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A Guerra de Troia foi um conflito entre os primeiros gregos


e o povo de Troia no oeste da Anatólia, narrado por autores
gregos posteriores ao século XIII ou XII a.C.

Copyright© Junho/2020 por Jafet Numismática. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total desse e-book sem autorização expressa do autor.
Essa guerra agitou a imaginação dos gregos antigos mais do
que qualquer outro evento de sua história e foi celebrada
na Ilíada de Homero, além de vários outros trabalhos já per-
didos, e frequentemente fornecia material para os grandes
dramaturgos da era clássica. Também aparece na literatura
dos romanos (por exemplo, Eneida de Virgílio) e dos povos
posteriores até os tempos modernos!

A história que se funde com lenda conta a história de amor


proibido de Helena e Páris. Mas o coração desse enredo,
com certeza, são seus heróis, que muitas vezes são descri-
tos como guerreiros extraordinários e semi-mitológicos com
histórias que, frequentemente, se entrelaçam com as de
vários deuses e deusas olimpícos!

Quer saber mais sobre essa história lendária? Então


esse e-book é para você! Conheça os famosos heróis, os
episódios mais marcantes e, claro, as moedas gregas e ro-
manas que ajudam a contar essa história!

Boa leitura!

Gladston Jafet Chamma


Numismata e fundador da
Jafet Numismática
Durante muito tempo, era consenso de que a cidade de
Troia existia apenas na mitologia. Entretanto, escavações ar-
queológicas modernas do século XVIII indicam que a cidade
de fato existiu e que a Troia histórica estava localizada na
Península da Anatólia, na Turquia, a sudoeste do Monte Ida.

Acredita-se que os fa-


tos por trás da lenda da
Guerra de Troia (conflito
entre gregos e troianos
que durou 10 anos) po-
dem ter acontecido entre
os séculos XIII e XII a.C.
A Íliada de Homero é a
obra mais conhecida que
narra os acontecimentos
desse conflito e o cer-
co à Troia. Mas também
ainda não há consenso
se o próprio Homero ex-
Representação idealizada de Homero
istiu como figura históri-
feita no Período Helenístico e que faz ca ou se apenas se trata
parte do acervo do Museu Britânico, de múltiplos autores da
em Londres na Inglaterra. tradição oral.

A obra foi concebida pelo menos 400 anos após o suposto


conflito e foi baseada em relatos orais que eram transmitidos
ao longo dos anos. E, mesmo com as descobertas de vestí-
gios que apontam a real existência de Troia, os fatos narra-
dos na Íliada não são conclusivos, já que as escavações
encontraram ruínas de pelo menos 9 períodos diferentes!

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A Íliada também não é uma fonte histórica confiável, pois
apesar de acertar em alguns pontos, como quando descreve
capacetes feitos de presa de javali e escudos com a forma do
número 8 (instrumentos que foram comprovados historica-
mente de uso pelos gregos na época que teria se passado a
Guerra, mas já abandonados na época de Homero), a Íliada
também mistura esses acertos com referências à cremação e
ao uso do ferro, inexistentes entre os gregos de 1200 a.C.!

Mas, seja fato histórico ou apenas mais uma das fascinantes


lendas mitológicas, a verdade é que a Guerra de Troia gan-
hou o título de “uma das maiores batalhas da Antiguidade”
e definiu o destino de toda a civilização grega, tornando de-
uses e heróis lendários fundamentais para a vida de todos os
helenos que vieram nos séculos posteriores!

E você vai conferir o motivo nas próximas


páginas desse e-book!

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Peleu e Tétis
A origem da Guerra de Troia remonta a um concurso de
amor divino e a uma profecia referente aos próprios funda-
mentos da ordem olimpiana. Décadas antes de seu início,
Zeus (o deus dos céus e pai de todos os deuses) e Poseidon
(deus do mar e irmão de Zeus) se apaixonaram por uma bela
ninfa do mar chamada Tétis.
Cada um deles queria torná-la sua esposa, mas ambos rec-
uaram quando foram informados de uma profecia com ter-
ríveis consequências de tal ação: a ninfa do mar daria à luz
um filho mais forte que seu pai, que usaria uma arma na mão
mais poderosa que o raio de Zeus ou o tridente de Poseidon,
caso se deitasse com Zeus ou um de seus irmãos. Para não
arriscar, Zeus decidiu dar a mão de Tétis em casamento ao
rei Peleu, considerado o “homem mais piedoso que vive na
planície de Iolcus”.

A maçã da discórdia
Agora que o marido já estava escolhido, Zeus organizou uma
grande festa em comemoração ao casamento. Todos os out-
ros deuses foram convidados, exceto Eris, a desagradável de-
usa da luta. Irritada por ter sido barrada na porta pelo deus
Hermes, antes de sair, ela jogou seu presente entre os convi-
dados.
O presente se tratava de uma maçã dourada na qual havia
sido inscritas as palavras “para a mais bela”. Em pouco tempo,
as deusas Hera (esposa de Zeus e mãe de todos os deuses),
Atena (deusa da sabedoria e da guerra estratégica) e Afrodite
(deusa da beleza e do amor) começaram a brigar sobre quem
deveria ficar com a maçã. Como não puderam decidir por
conta própria, exigiram que Zeus resolvesse a disputa!
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O Julgamento de Páris
Zeus sabia que qualquer escolha significaria incitar a raiva das
outras duas deusas não escolhidas. Então, sabiamente decid-
iu se abster de julgamento. Em vez disso, ele nomeou Páris,
um pastor troiano – que logo se descobriu que era na ver-
dade o filho desaparecido do rei Príamo de Troia – para ser o
juíz. Páris tinha fama de ser muito honesto e, quando estava
cuidando de seus rebanhos no Monte Ida, as três deusas se
aproximaram dele.

O Julgamento de Páris, de 1904, por Enrique Simonet.

No entanto, ele foi incapaz de fazer uma escolha, mesmo de-


pois de ver cada uma das deusas nuas. Então, havia chega-
do a hora do suborno! Primeiro, Hera deu sua palavra a Páris
de que, em gratidão por escolhê-la, lhe daria poder politi-
co e o trono do continente asiático. Já Atena ofereceu a ele
sabedoria e excelentes habilidades em batalha. E por último,
Afodite prometeu a Páris o amor da mulher mais bonita do
mundo. Sem pestanejar, Páris entregou a maçã para Afrodite
e conquistou o coração da mulher mais bela do mundo:
Helena de Esparta.

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Os pretendentes de Helena
e o juramento de Tíndaro
Desconsiderando as profecias de sua irmã Cassandra, Páris
partiu para Esparta para reinvindicar sua recompensa. Entre-
tanto, não era só Afrodite que sabia que Helena era a mulher
mais bela do mundo.
Algum tempo antes do julgamento de Páris, a corte de
Tíndaro (padrasto de Helena) estava cheia de inúmeros pre-
tendentes. E, assim como Zeus no caso da maçã da discór-
dia, Tíndaro também não estava disposto a criar inimigos
políticos escolhendo um noivo para Helena. Até que o mais
sábio – e menos entusiasmado – dos pretendentes de Hele-
na, Odisseu de Ítaca, ofereceu ao rei uma alternativa, pedin-
do em troca a mão de Penélope, sobrinha de Tíndaro.

O rei de Esparta concordou e Odisseu o aconselhou a fazer


com que todos os pretendentes de Helena fizessem um ju-
ramento de que protegeriam o casal, independentemente
de quem fosse escolhido para ser seu marido. Após o jura-
mento, Tíndaro escolheu Menelau para ser o marido de sua
enteada, fazendo dele o sucessor do trono espartano através
de sua união com Helena.

A Fuga de Helena e Páris

Helena e Páris de Jacques-Louis David,


no Museu do Louvre, em Paris, na França.
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Infelizmente para Menelau, algum tempo após a oficial-
ização do seu casamento com Helena, seu tio Catreus, o rei
de Creta, foi morto por um de seus filhos por engano. En-
quanto Menelau estava lá em seu funeral, Afrodite aprove-
itou a oportunidade para disfarçar Páris como um emissário
diplomático para contrabandeá-lo com sucesso para dentro
do palácio da família real espartana.

Devido a influência da deusa do amor e uma das flechas


certeiras de Eros (ou Cupido para os romanos), Helena acol-
heu Páris muito calorosamente. E, depois de uma noite de
paixão e promessas, concordou em fugir com ele para Troia!

Recrutando os heróis gregos


Logo que Menelau retornou para sua casa, descobriu que a
esposa o havia deixado – e pior, o deixado por um homem
menor. Ele não perdeu tempo. Incitado por seu irmão muito
mais poderoso, Agamenon (que seria o comandante grego
na Guerra de Troia), ele invocou o Juramento de Tíndaro e
pediu a ajuda de todos os líderes da Acaia que, anterior-
mente junto com ele, haviam disputado a mão de Helena.

E todos eles vieram, cada um chefiando um poderoso exérci-


to: Ájax e Teucer de Salamis; Ájax de Locris, Diomedes de
Argos e muitos, muitos mais (cerca de 45 grandes líderes e
guerreiros da Acaia). No entanto, não houve sinal de Odisseu.

O Recrutamento de Odisseu
Odisseu não apareceu por uma boa razão. Na época, já
casado e um pai feliz de um menino de um ano chamado
Telêmaco, ele havia descoberto por meio de um vidente
que se ele participasse da expedição de Troia, levaria muitos
anos para conseguir voltar para casa.

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Denário de prata das tribos Geto-dacianas, peça
imitativa da República Romana, datada de 82 a.C.-
1º século d.C. Traz no anverso busto de Mercúrio
(Hermes para os gregos). No reverso, apresenta
Ulisses (Odisseu) caminhando para a direita.

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Assim, quando o envido encarregado de seu recrutamento


chegou ao seu palácio em Ítaca, ele se fingiu de louco, fing-
indo estar bravo ao prender um burro e um boi a um arado e
semeando sal em vez de grãos em seus campos. Porém, Pal-
amedes viu através do estratagema e colocou Telêmaco na
frente do arado. Odisseu não teve outra opção a não ser mu-
dar de rumo e revelar seu plano e sua sanidade.

Aceitando seu destino – e sabendo de antemão por out-


ro vidente que sua presença era um pré-requisito para a
vitória grega – Odisseu quase imediatamente partiu em uma
missão para encontrar e alistar o homem destinado a se tor-
nar o maior de todos os heróis gregos sob Troia: Aquiles.

Aquiles
Aquiles era aquele filho de Tétis que Zeus e Poseidon nun-
ca quiseram ter e que teve como pai Peleu. Mesmo antes de
seu nascimento, Tétis sabia que Aquiles estava destinado a
levar uma vida sem intercorrências e longa, ou uma vida glo-
riosa e curta, morrendo jovem num campo de batalha.

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Temendo pelo bem-estar futuro do filho, Tétis decidiu con-
ceder-lhe a imortalidade. Enquando ele ainda era criança, o
levou ao rio Estige – um dos rios que corriam pelo submun-
do – e o mergulhou nas águas, tornando-o invulnerável. Só
que Tétis não percebeu que o calcanhar do garoro, pelo qual
ela o segurava, não tocou as águas do Estige. Mais tarde essa
seria a razão da queda de Aquiles e origem da famosa ex-
pressão moderna “calcanhar de Aquiles”, significado de um
ponto vulnerável, apesar da força geral.

Para proteger o filho do risco de participar de uma guerra,


Tétis ainda o disfarçou na corte de donzelas do rei Lycome-
des, de Skyros. Logo após ingressar na expedição para Troia,
Odisseu descobriu o paradeiro de Aquiles e junto com out-
ros guerreiros, foi recrutar o herói.

A descoberta de Aquiles entre as filhas de Lycomedes,


de 1664, por Jan de Bray.

Quando tocaram uma buzina de guerra, Aquiles se revelou


agarrando uma lança para combater intrusos em vez de fu-
gir. Nesse momento as forças da Acaia estavam completas e
prontas para atacar Troia!

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Um sinal precoce
Os líderes da Acaia se reuniram pela primeira vez no
porto de Áulis. Um sacrifício foi feito a Apolo (deus da
profecia, da música e medicina), que enviou um pressá-
gio: uma cobra apareceu do altar e deslizou para o
ninho de um pássaro, onde comeu a mãe e seus nove
bebês antes de virar pedra.
O vidente Calchas interpretou o significado do evento
para todos: Troia acabaria caindo – mas não antes do
décimo ano da guerra!

Télefo
Como não havia tempo a perder, partiram para Troia,
embora ninguém soubesse o caminho com exatidão.
Acabaram chegando, por engano, muito longe ao sul,
na terra de Mísia, governada pelo rei Télefo, filho do
herói Héracles (Hércules para os romanos).

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A batalha que se seguiu tirou a vida de grandes guer-


reiros gregos, mas destacou o poder sobre-humano
de Aquiles, que além de matar vários inimigos, feriu
também o rei Télefo.

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Mesmo assim os guerreiros da Mísia venceram o con-
flito e os gregos voltaram para Áulis. O rei Télefo então
descobriu pelo Oráculo que o ferimento que Aquiles
lhe fez era tão único que só poderia ser curado por
quem causou. Télefo então foi atrás de Aquiles em Áu-
lis, onde os gregos já estavam se programando para
uma segunda expedição à caminho de Troia.

Aquiles, que não tinha conhecimento médico, ficou


bastante surpreso com o pedido de Télefo. Odisseu,
sempre mais perspicaz do que todos, percebeu que a
profecia poderia se referir não ao homem, mas à arma
que infligira a ferida. Aquiles então raspou a ferrugem
de sua lança peliana sobre o ferimento de Télefo, que
parou de sangrar. Por gratidão, o rei da Mísia concor-
dou em contar aos gregos a rota para Troia.

Moeda grega da região da Tessália de 302-286 a.C. Apre-


senta a cabeça de Aquiles no anverso e monograma do
povo da Acaia e pequeno capacete no reverso.

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Ifigênia em Áulis
No entanto, apareceu outro problema que impediu
os gregos de zarpar de Áulis. Na maioria das vezes,
não havia vento de nenhum tipo, muito menos fa-
vorável. O vidente Calchas percebeu que isso era
uma retribuição de Ártemis (a deusa da caça), furio-
sa com Agamenon por matar um de seus cervos sa-
grados. Ártemis exigia um sinal de apaziguamento
indescritivelmente cruel: o sacrifício da filha virgem
de Agamenon, Ifigênia.

Depois de alguma deliberação, Odisseu atraiu If-


igênia a Áulis com o pretexto de que ela se casaria
com Aquiles. Quando Aquiles descobriu ter sido us-
ado em um ardil tão cruel, tentou salvar a vida da
moça, apenas para descobrir que os outros coman-
dantes e soldados apoiavam o sacrifício!

Sem outra opção, Ifigênia aceitou seu destino e se


colocou no altar. Algumas versões do mito contam
que ela teve seu fim ali. Outras afirmam que, no mo-
mento que Calchas estava prestes a sacrificá-la, a
deusa Ártemis substituiu Ifigênia por um cervo e a
levou para Tauris para se tornar sua alta sacerdotiza!

Tenedos
Seja como for, os ventos aumentaram novamente
possibilitando que a frota de Acaia finalmente conse-
guisse zarpar em direção a Troia. Enquanto estavam
no caminho, invadiram a ilha de Tenedos e, descon-
hecendo sua identidade, Aquiles matou o rei da ilha,
Tenes, que por acaso era filho do deus Apolo.

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Moeda de bronze grega cunhada em Esmirna, na Io-
nia entre os séculos II e I a.C. Traz a cabeça laureada
do deus Apolo no anverso e Homero (o conhecido
autor de Ilíada) sentado no reverso.

Outra edição da peça anterior, só que datada


do século II a.C.

Tétis havia avisado Aquiles uma vez que não era para
ele matar nenhum filho de Apolo, se ele não quisesse
ser morto pelo próprio deus. Assim, muitos anos de-
pois, Apolo teria sua vingança!

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Protesilau
Depois de muitos anos de peregrinação, a frota gre-
ga navegou pela curta rota de Tenedos a Troia e fi-
nalmente chegou ao seu destino. No entanto, todo
mundo agora relutava em desembarcar, pois o Orá-
culo profetizou que o primeiro grego a pisar em solo
troiano seria o primeiro a morrer na guerra!

Algumas versões dizem que Protesilau tomou a ini-


ciativa de bom grado e se sacrificiou pelo bem da
Grécia. Porém, em outras versões, ele foi enganado
por Odisseu, que disse que desembarcaria primeiro,
mas contornou a profecia pisando em seu escudo
uma vez em terra. De qualquer maneira, foi Protesilau
quem teve a infelicidade de ser a primeira vítima da
Guerra de Troia, morrendo durante um duelo frente a
frente com o herói troiano mais célebre de todos, seu
amado príncipe Heitor.

Hemidracma de prata que traz Protesileu no reverso us-


ando capacete coríntio com crista e roupas militares.
No anverso, a peça traz Deméter, deusa da Agricultura.

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O Cerco de 9 anos
O cerco à Troia durou nove anos, mas os troianos –
capazes de manter vínculos comerciais com outras
cidades asiáticas, além de obter constantes reforços
– mantiveram-se firmemente. Perto do final do nono
ano, o exausto exército da Acaia se amotinou e exigiu
voltar para casa. Aquiles, no entanto, aumentou sua
moral e os convenceu a ficar um pouco mais.

A Raiva de Aquiles
No décimo ano, Chryses, um sacerdote troiano de
Apolo, visitou Agamenon e pediu o retorno de sua
filha Chryseis. Agamenon, que a havia tomado como
espólio de guerra e a manteve como sua concubina,
recusou-se a devolver Chryseis.

Por isso, o sacerdote orou a Apolo por uma vingança


divina e o deus infligiu ao exército grego uma praga.
Pressionado por seus exércitos, Agamenon não teve
outra saída a não ser devolver Chryseis ao pai. Mas,
para salvar seu ego e reputação, ele tomou a concu-
bina de Aquiles, Briseis, como sua.

Aquiles enfurecido,
retirou-se para sua
cabana e anunciou
que não tinha mais
intenção de lutar
– pelo menos, não
enquanto Agame-
non estivesse no
comando!

A Fúria de Aquiles, de Giovanni


Battista Tiepolo.

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Agora que Aquiles estava fora de ação, os troianos
começaram a vencer batalha após batalha, levando
os gregos de volta aos seus navios e quase incendi-
ando-os. Pátroclo, o amigo mais próximo de Aquiles,
não aguentou mais e pediu a Aquiles sua armadura.
Disfarçado como ele, assumiu o comando do exército
dos Mirmidões, os lendários soldados de Aquiles.

Isso aumentou o ânimo das tropas gregas que re-


peliram com sucesso o ataque troiano. Sendo um
guerreiro destemido que nunca se esquivava de um
duelo, o príncipe de Troia, Heitor, mal poupou um
momento antes de correr na direção do homem que
todos pensavam ser Aquiles. Na luta que se seguiu,
Heitor conseguiu matar seu oponente – apenas para
descobrir que tinha sido Pátroclo o tempo todo!

Detalhe em vaso que mostra Aquiles cuidando de um


ferimento no braço de Pátroclo. Datado de 500 a.C.

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O Retorno Vitorioso de Aquiles
Aquiles, enlouquecido pela dor, jurou vingança. Com
ele de volta ao campo de batalha, a guerra tomou
um rumo totalmente diferente. Depois de matar um
grande número de troianos, Aquiles conseguiu a luta
que queria contra Heitor.
Mesmo que esse duelo tenha emparelhado os mel-
hores guerreiros da batalha, todos estavam cientes
de que poderia haver apenas um vencedor. De fato,
mesmo antes de seu início, ciente do status de semi-
deus de seu oponente, Heitor se despediu de sua es-
posa e de seu filho.
Depois de matar Heitor, Aquiles se recusou a entregar
seu corpo aos troianos para o enterro e, em vez dis-
so, profanou-o, arrastando-o com sua carruagem em
frente às muralhas da cidade. Ele finalmente concor-
dou em devolvê-lo depois que ficou comovido com a
visita do rei troiano, Príamo, que havia ido sozinho ao
campo grego para implorar pelo corpo de Heitor ao
assassino de seu filho.

Moeda de bronze romana da imperatriz consorte Julia Domna (194-


217 d.C.). Apresenta o busto da deusa Atena no anverso e Heitor,
em traje militar, avançando para a direita, com escudo esquerdo e
lança levantada à direita no reverso. Cunhada em Troas.

A morte de Aquiles
Aquiles não viveu muito tempo após esses even-
tos. Uma flecha lançada por Páris e guiada pelo deus
Apolo o acertou no calcanhar enquanto tentava en-
trar em Troia. Mais tarde, ele foi queimado em uma
pira funerária e seus ossos foram misturados aos do
seu melhor amigo Pátroclo.
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O próprio Páris foi posteriormente morto por
uma flecha disparada por Filoctetes, diretamente
do lendário arco de Héracles.

Ájax carrega o corpo de Aquiles em lécito


ático da Sicília de 510 a.C.

O cavalo de Troia
Muitos outros heróis morreram nos dias que se
seguiram. Finalmente, Odisseu elaborou um pla-
no para acabar com a guerra para sempre. Ele pe-
diu que fosse construído um cavalo de madeira
com a barriga oca. Alguns soldados se escond-
eram no interior do cavalo, que foi então levado
em frente aos portões da cidade de Troia.

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Representação mais antiga conhecida do
Cavalo de Troia, do vaso de Mykonos, de 670 a.C.

Enquanto isso, a frota grega partiu para a ilha viz-


inha de Tenedos, deixando para trás um agente
duplo chamado Sinon. Após alguma deliberação,
Sinon convenceu os troianos de que os gregos
haviam se retirado e que o cavalo era um pre-
sente divino que traria muita sorte à Troia. Em-
bora o padre de Apolo, Laocoon, e a profetisa
Cassandra os tivessem avisado, os troianos se re-
cusaram a ouvir e levaram o cavalo para a cidade.

Eles então começaram a festejar e celebrar a


vitória. No entanto, durante a noite, os navios
gregos voltaram e os soldados escondidos den-
tro do cavalo saltaram e abriram os portões. Um
massacre se seguiu e, eventualmente, após uma
guerra de uma década, Troia caiu!

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A queda de Troia, de Johann Georg Trautmann (1713-1769).

Os gregos invadiram a cidade e incendiaram grande parte


dela, destruindo templos e terrenos sagrados e cometendo
ofensa após ofensa contra os deuses do Olimpo. O rei Pría-
mo foi brutalmente assassinado pelo filho de Aquiles, Ne-
optólemo. E a rainha Hecuba foi escravizada por Odisseu ou
enlouqueceu ao ver os cadáveres de muitos de seus filhos.

Ânfora grega de 520-510 a.C., que mostra Neoptólemo


assassinando o rei Príamo de Troia.
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Uma de suas filhas, Polyxena, foi sacrificada no
túmulo de Aquiles, e outra, Cassandra, foi arrasta-
da para longe do templo da deusa Atena pelo
Locrian Ájax e agredida em um ato tão vil que até
a estátua da deusa desviou os olhos horrorizada!
Entretanto, provavelmente, o ato mais cruel de
todos foi quando Neoptólemo ou Odisseu jogou
o filho pequeno de Heitor das muralhas de Troia!
Um dos poucos heróis que escaparam com vida
da carnificina foi Eneias, semideus filho da deu-
sa Afrodite, que posteriormente chegou à Itália e
fundou a primeira dinastia romana!

Denário de prata do general e ditador romano Júlio


César, que ilustra a descendência de sua família da
deusa Vênus (Afrodite). No anverso apresenta a deusa
e no reverso traz Eneias fugindo de Troia enquanto a
cidade pegava fogo carregando seu pai nas costas.
Peça cunhada entre 47-46 a.C.

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Quanto a Helena, na versão mais comum,


Menelau enfim recuperou sua esposa e a
levou de volta para Esparta!

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Os deuses nunca esquecem e raramente perdoam.
Os heróis gregos sobreviventes aprenderam isso da ma-
neira mais difícil: embora vitoriosos, a maioria deles foi
severamente punida por suas transgressões.

De fato, poucos chegaram a suas casas – e somente após


inúmeras façanhas e aventuras, como o herói Odisseu.
E os que conseguiram voltar, não tiveram uma calorosa
recepção, acabando sendo exilados no esquecimento ou
encontrando suas mortes nas mãos de seus entes queri-
dos. Ou, em alguns casos, as duas coisas.

Um mosaico representando Odisseu, datado dos finais dos séculos


IV e V d.C. De acordo com a mitologia, Odisseu levou muito tempo
para conseguir chegar em casa após o fim da Guerra de Troia,
evento narrado na famosa obra ‘Odisseia’, também de Homero.

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