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ANÁLISE DE SOLOS PARA FUNDAÇÕES

1
SUMÁRIO
NOSSA HISTÓRIA ................................................................................................................... 2
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3
1.1 Mecânica dos Solos ............................................................................. 4

2. SOLO NA ENGENHARIA ................................................................................................... 5


2.1 Tamanho e Forma das Partículas ........................................................ 6

2.2 Identificação Tátil-Visual Dos Solos ..................................................... 7

3. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO .........................................................................................10


3.1 Prospecção por Processos Diretos .................................................... 11

3.1.1 Poços e Trincheiras ............................................................................................11


3.1.2 Sondagem a Trado.............................................................................................13
3.1.3 SPT – Standard Penetration Test ........................................................................14
3.2 Prospecção por Processos Semidiretos ............................................. 19

3.2.1 Vane Test ..........................................................................................................19


3.2.2 Cone de Penetração Estática .............................................................................19
3.3 Prospecção por Processos Indiretos .................................................. 20

3.3.1 Resistividade Elétrica .........................................................................................20


3.3.2 Sísmica de Refração...........................................................................................21
4. PROBLEMAS EM FUNDAÇÕES ........................................................................................22
4.1 Termos e Definições........................................................................... 23

4.2 Ausência de investigação do Subsolo ................................................ 25

4.3 Investigação Insuficiente .................................................................... 26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................30

1
NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em


atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com
isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível
superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de
promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras
normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e


eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética.
Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de
cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do
serviço oferecido.

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1. INTRODUÇÃO

Segundo Milititsky et al. (2008), uma fundação é resultado da necessidade de


transmissão de cargas ao solo pela construção de uma estrutura.
Seu comportamento a longo prazo pode ser afetado por inúmeros fatores:
 Decorrentes do projeto - Envolve o conhecimento do solo;
 Procedimentos construtivos;
 Efeitos de acontecimentos pós-implantação - Inclui uma possível degradação.

O custo usual de uma fundação é variável, uma vez que depende das cargas e
condições do subsolo. Em casos correntes situa-se na faixa de 3 a 6% do custo da
obra. Em casos especiais, dependendo do tipo de estrutura a ser suportada, das
solicitações correspondentes e condições adversas de subsolo, pode atingir
porcentagens superiores, de 10 a 15% do custo global.
Considerando que a fundação é um elemento de transição entre a estrutura e
o solo, seu comportamento está intimamente ligado ao que acontece com o sono
quando submetido a carregamento através dos elementos estruturais das fundações.
Uma fundação adequada é aquela que apresenta conveniente fator de
segurança compatíveis com o funcionamento do elemento suportado à:
 Ruptura - Da estrutura que a compõe e do solo afetado pela transmissão das
IMPORTANTE!!! cargas;
 Recalques - Deslocamentos verticais do terreno.

Pode-se afirmar que todas as fundações sob carga apresentam recalques, pois
os solos são materiais deformáveis que, ao serem carregados, apresentam variações
de volume, provocando deslocamentos das fundações.
A palavra solo é originada do latim solum que significa superfície do chão. Os
solos são formados pela decomposição das rochas e sua evolução depende do clima,
da rocha de origem, do relevo, do tempo e até mesmo dos microorganismos. Os
processos de alteração podem atuar sucessivamente sobre um mesmo solo e é
comum classifica-los pelo último processo ocorrido.
A elaboração de projetos geotécnicos e de fundações exige um conhecimento
adequado dos solos. É necessário proceder-se à identificação e à classificação das
diversas camadas componentes do substrato a ser analisado, assim como, à
avaliação das suas propriedades de engenharia.
Ensaios de amostras de solo
SPT - ensaio a percurssão.

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1.1 Mecânica dos Solos

Bueno e Vilar (1979) define que a Mecânica dos Solos foi estabelecida com o
propósito de estudar o comportamento dos solos, segundo formulações teóricas de
embasamento científico. A partir de bases físicas, modelos reológicos e observações
de campo, procurou-se elaborar teorias explicativas desse comportamento.
No estudo do comportamento dos solos, duas linhas de conduta têm sido
utilizadas. A primeira preocupasse com as propriedades físico-químicas, forças inter
granulares, efeito dos fluidos intersticiais, para, a partir de tais fenômenos, explicar o
comportamento dos solos. A segunda apoia-se na hipótese que considera o solo como
um meio contínuo, cuja relação tensão-deformação fornece subsídios para previsão
do comportamento do solo.
Nos problemas geotécnicos de ordem prática, o engenheiro civil deve ter
consciência das limitações das teorias utilizadas, e nunca esperar o valor exato nas
grandezas obtidas, senão uma ordem de grandeza. Neste ponto, um recurso utilizado
na mecânica dos solos, como em todas as ciências é consultar as soluções dadas a
problemas análogos, como primeira referência à solução de um problema proposto.
Este recurso dá ao engenheiro a liberdade de escolha de soluções que deverão
ser adaptadas ao problema em estudo, pois nunca há repetição de condições
anteriores. Os ensaios de campo e laboratórios serão, portanto, necessários para
fornecer as reais propriedades dos solos e os dados exigidos nos cálculos de
dimensionamento e verificação da solução adotada.
O Quadro 1 apresenta uma relação dos principais problemas pertinentes ao
campo da Mecânica dos Solos.

Quadro 1 – Algumas aplicações da mecânica dos solos

Fonte: Bueno e Vilar, 1979.

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2. SOLO NA ENGENHARIA
Segundo Bueno e Vilar (1979) o significado da palavra solo não é o mesmo
para todas as ciências que estudam a natureza. Para fins de Engenharia Civil, admite-
se que os solos são misturas naturais de um ou diversos minerais que podem ser
separados por processos mecânicos simples, tais como agitação em água ou
manuseio.
Solo é todo material que possa ser escavado, sem o emprego de técnicas
especiais, como, por exemplo, explosivos. Esse material forma a fina camada
superficial que recobre quase toda a crosta terrestre e no seu estado natural
apresentasse composto de partículas sólidas (com diferentes formas e tamanhos),
líquidas e gasosas.

Figura 1 – Partículas que compõem o solo

solo - parte sólida


líquida e gás - porosidade

Fonte: Bueno e Vilar, 1979.

Os solos normalmente são caracterizados pela sua fase sólida, enquanto as


fases líquida e gasosa são consideradas conjuntamente como porosidade. Na análise
de comportamento real de um solo, há necessidade de se levar em conta as
porcentagens das fases componentes, bem como a distribuição dessas fases através
da massa de solo.
A norma de Projeto e execução de fundações - NBR 6122:2019, define e
classifica os solos como:
 Colapsíveis: Solos que apresentam brusca redução de volume quando
submetidos a acréscimos de umidade, sob a ação de carga externa.
 Compressíveis: Solos que apresentam deformações elevadas quando
solicitados por sobrecargas pouco significativas ou mesmo por efeito de
carregamento devido ao seu peso próprio.

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 Expansivos: Solos que, por sua composição mineralógica, aumentam de
volume quando há acréscimo do teor de umidade.

2.1 Tamanho e Forma das Partículas

Segundo Bueno e Vilar (1979), em termos qualitativos, o intemperismo físico,


desintegração, é capaz de originar partículas de tamanhos até cerca de 0,001 mm e
somente o intemperismo químico, decomposição, é capaz de originar partículas de
diâmetro menores que 0,001 mm.
Solos cuja maior porcentagem esteja constituída de partículas visíveis a olho
nu (> 0,074 mm) são chamados de solos de grãos grossos ou solos granulados. As
características e o comportamento desses solos ficam determinados, em última
análise, pelo tamanho das partículas, uma vez que as forças gravitacionais
prevalecem sobre as outras.
Os solos de granulação grossa apresentam-se compostos de partículas
normalmente equidimensionais, podendo ser esféricas (solos transportados) ou
angulares (solos residuais).
A forma característica dos solos de granulação fina (< 0,074 mm) é a lamelar,
em que duas dimensões são incomparavelmente maiores que a terceira.
IMPORTANTE!!!!

 SAIBA MAIS!
Lamelares: Possuem duas dimensões predominantes, típicas de solos argilosos.
Esta forma das partículas das argilas responde por alguma de suas propriedades, como
por exemplo, a compressibilidade e a plasticidade, esta última, uma das características
mais importantes

Os solos de grãos grossos são subdivididos em pedregulhos e areias, e os de


granulação fina em siltes e argilas.
Gonçalves (2014) acrescenta que o tamanho das partículas é uma das
características do solo. Cada solo é constituído por uma variedade de partículas com
diferentes tamanhos, formas e composição mineralógica. A Tabela 1 apresenta as
faixas de graduação para diferenciar as frações de solo.

SOLOS DE GRÃOS GROSSOS - pedregulhos e areias


SOLOS DE GRÃOS FINOS - siltes e argilas.

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IMPORTANTE
Tabela 1 – Classificação granulométrica das frações dos solos

FRAÇÃO LIMITES

Pedregulho > 2 mm
Areia Grossa 0,6 a 2,0 mm
Areia Média 0,2 a 0,6 mm
Areia Fina 0,06 a 0,2 mm
Silte 0,002 a 0,06 mm
Argila < 0,002 mm

Fonte: Gonçalves, 2014.

 Pedregulhos: Os pedregulhos são acumulações incoerentes de fragmentos


de rocha. Normalmente, são encontrados em grandes extensões, nas margens
dos rios e em depressões preenchidas por materiais transportados pelos rios.
 Areias: Tem origem semelhante à dos pedregulhos, entretanto, as suas
dimensões variam entre 2 mm e 0,06 mm. As areias são ásperas ao tacto, e,
estando isentas de finos, não se contraem ao secar, não apresentam
plasticidade e comprimem-se, quase instantaneamente, ao serem carregadas.
 Siltes: Os siltes são solos de granulação fina que apresentam pouca ou
nenhuma plasticidade. Um torrão de silte seco ao ar pode ser desfeito com
bastante facilidade.
 Argilas: São solos de granulação muito fina que apresentam características
marcantes de plasticidade e elevada resistência, quando secas. Constituem a
fração mais ativa dos solos. As argilas, quando secas e desagregadas, dão
uma sensação de farinha, ao tacto, e, quando úmidas, são lisas.

2.2 Identificação Tátil-Visual Dos Solos

Segundo Gonçalves (2014) a investigação preliminar em campo exige, muitas


vezes, uma identificação dos solos sem os recursos de laboratório. A identificação
tátil-visual é realizada com base na sensibilidade e experiência dos operadores.
Colocando um punhado de solo na mão e esfregando-o entre os dedos pode-se
identificar a areia por uma sensação de aspereza, ao contrário a argila é
extremamente lisa (sobretudo quando umedecida).
As argilas são plásticas, permitem ser moldadas, enquanto os siltes e as areias
não. Fazendo-se bolinhas de solo e deixando-as secar, pode-se verificar a resistência
à pressão dos dedos, nas argilas será elevada e nos solos arenosos e siltosos, baixa.

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Para estimar a quantidade de areia pode-se dissolver o solo em um recipiente com
água limpa. A areia irá para o fundo rapidamente e a argila demorará a se decantar.

Figura 2 – Caracterização tátil-visual (Solo solto, friável, firme e extremamente firme)

Fonte: Gonçalves, 2014.

Segundo Bueno e Vilar (1979) como na natureza os solos normalmente são


uma mistura de partículas dos mais variados tamanhos, busca-se determinar qual o
tamanho que ocorre em maior quantidade, e depois as demais ocorrências. É usual
também, na identificação de um solo, citar a sua cor, por exemplo, argila arenosa
vermelha, silte argiloso pouco arenoso marrom, areia grossa com pedregulhos cinza,
etc. análise visual
Existem alguns testes rápidos que permitem, a partir das características
apresentadas pelos solos, a sua identificação. Os testes mais comuns são:
 Sensação ao tato: Esfrega-se uma porção de solo na mão, buscando sentir
a sua aspereza. As areias são bastante ásperas ao tacto, e as argilas dão uma
sensação de farinha, quando seca ou de sabão, quando úmidas.
 Plasticidade: Tenta-se moldar pequenos cilindros de solo úmido e em
seguida, busca-se deformá-los. As argilas são bastante moldáveis, enquanto
as areias e, normalmente também os siltes não são moldáveis.
 Resistência do solo seco: Por causa das forças interpartículas que se
desenvolvem nos solos finos, um torrão de solo argiloso apresenta elevada
resistência, quando se tenta desagregá-los com os dedos. Os siltes
apresentam alguma resistência, enquanto as areias, quando puras, nem
formam torrões.
 Mobilidade da água intersticial: Consiste em se colocar na palma da mão
uma porção de solo úmido. Fazendo-se bater essa mão fechada, com o solo
dentro, contra outra, verifica-se o aparecimento da água na superfície do solo.
Nos solos arenosos, graças à sua alta permeabilidade, a água aparece
rapidamente na superfície. Ao abrir a mão, a superfície brilhante desaparece
nesses solos arenosos, e eles frequentemente trincam. Nos solos argilosos, a

8
superfície brilhante permanece pôr bastante tempo e não ocorrem fissuras,
quando se abre a mão.
 Dispersão em água: Coloca-se uma amostra de solo seco e desagregado
numa proveta (100 ml) e, em seguida, água. Agita-se a mistura e verifica-se o
tempo para deposição das partículas. As areias depositam-se rapidamente,
enquanto as argilas tendem a turvar a suspensão e demoram bastante tempo
para sedimentar.

O Quadro 2 sintetiza os procedimentos comuns normalmente utilizados para


identificar os solos:

Quadro 2 – Identificação dos solos

Fonte: Bueno e Vilar, 1979.

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3. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO

De acordo com Bueno e Vilar (1979), as obras civis só podem ser


convenientemente projetadas, depois de um conhecimento adequado da natureza e
da estrutura do terreno em que vão ser implantadas. Em obras nas quais os solos
aparecem como material de construção, como é o caso de aterros e barragens, é
necessário conhecer também as características geotécnicas dos solos dos
empréstimos.
As obras de maior porte e requinte de projeto exigem um melhor conhecimento
dos solos envolvidos. A história da Engenharia Civil registra casos em que a
inobservância de certos princípios de investigação ou mesmo a negligencia diante da
obtenção de informações, acerca do subsolo tem conduzido a ruínas totais ou parciais
e, neste caso, a prejuízos incalculáveis, não só de tempo como de recursos para a
recuperação das obras.
O engenheiro de solo deve ter uma consciência crítica acentuada das
limitações e um conhecimento profundo dos instrumentos disponíveis para a
prospecção geotécnica, de tal forma que possa, mediante informações, obtidas por
seu intermédio, realizar os projetos dentro dos padrões de segurança e economia
exigidos.
As informações básicas que se busca num programa de exploração do subsolo
são:
 A área em planta, profundidade e espessura de cada camada de solo
I
M identificado;
P  A compacidade dos solos granulares e a consistência dos solos coesivos;
O
R  A profundidade do topo da rocha e as suas características tais como: litologia,
T área em planta, profundidade e espessura de cada estrato rochoso; mergulho
A
N e direção camadas, espaçamento de juntas, planos de acabamento presença
T de falhas e ação do intemperismo ou estado de decomposição;
E
 A localização do nível d'água;
 A colheita de amostras indeformadas, que possibilitem identificar as
propriedades mecânicas do solo: compressibilidade, permeabilidade e
resistência ao cisalhamento.
Segundo Gonçalves (2014) existem vários equipamentos para se fazer a
prospecção geotécnica do subsolo. Os tipos de prospecção utilizados correntemente
na Engenharia Civil se dividem em diretos, semidiretos e indiretos.

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3.1 Prospecção por Processos Diretos

Processos diretos acontecem quando há possibilidade de coletar e observar o


subsolo executando-se perfurações. Nestas, pode-se fazer uma observação direta
das camadas em furos de grandes diâmetros, ou uma análise por meio de amostras
colhidas de furos de pequenas dimensões.
Os métodos diretos de investigação permitem o reconhecimento do solo
prospectado, mediante análise de amostras provenientes de furos executados
no terreno. As amostras deformadas fornecem subsídios para um exame visual-táctil
das camadas, e sobre elas podem-se executar ensaios de caracterização, como:
 Teor de umidade
OS ENSAIOS PODEM SER:
 Limites de consistência *SPT
*TRADO MANUAL
 Granulometria TRINCHEIRAS
Há casos em que é necessário a coleta de amostras indeformadas, para obter-
se informações seguras sobre o teor de umidade, resistência ao cisalhamento e
compressibilidade dos solos. Pode-se obter, com os processos diretos, a delimitação
entre as camadas do subsolo, a posição do nível do lençol freático e informações
sobre a consistência das argilas e compacidade das areias. Nota-se então, que as
principais características esperadas de um programa de prospecção são alcançadas
com o uso destes processos. Há, em todos eles, a possibilidade de se obter uma visão
pontual do subsolo.

3.1.1 Poços e Trincheiras

Os poços são perfurações manuais de seção circular com o auxílio de pás e


picaretas. Para que haja facilidade de escavação, o diâmetro mínimo deve ser da
ordem de 60 cm. A profundidade atingida é limitada pela presença do nível d’água ou
desmoronamento, quando então se faz necessário revestir o poço.
Os poços permitem um exame visual das camadas do subsolo e de suas
características de consistência e compacidade, por meio do perfil exposto em suas
paredes. Permitem também a coleta de amostras indeformadas, em forma de blocos.
As trincheiras são valas profundas de seção retangular, feitas mecanicamente
com o auxílio de escavadeiras. Permitem um exame visual continuo do subsolo,
segundo uma direção e, tal como nos poços, podem-se colher amostras
indeformadas.

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Figura 3 – Processo direto - Poços

Fonte: Peixoto, 2018.

Figura 4 - Coleta de amostras indeformadas

Fonte: Moura, 2016

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3.1.2 Sondagem a Trado

A sondagem com o uso do trado é uma investigação simples, rápida e


econômica. É um equipamento manual de perfuração é composto por hastes de aço,
uma cruzeta para aplicar o torque e o trado propriamente dito, que pode ser de vários
formatos.
As informações obtidas são apenas do tipo de solo, espessura de camada e
posição do lençol freático. As amostras colhidas são deformadas e situam-se acima
do nível d’água. Por ser um processo geralmente manual (existem equipamentos
mecânicos) e certos tipos de solos serem de perfuração difícil, o uso do equipamento
tem suas limitações. É o caso de areias compactas, argila dura e pedregulho. A
profundidade atingida e da ordem dos 10 m. É bastante usado em reconhecimento
preliminar, principalmente de áreas de empréstimo.

Figura 5 – Trados manuais

Fonte: Gonçalves, 2014.

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Figura 6 – Perfuração com trado manual

Fonte: Peixoto, 2018.

Figura 7 – Perfuração com trado mecanizado

Fonte: Peixoto, 2018.

3.1.3 SPT – Standard Penetration Test

Segundo Bueno e Vilar (1979) o método de sondagem, à percussão, é o mais


empregado no Brasil, principalmente em prospecção do subsolo para fins de
fundação. Dentre as vantagens que apresenta, podem-se enumerar:
 O baixo custo
 Simplicidade de execução

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 Possibilidade de colher amostras
 Determinação da posição do lençol freático
 Obtenção de informações de consistência e compacidade dos solos.

A sondagem executada por meio de uma perfuração no terreno, acompanhada


da extração de amostras, permite, em geral, a obtenção do perfil estratigráfico do
subsolo.
Gonçalves (2014) acrescenta que o SPT (Standard Penetration Test) é uma
sondagem a percussão que pode ser realizada em locais de difícil acesso, permite a
coleta de amostras, estimar a resistência da camada e o nível do lençol freático.
O equipamento é simples, conforme ilustra a Figura 8, composto de tripé com
sarrilho, roldana, cabo, hastes, trado, trépano, martelo (65kg), amostrador padrão e
bomba d’água.

Figura 8 – Equipamento SPT

Fonte: Gonçalves, 2014.

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A NBR 6484 (2001) - Solo - Sondagens de simples reconhecimento com SPT -
Método de ensaio define:
 SPT (Standard Penetration Test): Abreviatura do nome do ensaio pelo qual
se determina o índice de resistência à penetração (N).
 N: Abreviatura do índice de resistência à penetração do SPT, cuja
determinação se dá pelo número de golpes correspondente à cravação de 30
cm do amostrador-padrão, após a cravação inicial de 15 cm, utilizando-se corda
de sisal para levantamento do martelo padronizado.
 Aparelhagem padrão:
o torre com roldana;
o tubos de revestimento;
o composição de perfuração ou cravação;
o trado-concha ou cavadeira;
o trado helicoidal;
o trépano de lavagem;
o amostrador-padrão;
o cabeças de bateria;
o martelo padronizado para a cravação do amostrador;
o baldinho para esgotar o furo;
o medidor de nível d’água;
o metro de balcão;
o recipientes para amostras;
o bomba d’água centrífuga motorizada;
o caixa d’água ou tambor com divisória interna para decantação;
o ferramentas gerais necessárias à operação da aparelhagem.

I De acordo com Gonçalves (2014) o SPT tem duas etapas básicas, a perfuração
M e o ensaio, propriamente dito. Após a limpeza do terreno e locação do furo, a
P perfuração da sondagem é realizada com trado. Quando o avanço for impenetrável
O ao trado ou se atingir o nível d’água a sondagem é realizada por percussão.
R Crava-se o tubo de revestimento para evitar fechamento do furo. O solo é
T escavado pela percussão, queda e torção sucessiva, do trépano e os detritos
A
formados são retirados por circulação de água.
N
T A sondagem termina ao atingir a profundidade desejada ou quando atingir a
E condição de impenetrável a percussão. O registro do nível d’água deve ser feito no
dia seguinte ao ensaio para evitar a influência da circulação de água.

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O ensaio é executado a cada metro e a partir de 1 metro de profundidade.
Portanto, a perfuração é interrompida para execução do ensaio. O ensaio consiste em
cravar o amostrador padrão por golpes do martelo (65kg) caindo a 75cm de altura.
O amostrador é cravado 45 cm no solo, sendo anotado o número de golpes
necessários para cravar cada 15cm do amostrador. O índice de resistência a
penetração (NSPT) é o número de golpes necessários para cravar os últimos 30 cm
do amostrador.
O índice de resistência à penetração, ou número N, como é comumente
chamado, indica o estado de compacidade e consistência dos solos. A Tabela 2 da
NBR 6484 (2001) fornece a compacidade e a consistência dos solos, em função de
N.
Em solos muito moles a resistência pode ser tão baixa que não resista nem a
um golpe. Neste caso, encosta-se o martelo na composição das hastes e anota-se até
que profundidade a haste e o martelo penetram somente com o peso estático do
conjunto. As amostras são coletadas a cada metro e caracterizadas.

Figura 9 - Tabela dos estados de compacidade e de consistência

Fonte: NBR 6484, 2001.

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Figura 10 – Exemplo de resultado de sondagem SPT

Fonte: Gonçalves, 2014.

 SAIBA MAIS!
Assista ao vídeo: SONDAGEM - O que é e quais são os tipos?
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1Lt64z7ZQQU

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3.2 Prospecção por Processos Semidiretos

Fornecem apenas características mecânicas dos solos prospectados. Os


valores obtidos, por meio de correlações indiretas, possibilitam informações sobre a
natureza dos solos.

3.2.1 Vane Test

O Vane test ou ensaio de palheta foi originalmente desenvolvido por


engenheiros escandinavos, para medir a resistência ao cisalhamento não drenada de
argilas "in situ". O ensaio consiste na cravação de uma palheta e em medir o torque
necessário para cisalhar o solo, segundo uma superfície cilíndrica de ruptura, que se
desenvolve ao redor da palheta, quando se aplica ao aparelho uma velocidade
constante.

3.2.2 Cone de Penetração Estática

O ensaio de penetração estática do cone foi desenvolvido na Holanda com o


propósito de simular a cravação de estacas. O aparelho consta de um cone móvel,
com um angulo no vértice de 60°, com área transversal de 10 cm². O cone é acionado
por hastes metálicas. O esforço estático de cravação é transmitido por macacos
hidráulicos, situados à superfície e ancorados no terreno.
A Figura 11 mostra a forma esquemática de aplicação e medição das cargas e
um corte transversal do cone. A resistência lateral é obtida pela diferença entre a
resistência total, correspondente ao esforço estático necessário, para penetração do
conjunto, numa extensão de aproximadamente 25 cm, e a resistência de ponta,
quando se crava somente a ponta móvel do cone num comprimento de 4 cm,
aproximadamente.

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Figura 11 – Ensaio de penetração contínua

Fonte: Bueno e Vilar (1979)

3.3 Prospecção por Processos Indiretos

Quando as propriedades do solo são obtidas por estimativas. São processos


de base geofísica. Não fornecem os tipos de solos prospectados, mas as correlações
entre estes e suas resistividades elétricas ou suas velocidades de propagação de
ondas sonoras
.
3.3.1 Resistividade Elétrica

Este processo fundamenta-se no princípio de que os diferentes materiais do


subsolo possuem valores característicos de resistividade elétrica. Os dispositivos de
medida na determinação da resistividade são constituídos de quatro eletrodos
colocados na superfície do terreno. Os dois eletrodos externos, de corrente, são
conectados a uma bateria e a um amperímetro. Os centrais, de potencial, são ligados
a um voltímetro.
A área abrangida pelo campo elétrico induzido é função do espaçamento entre
os eletrodos. Quanto maior este espaçamento maior será a área e,
consequentemente, maior será também a profundidade atingida. Portanto, o perfil
estratigráfico de um subsolo pode ser obtido, variando-se o espaçamento L entre os
eletrodos, continuamente, e registrando-se a resistividade elétrica.

20
Figura 12 – Processo Indireto - Resistividade elétrica

Fonte: Bueno e Vilar (1979)

3.3.2 Sísmica de Refração

Os processos de geofísica à base de sísmica de refração apoiam-se no


princípio de que a velocidade de propagação de ondas sonoras em corpos elásticos
é função, entre outros, do módulo de elasticidade do material, de seu coeficiente de
Poisson e de sua massa especifica. Produzindo-se uma emissão sonora do terreno,
por meio de explosivos ou pancadas, registra-se em geofones instalados, à superfície,
o tempo gasto entre a explosão e o da chegada das ondas aos geofones.

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4. PROBLEMAS EM FUNDAÇÕES

Segundo Milititsky et al. (2008), a investigação do subsolo é a causa mais


frequente de problemas em fundações. Na medida em que o solo é o meio que vai
suportar as cargas, sua identificação e a caracterização de seu comportamento são
essenciais à solução de qualquer problema.
No Brasil, o programa preliminar é normalmente desenvolvido com base em
ensaios de SPT. O programa complementar depende das condições geotécnicas e
estruturais do projeto, podendo envolver tanto ensaios de campo (cone, piezocone,
pressiômetro, palheta, sísmica superficial, etc) como de laboratório (adensamento,
triaxiais, cisalhamento direto, entre outros).
Assim, os solos de comportamentos especiais (colapsíveis, expansivos, em
adensamento) podem ter sua ocorrência prevista ainda em fase preliminar, definindo
os ensaios necessários à caracterização de seu comportamento e sua influência nas
fundações.
A ocorrência de patologias em obras civis decorrentes de problemas em
fundações tem sido observada e reportada com frequência tanto na prática nacional
como internacional. Alguns casos clássicos, como o da Torre de Pisa e o da Cidade
do México, fizeram a fama de determinados monumentos e locais, tendo sido
extensivamente estudados e apresentados em publicações de divulgação e técnicas.
No Brasil, as edificações de Santos (São Paulo) merecem menção especial
pelos desaprumos apresentados, e têm referências em inúmeras publicações
especializadas.

22
Figura - 13 (A) Torre de Pisa, Itália; (B e C) Cidade de Santos, SP; (D) Litoral de Santa
Catarina

Fonte: Milititsky et al. (2008)

4.1 Termos e Definições

A norma de Projeto e execução de fundações - NBR 6122:2019, apresenta


alguns termos e definições, como:
 Carga de ruptura de uma fundação: Carga que, se aplicada à fundação,
provoca perda do equilíbrio estático ou deslocamentos que comprometem sua
segurança ou desempenho; corresponde à força resistente última (geotécnica)
da fundação. FRU da fundação
ou indireta
 Fundação profunda: Elemento de fundação que transmite a carga ao terreno
ou pela base (resistência de ponta) ou por sua superfície lateral (resistência de
fuste) ou por uma combinação das duas, sendo sua ponta ou base apoiada em
uma profundidade superior a oito vezes a sua menor dimensão em planta e no
mínimo 3,0 m. Neste tipo de fundação incluem-se as estacas e os tubulões.

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 Fundação rasa (direta ou superficial): Elemento de fundação cuja base está
assentada em profundidade inferior a duas vezes a menor dimensão da
fundação, recebendo aí as tensões distribuídas que equilibram a carga
aplicada. Para esta definição adota-se a menor profundidade, caso esta não
seja constante em todo o perímetro da fundação.
 Bloco: Elemento de fundação rasa de concreto ou outros materiais tais como
alvenaria ou pedras, dimensionado de modo que as tensões de tração nele
resultantes sejam resistidas pelo material, sem necessidade de armadura.
 Bloco de coroamento: Bloco estrutural que transfere a carga dos pilares para
os elementos da fundação profunda.
 Estaca: Elemento de fundação profunda executado inteiramente por
equipamentos ou ferramentas, sem que, em qualquer fase de sua execução,
haja trabalho manual em profundidade. Os materiais empregados podem ser:
o Madeira
o Aço
o Concreto pré-moldado
o Concreto moldado in loco
o Argamassa
o Calda de cimento
o Ou qualquer combinação dos anteriores
 Estaca de concreto moldada in loco: Estaca executada preenchendo-se,
com concreto, argamassa ou calda de cimento, perfurações previamente
executadas no terreno, podendo ser total ou parcialmente armada.
 Interação fundação-estrutura: Processos de análise estrutural que
consideram conjuntamente as deformabilidades das fundações e da
superestrutura.
 Atrito negativo: Atrito lateral que solicita estacas ou tubulões quando o
recalque do solo adjacente é maior do que o recalque dos elementos de
fundação. Esse fenômeno ocorre no caso de o solo estar em processo de
adensamento, provocado pelo seu peso próprio, por sobrecargas lançadas na
superfície, por rebaixamento do lençol freático, pelo amolgamento da camada
mole compressível decorrente de execução de estaqueamento etc

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4.2 Ausência de investigação do Subsolo

De acordo com Milititsky et al. (2008) a ausência de investigação do subsolo é


uma prática inaceitável típica de obras de pequeno porte, em geral por motivos
econômicos, mas também presente em obras de porte médio. A normalização vigente
e o bom senso devem nortear o tipo de programa de investigação, o número de
mínimo de furos de sondagem e a profundidade de exploração.
Em mais de 80% dos casos de mau desempenho de fundações de obras
pequenas e médias, a ausência completa de investigação é o motivo da adoção de
solução inadequada. O Quadro 3 resume estas ocorrências.

Quadro 3 – Problemas típicos decorrentes de ausência de investigação para os


diferentes tipos de fundações

Tipo de Fundação Problemas Típicos Decorrentes


 Tensões de contato excessivas, incompatíveis com as
reais características do solo, resultando em recalques
inadmissíveis ou ruptura;
 Fundações em solos/aterros heterogêneos,
provocando recalques diferenciais;
 Fundações sobre solos compressíveis sem estudos
Fundações Diretas de recalques, resultando em grandes deformações;
 Fundações apoiadas em materiais de comportamento
muito diferente, sem junta, ocasionando o
aparecimento de recalques diferenciais;
 Fundações apoiadas em crosta dura sobre solos
moles, sem análise de recalques, ocasionando a
ruptura ou grandes deslocamentos da fundação.
 Estacas de tipo inadequado ao subsolo, resultando
mau comportamento;
 Geometria inadequada, comprimento ou diâmetro
inferiores aos necessários;
Fundações Profundas  Estacas apoiadas em camadas resistentes sobre
solos moles, com recalques incompatíveis com a
obra;
 Ocorrência de atrito negativo não previsto, reduzindo
a carga admissível nominal adotada para a estaca.

Fonte: Milititsky et al. (2008)

25
4.3 Investigação Insuficiente

Realizado o programa de investigação, o mesmo pode se mostrar inadequado


à identificação de aspectos que acabam comprometendo o comportamento da
fundação projetada. Casos típicos deste grupo são os seguintes:

 Número insuficiente de sondagens ou ensaios para áreas extensas ou de


subsolo variado, eventualmente cobrindo diferentes unidades geotécnicas,
causa comum de problemas em obras correntes, pela extrapolação
indevida de informações.

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Figura 14 - Número insuficiente de sondagens: (A) área não investigada com subsolo
distinto;

Figura 14 - Número insuficiente de sondagens: (B) áreas extensas e de subsolo variado;

Fonte: Milititsky et al. (2008)

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 Quando o número de sondagens executadas na fase de investigação é
insuficiente, os matacões podem ser confundidos com a ocorrência de perfil de
rocha contínua, induzindo soluções não compatíveis com o comportamento da
massa de solo.
Matacões são blocos de rocha ainda não decompostos alojados no solo
residual, originados do intemperismo diferencial da rocha, ou mesmo em solos
transportados, no caso de blocos de rochas que deslizam e encostas e se
alojam no solo.

A presença de matacões no subsolo tanto gera problemas de interpretação dos


resultados de sondagens como interfere nos processos construtivos de
fundações superficiais e profundas, dificultando a solução de fundações em
obras de qualquer porte.

Figura 15 - Número insuficiente de investigações: os matacões podem ser confundidos


com a ocorrência de perfil de rocha contínua, (A) perfil real; (B) perfil adotado (interpretação
equivocada)

Fonte: Milititsky et al. (2008)

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Figura 16 – Profundidade de investigação insuficiente

1.

Fonte: Milititsky et al. (2008)

 Profundidade de investigação insuficiente, não caracterizando camadas de


comportamento distinto, em geral de pior desempenho, também solicitadas
pelo carregamento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122:2019: -


Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 2019. 108 p.
______. NBR 6484:2001: Solo - Sondagens de simples reconhecimento com
SPT - Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2001. 17 p.
BUENO, Benedito de Souza; VILAR, Orencio Monje. Mecânica dos Solos. –
Departamento de Geotecnia. Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de
São Paulo. São Paulo, 1979. Vol. 1
GONÇALVES, Heloisa Helena Silva. Mecânica dos solos e fundações.
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2014.
MILITITSKY, J.; CONSOLI, N. C.; SCHMID, F. Patologia das Fundações.
Editora Oficina de Textos. São Paulo, 2008.
MOURA, Ana Paula. Fundações e obras de terra: Investigação do subsolo.
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Minas Gerais, 2016.
PEIXOTO, Isabella. Métodos de investigação geológica. Igeologico. 2018.
Disponível em: http://igeologico.com.br/metodos-de-investigacao-geologica/. Acesso
em: 09 de setembro de 2020.

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