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FACULDADE DE HISTÓRIA

DEPARTAMENTO DE CIENCIAS HUMANAS


HISTÓRIA ANTIGA
JOÃO VICTOR PINTO ÁVILA
202128017

Fichamento Texto 1

O Mundo de Ulisses - M. I. Finlay

O capítulo começa estimando a quantidade de navios e de homens que constituíam a cruzada dos
gregos: “ A lista eleva-se a 1186 navios, o que dá, segundo uma estimativa mínima, mais de
60000 homens…” ( pag. 49). É dito que Ulisses possuía uma das menores frotas em comparação
aos grandes comandantes, o que condiz com seu pequeno domínio nas ilhas de Cefalónia, Ítaca e
Zacinto.

Com a partida para a guerra, Ulisses deixou sua mulher, Penélope, e o filho recém nascido aos
cuidados de Mentor. Com o fim da guerra os reis que sobreviveram, retornaram aos seus
domínios, os que não sobreviveram foram substituídos e alguns foram até assassinados ao
chegarem em seus palácios. Mas o rei de Ítaca teve um descontentamento com Poseidon levou
mais dez anos para retornar a sua casa. Durante sua ausência, os nobre de Ítaca e das ilhas
vizinhas pressionavam Penélope a escolher outro marido, porém esta conseguia driblar as
diversas afrontas desses nobres. Porém Ulisses retorna: “Ulisses regressa mesmo a tempo,
disfarçado de pobre vagabundo. Utilizando toda a sua habilidade, bravura e um pouco de magia,
é bem sucedido na morte dos pretendentes…” (pag.51).

Havia um enorme abismo entre as duas classes sociais existentes na época. Existiam muitos
escravos, em sua maioria, mulheres, pois não havia motivos para deixar homens derrotados
viverem. Demiurgos eram aqueles que possuíam conhecimento técnico sobre diversos aspectos e
podiam ser contratados pelos seus serviços nas diversas cidades. Quanto aos tetas, esses eram
trabalhadores sem especialidade técnica e sem vínculos á nenhuma propriedade, "Outros ainda,
os menos afortunados, eram os thetas, trabalhadores não vinculados que nada possuíam e
trabalhavam quando contratados e mendigavam o que não podiam furtar" (pag. 54)

Eurímaco zomba de Ulisses, ainda disfarçado de mendigo, ao contratá-lo com tetas, então é
explicado que um tetas é o indivíduo de menor importância na sociedade dos oikos, pois a falta
de vínculo a alguma terra retira também parte do valor desses homens e mulheres, era melhor ser
um escravo do que um thes,pois estes eram vistos com algum valor, já que eram propriedades de
seus senhores. O casamento entre escravos era escasso, pois o número de homens era muito
inferior ao de mulheres, as crianças que eram concebidas eram em sua maioria filhas do dono da
escrava ou dos outros homens livres da casa.

A agricultura no mundo de Ulisses era menos explorada, pois o solo grego não é muito propenso
para o plantio, mas sim para a pastoria, "Os domínios de que o poema fala compreendiam o
mínimo indispensável de lavoura e de plantações sobretudo de Pomares e vinhas; mas era com
animais que contavam para o vestuário, a tração, o transporte e uma grande parte da
Alimentação." (pag. 58). O que realmente era escasso na Grécia eram os metais, havia poucas
jazidas, principalmente o minério de prata, esse era usado como presentes de mais alto valor.

Toda a produção do oikos era concentrada na dispensa, onde também eram guardados as armas e
riquezas, e então essa produção era dividida pelo senhor para as demais famílias. Muitas vezes a
produção do oikos não era suficiente, por isso se davam os saques e guerras, que podiam
constituir vários oikos indo ao saque de outras regiões.

Mas essas guerras não eram sempre a melhor solução, ou a solução mais desejada, por isso a
alternativa criada foi uma troca de mercadorias. A troca de presentes é vista como um ato de
maior atenção que um herói recebe tanto na Ilíada quanto na Odisséia. Empréstimos e impostos
aos senhores e reis também eram alternativas para a falta de materiais. O comércio era
estabelecido por uma troca mútua de mercadoria, era necessário objetos físicos que trariam
vantagem equivalente entre os indivíduos em questão para que a transação fosse concluída. Eram
raras as ocasiões em que essa regra da equidade era desrespeitada.

Um esrangeiro nem sempre era bem visto ou bem vindo, uma vez Ulisses, ainda disfarçado de
estrangeiro, foi desafiado a uma competição atletica e por seus motivos preferiu não participar,
esse ato foi visto como covardia e um garoto de Ítaca o ridicularizou, Ulisses então se prova com
um discurso e arremessa a pedra mais longe que qualquer uma das outras pedras. É dito que tanto
Atena quanto Hermes abençoaram o rei de Ítaca em certas ocasiões, o deus dos clandestinos o
ajudou no confronto de Circe, mas foi a deusa da sabedoria que o auxiliou nessa competição.

Era comum que os trabalhadores com menor poder aquisitivo tinham o azar de uma safra não
boa o bastante, então a troca de mercadorias entre os mesmos dessa classe eram sua única
alternativa para driblar essa situação, essa troca era feita longe das feiras e mercados comuns e
muitas vezes, por questão de extrema urgência, não eram justas e de mútua vantagem.

É contado que Hefesto, filho de Zeus, o deus da forja, nasceu monstruoso e coxo e isso era
motivo de chacota entre o resto dos deuses do olimpo. Enquanto Atena era preferida de seu pai ,
também Zeus, e portanto era graciosa e bela, e abençoava as mulheres que tinham seus deveres
longe do campo de batalha.

A forma que Penélope tinha de afastar os pretendentes que a pressionava a escolher um outro
marido era a de tecer uma tapeçaria ao longo do dia e desfazê-la durante a noite, usando de
argumento que escolheria um marido assim q a tapeçaria estivesse pronta, mas a rainha de Ítaca
foi descoberta de qualquer maneira.

FINLEY, M. – O mundo de Ulisses. Lisboa: Presença, 2004. p. 49-70

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