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UNIDADE III
CAPACIDADE DE CARGA
Elaboração
Mateus Arlindo da Cruz
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
UNIDADE III
CAPACIDADE DE CARGA.................................................................................................................................................................... 5
CAPÍTULO 1
MODELOS DE RUPTURA DO SISTEMA SOLO-FUNDAÇÃO............................................................................................ 5
CAPÍTULO 2
MÉTODOS TEÓRICOS................................................................................................................................................................ 11
CAPÍTULO 3
MÉTODOS EMPÍRICOS.............................................................................................................................................................. 16
CAPÍTULO 4
MÉTODOS PRÁTICOS................................................................................................................................................................. 21
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................26
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CAPACIDADE DE CARGA UNIDADE III
CAPÍTULO 1
MODELOS DE RUPTURA DO SISTEMA
SOLO-FUNDAÇÃO
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UNIDADE iii | Capacidade de carga
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Capacidade de carga | UNIDADE iii
No caso geral, uma carga denominada P atua sobre o elemento estrutural chamado
fundação. Essa carga P causa um aumento das tensões cisalhantes atuantes no solo
no qual a fundação está assentada.
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UNIDADE iii | Capacidade de carga
As fundações rasas possuem uma carga máxima, que se dissipa no solo com
segurança. Com o aumento dessas cargas nas periferias das fundações, cria-se uma
concentração de tensão no solo. Essas concentrações de tensões acabam por criar
zonas plásticas na fundação.
As zonas plásticas de uma fundação podem ser divididas em três fases antes
da ocorrência da ruptura, conforme a deformação gerada. A primeira fase é
caracterizada por um recalque que pode ser visto no canto da fundação. Esse
recalque é proporcional à carga aplicada na fundação.
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Capacidade de carga | UNIDADE iii
Cada tipo de fundação dissipa as cargas de uma forma diferente ao solo, sendo
que, quando ele atinge seu limite, ocorre a ruptura do terreno, o qual desliza de
forma sensível. Esse tipo de ruptura é chamado ruptura frágil ou generalizada. Os
casos em que o solo se desloca de forma excessiva são chamados de ruptura dúctil
ou localizada.
Situações nas quais o carregamento não é uniforme, nas fundações rasas, podem
ocorrer recalques diferenciais. Recalques diferenciais costumam ser mais
problemáticos do que recalques uniformes.
» Resistência de ponta.
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UNIDADE iii | Capacidade de carga
» Métodos teóricos;
» Métodos empíricos;
» Métodos práticos.
Nos capítulos seguintes será abordado mais especificamente cada método, bem
como seus modelos para determinação da capacidade de carga de um solo.
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CAPÍTULO 2
MÉTODOS TEÓRICOS
Os métodos teóricos são fórmulas elaboradas por meios de preceitos teóricos para
prever a capacidade de carga de algum material.
Como citado nos capítulos passados, em solos granulares e não coesivos, a coesão
assume valor zero. Já solos totalmente coesivos, φ = 0. Utilizando esses conceitos,
pode-se admitir, para esses solos, os parâmetros de ruptura frágil e de ruptura
localizada.
Existem solos que não sofrem excessivas deformações. Neles, é comum acontecer
a ruptura brusca conforme o carregamento vai sendo acrescido. Nesses tipos de
solos, a pressão de ruptura é bem definida.
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UNIDADE iii | Capacidade de carga
Qu = c Nc + q Nq + (1/2) y B Ny Equação 12
Sendo que Q u significa a tensão máxima suportada pelo solo, c é a coesão do solo,
q é a tensão efetiva ao nível da base, y é o peso específico do solo e B é a menor
dimensão da sapata. Para alguns tipos de solos são necessárias adequações em
fatores da fórmula. Em solos nos quais a ruptura ocorre por puncionamento, o
fator de coesão do solo deve sofrer uma redução empírica, definida pela equação
13 e 14.
C’ = (2/3) c Equação 13
Pressão
Ruptura geral
Recalque
Ruptura local
Qu = c Nc Sc + q Nq Sq + (1/2) y B Ny Sy Equação 15
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Capacidade de carga | UNIDADE iii
Fatores
Forma da Fundação
Sc Sq Sy
Corrida 1,0 1,0 1,0
Quadrada 1,3 0,8 1,0
Circular 1,3 0,6 1,0
Retangular 1,1 0,9 1,0
Fonte: Adaptado de MARANGON, 2018.
Qu = c Nc + y b Ny + y h Nq Equação 16
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UNIDADE iii | Capacidade de carga
Fatores
Forma da Fundação
Sc Sq Sy
Corrida 1,0 1,0 1,0
Retangular 1 + (B/L)(Nq/Nc) 1 + (B/L) tg(φ) 1 – 0,4 (B/L)
Circular ou Quadrada 1 + (Nq/Nc) 1 + tg(φ) 0,6
Fonte: Adaptado de MARANGON, 2018.
Já nos casos em que a camada mais profunda do solo tem menor capacidade de
carga, utilizar soluções de aproximação para determinar a capacidade de carga do
sistema como um todo.
Essa aproximação pode ser feita por média aritmética, somando-se a capacidade
de carga do solo 1 com a capacidade de carga do solo 2, dividindo-os por dois,
resultando na capacidade de carga do sistema.
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Capacidade de carga | UNIDADE iii
σr = σr 1,2 Equação 22
Logo, uma sapata apoiada sobre uma areia saturada tem menor capacidade de
carga do que uma sapata apoiada sobre uma areia não saturada.
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CAPÍTULO 3
MÉTODOS EMPÍRICOS
Qu = 32N (B + D) Equação 23
Qu = 16 N Equação 24
Nas equações acima citadas, o N da fórmula significa a média dos valores de
N SPT na profundidade de 1,5 de B, abaixo da base da fundação. O valor da tensão
admissível é obtido em kN/m² e B e D expressos em metros. Na presença do
nível de água, o valor encontrado de Q u deve ser dividido por dois.
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Capacidade de carga | UNIDADE iii
Para sapatas quadradas de lado B e h iguais a 1,5 metros, areias com peso
específico de 18 kN/m³ e ângulo de atrito igual a vinte vezes, o N mais quinze
graus e fator de segurança de 3, Teixeira em 1996 desenvolveu a equação 26
para determinação da tensão admissível nestas condições.
Nos casos de argilas, por meio de ensaios laboratoriais, pode-se definir a tensão
admissível como sendo o valor da pressão do pré-adensamento. A tensão de
pré-adensamento é a maior tensão no qual um solo foi submetido em sua vida
geológica.
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UNIDADE iii | Capacidade de carga
RP = K N Equação 30
O valor da constante K foi determinado conforme o tipo de solo. Na tabela 8 são
apresentados os valores da constante k conforme o tipo de solo.
Tabela 8. Valores de K.
Tipo de solo K
Argilas, Argilas siltosas e siltes argilosos 2,0
Argilas arenosas e siltes arenosos 3,5
Siltes arenosos 5,5
Areias argilosas 6,0
Areias 10,0
Fonte: Adaptado de MARANGON, 2018.
R1 = Rp α Equação 31
Tabela 9. Valores de α.
Tipo de solo α
Areias finas e médias 1,2 – 1,6
Areias siltosas 1,6 – 2,2
Siltes areno-argilosos 2,2 – 4,0
Argilas Maior que 4
Fonte: Adaptado de MARANGON, 2018.
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Capacidade de carga | UNIDADE iii
Tipo de estaca F1 F2
Pré-moldada 1,75 3,50
Metálica 1,75 3,50
Franki 2,50 5,00
Escavada 3,50 7,00
Fonte: Adaptado de MARANGON, 2018.
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UNIDADE iii | Capacidade de carga
Qp = N C Equação 35
O N’s é o valor médio de N SPT ao longo do fuste, sendo que valores superiores a 50
são considerados igual a 50 de N SPT.
Qu = α qp Ap + β ( ( N’ / 3) + 1) As Equação 36
A tabela 13 apresenta os valores dos coeficientes α e β em função do tipo de estaca.
Escava Hélice
Estaca Cravada Escava Raiz Injetada
(c/ bentonita) Continua
Solo α β α β α β α β α β α β
Argila 1,00 1,00 0,85 0,80 0,85 0,90 0,30 1,0 0,85 1,50 1,00 3,00
Intermediários 1,00 1,00 0,60 0,65 0,60 0,75 0,30 1,0 0,60 1,50 1,00 3,00
Areias 1,00 1,00 0,50 0,50 0,50 0,60 0,30 1,0 0,50 1,50 1,00 3,00
Fonte: Adaptado de MARANGON, 2018.
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CAPÍTULO 4
MÉTODOS PRÁTICOS
O ensaio de capacidade de carga sobre uma placa deve ser realizado conforme
recomendações da NBR 6489:2019. A referida norma determina que os resultados
devem ser analisados considerando o modelo do protótipo em que foi realizado o
ensaio juntamente à interferência das camadas do solo.
De forma geral, o gráfico gerado pela carga aplicada versus os recalques gerados
no solo possui um patamar bem definido. Assim, conforme as cargas geradas
sejam mantidas constantes, os recalques gerados tendem a continuar a aumentar.
Com base no exposto, podemos concluir que, para esse tipo de solo, a capacidade
de carga é bem definida. Solos que possuem a capacidade de carga bem definida
são solos que apresentam ruptura geral, sendo que esta ocorre principalmente em
areias compactas ou em argilas rijas.
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UNIDADE iii | Capacidade de carga
A cargueira é uma plataforma que fica suspensa por cavaletes que possuam
capacidade de carga compatível com a solicitada e que garantam a segurança na
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Capacidade de carga | UNIDADE iii
execução dos ensaios. A segurança da cargueira deve ser verificada durante todo
o processo de execução do ensaio.
Em solos coesivos, o intervalo mínimo deve ser elevado para dez dias. No caso de
estacas moldadas in loco, deve ser respeitado o tempo de cura do concreto para
que ele possa atingir a resistência compatível com o projetado.
O ensaio pode ser realizado com aplicação de carregamento rápido, lento, misto
ou cíclico. A aplicação de carregamentos cíclicos é recomendada para a
verificação separada da resistência de ponto e do atrito lateral da amostra.
Ressalta-se que, para cada tipo de carregamento, existe uma normativa.
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UNIDADE iii | Capacidade de carga
Sempre que solicitado, devem ser apresentadas as tabelas com as leituras de carga e
deslocamentos gerados, além das tabelas de tempo versus deslocamento.
A prova de carga de uma estaca também pode ser realizada por meio da aplicação
de cargas dinâmicas. As aplicações dessas cargas consistem na determinação da
capacidade de carga de uma estaca quando submetida a carregamentos estáticos
axiais, sendo estes aplicados de forma rápida e menos onerosa.
As provas de carga dinâmica, sob o ponto de vista econômico, são mais baratas. Elas
fornecem, ainda, os dados a respeito das condições de integridade da estaca. Por
meio desses ensaios é possível determinar a extensão e a localização das fissuras e
rupturas da estaca.
Após a aplicação dos sensores são efetuados golpes com auxílio de um sistema
de percussão adequado. Com os golpes aplicados na estaca, são geradas ondas
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Capacidade de carga | UNIDADE iii
sonoras que se propagam ao longo da estaca. Essas ondas sonoras são refletidas
na ponta da estaca.
A intensidade e a frequência das ondas são medidas, bem como qualquer alteração
sofrida pela onda durante o processo de propagação. A partir dos dados obtidos,
avalia-se a integridade da estaca.
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REFERÊNCIAS
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Method for Direct Shear Test of Soils Under Consolidated Drained Conditions., American Society for
Testing and Materials, West Conshohocken, PA: ASTM, 2004.
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estática - Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6484: Solo - Sondagens de simples
reconhecimentos com SPT - Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2001.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6489: Solo - Prova de carga
estática em fundação direta. Rio de Janeiro: ABNT, 2019.
BERNUCCI, L B.et al. Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros. 3ª edição. Rio de
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BOLTON, M.D. (1991) A Guide to Soil Mechanics., London: Macmillan Press, London1991.
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London: British Stand ards Institution, London.
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44.
CINTRA, J. C. A.; AOKI, N.; ALBIERO, J. H. Fundações diretas: projeto geotécnico. [S.l: s.n.], 2011.
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Leite da Silva … [et al.]. _ Brasília : Editora do IFB, 2013. 118 p. : il. ; 23 cm.
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Referências
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Disponível em: http:// https://www.guiadaengenharia.com/resultado-ensaio-spt//. Acesso em: 8 nov.
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