Você está na página 1de 35

MATERIAIS E TÉCNICAS PARA PAVIMENTAÇÃO

ASFÁLTICA

1
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 3
2 MATERIAIS DE BASE, SUB-BASE E REFORÇO DO SUBLEITO ........... 6
2.1 Solos ...................................................................................................... 7
2.1.1 Solos Residuais ................................................................................. 7
2.1.2 Solos Transportados ........................................................................ 10
2.1.2.1 Solos de Aluvião ........................................................................ 11
2.1.2.2 Solos Orgânicos ........................................................................ 11
2.1.2.3 Solos Coluviais .......................................................................... 12
2.1.2.4 Solos Eólicos ............................................................................. 13
2.1.3 Descrição dos Solos ........................................................................ 13
3 PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DOS MATERIAIS DE BASE,
SUB-BASE E REFORÇO DO SUBLEITO ................................................................. 16
3.1 Índice de Suporte Califórnia (California BearingRatio) ......................... 17
3.2 Módulo de Resiliência .......................................................................... 19
4 REVESTIMENTOS ASFÁLTICOS........................................................... 22
4.1 Misturas Usinadas ............................................................................... 23
4.1.1 Misturas a Quente ............................................................................ 24
4.1.2 Misturas a Frio ................................................................................. 26
4.2 Misturas in Situ em Usinas Móveis ...................................................... 26
4.2.1 Lama Asfáltica ................................................................................. 26
4.2.2 Micro Revestimento Asfáltico ........................................................... 27
4.3 Tratamentos Superficiais ..................................................................... 28
5 ESTRUTURAS TÍPICAS DE PAVIMENTOS ASFÁLTICOS .................... 29
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 33

1
NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

2
 INTRODUÇÃO

Para Rossi (2017), a pavimentação tem uma importância muito significativa


para a população. Em um mundo globalizado é impossível não necessitar de vias
pavimentadas para se locomover. Infelizmente, não existe em determinados locais
uma pavimentação adequada, ou, nem mesmo, qualquer tipo de pavimento. É
importante que se entenda que um projeto de pavimentação bem estruturado e bem
executado traz benefícios não só para os motoristas, mas para toda a população.
Conforme Bernucci, Motta, Ceratti e Soares (2006), as estruturas de
pavimentos são sistemas de camadas assentes sobre uma fundação chamada
subleito. O comportamento estrutural depende da espessura de cada uma das
camadas, da rigidez destas e do subleito, bem como da interação entre as diferentes
camadas do pavimento.
A engenharia rodoviária subdivide as estruturas de pavimentos segundo a
rigidez do conjunto:
 Estruturas rígidas
Em geral associados aos pavimentos de concreto de cimento Portland, são
compostos por:
o Camada superficial de concreto de cimento Portland - Placas, armadas ou não;
o Apoiada sobre uma camada de material granular ou de material estabilizado
com cimento - Sub-base;
o Assentada sobre o subleito ou sobre um reforço do subleito.
A Figura 1 mostra uma estrutura-tipo de pavimento de concreto de cimento
Portland e a Figura 2 a execução das placas de concreto de cimento.

3
Figura 1 - Pavimento de concreto de cimento Portland - Estrutura de pavimento-tipo
Fonte: Bernucci, Motta, Ceratti e Soares, 2006.

Figura 2 – Execução de revestimento em concreto de cimento Portland


Fonte: Bernucci, Motta, Ceratti e Soares, 2006.

 Estruturas flexíveis
Em geral associados aos pavimentos asfálticos, são compostos por:
o Camada superficial asfáltica – Revestimento;
o Apoiada sobre camadas de base, de sub-base e de reforço do subleito,
constituídas por materiais granulares, solos ou misturasde solos.
Dependendo do volume de tráfego, da capacidade de suporte do subleito, da
rigidez e espessura das camadas, e condições ambientais, uma ou mais camadas
podem ser suprimidas.

4
A Figura 3 mostra uma estrutura-tipo de pavimento asfáltico e a Figura 4 a
execução.
Figura 3 - Pavimento asfáltico - Estrutura de pavimento-tipo

Fonte: Bernucci, Motta, Ceratti e Soares, 2006.

Figura 4 – Execução de revestimento asfáltico

Fonte: Bernucci, Motta, Ceratti e Soares, 2006.

Os revestimentos das estruturas de pavimento em geral são submetidos a


esforços de compressão e de tração devidos à flexão, ficando as demais camadas
submetidas principalmente à compressão. Em certos casos, uma camada subjacente
ao revestimento pode ser composta por materiais estabilizados quimicamente de

5
modo a proporcionar coesão e aumentar sua rigidez, podendo resistir a esforços de
tração. Embora possuam coesão, as camadas de solos finos apresentam baixa
resistência à tração, diferentemente dos materiais estabilizados quimicamente.
Nos pavimentos asfálticos, a razão da rigidez do revestimento em relação às
demais camadas granulares não é tão elevada como no caso do revestimento de
concreto de cimento Portland, fazendo com que as tensões sejam compartilhadas
entre as diversas camadas, proporcionalmente à rigidez (material e geometria). Neste
caso as cargas de superfície são distribuídas numa área mais restrita.
O pavimento deve ser dimensionado para o tráfego previsto no período de
projeto e para as condições climáticas a que estará sujeito. As diferentes camadas
devem resistir aos esforços solicitantes e transferi-los, por sua vez, às camadas
subjacentes.
As tensões e deformações as quais a estrutura está sujeita dependem
principalmente da espessura das camadas e da rigidez dos materiais. Se a estrutura
estiver bem projetada para as cargas que atuarão e bem construída, essas cargas
gerarão deslocamentos que não provocam ruptura ou deformação excessiva após
uma única passada de roda ou algumas poucas solicitações.

 MATERIAIS DE BASE, SUB-BASE E REFORÇO DO SUBLEITO

Segundo Bernucci, Motta, Ceratti e Soares (2006), para os materiais de base,


sub-base e reforço do subleito, empregam-se:

6
 Métodos de seleção: Etapa preliminar que consiste em averiguar os materiais
disponíveis quanto às características de natureza para serem empregados na
estrutura dos pavimentos
 Métodos de caracterização de propriedades:As características de natureza
interferem nas propriedades geotécnicas no estado compactado.
Os materiais de pavimentação compactados devem apresentar-se resistentes, pouco
deformáveis e com permeabilidade compatível com sua função na estrutura.
Os materiais são basicamente constituídos por agregados, solos e,
eventualmente, aditivos como cimento, cal, emulsão asfáltica, entre outros.

o Solos
De acordo com DENIT (2006), define-se solo, geologicamente, como o material
resultante da decomposição das rochas pela ação de agentes de intemperismo.
No âmbito da engenharia rodoviária, considera-se solo todo tipo de material
orgânico ou inorgânico, inconsolidado ou parcialmente cimentado, encontrado na
superfície da terra.
Em outras palavras, considera-se como solo qualquer material que possa ser
escavado com pá, picareta, escavadeiras, etc., sem necessidade de explosivos.
Com base na origem dos seus constituintes, os solos podem ser divididos em
dois grandes grupos:
 Solo residual: Se os produtos da rocha intemperizada permanecem ainda no
local em que se deu a transformação;
 Solo transportado: Quando os produtos de alteração foram transportados por
um agente qualquer, para local diferente ao da transformação.

 Solos Residuais
Todos os tipos de rocha formam solo residual. Sua composição depende do
tipo e da composição mineralógica da rocha original que lhe deu origem. Por exemplo:
 A decomposição de basaltos forma um solo típico conhecido como terra-roxa,
de cor marrom-chocolate e composição argilo-arenosa;
 A desintegração e a decomposição de arenitos ou quartzitos irão formar solos
arenosos constituídos de quartzo.
 Rochas metamórficas do tipo filito (constituído de micas) irão formar um solo
de composição argilosa e bastante plástico.

7
O Quadro 1 apresenta alguns exemplos.
Quadro 1 - Decomposição de rochas

Tipo de rocha Composição mineral Tipo de solo Composição


plagioclásio argiloso
basalto argila
piroxênios (pouca areia)
quartzito quartzo arenoso quartzo
Micas
filitos argiloso argila
(sericita)
quartzo
areno-argiloso quartzo e argila
granito feldspato
(micáceo) (micáceo)
mica
calcário calcita argila

Fonte: DENIT, 2006.

Não existe um contato ou limite direto e brusco entre o solo e a rocha que o
originou. A passagem entre eles é gradativa e permite a separação de pelo menos
duas faixas distintas, aquela logo abaixo do solo propriamente dito, que é chamada
de solo de alteração de rocha, e uma outra acima da rocha, chamada de rocha
alterada ou rocha decomposta (Figura 5).

8
Figura 5 - Perfil resultante da decomposição das rochas

Fonte: DENIT, 2006.

 O solo residual é subdividido em maduro e jovem, segundo o grau de


decomposição dos minerais. É um material que não mostra nenhuma relação com a
rocha que lhe deu origem, não se consegue observar restos da estrutura da rocha
nem de seus minerais.
 O solo de alteração de rocha já mostra alguns elementos da rocha-matriz,
como linhas incipientes de estruturas ou minerais não decompostos.
 A rocha alterada é um material que lembra a rocha no aspecto, preservando
parte da sua estrutura e de seus minerais, porém com um estágio de dureza ou
resistência inferior ao da rocha.
 A rochasã é a própria rocha inalterada.
As espessuras das quatro faixas descritas são variáveis e dependem das
condições climáticas e do tipo de rocha.
A ação intensa do intemperismo químico nas áreas de climas quentes e úmidos
provoca a decomposição profunda das rochas com a formação de solos residuais,
cujas propriedades dependem fundamentalmente da composição e tipo de rocha
existente na área.

9
 Solos Transportados

Segundo DENIT (2006), os solos transportados formam geralmente depósitos


mais inconsolidados e fofos que os residuais, e com profundidade variável.
Nos solos transportados, distingue-se uma variedade especial que é o solo
orgânico, no qual o material transportado está misturado com quantidades variáveis
de matéria orgânica decomposta, que em quantidades apreciáveis, forma as turfeiras.
Como exemplo, tem-se o trecho da Via Dutra, próximo a Jacareí, em São Paulo,
apresentando sempre danos no pavimento.
O solo residual é mais homogêneo do que o transportado no modo de ocorrer,
principalmente se a rocha matriz for homogênea. Por exemplo, uma área de granito
dará um solo de composição areno-siltosa, enquanto uma área de gnaisses e xistos
poderá exibir solos areno-siltosos e argilo-siltosos, respectivamente.
De acordo com a capacidade do agente transportador, o solo transportado,
pode exibir grandes variações laterais e verticais na sua composição.
Por exemplo: um riacho que carregue areia fina e argila para uma bacia poderá,
em períodos de enxurrada, transportar também cascalho, provocando a presença
desses materiais intercalados no depósito.
A Figura 6 ilustra um local de solos transportados.
Figura 6 - Local de solos transportados

Fonte: DENIT, 2006.

10
Entre os solos transportados, destaca-se, de acordo com o agente
transportador, os seguintes tipos: de aluvião, orgânicos, coluviais eeólicos.

 Solos de Aluvião

Os materiais sólidos que são transportados e arrastados pelas águas e


depositados nos momentos em que a corrente sofre uma diminuição na sua
velocidade constituem os solos aluvionares ou aluviões.
Os depósitos de aluvião podem aparecer de duas formas distintas:
 Em terraços, ao longo do próprio vale do rio;
 Na forma de depósitos mais extensos, constituindo as planícies de inundação.
Como exemplos de depósitos de aluvião, citam-se os depósitos de argila
cerâmica nos banhados da área de Avanhandava, Rio Tietê em São Paulo, e os de
cascalho, usados como agregado natural para concreto, encontrados ao longo do Rio
Paraná.
A melhor fonte de indicação de áreas de aluvião, de várzeas e planícies de
inundação é a fotografia aérea. Embora os solos que constituem os aluviões sejam,
fonte de materiais de construções, são, por outro lado, péssimos materiais de
fundações.

 Solos Orgânicos

Os locais de ocorrência de solos orgânicos são em áreas topográficas e


geograficamente bem caracterizadas:

 Em bacias e depressões continentais;


 Nas baixadas marginais dos rios;
 Nas baixadas litorâneas.
Como exemplo dessas ocorrências, tem-se no estado de São Paulo a faixa ao
longo dos rios Tietê e Pinheirose na Baixada do Rio Ribeira, nas cidades de Santos e
no Rio de Janeiro.
Para a abertura da Linha Vermelha no Rio de Janeiro, que atravessa região de
manguezais com grandes espessuras de argila orgânica, foi necessário a construção

11
de uma laje de concreto apoiada em estacas para servir de infraestrutura ao
pavimento. Na Figura 7, é apresentado um exemplo de processo construtivo de
rodovia sobre solos orgânicos.

Figura 7 - As bases sucessivas da construção de rodovia na baixada


Fonte: DENIT, 2006.

 Solos Coluviais

Os depósitos de coluvião, também conhecidos por depósitos de tálus, são


aqueles solos cujo transporte deve-se exclusivamente à ação da gravidade (Figura 8).
São de ocorrência localizada, situando-se abaixo de elevações, encostas, etc.
Os depósitos de tálus são comuns ao longo de rodovias na Serra do Mar, no
Vale do Paraíba, etc. A composição desses depósitos depende do tipo de rocha
existente nas partes mais elevadas. A existência desses solos normalmente é
desvantajosa para projetos de engenharia, pois são materiais inconsolidados,
permeáveis, sujeitos a escorregamentos, etc.

12
Figura 8 - Depósitos de tálus

Fonte: DENIT, 2006.

 Solos Eólicos

São de destaque, apenas os depósitos ao longo do litoral, onde formam as


dunas. O problema desses depósitos existe na sua movimentação. Como exemplo,
temos os do estado do Ceará, e os de Cabo Frio no Rio de Janeiro.

 Descrição dos Solos

Bernucci, Motta, Ceratti e Soares (2006) apresenta que, para a seleção e a


caracterização dos agregados, emprega-se tecnologia tradicional, pautada
principalmente na distribuição granulométrica e na resistência, forma e durabilidade
dos grãos. Para os materiais constituídos essencialmente de agregados graúdos e de
agregados miúdos, prevalecem as propriedades dessas frações granulares.
De acordo com o descrito pelo DENIT (2006) os solos serão identificados por
sua textura (composição granulométrica), plasticidade, consistência ou compacidade,
citando-se outras propriedades que auxiliam sua identificação, como: estrutura, forma
dos grãos, cor, cheiro, friabilidade, presença de outros materiais (conchas, materiais
vegetais, micas, etc).

13
Sob o ponto de vista de identificação, a textura, é uma das mais importantes
propriedades dos solos,mesmo que não seja suficiente para definir e caracterizar o
comportamento geral desses materiais.
No caso de solos de granulação fina, a presença da água entre os grãos, em
maior ou menor quantidade, confere ao solo um comportamento diverso sob ação de
cargas, enquanto os solos de granulação grossa praticamente não são afetados
presença de água.
Para fins de terminologia é, ainda, uma tradição a divisão dos solos, sob o ponto
de vista exclusivamente textural, em frações diversas, cujos limites convencionais
superiores e inferiores das dimensões variam conforme o critério e as necessidades
das organizações tecnológicas e normativas.
O DNIT adota a seguinte escala granulométrica, considerando as seguintes
frações de solo:
 Pedregulho:É a fração do solo que passa na peneira de (3") e é retida na
peneira de 2,00 mm (nº 10);
 Areia:É a fração do solo que passa na peneira de 2,00 mm (nº 10) e é retida
na peneira de 0,075 mm (nº 200);
 Areia grossa:É a fração compreendida entre as peneiras de 2,0 mm (nº 10) e
0,42 mm (nº 40);
 Areia fina:É a fração compreendida entre as peneiras de 0,42 mm (nº 40) e
0,075 mm (nº 200);
 Silte:É a fração com tamanho de grãos entre a peneira de 0,075 mm (nº 200)
e 0,005 mm;
 Argila:É a fração com tamanho de grãos abaixo de 0,005 mm (argila coloidal é
a fração com tamanho de grãos abaixo de 0,001 mm).
Na natureza, os solos se apresentam, quase sempre, compostos de mais de
uma das frações acima definidas. Uma dada fração, nesses casos, pode influir de
modo marcante no comportamento geral dos solos (principalmente os naturais). Deve-
se então levar em conta todas as propriedades, além da distribuição granulométrica.
Sob esse aspecto empregam-se as seguintes denominações:
 Areias e Pedregulhos(solos de comportamento arenoso): São solos de
granulação grossa, com grãos de formas cúbicas ou arredondadas, constituídos
principalmente de quartzo (sílica pura). Seu comportamento geral pouco varia com a
quantidade de água que envolve os grãos. São solos praticamente desprovidos de

14
coesão: sua resistência à deformação depende fundamentalmente de entrosamento
e atrito entre os grãos e da pressão normal (à direção da força de deformação) que
atua sobre o solo.
 Siltes: São solos intermediários, podendo tender para o comportamento
arenoso ou para o argiloso, dependendo da sua distribuição granulométrica, da forma
e da composição mineralógica de seus grãos. Assim, usar-se-ão as designações de
silte arenoso ou silte argiloso, conforme a tendência preferencial de comportamento.
 Argilas (solos de comportamento argiloso): São solos de granulação fina,
com grãos de formas lamelares, alongadas e tubulares (de elevada superfície
específica*), cuja constituição principal é de minerais argílicos: caulinita, ilita e
montmorilonita, isto é, silicatos hidratados de alumínio e/ou ferro e magnésio, que
formam arcabouços cristalinos constituídos de unidades fundamentais. Devido à
finura, forma e composição mineralógica de seus grãos, o comportamento geral das
argilas varia sensivelmente com a quantidade de água que envolve tais grãos. Assim,
apresentam esses solos em determinada gama de umidade, características
marcantes de plasticidade, permitindo a mudança de forma (moldagem) sem variação
de volume, sob a ação de certo esforço. Sua coesão é função do teor de umidade:
quanto menos úmidas (mais secas), maior a coesão apresentada, podendo variar o
valor da coesão (do estado úmido ao seco), numa dada argila, entre limites bem
afastados.

*Superfície específica é a superfície por unidade de volume ou de massa da


partícula.

Nessa base de considerações poder-se-á ter um mesmo solo designado de


duas maneiras diversas, conforme o critério adotado:
 Silte argilo-arenoso - ponto de vista exclusivamente textural: Indicando
predominância, em peso, da fração silte, seguida da fração argila, e em menor
proporção, a fração areia;
 Argila silto-arenosa - ponto de vista de comportamento geral: A fração
argila impõe suas propriedades ao conjunto, mesmo quando não predominante em
peso.

15
 PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DOS MATERIAIS DE BASE, SUB-
BASE E REFORÇO DO SUBLEITO

Segundo Bernucci, Motta, Ceratti e Soares (2006) para o dimensionamento de


estruturas de pavimentos, utilizam-se no país principalmente dois parâmetros de
caracterização mecânica:
 Índice de Suporte Califórnia (ISC);
 Módulo de Resiliência (MR).
Dentre as propriedades físicas e mecânicas de maior interesse no campo
rodoviário, o DENIT destaca as seguintes:
 Permeabilidade:É a propriedade que os solos apresentam de permitir a
passagem da água sob a ação da gravidade ou de outra força. É medida pelo valor
do coeficiente de permeabilidade (k), que é definido como a velocidade de
escoamento de água, através da massa do solo, sob a ação de um gradiente
hidráulico unitário. Esse coeficiente pode ser determinado, no campo ou no
laboratório. A permeabilidade de um solo é função, principalmente, do seu índice de
vazios, do tamanho médio dos seus grãos e da sua estrutura.Os pedregulhos e as
areias são razoavelmente permeáveis; as argilas, ao contrário, são pouco permeáveis.
 Capilaridade:É a propriedade que os solos apresentam de poder absorver
água por ação da tensão superficial, inclusive opondo-se à força da gravidade. A altura
que a água pode atingir num solo, pela ação capilar, é função inversa do tamanho
individual dos vazios e, portanto, do tamanho das partículas do solo. No processo de
ascensão capilar, à medida que a água sobe a velocidade diminui. A altura de
ascensão capilar nos pedregulhos e nas areis grossas é desprezível, nas areias finas
é de poucos centímetros e nas argilas pode atingir a vários metros.
 Compressibilidade:É a propriedade que os solos apresentam de se deformar,
com diminuição de volume, sob a ação de uma força de compressão. Manifesta-se,
quer na compactação dos solos não saturados, quer no adensamento ou consolidação
dos solos saturados. No caso da compactação, a redução de vazios dá-se à custa da
expulsão de ar, enquanto no adensamento, faz-se pela expulsão da água. A
velocidade de adensamento de um solo saturado é função de sua permeabilidade.
Nos solos arenosos, o adensamento é rápido; nos argilosos é lento, podendo
prolongar-se por muitos anos quando se tratar de argilas moles ou muito moles.

16
 Elasticidade:É a propriedade que os solos apresentam de recuperar a forma
primitiva cessado o esforço deformante; não sendo os solos perfeitamente elásticos,
tal recuperação é parcial. Para cargas transientes ou de curta duração, como as do
tráfego, verifica-se a recuperação quase completa das deformações do subleito e do
pavimento, desde que aquele tenha sido compactado convenientemente e este,
dimensionado de modo a evitar deformações plásticas de monta. A repetição de
deformações elásticas excessivas nos pavimentos resulta em fissuramento dos
revestimentos betuminosos (ruptura por fadiga). As deformações elásticas dos
subleitos têm sido chamadas de resilientes, visto dependerem de fatores que não se
costumam associar ao comportamento de outros materiais de construção (aço,
concreto, etc). No caso dos solos, aqueles fatores incluem a estrutura e as proporções
das três fases (sólida, líquida e gasosa) logo após a compactação do subleito e
durante a vida útil do pavimento.
 Contratilidade e expansibilidade:São propriedades características da fração
argila e, por isso, mais sensíveis nos solos argilosos. Contratilidade é a propriedade
dos solos terem seu volume reduzido por diminuição de umidade. Expansibilidade é a
propriedade de terem seu volume ampliado por aumento de umidade.
 Resistência ao cisalhamento: A ruptura das massas de solo dá-se por
cisalhamento, isto é, por deformação distorcional.

o Índice de Suporte Califórnia (California BearingRatio)

O ensaio para a determinação do Índice de Suporte Califórnia, com abreviatura


de ISC em português e CBR em inglês, foi concebido no final da década de 1920 para
avaliar o potencial de ruptura do subleito, uma vez que era o defeito mais
frequentemente observado nas rodovias do estado da Califórnia naquele período. O
ensaio foi concebidopara avaliar a resistência do material frente a deslocamentos
significativos, sendo obtida por meio de ensaio penetro métrico em laboratório.
Foram selecionados os melhores materiais granulares de bases de pavimentos
com bom desempenho à época da pesquisa de campo californiana e a média de
resistência à penetração no ensaio ISC foi estabelecida como sendo o valor de
referência ou padrão, equivalente a 100%.

17
A resistência no ensaio ISC é uma resposta que combina indiretamente a
coesão com o ângulo de atrito do material. O ISC é expresso em porcentagem, sendo
definido como a relação entre a pressão necessária para produzir uma penetração de
um pistão num corpo-de-prova de solo ou material granular e a pressão necessária
para produzir a mesma penetração no material padrão referencial.
O ensaio ISC, cujo procedimento éregido no Brasil pela norma DNER-ME
049/94, consiste de forma sucinta nas seguintes etapas:
 Moldagem do corpo-de-prova:Solo ou material passado na peneira ¾”,
compactado na massa específica e umidade de projeto, em um molde cilíndrico de
150mm de diâmetro e 125mm de altura, provido de um anel complementar de
extensão com 50mm de altura – Figura 9(a);
 Imersão do corpo-de-prova:Imerge-se o cilindro com a amostra compactada
dentro, em um depósito cheio d’água, durante quatro dias. Durante todo o período de
imersão é empregada uma sobrecarga-padrão de 10lbs sobre o corpo-de-prova, que
corresponde a 2,5 polegadas de espessura de pavimento sobre o material. Fazem-se
leituras por meio de um extensômetro, a cada 24 horas, calculando-se a expansão
axial do material em relação à altura inicial do corpo-de-prova – Figura 9(b);
 Penetração do corpo-de-prova: Feita através do puncionamento na face
superior da amostra por um pistão com aproximadamente 50mm de diâmetro, sob
uma velocidade de penetração de 1,25mm/min – Figura 9(c). Anotam-se, ou
registram-se no caso de equipamento automatizado, as pressões do pistão e os
deslocamentos correspondentes, de forma a possibilitar a plotagem de uma curva
pressão-penetração, na qual se definem os valores de pressão correspondentes a
2,54mm (P0,1”) e 5,08mm (P0,2”). Estas curvas de pressão-penetração devem possuir
um primeiro trecho praticamente retilíneo, característico de fase elástica, seguido de
um trecho curvo, característico de fase plástica. Inflexão no início da curva tem
significado de problemas técnicos de ensaio e essas curvas devem ser corrigidas –
sugere-se leitura das referências bibliográficas já mencionadas para esses detalhes
de ensaio.

18
Figura 9 - Etapas do ensaio ISC

Fonte: Bernucci, Motta, Ceratti e Soares, 2006.

O ISC é calculado para as penetrações de 2,54mm e 5,08mm seguindo as


expressões:

Nas expressões os valores 70 e 105 correspondemaos valores de pressão


padrão do material de referência à penetração de 0,1” e 0,2”. O ISC é o maior valor
entre os dois calculados ISC0,1” e ISC0,2”.

o Módulo de Resiliência
Devido à importância dos trincamentos e das rupturas por cargas repetidas, em
1938, o laboratório do Departamento de Transportes da Califórnia iniciou uma série
de medidas em campo dos deslocamentos verticais dos pavimentos causados pela
ação da passagem rápida de cargas de rodas. Essas medidas foram realizadas por
meio de aparelhos elétricos colocados dentro dos pavimentos. Esse tipo de
deslocamento vertical passou aser denominado de deflexão. A deflexão é um termo
aplicado para movimentos verticais transientes, quando o pavimento está sujeito à

19
carga de rodas. Cessada a ação da carga, a deflexão do pavimento é recuperada
rapidamente.
O material responde a uma dada solicitação com um deslocamento. Parcela
desse deslocamento é permanente, não-recuperável, e parcela é resiliente,
recuperável quando cessa a ação da solicitação.
Para a determinação do módulo de resiliência de materiais de pavimentação,
têm-se utilizado equipamentos de carga repetida em laboratório. A Figura 10 mostra
um exemplo de equipamento triaxial de cargas repetidas e um desenho esquemático
da montagem do corpo-de-prova dentro da célula tri axial. Na Figura 10(a) mostra-se
um esquema do equipamento e seus componentes principais conforme usado em
alguns laboratórios do país. A Figura 10(b) mostra um exemplo de equipamento de
resiliência.
O material a ser ensaiado é compactado nas condições de estado
representativas do projeto e obra, com altura de pelo menos duas vezes o diâmetro.
Tem-se empregado normalmente corpos-de-prova de 100mm de diâmetro e 200mm
de altura para solo,solo-cimento, misturas solo-agregado etc. e para algumas britas
graduadas simples ou tratadas com cimento ou ainda solo-brita-cimento, dependendo
do diâmetro máximo dos agregados, devem ser usados corpos-de-prova de 150mm
de diâmetro por 300mm de altura.

20
Figura 10 - Esquema e exemplo de equipamento de ensaio triaxial de carga repetida

Fonte: Bernucci, Motta, Ceratti e Soares, 2006.

A aplicação de carga é semisenoidal por se aproximar da forma de


carregamento correspondente à passagem de roda. O tempo de duração de aplicação
total de carga é de 0,1 segundo e o repouso de 0,9 segundo. São utilizadas diferentes
tensões de confinamento σ3, dada por pressão de ar dentro da célula, e tensões

21
solicitantes σ1, aplicadas por célula de carga. A Figura 11(a) mostra de forma
esquemática as tensões aplicadas ao corpo-de-prova no carregamento. Uma
combinação variada de tensões é normalmente aplicada. A Figura 11(b) representa
os deslocamentos do corpo-de-prova durante ciclos de repetição de carga. Uma
parcela é deslocamento recuperável e a outra é acumulada ou permanente. É
desejável que os deslocamentos permanentes sejam de pequena magnitude. Os
deslocamentos são medidos por transdutores mecânicos eletromagnéticos ao longo
de uma determinada altura ou espessura (L) do corpo-de-prova.
Módulo de resiliência (MR) em MPa é o módulo elástico obtido em ensaio
triaxial de carga repetida cuja definição é dada pela expressão:

Figura 11 - Tensões aplicadas e deslocamentos no ensaio de carga repetida

Fonte: Bernucci, Motta, Ceratti e Soares, 2006.

 REVESTIMENTOS ASFÁLTICOS

22
Segundo Callejas, Durante e Rosseti (2015), o material mais utilizado para
pavimentação do meio urbano no Brasil é o pavimento asfáltico, tipo de pavimento
que contribui para o aumento das temperaturas ambientais nos locais em que é
aplicado devido a suas características termo físicas.
Segundo Bernucci, Motta, Ceratti e Soares (2006), na maioria dos pavimentos
brasileiros usa-se como revestimento uma mistura de agregados minerais, de vários
tamanhos, podendo também variar quanto à fonte, com ligantes asfálticos que, de
forma adequadamente proporcionada e processada, garanta ao serviço executado os
requisitos de impermeabilidade, flexibilidade, estabilidade, durabilidade, resistência à
derrapagem, resistência à fadiga e ao trincamento térmico, de acordo com o clima e
o tráfego previstos para o local.
O material de revestimento pode ser fabricado em usina específica (misturas
usinadas), fixa ou móvel, ou preparado na própria pista (tratamentos superficiais). Os
revestimentos são também identificados quanto ao tipo de ligante: a quente com o uso
de CAP, ou a frio com o uso de EAP. As misturas usinadas podem ser separadas
quanto à distribuição granulométrica em: densas, abertas, contínuas e descontínuas.

o Misturas Usinadas

A mistura de agregados e ligante é realizada em usina estacionária e


transportada posteriormente por caminhão para a pista, onde é lançada por
equipamento apropriado, denominado vibro acabadora. Em seguida é compactada,
até atingir um grau de compressão tal que resulte num arranjo estrutural estável e
resistente, tanto às deformações permanentes quanto às deformações elásticas
repetidas da passagem do tráfego.
Um dos tipos mais empregados no Brasil é o concreto asfáltico (CA) também
denominado concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ). Trata-se do produto da
mistura convenientemente proporcionada de agregados de vários tamanhos e cimento
asfáltico, ambos aquecidos em temperaturas previamente escolhidas, em função da
característica viscosidade-temperatura do ligante.As misturas asfálticas a quente
também sedividem em grupos específicos em função da granulometria dos
agregados, como se verá mais adiante.
As misturas asfálticas também podem ser separadas em grupos específicos
em função da granulometria dos agregados.

23
 Misturas a Quente
As misturas asfálticas a quente podem ser subdivididas pela graduação dos
agregados e fíler. São destacados três tipos mais usuais nas misturas a quente:
 Graduação densa:Curva granulométrica contínua e bem-graduada de forma a
proporcionar um esqueleto mineral com poucos vazios visto que os agregados de
dimensões menores preenchem os vazios dos maiores.
Exemplo:Concreto asfáltico (CA) - O concreto asfáltico é uma mistura asfáltica muito
resistente em todos os aspectos, desde que adequadamente selecionados os
materiais e dosados convenientemente;
 Graduação aberta:Curva granulométrica uniforme com agregados quase
exclusivamente de um mesmo tamanho, de forma a proporcionar um esqueleto
mineral com muitos vazios interconectados, com insuficiência de material fino (menor
que 0,075mm) para preencher os vazios entre as partículas maiores, com o objetivo
de tornar a mistura com elevado volume de vazios com ar e, portanto, drenante,
possibilitando a percolação de água no interior da mistura asfáltica.
Exemplo:Mistura asfáltica drenante, conhecida no Brasil por camada porosa de atrito
(CPA) - As misturas asfálticas abertas do tipo CPA – camada porosa de atrito –
mantêm uma grande porcentagem de vazios com ar não preenchidos graças às
pequenas quantidades de fíler, de agregado miúdo e de ligante asfáltico. Essas
misturas asfálticas a quente possuem normalmente entre 18 e 25% de vazios com ar.
Figura 12 - Exemplos de rodovias com camada porosa de atrito sob chuva

Fonte: Bernucci, Motta, Ceratti e Soares, 2006.

 Graduação descontínua: Curva granulométrica com proporcionamento dos


grãos de maiores dimensões em quantidade dominante em relação aos grãos de

24
dimensões intermediárias, completados por certa quantidade de finos, de forma a ter
uma curva descontínua em certas peneiras, com o objetivo de tornar o esqueleto
mineral mais resistente à deformação permanente com o maior número de contatos
entre os agregados graúdos.
Exemplo:Matriz pétrea asfáltica (stonematrixasphalt – SMA) - O SMA é um
revestimento asfáltico, usinado a quente, concebido para maximizar o contato entre
os agregados graúdos, aumentando a interação grão/grão; a mistura se caracteriza
por conter uma elevada porcentagem de agregados graúdos e, devido a essa
particular graduação, forma-se um grande volume de vazios entre os agregados
graúdos.
Figura 13 - Exemplo do aspecto de uma camada de SMA executada em pista

Fonte: Bernucci, Motta, Ceratti e Soares, 2006.

Os pré-misturados a quente que não atendem a requisitos granulométricos de


camada intermediária ou de nivelamento, mas são preparados com tamanhos
nominais máximos de agregados graúdos de grandes dimensões são referidos
genericamente de PMQ, devendo atender a especificação de serviço particular para
camada especial de correção de desnivelamentos ou regularização em pavimentos
em uso.
 Areia asfalto usinada a quente – AAUQ: Ainda dentro do grupo das misturas
a quente, têm sido utilizadas na prática as argamassas asfálticas, também
denominadas areia asfalto usinada a quente (AAUQ). Em regiões onde não existem
agregados pétreos graúdos, utiliza-se como revestimento uma argamassa de
agregado miúdo, em geral areia, ligante (CAP), e fíler se necessário, com maior
consumo de ligante do que os concretos asfálticos convencionais devido ao aumento
da superfície específica.

25
 Misturas a Frio
Os pré-misturados a frio (PMF) consistem em misturas usinadas de agregados
graúdos, miúdos e de enchimento, misturados com emulsão asfáltica de petróleo
(EAP) à temperatura ambiente.
O PMF pode ser usado como revestimento de ruas e estradas de baixo volume
de tráfego, ou ainda como camada intermediária (com CA superposto) e em
operações de conservação e manutenção, podendo ser:
 Denso: Graduação contínua e bem-graduado, com baixo volume de vazios;
 Aberto:Graduação aberta, com elevado volume de vazios.

o Misturas in Situ em Usinas Móveis


Em casos principalmente de selagem e restauração de algumas características
funcionaisé possível usar outros tipos de misturas asfálticas que se processam em
usinas móveis especiais que promovem a mistura agregados-ligante imediatamente
antes da colocação no pavimento. São misturas relativamente fluidas, como a lama
asfáltica e o micro revestimento.

 Lama Asfáltica
As lamas asfálticas consistem basicamente de uma associação, em
consistência fluida, de agregados minerais, material de enchimento ou fíler, emulsão
asfáltica e água, uniformemente misturadas e espalhadas no local da obra, à
temperatura ambiente.
A lama asfáltica tem sua aplicação principal em manutenção de pavimentos,
especialmente nos revestimentos com desgaste superficial e pequeno grau de
trincamento, sendo nesse caso um elemento de impermeabilização e
rejuvenescimento da condição funcional do pavimento. Aplica-se especialmente em
ruas e vias secundárias. Eventualmente ainda é usada em granulometria mais grossa
para repor a condição de atrito superficial e resistência à aquaplanagem. Outro uso é
como capa selante aplicada sobre tratamentos superficiais envelhecidos.
No entanto, não corrige irregularidades acentuadas nem aumenta a capacidade
estrutural, embora a impermeabilização da superfície possa promover em algumas
situações a diminuição das deflexões devido ao impedimento ou redução de
penetração de água nas camadas subjacentes ao revestimento.

26
A lama asfáltica é processada em usinas especiais móveis que têm um silo de
agregado e um de emulsão, em geral de ruptura lenta, um depósito de água e um de
fíler, que se misturam em proporções preestabelecidas imediatamente antes de serem
espalhadas através de barra de distribuição de fluxo contínuo e tanto quanto possível
homogêneo, em espessuras delgadas de 3 a 4mm, sem compactação posterior.

 Micro Revestimento Asfáltico


Esta é uma técnica que pode ser considerada uma evolução das lamas
asfálticas, pois usa o mesmo princípio e concepção, porém utiliza emulsões
modificadas com polímero para aumentar a sua vida útil. O micro revestimento é uma
mistura a frio processada em usina móvel especial, de agregados minerais, fíler, água
e emulsão com polímero, e eventualmente adição de fibras.
Figura 14 - Exemplo de aplicação de lama asfáltica em um trecho de via urbana

Fonte: Bernucci, Motta, Ceratti e Soares, 2006.

Há vantagens em se aplicar o micro revestimento com emulsão asfáltica de


ruptura controlada modificada por polímero. A emulsão é preparada de tal forma que
permita sua mistura aos agregados como se fosse lenta e em seguida sua ruptura
torna-se rápida para permitir a liberação do tráfego em pouco tempo, por exemplo,
duas horas. O micro revestimento é utilizado em:
 Recuperação funcional de pavimentos deteriorados;
 Capa selante;
 Revestimento de pavimentos de baixo volume de tráfego;
 Camada intermediária anti-reflexão de trincas em projetos de reforço estrutural.

27
o Tratamentos Superficiais
Os chamados tratamentos superficiais consistem em aplicação de ligantes
asfálticos e agregados sem mistura prévia, na pista, com posterior compactação que
promove o recobrimento parcial e a adesão entre agregados e ligantes.
As principais funções do tratamento superficial são:
 Proporcionar uma camada de rolamento de pequena espessura, porém, de alta
resistência ao desgaste;
 Impermeabilizar o pavimento e proteger a infraestrutura do pavimento;
 Proporcionar um revestimento antiderrapante;
 Proporcionar um revestimento de alta flexibilidade que possa acompanhar
deformações relativamente grandes da infraestrutura.
Devido à sua pequena espessura, o tratamento superficial não aumenta
substancialmente a resistência estrutural do pavimento e não corrige irregularidades
(longitudinais ou transversais) da pista caso seja aplicado em superfície com esses
defeitos.
Figura 15 - Etapas construtivas de um tratamento superficial simples pelo sistema
convencional

28
Fonte: Bernucci, Motta, Ceratti e Soares, 2006.

 ESTRUTURAS TÍPICAS DE PAVIMENTOS ASFÁLTICOS

Com o objetivo de mostrar algumas soluções típicas de combinações de


materiais e de camadas que vêm sendo empregadas em pavimentação asfáltica no
país, Bernucci, Motta, Ceratti e Soares (2006), apresentam algumas seções de
estruturas de pavimento como ilustração, tanto para tráfego muito pesado como para
vias de baixo volume de tráfego.
As espessuras das camadas são variáveis e dependem de vários fatores de
dimensionamentoque deve ser feito caso a caso. Para isso deve ser empregado de
preferência um método de dimensionamento que considere a estrutura do pavimento
como um sistema em camadas e que utiliza os dados de módulos de resiliência dos
materiais do subleito e das camadas, inclusive do revestimento, para calcular as
espessuras necessárias em função do tráfego e do clima.
Para ilustrar faixas usuais, as espessuras dos revestimentos vão desde alguns
milímetros, como os tratamentos superficiais simples, até uma a duas dezenas de
centímetros de misturas usinadas. As camadas de base e sub-base podem apresentar
espessuras da ordem de uma a três dezenas de centímetros, enquanto o reforço do
subleito pode ser de uma a três ou mesmo quatro dezenas de centímetros.

29
Figura 16 - Estruturas típicas de pavimentos asfálticos

30
Fonte: Bernucci, Motta, Ceratti e Soares, 2006.

31
 SAIBA MAIS!

 Assista ao vídeo: Pavimentação asfáltica em etapas, antes e depois

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=W7cPL5T0LDk

32
1. REFERÊNCIAS

BERNUCCI, Liedi B.; MOTTA, Laura M. G.; CERATTI, Jorge A. P.; SOARES, Jorge
B. Pavimentação asfáltica: Formação básica para engenheiros.PETROBRAS:
ABEDA, p. 157-203 / 337-372. Rio de Janeiro: 2006.

CALLEJAS I. J., DURANTE L. C., ROSSETI K. A. C. Pavimentação Asfáltica:


Contribuição no Aquecimento de Áreas Urbanas. E&S - Engineeringand Science.
Volume 1, Edição 3. Mato Grosso, 2015.

DENIT. Manual de pavimentação. Departamento Nacional de Infra-Estrutura de


Transportes. Instituto de Pesquisas Rodoviárias. Rio de Janeiro, 2006. 3.ed. 274 p.

ROSSI, Anna Carolina. Etapas de uma obra de pavimentação e dimensionamento


de pavimento para uma via na ilha do fundão. Dissertação. Escola Politécnica.
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2017.

33
34

Você também pode gostar