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Estudo do terreno para construção:

Natureza geológica do solo. Topografia. Terraplanagem. Apropriações físicas. Drenagem


superficial.

1. Introdução
Em qualquer projeto, em quaisquer áreas, inicia-se pela etapa de planejamento, e é
fundamental que este importante passo do processo seja realizado com a riqueza de
detalhes que lhe é merecido, uma vez poderá afetar todas as fases seguintes no processo
de construção civil. O estudo prévio do terreno deve ser considerado para tomada de
decisão, inclusive se a obra é economicamente viável ou deve se sua execução não deve
ser considerada.
Para iniciar uma obra em determinado terreno, este deve estar adequado, tanto
para a instalação de um canteiro de obras como também para iniciar a execução do
projeto. A preparação envolve a organização dos espaços, de modo que a as operações de
construção, armazenamento de material e chegada de materiais seja feita do modo mais
funcional e pratico possível, para que a obra possa ser executada de forma rápida e
objetiva, tendo cada parte do canteiro de obras funcionando em perfeita sincronia.
A topografia do terreno apresenta aspecto importante nas tomadas de decisão e
planejamento da obra, sendo responsável, muitas vezes por determinar o curso da
execução dos serviços. É o terreno que sustenta o peso da construção e determina
algumas características básicas do projeto. É preciso que seja realizada uma sondagem do
terreno para descobrir qual a camada é mais resistente e aí erguer as fundações da
construção. A presença de água também é diagnosticada no estudo prévio do terreno
para a construção, de modo que seja economicamente viável a construção.
Diante desse contexto, entender quais são os tipos de solo, as necessidades de
drenagem ou terraplanagem de acordo com levantamentos topográficos, é fundamental
para garantir o sucesso do projeto. Uma vez que, muitos desses aspectos podem facilitar
ou mesmo limitar o uso do terreno.

2. Natureza geológica do solo


O estudo do solo é um requisito prévio para o projeto de qualquer obra no meio
rural. O conhecimento da formação geológica do local, o estudo das rochas, solos e
minerais, bem como a verificação da presença e posicionamento do lençol freático, são
fatores fundamentais. Como se sabe, em se tratando de solos e rochas, a
heterogeneidade é a regra e a homogeneidade a exceção. Os estudos da natureza
geológica do solo são indispensáveis para se alcançar uma boa engenharia, ou seja, aquela
que garante a necessária condição de segurança e economia.
Muitas definições para solos são propostas por diferentes áreas de estudo. No
campo específico da agricultura, solo é a camada de terra tratável, geralmente de poucos
metros de espessura, que suporta as raízes das plantas. Já para a geologia o termo é
considerado como produto do intemperismo físico e químico das rochas, situado na parte
superficial do manto de intemperismo. Constitui-se de material rochoso decomposto.

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Entretanto para a construção civil, os termos solo e rocha são definidos,
considerando-se o solo como todo o material da crosta terrestre que não oferecesse
resistência intransponível à escavação mecânica e que perde totalmente toda resistência,
quando em contato prolongado com a água; e rocha, aquele cuja resistência ao desmonte,
é permanente, a não ser quando em processo geológico de decomposição, ou é vencida
por meio de explosivos.
Portanto, sob um ponto de vista puramente técnico, aplica-se o termo solo a
materiais da crosta terrestre que servem de suporte, são arrimados, escavados ou
perfurados e utilizados nas obras da construção civil. Tais materiais, por sua vez, reagem
sob as fundações e atuam sobre os arrimos e coberturas, deformam-se e resistem a
esforços nos aterros e taludes, influenciando as obras segundo suas propriedades e
comportamentos. Em outras palavras, o solo necessita de resistência e rigidez apropriadas
para não sofrer ruptura e não apresentar deformações exageradas ou diferenciais. Para se
escolher a fundação mais adequada, devem-se conhecer os esforços atuantes sobre a
edificação, as características do solo e dos elementos estruturais que formam as
fundações.
O conhecimento da natureza geológica do solo é essencial para o estudo do terreno
para construção, devendo ser considerados suas características de formação, tipo,
constituição granulométrica e presença ou não de água, até a determinação de seu leito
resistente, que é a camada de solo que apresenta resistência a perfuração de brocas,
indicando uma camada segura para escavação e posterior execução das fundações. Nesse
contexto os estudos de engenharia referentes ao levantamento geológico do solo visam à
obtenção da natureza do maciço de solo, dos parâmetros físicos e mecânicos, do
posicionamento espacial das diversas camadas e suas variações espaciais e da posição do
nível do lençol freático.

2.1. Tipos de solos sob ponto de vista da construção civil


O que define a classificação de uma determinada partícula (areia, silte e argila) é a
granulometria, refere-se ao tamanho dos grãos. Diferentemente do que vemos em
pedologia, para a construção civil, os solos são classificados em (a) argilosos, (b) arenosos,
(c) areia-siltosa, (d) areia-argilosa, e (e) colapsíveis.
Os solos argilosos apresentam características peculiares, a saber: são coesivos,
apresentam diferentes cores devido a presença dos minerais de argila. Apresentam
marcantes características de plasticidade e fraca permeabilidade. Quanto à consistência,
classificam-se em muito moles, moles, médias, rijas e duras. Possuem uma granulometria
muito fina, cujas dimensões são inferiores a 0,005mm, cuja as partículas de argilas devido
ao tamanho reduzido, possuem características como: moldagem fácil em água; maior
resistência a desagregação; alta plasticidade e umidade.
Como solos argilosos apresentam boa coesão, permitem cortes em terrenos com
taludes de praticamente 90°.Também por apresentar um alto grau de coesão, esse tipo de
solo forma agregados que possuem dificuldade em se desmanchar, sendo utilizado há
muitos séculos em terrenos para construção.
Os solos arenosos são compostos por partículas minerais de diâmetro entre 0,05 e
4,8 mm. A classificação de cada tipo define a característica e comportamento de

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determinado tipo de solo, afetando diretamente a textura do mesmo que pode ser: grossa
(entre 2,00 e 4,80 mm), média (entre a,42 e 2,00 mm) ou fina (entre 0,05 e 0,42 mm),
referentes ao diâmetro dos grãos.
Outra classificação dos solos arenosos, que irá afetar diretamente a forma de serviço
da obra diz respeito ao grau de compactação do solo, podendo ser areia fofa (apresenta
baixo grau de compactação); areia mediamente compactada, ou uma areia compactada
(grau mais elevado de compactação).
A areia-siltosa é um tipo de solo com partículas de areia e silte, sendo um pó, no
qual não possui uma coesão apreciável, já a areia-argilosa é um solo predominantemente
arenoso com certa percentagem de argila onde já é possível observar certo grau de
coesão e consequentemente torna possível a exploração para construção civil sem
maiores custos como o aporte de solo translocado (aterro), por exemplo.
Os solos colapsíveis são solos não saturados que apresentam uma considerável e
rápida compressão quando submetidos a um aumento de umidade sem que varie a
tensão total a que estejam submetidos, (CAPUTO, 2013). Segundo CINTRA (1998),
fundações diretas assentadas em solos colapsíveis podem se comportar satisfatoriamente
por algum tempo, mas bruscamente sofrer um recalque adicional de considerável
magnitude, em virtude de chuvas intensas, vazamento de tubulações enterradas etc.,
provocando trincas e fissuras acentuadas.
Em condições de baixo teor de umidade, os solos colapsíveis, apresentam uma
espécie de resistência aparente, graças à pressão de sucção que se desenvolve nos seus
vazios. Por isso, quanto mais seco o solo colapsível, maior a sucção e, implicitamente,
maior a capacidade de carga da fundação.

2.2. Métodos de sondagem do solo do terreno


A sondagem do solo no terreno é necessária para se planejar o tipo de alicerce a ser
indicado. Para construções de vulto, sujeitas a elevadas cargas, o serviço é entregue a
firmas especializadas e registradas no CREA (Conselho Regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia) as quais dispõem de técnicos e equipamentos para sondagens.
Estas sondagens determinarão o perfil do leito resistente para determinadas cargas,
indicando profundidade e sugerindo soluções.
Características como: número de pontos de sondagem, seu posicionamento no
terreno (levando-se em conta a posição relativa do edifício) e a profundidade a ser
atingida são determinadas por profissional capacitado, baseado em normas brasileiras e
na sua experiência. Para construções rurais, muitas vezes é suficiente uma simples
observação do terreno. Um terreno de pouca resistência pode ser denunciado na própria
superfície, algumas vezes aparecendo alagada, outras vezes mostrando cor indicativa da
presença de matéria orgânica em decomposição. Empiricamente pode-se se estabelecer a
resistência do solo a partir do método da pá e/ou picareta, assim:

a)Quando a pá penetra com facilidade no solo, o terreno é pouco resistente neste


ponto, devendo-se aprofundar mais.
b)Quando a pá não penetra no solo, mas a picareta sim, o termo é de média
resistência, em torno de 0,5kg /cm2.

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c) Quando a picareta só penetra no solo quando batida com força e mesmo assim há
pequena penetração, diz-se que o termo é resistente, alcançando 0,8 a 1 kg/cm 2.

Vê-se, no entanto, que este método é muito empírico e sujeito a erros.


Um outro método que demanda tempo de observação e apresenta resultado
apreciável é o método da mesa. Baseia-se no princípio segundo o qual um solo ou
superfície sofre abatimento, quando se exerce sobre ela a ação continuada de
determinada carga, durante um certo tempo. Procedimento para determinação da
resistência do solo pelo método da mesa:

a)Abre-se uma cava de mais ou menos 2,00 x 1,80 m até a profundidade de 1,00 m.
Acertar o fundo da vala, nivelando-o, porém sem compactá-lo;
b)Uma mesa de 4 pés com altura de 60 cm, dimensão de 1,40 x 1,00 m, tendo os pés
seção de 50 cm2 cada, é colocada no fundo com bastante cuidado, devendo ficar
nivelada. Coloca-se a seguir a régua, a prumo, ao lado a mesa sem encostar;
c) Marca-se o nível da mesa na régua (2,5 x 5 x 120 cm);
d)Coloca-se cuidadosamente e sem choques, sobre a mesa, cargas conhecidas como
sacos de cimento, sacos de areia, simetricamente.
e)Passados 30 minutos verifica-se qual foi o aprofundamento da mesa. Repete-se o
procedimento aumentando-se a carga, com intervalos de 30 minutos até que o
aprofundamento seja entre 2 e 3 mm.

Após esse procedimento segue-se com o calculo da seguinte forma:


Seja P a carga total colocada somada ao peso da mesa (em kg);
Seja S a seção dos 4 pés (4 x 50 = 200 cm2);
Seja R a resistência a ser determinada em kg/cm2

R = P/S

Indica-se o coeficiente de segurança do solo (v), logo:

P
R=
v xS

Supondo o peso da mesa de 50 kg, o peso colocado de 1450 kg, e o coeficiente de


segurança do solo igual a 10, sendo a área dos pés da mesa é de 200 cm 2, tem-se:

1500
R= = 0,75 Kg/cm2
200 x 10

Logo, a uma profundidade de 1m a resistência do terreno será no mínimo igual a


0,75 kg/cm2. De maneira geral maior profundidade da cava determina maior resistência
do solo.

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Outro método que apresenta resultados satisfatórios da tensão admissível do solo é
método de percussão (Figura 1) que emprega a seguinte equação:

Em que:
adm = Tensão Admissível do Solo (kg/cm2)
P = Peso (kg)
S = seção do peso (cm2)
C = coeficiente de segurança (5-10)
N = número de quedas (5-10)
H = altura de queda (cm)
E = aprofundamento no solo

Figura 1. __________________________________________________________________

Cada amostragem do método consiste em deixar cair, de uma determinada altura,


um peso cilíndrico de valor conhecido, por um determinado número de vezes, e verificar o
aprofundamento total causado no solo pelas quedas do mesmo. A determinação deve ser
feita na profundidade em que se vai apoiar a sapata, e deve-se fazer no mínimo 3
amostragens em locais diferentes.
Quando o terreno é rochoso, ou parcialmente rochoso, usa-se outro método de
sondagem, a sondagem rotativa com broca de diamante e extração de testemunho de
sondagem. A rocha amostrada é descrita e avaliada quanto à resistência.
Em construções que aplicam baixa tensão sobre o solo (fundações diretas – por
meio de sapatas), muitas vezes não são realizadas sondagens à percussão. Pode-se
executar uma sondagem de reconhecimento com o auxílio de um trado, sendo válido,
neste caso, a experiência do Engenheiro responsável, ou mesmo construtor, para
estabelecer até onde deve ir à escavação para ser colocada a fundação classificada como
direta. A experiência é reforçada pelo conhecimento dos solos da região, com a devida
atenção para as diversas condições geológicas desfavoráveis para construções.

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3. Topografia do terreno

3.1. Tipos de terreno


Com relação a topografia, os terrenos podem se apresentar de três formas, a saber:
(a) plano, (b) em declive e (c) em aclive. Salvo algumas restrições específicas de alguns
municípios, a legislação permite a ocupação de terrenos com até 30% de declive em áreas
loteadas.
Existem vantagens em todos os tipos. No entanto, o tipo de terreno que permite
maior liberdade nos projetos, e economicamente mais favoráveis são os terrenos planos.
Apesar disso, terrenos em declive assim como os em aclive oferecem vistas mais
privilegiadas, embora exijam um maior investimento.
Quando se trata de um terreno em aclive consiste em um terreno onde existem
partes com nível maiores de terra (morros), em terreno em aclives normalmente são
feitos cortes. Dependendo se faz necessária uma terraplanagem para acertar/nivelar o
lote fazendo alguns ajustes necessários para a execução da obra. Quando há necessidade
em movimentar terra, gera-se custos maiores para a obra, bem como dependendo do
grau de aclive se faz necessário a construção de muros de arrimos e de um eficaz sistema
de drenagem.
Ao contrário do que ocorre nos lotes em aclive, os terrenos em declive a frente se
apresentam mais alta em relação aos fundos do lote. E claro, dependendo da inclinação se
faz necessária a construção de alguma estrutura que possibilite a maior estabilidade do
terreno. Esse tipo de terreno consiste em terreno com descida, isso leva a uma série de
desafios na elaboração do projeto, e claro, na sistematização do terreno, uma vez que
terrenos nessas condições tendem a ter problemas na saída de esgoto.
Já o terreno plano é um terreno que possui baixo grau de variação de inclinações
tanto para baixo quando para cima, ou seja, o terreno inteiro encontra-se praticamente
no mesmo nível. Por se tratar de um terreno praticamente no mesmo nível não há
grandes serviços a serem feitos, apenas regularizar para que fique o mais plano possível.
3.2. Levantamento planimétrico do terreno
Executada a limpeza do terreno e tendo sido verificado o tipo do terreno, é
necessário que se tenha as medidas corretas do lote, pois nem sempre as medidas
indicadas na escritura conferem com as medidas reais. No caso das construções, em
muitos casos, a escritura nem existe ou existe apenas uma da propriedade rural completa,
não indicando as dimensões dos respectivos lotes, onde se planeja a construção de
instalações agropecuárias, por exemplo.
Desta forma, o levantamento planimétrico consiste em determinar as medidas (m)
do perímetro do terreno, para consequentemente determinar a sua área. Nesse momento
é possível a sua medição sem aparelhos ou processos próprios da topografia desde que se
tenha uma referência confiável (casa vizinha, esquina, piquetes, etc.). No entanto, casos
mais complexos, sem referência, necessitamos de um levantamento executado por
profissional de topografia.
As formas de averiguação da planimetria do terreno sem o auxilio de ferramentas
topográficas mais complexas, como o teodolito, dependerá da forma do terreno, variando

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de lote regular, lote irregular com pouca profundidade, lote irregular com muita
profundidade e lote com um ou mais limites em curva (figura 2).

Figura 2. ________________________________________________________________

Para um terreno em lote regular, geralmente em forma de retângulo, basta-se,


portanto, medir os seus "quatro" lados, e para verificar se o lote está no esquadro,
devemos medir as diagonais que deverão ser iguais (figura 2A). Para o lote irregular com
pouco fundo é possível determinar o seu plano altimétrico medindo-se os quatro lados e
as duas diagonais (figura 2B); já no caso do terreno irregular com muita profundidade, a
medição da diagonal se torna imperfeita devido a grande distância. Convém, neste caso,
utilizar um ponto intermediário "A" diminuindo assim o comprimento da diagonal (figura
2C).
Para lotes com um ou mais limites em curva, o mais preciso será a utilizar o método
da medição da corda e da flecha (central). Nestes casos devemos demarcar as divisas retas
até encontrarmos os pontos do início e fim da corda. Medir a corda e a flecha no local. E
com o auxílio de um desenho (realizado no escritório) construir a curva a partir da
determinação do centro da mesma utilizando a flecha e a corda (figura 3).

Figura 3. _________________________________________________________________

Entretanto, a grande maioria dos terrenos no ambiente rural não apresentam as


formas mencionadas acima, sendo necessário o uso de técnicas e ferramentas
topográficas, para o seu levantamento altimétrico (figura 4). Sendo assim, a representação
topográfica estará́ baseada em pontos levantados no terreno, para os quais são
determinadas as coordenadas.

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Figura 4. Terreno extremamente irregular.

Para tanto, faz-se necessário o cálculo das coordenadas na planimetria. Nesta fase,
será detalhado o desenvolvimento necessário para a determinação das coordenadas
planas, ou seja, as coordenadas x e y.
As projeções planas são obtidas em função da distância entre os vértices de um
alinhamento e o azimute ou rumo, magnético ou geográfico, deste mesmo alinhamento.
De uma forma mais simples, pode-se dizer que a projeção em “X” é a representação da
distância entre os dois vértices do alinhamento sobre o eixo das abscissas e a projeção em
“Y” a representação da mesma distância no eixo das ordenadas (Figura 5).

Figura 5. Representação da projeção da distância D em X (∆X) e em Y (∆Y).

Sendo:
d01: distância horizontal entre os vértices 0 e 1;
A01: azimute da direção 0-1;
∆X: projeção da distância d01 sobre o eixo X;
∆Y: projeção da distância d01sobre o eixo Y;

A partir de então, utilizando conceitos básicos de trigonometria plana é possível


calcular as projeções em X e Y, obtendo-se uma poligonal (figura 6), de onde, é possível
conhecendo-se as coordenadas planimétricas de dois pontos é possível calcular o azimute
da direção formada entre eles. O azimute de uma direção é medido a partir do Norte, no
sentido horário, varia de 0o a 360o e consiste no ângulo formado entre a meridiana de
origem que contém os Pólos, magnéticos ou geográficos, e a direção considerada.

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Figura 6. Representação de uma poligonal e suas respectivas projeções.

A poligonação é um dos métodos mais empregados para a determinação de


coordenadas de pontos em Topografia, principalmente para a definição de pontos de
apoio planimétricos. Uma poligonal consiste em uma série de linhas consecutivas onde
são conhecidos os comprimentos e direções, obtidos através de medições em campo.
O levantamento de uma poligonal é realizado através do método de caminhamento,
percorrendo-se o contorno de um itinerário definido por uma série de pontos, medindo-se
todos os ângulos, lados e uma orientação inicial. A partir destes dados e de uma
coordenada de partida, é possível calcular as coordenadas de todos os pontos que
formam esta poligonal.
Utilizando-se uma poligonal é possível definir uma série de pontos de apoio ao
levantamento topográfico, a partir dos quais serão determinadas coordenadas de outros
pontos. Dessa maneira é possível realizar o levantamento planimétrico dos terrenos mais
irregulares possíveis em perímetro, estabelecendo-se medidas para as suas dimensões e
coordenadas, sendo possível, posteriormente definir a sua área, por exemplo.
Apropriações físicas de todo tipo, como edificações pré-existentes no terreno devem
ser referenciadas e representadas na planta baixa do terreno, possível a partir dos dados
planimétricos obtidos.

3.3. Levantamento altimétrico do terreno


É de grande importância para elaborarmos um projeto racional, que sejam
aproveitadas as diferenças de nível do lote. Podemos identificar a topografia do lote
através das curvas de nível. O levantamento altimétrico ou nivelamento do terreno

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consiste em dimensionar o que na realidade ocorre em três dimensões, em apenas duas
dimensões, utilizando das curvas de nível.
A curva de nível é uma linha constituída por pontos todos de uma mesma cota ou
altitude de uma superfície qualquer. Quando relacionadas a outras curvas de nível
permite comparar as altitudes e se projetadas sobre um plano horizontal podem
apresentar as ondulações, depressões ou inclinações de uma superfície (Figura 7). Quando
mais inclinada for a superfície do terreno, as distâncias entre as curvas serão menores,
menos inclinada as distâncias serão maiores d1 < d2.

Figura 7. Representação das curvas de nível de um terreno.

A determinação da cota/altitude de um ponto é uma atividade fundamental em


engenharia. Projetos de redes de esgoto, de estradas, planejamento urbano, entre outros,
são exemplos de aplicações que utilizam estas informações. A determinação do valor da
cota/altitude está baseada em métodos que permitem obter o desnível entre pontos.
Conhecendo-se um valor de referência inicial é possível calcular as demais cotas ou
altitudes. Estes métodos são denominados de nivelamento. Existem diferentes métodos
que permitem determinar os desníveis, com precisões que variam de alguns centímetros
até sub- milímetro. A aplicação de cada um deles dependerá da finalidade do trabalho.
Os conceitos de cota e altitude podem ser assim definidos: Cota: é a distância
medida ao longo da vertical de um ponto até um plano de referência qualquer. Altitude
ortométrica: é a distância medida na vertical entre um ponto da superfície física da Terra
e a superfície de referência altimétrica (nível médio dos mares). Esses conceitos podem
ser melhor exemplificados na figura 8.

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Figura 8. Cota, altitude e desnível.

Conhecendo-se a altitude ou cota de um ponto e determinando- se o desnível ou


diferença de nível entre este e um segundo ponto, obtém-se a altitude ou cota do
segundo ponto, através da equação:

Se o segundo ponto estiver mais “alto” que o primeiro o desnível será positivo, em
caso contrário, negativo.
Nesse contexto, o levantamento topográfico altimétrico é o levantamento que
objetiva, exclusivamente, a determinação das alturas relativas a uma superfície de
referência dos pontos de apoio e/ou dos pontos de detalhe, pressupondo-se o
conhecimento de suas posições planimétricas, visando a representação altimétrica da
superfície levantada. Basicamente três métodos são empregados para a determinação dos
desníveis: nivelamento geométrico, trigonométrico e taqueométrico.
Nivelamento geométrico ou nivelamento direto: nivelamento que realiza a medida
da diferença de nível entre pontos no terreno por intermédio de leituras correspondentes
a visadas horizontais, obtidas com um nível, em miras colocadas verticalmente nos
referidos pontos.
Nivelamento trigonométrico: nivelamento que realiza a medição da diferença de
nível entre pontos no terreno, indiretamente, a partir da determinação do ângulo vertical
da direção que os une e da distância entre estes, fundamentando-se na relação
trigonométrica entre o ângulo e a distância medidos, levando em consideração a altura do
centro do limbo vertical do teodolito ao terreno e a altura sobre o terreno do sinal visado.
Nivelamento taqueométrico é o nivelamento trigonométrico em que as distâncias
são obtidas taqueometricamente e a altura do sinal visado é obtida pela visada do fio
médio do retículo da luneta do teodolito sobre uma mira colocada verticalmente no ponto
cuja diferença de nível em relação à estação do teodolito é objeto de determinação.
Independente do método a ser empregado em campo, durante um levantamento
altimétrico destinado a obtenção de altitudes/cotas para representação do terreno, a
escolha dos pontos é fundamental para a melhor representação do mesmo.

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4. Terraplanagem
Segundo Habitare (2019) todo movimento de solo utilizado para sistematizar o
terreno para que se inicie a construção de uma obra é considerado terraplanagem, e pode
envolver ações de (a) escavação do terreno; (b) transporte de solos e outros; (c)
disposição das camadas.
Estas ações são necessárias para deixar o perfil do solo de forma a facilitar a
utilização do terreno para a construção das obras, facilitando os trabalhos e o
planejamento dos projetos, ou seja, a transformação da topografia atual em uma que
possibilite a realização das atividades da forma esperada. Os aterros devem ser feitos e
respeitadas as condições de prazo e produtividade, sempre de olho nas condições locais e
os dados fornecido na etapa de sondagem do terreno.
Antes de se realizar a terraplanagem é necessário que se faça a limpeza da superfície
do terreno, bem como de demolições caso forem necessárias. Normalmente a
terraplanagem consiste em corte e aterro. Os aterros devem ser feitos por superposições
de camadas de 0,20 a 0,40 m de espessura (sem a presença de matéria orgânica, entulhos
ou restos de vegetação), recalcadas (bem compactadas) de modo a apresentar uma boa
resistência e poder servir de base para a construção.
De certo modo, a terraplanagem é o ponto de partida de qualquer construção. Ela é
responsável por preparar o solo para receber a parte estrutural da obra, para que tudo
saia conforme o planejado. Isso garantirá a qualidade do seu terreno, e o deixará mais
sólido e estável possível. Esse procedimento, geralmente, é acompanhado por um
profissional de engenharia, responsáveis pela execução da obra, e que seguirão as cotas
níveis definidas no levantamento planialtimétrico do terreno.
Assim como é importante reconhecer o preço da terraplanagem ou dos
equipamentos, por exemplo, também é fundamental entender a relevância desta fase,
pois ela influencia em toda a segurança que a obra terá. O solo precisa ser bem-preparado
para que o projeto de construção civil possa ser seguido de maneira correta. Sem o
cuidado de compactação, por exemplo, o terreno correrá o risco de ceder, fazendo com
que a estrutura construída seja impactada, gerando rachaduras e, algumas vezes, até um
desabamento. Já a falta de nivelamento faz com que haja desregulamento nas alturas e
até no visual construtivo. Portanto, não se pode abrir mão dessa etapa se você deseja ter
uma obra segura e realmente eficiente.
Instalações rurais como aviários, estábulos, pocilgas entre outros, exigem terrenos
planos a fim de facilitar a construção, não onerar o alicerce e facilitar a movimentação
dentro da instalação.
A terraplanagem de grandes áreas exige trator de esteira ou pelo menos trator de
pneu com lâmina, retirando-se a terra com caminhões. Serviços em áreas reduzidas
podem ser feitos com ferramentas manuais, retirando-se a terra com carroças, caminhões
ou mesmo carrinho de mão.

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5. Drenagem superficial do terreno

Existem diversos fatores em um terreno que podem atrapalhar na hora da realização


de uma obra. Irregularidades no solo, detritos e restos de árvores e diferenças de níveis
topográficos desejados. Para todas estas questões existem técnicas que as resolvem e
permitem o andamento do projeto. Nesse sentido, a água pode acarretar problemas para
a obra e para isso é preciso realizar a técnica de drenagem de solo.
Se usada de forma correta a água pode fazer parte da obra, trazendo beleza estética
para o projeto. Contudo, muitas vezes ela pode arruinar toda o planejamento.
Principalmente se não for realizada sua contenção ou drenagem de solo, as chances dela
deixar problemas estruturais são muito grandes.
Nesse sentido, dentro da casa a água pode causar infiltrações nas paredes e no piso.
Assim, com o apodrecimento e a corrosão dos materiais, graves danos podem ser
causados na estrutura. Além disso, a proliferação do mofo e também a ocorrência de
curtos-circuitos são problemas que podem ser evitados com a drenagem de solo.
Dentro das instalações, infiltrações podem tomar as paredes e o piso, causando o
apodrecimento e a corrosão dos materiais. Isso leva a danos estruturais graves, como a
proliferação do mofo, curtos-circuitos e a necessidade de gastar com reparos. Na parte
externa e no terreno a falta de drenagem de solo também pode ser bastante perigosa.
Além de contribuir para a proliferação de insetos e animais pequenos, estragar a
estrutura, em casos de terrenos irregulares ela pode causar até deslizamentos.
A drenagem superficial do solo de terreno é, basicamente, a realização da captação
da água das chuvas, à exceção de quando há a elevação do lençol freático para a
superfície, nesse caso os custos sertão mais elevados para a retirada da água. As técnicas
de drenagem superficial consideram a remoção ou o escoamento da água da superfície do
terreno, tirando de regiões críticas e as levando para áreas mais favoráveis. Desse modo
evita-se enchentes e os problemas com grande umidade nas edificações.
As técnicas para a realização da drenagem de solo variam. Pode ser feita através de
inclinação, que consiste em não deixar a superfície do terreno completamente plana,
permitindo o escoamento. Calhas e bueiros também são outros métodos utilizados. São os
principais equipamentos escolhidos para fazer este tipo de serviço, direcionando o curso
da água até um local adequado. Outra opção escolhida é são os muros de arrimo, que
consistem em um muro de contenção, utilizados principalmente para evitar
deslizamentos.
Um projeto de drenagem deve incluir um estudo adequado para evitar erros
comuns nesse tipo de atividade. Se a especificação e análise técnica não forem adequadas
pode-se acabar não tendo uma drenagem eficiente e poderá até mesmo perder todo o
trabalho e dinheiro investidos. Para a elaboração desse projeto de drenagem os passos
devem incluir os seguintes:

 Reconhecimento e delimitação da área afetada


 Levantamento topográfico
 Estudo do lençol freático
 Estudo do solo

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 Elaboração do projeto.
No primeiro se conhece a área a ser drenada e verifica-se a possível origem do
excesso de água. O segundo item também é essencial, pois através dele pode-se traçar a
diretrizes do projeto buscando descobrir de que lugares mais altos a água flui e quais os
mais baixos onde serão enterrados os tubos. O estudo do Lençol Freático é bem específico
e depende da região, para esta há a necessidade da instalação de uma rede de poços de
observação, cobrindo toda a área do projeto. O Estudo do Solo consiste em verificar a
condutividade hidráulica e a macro porosidade do solo. Estes dados entram diretamente
nos cálculos de espaçamento dos drenos. Também é importante o estudo do clima para
verificar as precipitações na região. Finalmente o projeto é elaborado baseando-se nos
dados anteriores e nas fórmulas disponíveis para verificar o melhor espaçamento dos
tubos e o layout mais eficiente para ser utilizado no seu projeto.
Em terrenos com solos permeáveis (areias médias, grossas, seixos), o escoamento
da água pode-se fazer através de captações de águas verticais localizadas na periferia das
escavações. Neste caso o caudal da captação é função de:
 H – altura da coluna de água
 h – altura da coluna de água depois do rebaixamento
 R – raio de influência do rebaixamento
 r – raio de captação
 K – coeficiente de permeabilidade do solo

Para isso devem ser previstos no projeto, a construção de estruturas capazes de


promover o escoamento da água superficial de locais indesejados. Devem ser construídas
estruturas como canaletas, valas, calhas, muros de arrimo, entre outros.

5.1. Rebaixamento do lençol freático


Em alguns casos, a água subterrânea pode aflorar para a superfície quando a
construção de obras civis requer escavações abaixo do lençol freático. Quando as
escavações das construções atingem o nível do lençol, trazendo como consequência o
afloramento das águas subterrâneas, é necessário o rebaixamento da mesma para que o
local se mantenha seco para a execução das obras. Esta ação proporciona melhor
condição de serviço durante a construção, evitando, assim, a instabilidade do solo com o
umedecimento saturado e o consequente desmoronamento dos taludes das valas
(GAIOTO, 1980).
O rebaixamento faz com que o nível da água seja reduzido, possibilitando assim a
execução das fundações da obra, melhorando as condições de estabilidade de taludes,
evitando escorregamento e reduzindo as dimensões da área requerida para a obra,
garantindo que o solo no fundo da escavação mantenha sua densidade e características
de compactação, pois a presença da água influência nos valores desses parâmetros,
reduzindo os empuxos de terra sobre paredes de escoramento, para que não ocorra
desmoronamento no canteiro de obras influenciando na segurança dos operários
(GAIOTO, 1980).

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Para realizar tal atividade existem diversos tipos de técnicas, dentre elas:
rebaixamento com bombeamento direto, com utilização de bombas e o rebaixamento
com o uso de ponteiras filtrantes a vácuo.
A drenagem por vácuo, recurso a agulhas filtrantes, é utilizado em terrenos com
solos pouco permeáveis em que o escoamento só se pode fazer por gravidade. Pode ser
composto por tubos de ferro ou PVC com diâmetros entre 1”1/2 a 2”, e comprimento de 3
a 7 m, introduzidas no terreno com injeção de água e em seguida ligadas por mangueiras
flexíveis a um tubo coletor que por sua vez está ligado a um conjunto de bombas de água
e vácuo. Neste caso o vácuo é utilizado apenas no início para que se efetue a “ferragem”
sendo a drenagem posterior atuada por gravidade.
A drenagem por eletro-osmose é utilizada em solos argilosos com baixa
permeabilidade. Consiste basicamente em Estabelecer uma diferença de potencial entre
elétrodos positivos (ânodos) e elétrodos negativos (cátodos), consegue-se fazer com que
a água se escoe em direção aos cátodos. Os cátodos estão espaçados de 8 a 11 m e os
ânodos no meio desse intervalo. Os ânodos são constituídos por varas de ferro ou cobre.
Cada cátodo extrai, em geral, 15 a 750 litros/dia.

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