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UNIDADE IV
RECALQUE EM FUNDAÇÕES
Elaboração
Mateus Arlindo da Cruz
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
UNIDADE IV
RECALQUE EM FUNDAÇÕES............................................................................................................................................................. 5
CAPÍTULO 1
DEFINIÇÕES E PARTICULARIDADES SOBRE RECALQUES EM FUNDAÇÕES........................................................... 5
CAPÍTULO 2
RECALQUES EM SAPATAS........................................................................................................................................................ 11
CAPÍTULO 3
RECALQUES EM TUBULÕES.................................................................................................................................................... 16
CAPÍTULO 4
RECALQUES EM ESTACAS........................................................................................................................................................ 21
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................25
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RECALQUE EM
FUNDAÇÕES
UNIDADE IV
CAPÍTULO 1
DEFINIÇÕES E PARTICULARIDADES SOBRE RECALQUES EM
FUNDAÇÕES
Logo, é possível afirmar que toda fundação sofre recalque. Porém o responsável
técnico deve assegurar que esses recalques fiquem dentro do admissível e que
toda a estrutura da edificação suporte os recalques previstos.
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UNIDADE iv | Recalque em fundações
Outros autores dizem que os recalques podem ser divididos sob duas óticas, a do
solo e a da estrutura. Sob a ótica do solo, os recalques podem ocorrer de forma
imediata, por adensamento e de forma secundária, também chamado de creep.
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Recalque em fundações | UNIDADE iv
uniformes são os recalques que menos danificam a estrutura, desde que não
ocorram de forma excessiva.
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Além das leituras dos recalques, para as condições acima, podem-se fazer
necessários o acompanhamento e o monitoramento de outros fatores, tais como
deslocamentos horizontais, desaprumos e tensões com o emprego de células de
carga. Os resultados desses fatores, com os de recalques, devem ser comparados
com as previsões apontadas no projeto.
Para execução dessas medições, o projeto de fundações deverá conter uma série de
informações detalhadas sobre o monitoramento, tais como o nível de referência
a ser utilizado, as características dos aparelhos para a coleta das informações, a
frequência e a periodicidade com que as leituras e medições devem ocorrer.
Com base no tipo de solo, finalidade da obra e cultura local, alguns autores
afirmam quais são os recalques admissíveis para uma edificação. Para fundações
rasas, Burland et al., elaborou uma tabela contendo esses valores, os quais são
apresentados na tabela 14.
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Ressalta-se que, nos casos em que as fundações forem do tipo estacas e estas
atravessarem uma camada de um aterro, há a ocorrência do atrito negativo
sob a estaca. O atrito negativo faz com que a estaca adquira uma carga de
carregamento e não de resistência.
Outro fator que pode ocasionar um aumento nos recalques na edificação é a troca
da finalidade de um edifício ou construção. Essa situação é comum em prédios
que foram projetados para receber uma determinada atividade e, no decorrer do
seu uso, têm sua finalidade alterada em virtude de novos equipamentos. Com
isso, o edifício tem sua carga de fundação alterada.
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Outro fator que pode colapsar a fundação são escavações próximas. Um caso
prático foi o desabamento de um edifício residencial de 13 andares em Xangai,
no qual foram realizadas escavações na vizinhança da edificação com o intuito
de construir um parque de estacionamento subterrâneo. O montante de terra
escavado foi posto sobre o outro lado da edificação, gerando um acréscimo de
carga no solo nesta região.
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CAPÍTULO 2
RECALQUES EM SAPATAS
Logo, o solo não é um material elástico, visto que os recalques imediatos não
são recuperados naturalmente quando as cargas param de ser aplicadas. Outro
conceito que devemos saber é o módulo de elasticidade do material, também
chamado módulo de deformabilidade.
ρT = ρi + ρc + ρs Equação 37
Em que ρ T é o recalque total que a fundação sofrerá, ρi é a parcela do recalque
imediato ou inicial da fundação, ρ c é o recalque por adensamento e ρ s é o recalque
proveniente por compressão secundária.
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Concluímos que. em solos como areias, siltes e argilas não saturadas, o recalque
total da sapata será mais ou menos igual ao recalque inicial. Já em argilas
saturadas, o recalque total será determinado pelo recalque inicial mais o recalque
por adensamento. Nos casos de argilas muito moles ou marinhas, o recalque total
será determinado pelo recalque inicial, mais o recalque por adensamento, mais
os recalques secundários.
E = K NSPT Equação 38
ρi = ∆σ B ((1-v²)/Eu) Iw Equação 39
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Flexível
Forma Rígida
Centro Canto
Circular 1,00 0,64 0,88
Quadrada 1,12 0,56 0,82
L/B = 1,5 1,36 0,68 1,06
L/B = 2 1,53 0,77 1,20
L/B = 5 2,10 1,05 1,70
L/B = 10 2,54 1,27 2,10
L/B = 100 4,01 2,00 3,40
Fonte MARANGON, 2018.
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Zfp=B/2
Zfp=B
L/B=1
Zf0=2B
Zf0=4B
Profundidade (Z)
Esse fator de correlação, com base na profundidade da sapata, é dada pela equação
42. O valor de σ′q é a pressão efetiva confinante no nível em que a fundação está
assentada, e qn é a pressão líquida na fundação.
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ocorrência de recalques com o passar do tempo, sendo gerado pelo efeito de fluência,
também chamado creep.
E = 2,5 qc Equação 44
E = 3,5 qc Equação 45
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CAPÍTULO 3
RECALQUES EM TUBULÕES
Tubulões são tipos de fundações que possuem seção circular e base alargada.
Embora os tubulões sejam considerados fundações profundas, eles se diferem das
demais porque a transmissão das cargas para o solo ocorre pela base, semelhante
ao que ocorre nas sapatas e blocos.
Os tubulões podem ser executados tanto acima do nível do lençol freático como
submersos em terrenos saturados. Os tubulões podem ser divididos em duas
categorias, os tubulões a céu aberto e os tubulões a ar comprimido.
Os tubulões a céu aberto são indicados para edificações que apresentam cargas
elevadas e com condições que dificultem o uso de técnicas e elementos de
fundações mais mecanizados.
Os tubulões são indicados para solos que têm como característica a alta rigidez,
sendo que os tubulões a céu aberto não são indicados em solos que apresentam
níveis de água próximos à superfície do terreno. O responsável técnico deve
vistoriar e garantir que o solo no qual será realizado o tubulão tenha rigidez
suficiente para a não ocorrência de desabamentos. A figura 8 apresenta um típico
tubulão a céu aberto.
Figura 8. Tubulão a céu aberto.
Corte de
assentamento
Alargamento da base
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l Pz dz Equação 46
Sc = ∫ 0 Ec Af
Esse acréscimo de tensões no solo faz com que a região de aplicação das tensões
no solo possa ser calculada por meio da teoria da elasticidade, sendo levado em
conta o tipo de solo no qual o elemento de fundação está apoiado.
Para tubulões que estão assentados sobre argilas, o método de cálculo dos
recalques é igual à soma dos recalques imediatos com os recalques provocados
pelo adensamento primário e secundário. Conclui-se, então, que o método de
cálculo dos recalques em tubulões assentados sobre argilas é igual ao método de
cálculo de recalques das sapatas.
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Para tubulões que estão assentados sobre areias, o método de cálculo dos recalques
considera apenas os recalques imediatos, que ocorrem logo após a aplicação das
cargas. Logo, para calcular recalques de um tubulão assentado sobre areias,
utiliza-se o método de Schmertmann.
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CAPÍTULO 4
RECALQUES EM ESTACAS
Assim como nas fundações rasas ou superficiais, a verificação dos estados limites de
serviço deve assegurar que os recalques provenientes das cargas da edificação que
atuarão sobre as estacas não comprometam a sua estrutura. O cálculo do recalque de
uma estaca é mais complexo do que o cálculo de recalques de fundações superficiais
em virtude de considerar mais variáveis.
Outros fatores que influenciam o cálculo dos recalques em estaca são a esbeltez da
estaca, pois o seu comprimento em relação à seção transversal é muito superior e a
sua compressão pode ter valor elevado; e a condição elastoplástica, em que as cargas
solicitantes no topo das estacas são maiores do que a resistência do solo, o que pode
ocasionar a ruptura do solo no topo da estaca.
Em virtude desses fatores e outros não elencados, em estacas, sempre são realizados
testes de cargas com a finalidade de verificar se o estado de limite de serviço foi
alcançado. Nas situações em que é utilizado um número elevado de estacas em um
mesmo projeto, testa-se apenas uma porcentagem das cargas, gerando assim uma
amostra das fundações.
Outro método a ser estudado será o método T-z, em que a estaca é dividida em
diversas seções, sendo aplicada em cada uma delas uma mola que representa a
interação do solo-estaca. As características dessas molas são encontradas por
meio dos métodos de Randolph e Wroth, determinando a reação que ocorre na
estaca, chamada de reação T, para um determinado deslocamento do sistema
solo-estaca, chamado de z.
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Após a definição do conjunto T-z, ele pode ser solucionado por meio da aplicação
de um esquema de diferenças finitas. Sendo assim, a maneira mais rápida de obter
o resultado é por meio de planilhas geradas por um sistema de computador. A
aplicação de esquema de diferença finita permite que se leve em conta no cálculo
a compressibilidade da estaca e as variações que o solo sofre ao longo de todo o
comprimento da estaca.
Outro método que pode ser utilizado para a previsão de recalques em estacas é o
método hiperbólico, que se baseia na curva global das estacas. Para a utilização
desse método, o responsável técnico deve ter conhecimento sobre os termos Q bu,
Q su e sobre aspectos adicionais de adequação, com base em bancos de dados
experimentais sobre recalques em estacas.
E = 2 G (1 + v) Equação 49
q = 4Tbi/πD02 Equação 50
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q = Tbi/Bp2 Equação 52
No decorrer do fuste da fundação estaca, caso o atrito entre a interface não for
superado na interface da estaca-solo, esta estabelecerá que o cisalhamento de
deformações ocorra na área anelar da estaca. Para verificar o equilíbrio vertical
da estaca, utiliza-se a equação 54, em que t 0 é a tensão média atuante ao longo da
estaca (L si).
Uma estaca escavada com 21,5 m de comprimento e ponta (base) alargada deve ser
construída em uma unidade de argila para a qual G = 5 + 0,5z MPa, em que z é a
profundidade em metros abaixo do nível do terreno, e ν′ = 0,2. O fuste da estaca tem
comprimento de 20 m acima do alargamento e diâmetro de 1,5 m. O alargamento
tem um diâmetro de 2,5 m na base, e pode-se admitir a estaca como rígida.
Determine o recalque de longo prazo da estaca, a carga suportada pelo fuste e a
ponta da estaca sob a ação de uma carga de serviço de 5 MN (KNAPPETT, 2012).
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Pg = Pisolada Rs Equação 57
Rs = nw Equação 58
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REFERÊNCIAS
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D3080: (2004) Standard Test
Method for Direct Shear Test of Soils Under Consolidated Drained Conditions., American Society for
Testing and Materials, West Conshohocken, PA: ASTM, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12131: Estacas - Prova de carga
estática - Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6484: Solo - Sondagens de simples
reconhecimentos com SPT - Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2001.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6489: Solo - Prova de carga
estática em fundação direta. Rio de Janeiro: ABNT, 2019.
BERNUCCI, L B.et al. Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros. 3ª edição. Rio de
Janeiro: Editora: Petrobras, 2010. 504p.
BOLTON, M.D. (1991) A Guide to Soil Mechanics., London: Macmillan Press, London1991.
BRITISH STANDARD 1377 (1990). Methods of Test for Soils for Civil Engineering Purposes,
London: British Stand ards Institution, London.
BROMHEAD, E.N. (1979) A simple ring shear apparatus, Ground Engineering, 1979, 12(5), 40–
44.
CINTRA, J. C. A.; AOKI, N.; ALBIERO, J. H. Fundações diretas: projeto geotécnico. [S.l: s.n.], 2011.
CONCIANI, Wilson et al (coord). Manual Do Sondador/ Wilson Conciani (coord.); Carlos Petrônio
Leite da Silva … [et al.]. _ Brasília : Editora do IFB, 2013. 118 p. : il. ; 23 cm.
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Referências
GUIA DA ENGENHARIA. Ensaio SPT: aprenda como interpretar os resultados. São Paulo, 2018. v. 1.
Disponível em: http:// https://www.guiadaengenharia.com/resultado-ensaio-spt//. Acesso em: 8 nov.
2019.
KNAPPETT, J. A. Craig mecânica dos solos; 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012.
MEIA COLHER. Fundações com tubulações: o que é e como fazer! [S.l.]: Meia Colher, 2013.
Disponível em: http://www.meiacolher.com/2015/08/fundacao-com-tubuloes--o-que-e-e-como.html.
Acesso em: 3 dez. 2019.
TORRES ENGENHARIA. Amostra Indeformada (Bloco). São Paulo, 2015. v. 1. Disponível em:
http://www.torresgeotecnia.com.br/portfolio-view/amostra-indeformada-bloco/. Acesso em: 8
nov.2019.
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