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Copyright© Junho/2020 por Jafet Numismática. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total desse e-book sem autorização expressa do autor.
Essa guerra agitou a imaginação dos gregos antigos mais do
que qualquer outro evento de sua história e foi celebrada
na Ilíada de Homero, além de vários outros trabalhos já per-
didos, e frequentemente fornecia material para os grandes
dramaturgos da era clássica. Também aparece na literatura
dos romanos (por exemplo, Eneida de Virgílio) e dos povos
posteriores até os tempos modernos!
Boa leitura!
1
A Íliada também não é uma fonte histórica confiável, pois
apesar de acertar em alguns pontos, como quando descreve
capacetes feitos de presa de javali e escudos com a forma do
número 8 (instrumentos que foram comprovados historica-
mente de uso pelos gregos na época que teria se passado a
Guerra, mas já abandonados na época de Homero), a Íliada
também mistura esses acertos com referências à cremação e
ao uso do ferro, inexistentes entre os gregos de 1200 a.C.!
2
Peleu e Tétis
A origem da Guerra de Troia remonta a um concurso de
amor divino e a uma profecia referente aos próprios funda-
mentos da ordem olimpiana. Décadas antes de seu início,
Zeus (o deus dos céus e pai de todos os deuses) e Poseidon
(deus do mar e irmão de Zeus) se apaixonaram por uma bela
ninfa do mar chamada Tétis.
Cada um deles queria torná-la sua esposa, mas ambos rec-
uaram quando foram informados de uma profecia com ter-
ríveis consequências de tal ação: a ninfa do mar daria à luz
um filho mais forte que seu pai, que usaria uma arma na mão
mais poderosa que o raio de Zeus ou o tridente de Poseidon,
caso se deitasse com Zeus ou um de seus irmãos. Para não
arriscar, Zeus decidiu dar a mão de Tétis em casamento ao
rei Peleu, considerado o “homem mais piedoso que vive na
planície de Iolcus”.
A maçã da discórdia
Agora que o marido já estava escolhido, Zeus organizou uma
grande festa em comemoração ao casamento. Todos os out-
ros deuses foram convidados, exceto Eris, a desagradável de-
usa da luta. Irritada por ter sido barrada na porta pelo deus
Hermes, antes de sair, ela jogou seu presente entre os convi-
dados.
O presente se tratava de uma maçã dourada na qual havia
sido inscritas as palavras “para a mais bela”. Em pouco tempo,
as deusas Hera (esposa de Zeus e mãe de todos os deuses),
Atena (deusa da sabedoria e da guerra estratégica) e Afrodite
(deusa da beleza e do amor) começaram a brigar sobre quem
deveria ficar com a maçã. Como não puderam decidir por
conta própria, exigiram que Zeus resolvesse a disputa!
3
O Julgamento de Páris
Zeus sabia que qualquer escolha significaria incitar a raiva das
outras duas deusas não escolhidas. Então, sabiamente decid-
iu se abster de julgamento. Em vez disso, ele nomeou Páris,
um pastor troiano – que logo se descobriu que era na ver-
dade o filho desaparecido do rei Príamo de Troia – para ser o
juíz. Páris tinha fama de ser muito honesto e, quando estava
cuidando de seus rebanhos no Monte Ida, as três deusas se
aproximaram dele.
4
Os pretendentes de Helena
e o juramento de Tíndaro
Desconsiderando as profecias de sua irmã Cassandra, Páris
partiu para Esparta para reinvindicar sua recompensa. Entre-
tanto, não era só Afrodite que sabia que Helena era a mulher
mais bela do mundo.
Algum tempo antes do julgamento de Páris, a corte de
Tíndaro (padrasto de Helena) estava cheia de inúmeros pre-
tendentes. E, assim como Zeus no caso da maçã da discór-
dia, Tíndaro também não estava disposto a criar inimigos
políticos escolhendo um noivo para Helena. Até que o mais
sábio – e menos entusiasmado – dos pretendentes de Hele-
na, Odisseu de Ítaca, ofereceu ao rei uma alternativa, pedin-
do em troca a mão de Penélope, sobrinha de Tíndaro.
O Recrutamento de Odisseu
Odisseu não apareceu por uma boa razão. Na época, já
casado e um pai feliz de um menino de um ano chamado
Telêmaco, ele havia descoberto por meio de um vidente
que se ele participasse da expedição de Troia, levaria muitos
anos para conseguir voltar para casa.
6
Denário de prata das tribos Geto-dacianas, peça
imitativa da República Romana, datada de 82 a.C.-
1º século d.C. Traz no anverso busto de Mercúrio
(Hermes para os gregos). No reverso, apresenta
Ulisses (Odisseu) caminhando para a direita.
Aquiles
Aquiles era aquele filho de Tétis que Zeus e Poseidon nun-
ca quiseram ter e que teve como pai Peleu. Mesmo antes de
seu nascimento, Tétis sabia que Aquiles estava destinado a
levar uma vida sem intercorrências e longa, ou uma vida glo-
riosa e curta, morrendo jovem num campo de batalha.
7
Temendo pelo bem-estar futuro do filho, Tétis decidiu con-
ceder-lhe a imortalidade. Enquando ele ainda era criança, o
levou ao rio Estige – um dos rios que corriam pelo submun-
do – e o mergulhou nas águas, tornando-o invulnerável. Só
que Tétis não percebeu que o calcanhar do garoro, pelo qual
ela o segurava, não tocou as águas do Estige. Mais tarde essa
seria a razão da queda de Aquiles e origem da famosa ex-
pressão moderna “calcanhar de Aquiles”, significado de um
ponto vulnerável, apesar da força geral.
8
Um sinal precoce
Os líderes da Acaia se reuniram pela primeira vez no
porto de Áulis. Um sacrifício foi feito a Apolo (deus da
profecia, da música e medicina), que enviou um pressá-
gio: uma cobra apareceu do altar e deslizou para o
ninho de um pássaro, onde comeu a mãe e seus nove
bebês antes de virar pedra.
O vidente Calchas interpretou o significado do evento
para todos: Troia acabaria caindo – mas não antes do
décimo ano da guerra!
Télefo
Como não havia tempo a perder, partiram para Troia,
embora ninguém soubesse o caminho com exatidão.
Acabaram chegando, por engano, muito longe ao sul,
na terra de Mísia, governada pelo rei Télefo, filho do
herói Héracles (Hércules para os romanos).
(E-book Grátis)
9
Mesmo assim os guerreiros da Mísia venceram o con-
flito e os gregos voltaram para Áulis. O rei Télefo então
descobriu pelo Oráculo que o ferimento que Aquiles
lhe fez era tão único que só poderia ser curado por
quem causou. Télefo então foi atrás de Aquiles em Áu-
lis, onde os gregos já estavam se programando para
uma segunda expedição à caminho de Troia.
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Ifigênia em Áulis
No entanto, apareceu outro problema que impediu
os gregos de zarpar de Áulis. Na maioria das vezes,
não havia vento de nenhum tipo, muito menos fa-
vorável. O vidente Calchas percebeu que isso era
uma retribuição de Ártemis (a deusa da caça), furio-
sa com Agamenon por matar um de seus cervos sa-
grados. Ártemis exigia um sinal de apaziguamento
indescritivelmente cruel: o sacrifício da filha virgem
de Agamenon, Ifigênia.
Tenedos
Seja como for, os ventos aumentaram novamente
possibilitando que a frota de Acaia finalmente conse-
guisse zarpar em direção a Troia. Enquanto estavam
no caminho, invadiram a ilha de Tenedos e, descon-
hecendo sua identidade, Aquiles matou o rei da ilha,
Tenes, que por acaso era filho do deus Apolo.
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Moeda de bronze grega cunhada em Esmirna, na Io-
nia entre os séculos II e I a.C. Traz a cabeça laureada
do deus Apolo no anverso e Homero (o conhecido
autor de Ilíada) sentado no reverso.
Tétis havia avisado Aquiles uma vez que não era para
ele matar nenhum filho de Apolo, se ele não quisesse
ser morto pelo próprio deus. Assim, muitos anos de-
pois, Apolo teria sua vingança!
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Protesilau
Depois de muitos anos de peregrinação, a frota gre-
ga navegou pela curta rota de Tenedos a Troia e fi-
nalmente chegou ao seu destino. No entanto, todo
mundo agora relutava em desembarcar, pois o Orá-
culo profetizou que o primeiro grego a pisar em solo
troiano seria o primeiro a morrer na guerra!
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O Cerco de 9 anos
O cerco à Troia durou nove anos, mas os troianos –
capazes de manter vínculos comerciais com outras
cidades asiáticas, além de obter constantes reforços
– mantiveram-se firmemente. Perto do final do nono
ano, o exausto exército da Acaia se amotinou e exigiu
voltar para casa. Aquiles, no entanto, aumentou sua
moral e os convenceu a ficar um pouco mais.
A Raiva de Aquiles
No décimo ano, Chryses, um sacerdote troiano de
Apolo, visitou Agamenon e pediu o retorno de sua
filha Chryseis. Agamenon, que a havia tomado como
espólio de guerra e a manteve como sua concubina,
recusou-se a devolver Chryseis.
Aquiles enfurecido,
retirou-se para sua
cabana e anunciou
que não tinha mais
intenção de lutar
– pelo menos, não
enquanto Agame-
non estivesse no
comando!
14
Agora que Aquiles estava fora de ação, os troianos
começaram a vencer batalha após batalha, levando
os gregos de volta aos seus navios e quase incendi-
ando-os. Pátroclo, o amigo mais próximo de Aquiles,
não aguentou mais e pediu a Aquiles sua armadura.
Disfarçado como ele, assumiu o comando do exército
dos Mirmidões, os lendários soldados de Aquiles.
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O Retorno Vitorioso de Aquiles
Aquiles, enlouquecido pela dor, jurou vingança. Com
ele de volta ao campo de batalha, a guerra tomou
um rumo totalmente diferente. Depois de matar um
grande número de troianos, Aquiles conseguiu a luta
que queria contra Heitor.
Mesmo que esse duelo tenha emparelhado os mel-
hores guerreiros da batalha, todos estavam cientes
de que poderia haver apenas um vencedor. De fato,
mesmo antes de seu início, ciente do status de semi-
deus de seu oponente, Heitor se despediu de sua es-
posa e de seu filho.
Depois de matar Heitor, Aquiles se recusou a entregar
seu corpo aos troianos para o enterro e, em vez dis-
so, profanou-o, arrastando-o com sua carruagem em
frente às muralhas da cidade. Ele finalmente concor-
dou em devolvê-lo depois que ficou comovido com a
visita do rei troiano, Príamo, que havia ido sozinho ao
campo grego para implorar pelo corpo de Heitor ao
assassino de seu filho.
A morte de Aquiles
Aquiles não viveu muito tempo após esses even-
tos. Uma flecha lançada por Páris e guiada pelo deus
Apolo o acertou no calcanhar enquanto tentava en-
trar em Troia. Mais tarde, ele foi queimado em uma
pira funerária e seus ossos foram misturados aos do
seu melhor amigo Pátroclo.
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O próprio Páris foi posteriormente morto por
uma flecha disparada por Filoctetes, diretamente
do lendário arco de Héracles.
O cavalo de Troia
Muitos outros heróis morreram nos dias que se
seguiram. Finalmente, Odisseu elaborou um pla-
no para acabar com a guerra para sempre. Ele pe-
diu que fosse construído um cavalo de madeira
com a barriga oca. Alguns soldados se escond-
eram no interior do cavalo, que foi então levado
em frente aos portões da cidade de Troia.
17
Representação mais antiga conhecida do
Cavalo de Troia, do vaso de Mykonos, de 670 a.C.
18
A queda de Troia, de Johann Georg Trautmann (1713-1769).
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Os deuses nunca esquecem e raramente perdoam.
Os heróis gregos sobreviventes aprenderam isso da ma-
neira mais difícil: embora vitoriosos, a maioria deles foi
severamente punida por suas transgressões.
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