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Prova comentada
Helena Carasek
hcarasek@gmail.com
dos Sinos (Unisinos), mestre pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) e doutora pela Universidade de São Paulo (USP). Fez ainda pós-doutorado no Institut National des Sciences Appliquées
(Insa) de Toulouse, na França. É especialista em argamassas, alvenarias, revestimentos de argamassa e cerâmicos, materiais e
patologia das construções, além de durabilidade do concreto. Coordena o Núcleo de Tecnologia das Argamassas e Revestimentos
A professora Helena Carasek, responsável pela disciplina, conta que as atividades mesclam
aulas expositivas com visitas a obras de edificações na cidade de Goiânia, a fim de
acompanhar a execução das etapas de obra estudadas em sala de aula. A matéria tem 64
horas-aula, distribuídas em quatro horas-aula por semana ao longo do semestre. A avaliação
é feita por meio de duas provas, uma apresentação de seminário, em grupo, e um relatório de
obra, individual.
Além dos livros apontados na bibliografia e das normas técnicas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), a professora costuma usar como material didático dissertações e
teses, anais de congressos da área, como o Simpósio Brasileiro de Tecnologia das
Argamassas (SBTA) e o Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Entac),
documentos da Comunidade da Construção e revistas segmentadas. "Não temos muita
bibliografia atualizada para consultar. De certa forma, isso acaba sendo um ponto positivo
porque os trabalhos ficam menos restritos a informações de livros", acredita Helena.
Ao aplicar suas provas, a professora procura exigir do aluno mais que uma visão teórica da
aplicabilidade dos processos construtivos de uma edificação. A ideia das avaliações é fazer
que os estudantes expliquem por que e como se executa determinada tarefa, apontando
sempre exemplos práticos com ênfase na normatização brasileira.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
Avaliação da fachada
Comentários
Assentamento de pisos
A NBR 13.753:1996 - Revestimento de Piso Interno ou Externo com Placas Cerâmicas e com
a Utilização de Argamassa Colante - Procedimento prescreve um cuidado específico quanto à
execução de pisos com placas cerâmicas de área maior ou igual a 900 cm², assentadas com
argamassa colante e desempenadeira de dentes quadrados. Qual é esse cuidado? Qual a
razão dessa prescrição normativa?
Comentários
A questão é prática e ganha cada vez mais importância à medida que se utilizam mais placas
cerâmicas de grandes dimensões nas construções atuais. Ela está dividida em duas partes
que envolvem "como fazer" e "por que fazer". Em "como fazer", espera-se que o aluno
discorra sobre o processo de aplicação da argamassa colante em dupla camada (ou dupla
colagem). Com relação ao "por que fazer", uma resposta adequada deve abordar as
características físicas dessas placas cerâmicas - que são levemente convexas e, por isso,
precisam da dupla colagem para propiciar a completa impregnação no centro da peça e para
garantir um desempenho adequado do revestimento de piso.
Preparo da argamassa
Cite três cuidados básicos na preparação, em obra, de uma argamassa industrializada para
assentamento ou revestimento de paredes, que possui aditivo incorporador de ar na sua
composição. Quais as razões desses cuidados? Explique.
Comentários
Encunhamento
Uma boa resposta deve discorrer sobre a finalidade da fixação ou aperto da alvenaria na
estrutura de concreto (vigas e lajes), de forma a garantir o adequado desempenho da
vedação. Quando se trata de edifícios multipavimentos com estruturas de concreto que
apresentam alto grau de deformabilidade, alguns cuidados devem ser tomados para evitar a
fissuração da alvenaria - que ocorre pela transmissão de carga da estrutura para a parede - e,
também, dos revestimentos aplicados sobre ela. Entre esses cuidados, espera-se que o aluno
saliente os prazos a serem aguardados entre a elevação da alvenaria e a execução da
fixação, bem como a sequência mais adequada da execução da fixação nos diversos
pavimentos. Uma resposta completa contempla também a indicação do material a ser utilizado
para esta finalidade.
Impermeabilização
Comentários
Gabarito
Avaliação da fachada
A etapa inicial do mapeamento consiste em fixar arames com pesos em suas extremidades na
platibanda do edifício, como prumos, que servem como plano de referência. Esses arames,
presos em ferros dobrados em forma de "L" e nos chumbadores de aço fixados na platibanda,
devem ficar afastados de 10 cm a 15 cm e locados a uma distância entre si de 1,50 m a 1,80
m; devem ser locados também nas quinas externas e cantos internos (afastados de 10 cm a
15 cm do canto ou quina), assim como nas laterais das janelas (arames de montantes),
conforme ilustra a Figura 1.
Figura 1 - Locação e disposição dos arames para o mapeamento de fachada na platibanda.
A dificuldade de realizar o mapeamento das fachadas é que, em parte significativa das obras,
ainda se utilizam balancins de catraca para a execução dos revestimentos de argamassa.
Esses equipamentos, devido à sua operação manual, são muito pesados e lentos no
deslocamento ao longo da fachada, de modo que inviabilizam a realização dessa etapa.
Quando se utilizam balancins motorizados ou plataformas de cremalheira para execução dos
serviços de revestimento o mapeamento, então, torna-se viável.
Assentamento de pisos
O cuidado na aplicação de placas de área igual ou superior a 900 cm² é fazer o assentamento
com dupla camada (ou dupla colagem). Deve-se espalhar e pentear a argamassa colante,
utilizando-se uma desempenadeira denteada (com dentes de 8 mm x 8 mm x 8 mm), tanto no
contrapiso como no tardoz das placas cerâmicas. Prossegue-se com a execução, aplicando-
se cada placa cerâmica ligeiramente fora da posição, de modo a cruzar os cordões do tardoz
e do contrapiso. Em seguida, pressiona-se a placa, arrastando-a até a sua posição final.
Atingida esta posição, devem-se realizar vibrações manuais, visando garantir uma boa
acomodação da peça.
A razão dessa prescrição da NBR 13753:1996 é que as peças de tamanhos maiores são
levemente convexas, dificultando a completa impregnação no centro da peça. Por isso a
necessidade da dupla camada, garantindo haver argamassa colante em toda a extensão da
placa, o que favorece uma adequada aderência, além de reduzir os riscos, em casos
extremos, de quebra dessas placas.
Preparo da argamassa
a) Ajuste do tempo de mistura - deve-se ter cuidado com o tempo mínimo e máximo de
mistura. O tempo mínimo visa garantir a completa mistura do material seco com a água, de
modo que a argamassa fique homogênea e com a trabalhabilidade adequada. O cuidado com
o tempo máximo é importante, pois as argamassas com aditivo incorporador de ar,
geralmente, incorporam um maior teor de ar à medida que se aumenta o tempo de mistura.
Altos teores de ar incorporado podem produzir manifestações patológicas nas argamassas
aplicadas, como o descolamento e a pulverulência. O gráfico qualitativo da figura 3 ilustra a
resistência de aderência à tração de uma argamassa em função do seu teor de ar, ressaltando
que existe um teor ótimo de ar que propicia uma trabalhabilidade adequada da argamassa e
garante um melhor contato dela com o substrato. A partir de um certo teor (cerca de 20%), a
aderência começa a cair à medida que se aumenta o teor de ar da argamassa. Isto ocorre
porque as bolhas de ar se interpõem na interface, prejudicando o contato da argamassa com o
substrato, reduzindo assim a extensão de aderência. O tempo de mistura adequado depende
da composição da argamassa, do volume de material que está sendo misturado e do
equipamento de mistura (betoneira, argamassadeira, etc.).
Encunhamento
A etapa de fixação tem como objetivo prender a parede à estrutura (viga ou laje), de modo que
ela tenha o seu desempenho adequado quando solicitada (não tombando, por exemplo). Ela
visa também fechar o vão existente entre a fiada de respaldo (última fiada da alvenaria
executada) e o fundo da estrutura, contribuindo com as funções da vedação, tais como a
estanqueidade e os isolamentos acústico e térmico.
Para se iniciar a execução da fixação das alvenarias às lajes e vigas, deve-se garantir que o
máximo possível das deformações da estrutura já tenha ocorrido. Por isso, quanto mais
carregado já estiver o edifício e mais tempo se esperar para realizá-la, melhor será. Com
relação aos prazos e sequência de execução, recomenda-se:
- Que a elevação das paredes a fixar esteja totalmente executada há, no mínimo, 30 dias;
- A execução da fixação deve ser retardada ao máximo, iniciando-se o serviço pela alvenaria
dos pavimentos superiores em direção aos inferiores, de preferência após o término de todas
as alvenarias dos pavimentos. Não sendo possível, a fixação deverá ser executada em lotes
de quatro pavimentos, indo do mais alto para o mais baixo, conforme ilustra a Figura 4, com
as seguintes condições e limitações para seu início:
- Aguardar 30 dias após o respaldo da alvenaria do último pavimento (o mais elevado) que
compõe o lote de quatro, bem como a conclusão das alvenarias de 3 pavimentos acima deste;
- O último lote de pavimentos deve ser precedido pela execução definitiva do telhado ou
isolamento térmico da laje de cobertura. Não sendo possível, deve ser providenciado um
isolamento provisório a ser mantido até a execução definitiva da cobertura;
- Deve haver um intervalo mínimo de 24 horas entre os serviços, dentro do lote de quatro
pavimentos;
- O primeiro e o último pavimentos do edifício serão fixados somente após a execução dos
demais.
Figura 4 - Esquema da fase da obra para fixação das alvenarias.
A fixação das alvenarias de vedação em estruturas deformáveis deve ser feita com argamassa
e não com cunhas de concreto ou tijolos cerâmicos maciços inclinados (os quais caracterizam
o "encunhamento"). A argamassa de fixação a ser utilizada deve ter baixo módulo de
elasticidade, ou seja, não deve ser rica em cimento. É possível utilizar uma argamassa mista
de cimento e cal. Uma boa prática é a aditivação da argamassa de fixação com polímero
(cola). A grande vantagem do polímero é que ele propicia certa deformabilidade para a
argamassa, além de contribuir para a melhoria da aderência entre ela e os materiais em
contato (blocos de alvenaria e concreto da estrutura). O polímero também ajuda na
plasticidade (trabalhabilidade) conferida à argamassa, facilitando a sua aplicação, por
extrusão, com bisnaga.
Impermeabilização
O sistema de impermeabilização rígido só deve ser utilizado em locais onde a base não
apresenta movimentação significativa, como em um reservatório enterrado. Um exemplo
desse sistema é um revestimento com argamassa impermeável (utilizando aditivo hidrófugo).
Caso ocorra a movimentação da base, o revestimento de argamassa, por ser rígido, vai
fissurar. Dessa forma, a água poderá percolar pelas fissuras, implicando assim em perda da
capacidade impermeabilizante do sistema.
Já os sistemas flexíveis, como os executados utilizando mantas asfálticas, são sistemas que
admitem movimentação da base sem romper, já que as mantas em geral possuem elevada
flexibilidade e capacidade de deformação. Um local típico para utilização do sistema flexível é
a impermeabilização de uma laje de cobertura, onde a base (laje em concreto armado) sofre
constantes deformações de contração e de dilatação devido às variações térmicas.