 582 707
10 dias 271 344 391 437 451 496 540 585 643 687 833
15 dias 332 421 481 537 556 611 666 721 794 849 1031
20 dias 383 484 551 616 636 699 762 824 906 968 1174
30 dias 469 588 667 743 767 841 915 988 1085 1158 1401

Tabela AI.7.6 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Itacolomi.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,7 13,6 15,5 17,3 17,9 19,7 19,2 20,8 22,8 24,4 29,7
10 min 17,3 21,8 24,8 27,6 28,5 31,2 32,1 34,5 37,8 40,1 48,0
15 min 22,6 28,4 32,2 35,8 36,9 40,3 42,3 45,5 49,6 52,6 62,5
20 min 26,3 33,1 37,5 41,6 42,9 46,8 49,5 53,2 58,0 61,4 72,8
30 min 31,5 39,7 44,9 49,7 51,3 55,9 59,8 64,2 69,8 73,9 87,3
1 hora 40,5 50,9 57,5 63,7 65,7 71,6 77,3 82,9 90,1 95,2 112
2 horas 52,5 66,2 75,1 83,5 86,2 94,3 102 110 120 128 152
3 horas 59,5 75,2 85,4 95,1 98,2 108 117 126 138 147 176
4 horas 64,4 81,5 92,7 103 107 117 127 137 150 160 193
6 horas 71,4 90,5 103 115 119 130 142 153 168 179 216
8 horas 76,4 96,9 110 123 127 140 152 164 181 193 233
10 horas 80,2 102 116 130 134 147 160 173 190 203 246
12 horas 83,4 106 121 135 139 153 167 180 198 212 256
18 horas 90,4 115 131 146 151 166 181 196 216 231 280
24 horas 95,4 121 138 155 160 176 192 208 228 244 297
2 dias 122 156 179 200 207 228 249 270 298 319 388
3 dias 149 191 218 244 253 278 304 329 363 388 472
5 dias 192 245 280 313 324 356 388 421 463 495 602
7 dias 227 289 330 369 381 419 457 495 545 582 707
10 dias 271 344 391 437 451 496 540 585 643 687 833
15 dias 332 421 481 537 556 611 666 721 794 849 1031
20 dias 383 484 551 616 636 699 762 824 906 968 1174
30 dias 469 588 667 743 767 841 915 988 1085 1158 1401

Tabela AI.7.7 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Segredo.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,3 13,1 15,0 16,8 17,3 19,1 18,6 20,1 22,1 23,7 28,7
10 min 16,8 21,2 24,0 26,7 27,6 30,2 31,0 33,4 36,6 38,9 46,4
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

15 min 21,8 27,5 31,2 34,6 35,8 39,1 41,0 44,0 48,0 50,9 60,5
20 min 25,5 32,0 36,3 40,3 41,5 45,3 48,0 51,6 56,2 59,5 70,5
30 min 30,5 38,4 43,4 48,2 49,7 54,2 57,9 62,2 67,6 71,6 84,5
1 hora 39,2 49,3 55,7 61,7 63,6 69,3 74,8 80,3 87,2 92,2 109
2 horas 50,8 64,1 72,7 80,9 83,5 91,3 99,0 107 116 124 148
3 horas 57,6 72,8 82,7 92,1 95,1 104 113 122 134 142 170
4 horas 62,4 79,0 89,8 100 103 113 123 133 146 155 187
6 horas 69,2 87,7 99,8 111 115 126 137 148 163 174 209
8 horas 74,0 93,8 107 119 123 135 147 159 175 187 226
10 horas 77,7 98,6 112 125 130 142 155 168 184 197 238
12 horas 80,8 102 117 131 135 148 161 175 192 205 248
18 horas 87,5 111 127 142 147 161 176 190 209 223 271
24 horas 92,4 117 134 150 155 170 186 201 221 237 287
2 dias 118 151 173 194 201 221 242 262 289 309 376
3 dias 145 185 211 237 245 270 294 319 351 376 457
5 dias 186 237 271 303 313 345 376 407 449 480 583
7 dias 220 280 319 357 369 406 443 479 528 564 685
10 dias 263 333 379 423 437 481 523 566 623 665 807
15 dias 321 408 465 521 538 592 645 699 769 822 999
20 dias 371 469 534 596 616 677 738 798 878 938 1137
30 dias 454 570 646 720 743 815 886 957 1051 1122 1357

Tabela AI.7.8 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Pico.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,9 13,8 15,8 17,6 18,2 20,1 19,5 21,1 23,3 24,9 30,2
10 min 17,6 22,3 25,3 28,1 29,0 31,8 32,7 35,2 38,5 40,9 48,9
15 min 23,0 29,0 32,8 36,4 37,6 41,1 43,1 46,3 50,5 53,6 63,7
20 min 26,8 33,7 38,2 42,4 43,7 47,7 50,5 54,2 59,1 62,6 74,2
30 min 32,1 40,4 45,7 50,7 52,3 57,0 60,9 65,4 71,1 75,3 88,9
1 hora 41,3 51,8 58,6 64,9 66,9 72,9 78,7 84,4 91,8 97,0 114
2 horas 53,5 67,5 76,5 85,1 87,8 96,1 104 112 123 130 155
3 horas 60,6 76,6 87,0 96,9 100 110 119 128 140 150 179
4 horas 65,7 83,1 94,5 105 109 119 130 140 153 163 196
6 horas 72,8 92,2 105 117 121 133 144 156 171 183 220
8 horas 77,8 98,7 112 126 130 142 155 168 184 196 237
10 horas 81,8 104 118 132 136 150 163 176 194 207 250
12 horas 85,0 108 123 137 142 156 170 184 202 216 261
18 horas 92,1 117 133 149 154 170 185 200 220 235 285
24 horas 97,2 123 141 158 163 179 195 211 233 249 302
2 dias 124 159 182 204 211 233 254 275 304 325 395
3 dias 152 194 222 249 257 284 310 335 370 395 481
5 dias 196 249 285 319 330 363 396 429 472 505 613
7 dias 232 294 336 376 388 427 466 504 555 593 721
10 dias 277 350 399 445 460 506 551 596 655 700 849
15 dias 338 429 490 548 566 623 679 735 809 865 1050
20 dias 390 493 562 627 648 712 776 840 923 987 1197
30 dias 478 599 680 757 782 857 932 1007 1105 1180 1427

Tabela AI.7.9 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Sapecado.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,9 13,8 15,8 17,6 18,2 20,1 19,5 21,1 23,3 24,9 30,2
10 min 17,6 22,3 25,3 28,1 29,0 31,8 32,7 35,2 38,5 40,9 48,9
15 min 23,0 29,0 32,8 36,4 37,6 41,1 43,1 46,3 50,5 53,6 63,7
20 min 26,8 33,7 38,2 42,4 43,7 47,7 50,5 54,2 59,1 62,6 74,2
30 min 32,1 40,4 45,7 50,7 52,3 57,0 60,9 65,4 71,1 75,3 88,9
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

1 hora 41,3 51,8 58,6 64,9 66,9 72,9 78,7 84,4 91,8 97,0 114
2 horas 53,5 67,5 76,5 85,1 87,8 96,1 104 112 123 130 155
3 horas 60,6 76,6 87,0 96,9 100 110 119 128 140 150 179
4 horas 65,7 83,1 94,5 105 109 119 130 140 153 163 196
6 horas 72,8 92,2 105 117 121 133 144 156 171 183 220
8 horas 77,8 98,7 112 126 130 142 155 168 184 196 237
10 horas 81,8 104 118 132 136 150 163 176 194 207 250
12 horas 85,0 108 123 137 142 156 170 184 202 216 261
18 horas 92,1 117 133 149 154 170 185 200 220 235 285
24 horas 97,2 123 141 158 163 179 195 211 233 249 302
2 dias 124 159 182 204 211 233 254 275 304 325 395
3 dias 152 194 222 249 257 284 310 335 370 395 481
5 dias 196 249 285 319 330 363 396 429 472 505 613
7 dias 232 294 336 376 388 427 466 504 555 593 721
10 dias 277 350 399 445 460 506 551 596 655 700 849
15 dias 338 429 490 548 566 623 679 735 809 865 1050
20 dias 390 493 562 627 648 712 776 840 923 987 1197
30 dias 478 599 680 757 782 857 932 1007 1105 1180 1427

Tabela AI.7.10 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Galinheiro.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,7 13,6 15,5 17,3 17,9 19,7 19,2 20,8 22,8 24,4 29,7
10 min 17,3 21,8 24,8 27,6 28,5 31,2 32,1 34,5 37,8 40,1 48,0
15 min 22,6 28,4 32,2 35,8 36,9 40,3 42,3 45,5 49,6 52,6 62,5
20 min 26,3 33,1 37,5 41,6 42,9 46,8 49,5 53,2 58,0 61,4 72,8
30 min 31,5 39,7 44,9 49,7 51,3 55,9 59,8 64,2 69,8 73,9 87,3
1 hora 40,5 50,9 57,5 63,7 65,7 71,6 77,3 82,9 90,1 95,2 112
2 horas 52,5 66,2 75,1 83,5 86,2 94,3 102 110 120 128 152
3 horas 59,5 75,2 85,4 95,1 98,2 108 117 126 138 147 176
4 horas 64,4 81,5 92,7 103 107 117 127 137 150 160 193
6 horas 71,4 90,5 103 115 119 130 142 153 168 179 216
8 horas 76,4 96,9 110 123 127 140 152 164 181 193 233
10 horas 80,2 102 116 130 134 147 160 173 190 203 246
12 horas 83,4 106 121 135 139 153 167 180 198 212 256
18 horas 90,4 115 131 146 151 166 181 196 216 231 280
24 horas 95,4 121 138 155 160 176 192 208 228 244 297
2 dias 122 156 179 200 207 228 249 270 298 319 388
3 dias 149 191 218 244 253 278 304 329 363 388 472
5 dias 192 245 280 313 324 356 388 421 463 495 602
7 dias 227 289 330 369 381 419 457 495 545 582 707
10 dias 271 344 391 437 451 496 540 585 643 687 833
15 dias 332 421 481 537 556 611 666 721 794 849 1031
20 dias 383 484 551 616 636 699 762 824 906 968 1174
30 dias 469 588 667 743 767 841 915 988 1085 1158 1401

Tabela AI.7.11 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Andaime.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,7 13,6 15,5 17,3 17,9 19,7 19,2 20,8 22,8 24,4 29,7
10 min 17,3 21,8 24,8 27,6 28,5 31,2 32,1 34,5 37,8 40,1 48,0
15 min 22,6 28,4 32,2 35,8 36,9 40,3 42,3 45,5 49,6 52,6 62,5
20 min 26,3 33,1 37,5 41,6 42,9 46,8 49,5 53,2 58,0 61,4 72,8
30 min 31,5 39,7 44,9 49,7 51,3 55,9 59,8 64,2 69,8 73,9 87,3
1 hora 40,5 50,9 57,5 63,7 65,7 71,6 77,3 82,9 90,1 95,2 112
2 horas 52,5 66,2 75,1 83,5 86,2 94,3 102 110 120 128 152
3 horas 59,5 75,2 85,4 95,1 98,2 108 117 126 138 147 176
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

4 horas 64,4 81,5 92,7 103 107 117 127 137 150 160 193
6 horas 71,4 90,5 103 115 119 130 142 153 168 179 216
8 horas 76,4 96,9 110 123 127 140 152 164 181 193 233
10 horas 80,2 102 116 130 134 147 160 173 190 203 246
12 horas 83,4 106 121 135 139 153 167 180 198 212 256
18 horas 90,4 115 131 146 151 166 181 196 216 231 280
24 horas 95,4 121 138 155 160 176 192 208 228 244 297
2 dias 122 156 179 200 207 228 249 270 298 319 388
3 dias 149 191 218 244 253 278 304 329 363 388 472
5 dias 192 245 280 313 324 356 388 421 463 495 602
7 dias 227 289 330 369 381 419 457 495 545 582 707
10 dias 271 344 391 437 451 496 540 585 643 687 833
15 dias 332 421 481 537 556 611 666 721 794 849 1031
20 dias 383 484 551 616 636 699 762 824 906 968 1174
30 dias 469 588 667 743 767 841 915 988 1085 1158 1401

Tabela AI.7.12 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Abóboras.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,7 13,6 15,5 17,3 17,9 19,7 19,2 20,8 22,8 24,4 29,7
10 min 17,3 21,8 24,8 27,6 28,5 31,2 32,1 34,5 37,8 40,1 48,0
15 min 22,6 28,4 32,2 35,8 36,9 40,3 42,3 45,5 49,6 52,6 62,5
20 min 26,3 33,1 37,5 41,6 42,9 46,8 49,5 53,2 58,0 61,4 72,8
30 min 31,5 39,7 44,9 49,7 51,3 55,9 59,8 64,2 69,8 73,9 87,3
1 hora 40,5 50,9 57,5 63,7 65,7 71,6 77,3 82,9 90,1 95,2 112
2 horas 52,5 66,2 75,1 83,5 86,2 94,3 102 110 120 128 152
3 horas 59,5 75,2 85,4 95,1 98,2 108 117 126 138 147 176
4 horas 64,4 81,5 92,7 103 107 117 127 137 150 160 193
6 horas 71,4 90,5 103 115 119 130 142 153 168 179 216
8 horas 76,4 96,9 110 123 127 140 152 164 181 193 233
10 horas 80,2 102 116 130 134 147 160 173 190 203 246
12 horas 83,4 106 121 135 139 153 167 180 198 212 256
18 horas 90,4 115 131 146 151 166 181 196 216 231 280
24 horas 95,4 121 138 155 160 176 192 208 228 244 297
2 dias 122 156 179 200 207 228 249 270 298 319 388
3 dias 149 191 218 244 253 278 304 329 363 388 472
5 dias 192 245 280 313 324 356 388 421 463 495 602
7 dias 227 289 330 369 381 419 457 495 545 582 707
10 dias 271 344 391 437 451 496 540 585 643 687 833
15 dias 332 421 481 537 556 611 666 721 794 849 1031
20 dias 383 484 551 616 636 699 762 824 906 968 1174
30 dias 469 588 667 743 767 841 915 988 1085 1158 1401

Tabela AI.7.13 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Capitão do Mato.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 11,4 14,4 16,5 18,4 19,0 20,9 20,4 22,1 24,3 26,0 31,5
10 min 18,4 23,2 26,4 29,3 30,3 33,2 34,1 36,7 40,1 42,7 51,0
15 min 24,0 30,2 34,2 38,0 39,2 42,9 44,9 48,3 52,7 55,9 66,4
20 min 27,9 35,2 39,8 44,2 45,6 49,8 52,7 56,6 61,6 65,3 77,4
30 min 33,5 42,1 47,7 52,9 54,5 59,5 63,5 68,2 74,2 78,6 92,8
1 hora 43,1 54,1 61,1 67,7 69,8 76,1 82,1 88,1 95,7 101 119
2 horas 55,8 70,4 79,8 88,8 91,6 100 109 117 128 136 162
3 horas 63,2 79,9 90,8 101 104 114 124 134 147 156 187
4 horas 68,5 86,7 98,6 110 113 124 135 146 160 170 205
6 horas 75,9 96,2 109 122 126 139 151 163 179 191 230
8 horas 81,2 103 117 131 135 149 162 175 192 205 247
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

10 horas 85,3 108 123 138 142 156 170 184 202 216 261
12 horas 88,6 112 128 143 148 163 177 192 211 225 273
18 horas 96,1 122 139 156 161 177 193 209 229 245 298
24 horas 101 129 147 164 170 187 204 221 243 260 315
2 dias 130 166 190 213 220 243 265 287 317 339 413
3 dias 159 203 232 260 269 296 323 350 386 412 502
5 dias 204 260 297 333 344 379 413 447 492 527 640
7 dias 242 307 350 392 405 446 486 526 579 619 752
10 dias 289 365 416 464 480 527 575 622 684 730 886
15 dias 352 448 511 571 591 650 708 767 844 902 1096
20 dias 407 515 586 655 676 743 810 876 963 1029 1248
30 dias 498 625 709 790 816 894 973 1050 1153 1231 1489

Tabela AI.7.14 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Tamanduá.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 12,0 15,2 17,3 19,4 20,0 22,0 21,5 23,2 25,6 27,3 33,2
10 min 19,4 24,5 27,8 30,9 31,9 34,9 35,9 38,7 42,3 44,9 53,7
15 min 25,3 31,8 36,1 40,1 41,3 45,2 47,3 50,9 55,5 58,9 69,9
20 min 29,4 37,0 41,9 46,5 48,0 52,4 55,5 59,6 64,9 68,8 81,5
30 min 35,3 44,4 50,2 55,7 57,4 62,6 66,9 71,9 78,2 82,8 97,7
1 hora 45,4 57,0 64,4 71,3 73,5 80,1 86,5 92,8 101 107 126
2 horas 58,8 74,1 84,1 93,5 96,5 106 114 123 135 143 171
3 horas 66,6 84,2 95,6 107 110 120 131 141 154 164 197
4 horas 72,1 91,3 104 116 120 131 142 154 168 179 216
6 horas 80,0 101 115 129 133 146 159 171 188 201 242
8 horas 85,5 108 124 138 142 156 170 184 202 216 261
10 horas 89,9 114 130 145 150 165 179 194 213 227 275
12 horas 93,4 118 135 151 156 171 187 202 222 237 287
18 horas 101 129 147 164 169 186 203 220 242 258 313
24 horas 107 136 155 173 179 197 215 232 256 273 332
2 dias 137 175 200 224 232 256 279 303 334 357 435
3 dias 167 213 244 274 283 312 340 369 406 434 529
5 dias 215 274 313 350 362 399 435 471 519 555 674
7 dias 254 323 369 413 427 469 512 554 610 652 792
10 dias 304 385 438 489 505 555 605 655 720 769 933
15 dias 371 472 538 602 622 684 746 808 889 950 1154
20 dias 429 542 617 689 712 783 853 923 1015 1084 1315
30 dias 525 659 747 832 859 942 1024 1106 1215 1297 1568

Tabela AI.7.15 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Mutuca.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 12,1 15,4 17,5 19,6 20,3 22,3 21,7 23,5 25,9 27,6 33,6
10 min 19,6 24,7 28,1 31,3 32,3 35,3 36,3 39,1 42,7 45,4 54,3
15 min 25,5 32,2 36,5 40,5 41,8 45,7 47,9 51,5 56,1 59,6 70,7
20 min 29,8 37,5 42,4 47,1 48,6 53,0 56,1 60,3 65,7 69,6 82,4
30 min 35,7 44,9 50,8 56,3 58,1 63,3 67,7 72,7 79,1 83,7 98,8
1 hora 45,9 57,6 65,1 72,1 74,4 81,0 87,5 93,8 102 108 127
2 horas 59,4 75,0 85,0 94,6 97,6 107 116 125 136 145 173
3 horas 67,3 85,1 96,7 108 111 122 132 143 156 166 199
4 horas 73,0 92,3 105 117 121 133 144 155 170 181 218
6 horas 80,9 102 117 130 134 148 161 173 190 203 245
8 horas 86,5 110 125 139 144 158 172 186 204 218 264
10 horas 90,9 115 131 147 152 167 181 196 215 230 278
12 horas 94,4 120 137 153 158 173 189 204 224 240 290
18 horas 102 130 148 166 171 188 205 222 244 261 317
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

24 horas 108 137 157 175 181 199 217 235 259 276 336
2 dias 138 177 202 227 235 259 282 306 337 361 439
3 dias 169 216 247 277 286 315 344 373 411 439 535
5 dias 218 277 317 354 366 403 440 476 524 561 682
7 dias 257 327 373 417 431 475 518 560 617 659 801
10 dias 307 389 443 495 511 562 612 662 728 778 944
15 dias 375 477 544 609 629 692 755 817 899 961 1167
20 dias 433 548 624 697 720 792 862 933 1026 1096 1330
30 dias 531 666 756 841 869 953 1036 1119 1228 1311 1586

Tabela AI.7.16 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Capão Xavier.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 12,1 15,4 17,5 19,6 20,3 22,3 21,7 23,5 25,9 27,6 33,6
10 min 19,6 24,7 28,1 31,3 32,3 35,3 36,3 39,1 42,7 45,4 54,3
15 min 25,5 32,2 36,5 40,5 41,8 45,7 47,9 51,5 56,1 59,6 70,7
20 min 29,8 37,5 42,4 47,1 48,6 53,0 56,1 60,3 65,7 69,6 82,4
30 min 35,7 44,9 50,8 56,3 58,1 63,3 67,7 72,7 79,1 83,7 98,8
1 hora 45,9 57,6 65,1 72,1 74,4 81,0 87,5 93,8 102 108 127
2 horas 59,4 75,0 85,0 94,6 97,6 107 116 125 136 145 173
3 horas 67,3 85,1 96,7 108 111 122 132 143 156 166 199
4 horas 73,0 92,3 105 117 121 133 144 155 170 181 218
6 horas 80,9 102 117 130 134 148 161 173 190 203 245
8 horas 86,5 110 125 139 144 158 172 186 204 218 264
10 horas 90,9 115 131 147 152 167 181 196 215 230 278
12 horas 94,4 120 137 153 158 173 189 204 224 240 290
18 horas 102 130 148 166 171 188 205 222 244 261 317
24 horas 108 137 157 175 181 199 217 235 259 276 336
2 dias 138 177 202 227 235 259 282 306 337 361 439
3 dias 169 216 247 277 286 315 344 373 411 439 535
5 dias 218 277 317 354 366 403 440 476 524 561 682
7 dias 257 327 373 417 431 475 518 560 617 659 801
10 dias 307 389 443 495 511 562 612 662 728 778 944
15 dias 375 477 544 609 629 692 755 817 899 961 1167
20 dias 433 548 624 697 720 792 862 933 1026 1096 1330
30 dias 531 666 756 841 869 953 1036 1119 1228 1311 1586

Tabela AI.7.17 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Mar Azul.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 12,1 15,4 17,5 19,6 20,3 22,3 21,7 23,5 25,9 27,6 33,6
10 min 19,6 24,7 28,1 31,3 32,3 35,3 36,3 39,1 42,7 45,4 54,3
15 min 25,5 32,2 36,5 40,5 41,8 45,7 47,9 51,5 56,1 59,6 70,7
20 min 29,8 37,5 42,4 47,1 48,6 53,0 56,1 60,3 65,7 69,6 82,4
30 min 35,7 44,9 50,8 56,3 58,1 63,3 67,7 72,7 79,1 83,7 98,8
1 hora 45,9 57,6 65,1 72,1 74,4 81,0 87,5 93,8 102 108 127
2 horas 59,4 75,0 85,0 94,6 97,6 107 116 125 136 145 173
3 horas 67,3 85,1 96,7 108 111 122 132 143 156 166 199
4 horas 73,0 92,3 105 117 121 133 144 155 170 181 218
6 horas 80,9 102 117 130 134 148 161 173 190 203 245
8 horas 86,5 110 125 139 144 158 172 186 204 218 264
10 horas 90,9 115 131 147 152 167 181 196 215 230 278
12 horas 94,4 120 137 153 158 173 189 204 224 240 290
18 horas 102 130 148 166 171 188 205 222 244 261 317
24 horas 108 137 157 175 181 199 217 235 259 276 336
2 dias 138 177 202 227 235 259 282 306 337 361 439
3 dias 169 216 247 277 286 315 344 373 411 439 535
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

5 dias 218 277 317 354 366 403 440 476 524 561 682
7 dias 257 327 373 417 431 475 518 560 617 659 801
10 dias 307 389 443 495 511 562 612 662 728 778 944
15 dias 375 477 544 609 629 692 755 817 899 961 1167
20 dias 433 548 624 697 720 792 862 933 1026 1096 1330
30 dias 531 666 756 841 869 953 1036 1119 1228 1311 1586

Tabela AI.7.18 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Águas Claras.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 11,7 14,9 16,9 19,0 19,6 21,6 21,0 22,7 25,0 26,7 32,5
10 min 18,9 23,9 27,1 30,2 31,2 34,1 35,1 37,8 41,3 43,9 52,5
15 min 24,7 31,1 35,2 39,2 40,4 44,1 46,3 49,8 54,3 57,6 68,4
20 min 28,8 36,2 41,0 45,5 46,9 51,2 54,2 58,3 63,5 67,3 79,7
30 min 34,5 43,4 49,1 54,4 56,1 61,2 65,4 70,2 76,4 80,9 95,5
1 hora 44,3 55,7 62,9 69,7 71,9 78,3 84,6 90,7 98,6 104 123
2 horas 57,4 72,5 82,2 91,4 94,4 103 112 120 132 140 167
3 horas 65,1 82,3 93,5 104 107 118 128 138 151 161 193
4 horas 70,5 89,2 101 113 117 128 139 150 165 175 211
6 horas 78,2 99,0 113 126 130 143 155 168 184 196 237
8 horas 83,6 106 121 135 139 153 167 180 198 211 255
10 horas 87,8 111 127 142 147 161 175 190 208 222 269
12 horas 91,3 116 132 148 152 168 182 197 217 232 281
18 horas 98,9 126 143 160 166 182 198 215 236 253 306
24 horas 104 133 151 169 175 192 210 227 250 267 325
2 dias 134 171 196 219 227 250 273 296 326 349 425
3 dias 163 209 239 267 276 305 332 360 397 425 517
5 dias 210 268 306 343 354 390 425 460 507 542 659
7 dias 249 316 361 403 417 459 500 542 596 637 774
10 dias 297 376 428 478 494 543 592 640 704 752 912
15 dias 363 461 526 588 608 669 729 790 869 929 1128
20 dias 419 530 603 674 696 765 834 902 992 1060 1285
30 dias 513 644 730 813 840 921 1001 1082 1187 1267 1533

Tabela AI.7.19 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Córrego do Feijão.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,7 13,6 15,5 17,3 17,9 19,7 19,2 20,8 22,8 24,4 29,7
10 min 17,3 21,8 24,8 27,6 28,5 31,2 32,1 34,5 37,8 40,1 48,0
15 min 22,6 28,4 32,2 35,8 36,9 40,3 42,3 45,5 49,6 52,6 62,5
20 min 26,3 33,1 37,5 41,6 42,9 46,8 49,5 53,2 58,0 61,4 72,8
30 min 31,5 39,7 44,9 49,7 51,3 55,9 59,8 64,2 69,8 73,9 87,3
1 hora 40,5 50,9 57,5 63,7 65,7 71,6 77,3 82,9 90,1 95,2 112
2 horas 52,5 66,2 75,1 83,5 86,2 94,3 102 110 120 128 152
3 horas 59,5 75,2 85,4 95,1 98,2 108 117 126 138 147 176
4 horas 64,4 81,5 92,7 103 107 117 127 137 150 160 193
6 horas 71,4 90,5 103 115 119 130 142 153 168 179 216
8 horas 76,4 96,9 110 123 127 140 152 164 181 193 233
10 horas 80,2 102 116 130 134 147 160 173 190 203 246
12 horas 83,4 106 121 135 139 153 167 180 198 212 256
18 horas 90,4 115 131 146 151 166 181 196 216 231 280
24 horas 95,4 121 138 155 160 176 192 208 228 244 297
2 dias 122 156 179 200 207 228 249 270 298 319 388
3 dias 149 191 218 244 253 278 304 329 363 388 472
5 dias 192 245 280 313 324 356 388 421 463 495 602
7 dias 227 289 330 369 381 419 457 495 545 582 707
10 dias 271 344 391 437 451 496 540 585 643 687 833
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

15 dias 332 421 481 537 556 611 666 721 794 849 1031
20 dias 383 484 551 616 636 699 762 824 906 968 1174
30 dias 469 588 667 743 767 841 915 988 1085 1158 1401

Tabela AI.7.20 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Jangada.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,7 13,6 15,5 17,3 17,9 19,7 19,2 20,8 22,8 24,4 29,7
10 min 17,3 21,8 24,8 27,6 28,5 31,2 32,1 34,5 37,8 40,1 48,0
15 min 22,6 28,4 32,2 35,8 36,9 40,3 42,3 45,5 49,6 52,6 62,5
20 min 26,3 33,1 37,5 41,6 42,9 46,8 49,5 53,2 58,0 61,4 72,8
30 min 31,5 39,7 44,9 49,7 51,3 55,9 59,8 64,2 69,8 73,9 87,3
1 hora 40,5 50,9 57,5 63,7 65,7 71,6 77,3 82,9 90,1 95,2 112
2 horas 52,5 66,2 75,1 83,5 86,2 94,3 102 110 120 128 152
3 horas 59,5 75,2 85,4 95,1 98,2 108 117 126 138 147 176
4 horas 64,4 81,5 92,7 103 107 117 127 137 150 160 193
6 horas 71,4 90,5 103 115 119 130 142 153 168 179 216
8 horas 76,4 96,9 110 123 127 140 152 164 181 193 233
10 horas 80,2 102 116 130 134 147 160 173 190 203 246
12 horas 83,4 106 121 135 139 153 167 180 198 212 256
18 horas 90,4 115 131 146 151 166 181 196 216 231 280
24 horas 95,4 121 138 155 160 176 192 208 228 244 297
2 dias 122 156 179 200 207 228 249 270 298 319 388
3 dias 149 191 218 244 253 278 304 329 363 388 472
5 dias 192 245 280 313 324 356 388 421 463 495 602
7 dias 227 289 330 369 381 419 457 495 545 582 707
10 dias 271 344 391 437 451 496 540 585 643 687 833
15 dias 332 421 481 537 556 611 666 721 794 849 1031
20 dias 383 484 551 616 636 699 762 824 906 968 1174
30 dias 469 588 667 743 767 841 915 988 1085 1158 1401

Tabela AI.7.21 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Córrego do Meio.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,0 12,7 14,5 16,2 16,8 18,5 18,0 19,4 21,4 22,9 27,8
10 min 16,2 20,5 23,2 25,9 26,7 29,2 30,0 32,4 35,4 37,6 44,9
15 min 21,1 26,6 30,2 33,5 34,6 37,8 39,6 42,6 46,5 49,3 58,5
20 min 24,6 31,0 35,1 39,0 40,2 43,9 46,4 49,9 54,3 57,6 68,2
30 min 29,5 37,2 42,0 46,6 48,1 52,4 56,0 60,1 65,4 69,3 81,8
1 hora 38,0 47,7 53,9 59,7 61,5 67,1 72,4 77,7 84,4 89,2 105
2 horas 49,2 62,0 70,4 78,3 80,8 88,4 95,8 103 113 120 143
3 horas 55,7 70,4 80,0 89,1 92,0 101 109 118 129 138 165
4 horas 60,4 76,4 86,9 96,8 100 110 119 129 141 150 180
6 horas 66,9 84,8 96,5 108 111 122 133 144 157 168 203
8 horas 71,6 90,8 103 115 119 131 143 154 169 181 218
10 horas 75,2 95,4 109 121 125 138 150 162 178 190 230
12 horas 78,1 99,2 113 126 131 143 156 169 186 198 240
18 horas 84,7 108 123 137 142 156 170 184 202 216 262
24 horas 89,4 114 130 145 150 165 180 194 214 229 278
2 dias 114 146 167 188 194 214 234 253 279 299 364
3 dias 140 179 204 229 237 261 285 308 340 364 442
5 dias 180 229 262 293 303 334 364 394 434 464 564
7 dias 213 271 309 345 357 393 428 464 510 546 663
10 dias 254 322 367 409 423 465 506 548 603 644 781
15 dias 311 395 450 504 521 573 624 676 744 795 966
20 dias 359 454 517 577 596 655 714 772 849 907 1100
30 dias 439 551 625 696 719 788 857 926 1017 1085 1313
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Tabela AI.7.22 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Timbopeba.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 11,6 14,8 16,9 18,9 19,5 21,4 21,7 23,4 25,8 27,6 33,5
10 min 20,1 25,3 28,7 32,0 33,0 36,1 37,8 40,7 44,5 47,3 56,5
15 min 26,8 33,7 38,2 42,4 43,7 47,7 50,6 54,5 59,4 63,0 74,7
20 min 31,5 39,7 44,9 49,8 51,3 56,0 59,7 64,2 69,9 74,1 87,6
30 min 38,2 48,0 54,3 60,2 62,1 67,7 72,6 77,9 84,8 89,8 106
1 hora 49,6 62,4 70,4 78,0 80,4 87,6 94,5 101 110 117 137
2 horas 65,5 82,7 93,8 104 108 118 128 137 150 160 190
3 horas 74,8 94,6 107 120 124 135 147 158 173 185 221
4 horas 81,4 103 117 131 135 148 161 173 190 202 243
6 horas 90,7 115 131 146 151 165 180 194 213 228 274
8 horas 97,2 123 140 157 162 178 194 209 230 245 296
10 horas 102 130 148 165 171 188 204 221 243 259 314
12 horas 107 135 154 172 178 196 213 230 253 271 328
18 horas 116 147 168 188 194 213 232 251 277 296 359
24 horas 122 155 177 198 205 226 246 266 293 313 381
2 dias 157 200 229 257 266 293 320 347 382 409 498
3 dias 192 245 280 314 324 357 390 423 466 498 606
5 dias 247 314 359 402 415 457 499 540 595 636 773
7 dias 292 371 423 473 489 538 587 635 699 747 908
10 dias 348 441 502 561 579 637 694 750 825 882 1070
15 dias 426 541 617 690 713 784 855 926 1019 1090 1323
20 dias 491 621 708 790 817 897 978 1058 1163 1243 1507
30 dias 602 755 856 954 985 1080 1174 1268 1393 1486 1798

Tabela AI.7.23 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Conta História.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 11,9 15,1 17,3 19,3 20,0 22,0 22,2 24,0 26,4 28,3 34,3
10 min 20,6 26,0 29,4 32,8 33,8 37,0 38,7 41,7 45,6 48,5 57,9
15 min 27,4 34,5 39,1 43,4 44,8 48,9 51,9 55,8 60,8 64,6 76,5
20 min 32,3 40,6 46,0 51,0 52,6 57,4 61,2 65,8 71,6 75,9 89,8
30 min 39,1 49,2 55,6 61,7 63,6 69,3 74,3 79,9 86,9 92,0 108
1 hora 50,9 63,9 72,2 79,9 82,4 89,7 96,8 104 113 119 140
2 horas 67,1 84,7 96,1 107 110 121 131 141 154 163 195
3 horas 76,6 96,9 110 123 127 139 150 162 178 189 227
4 horas 83,4 106 120 134 138 151 165 178 195 207 249
6 horas 92,9 118 134 149 154 169 184 199 219 233 281
8 horas 99,6 126 144 161 166 182 198 214 236 251 304
10 horas 105 133 152 169 175 192 209 226 249 266 321
12 horas 109 139 158 176 182 200 218 236 259 277 336
18 horas 119 151 172 192 199 218 238 258 283 303 367
24 horas 125 159 182 203 210 231 252 273 300 321 390
2 dias 160 205 235 263 273 300 328 355 392 419 510
3 dias 196 251 287 321 332 366 399 433 477 510 621
5 dias 253 322 368 412 425 468 511 553 609 651 792
7 dias 299 380 433 485 501 551 601 651 716 766 930
10 dias 357 452 514 575 594 652 711 769 846 904 1096
15 dias 436 554 632 707 731 804 876 949 1044 1116 1356
20 dias 503 637 725 810 837 919 1002 1084 1192 1273 1544
30 dias 616 773 877 977 1009 1106 1203 1300 1427 1523 1842
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Tabela AI.7.24 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Alegria.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 11,6 14,8 16,9 18,9 19,5 21,4 21,7 23,4 25,8 27,6 33,5
10 min 20,1 25,3 28,7 32,0 33,0 36,1 37,8 40,7 44,5 47,3 56,5
15 min 26,8 33,7 38,2 42,4 43,7 47,7 50,6 54,5 59,4 63,0 74,7
20 min 31,5 39,7 44,9 49,8 51,3 56,0 59,7 64,2 69,9 74,1 87,6
30 min 38,2 48,0 54,3 60,2 62,1 67,7 72,6 77,9 84,8 89,8 106
1 hora 49,6 62,4 70,4 78,0 80,4 87,6 94,5 101 110 117 137
2 horas 65,5 82,7 93,8 104 108 118 128 137 150 160 190
3 horas 74,8 94,6 107 120 124 135 147 158 173 185 221
4 horas 81,4 103 117 131 135 148 161 173 190 202 243
6 horas 90,7 115 131 146 151 165 180 194 213 228 274
8 horas 97,2 123 140 157 162 178 194 209 230 245 296
10 horas 102 130 148 165 171 188 204 221 243 259 314
12 horas 107 135 154 172 178 196 213 230 253 271 328
18 horas 116 147 168 188 194 213 232 251 277 296 359
24 horas 122 155 177 198 205 226 246 266 293 313 381
2 dias 157 200 229 257 266 293 320 347 382 409 498
3 dias 192 245 280 314 324 357 390 423 466 498 606
5 dias 247 314 359 402 415 457 499 540 595 636 773
7 dias 292 371 423 473 489 538 587 635 699 747 908
10 dias 348 441 502 561 579 637 694 750 825 882 1070
15 dias 426 541 617 690 713 784 855 926 1019 1090 1323
20 dias 491 621 708 790 817 897 978 1058 1163 1243 1507
30 dias 602 755 856 954 985 1080 1174 1268 1393 1486 1798

Tabela AI.7.25 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Itabiritos Mariana.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 11,9 15,1 17,3 19,3 20,0 22,0 22,2 24,0 26,4 28,3 34,3
10 min 20,6 26,0 29,4 32,8 33,8 37,0 38,7 41,7 45,6 48,5 57,9
15 min 27,4 34,5 39,1 43,4 44,8 48,9 51,9 55,8 60,8 64,6 76,5
20 min 32,3 40,6 46,0 51,0 52,6 57,4 61,2 65,8 71,6 75,9 89,8
30 min 39,1 49,2 55,6 61,7 63,6 69,3 74,3 79,9 86,9 92,0 108
1 hora 50,9 63,9 72,2 79,9 82,4 89,7 96,8 104 113 119 140
2 horas 67,1 84,7 96,1 107 110 121 131 141 154 163 195
3 horas 76,6 96,9 110 123 127 139 150 162 178 189 227
4 horas 83,4 106 120 134 138 151 165 178 195 207 249
6 horas 92,9 118 134 149 154 169 184 199 219 233 281
8 horas 99,6 126 144 161 166 182 198 214 236 251 304
10 horas 105 133 152 169 175 192 209 226 249 266 321
12 horas 109 139 158 176 182 200 218 236 259 277 336
18 horas 119 151 172 192 199 218 238 258 283 303 367
24 horas 125 159 182 203 210 231 252 273 300 321 390
2 dias 160 205 235 263 273 300 328 355 392 419 510
3 dias 196 251 287 321 332 366 399 433 477 510 621
5 dias 253 322 368 412 425 468 511 553 609 651 792
7 dias 299 380 433 485 501 551 601 651 716 766 930
10 dias 357 452 514 575 594 652 711 769 846 904 1096
15 dias 436 554 632 707 731 804 876 949 1044 1116 1356
20 dias 503 637 725 810 837 919 1002 1084 1192 1273 1544
30 dias 616 773 877 977 1009 1106 1203 1300 1427 1523 1842

Tabela AI.7.26 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Fábrica Nova.


Tempo de retorno T (anos)
Duração 2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

d
6 min 11,9 15,1 17,3 19,3 20,0 22,0 22,2 24,0 26,4 28,3 34,3
10 min 20,6 26,0 29,4 32,8 33,8 37,0 38,7 41,7 45,6 48,5 57,9
15 min 27,4 34,5 39,1 43,4 44,8 48,9 51,9 55,8 60,8 64,6 76,5
20 min 32,3 40,6 46,0 51,0 52,6 57,4 61,2 65,8 71,6 75,9 89,8
30 min 39,1 49,2 55,6 61,7 63,6 69,3 74,3 79,9 86,9 92,0 108
1 hora 50,9 63,9 72,2 79,9 82,4 89,7 96,8 104 113 119 140
2 horas 67,1 84,7 96,1 107 110 121 131 141 154 163 195
3 horas 76,6 96,9 110 123 127 139 150 162 178 189 227
4 horas 83,4 106 120 134 138 151 165 178 195 207 249
6 horas 92,9 118 134 149 154 169 184 199 219 233 281
8 horas 99,6 126 144 161 166 182 198 214 236 251 304
10 horas 105 133 152 169 175 192 209 226 249 266 321
12 horas 109 139 158 176 182 200 218 236 259 277 336
18 horas 119 151 172 192 199 218 238 258 283 303 367
24 horas 125 159 182 203 210 231 252 273 300 321 390
2 dias 160 205 235 263 273 300 328 355 392 419 510
3 dias 196 251 287 321 332 366 399 433 477 510 621
5 dias 253 322 368 412 425 468 511 553 609 651 792
7 dias 299 380 433 485 501 551 601 651 716 766 930
10 dias 357 452 514 575 594 652 711 769 846 904 1096
15 dias 436 554 632 707 731 804 876 949 1044 1116 1356
20 dias 503 637 725 810 837 919 1002 1084 1192 1273 1544
30 dias 616 773 877 977 1009 1106 1203 1300 1427 1523 1842

Tabela AI.7.27 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Fazendão.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 11,9 15,1 17,3 19,3 20,0 22,0 22,2 24,0 26,4 28,3 34,3
10 min 20,6 26,0 29,4 32,8 33,8 37,0 38,7 41,7 45,6 48,5 57,9
15 min 27,4 34,5 39,1 43,4 44,8 48,9 51,9 55,8 60,8 64,6 76,5
20 min 32,3 40,6 46,0 51,0 52,6 57,4 61,2 65,8 71,6 75,9 89,8
30 min 39,1 49,2 55,6 61,7 63,6 69,3 74,3 79,9 86,9 92,0 108
1 hora 50,9 63,9 72,2 79,9 82,4 89,7 96,8 104 113 119 140
2 horas 67,1 84,7 96,1 107 110 121 131 141 154 163 195
3 horas 76,6 96,9 110 123 127 139 150 162 178 189 227
4 horas 83,4 106 120 134 138 151 165 178 195 207 249
6 horas 92,9 118 134 149 154 169 184 199 219 233 281
8 horas 99,6 126 144 161 166 182 198 214 236 251 304
10 horas 105 133 152 169 175 192 209 226 249 266 321
12 horas 109 139 158 176 182 200 218 236 259 277 336
18 horas 119 151 172 192 199 218 238 258 283 303 367
24 horas 125 159 182 203 210 231 252 273 300 321 390
2 dias 160 205 235 263 273 300 328 355 392 419 510
3 dias 196 251 287 321 332 366 399 433 477 510 621
5 dias 253 322 368 412 425 468 511 553 609 651 792
7 dias 299 380 433 485 501 551 601 651 716 766 930
10 dias 357 452 514 575 594 652 711 769 846 904 1096
15 dias 436 554 632 707 731 804 876 949 1044 1116 1356
20 dias 503 637 725 810 837 919 1002 1084 1192 1273 1544
30 dias 616 773 877 977 1009 1106 1203 1300 1427 1523 1842

Tabela AI.7.28 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Alegria Oeste.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 9,06 11,5 13,1 14,7 15,2 16,7 16,9 18,3 20,1 21,5 26,1
10 min 15,6 19,7 22,4 24,9 25,7 28,1 29,5 31,7 34,7 36,9 44,0
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

15 min 20,8 26,3 29,7 33,0 34,1 37,2 39,5 42,4 46,3 49,1 58,2
20 min 24,5 30,9 35,0 38,8 40,0 43,6 46,5 50,0 54,5 57,8 68,3
30 min 29,8 37,4 42,3 46,9 48,4 52,7 56,5 60,7 66,1 70,0 82,5
1 hora 38,7 48,6 54,9 60,8 62,6 68,2 73,6 79,0 85,8 90,8 107
2 horas 51,0 64,4 73,1 81,2 83,8 91,7 99,4 107 117 124 148
3 horas 58,3 73,7 83,7 93,2 96,2 105 114 123 135 144 172
4 horas 63,4 80,2 91,2 102 105 115 125 135 148 158 190
6 horas 70,6 89,5 102 114 117 129 140 151 166 177 214
8 horas 75,8 96,1 109 122 126 139 151 163 179 191 231
10 horas 79,7 101 115 129 133 146 159 172 189 202 244
12 horas 83,0 105 120 134 139 152 166 180 197 211 255
18 horas 90,2 115 131 146 151 166 181 196 216 230 279
24 horas 95,4 121 138 155 160 176 192 208 228 244 297
2 dias 122 156 179 200 207 228 249 270 298 319 388
3 dias 149 191 218 244 253 278 304 329 363 388 472
5 dias 192 245 280 313 324 356 388 421 463 495 602
7 dias 227 289 330 369 381 419 457 495 545 582 707
10 dias 271 344 391 437 451 496 540 585 643 687 833
15 dias 332 421 481 537 556 611 666 721 794 849 1031
20 dias 383 484 551 616 636 699 762 824 906 968 1174
30 dias 469 588 667 743 767 841 915 988 1085 1158 1401

Tabela AI.7.29 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Apolo.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 9,67 12,3 14,0 15,7 16,2 17,8 17,4 18,8 20,7 22,1 26,9
10 min 15,7 19,8 22,5 25,0 25,8 28,3 29,0 31,3 34,2 36,3 43,4
15 min 20,4 25,7 29,2 32,4 33,4 36,5 38,3 41,2 44,9 47,6 56,6
20 min 23,8 30,0 33,9 37,6 38,8 42,4 44,9 48,2 52,5 55,7 65,9
30 min 28,6 35,9 40,6 45,0 46,5 50,7 54,1 58,1 63,2 66,9 79,1
1 hora 36,7 46,1 52,1 57,7 59,5 64,8 70,0 75,1 81,6 86,3 102
2 horas 47,5 60,0 68,0 75,6 78,1 85,4 92,6 99,7 109 116 138
3 horas 53,9 68,1 77,3 86,1 88,9 97,4 106 114 125 133 159
4 horas 58,4 73,8 84,0 93,6 96,7 106 115 124 136 145 174
6 horas 64,7 82,0 93,3 104 108 118 128 139 152 162 196
8 horas 69,2 87,7 99,9 112 115 127 138 149 164 175 211
10 horas 72,7 92,2 105 117 121 133 145 157 172 184 223
12 horas 75,5 95,8 109 122 126 139 151 163 180 192 232
18 horas 81,9 104 119 133 137 151 164 178 196 209 253
24 horas 86,4 110 125 140 145 159 174 188 207 221 269
2 dias 110 141 162 181 188 207 226 245 270 289 351
3 dias 135 173 197 221 229 252 275 298 328 351 428
5 dias 174 222 253 283 293 322 352 381 419 449 545
7 dias 206 262 298 334 345 380 414 448 493 527 641
10 dias 246 311 354 396 409 449 489 530 582 622 755
15 dias 300 381 435 487 503 553 604 653 719 769 934
20 dias 347 438 499 558 576 633 690 746 821 877 1064
30 dias 424 533 604 673 695 762 829 895 983 1049 1269

Tabela AI.7.30 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Baú.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 8,20 10,4 11,9 13,3 13,7 15,1 15,3 16,5 18,2 19,5 23,6
10 min 14,2 17,9 20,3 22,6 23,3 25,5 26,7 28,7 31,4 33,4 39,8
15 min 18,9 23,8 26,9 29,9 30,9 33,7 35,7 38,4 41,9 44,5 52,7
20 min 22,2 28,0 31,7 35,1 36,2 39,5 42,1 45,3 49,3 52,3 61,8
30 min 26,9 33,9 38,3 42,5 43,8 47,7 51,2 55,0 59,8 63,4 74,7
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

1 hora 35,0 44,0 49,7 55,0 56,7 61,8 66,7 71,6 77,7 82,3 96,7
2 horas 46,2 58,3 66,2 73,6 75,9 83,0 90,0 96,9 106 113 134
3 horas 52,8 66,7 75,8 84,4 87,1 95,5 104 112 122 130 156
4 horas 57,4 72,7 82,6 92,1 95,1 104 113 122 134 143 172
6 horas 64,0 81,0 92,3 103 106 117 127 137 151 161 194
8 horas 68,6 87,0 99,1 111 114 126 137 148 162 173 209
10 horas 72,2 91,6 104 117 120 132 144 156 171 183 221
12 horas 75,2 95,4 109 121 126 138 150 163 179 191 231
18 horas 81,7 104 118 132 137 150 164 177 195 209 253
24 horas 86,4 110 125 140 145 159 174 188 207 221 269
2 dias 110 141 162 181 188 207 226 245 270 289 351
3 dias 135 173 197 221 229 252 275 298 328 351 428
5 dias 174 222 253 283 293 322 352 381 419 449 545
7 dias 206 262 298 334 345 380 414 448 493 527 641
10 dias 246 311 354 396 409 449 489 530 582 622 755
15 dias 300 381 435 487 503 553 604 653 719 769 934
20 dias 347 438 499 558 576 633 690 746 821 877 1064
30 dias 424 533 604 673 695 762 829 895 983 1049 1269

Tabela AI.7.31 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Gongo-Soco.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 9,67 12,3 14,0 15,7 16,2 17,8 17,4 18,8 20,7 22,1 26,9
10 min 15,7 19,8 22,5 25,0 25,8 28,3 29,0 31,3 34,2 36,3 43,4
15 min 20,4 25,7 29,2 32,4 33,4 36,5 38,3 41,2 44,9 47,6 56,6
20 min 23,8 30,0 33,9 37,6 38,8 42,4 44,9 48,2 52,5 55,7 65,9
30 min 28,6 35,9 40,6 45,0 46,5 50,7 54,1 58,1 63,2 66,9 79,1
1 hora 36,7 46,1 52,1 57,7 59,5 64,8 70,0 75,1 81,6 86,3 102
2 horas 47,5 60,0 68,0 75,6 78,1 85,4 92,6 99,7 109 116 138
3 horas 53,9 68,1 77,3 86,1 88,9 97,4 106 114 125 133 159
4 horas 58,4 73,8 84,0 93,6 96,7 106 115 124 136 145 174
6 horas 64,7 82,0 93,3 104 108 118 128 139 152 162 196
8 horas 69,2 87,7 99,9 112 115 127 138 149 164 175 211
10 horas 72,7 92,2 105 117 121 133 145 157 172 184 223
12 horas 75,5 95,8 109 122 126 139 151 163 180 192 232
18 horas 81,9 104 119 133 137 151 164 178 196 209 253
24 horas 86,4 110 125 140 145 159 174 188 207 221 269
2 dias 110 141 162 181 188 207 226 245 270 289 351
3 dias 135 173 197 221 229 252 275 298 328 351 428
5 dias 174 222 253 283 293 322 352 381 419 449 545
7 dias 206 262 298 334 345 380 414 448 493 527 641
10 dias 246 311 354 396 409 449 489 530 582 622 755
15 dias 300 381 435 487 503 553 604 653 719 769 934
20 dias 347 438 499 558 576 633 690 746 821 877 1064
30 dias 424 533 604 673 695 762 829 895 983 1049 1269

Tabela AI.7.32 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Dois Irmãos.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 9,67 12,3 14,0 15,7 16,2 17,8 17,4 18,8 20,7 22,1 26,9
10 min 15,7 19,8 22,5 25,0 25,8 28,3 29,0 31,3 34,2 36,3 43,4
15 min 20,4 25,7 29,2 32,4 33,4 36,5 38,3 41,2 44,9 47,6 56,6
20 min 23,8 30,0 33,9 37,6 38,8 42,4 44,9 48,2 52,5 55,7 65,9
30 min 28,6 35,9 40,6 45,0 46,5 50,7 54,1 58,1 63,2 66,9 79,1
1 hora 36,7 46,1 52,1 57,7 59,5 64,8 70,0 75,1 81,6 86,3 102
2 horas 47,5 60,0 68,0 75,6 78,1 85,4 92,6 99,7 109 116 138
3 horas 53,9 68,1 77,3 86,1 88,9 97,4 106 114 125 133 159
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

4 horas 58,4 73,8 84,0 93,6 96,7 106 115 124 136 145 174
6 horas 64,7 82,0 93,3 104 108 118 128 139 152 162 196
8 horas 69,2 87,7 99,9 112 115 127 138 149 164 175 211
10 horas 72,7 92,2 105 117 121 133 145 157 172 184 223
12 horas 75,5 95,8 109 122 126 139 151 163 180 192 232
18 horas 81,9 104 119 133 137 151 164 178 196 209 253
24 horas 86,4 110 125 140 145 159 174 188 207 221 269
2 dias 110 141 162 181 188 207 226 245 270 289 351
3 dias 135 173 197 221 229 252 275 298 328 351 428
5 dias 174 222 253 283 293 322 352 381 419 449 545
7 dias 206 262 298 334 345 380 414 448 493 527 641
10 dias 246 311 354 396 409 449 489 530 582 622 755
15 dias 300 381 435 487 503 553 604 653 719 769 934
20 dias 347 438 499 558 576 633 690 746 821 877 1064
30 dias 424 533 604 673 695 762 829 895 983 1049 1269

Tabela AI.7.33 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Brucutu.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,0 12,7 14,5 16,2 16,8 18,5 18,0 19,4 21,4 22,9 27,8
10 min 16,2 20,5 23,2 25,9 26,7 29,2 30,0 32,4 35,4 37,6 44,9
15 min 21,1 26,6 30,2 33,5 34,6 37,8 39,6 42,6 46,5 49,3 58,5
20 min 24,6 31,0 35,1 39,0 40,2 43,9 46,4 49,9 54,3 57,6 68,2
30 min 29,5 37,2 42,0 46,6 48,1 52,4 56,0 60,1 65,4 69,3 81,8
1 hora 38,0 47,7 53,9 59,7 61,5 67,1 72,4 77,7 84,4 89,2 105
2 horas 49,2 62,0 70,4 78,3 80,8 88,4 95,8 103 113 120 143
3 horas 55,7 70,4 80,0 89,1 92,0 101 109 118 129 138 165
4 horas 60,4 76,4 86,9 96,8 100 110 119 129 141 150 180
6 horas 66,9 84,8 96,5 108 111 122 133 144 157 168 203
8 horas 71,6 90,8 103 115 119 131 143 154 169 181 218
10 horas 75,2 95,4 109 121 125 138 150 162 178 190 230
12 horas 78,1 99,2 113 126 131 143 156 169 186 198 240
18 horas 84,7 108 123 137 142 156 170 184 202 216 262
24 horas 89,4 114 130 145 150 165 180 194 214 229 278
2 dias 114 146 167 188 194 214 234 253 279 299 364
3 dias 140 179 204 229 237 261 285 308 340 364 442
5 dias 180 229 262 293 303 334 364 394 434 464 564
7 dias 213 271 309 345 357 393 428 464 510 546 663
10 dias 254 322 367 409 423 465 506 548 603 644 781
15 dias 311 395 450 504 521 573 624 676 744 795 966
20 dias 359 454 517 577 596 655 714 772 849 907 1100
30 dias 439 551 625 696 719 788 857 926 1017 1085 1313

Tabela AI.7.34 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Água Limpa.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 8,20 10,4 11,9 13,3 13,7 15,1 15,3 16,5 18,2 19,5 23,6
10 min 14,2 17,9 20,3 22,6 23,3 25,5 26,7 28,7 31,4 33,4 39,8
15 min 18,9 23,8 26,9 29,9 30,9 33,7 35,7 38,4 41,9 44,5 52,7
20 min 22,2 28,0 31,7 35,1 36,2 39,5 42,1 45,3 49,3 52,3 61,8
30 min 26,9 33,9 38,3 42,5 43,8 47,7 51,2 55,0 59,8 63,4 74,7
1 hora 35,0 44,0 49,7 55,0 56,7 61,8 66,7 71,6 77,7 82,3 96,7
2 horas 46,2 58,3 66,2 73,6 75,9 83,0 90,0 96,9 106 113 134
3 horas 52,8 66,7 75,8 84,4 87,1 95,5 104 112 122 130 156
4 horas 57,4 72,7 82,6 92,1 95,1 104 113 122 134 143 172
6 horas 64,0 81,0 92,3 103 106 117 127 137 151 161 194
8 horas 68,6 87,0 99,1 111 114 126 137 148 162 173 209
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

10 horas 72,2 91,6 104 117 120 132 144 156 171 183 221
12 horas 75,2 95,4 109 121 126 138 150 163 179 191 231
18 horas 81,7 104 118 132 137 150 164 177 195 209 253
24 horas 86,4 110 125 140 145 159 174 188 207 221 269
2 dias 110 141 162 181 188 207 226 245 270 289 351
3 dias 135 173 197 221 229 252 275 298 328 351 428
5 dias 174 222 253 283 293 322 352 381 419 449 545
7 dias 206 262 298 334 345 380 414 448 493 527 641
10 dias 246 311 354 396 409 449 489 530 582 622 755
15 dias 300 381 435 487 503 553 604 653 719 769 934
20 dias 347 438 499 558 576 633 690 746 821 877 1064
30 dias 424 533 604 673 695 762 829 895 983 1049 1269

Tabela AI.7.35 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Cururu.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 8,20 10,4 11,9 13,3 13,7 15,1 15,3 16,5 18,2 19,5 23,6
10 min 14,2 17,9 20,3 22,6 23,3 25,5 26,7 28,7 31,4 33,4 39,8
15 min 18,9 23,8 26,9 29,9 30,9 33,7 35,7 38,4 41,9 44,5 52,7
20 min 22,2 28,0 31,7 35,1 36,2 39,5 42,1 45,3 49,3 52,3 61,8
30 min 26,9 33,9 38,3 42,5 43,8 47,7 51,2 55,0 59,8 63,4 74,7
1 hora 35,0 44,0 49,7 55,0 56,7 61,8 66,7 71,6 77,7 82,3 96,7
2 horas 46,2 58,3 66,2 73,6 75,9 83,0 90,0 96,9 106 113 134
3 horas 52,8 66,7 75,8 84,4 87,1 95,5 104 112 122 130 156
4 horas 57,4 72,7 82,6 92,1 95,1 104 113 122 134 143 172
6 horas 64,0 81,0 92,3 103 106 117 127 137 151 161 194
8 horas 68,6 87,0 99,1 111 114 126 137 148 162 173 209
10 horas 72,2 91,6 104 117 120 132 144 156 171 183 221
12 horas 75,2 95,4 109 121 126 138 150 163 179 191 231
18 horas 81,7 104 118 132 137 150 164 177 195 209 253
24 horas 86,4 110 125 140 145 159 174 188 207 221 269
2 dias 110 141 162 181 188 207 226 245 270 289 351
3 dias 135 173 197 221 229 252 275 298 328 351 428
5 dias 174 222 253 283 293 322 352 381 419 449 545
7 dias 206 262 298 334 345 380 414 448 493 527 641
10 dias 246 311 354 396 409 449 489 530 582 622 755
15 dias 300 381 435 487 503 553 604 653 719 769 934
20 dias 347 438 499 558 576 633 690 746 821 877 1064
30 dias 424 533 604 673 695 762 829 895 983 1049 1269

Tabela AI.7.36 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Morro Agudo.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 8,20 10,4 11,9 13,3 13,7 15,1 15,3 16,5 18,2 19,5 23,6
10 min 14,2 17,9 20,3 22,6 23,3 25,5 26,7 28,7 31,4 33,4 39,8
15 min 18,9 23,8 26,9 29,9 30,9 33,7 35,7 38,4 41,9 44,5 52,7
20 min 22,2 28,0 31,7 35,1 36,2 39,5 42,1 45,3 49,3 52,3 61,8
30 min 26,9 33,9 38,3 42,5 43,8 47,7 51,2 55,0 59,8 63,4 74,7
1 hora 35,0 44,0 49,7 55,0 56,7 61,8 66,7 71,6 77,7 82,3 96,7
2 horas 46,2 58,3 66,2 73,6 75,9 83,0 90,0 96,9 106 113 134
3 horas 52,8 66,7 75,8 84,4 87,1 95,5 104 112 122 130 156
4 horas 57,4 72,7 82,6 92,1 95,1 104 113 122 134 143 172
6 horas 64,0 81,0 92,3 103 106 117 127 137 151 161 194
8 horas 68,6 87,0 99,1 111 114 126 137 148 162 173 209
10 horas 72,2 91,6 104 117 120 132 144 156 171 183 221
12 horas 75,2 95,4 109 121 126 138 150 163 179 191 231
18 horas 81,7 104 118 132 137 150 164 177 195 209 253
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

24 horas 86,4 110 125 140 145 159 174 188 207 221 269
2 dias 110 141 162 181 188 207 226 245 270 289 351
3 dias 135 173 197 221 229 252 275 298 328 351 428
5 dias 174 222 253 283 293 322 352 381 419 449 545
7 dias 206 262 298 334 345 380 414 448 493 527 641
10 dias 246 311 354 396 409 449 489 530 582 622 755
15 dias 300 381 435 487 503 553 604 653 719 769 934
20 dias 347 438 499 558 576 633 690 746 821 877 1064
30 dias 424 533 604 673 695 762 829 895 983 1049 1269

Tabela AI.7.37 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Conceição.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,2 13,0 14,8 16,6 17,1 18,8 18,3 19,8 21,8 23,3 28,4
10 min 16,5 20,9 23,7 26,4 27,2 29,8 30,6 33,0 36,1 38,4 45,8
15 min 21,6 27,2 30,8 34,2 35,3 38,6 40,4 43,5 47,4 50,3 59,7
20 min 25,1 31,6 35,8 39,7 41,0 44,7 47,4 50,9 55,4 58,7 69,6
30 min 30,1 37,9 42,9 47,5 49,0 53,5 57,1 61,3 66,7 70,7 83,5
1 hora 38,7 48,6 55,0 60,9 62,8 68,4 73,9 79,2 86,1 91,0 107
2 horas 50,2 63,3 71,8 79,8 82,4 90,1 97,7 105 115 122 146
3 horas 56,9 71,9 81,6 90,9 93,9 103 112 120 132 140 168
4 horas 61,6 77,9 88,6 98,8 102 112 122 131 144 153 184
6 horas 68,3 86,5 98,5 110 114 125 136 146 161 171 207
8 horas 73,0 92,6 105 118 122 134 145 157 173 184 223
10 horas 76,7 97,3 111 124 128 141 153 166 182 194 235
12 horas 79,7 101 115 129 133 146 159 172 190 202 245
18 horas 86,4 110 125 140 145 159 173 188 206 221 268
24 horas 91,2 116 132 148 153 168 183 198 218 233 284
2 dias 117 149 171 192 198 218 238 258 285 305 371
3 dias 143 182 208 234 241 266 290 315 347 371 451
5 dias 184 234 267 299 309 340 371 402 443 474 576
7 dias 217 276 315 352 364 401 437 473 521 557 676
10 dias 260 328 374 418 432 474 517 559 615 657 797
15 dias 317 403 459 514 531 584 637 690 759 811 986
20 dias 366 463 527 589 608 668 728 788 866 926 1123
30 dias 448 562 638 710 733 804 875 945 1037 1107 1339

Tabela AI.7.38 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Cauê.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,2 13,0 14,8 16,6 17,1 18,8 18,3 19,8 21,8 23,3 28,4
10 min 16,5 20,9 23,7 26,4 27,2 29,8 30,6 33,0 36,1 38,4 45,8
15 min 21,6 27,2 30,8 34,2 35,3 38,6 40,4 43,5 47,4 50,3 59,7
20 min 25,1 31,6 35,8 39,7 41,0 44,7 47,4 50,9 55,4 58,7 69,6
30 min 30,1 37,9 42,9 47,5 49,0 53,5 57,1 61,3 66,7 70,7 83,5
1 hora 38,7 48,6 55,0 60,9 62,8 68,4 73,9 79,2 86,1 91,0 107
2 horas 50,2 63,3 71,8 79,8 82,4 90,1 97,7 105 115 122 146
3 horas 56,9 71,9 81,6 90,9 93,9 103 112 120 132 140 168
4 horas 61,6 77,9 88,6 98,8 102 112 122 131 144 153 184
6 horas 68,3 86,5 98,5 110 114 125 136 146 161 171 207
8 horas 73,0 92,6 105 118 122 134 145 157 173 184 223
10 horas 76,7 97,3 111 124 128 141 153 166 182 194 235
12 horas 79,7 101 115 129 133 146 159 172 190 202 245
18 horas 86,4 110 125 140 145 159 173 188 206 221 268
24 horas 91,2 116 132 148 153 168 183 198 218 233 284
2 dias 117 149 171 192 198 218 238 258 285 305 371
3 dias 143 182 208 234 241 266 290 315 347 371 451
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

5 dias 184 234 267 299 309 340 371 402 443 474 576
7 dias 217 276 315 352 364 401 437 473 521 557 676
10 dias 260 328 374 418 432 474 517 559 615 657 797
15 dias 317 403 459 514 531 584 637 690 759 811 986
20 dias 366 463 527 589 608 668 728 788 866 926 1123
30 dias 448 562 638 710 733 804 875 945 1037 1107 1339

Tabela AI.7.39 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) nas Minas do Meio.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,2 13,0 14,8 16,6 17,1 18,8 18,3 19,8 21,8 23,3 28,4
10 min 16,5 20,9 23,7 26,4 27,2 29,8 30,6 33,0 36,1 38,4 45,8
15 min 21,6 27,2 30,8 34,2 35,3 38,6 40,4 43,5 47,4 50,3 59,7
20 min 25,1 31,6 35,8 39,7 41,0 44,7 47,4 50,9 55,4 58,7 69,6
30 min 30,1 37,9 42,9 47,5 49,0 53,5 57,1 61,3 66,7 70,7 83,5
1 hora 38,7 48,6 55,0 60,9 62,8 68,4 73,9 79,2 86,1 91,0 107
2 horas 50,2 63,3 71,8 79,8 82,4 90,1 97,7 105 115 122 146
3 horas 56,9 71,9 81,6 90,9 93,9 103 112 120 132 140 168
4 horas 61,6 77,9 88,6 98,8 102 112 122 131 144 153 184
6 horas 68,3 86,5 98,5 110 114 125 136 146 161 171 207
8 horas 73,0 92,6 105 118 122 134 145 157 173 184 223
10 horas 76,7 97,3 111 124 128 141 153 166 182 194 235
12 horas 79,7 101 115 129 133 146 159 172 190 202 245
18 horas 86,4 110 125 140 145 159 173 188 206 221 268
24 horas 91,2 116 132 148 153 168 183 198 218 233 284
2 dias 117 149 171 192 198 218 238 258 285 305 371
3 dias 143 182 208 234 241 266 290 315 347 371 451
5 dias 184 234 267 299 309 340 371 402 443 474 576
7 dias 217 276 315 352 364 401 437 473 521 557 676
10 dias 260 328 374 418 432 474 517 559 615 657 797
15 dias 317 403 459 514 531 584 637 690 759 811 986
20 dias 366 463 527 589 608 668 728 788 866 926 1123
30 dias 448 562 638 710 733 804 875 945 1037 1107 1339

Tabela AI.7.40 – Altura Pluviométrica PT,d (mm) na Mina Serra da Serpentina.


Tempo de retorno T (anos)
Duração
2 5 10 20 25 50 100 200 500 1000 10.000
d
6 min 10,7 13,6 15,5 17,3 17,9 19,7 19,2 20,8 22,8 24,4 29,7
10 min 17,3 21,8 24,8 27,6 28,5 31,2 32,1 34,5 37,8 40,1 48,0
15 min 22,6 28,4 32,2 35,8 36,9 40,3 42,3 45,5 49,6 52,6 62,5
20 min 26,3 33,1 37,5 41,6 42,9 46,8 49,5 53,2 58,0 61,4 72,8
30 min 31,5 39,7 44,9 49,7 51,3 55,9 59,8 64,2 69,8 73,9 87,3
1 hora 40,5 50,9 57,5 63,7 65,7 71,6 77,3 82,9 90,1 95,2 112
2 horas 52,5 66,2 75,1 83,5 86,2 94,3 102 110 120 128 152
3 horas 59,5 75,2 85,4 95,1 98,2 108 117 126 138 147 176
4 horas 64,4 81,5 92,7 103 107 117 127 137 150 160 193
6 horas 71,4 90,5 103 115 119 130 142 153 168 179 216
8 horas 76,4 96,9 110 123 127 140 152 164 181 193 233
10 horas 80,2 102 116 130 134 147 160 173 190 203 246
12 horas 83,4 106 121 135 139 153 167 180 198 212 256
18 horas 90,4 115 131 146 151 166 181 196 216 231 280
24 horas 95,4 121 138 155 160 176 192 208 228 244 297
2 dias 122 156 179 200 207 228 249 270 298 319 388
3 dias 149 191 218 244 253 278 304 329 363 388 472
5 dias 192 245 280 313 324 356 388 421 463 495 602
7 dias 227 289 330 369 381 419 457 495 545 582 707
10 dias 271 344 391 437 451 496 540 585 643 687 833
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

15 dias 332 421 481 537 556 611 666 721 794 849 1031
20 dias 383 484 551 616 636 699 762 824 906 968 1174
30 dias 469 588 667 743 767 841 915 988 1085 1158 1401
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

AI.7.5.CÁLCULO DOS IETOGRAMAS DE CHUVAS DE PROJETO

Uma vez calculada a altura da chuva de projeto com uma certa duração, geralmente torna-se
necessário discretizá-la em blocos justapostos de menor duração (chamada intervalo de
discretização t), compondo o ietograma da chuva de projeto.

Para o cálculo desse ietograma, uma das formulações que pode ser empregada deve-se a
Huff, citado por Chow et al. (1988). Ao aplicar esta formulação nos projetos de obras
hidráulicas em mineração, tem sido praticada, como solução de compromisso, a adoção do
critério de distribuição do 2º quartil e 50% de probabilidade de ocorrência. Alternativamente,
para projetos executados na Região Metropolitana de Belo Horizonte, pode ser adotada a
discretização temporal determinada por Pinheiro e Naghettini (1998).

Em algumas aplicações, especialmente nos casos de dimensionamento de vertedouros de


barragens que formam reservatórios com elevada inércia volumétrica, pode ser requerido o uso
de alturas de chuvas de longa duração, digamos até 30 dias, e o cálculo de ietogramas com
intervalos de discretização de 1 dia. Nesses casos, recomenda-se a adoção do padrão de
distribuição temporal do ietograma de chuva diária registrado na estação pluviométrica de
referência, que tenha gerado a maior altura acumulada do histórico, para a duração crítica do
evento da chuva de projeto.

Neste estudo, recomenda-se a utilização do padrão de distribuição temporal do evento de


janeiro de 2003, mostrado na Figura AI.7.2. Este evento foi um dos mais críticos já observados
na área de abrangência da DIFL e DIFS, com volumes máximos de precipitação acumulada em
30 dias registrados nas estações Caixa de Areia (1943022) e Mina Águas Claras (PLV01-
MAC), embora também tenha sido observado em outros pontos da Região Metropolitana de
Belo Horizonte, como o município de Ibirité e as Minas Mutuca e Capão Xavier.

Outro evento crítico observado na área de estudo é o de janeiro de 1991, também registrado
simultaneamente na estação Caixa de Areia (1943022) e nos pluviômetros da Vale nas Minas
Águas Claras e Mutuca, com volumes máximos acumulados em 30 dias observados nos dois
últimos locais. O padrão de distribuição temporal deste evento é mostrado na Figura AI.7.3 e
também deve ser avaliado para o cálculo de ietogramas de chuvas de projeto de longa
duração, com intervalos de discretização de 1 dia, na área da DIFL e DIFS.

Cabe ressaltar que novos eventos ainda mais críticos poderão ocorrer a qualquer momento, e,
neste caso, os seus ietogramas de chuvas diárias também poderão ser considerados para o
cálculo de ietogramas de chuvas de projeto com intervalos de discretização de 1 dia.
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Figura AI.7.3 – Ietograma de chuva diária do evento de janeiro de 2003 nas estações Caixa de Areia
(1943022) e Mina Águas Claras (PLV01-MAC).

Figura AI.7.4 – Ietograma de chuva diária do evento de janeiro de 1991 nas estações das Minas Águas
Claras (PLV01-MAC) e Mutuca (PLV02-MUT).
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AII. CÁLCULO DA PRECIPITAÇÃO MÁXIMA PROVÁVEL – PMP

AII.1. INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Meteorologia (WMO), a precipitação máxima provável


(PMP) é definida como a maior altura de precipitação para uma determinada duração que é
fisicamente possível de ocorrer numa dada região geográfica em certo período do ano. De
acordo com esta definição conceitual, a PMP corresponderia a um limite superior para a
capacidade de geração de tempestades da atmosfera, alcançado mediante a combinação de
condições meteorológicas adversas.

A PMP pode ser obtida pelo método hidrometeorológico, que se baseia no fato de que o total
precipitado cresce com o aumento do teor de umidade das massas de ar que alimentam as
tormentas, ou pelo método estatístico proposto por Hershfield (1961), fundamentado na
formulação geral dos fatores de frequência. Salienta-se que, qualquer que seja o método
adotado, as estimativas da PMP estão sujeitas a mudanças à medida que aumenta o nível de
conhecimento dos processos físicos que ocorrem na atmosfera e governam a formação de
tempestades. Essas estimativas também estão sujeitas a mudanças devido às alterações
climáticas globais, tais como aquelas resultantes da variação da intensidade da radiação solar
na superfície terrestre.

No presente estudo, foi adotado o método hidrometeorológico para a determinação da PMP


pontual, aplicável em bacias hidrográficas de pequeno porte, que representa a quase totalidade
dos casos de interesse para a mineração.

A área de estudo corresponde aos complexos minerários situados na área de abrangência da


DIFL e DIFS, conforme descrito no capítulo I deste Anexo.

AII.2. COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

Neste item são apresentados os dados climatológicos utilizados no estudo, contemplando os


aspectos de localização, disponibilidade e montagem do banco de dados.

AII.2.1. REDE DE DADOS CLIMATOLÓGICOS

A Tabela AII.2.1 lista as estações climatológicas selecionadas, cuja localização é mostrada na


Figura AII.2.1. Procurou-se selecionar, dentre as estações pertencentes à rede oficial do
Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, aquelas localizadas nas zonas preferenciais de
circulação das massas de ar que constituem as fontes de umidade alimentadoras das
tempestades na área de estudo.
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Tabela AII.2.1 – Estações climatológicas selecionadas para os estudos.

Altitude Período de Coordenadas Entidade


Código Nome
(m) operação Latitude Longitude responsável

83442 Araçuaí - MG 289,0 1918 a 2010 -16,85° -42,06° INMET


83579 Araxá - MG 1023,6 1916 a 2010 -19,61° -46,95° INMET
83384 Arinos - MG 519,0 1976 a 2010 -15,92° -46,10° INMET
83582 Bambuí - MG 661,3 1926 a 2010 -20,03° -45,98° INMET
83587 Belo Horizonte - MG 915,0 1910 a 2010 -19,93° -43,95° INMET
83377 Brasília - DF 1159,5 1961 a 2010 -15,79° -47,93° INMET
83592 Caratinga - MG 609,7 1924 a 2010 -19,74° -42,14° INMET
Conceição do Mato
83589 652,0 1925 a 2010 -19,02° -43,43° INMET
Dentro - MG
83538 Diamantina - MG 1296,1 1918 a 2010 -18,23° -43,65° INMET
83635 Divinópolis - MG 788,4 1969 a 2010 -20,17° -44,87° INMET
83632 Ibirité - MG 814,5 1961 a 2010 -20,01° -44,03° INMET
83488 Itamarandiba - MG 1097,0 1925 a 2010 -17,85° -42,85° INMET
83386 Januária - MG 473,7 1912 a 2010 -15,45° -44,00° INMET
83481 João Pinheiro - MG 760,4 1925 a 2010 -17,70° -46,17° INMET
83687 Lavras - MG 918,8 1911 a 2010 -21,75° -45,00° INMET
83437 Montes Claros - MG 646,3 1912 a 2010 -16,68° -43,83° INMET
83479 Paracatu - MG 712,0 1918 a 2010 -17,25° -46,88° INMET
83531 Patos de Minas - MG 940,3 1947 a 2010 -18,52° -46,43° INMET
83483 Pirapora - MG 505,2 1912 a 2010 -17,35° -44,92° INMET
83570 Pompéu - MG 690,9 1972 a 2010 -19,22° -45,00° INMET
83736 São Lourenço - MG 953,2 1922 a 2010 -22,13° -45,04° INMET
83586 Sete Lagoas - MG 732,0 1926 a 2010 -19,47° -44,25° INMET
83492 Teófilo Otoni - MG 356,4 1970 a 2010 -17,51° -41,31° INMET
83428 Unaí - MG 460,0 1976 a 2010 -16,37° -46,88° INMET
83642 Viçosa - MG 712,2 1919 a 2010 -20,75° -42,85° INMET

AII.2.2. BANCO DE DADOS

Os períodos de dados disponibilizados para os estudos correspondem aos anos de 1990 a


2009 para as estações de Belo Horizonte, Ibirité, Januária e Teófilo Otoni, e 2000 a 2010 para
as demais estações, tendo sido considerados apenas os registros históricos dos meses mais
críticos da estação chuvosa: dezembro, janeiro e fevereiro.

A partir das observações de temperatura e umidade relativa do ar nas estações climatológicas


selecionadas, foram calculadas as respectivas temperaturas do ponto de orvalho. Dessa forma,
foi constituído um banco de dados contendo, para cada estação climatológica, as temperaturas
do ponto de orvalho às 12:00, 18:00 e 24:00 hs UTC (Coordinated Universal Time), para todos
os dias dos meses de dezembro, janeiro e fevereiro.
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Figura AII.2.1 – Localização das estações climatológicas selecionadas para os estudos.


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AII.3. METODOLOGIA UTILIZADA

De acordo com a caracterização climatológica realizada no capítulo I deste Anexo, pode-se


verificar a homogeneidade climática e meteorológica que predomina sobre a área de
abrangência da DIFL e DIFS, caracterizada por aspectos climáticos de natureza continental
tropical e pela ausência de fenômenos ciclônicos de natureza dinâmica ou semi-estacionária.
Ademais, quanto ao regime pluviométrico, contata-se que, no período chuvoso (outubro a
março), o estado de Minas Gerais está sujeito a precipitações associadas ao posicionamento
preferencial das ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul), estendendo-se desde a
Amazônia até o litoral, no sentido noroeste-sudeste, sugerindo a existência de uma esteira
transportadora de umidade da região Amazônica para o Sudeste do Brasil. Além das
penetrações ativas da massa de ar continental equatorial, as frentes frias que avançam das
latitudes elevadas constituem os principais mecanismos dinâmicos causadores das chuvas na
área de estudo.

Por estas características meteorológicas regionais, a estimativa da PMP foi considerada válida
para todos os complexos minerários na área de abrangência da DIFL e DIFS.

O cálculo da PMP foi realizado segundo a metodologia proposta pela Organização Mundial de
Meteorologia, no manual WMO Nº 332 (1986), e se baseia nas seguintes etapas principais:

 Determinação dos limites geográficos para transposição de tempestades, considerando


aspectos topográficos, climáticos e meteorológicos;
 Pesquisa de tempestades extremas observadas dentro da região de transposição, passíveis
de serem consideradas eventos de referência para o cálculo da PMP;
 Cálculo das temperaturas do ponto de orvalho máxima histórica e representativa dos
eventos pluviométricos de referência, e avaliação das correspondentes alturas de água
precipitável;
 Transposição e maximização dos eventos de referência, resultando na estimativa da PMP
pontual.

No procedimento de transposição de tempestades, são considerados fatores relacionados ao


ajuste da máxima quantidade de água precipitável contida em uma coluna da atmosfera no
local onde ocorreu o evento de referência e no local de transposição (para o qual se deseja
estimar a PMP), além do ajuste devido à diferença de elevação do terreno entre esses locais.
No procedimento de maximização de tempestades, é calculada a razão de maximização da
umidade alimentadora da tormenta, no local em que ela ocorreu. Esta etapa consiste na
multiplicação da altura de precipitação observada durante o evento de referência pela razão
entre a máxima quantidade de água precipitável que poderia estar contida em uma coluna da
atmosfera naquele local e a quantidade de água precipitável estimada durante a tempestade.

No presente estudo, os fatores de ajuste decorrentes da transposição de tempestades foram


considerados iguais a 1, devido às incertezas associadas à estimativa dos máximos históricos
de água precipitável a partir de períodos de dados relativamente curtos e às controvérsias
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quanto aos efeitos isolados das variações de elevação na precipitação, expostas no manual
WMO Nº 332 (1986).

A quantidade de água precipitável na atmosfera ao nível de 1000 hPa (nível do mar) pode ser
estimada em função das temperaturas do ponto de orvalho em 1000 hPa. Para tanto, os dados
de temperatura do ponto de orvalho à superfície, tanto os máximos históricos quanto os valores
representativos do fluxo de umidade durante o evento de referência, devem ser transpostos ao
nível de 1000 hPa, supondo uma atmosfera saturada com o ar úmido em ascensão pseudo-
adiabática (veja Figura AII.3.1). Assim, as temperaturas do ponto de orvalho observadas em
estações com altitudes distintas podem ser comparadas. Os valores tabelados de água
precipitável numa atmosfera pseudo-adiabática saturada, em função das temperaturas do
ponto de orvalho em 1000 hPa, podem ser encontrados no manual WMO Nº 332 (1986).

Figura AII.3.1 – Diagrama para obtenção da temperatura do ponto de orvalho ao nível 1000 hPa na
altitude zero, em uma atmosfera pseudo-adiabática. Fonte: WMO Nº 332 (1986).

Na maximização de tempestades, é considerada apenas a água precipitável contida entre a


superfície do terreno e algum nível normalmente selecionado entre 400 e 200 hPa, a partir do
qual o teor de umidade na atmosfera pode ser considerado desprezível. Usualmente, é
adotado o nível de 300 hPa como topo da tempestade, sendo necessário efetuar os devidos
ajustes no cálculo da água precipitável em função da altitude local.

Os dados de temperatura do ponto de orvalho usados para estimar a quantidade de água


precipitável na atmosfera devem ser representativos do fluxo de umidade que alimenta a
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tormenta, e, por isso, devem ser oriundos de estações climatológicas localizadas entre a fonte
de umidade e o local da precipitação. Além disso, devem ser consideradas as máximas
temperaturas do ponto de orvalho persistentes por pelo menos 12 horas ou, alternativamente,
24 horas, ao invés de um máximo isolado.

Salienta-se que não foram adotados procedimentos para a avaliação da distribuição espacial
da PMP, uma vez que, dado o pequeno porte das bacias hidrográficas usualmente presentes
em unidades de mineração, o foco desse estudo é o cálculo da PMP pontual.

AII.4. CÁLCULO DA PMP PONTUAL DE 24 HORAS

AII.4.1. SELEÇÃO DOS EVENTOS PLUVIOMÉTRICOS DE REFERÊNCIA

Para a estimativa da PMP de 24 horas, foi realizada uma pesquisa abrangendo tanto estações
pluviométricas operadas pelos órgãos oficiais do Estado quanto pela Vale, buscando identificar
os eventos pluviométricos mais críticos ocorridos em Minas Gerais.

Inicialmente, os eventos selecionados como referência para o cálculo da PMP de 24 horas na


área de abrangência da DIFL e DIFS, mostrados na Figura AII.4.1, foram aqueles registrados
em Caxambu e Passa Quatro (02 e 03/01/2000), Teófilo Otoni (04/02/2002), Belo Horizonte
(16/01/2003) e Januária (05/02/2007). Em linhas gerais, a ocorrência desses eventos com
elevados índices pluviométricos está associada à atuação de frentes frias que permaneceram
estacionárias durante vários dias sobre a região Sudeste, além da convergência de umidade
oriunda da região Amazônica e da intensa atividade convectiva, configurando episódios de
ZCAS no período.

Devido à incerteza quanto aos possíveis efeitos dinâmicos induzidos pela orografia marcante
da Serra da Mantiqueira nas precipitações observadas durante o evento de janeiro de 2000,
quando foi registrada em Passa Quatro (03/01/2000) a maior altura de precipitação diária, este
evento não foi considerado como referência para o cálculo da PMP na área de estudo.

Para os demais eventos pluviométricos mencionados, adotados como referência, as alturas de


precipitação observadas são mostradas na Tabela AII.4.1. A precipitação máxima de 24 horas
foi estimada a partir da máxima diária, aplicando-se o fator multiplicativo de 1,10. Entretanto, no
caso particular do evento de Januária (05/02/2007), os registros de precipitação nos horários
sinóticos evidenciaram que a precipitação máxima de 24 horas praticamente não diferiu da
máxima diária, e, por isso, não foi aplicado o referido fator multiplicativo.
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Tabela AII.4.1 – Eventos pluviométricos selecionados como referência para o cálculo da PMP de 24
horas na área de abrangência da DIFL e DIFS.
Precipitação (mm)
Evento de
Data Hora UTC
referência Diária 24 horas
12:00 18:00 24:00
02/02/02 0,0 1,2 0,0 - -
Teófilo Otoni em
04/02/02 03/02/02 24,5 5,8 132,6 25,7 -
04/02/02 108,0 0,4 0,0 246,4 271,0
05/02/02 0,0 0,0 0,0 0,4 -
06/02/02 0,4 1,4 17,1 0,4 -
MAC)Mina Águas Claras (PLV01- (1943022)Caixa de Areia

15/01/03 22,4 -
16/01/03 217,5 239,3
17/01/03 85,0 -
18/01/03 não disponível 42,4 -
Belo Horizonte em 16/01/03

19/01/03 24,6 -

15/01/03 52,6 -
16/01/03 227,0 249,7
17/01/03 71,8 -
18/01/03 44,4 -
não disponível

19/01/03 11,0 -

03/02/07 9,2 3,6 0,0 - -


Januária em

04/02/07 1,9 2,9 73,5 5,5 -


05/02/07

05/02/07 219,3 5,8 0,1 295,7 295,7


06/02/07 0,4 0,0 0,0 6,3 -
07/02/07 0,0 0,0 0,0 0,0 -
Fonte: INMET / ANA / Vale
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Figura AII.4.1 – Eventos pluviométricos de referência selecionados para o cálculo da PMP de 24 horas.
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AII.4.2. CÁLCULO DA TEMPERATURA DO PONTO DE ORVALHO

AII.4.2.1. Valores Máximos Históricos

Como recomendado no manual WMO Nº 332 (1986), diante do curto período de dados
disponível, a estimativa dos valores máximos históricos da temperatura do ponto de orvalho
persistente por 24 horas (Td24h) no trimestre dezembro-janeiro-fevereiro, para cada estação
climatológica selecionada, foi realizada por meio do quantil de TR 100 anos resultante da
análise de frequência dos valores máximos observados no referido trimestre de cada ano
hidrológico. Os valores assim obtidos são apresentados na Tabela AII.4.2.

Tabela AII.4.2 – Valores máximos históricos da temperatura do ponto de orvalho persistente por 24 horas
(Td24h) no trimestre dezembro-janeiro-fevereiro, no nível da estação e em 1000 hPa ( oC).

Altitude Td24h máximo histórico


Código Nome
(m) Nível da estação 1000 hPa
83442 Araçuaí - MG 289,0 24,0 25,2
83579 Araxá - MG 1023,6 22,6 26,4
83384 Arinos - MG 519,0 24,3 26,3
83582 Bambuí - MG 661,3 23,3 25,9
83587 Belo Horizonte - MG 915,0 22,3 25,8
83377 Brasília - DF 1159,5 20,7 25,2
83592 Caratinga - MG 609,7 23,5 25,9
Conceição do Mato
83589 652,0 22,5 25,0
Dentro - MG
83538 Diamantina - MG 1296,1 20,7 25,7
83635 Divinópolis - MG 788,4 21,5 24,6
83632 Ibirité - MG 814,5 22,8 26,0
83488 Itamarandiba - MG 1097,0 22,4 26,5
83386 Januária - MG 473,7 24,9 26,7
83481 João Pinheiro - MG 760,4 descartada
83687 Lavras - MG 918,8 21,2 24,9
83437 Montes Claros - MG 646,3 22,9 25,4
83479 Paracatu - MG 712,0 23,9 26,6
83531 Patos de Minas - MG 940,3 22,2 25,8
83483 Pirapora - MG 505,2 24,1 26,0
83570 Pompéu - MG 690,9 22,7 25,4
83736 São Lourenço - MG 953,2 20,8 24,6
83586 Sete Lagoas - MG 732,0 22,4 25,3
83492 Teófilo Otoni - MG 356,4 24,9 26,3
83428 Unaí - MG 460,0 22,8 24,6
83642 Viçosa - MG 712,2 23,5 26,2
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AII.4.2.2. Valores Observados Durante os Eventos de Referência

Para a avaliação da máxima temperatura do ponto de orvalho persistente por 24 horas


representativa de cada evento de referência selecionado, foram considerados os registros de
pelo menos 24 horas que antecederam a tempestade nas estações localizadas entre a fonte de
umidade e o local da precipitação. A Tabela AII.4.3 mostra as temperaturas do ponto de
orvalho nos horários sinóticos, registradas nas estações consideradas representativas do fluxo
de umidade que alimenta a tormenta, no nível da estação (Td EST) e em 1000 hPa (Td1000 hPa). Em
negrito, estão indicadas as máximas temperaturas do ponto de orvalho persistentes por 24
horas (Td24h), selecionadas como representativas dos eventos pluviométricos de referência.

Tabela AII.4.3 – Valores máximos da temperatura do ponto de orvalho persistente por 24 horas (Td 24h)
representativos dos eventos pluviométricos de referência, no nível da estação e em 1000 hPa ( oC).
Evento pluviométrico: Teófilo Otoni em 04/02/02
Araçuaí Diamantina Itamarandiba Montes Claros
Data / Chuva
hora UTC (mm) Td Td Td Td Td Td Td Td
EST 1000 hPa EST 1000 hPa EST 1000 hPa EST 1000 hPa
2/2/02 0:00 23,9 25,0 17,5 22,9 19,7 24,1 21,0 23,6
2/2/02 12:00 0,0 21,9 23,1 18,4 23,7 20,4 24,8 20,4 23,0
2/2/02 18:00 1,2 22,2 23,4 16,2 21,7 20,1 24,5 22,1 24,7
3/2/02 0:00 0,0 20,7 21,9 17,9 23,3 19,5 24,0 21,4 24,0
3/2/02 12:00 24,5 22,0 23,2 18,4 23,8 19,6 24,0 21,6 24,2
3/2/02 18:00 5,8 23,2 24,4 19,3 24,5 21,0 25,3 21,2 23,8
4/2/02 0:00 132,6 20,8 22,0 17,6 23,0 18,0 22,5 20,0 22,6
4/2/02 12:00 108,0 22,0 23,2 16,0 21,6 17,4 22,0 20,2 22,8
4/2/02 18:00 0,4 23,5 24,6 17,7 23,0 19,9 24,4 22,0 24,6
5/2/02 0:00 0,0 21,7 22,8 17,7 23,1 18,9 23,4 21,2 23,8
5/2/02 12:00 0,0 22,3 23,5 16,5 22,0 18,8 23,3 20,6 23,2
5/2/02 18:00 0,0 22,4 23,6 16,4 21,8 19,2 23,7 20,5 23,2
Evento pluviométrico: Belo Horizonte em 16/01/03 (Mina Águas Claras)
Bambuí Belo Horizonte Paracatu Pirapora
Data / Chuva
hora UTC (mm) Td Td Td Td Td Td Td Td
EST 1000 hPa EST 1000 hPa EST 1000 hPa EST 1000 hPa
14/1/03 0:00 21,4 24,0 18,5 22,3 21,5 24,4 23,0 25,0
14/1/03 12:00 20,9 23,6 19,1 22,8 22,4 25,2 22,4 24,4
14/1/03 18:00 22,8 25,4 19,1 22,9 23,3 26,0 22,9 24,8
15/1/03 0:00 21,6 24,3 20,5 24,2 21,9 24,8 22,8 24,8
15/1/03 12:00 52,6 20,5 23,2 19,1 22,8 22,0 24,8 22,4 24,4
15/1/03 18:00 22,0 24,6 21,4 25,0 21,4 24,3 23,4 25,4
16/1/03 0:00 21,1 23,8 21,4 25,0 21,6 24,4 21,3 23,3
16/1/03 12:00 227,0 21,3 24,0 19,4 23,1 21,3 24,2 22,3 24,3
16/1/03 18:00 21,2 23,9 20,7 24,4 22,1 24,9 23,3 25,3
17/1/03 0:00 22,2 24,8 19,9 23,6 21,1 23,9 22,0 24,1
17/1/03 12:00 71,8 20,0 22,7 18,6 22,4 20,1 23,0 21,6 23,7
17/1/03 18:00 21,1 23,7 18,0 21,8 21,8 24,6 22,7 24,7
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Tabela AII.4.3 (continuação) – Valores máximos da temperatura do ponto de orvalho persistente por 24 horas
(Td24h) representativos dos eventos pluviométricos de referência, no nível da estação e em 1000 hPa ( oC).
Evento pluviométrico: Januária em 05/02/07
Arinos Brasília Januária Montes Claros Unaí
Data / Chuva
hora UTC (mm) Td Td Td Td Td Td Td Td Td Td
EST 1000 hPa EST 1000 hPa EST 1000 hPa EST 1000 hPa EST 1000 hPa
3/2/07 0:00 22,9 24,9 18,8 23,5 21,2 23,1 20,9 23,5 22,1 23,9
3/2/07 12:00 9,2 21,4 23,5 18,9 23,7 21,4 23,3 20,7 23,3 21,8 23,6
3/2/07 18:00 3,6 21,4 23,5 17,2 22,0 22,3 24,2 21,3 23,9 21,4 23,3
4/2/07 0:00 0,0 21,3 23,4 18,5 23,2 23,2 25,1 21,3 23,9 20,7 22,6
4/2/07 12:00 1,9 23,0 25,0 19,3 24,0 22,8 24,7 21,8 24,4 21,8 23,6
4/2/07 18:00 2,9 23,0 25,0 17,0 21,9 24,0 25,8 22,0 24,6 22,1 23,9
5/2/07 0:00 73,5 22,7 24,7 19,1 23,8 21,8 23,7 21,3 23,9 21,4 23,2
5/2/07 12:00 219,3 22,2 24,3 18,7 23,5 21,3 23,2 21,2 23,8 21,9 23,7
5/2/07 18:00 5,8 21,9 24,0 18,4 23,2 20,9 22,8 18,5 21,3 22,5 24,3
6/2/07 0:00 0,1 19,0 21,2 18,7 23,5 20,6 22,6 19,3 22,0 21,7 23,5
6/2/07 12:00 0,4 21,1 23,2 18,2 23,0 21,3 23,2 19,3 22,0 20,3 22,2
6/2/07 18:00 0,0 21,5 23,6 16,8 21,7 22,3 24,1 21,7 24,3 20,8 22,7

AII.4.3. TRANSPOSIÇÃO E MAXIMIZAÇÃO DOS EVENTOS DE REFERÊNCIA

Uma vez que a gênese dos eventos pluviométricos de referência está associada à atuação de
sistemas frontais e à configuração das ZCAS, fenômenos que podem ocorrer em diversas
áreas da região Sudeste, considerou-se que as condições meteorológicas que culminaram com
as referidas tempestades podem se repetir em qualquer ponto da área de abrangência da DIFL
e DIFS, como evidenciado pela ocorrência do evento de janeiro de 2003, registrado em
diversas estações localizadas na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Por isso, os demais
eventos pluviométricos de referência, observados em Teófilo Otoni (fevereiro de 2002) e
Januária (fevereiro de 2007), foram transpostos para a área de estudo.

Procedeu-se então à maximização das tempestades, calculando-se inicialmente a razão de


maximização da umidade alimentadora das tormentas, como mostrado na Tabela AII..4, em
que:

- W1000-300 é a água precipitável numa coluna atmosférica de 1000 a 300 hPa;


- W1000-EL.TEMP é a água precipitável numa coluna atmosférica de 1000 hPa até a elevação
média do terreno no local da tempestade;
- WEL.TEMP-300 é a água precipitável numa coluna atmosférica da elevação média do terreno no
local da tempestade até 300 hPa;
- RUMIDADE é a razão de maximização do fluxo de umidade que alimenta a tormenta, dada por
WEL.TEMP-300 MÁX HIST / WEL.TEMP-300 REPR TEMP.

Os termos “MÁX HIST” e “REPR TEMP” correspondem aos valores máximos históricos e
representativos do fluxo de umidade durante a tempestade, respectivamente.
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Tabela AII.4.4 – Razão de maximização da umidade alimentadora dos eventos de referência.


Evento pluviométrico: Teófilo Otoni em 04/02/02 Altitude média: 350 m
Montes
Variável Araçuaí Diamantina Itamarandiba
Claros
o
Td24h REPR TEMP 1000 hPa ( C) 22,0 23,3 24,0 22,6
W1000-300 REPR TEMP (mm) 61,8 68,8 73,9 65,1
W1000-EL.TEMP REPR TEMP (mm) 6,3 7,0 7,0 6,7
WEL.TEMP-300 REPR TEMP (mm) 55,5 61,8 66,9 58,4

Td24h MÁX HIST 1000 hPa (oC) 25,2 25,7 26,5 25,4
W1000-300 MÁX HIST (mm) 81,1 85,2 91,3 82,8
W1000-EL.TEMP MÁX HIST (mm) 7,8 7,9 8,4 7,9
WEL.TEMP-300 MÁX HIST (mm) 73,3 77,3 82,9 75,0

RUMIDADE 1,32 1,25 1,24 1,28


RUMIDADE média 1,27

Evento pluviométrico: BH em 16/01/03 (Mina Águas Claras) Altitude média: 1000 m


Belo
Variável Bambuí Paracatu Pirapora
Horizonte
Td24h REPR TEMP 1000 hPa (oC) 23,2 22,8 24,3 23,3
W1000-300 REPR TEMP (mm) 68,6 66,2 75,6 69,0
W1000-EL.TEMP REPR TEMP (mm) 18,4 17,8 20,3 18,6
WEL.TEMP-300 REPR TEMP (mm) 50,1 48,3 55,4 50,5

Td24h MÁX HIST 1000 hPa (oC) 25,9 25,8 26,6 26,0
W1000-300 MÁX HIST (mm) 86,0 85,7 91,7 87,4
W1000-EL.TEMP MÁX HIST (mm) 21,9 21,8 22,6 22,0
WEL.TEMP-300 MÁX HIST (mm) 64,2 63,9 69,1 65,3

RUMIDADE 1,28 1,32 1,25 1,29


RUMIDADE média 1,29

Evento pluviométrico: Januária em 05/02/07 Altitude média: 500 m


Montes
Variável Arinos Brasília Januária Unaí
Claros
Td24h REPR TEMP 1000 hPa (oC) 24,3 23,5 24,7 23,9 23,2
W1000-300 REPR TEMP (mm) 75,7 70,2 78,0 73,2 68,7
W1000-EL.TEMP REPR TEMP (mm) 10,3 9,7 10,7 9,9 9,6
WEL.TEMP-300 REPR TEMP (mm) 65,4 60,5 67,3 63,3 59,1

Td24h MÁX HIST 1000 hPa (oC) 26,3 25,2 26,7 25,4 24,6
W1000-300 MÁX HIST (mm) 89,5 81,7 92,3 82,8 77,8
W1000-EL.TEMP MÁX HIST (mm) 11,8 11,1 12,2 11,2 10,6
WEL.TEMP-300 MÁX HIST (mm) 77,7 70,6 80,1 71,6 67,2

RUMIDADE 1,19 1,17 1,19 1,13 1,14


RUMIDADE média 1,16
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A Tabela AII.4.5 apresenta a maximização dos eventos de referência para obtenção da PMP
pontual de 24 horas. As estimativas obtidas variam na faixa de 320 a 340 mm, adotando-se
para a PMP pontual de 24 horas na área de abrangência da DIFL e DIFS o valor máximo de
345 mm, obtido a partir do evento de Teófilo Otoni. Para os complexos minerários situados na
região da Serra do Caraça, onde os totais pluviométricos anuais superam 2000 mm, sugere-se
a aplicação de um fator empírico adicional igual a 1,15, para levar em conta os efeitos
dinâmicos associados à orografia, que podem induzir ainda mais a convecção e resultar em
índices pluviométricos mais elevados. Assim, nas unidades do Complexo Mariana, a estimativa
da PMP pontual de 24 horas é de 397 mm.

Tabela AII.4.5 – Cálculo da PMP pontual de 24 horas.

Altura de Altura de
PMP Pontual
Evento de Referência Precipitação Precipitação RUMIDADE
de 24 h (mm)
Diária (mm) em 24 h (mm)

Teófilo Otoni em 04/02/02 246 271 1,27 345


BH em 16/01/03 (Mina Águas Claras) 227 250 1,29 321
Januária em 05/02/07 296 296 1,16 344

AII.5. CÁLCULO DA PMP PONTUAL DE DURAÇÕES SUPERIORES A 24 HORAS

Para a estimativa da PMP de durações superiores a 24 horas, foi realizada uma pesquisa
abrangendo tanto estações pluviométricas operadas pelos órgãos oficiais do Estado quanto
pela Vale, buscando identificar os eventos pluviométricos mais críticos ocorridos na área de
abrangência da DIFL e DIFS, considerando precipitações de durações até 30 dias.

Dentre os eventos selecionados, os que apresentaram os maiores volumes de precipitação,


considerados como eventos de referência para o cálculo da PMP, foram aqueles ocorridos na
Região Metropolitana de Belo Horizonte em janeiro de 2003, com volumes máximos de
precipitação acumulada em 30 dias registrados nas estações Caixa de Areia (1943022) e Mina
Águas Claras (PLV01-MAC), e em janeiro de 1991, com volumes máximos acumulados em 30
dias registrados nas estações da Vale nas Minas Águas Claras (PLV01-MAC) e Mutuca
(PLV02-MUT). Os ietogramas desses eventos foram apresentados no capítulo I deste ANEXO
(Figuras AI.7.3 e AI.7.4) e os totais acumulados de 1 a 30 dias são mostrados na Tabela
AII.5.1. Em negrito, estão indicados os valores máximos correspondentes a cada duração,
adotados como referência para a maximização.

Para o evento de referência ocorrido em janeiro de 2003, foi adotada a razão de maximização
da umidade (RUMIDADE) igual a 1,29, calculada anteriormente (Tabela AII.4.4). Já para o evento
de janeiro de 1991, a razão de maximização foi de 1,23, calculada conforme mostrado na
Tabela AII.5.2.
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Tabela AII.5.1 – Eventos de referência para o cálculo da PMP de durações superiores a 24 horas.

Precipitação (mm)
Evento Estação
1 dia 2 dias 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 20 dias 30 dias
Caixa de Areia
218 303 345 392 498 557 715 869 995
(1943022)
Janeiro de PLV01-MAC 227 299 351 415 517 577 730 888 1004
2003
PLV02-MUT 172 281 312 336 427 467 656 761 835
PLV03-CPX 183 278 301 330 455 500 669 786 867
Caixa de Areia
124 185 249 373 509 569 626 736 812
(1943022)
Janeiro de
1991 PLV01-MAC 125 218 264 436 539 620 726 886 992
PLV02-MUT 129 252 325 471 638 709 806 987 1136

Tabela AII.5.2 – Razão de maximização da umidade alimentadora do evento de referência para o cálculo
da PMP de durações superiores a 24 horas.
Evento pluviométrico: BH em 15/01/91 (Mina Mutuca)
Altitude média: 1000 m
Variável Belo Horizonte
o
Td24h REPR TEMP 1000 hPa ( C) 23,6
W1000-300 REPR TEMP (mm) 71,2
W1000-EL.TEMP REPR TEMP (mm) 19,2
WEL.TEMP-300 REPR TEMP (mm) 52,0

Td24h MÁX HIST 1000 hPa (oC) 25,8


W1000-300 MÁX HIST (mm) 85,7
W1000-EL.TEMP MÁX HIST (mm) 21,8
WEL.TEMP-300 MÁX HIST (mm) 63,9

RUMIDADE 1,23

Usando os eventos de referência mostrados na Tabela AII.5.1 e as razões de maximização


previamente calculadas, foram obtidas as estimativas da PMP pontual de durações superiores
a 24 horas na área de abrangência da DIFL e DIFS, adotando-se, para cada duração, o maior
dos valores calculados a partir dos eventos de referência selecionados. Assim como no cálculo
da PMP de 24 horas, para as unidades do Complexo Mariana, situadas na região da Serra do
Caraça, sugere-se a aplicação de um fator empírico adicional igual a 1,15, para levar em conta
os efeitos dinâmicos associados à orografia. A Tabela AII.5.3 apresenta as estimativas da PMP
pontual de durações superiores a 24 horas, enquanto a Figura AII.5.1 mostra as respectivas
curvas intensidade-duração (incluindo a PMP de 24 horas).
Diretrizes para Elaboração de Estudos Hidrológicos e Dimensionamentos Hidráulicos em Obras de Mineração

Tabela AII.5.3 – Estimativas da PMP pontual de durações superiores a 24 horas.

Duração
Estação
2 dias 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 20 dias 30 dias
PMP a partir do evento de jan/2003 389 452 534 665 742 939 1142 1291
PMP a partir do evento de jan/1991 310 399 579 784 871 990 1213 1397
PMP pontual na DIFL-DIFS * 389 452 579 784 871 990 1213 1397
PMP pontual nas minas do Complexo
447 520 666 902 1002 1139 1395 1607
Mariana
* Exceto no Complexo Mariana.

Figura AII.5.1 – Curva intensidade-duração da PMP de durações variadas na área de abrangência da


DIFL e DIFS.
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