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ANÁLISE DE SOLOS PARA FUNDAÇÕES

UNIDADE III
CAPACIDADE DE CARGA
Elaboração
Mateus Arlindo da Cruz

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

UNIDADE III
CAPACIDADE DE CARGA.................................................................................................................................................................... 5

CAPÍTULO 1
MODELOS DE RUPTURA DO SISTEMA SOLO-FUNDAÇÃO............................................................................................ 5

CAPÍTULO 2
MÉTODOS TEÓRICOS................................................................................................................................................................ 11

CAPÍTULO 3
MÉTODOS EMPÍRICOS.............................................................................................................................................................. 16

CAPÍTULO 4
MÉTODOS PRÁTICOS................................................................................................................................................................. 21

REFERÊNCIAS................................................................................................................................................26
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CAPACIDADE DE CARGA UNIDADE III

CAPÍTULO 1
MODELOS DE RUPTURA DO SISTEMA
SOLO-FUNDAÇÃO

O primeiro passo quando se deseja realizar a construção de uma edificação é


a investigação do subsolo no qual ela será construída. Por meio da realização
da investigação do subsolo determinam-se as suas camadas, juntamente a sua
resistência, presença do nível d’água, entre outros aspectos já citados na presente
apostila.

Todas essas características do solo são de fundamental importância para o


responsável pela projeção das fundações. Na engenharia, a fundação é o elemento
estrutural responsável por transmitir as cargas da edificação para o solo. Em outras
palavras, as fundações de uma edificação são responsáveis por dissipar as cargas
dela provenientes para o solo em que ela se apoia.

Assim, a fundação de uma construção deverá ter resistência para aguentar as


tensões que são oriundas dos esforços solicitantes. Além das fundações, o solo no
qual ela estará assentada deverá ter a resistência e a rigidez para que não ocorra
a sua ruptura e nem sofra deformações exageradas.

O rompimento de um solo significa que ele entrou em colapso no momento em


que estava sendo usado como sustentação para uma edificação. De modo geral, o
conceito de ruptura está correlacionado com o desequilíbrio entre as tensões de
cisalhamento atuantes e a resistência ao cisalhamento do material.

Constantemente são veiculadas nos meios de comunicação notícias a respeito de


problemas de movimentação de terras em taludes de corte e aterros ou ainda em
encostas de morros. Esses problemas são ocasionados, muitas vezes, pelo excesso
de chuva.

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UNIDADE iii | Capacidade de carga

Esse fenômeno é relacionado ao excesso de chuvas em virtude de, após a


ocorrência das precipitações, ocorrer um aumento da poro-pressão no solo.
Esse aumento da poro-pressão do solo causa a elevação do lençol freático e, por
consequência, a diminuição da resistência às tensões efetivas.

Com a redução da resistência às tensões efetivas do solo e devido ao aumento do


peso do maciço de solo, as tensões cisalhantes atuantes acabam ultrapassando a
resistência ao cisalhamento do solo. Esse processo ocasiona o deslocamento do
material, ou seja, ocorre a ruptura do solo.

Porém, nem sempre a chuva é o motivo da ruptura de solos em taludes e encostas.


Muitas vezes, o intemperismo provoca a queda da coesão do solo. Com o passar do
tempo, solos residuais de meia encosta perdem resistência ao cisalhamento.

O processo de intemperismo pode levar centenas de anos para provocar a perda


da resistência ao cisalhamento do solo. Porém, em aterros que são produzidos
pela ação do homem, o nível de compactação e a sua geometria são os parâmetros
fundamentais para a não ocorrência da ruptura.

Em taludes de cortes (fundamentais em alguns casos para construção de uma


edificação), o ângulo de corte é o fator determinante de sua estabilidade.

Devido a sua magnitude, em barragens, sejam elas utilizadas para geração de


energia ou para contenção de rejeitos, o controle da execução de serviços deve ser
rigoroso . Além do período de execução, após a sua construção, as movimentações
e estados das barragens devem ser monitoradas.

As barragens de terra podem ser definidas como aterros compactados, os quais


possuem sistemas de drenagem. A estabilidade destas obras que movimentam
uma quantidade extremamente grande de solo pode ser danificada pelo fluxo de
água ocasionado pelo desnível do reservatório e do pé do talude da jusante.

Esse fenômeno ocasiona a ruptura hidráulica, também chamada piping. A


ruptura hidráulica de uma barragem está ligada ao aumento da poro-pressão
interna, causando a redução das tensões efetivas e o aumento das tensões
cisalhantes atuantes, sendo estas maiores que a resistência ao cisalhamento do
solo compactado, ocorrendo a ruptura da barragem.

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Capacidade de carga | UNIDADE iii

As estruturas das barragens podem sofrer, ainda, a ruptura devido a um


rebaixamento muito rápido do nível de água do reservatório. Essa queda rápida no
nível do reservatório causa uma inversão do fluxo de água, ocorrendo um excesso
de poro-pressão na face do talude, consequentemente, ocorre o rompimento da
barragem.

Depósitos de solos argilosos saturados de baixa resistência mecânica com


comportamento não drenado são chamados de solos moles. Esses tipos de solos,
quando submetidos a um carregamento externo em suas superfícies, sofrem um
excesso imediato de poro-pressão, ocasionando uma perda de resistência efetiva.

Portanto, a ruptura em solos moles ocorre em termos de tensões totais. No


momento em que a resistência não drenada dos solos moles torna-se menor que
as tensões cisalhantes atuantes ocorre a ruptura do solo.

Em um primeiro momento devemos tomar conhecimento dos tipos de fundações


existentes. Há uma divisão das fundações em dois grandes grupos, o primeiro
chamado de fundações superficiais e o segundo, fundações profundas.

No caso geral, uma carga denominada P atua sobre o elemento estrutural chamado
fundação. Essa carga P causa um aumento das tensões cisalhantes atuantes no solo
no qual a fundação está assentada.

No instante em que as tensões cisalhantes atuantes se tornam maiores que a


resistência ao cisalhamento do solo da fundação ocorre a ruptura. Na engenharia
civil é normal dizer que as fundações romperam.

Essa afirmação está incorreta, pois conforme as descrições mencionadas, o material


que sofre o rompimento de fato é o solo da fundação e não o elemento estrutural
chamado de fundação.

Todavia, a estrutura como um todo deve atender às normas vigentes no Brasil


para a pavimentação. Muitas vezes, em determinadas regiões, as características
e as propriedades do solo não são compatíveis com os esforços aos quais a
estrutura estará sujeita ao longo de sua vida útil, sendo necessário algum tipo
de intervenção.

A primeira opção para a solução do problema supracitado é a adequação do


projeto às condições do subleito existentes. Porém, esse tipo de solução não é
muito empregada devido ao tempo e dinheiro gastos para a realização de novos
estudos e obtenção das licenças para a execução.

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UNIDADE iii | Capacidade de carga

O aumento da resistência de cisalhamento de solos é uma das preocupações


constantes dos profissionais quanto do dimensionamento das fundações e
ainda em estados de estabilidade críticas. Há algumas maneiras de aumentar a
resistência ao cisalhamento desses solos, uma delas é a substituição do solo de
menor resistência por um solo mais resistente. No entanto, esse procedimento
costuma ser oneroso, pois se faz necessária a aquisição e o transporte do novo
material.

Por fim, tem-se a alternativa de modificar as propriedades do solo existente a


fim de criar um material que se mostre eficaz às ações as quais estará sujeito
em sua vida útil. Essa modificação das propriedades é chamada de estabilização
ou melhoramento, sendo realizada de forma mecânica, química ou com uma
combinação dos dois métodos.

A estabilização química do solo com cal segue os mesmos objetivos


da mistura com cimento, seja para o enrijecimento, seja para
a probabilidade e redução da expansão. O solo-cal, aplicado
preferencialmente a solos argilosos e siltosos caulínicos, tem sido
utilizado principalmente como reforço de subleito ou sub-base.
(BERNUCCI et al., 2010)

Resistência ao cisalhamento e ruptura de um solo estão intrinsecamente


relacionadas. O limite de resistência ao cisalhamento de um solo ocorre no
momento em que ele rompe.

Dizer que houve a ruptura de um solo, fisicamente, significa que ocorreu um


excessivo movimento relativo de suas partículas. No momento em que ocorre esse
movimento, o solo não suportará mais o acréscimo de tensões e, consequentemente,
acontece um deslizamento entre as suas partículas.

As fundações rasas possuem uma carga máxima, que se dissipa no solo com
segurança. Com o aumento dessas cargas nas periferias das fundações, cria-se uma
concentração de tensão no solo. Essas concentrações de tensões acabam por criar
zonas plásticas na fundação.

As zonas plásticas de uma fundação podem ser divididas em três fases antes
da ocorrência da ruptura, conforme a deformação gerada. A primeira fase é
caracterizada por um recalque que pode ser visto no canto da fundação. Esse
recalque é proporcional à carga aplicada na fundação.

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Capacidade de carga | UNIDADE iii

A segunda fase diz respeito à fase plástica da fundação. Nela, os recalques


provenientes são irreversíveis, ocorrendo sem a variação das cargas. A terceira
fase é o prosseguimento dos recalques começados na segunda fase. Eles ocorrem
com uma velocidade maior até a ruptura.

A capacidade de carga de um solo é de fundamental importância para a correta


avaliação do seu comportamento e para a projeção correta das fundações,
evitando assim futuras deformações e patologias.

As tensões atuantes na fundação são dissipadas no solo através dos bulbos de


tensões, expressos por meio de linhas de tensões ou de curvas isobáricas.

Logicamente, a capacidade de carga de um solo depende das suas tensões de


ruptura e deformações. Existem dois tipos diferentes de ocorrência de ruptura
em fundações: a ruptura frágil, também chamada ruptura generalizada, e a dúctil,
chamada localizada.

Cada tipo de fundação dissipa as cargas de uma forma diferente ao solo, sendo
que, quando ele atinge seu limite, ocorre a ruptura do terreno, o qual desliza de
forma sensível. Esse tipo de ruptura é chamado ruptura frágil ou generalizada. Os
casos em que o solo se desloca de forma excessiva são chamados de ruptura dúctil
ou localizada.

Situações nas quais o carregamento não é uniforme, nas fundações rasas, podem
ocorrer recalques diferenciais. Recalques diferenciais costumam ser mais
problemáticos do que recalques uniformes.

A pressão que causa a ruptura de um solo é chamada pressão de ruptura. Esse


tipo de ruptura é relacionado tanto ao colapso final do solo como às pressões que
acabam gerando deformações excessivas no solo.

Ressalta-se que, no momento de dimensionamento das fundações, deve-se adotar


um coeficiente de ruptura.

Em fundações profundas, a capacidade de carga e de ruptura é dada pelo menor


valor de resistência das estruturas ou da resistência do solo. No caso da fundação
profunda ser do tipo estaca, a capacidade de carga de ruptura é determinada por
duas diferentes variáveis:

» Resistência de atrito lateral;

» Resistência de ponta.

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UNIDADE iii | Capacidade de carga

A determinação da capacidade de carga de um solo ou tensões admissíveis pode ser


determinada por diferentes métodos, dentre eles, destacam-se os:

» Métodos teóricos;

» Métodos empíricos;

» Métodos práticos.

Nos capítulos seguintes será abordado mais especificamente cada método, bem
como seus modelos para determinação da capacidade de carga de um solo.

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CAPÍTULO 2
MÉTODOS TEÓRICOS

Segundo a NBR 6122:2019, os métodos teóricos podem ser aplicados em todas as


particularidades do projeto, incluindo o tipo de carregamento, drenado ou não
drenado. A mesma norma estabelece condições de recalques e deformações
máximas que as fundações podem sofrer.

Os métodos teóricos são fórmulas elaboradas por meios de preceitos teóricos para
prever a capacidade de carga de algum material.

As fórmulas utilizadas para calcular a capacidade de carga de um solo são um


instrumento muito utilizado e eficaz na previsão das tensões admissíveis. A
partir do conhecimento do tipo de ruptura que o solo pode sofrer, as fórmulas de
capacidade de carga são definidas.

Além do tipo de ruptura que o solo sofrerá, nas fórmulas de capacidade de


carga são consideradas as condições de carregamento. Dentre as diferentes
formulações, destaca-se a de Terzaghi.

A teoria de Terzaghi é aplicada para os estudos de fundações rasas ou, conforme


alguns autores chamam, diretas. Essa teoria aplica os parâmetros de atrito e coesão
do solo.

Como citado nos capítulos passados, em solos granulares e não coesivos, a coesão
assume valor zero. Já solos totalmente coesivos, φ = 0. Utilizando esses conceitos,
pode-se admitir, para esses solos, os parâmetros de ruptura frágil e de ruptura
localizada.

Existem solos que não sofrem excessivas deformações. Neles, é comum acontecer
a ruptura brusca conforme o carregamento vai sendo acrescido. Nesses tipos de
solos, a pressão de ruptura é bem definida.

No momento em que a pressão de ruptura é definida, os recalques ocorrem de


forma incessante. Nesses casos, ela é denominada generalizada.

Também existem solos em que há a ocorrência de grandes deformações.


Nessas condições, o recalque ocorre de forma gradativa e a ruptura não é
bem definida. Com essas características é difícil prever o valor da pressão de
ruptura desses solos.

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UNIDADE iii | Capacidade de carga

Segundo Terzaghi, o valor da pressão de ruptura é considerado o momento em que


ocorre a mudança da curva para uma reta (Figura 6). Ainda, as características de
grandes deformações são oriundas de solos compressíveis e moles, sendo que nestes
solos ocorre a ruptura generalizada.

A teoria de Terzaghi, para capacidade de suporte de um solo utilizando os


parâmetros de coesão, sobrecarga e atrito, pode ser expressa pela equação 12.

Qu = c Nc + q Nq + (1/2) y B Ny Equação 12
Sendo que Q u significa a tensão máxima suportada pelo solo, c é a coesão do solo,
q é a tensão efetiva ao nível da base, y é o peso específico do solo e B é a menor
dimensão da sapata. Para alguns tipos de solos são necessárias adequações em
fatores da fórmula. Em solos nos quais a ruptura ocorre por puncionamento, o
fator de coesão do solo deve sofrer uma redução empírica, definida pela equação
13 e 14.

C’ = (2/3) c Equação 13

tg(φ)’ = (2/3) tg(φ) Equação 14

Figura 6. Gráfico de Terzaghi.

Pressão

Ruptura geral
Recalque
Ruptura local

Fonte: MARANGON, 2018.

No caso de sapatas circulares, retangulares e quadradas, assentadas sobre solos


suscetíveis à ruptura geral, a equação 12 deve ser ajustada para a equação 15.

Qu = c Nc Sc + q Nq Sq + (1/2) y B Ny Sy Equação 15

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Capacidade de carga | UNIDADE iii

Os fatores S c, S q, S y dizem respeito à forma da sapata. A tabela 6 apresenta os


valores dos fatores de forma.

Tabela 6. Fatores de forma.

Fatores
Forma da Fundação
Sc Sq Sy
Corrida 1,0 1,0 1,0
Quadrada 1,3 0,8 1,0
Circular 1,3 0,6 1,0
Retangular 1,1 0,9 1,0
Fonte: Adaptado de MARANGON, 2018.

Ainda, conforme proposta de Terzaghi, a capacidade de carga admissível de um


solo, deve ser dividida pelo fator de segurança do respectivo solo. Para utilização do
método de Terzaghi, divide-se a tensão admissível encontrada - também chamada
capacidade de carga do solo - pelo fator de segurança 3.

O processo de ruptura do solo, de forma simplificada, pode ser descrito como o


momento em que o solo passa do estado elástico para o estado plástico. Os
deslocamentos das partículas do solo ocorrem no momento em que as tensões de
cisalhamento se tornam maiores do que a tensão de cisalhamento admissível pelo
solo. Por fim, utilizando esses conceitos, Vesic propôs algumas alterações na teoria
de Terzaghi, as quais estão mostradas na equação 16.

Qu = c Nc + y b Ny + y h Nq Equação 16

Os parâmetros Nc, Ny, Nq são determinados pelas equações 17, 18 e 19.

Nq = eπtg(φ).tg².(45 + (φ/2)) Equação 17

Nc= (Nq -1) cotg(φ) Equação 18

Ny= 2 (Nq + 1) tg(φ) Equação 19

Os fatores de forma também sofrem alteração. Conforme proposta de Vesic, esses


fatores dependem, além da forma da sapata, do ângulo de atrito do solo. Os novos
fatores citados estão apresentados na tabela 7.

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UNIDADE iii | Capacidade de carga

Tabela 7. Fatores de forma propostos por Vesic.

Fatores
Forma da Fundação
Sc Sq Sy
Corrida 1,0 1,0 1,0
Retangular 1 + (B/L)(Nq/Nc) 1 + (B/L) tg(φ) 1 – 0,4 (B/L)
Circular ou Quadrada 1 + (Nq/Nc) 1 + tg(φ) 0,6
Fonte: Adaptado de MARANGON, 2018.

Outro método teórico é o método de Meyerhof. Ele difere do método de Terzaghi


por considerar que há contribuição da sobrecarga e da resistência dos solos
situados acima da camada de assentamento da sapata. No método de Terzaghi
é desprezada a resistência de cisalhamento das camadas superiores camada de
assentamento da fundação.

No método de Meyerhof, situações em que se tem uma carga excêntrica na


sapata, há um redimensionamento para que a carga seja aplicada no centro
de gravidade da peça. Em caso de fundações no qual o bulbo de tensões atinge
duas camadas diferentes de solos, alguns ajustes devem ser feitos.

O primeiro passo é determinar a capacidade de carga de cada uma das camadas


que o bulbo de tensões atingirá. A favor da segurança, nas situações em que a
capacidade de carga do solo mais profundo for maior, adotar a capacidade de
carga do solo superior para o sistema.

Já nos casos em que a camada mais profunda do solo tem menor capacidade de
carga, utilizar soluções de aproximação para determinar a capacidade de carga do
sistema como um todo.

Essa aproximação pode ser feita por média aritmética, somando-se a capacidade
de carga do solo 1 com a capacidade de carga do solo 2, dividindo-os por dois,
resultando na capacidade de carga do sistema.

Ainda, deve-se verificar se não ocorreu a ruptura da segunda camada. Essa


verificação é expressa na equação 20.

Δσ= (σr 1,2 BL) / (B+z)( L+ z) ⩽ σr 2 Equação 20

Caso ocorra a ruptura da segunda camada, a capacidade de carga do sistema deve


ser reduzida, conforme a equação 21.

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Capacidade de carga | UNIDADE iii

σr = σr 1,2 (σr 2 / Δσ) Equação 21

Portanto, satisfazendo as condições acima, tem-se a capacidade de carga do sistema


(equação 22).

σr = σr 1,2 Equação 22

Para solos arenosos, o peso específico é reduzido no momento em que se


satura uma areia seca. Nesses tipos de solos, a capacidade de carga aumenta
diretamente com o peso específico.

Situações em que o nível do lençol freático situa-se entre o bulbo de tensões


e a base das sapatas, em solos arenosos, o peso específico sofre uma redução,
sendo que o ângulo de atrito não sofre qualquer alteração.

Logo, uma sapata apoiada sobre uma areia saturada tem menor capacidade de
carga do que uma sapata apoiada sobre uma areia não saturada.

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CAPÍTULO 3
MÉTODOS EMPÍRICOS

Segundo a NBR 6122:2019, os métodos empíricos ou semiempíricos são os


métodos que correlacionam os resultados de ensaios realizados na investigação
do solo, tais como SPT ou CPT, com as tensões admissíveis. A norma cita que
nesses métodos devem ser observados os domínios nos quais eles são aplicados,
sendo ainda necessário verificar sua validade e limitações.

Conforme disposto na tabela 1 do item 6.2.1.1.1 da NBR 6122:2019, o fator de


segurança global das fundações nas quais se utilizam os métodos empíricos deve
ser 3, nos casos em que não é realizada a prova de carga.

Entretanto, devido aos métodos empíricos serem correlações consagradas no âmbito


da engenharia civil, muitos profissionais, no dimensionamento das fundações
diretas, já determinam de forma direta o valor da tensão admissível com o uso da
segurança implícita. Quando se utiliza a segurança implícita, o fator de segurança
é desconsiderado.

Diversos autores alertam os profissionais de engenharia que, antes de passarem a


aplicar os conceitos e formulações dos métodos empíricos, se deve analisar a origem
e a validade do método. A aplicação inconsciente e prejudicial do método empírico
pode causar sérios problemas na edificação.

O primeiro método empírico a ser estudado é o de Meyerhof. Em 1956, Meyerhof


publicou no Journal of the Soil Mechanics and Foundations Division of the
American Socity of Civil Engineers seu primeiro estudo sobre a capacidade de
carga.

Segundo Meyerhof, para solos arenosos a tensão admissível de uma fundação é


expressa pela equação 23. Já para solos argilosos é aplicada a equação 24.

Qu = 32N (B + D) Equação 23

Qu = 16 N Equação 24
Nas equações acima citadas, o N da fórmula significa a média dos valores de
N SPT na profundidade de 1,5 de B, abaixo da base da fundação. O valor da tensão
admissível é obtido em kN/m² e B e D expressos em metros. Na presença do
nível de água, o valor encontrado de Q u deve ser dividido por dois.

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Capacidade de carga | UNIDADE iii

A determinação da tensão admissível pode ser realizada por meio de correlações


com o ensaio de SPT. A equação 25 apresenta a fórmula para realizar a determinação
da tensão admissível em sapatas.

σadm = NSPT / 50 Equação 25


O valor obtido por meio da equação 25 é expresso em MPa, sendo que o valor de N é
referente ao valor médio do bulbo de tensões, devendo estar entre 5 e 20. Ainda na
fórmula, pode-se aplicar uma sobrecarga, se for necessário.

Para sapatas quadradas de lado B e h iguais a 1,5 metros, areias com peso
específico de 18 kN/m³ e ângulo de atrito igual a vinte vezes, o N mais quinze
graus e fator de segurança de 3, Teixeira em 1996 desenvolveu a equação 26
para determinação da tensão admissível nestas condições.

σadm = 0,05 + (1 + 0,4 B) (N / 100) Equação 26


O resultado da equação 26 é expresso em MPa. Em 1975, Mello desenvolveu a
equação 27, aplicada para todos os tipos de solos, sem distinção. Nesse método,
utilizam-se valores de N entre 4 e 16, sendo que o resultado é expresso em MPa.

σadm = 0,1 (√N - 1) Equação 27


Utilizando dados obtidos por meio do ensaio de CPT, Texeira e Godoy, em 1996,
desenvolveram as equações 28 e 29 para determinação das tensões admissíveis de
areias e argilas, respectivamente. O valor de qc expresso nas equações é o valor
médio no bulbo de tensões, sendo que ele deve ser maior ou igual a 1,5 MPa.

σadm = (qc / 15) ≤ 4 Mpa Equação 28

σadm = (qc / 10) ≤ 4 Mpa Equação 29

Nos casos de argilas, por meio de ensaios laboratoriais, pode-se definir a tensão
admissível como sendo o valor da pressão do pré-adensamento. A tensão de
pré-adensamento é a maior tensão no qual um solo foi submetido em sua vida
geológica.

Os métodos e formulação até então citados no presente capítulo destinam-se


ao dimensionamento de fundações superficiais. Para fundações do tipo estaca,
utilizam-se os métodos de Aoki e Velloso, proposto em 1975, e de Décourt &
Quaresma, proposto em 1978.

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UNIDADE iii | Capacidade de carga

Esses métodos são destinados à determinação da tensão admissível de fundações


do tipo estaca, porém podem ser utilizados em fundações do tipo tubulões. No
momento do dimensionamento, considera-se o tubulão como uma espécie de
estaca escavada.

O método de Aoki-Veloso foi desenvolvido por meio de correlações dos ensaios


de CPT e SPT. Os autores utilizaram parâmetros de solos brasileiros e correlações
entre os valores de N e a resistência unitária de ponta (R P).

A equação 30 apresenta a fórmula para determinação do valor de RP, sendo seu


resultado expresso em kgf/cm².

RP = K N Equação 30
O valor da constante K foi determinado conforme o tipo de solo. Na tabela 8 são
apresentados os valores da constante k conforme o tipo de solo.

Tabela 8. Valores de K.

Tipo de solo K
Argilas, Argilas siltosas e siltes argilosos 2,0
Argilas arenosas e siltes arenosos 3,5
Siltes arenosos 5,5
Areias argilosas 6,0
Areias 10,0
Fonte: Adaptado de MARANGON, 2018.

Na determinação da resistência unitária por atrito lateral realizada com os dados


obtidos no ensaio de CPT, utiliza-se a equação 31. Os valores α em porcentagem
são apresentados na tabela 9, conforme o solo de assentamento da fundação.

R1 = Rp α Equação 31

Tabela 9. Valores de α.

Tipo de solo α
Areias finas e médias 1,2 – 1,6
Areias siltosas 1,6 – 2,2
Siltes areno-argilosos 2,2 – 4,0
Argilas Maior que 4
Fonte: Adaptado de MARANGON, 2018.

Com o conhecimento dos parâmetros supracitados, é possível determinar


a capacidade de cargas das estacas. As equações 32 e 33 são utilizadas para a

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Capacidade de carga | UNIDADE iii

determinação da capacidade de carga de um ponta e atrito lateral da fundação,


respectivamente.

R’P = (Rp / F1) Equação 32

R’1 = (R1 / F2) Equação 33


Os fatores F1 e F2 são variáveis em função da diferença entre a geometria da estaca e
a geometria do cone utilizado para a realização do ensaio. A tabela 10 apresenta os
valores de F1 e F2 conforme o tipo de estaca.

Tabela 10. Valores de F1 e F2.

Tipo de estaca F1 F2
Pré-moldada 1,75 3,50
Metálica 1,75 3,50
Franki 2,50 5,00
Escavada 3,50 7,00
Fonte: Adaptado de MARANGON, 2018.

Logo, a equação geral para a determinação da capacidade de uma estaca é


definida por meio da equação 34, em que A p é a área de ponta ou base da estaca,
U é o perímetro da seção transversal da estaca, CA é a cota de arrasamento da
estaca e CP é a cota da ponta da estaca.

Qu = Ap ( ( K N ) / F1) + ∑CP CA U Al ( (α K N) F2) Equação 34


O método estatístico de Décourt & Quaresma é utilizado para determinação da
capacidade de carga de uma estaca a partir dos valores encontrados no ensaio de
SPT. O processo de cálculo leva em consideração os valores obtidos a partir do
ensaio de SPT.

Para determinar a resistência unitária lateral, utilizam-se os dados da tabela 11


em relação aos valores médios de N SPT. Em nenhum momento no cálculo se faz a
distinção do tipo de solo encontrado nas camadas.

Tabela 11. Valores de adesão.

Valor médio de NSPT Adesão (t/m²)


Menor ou igual a 3 2
6 3
9 4
12 5
Maior ou igual a 15 6
Fonte: Adaptado de MARANGON, 2018.

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UNIDADE iii | Capacidade de carga

Na determinação dos valores da resistência unitária de ponta utiliza-se a


equação 35, em que o C é um coeficiente variável conforme o solo e seus valores
são apresentados na tabela 12. O valor de N é a resistência à penetração e
correspondente à média do valor inferior e superior à ponta da estaca.

Qp = N C Equação 35

Tabela 12. Valores de C.

Tipo de solo C (t/m²)


Argila 12
Siltes argilosos 20
Siltes arenosos 25
Areias 40
Fonte: Adaptado de MARANGON, 2018.

Mais tarde, foram determinados novos parâmetros chamados de α e β para


utilização do método de Décourt & Quaresma para outros tipos de estacas. A
equação final para determinação da capacidade de carga de estacas é expressa na
equação 36.

O N’s é o valor médio de N SPT ao longo do fuste, sendo que valores superiores a 50
são considerados igual a 50 de N SPT.

Qu = α qp Ap + β ( ( N’ / 3) + 1) As Equação 36
A tabela 13 apresenta os valores dos coeficientes α e β em função do tipo de estaca.

Tabela 13. Valores de α e β.

Escava Hélice
Estaca Cravada Escava Raiz Injetada
(c/ bentonita) Continua
Solo α β α β α β α β α β α β
Argila 1,00 1,00 0,85 0,80 0,85 0,90 0,30 1,0 0,85 1,50 1,00 3,00
Intermediários 1,00 1,00 0,60 0,65 0,60 0,75 0,30 1,0 0,60 1,50 1,00 3,00
Areias 1,00 1,00 0,50 0,50 0,50 0,60 0,30 1,0 0,50 1,50 1,00 3,00
Fonte: Adaptado de MARANGON, 2018.

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CAPÍTULO 4
MÉTODOS PRÁTICOS

Os métodos práticos consistem na verificação in loco da capacidade de carga do


solo. O ensaio mais realizado na área é o ensaio de capacidade de carga sobre uma
placa.

O ensaio de capacidade de carga sobre uma placa deve ser realizado conforme
recomendações da NBR 6489:2019. A referida norma determina que os resultados
devem ser analisados considerando o modelo do protótipo em que foi realizado o
ensaio juntamente à interferência das camadas do solo.

O ensaio busca reproduzir as cargas provenientes das edificações e dissipadas


pelas fundações no solo de assentamento. Para a realização do ensaio, instala-se
uma placa de aço rígida e circular, com diâmetro de 80 centímetros, na mesma
cota em que a base das sapatas será assentada no solo. Em seguida, começa-se
a aplicação de carga, de forma gradativa, anotando-se os valores de recalques
simultaneamente.

O resultado do ensaio gera um gráfico com a curva de tensão em virtude da


aplicação da carga. Ressalta-se que o conhecimento das camadas do solo é de
fundamental importância para evitar possíveis interpretações errôneas, visto que
camadas de solos compressíveis podem mascarar o verdadeiro resultado.

No ensaio de capacidade de carga sobre uma placa, é possível que a ruptura do


solo ocorra de duas formas. A primeira forma de ruptura que pode ocorrer é a
ruptura geral; a segunda é a ruptura local.

De forma geral, o gráfico gerado pela carga aplicada versus os recalques gerados
no solo possui um patamar bem definido. Assim, conforme as cargas geradas
sejam mantidas constantes, os recalques gerados tendem a continuar a aumentar.

Com base no exposto, podemos concluir que, para esse tipo de solo, a capacidade
de carga é bem definida. Solos que possuem a capacidade de carga bem definida
são solos que apresentam ruptura geral, sendo que esta ocorre principalmente em
areias compactas ou em argilas rijas.

No outro modelo de ruptura apresentado na figura 5, chamado de ruptura


local, a tensão de ruptura do solo não é bem definida. A ruptura local ocorre
principalmente em solos com resistências baixas, como areias fofas e argilas
moles.

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UNIDADE iii | Capacidade de carga

A determinação da tensão admissível de um solo por meio do ensaio de


capacidade de carga sobre uma placa é bem simples. Se o solo em estudo
apresentar ruptura geral, basta pegar o valor de ruptura do solo e dividir
pelo fator de segurança, que é igual a 2. O resultado dessa operação é a
tensão admissível pelo solo que apresentar ruptura geral.

No caso do solo estudado apresentar ruptura local, existem algumas


metodologias que fazem correlações para a determinação da tensão admissível
do solo. Terzaghi diz que, para solos que apresentam essas características, a
tensão admissível será a tensão na qual o ponto do gráfico se transforma em
uma linha reta não vertical.

Devido ao método de Terzaghi deixar muitos aspectos para a interpretação do


profissional, o método mais utilizado para os solos com ruptura local é o método do
critério de Boston. O critério foi desenvolvido para obras na cidade de Boston.
Nesta cidade, o ensaio de capacidade de carga é realizado em uma placa quadrada
de 30 centímetros de lado. Porém, o critério não sofreu nenhuma adaptação com
relação à diferença de tamanho das placas de aplicação da carga.

O critério de Boston consiste basicamente em pegar a tensão na qual é obtido


um recalque de 10 milímetros e a tensão responsável por gerar um recalque
de 25 milímetros. A tensão admissível do solo será o menor valor de tensão de
10 milímetros de recalque ou 0,5 vezes o valor de tensão responsável por um
recalque de 25 milímetros.

Ainda, pode-se realizar estudos de capacidade de carga nos elementos de


fundações, além do costume de aplicar o ensaio para solos. Para a aplicação de
cargas em elementos de fundações são utilizados macacos hidráulicos.

A aplicação de carga deve ser realizada de forma gradual, estável e sem a


ocorrência de vibrações e choques no elemento de fundação. Deve-se garantir
que a aplicação da carga seja condizente com a direção da atuação da carga em
projeto.

Ressalta-se que o equipamento de aplicação da carga deve possuir capacidade


vinte por cento maior do que a capacidade de carga teórica da fundação.
Ressalta-se, ainda, que a carga pode ser aplicada sobre cargueiras e estruturas
metálicas.

A cargueira é uma plataforma que fica suspensa por cavaletes que possuam
capacidade de carga compatível com a solicitada e que garantam a segurança na

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Capacidade de carga | UNIDADE iii

execução dos ensaios. A segurança da cargueira deve ser verificada durante todo
o processo de execução do ensaio.

As estruturas metálicas são estruturas fixas colocadas sobre a estaca na qual se


deseja testar a capacidade de carga. A capacidade de carga dessas estruturas
deve ser superior a cinquenta por cento da capacidade de carga teórica do
elemento de fundação.

Para execução do ensaio, recomenda-se que a distância entre os pontos de apoio


do sistema de aplicação de carga e a estaca em análise seja maior que cinzo vezes
o diâmetro da estaca. No caso de estacas não circulares esta distância deverá
ser duas vezes e meia a largura da estaca. Essas distâncias são utilizadas para
minimizar os efeitos de reação que o sistema provoca na estaca.

Os extensômetros utilizados na execução do ensaio devem ser certificados pelos


órgãos competentes. Deve-se utilizar no mínimo quatro extensômetros na parte
superior da estaca.

O número mínimo de quatro extensores é recomendado para que seja possível


medir os deslocamentos provocados pela carga na ordem de precisão de 0,01
milímetro nos eixos ortogonais. Ressalta-se a necessidade de cuidado de que as
vibrações, ventos e outros fatores não influenciem essas medidas.

A estaca em que será realizado o ensaio deverá ser identificada e documentada,


devendo-se garantir o acesso a ela durante todas as fases da obra da edificação,
para realização de novos testes de capacidade de carga. Para a correta mobilização
do solo, é necessário um intervalo de no mínimo três dias entre a instalação
da estaca e a realização do ensaio de capacidade de carga nela, para solos não
coesivos.

Em solos coesivos, o intervalo mínimo deve ser elevado para dez dias. No caso de
estacas moldadas in loco, deve ser respeitado o tempo de cura do concreto para
que ele possa atingir a resistência compatível com o projetado.

O ensaio pode ser realizado com aplicação de carregamento rápido, lento, misto
ou cíclico. A aplicação de carregamentos cíclicos é recomendada para a
verificação separada da resistência de ponto e do atrito lateral da amostra.
Ressalta-se que, para cada tipo de carregamento, existe uma normativa.

Ao término do ensaio é confeccionado um relatório no qual deve constar a


identificação da estaca no qual foi realizado o ensaio, o horário de início e fim do

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UNIDADE iii | Capacidade de carga

ensaio, a planta de localização, entre outras informações que o responsável achar


relevante.

No relatório, deverá contar, ainda, as características da estaca, tais como


dimensões, cotas de arrasamento e assentamento, data de execução, características
estruturais da estaca, concreto utilizado na moldagem, taxa de armadura, data
de execução da estaca, dados do equipamento utilizado para a realização do
ensaio.

O relatório final de ensaio deverá conter o tipo de controle utilizado na execução


da estaca e ensaio, bem como alguma anormalidade notada durante sua realização.
Deve-se anotar as referências dos dispositivos de aplicação das cargas e dos
extensômetros, as aferições desses equipamentos, a ocorrência de deformações
excessivas nos tirantes, as perturbações ocorridas durante a execução do ensaio,
o desaprumo dos equipamentos de aplicação de carga, bem como o desnível na
aplicação da carga, entre outros.

Sempre que solicitado, devem ser apresentadas as tabelas com as leituras de carga e
deslocamentos gerados, além das tabelas de tempo versus deslocamento.

Os gráficos finais gerados são as curvas de carga versus deslocamento gerado.


Nesses gráficos devem constar as informações sobre os tempos de início e fim da
aplicação de cada carga, entre outros gráficos relevantes para a correta análise dos
dados. Todos os relatórios e documentos gerados por meio dos testes de aplicação
de carga deverão estar condizentes com a NBR 12131:2006.

A prova de carga de uma estaca também pode ser realizada por meio da aplicação
de cargas dinâmicas. As aplicações dessas cargas consistem na determinação da
capacidade de carga de uma estaca quando submetida a carregamentos estáticos
axiais, sendo estes aplicados de forma rápida e menos onerosa.

As provas de carga dinâmica, sob o ponto de vista econômico, são mais baratas. Elas
fornecem, ainda, os dados a respeito das condições de integridade da estaca. Por
meio desses ensaios é possível determinar a extensão e a localização das fissuras e
rupturas da estaca.

A NBR 13208:2007 apresenta os métodos para realização do ensaio supracitado.


Ele é realizado por meio de sensores no fuste da estaca e a profundidade deve ser
maior do que duas vezes o diâmetro da estaca.

Após a aplicação dos sensores são efetuados golpes com auxílio de um sistema
de percussão adequado. Com os golpes aplicados na estaca, são geradas ondas

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Capacidade de carga | UNIDADE iii

sonoras que se propagam ao longo da estaca. Essas ondas sonoras são refletidas
na ponta da estaca.

A intensidade e a frequência das ondas são medidas, bem como qualquer alteração
sofrida pela onda durante o processo de propagação. A partir dos dados obtidos,
avalia-se a integridade da estaca.

O ensaio também permite a obtenção do módulo de elasticidade da estaca por


meio da aferição da velocidade com que as ondas sonoras se propagam e o peso
específico que compõe o elemento. Portanto, assim como no caso dos outros
ensaios citados neste capítulo, deve-se fazer a documentação completa da estaca,
montando o seu histórico.

O relatório final deve conter uma descrição geral do procedimento, como


identificação da estaca na qual o ensaio foi realizado, data e horário de início e
fim da realização do ensaio, planta de localização, entre outros aspectos julgados
relevantes pelo profissional.

Ainda, o relatório deverá conter informações sobre as características da estaca


ensaiada, como dimensões, cota de arrasamento e assentamento da estaca, data de
fabricação, tipo de concreto utilizado para confecção da estaca, taxa de armadura,
entre outros.

É importante possuir os dados do equipamento utilizado para cravação das


estacas, controle de qualidade e execução utilizado na estaca, bem como relatório
contendo as anormalidades que foram encontradas durante o processo de
execução das estacas.

É de suma importância, ainda, saber quais dispositivos de aplicação de carga e


sensores foram utilizados, bem como se eles estavam em condições de aferição
pelos órgãos competentes, além da ocorrência de fatores excepcionais durante o
ensaio, relatórios e pareceres sobre a integridade da estaca encontrada.

Todos os dados do ensaio, como valores máximos de compressões e


deslocamentos encontrados, bem como outros gráficos e curvas gerados por
meio do ensaio deverão estar referenciados e seguir as recomendações da
NBR 13208:2007.

O seguimento e a execução desses modelos de dados é de fundamental


importância para que o profissional responsável por sua análise e interpretação
possa realizar a avaliação da fundação de forma correta e adequada.

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REFERÊNCIAS

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Referências

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