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1. Introdução
Em qualquer projeto, em quaisquer áreas, inicia-se pela etapa de planejamento, e é
fundamental que este importante passo do processo seja realizado com a riqueza de
detalhes que lhe é merecido, uma vez poderá afetar todas as fases seguintes no processo
de construção civil. O estudo prévio do terreno deve ser considerado para tomada de
decisão, inclusive se a obra é economicamente viável ou deve se sua execução não deve
ser considerada.
Para iniciar uma obra em determinado terreno, este deve estar adequado, tanto
para a instalação de um canteiro de obras como também para iniciar a execução do
projeto. A preparação envolve a organização dos espaços, de modo que a as operações de
construção, armazenamento de material e chegada de materiais seja feita do modo mais
funcional e pratico possível, para que a obra possa ser executada de forma rápida e
objetiva, tendo cada parte do canteiro de obras funcionando em perfeita sincronia.
A topografia do terreno apresenta aspecto importante nas tomadas de decisão e
planejamento da obra, sendo responsável, muitas vezes por determinar o curso da
execução dos serviços. É o terreno que sustenta o peso da construção e determina
algumas características básicas do projeto. É preciso que seja realizada uma sondagem do
terreno para descobrir qual a camada é mais resistente e aí erguer as fundações da
construção. A presença de água também é diagnosticada no estudo prévio do terreno
para a construção, de modo que seja economicamente viável a construção.
Diante desse contexto, entender quais são os tipos de solo, as necessidades de
drenagem ou terraplanagem de acordo com levantamentos topográficos, é fundamental
para garantir o sucesso do projeto. Uma vez que, muitos desses aspectos podem facilitar
ou mesmo limitar o uso do terreno.
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Entretanto para a construção civil, os termos solo e rocha são definidos,
considerando-se o solo como todo o material da crosta terrestre que não oferecesse
resistência intransponível à escavação mecânica e que perde totalmente toda resistência,
quando em contato prolongado com a água; e rocha, aquele cuja resistência ao desmonte,
é permanente, a não ser quando em processo geológico de decomposição, ou é vencida
por meio de explosivos.
Portanto, sob um ponto de vista puramente técnico, aplica-se o termo solo a
materiais da crosta terrestre que servem de suporte, são arrimados, escavados ou
perfurados e utilizados nas obras da construção civil. Tais materiais, por sua vez, reagem
sob as fundações e atuam sobre os arrimos e coberturas, deformam-se e resistem a
esforços nos aterros e taludes, influenciando as obras segundo suas propriedades e
comportamentos. Em outras palavras, o solo necessita de resistência e rigidez apropriadas
para não sofrer ruptura e não apresentar deformações exageradas ou diferenciais. Para se
escolher a fundação mais adequada, devem-se conhecer os esforços atuantes sobre a
edificação, as características do solo e dos elementos estruturais que formam as
fundações.
O conhecimento da natureza geológica do solo é essencial para o estudo do terreno
para construção, devendo ser considerados suas características de formação, tipo,
constituição granulométrica e presença ou não de água, até a determinação de seu leito
resistente, que é a camada de solo que apresenta resistência a perfuração de brocas,
indicando uma camada segura para escavação e posterior execução das fundações. Nesse
contexto os estudos de engenharia referentes ao levantamento geológico do solo visam à
obtenção da natureza do maciço de solo, dos parâmetros físicos e mecânicos, do
posicionamento espacial das diversas camadas e suas variações espaciais e da posição do
nível do lençol freático.
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determinado tipo de solo, afetando diretamente a textura do mesmo que pode ser: grossa
(entre 2,00 e 4,80 mm), média (entre a,42 e 2,00 mm) ou fina (entre 0,05 e 0,42 mm),
referentes ao diâmetro dos grãos.
Outra classificação dos solos arenosos, que irá afetar diretamente a forma de serviço
da obra diz respeito ao grau de compactação do solo, podendo ser areia fofa (apresenta
baixo grau de compactação); areia mediamente compactada, ou uma areia compactada
(grau mais elevado de compactação).
A areia-siltosa é um tipo de solo com partículas de areia e silte, sendo um pó, no
qual não possui uma coesão apreciável, já a areia-argilosa é um solo predominantemente
arenoso com certa percentagem de argila onde já é possível observar certo grau de
coesão e consequentemente torna possível a exploração para construção civil sem
maiores custos como o aporte de solo translocado (aterro), por exemplo.
Os solos colapsíveis são solos não saturados que apresentam uma considerável e
rápida compressão quando submetidos a um aumento de umidade sem que varie a
tensão total a que estejam submetidos, (CAPUTO, 2013). Segundo CINTRA (1998),
fundações diretas assentadas em solos colapsíveis podem se comportar satisfatoriamente
por algum tempo, mas bruscamente sofrer um recalque adicional de considerável
magnitude, em virtude de chuvas intensas, vazamento de tubulações enterradas etc.,
provocando trincas e fissuras acentuadas.
Em condições de baixo teor de umidade, os solos colapsíveis, apresentam uma
espécie de resistência aparente, graças à pressão de sucção que se desenvolve nos seus
vazios. Por isso, quanto mais seco o solo colapsível, maior a sucção e, implicitamente,
maior a capacidade de carga da fundação.
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c) Quando a picareta só penetra no solo quando batida com força e mesmo assim há
pequena penetração, diz-se que o termo é resistente, alcançando 0,8 a 1 kg/cm 2.
a)Abre-se uma cava de mais ou menos 2,00 x 1,80 m até a profundidade de 1,00 m.
Acertar o fundo da vala, nivelando-o, porém sem compactá-lo;
b)Uma mesa de 4 pés com altura de 60 cm, dimensão de 1,40 x 1,00 m, tendo os pés
seção de 50 cm2 cada, é colocada no fundo com bastante cuidado, devendo ficar
nivelada. Coloca-se a seguir a régua, a prumo, ao lado a mesa sem encostar;
c) Marca-se o nível da mesa na régua (2,5 x 5 x 120 cm);
d)Coloca-se cuidadosamente e sem choques, sobre a mesa, cargas conhecidas como
sacos de cimento, sacos de areia, simetricamente.
e)Passados 30 minutos verifica-se qual foi o aprofundamento da mesa. Repete-se o
procedimento aumentando-se a carga, com intervalos de 30 minutos até que o
aprofundamento seja entre 2 e 3 mm.
R = P/S
P
R=
v xS
1500
R= = 0,75 Kg/cm2
200 x 10
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Outro método que apresenta resultados satisfatórios da tensão admissível do solo é
método de percussão (Figura 1) que emprega a seguinte equação:
Em que:
adm = Tensão Admissível do Solo (kg/cm2)
P = Peso (kg)
S = seção do peso (cm2)
C = coeficiente de segurança (5-10)
N = número de quedas (5-10)
H = altura de queda (cm)
E = aprofundamento no solo
Figura 1. __________________________________________________________________
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3. Topografia do terreno
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de lote regular, lote irregular com pouca profundidade, lote irregular com muita
profundidade e lote com um ou mais limites em curva (figura 2).
Figura 2. ________________________________________________________________
Figura 3. _________________________________________________________________
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Figura 4. Terreno extremamente irregular.
Para tanto, faz-se necessário o cálculo das coordenadas na planimetria. Nesta fase,
será detalhado o desenvolvimento necessário para a determinação das coordenadas
planas, ou seja, as coordenadas x e y.
As projeções planas são obtidas em função da distância entre os vértices de um
alinhamento e o azimute ou rumo, magnético ou geográfico, deste mesmo alinhamento.
De uma forma mais simples, pode-se dizer que a projeção em “X” é a representação da
distância entre os dois vértices do alinhamento sobre o eixo das abscissas e a projeção em
“Y” a representação da mesma distância no eixo das ordenadas (Figura 5).
Sendo:
d01: distância horizontal entre os vértices 0 e 1;
A01: azimute da direção 0-1;
∆X: projeção da distância d01 sobre o eixo X;
∆Y: projeção da distância d01sobre o eixo Y;
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Figura 6. Representação de uma poligonal e suas respectivas projeções.
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consiste em dimensionar o que na realidade ocorre em três dimensões, em apenas duas
dimensões, utilizando das curvas de nível.
A curva de nível é uma linha constituída por pontos todos de uma mesma cota ou
altitude de uma superfície qualquer. Quando relacionadas a outras curvas de nível
permite comparar as altitudes e se projetadas sobre um plano horizontal podem
apresentar as ondulações, depressões ou inclinações de uma superfície (Figura 7). Quando
mais inclinada for a superfície do terreno, as distâncias entre as curvas serão menores,
menos inclinada as distâncias serão maiores d1 < d2.
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Figura 8. Cota, altitude e desnível.
Se o segundo ponto estiver mais “alto” que o primeiro o desnível será positivo, em
caso contrário, negativo.
Nesse contexto, o levantamento topográfico altimétrico é o levantamento que
objetiva, exclusivamente, a determinação das alturas relativas a uma superfície de
referência dos pontos de apoio e/ou dos pontos de detalhe, pressupondo-se o
conhecimento de suas posições planimétricas, visando a representação altimétrica da
superfície levantada. Basicamente três métodos são empregados para a determinação dos
desníveis: nivelamento geométrico, trigonométrico e taqueométrico.
Nivelamento geométrico ou nivelamento direto: nivelamento que realiza a medida
da diferença de nível entre pontos no terreno por intermédio de leituras correspondentes
a visadas horizontais, obtidas com um nível, em miras colocadas verticalmente nos
referidos pontos.
Nivelamento trigonométrico: nivelamento que realiza a medição da diferença de
nível entre pontos no terreno, indiretamente, a partir da determinação do ângulo vertical
da direção que os une e da distância entre estes, fundamentando-se na relação
trigonométrica entre o ângulo e a distância medidos, levando em consideração a altura do
centro do limbo vertical do teodolito ao terreno e a altura sobre o terreno do sinal visado.
Nivelamento taqueométrico é o nivelamento trigonométrico em que as distâncias
são obtidas taqueometricamente e a altura do sinal visado é obtida pela visada do fio
médio do retículo da luneta do teodolito sobre uma mira colocada verticalmente no ponto
cuja diferença de nível em relação à estação do teodolito é objeto de determinação.
Independente do método a ser empregado em campo, durante um levantamento
altimétrico destinado a obtenção de altitudes/cotas para representação do terreno, a
escolha dos pontos é fundamental para a melhor representação do mesmo.
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4. Terraplanagem
Segundo Habitare (2019) todo movimento de solo utilizado para sistematizar o
terreno para que se inicie a construção de uma obra é considerado terraplanagem, e pode
envolver ações de (a) escavação do terreno; (b) transporte de solos e outros; (c)
disposição das camadas.
Estas ações são necessárias para deixar o perfil do solo de forma a facilitar a
utilização do terreno para a construção das obras, facilitando os trabalhos e o
planejamento dos projetos, ou seja, a transformação da topografia atual em uma que
possibilite a realização das atividades da forma esperada. Os aterros devem ser feitos e
respeitadas as condições de prazo e produtividade, sempre de olho nas condições locais e
os dados fornecido na etapa de sondagem do terreno.
Antes de se realizar a terraplanagem é necessário que se faça a limpeza da superfície
do terreno, bem como de demolições caso forem necessárias. Normalmente a
terraplanagem consiste em corte e aterro. Os aterros devem ser feitos por superposições
de camadas de 0,20 a 0,40 m de espessura (sem a presença de matéria orgânica, entulhos
ou restos de vegetação), recalcadas (bem compactadas) de modo a apresentar uma boa
resistência e poder servir de base para a construção.
De certo modo, a terraplanagem é o ponto de partida de qualquer construção. Ela é
responsável por preparar o solo para receber a parte estrutural da obra, para que tudo
saia conforme o planejado. Isso garantirá a qualidade do seu terreno, e o deixará mais
sólido e estável possível. Esse procedimento, geralmente, é acompanhado por um
profissional de engenharia, responsáveis pela execução da obra, e que seguirão as cotas
níveis definidas no levantamento planialtimétrico do terreno.
Assim como é importante reconhecer o preço da terraplanagem ou dos
equipamentos, por exemplo, também é fundamental entender a relevância desta fase,
pois ela influencia em toda a segurança que a obra terá. O solo precisa ser bem-preparado
para que o projeto de construção civil possa ser seguido de maneira correta. Sem o
cuidado de compactação, por exemplo, o terreno correrá o risco de ceder, fazendo com
que a estrutura construída seja impactada, gerando rachaduras e, algumas vezes, até um
desabamento. Já a falta de nivelamento faz com que haja desregulamento nas alturas e
até no visual construtivo. Portanto, não se pode abrir mão dessa etapa se você deseja ter
uma obra segura e realmente eficiente.
Instalações rurais como aviários, estábulos, pocilgas entre outros, exigem terrenos
planos a fim de facilitar a construção, não onerar o alicerce e facilitar a movimentação
dentro da instalação.
A terraplanagem de grandes áreas exige trator de esteira ou pelo menos trator de
pneu com lâmina, retirando-se a terra com caminhões. Serviços em áreas reduzidas
podem ser feitos com ferramentas manuais, retirando-se a terra com carroças, caminhões
ou mesmo carrinho de mão.
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5. Drenagem superficial do terreno
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Elaboração do projeto.
No primeiro se conhece a área a ser drenada e verifica-se a possível origem do
excesso de água. O segundo item também é essencial, pois através dele pode-se traçar a
diretrizes do projeto buscando descobrir de que lugares mais altos a água flui e quais os
mais baixos onde serão enterrados os tubos. O estudo do Lençol Freático é bem específico
e depende da região, para esta há a necessidade da instalação de uma rede de poços de
observação, cobrindo toda a área do projeto. O Estudo do Solo consiste em verificar a
condutividade hidráulica e a macro porosidade do solo. Estes dados entram diretamente
nos cálculos de espaçamento dos drenos. Também é importante o estudo do clima para
verificar as precipitações na região. Finalmente o projeto é elaborado baseando-se nos
dados anteriores e nas fórmulas disponíveis para verificar o melhor espaçamento dos
tubos e o layout mais eficiente para ser utilizado no seu projeto.
Em terrenos com solos permeáveis (areias médias, grossas, seixos), o escoamento
da água pode-se fazer através de captações de águas verticais localizadas na periferia das
escavações. Neste caso o caudal da captação é função de:
H – altura da coluna de água
h – altura da coluna de água depois do rebaixamento
R – raio de influência do rebaixamento
r – raio de captação
K – coeficiente de permeabilidade do solo
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Para realizar tal atividade existem diversos tipos de técnicas, dentre elas:
rebaixamento com bombeamento direto, com utilização de bombas e o rebaixamento
com o uso de ponteiras filtrantes a vácuo.
A drenagem por vácuo, recurso a agulhas filtrantes, é utilizado em terrenos com
solos pouco permeáveis em que o escoamento só se pode fazer por gravidade. Pode ser
composto por tubos de ferro ou PVC com diâmetros entre 1”1/2 a 2”, e comprimento de 3
a 7 m, introduzidas no terreno com injeção de água e em seguida ligadas por mangueiras
flexíveis a um tubo coletor que por sua vez está ligado a um conjunto de bombas de água
e vácuo. Neste caso o vácuo é utilizado apenas no início para que se efetue a “ferragem”
sendo a drenagem posterior atuada por gravidade.
A drenagem por eletro-osmose é utilizada em solos argilosos com baixa
permeabilidade. Consiste basicamente em Estabelecer uma diferença de potencial entre
elétrodos positivos (ânodos) e elétrodos negativos (cátodos), consegue-se fazer com que
a água se escoe em direção aos cátodos. Os cátodos estão espaçados de 8 a 11 m e os
ânodos no meio desse intervalo. Os ânodos são constituídos por varas de ferro ou cobre.
Cada cátodo extrai, em geral, 15 a 750 litros/dia.
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