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INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE

CURSO TÉCNICO DE EDIFICAÇOES – MÓDULO IV


ORÇAMENTO – PROJETO FINAL

Introdução à Mecânica dos Solos


(Fundamentos de Geotecnia) –
Volume II
Curso Técnico Integrado de Edificações – 1º ano

Profª Aline Dias Pinheiro

VERSÃO 1.0 – SETEMBRO/2013


INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE
CURSO TÉCNICO INTEGRADO DE EDIFICAÇÕES – 1º ANO
FUNDAMENTOS DE GEOTECNIA

Conteúdo

CAPÍTULO 6 .............................................................................................................. 4

COMPACTAÇÃO DOS SOLOS.................................................................................. 4


6.1 – Curvas de Compactação. ...................................................................................................... 5
6.2 – Ensaios de Compactação ..................................................................................................... 7
6.3 – Energia de Compactação ..................................................................................................... 8
6.4 – Compactação de Campo. ..................................................................................................... 9
6.4.1 – Escolha dos equipamentos de compactação..................................................................... 12
6.4.2 – Grau de Compactação ....................................................................................................... 13
6.4.3 – Controle de Compactação no campo ................................................................................ 14

CAPÍTULO 7 ............................................................................................................ 16

ESTUDO E RECONHECIMENTO DO SUBSOLO .................................................. 16


7.1 – Informações exigidas em um programa de prospecção ................................................... 16
7.2 – Número de profundidade das sondagens ......................................................................... 17
7.3 – Tipos de prospecção geotécnica ........................................................................................ 17
7.3.1– Métodos Indiretos .............................................................................................................. 17
7.3.2– Métodos semidiretos.......................................................................................................... 18
7.3.3– Métodos Diretos ................................................................................................................. 18
7.4 – Técnicas de Retirada e Preparo de Amostras ................................................................... 19
7.4.1– Amostras Deformadas ........................................................................................................ 19
7.4.2– Amostras Indeformadas ..................................................................................................... 19
7.5 – Métodos Diretos Manuais ................................................................................................. 20
7.5.1– Poços................................................................................................................................... 20
7.5.2– Trincheiras .......................................................................................................................... 21
7.5.3– Sondagem a Trado .............................................................................................................. 21
7.6 – Métodos Diretos Mecânicos .............................................................................................. 22
7.5.1– Standard Penetration Test (SPT) ........................................................................................ 23
7.5.2– Cone Penetration Test (CPT)............................................................................................... 24
7.5.3 – Piezocone (CPTu) ............................................................................................................... 24
7.5.4 – Ensaio de Palheta “Vane Test” .......................................................................................... 25

CAPÍTULO 8 ............................................................................................................ 27

FUNDAÇÕES ........................................................................................................... 27
8.1 – Classificação das Fundações .............................................................................................. 27

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8.2 – Fundações Rasas ................................................................................................................ 28


8.2.1 – Blocos de Fundações ......................................................................................................... 29
8.2.2 – Sapata Isolada ................................................................................................................... 29
8.2.3 – Sapata Associada ............................................................................................................... 30
8.2.4 – Sapata Corrida ................................................................................................................... 31
8.2.5 – Radier ................................................................................................................................ 31
8.3 – Fundações Profundas ........................................................................................................ 32
8.3.1 – Estacas ............................................................................................................................... 32
 Estacas de Madeira ........................................................................................................... 32
 Estacas Metálicas .............................................................................................................. 33
 Estacas de Concreto .......................................................................................................... 33
 Estacas Broca ..................................................................................................................... 34
 Estacas Strauss .................................................................................................................. 35
 Estacas Franki .................................................................................................................... 36
 Estacas Hélice Contínua .................................................................................................... 37
 Estaca Raiz ......................................................................................................................... 38
8.3.2 – Tubulões ............................................................................................................................ 39
8.4 – Critérios Básicos para a Escolha da Fundação .................................................................. 41

Bibliografia Consultada ............................................................................................ 44

Aline Dias Pinheiro - pinheiroad@yahoo.com.br


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CAPÍTULO 6
COMPACTAÇÃO DOS SOLOS

Muitas vezes na prática da engenharia geotécnica, o solo de um determinado


local não apresenta as condições requeridas pela obra. Ele pode ser pouco
resistente, muito compressível ou apresentar características que deixam a desejar
do ponto de vista econômico. Uma das possibilidades é tentar melhorar as
propriedades de engenharia do solo local.

A compactação é um método de estabilização e melhoria do solo através de


processo manual ou mecânico, visando reduzir o volume de vazios do solo. A
compactação tem em vista estes dois aspectos: aumentar a intimidade de contato
entre os grãos e tornar o aterro mais homogêneo melhorando as suas
características de resistência, deformabilidade e permeabilidade.

O objetivo da compactação do solo é melhorar suas características


mecânicas e hidráulicas, proporcionando um acréscimo da resistência e uma
redução da compressibilidade e da permeabilidade.

A compactação de um solo é a sua densificação por meio de equipamento


mecânico, geralmente um rolo compactador, embora, em alguns casos, como em
pequenas valetas até soquetes manuais podem ser empregados. Um solo, quando
transportado e depositado para a construção de um aterro, fica num estado
relativamente fofo e heterogêneo e, portanto, além de pouco resistente e muito
deformável, apresenta comportamento diferente de local para local.

A compactação é empregada em diversas obras de engenharia, como:


aterros para diversas utilidades, camadas constitutivas dos pavimentos, construção
de barragens de terra, preenchimento com terra do espaço atrás de muros de arrimo
e reenchimento das inúmeras valetas que se abrem diariamente nas ruas das
cidades. Os tipos de obra e de solo disponíveis vão ditar o processo de
compactação a ser empregado, a umidade em que o solo deve se encontrar na
ocasião e a densidade a ser atingida.

O início da técnica de compactação é creditada ao engenheiro Ralph Proctor,


que, em 1933, publicou suas observações sobre a compactação de aterros,
mostrando ser a compactação função de quatro variáveis: a) Peso específico seco;
b) Umidade; c) Energia de compactação e d) Tipo de solo.

Proctor verificou que na mistura de solo com maiores quantidades de água,


quando compactada, o peso específico aparente da mistura aumentava, porque a

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água, de certa forma, funcionava como lubrificante, aproximando as partículas,


permitindo melhor entrosamento e, por fim, ocasionando a redução do volume de
vazios. Num determinado ponto, atingia-se um peso específico máximo, a partir do
qual, ainda que se adicionasse mais água, o volume de vazios passava a aumentar.
A explicação desse fato reside em que quantidades adicionais de água, após o
ponto citado, ao invés de facilitarem a aproximação dos grãos, fazem com estes se
afastem, aumentando novamente o volume de vazios e causando o decréscimo dos
pesos específicos correspondentes.
A compactação dos solos tem uma grande importância para as obras
geotécnicas, já que através do processo de compactação consegue-se promover no
solo um aumento de sua resistência e uma diminuição de sua compressibilidade e
permeabilidade.

6.1 – Curvas de Compactação.

A primeira contribuição significativa ao estudo de compactação foi dada por


Ralph Proctor, em 1933. Ele descobriu a relação entre massa específica seca, teor
de umidade e energia de compactação. Assim, para uma dada energia, a massa
específica seca aumenta com o teor de umidade até um valor máximo, a partir do
qual passa a decrescer.

Ao realizar-se a compactação de um solo, sob diferentes condições de


umidade e para uma determinada energia de compactação, obtém-se uma curva de
variação dos pesos específicos aparentes secos (γd) em função do teor de umidade
(h). Esta curva é chamada de curva de compactação. Como se mostra na Figura
6.1, geralmente, associa-se uma reta aos pontos ascendentes do ramo seco, outra
aos pontos descendentes do ramo úmido e unem-se as duas por uma curva
parabólica. A curva define uma densidade seca máxima, à qual corresponde uma
umidade ótima.
Inicialmente, o peso específico aparente seco cresce com o aumento do teor
de umidade até atingir um máximo e depois começa a decrescer para valores, ainda,
crescentes do teor de umidade. A ordenada do ponto correspondente ao pico da
curva é o máximo peso específico aparente seco que este solo poderá atingir, para a
energia de compactação usada e precisando para isto de um teor de umidade igual
à abscissa deste ponto. Estes valores só poderão ser alterados, variando-se a
energia aplicada. As coordenadas do ponto máximo receberam a denominação de
teor de umidade ótima (hótima) e peso específico aparente seco máximo (γdmáx).

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Figura 6.1: Curva de Compactação

No próprio gráfico do ensaio pode-se traçar a curva de saturação que


corresponde ao lugar geométrico dos valores de umidade e densidade seca,
estando o solo saturado. Da mesma forma, podem-se traçar curvas correspondentes
a igual grau de saturação.
O fenômeno da compactação pode ser explicado pela influência da água
intersticial sobre o comportamento, principalmente, dos solos finos. No ramo seco da
curva de compactação (à esquerda do teor de umidade ótimo) tendo o solo baixo
teor de umidade, a água de seus vazios está sob o efeito capilar. As tensões de
capilaridade tendem a aglutinar o solo mediante a coesão aparente entre suas
partículas constituintes. Isto impede a sua desintegração e o movimento relativo das
partículas para um novo rearranjo. Este efeito é reduzido com a adição de água ao
solo, uma vez que ela destrói os efeitos da capilaridade, tornando esse rearranjo
mais fácil. No ramo úmido da curva, o excesso de água fica livre e absorve parte da
energia de compactação aplicada. Sendo a água incompressível, parte desta
energia é dissipada.

De maneira geral, os solos argilosos apresentam densidades secas baixas e


umidade ótimas elevadas. Solos siltosos apresentam também valores baixos de
densidade, frequentemente com curvas de laboratório bem abatidas. Nesses casos,
a curva de compactação não apresenta um máximo bem definido. Já as areias com

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pedregulhos, bem graduados e pouco argilosos, apresentam densidades secas


máximas elevadas e umidades ótimas baixas e as curvas possuem um máximo bem
definido. A figura 6.2 ilustra este fato.

Figura 6.2: Curvas de Compactação para diferentes tipos de solo

6.2 – Ensaios de Compactação

O ensaio de compactação desenvolvido por Proctor foi normalizado, pela


A.A.S.H.O. (American Association of State Highway Officials) e é conhecido como
ensaio de Proctor Normal ou como A.A.S.H.O Standard. No Brasil foi normalizado
pela ABNT/NBR 7182/86.
O ensaio normal de compactação utiliza um cilindro metálico de volume igual
a 1000 cm³, onde se compacta uma amostra de solo em três camadas, cada uma
delas por meio de 26 golpes de um soquete com peso de 2,5 kg, caindo de uma
altura de 30,5 cm. As espessuras finais das camadas compactadas devem ser
aproximadamente iguais, e a energia de compactação deverá ser uniformemente
distribuída, de tal forma, a resultar um plano superior quase horizontal.
A curva de compactação será traçada a partir dos pares de valores, peso
específico aparente seco - teor de umidade, distribuídos de forma que, no mínimo
dois pontos se encontrem à esquerda da umidade ótima e dois à direita.
O solo a ser ensaiado deverá apresentar um teor de umidade inferior ao ótimo
previsto, ou seja, em torno de 5%. Após a compactação, deve-se anotar o peso do
corpo de prova para determinação do peso específico e retirar três porções de solo,
colocá-las em cápsulas e levá-las à estufa para determinação do teor de umidade.
Em seguida, adiciona-se uma quantidade de água ao solo, suficiente para elevar,
em relação ao ponto anterior, o seu teor de umidade, em torno de 2%. Todo o
procedimento descrito anteriormente deve ser repetido.
Com os valores, do peso específico do solo e teor de umidade, pode-se
calcular o peso específico aparente seco mediante a fórmula de correlação:

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Na compactação, as quantidades de partículas e de água permanecem


constantes; o aumento da massa específica corresponde à eliminação de ar dos
vazios. Há, portanto, para a energia aplicada, um certo teor de umidade,
denominado umidade ótima, que conduz a uma massa específica máxima, ou uma
densidade máxima.

6.3 – Energia de Compactação

A densidade seca máxima e a umidade ótima determinada no ensaio descrito


como Ensaio Normal de Compactação ou Ensaio Proctor Normal não são índices
físicos do solo. Estes valores dependem da energia aplicada na compactação.
Chama-se energia de compactação ou esforço de compactação ao trabalho
executado, referido a unidade de volume de solo após compactação. A energia de
compactação é dada pela seguinte fórmula:

M.H.Ng.Nc
EC 
V

Sendo:

M – massa do soquete;
H – altura de queda do soquete;
Ng – o número de golpes por camada;
Nc – número de camadas;
V – volume de solo compactado.

À medida que se aumenta a energia de compactação, há uma redução do


teor de umidade ótimo e uma elevação do valor do peso específico seco máximo. O
gráfico da figura 6.3 mostra a influência da energia de compactação no teor de
umidade ótimo hótimo e no peso específico seco máximo d máx.

Tendo em vista o surgimento de novos equipamentos de campo, de grande


porte, com possibilidade de elevar a energia de compactação e capazes de
implementar uma maior velocidade na construção de aterros, houve a necessidade
de se criar em laboratório ensaios com maiores energias que a do Proctor Normal.
As energias de compactação usuais são de 6kgf/cm³ para o Proctor Normal, 12,6
kgf/cm³ para o Proctor Intermediário e 25 kgf/cm³ para o Proctor Modificado.

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Figura 6.3: Curvas de Compactação para as energias do Proctor normal, Intermediário e Modificado

6.4 – Compactação de Campo.

Os princípios que estabelecem a compactação dos solos no campo são


essencialmente os mesmos discutidos anteriormente para os ensaios em
laboratórios. Assim, os valores de peso específico seco máximo obtidos são
fundamentalmente função do tipo do solo, da quantidade de água utilizada e da
energia específica aplicada pelo equipamento que será utilizado, a qual depende do
tipo e peso do equipamento e do número de passadas sucessivas aplicadas.

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A energia de compactação no campo pode ser aplicada, como em laboratório,


de três maneiras diferentes: por meios de esforços de pressão, impacto, vibração ou
por uma combinação destes. Os processos de compactação de campo geralmente
combinam a vibração com a pressão, já que a vibração utilizada isoladamente se
mostra pouco eficiente, sendo a pressão necessária para diminuir, com maior
eficácia, o volume de vazios interpartículas do solo.

Os equipamentos de compactação são divididos em três categorias: os


soquetes mecânicos; os rolos estáticos e os rolos vibratórios.

 Soquetes: São compactadores de impacto utilizados em locais de difícil


acesso para os rolos compressores, como em valas, trincheiras, etc.
Possuem peso mínimo de 15 Kgf, podendo ser manuais ou mecânicos (sapos
– Figura 6.4). A camada compactada deve ter 10 a 15 cm para o caso dos
solos finos e em torno de 15 cm para o caso dos solos grossos.

Figura 6.4: Sapo Mecânico

 Rolo estático Pé-de-Carneiro: Os rolos pé-de-carneiro são constituídos por


cilindros metálicos com protuberâncias (patas) solidarizadas, em forma
tronco-cônica e com altura de aproximadamente de 20 cm. Podem ser alto-
propulsivos ou arrastados por trator. É indicado na compactação de outros
tipos de solo que não a areia e promove um grande entrosamento entre as
camadas compactadas. A camada compactada possui geralmente 15cm, com
número de passadas variando entre 4 e 6 para solos finos e de 6 e 8 para
solos grossos. A Figura 6.5 ilustra um rolo compactador do tipo pé-de-
carneiro.

Figura 6.5: Rolo compactador Pé-de-Carneiro

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 Rolo estático Liso: Trata-se de um cilindro oco de aço, podendo ser


preenchido por areia úmida ou água, a fim de que seja aumentada a pressão
aplicada. São usados em bases de estradas, em capeamentos e são
indicados para solos arenosos, pedregulhos e pedra britada, lançados em
espessuras inferiores a 15 cm. Este tipo de rolo compacta bem camadas finas
de 5 a 15 cm com 4 a 5 passadas. Os rolos lisos possuem pesos de 1 a 20 t e
frequentemente são utilizados para o acabamento superficial das camadas
compactadas. Para a compactação de solos finos utilizam-se rolos com três
rodas com pesos em torno de 7 t para materiais de baixa plasticidade e 10 t,
para materiais de alta plasticidade. A Figura 6.6 ilustra um rolo compactador
do tipo liso.

Figura 6.6: Rolo compactador Liso

 Rolo estático Pneumático: Os rolos pneumáticos são eficientes na


compactação de capas asfálticas, bases e sub-bases de estradas e indicados
para solos de granulação fina e arenosa. Os rolos pneumáticos podem ser
utilizados em camadas de até 40 cm e possuem área de contato variável,
função da pressão nos pneus e do peso do equipamento. A Figura 6.7 ilustra
um rolo pneumático.

Figura 6.7: Rolo compactador Pneumático

 Rolos Vibratórios: Nos rolos vibratórios, a frequência da vibração influi de


maneira extraordinária no processo de compactação do solo. São utilizados
eficientemente na compactação de solos granulares (areias), onde os rolos
pneumáticos ou pé-de-carneiro não atuam com eficiência. A espessura
máxima da camada é de 15 cm. O rolo vibratório pode ser visto na figura 6.8.

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Figura 6.8: Rolo compactador Vibratório

6.4.1 – Escolha dos equipamentos de compactação

A escolha do equipamento para determinado serviço de compactação é


problema bastante complexo, pois, além da diversidade dos equipamentos
disponíveis, há a considerar, ainda, a diversidade dos tipos de solos existentes, bem
como as características próprias do comportamento de cada um.

Todavia, é possível estabelecer alguns princípios básicos que regem a


escolha, levando-se em conta os tipos predominantes de solos.

Para os solos granulares, arenosos, a vibração é o processo mais indicado,


pois as partículas permanecem justapostas pelo atrito. Havendo a vibração, com
frequência e amplitude corretas, consegue-se o escorregamento e acomodação das
partículas, ocasionando a rápida diminuição do índice de vazios.

Para os solos muito coesivos, argilosos, a vibração não é suficiente para


produzir o deslocamento dos grãos, tornando-se inócua como agente de
compactação nesse caso. Para esta categoria de solos coesivos, somente o
amassamento (ou impacto) é capaz de produzir esforços internos de modo a vencer
a resistência oposta pelas forças de coesão.

Para a maioria dos solos, nos quais encontramos materiais coesivos e


granulares misturados em proporções as mais diversas, é bastante difícil prever-se
com margem de segurança, qual o equipamento de compactação que trará
melhores resultados.

De modo geral, não convêm prefixar o tipo de equipamento para a realização


da compactação de um solo, sendo aconselhável que a escolha seja feita em função
da experiência, testando-se os diversos equipamentos disponíveis, até a
determinação daquele que melhor se adapte às condições vigentes, conduzindo à
compactação de trechos experimentais onde são testados os diversos equipamentos
e ajustados os demais parâmetros que influem no processo, tais como a espessura
da camada solta, o número de passadas, a velocidade do equipamento, a umidade
do solo, o uso de lastro, etc.

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Para orientação genérica, na seleção dos equipamentos de compactação, a


Figura 6.9 indica os tipos mais apropriados para os vários solos que ocorrem
frequentemente nos trabalhos de terraplenagem.

Figura 6.9: Quadros apresentando as aplicações dos equipamentos de compactação

6.4.2 – Grau de Compactação

As especificações modernas de compactação diferem bastante das antigas,


porque estas estabeleciam minuciosamente os parâmetros, fixando o tipo de
equipamento a ser usado, a espessura da camada, o número de passadas, etc.

Atualmente, fixa-se apenas o peso específico a ser atingido no campo,


deixando-se todos os fatores já citados a critério do executor e da fiscalização da
obra. Assim, terão estes ampla liberdade de testar os equipamentos disponíveis no

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solo existente, somente ajustando os diversos parâmetros no sentido de se


conseguir a compactação bem feita e de maneira econômica.

Chama-se grau de compactação (Gc) à relação:

na qual:

γdCampo = peso específico aparente seco “in situ” (no aterro executado).

γdMáx = peso específico aparente seco máximo obtido no ensaio de Proctor, no


laboratório, com a energia de compactação especificada.

As especificações atuais costumam referir-se ao grau de compactação Gc a


ser atingido. As Especificações Gerais de Terraplenagem do D.N.E.R.
(Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) estabelecem que os aterros
devam ser compactados atingindo o peso específico aparente seco correspondente
a 95% do peso específico obtido no ensaio de laboratório.

Os últimos 60 cm do aterro, que servirão de subleito para o pavimento, serão


compactados até atingirem 100% do peso específico obtido no ensaio acima
mencionado.

A umidade do material deverá ser a umidade ótima determinada naquele


ensaio, com variação de +/- 3%.

A espessura das camadas já compactadas será de 20 a 30 cm.

6.4.3 – Controle de Compactação no campo

Para que se possa efetuar um bom controle de compactação do solo em


campo, temos que atentar para os seguintes aspectos:

 Tipo de solo;
 Espessura da camada;
 Entrosamento entre as camadas;
 Número de passadas;
 Tipo de equipamento;
 Umidade do solo;
 Grau de compactação alcançado.

Assim alguns cuidados devem ser tomados:

 A espessura da camada lançada não deve exceder a 30cm, sendo que a


espessura da camada compactada deverá ser menor que 20cm.

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 Deve-se realizar a manutenção da umidade do solo o mais próximo possível


da umidade ótima.

 Deve-se garantir a homogeneização do solo a ser lançado, tanto no que se


refere à umidade quanto ao material.

Na prática, o procedimento usual de controle de compactação é o seguinte:

1) Coletam-se amostras de solo da área de empréstimo e efetua-se em


laboratório o ensaio de compactação. Obtêm-se a curva de compactação e
daí os valores de peso específico seco máximo e o teor de umidade ótimo
do solo.

2) No campo, à proporção em que o aterro for sendo executado, deve-se


verificar, para cada camada compactada, qual o teor de umidade
empregado e compará-lo com a umidade ótima determinada em
laboratório. Este valor deve atender a seguinte especificação:

hcampo - 2% < hótima < hcampo + 2%.

3) Determina-se também o peso específico seco do solo no campo,


comparando-o com o obtido no laboratório. Define-se então o grau de
compactação do solo (GC). Devem-se obter sempre valores de grau de
compactação superiores a 95%.

4) Caso estas especificações não sejam atendidas, o solo terá de ser


removido, e uma nova compactação deverá ser efetuada.

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CAPÍTULO 7
ESTUDO E RECONHECIMENTO DO SUBSOLO

Os objetivos principais da investigação do subsolo para fins de construção


civil são esclarecer os tipos de solo e/ou rochas bem como as condições geológicas
e geotécnicas, litologias, mineralogias, espessuras de camadas, elementos
estruturais, posições dos níveis de água, etc., para o projeto e construção de obras
civis.

O procedimento mais comum para a realização de estudos da subsuperfície é


a perfuração do terreno nos locais perviamente determinados, obtendo-se amostras
de solos ou das rochas atravessadas, para em seguida serem analisados em
laboratório.

Pode-se também obter informações do terreno utilizando-se sistemas que


meçam a resistência oferecida pelo solo ao ser penetrado por um amostrador ou um
equipamento instrumentado.

Em um programa de sondagens, devem ser levados em conta os objetivos,


como tipo de obra, dimensões, posições dos pilares, esforços aplicados, natureza do
subsolo e sistemas construtivos disponíveis e utilizados.

Nessas condições, o estudo geotécnico para a construção de uma residência


térrea é diferente dos estudos para o projeto e construção de um edifício com vários
pavimentos, de um trecho de metrô, de um túnel, de uma estrada, de um aterro
sanitário ou de uma barragem.

Antes de iniciar uma campanha de investigação do subsolo para um projeto, é


preciso munir-se do maior número possível de informações sobre o terreno e sobre
a futura obra que será executada, para que sejam indicados os métodos de
sondagens adequados e os objetivos para aquela finalidade.

7.1 – Informações exigidas em um programa de prospecção

Alguns dados preliminares são importantes para a exploração, a saber:

o Dimensões e finalidades da obra;


o Características do terreno;
o Dados disponíveis sobre investigações anteriores;
o Observação do comportamento de estruturas próximas.

As informações básicas que se busca em um programa de prospecção do


subsolo são:

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a) A profundidade e espessura de cada camada do solo identificado;


b) A compacidade dos solos granulares (areias) e a consistência dos solos
coesivos (argilas);
c) A profundidade do topo da rocha e as suas características;
d) A localização do nível d’água e a quantificação do artesianismo, se existir;
e) A coleta de amostras indeformadas, que possibilitem quantificar as
propriedades mecânicas do solo: compressibilidade, permeabilidade e
resistência ao cisalhamento.

7.2 – Número de profundidade das sondagens

Consiste em uma das principais preocupações nos trabalhos de investigação


do subsolo. Antes de se programar o número de sondagens é preciso estabelecer-
se duas condições mínimas:

a) Se a investigação é de caráter preliminar ou definitivo;


b) Reconhecer, antes da execução das sondagens, as condições geológicas da
área, através de observações de superfície ou de mapas geológicos
existentes.

Para edifícios, a norma NBR 8036/83 fixa as condições mínimas exigíveis para
um programa de sondagens de simples reconhecimento. Estabelece a norma que o
número de sondagens deve ser no mínimo de duas, e a sua disposição em planta
não deve ser segundo uma reta, pois assim pode determinar um plano e averiguar a
existência ou não de camadas inclinadas. Uma exceção é feita para terrenos
estreitos e pequenas estruturas onde são executadas duas sondagens
diagonalmente. A distância entre as sondagens é variável e depende das condições
geológicas locais. A Norma recomenda os seguintes:

o Área de 200 a 1200 m²: 1 sondagem/200 m²;


o Área de 1200 a 2400 m²: 1 sondagem/400 m²;
o Área acima de 2400 m²: critérios particulares

Indicam também que o número mínimo de furos será de 2 para uma área de
projeção em planta do edifício até 200 m², e 3 para área de 200 a 400 m².

7.3 – Tipos de prospecção geotécnica

As investigações das condições geológicas do subsolo podem ser realizadas


através de vários métodos, classificados de acordo com três processos de obtenção
das informações em: diretos, semidiretos e indiretos.

7.3.1– Métodos Indiretos

São também denominados geofísicos e fornecem informações não muito


detalhadas, servindo como estimativas das estruturas das diversas camadas,
litologias e posições dos níveis de água que ocorrem na região. São classificados

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quanto à técnica utilizada, sendo os principais: eletrorresistividade, sísmico e Ground


Penetration Radar (GPR).

Figura 7.1: Exemplo de locação dos furos em pequenos lotes

Em construção civil, esses métodos podem ser utilizados em pesquisa inicial


da subsuperfície para o projeto de grandes obras. Os resultados dessas pesquisas
devem ser complementados com estudo direto através de sondagens e coleta de
amostras para análise mais detalhada e quantificações dos esforços que serão
transmitidos.

7.3.2– Métodos semidiretos

Fornecem apenas características mecânicas dos solos prospectados. As


informações sobre a natureza dos solos são obtidas mediante correlações indiretas.

Os métodos mais conhecidos são: Vane Test, Cone de Penetração Estática


(CPT) e Ensaio Pressiométrico (PMT).

7.3.3– Métodos Diretos

São perfurações executadas no subsolo de onde se pode fazer uma


observação direta das camadas, em furos de grandes diâmetros, ou uma análise por
meio de amostras colhidas de furos de pequenas dimensões.

Os métodos diretos de sondagem são: poços, trincheiras, sondagens a trado,


sondagens à percussão (ou de simples reconhecimento), sondagens rotativas e
sondagens mistas.

Os processos diretos de investigação permitem o reconhecimento do solo


mediante análise de amostras deformadas, que fornecem subsídio para ensaios de

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caracterização (teor de umidade, limites de consistência e granulometria). Há casos


em que é necessária a coleta de amostras indeformadas, para obter-se informações
seguras sobre o teor de umidade, resistência ao cisalhamento e compressibilidade
dos solos.

Pode-se obter dos processos diretos a delimitação entre as camadas do


subsolo, a posição do nível d’água e informações sobre a consistência das argilas e
compacidade das areias. Aliado à simplicidade na execução, isto faz com que esses
métodos tenham um emprego generalizado na maioria dos projetos de engenharia.

Este método, porém, assim como todos os outros, têm o inconveniente de


oferecer uma visão pontual do subsolo.

7.4 – Técnicas de Retirada e Preparo de Amostras

7.4.1– Amostras Deformadas

A coleta de amostras deformadas de solos tem por finalidade a determinação


da caracterização e classificação do tipo de solo, ensaios de granulometria completa
e plasticidade, ensaios de compactação, ensaios de CBR em amostras
compactadas, ensaios de permeabilidade em amostras compactadas, ensaios
mineralógicos, etc. Esse tipo de amostragem é bastante simples e muito importante,
pois com esses ensaios pode-se determinar o tipo de solo e se o solo estudado
pode ser utilizado na infraestrutura de uma estrada, para a construção de um aterro
compactado de barragem ou aterros em obras de terraplanagem.

A coleta de amostras deformadas é feita colocando-se em um saco plástico,


em torno de 5 a 10 kg de material. Em seguida o saco é fechado de forma a não
permitir a perda de umidade e etiquetado, constando o local e o número da amostra,
número do furo e profundidade.

As amostras deformadas podem ser coletadas próximo da superfície, dentro


de poções de sondagens, em trincheiras ou em furos executados a trado.

7.4.2– Amostras Indeformadas

São utilizadas para obtenção de parâmetros geotécnicos que procuram


simular as condições reais de solicitações dos solos. Por exemplo, podem-se citar os
parâmetros de resistência (coesão e ângulo de atrito) para o dimensionamento de
um talude escavado em solo com determinada profundidade, ensaios de
adensamento para a previsão de recalques em fundações diretas e ensaios de
permeabilidade para o cálculo de percolação de água no terreno natural sob o aterro
de uma barragem.

Essas amostras podem ser obtidas em poços, trincheiras ou nas


proximidades da superfície, retirando-se blocos de solo que são acondicionados e
transportados para o laboratório. Argilas moles em profundidade podem ser

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amostradas (de forma semideformadas) em furos de sondagens com tubos


especiais de parede fina denominados “shelby tubes” (Figura 7.2).

Figura 7.2: Amostradores de parede fina (Shelby Tubes)

A retirada de amostras indeformadas é feita executando-se uma escavação


em torno da amostra, que normalmente tem o formato de um bloco cúbico e pode
medir 20x20x20 cm; 30x30x30 cm; ou 40x40x40 cm. O amostrador dos blocos é
composto de uma caixa desmontável que envolve a amostra no local e é montado e
selado com parafina (Figura 7.3).

Figura 7.3: Coleta de amostra indeformada

7.5 – Métodos Diretos Manuais

A coleta de amostras é obtida diretamente com o auxílio de ferramentas simples,


escavando o solo e retirando certa quantidade que é enviada ao laboratório para
análise.

7.5.1– Poços

São perfurados manualmente com o auxílio de pás, picaretas e, quando em


grandes profundidades, um sistema de balde e sarilho (Figura 7.4) para a retirada do
material do fundo. Para que haja facilidade de escavação, o diâmetro mínimo do
poço deve ser da ordem de 60 cm. A profundidade atingida é limitada pela presença
do nível d’água ou desmoronamento, quando então faz-se necessário revestir o
poço.

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Figura 7.4: Sistema de balde e sarilho

Os poços permitem exame visual das camadas do subsolo e de suas


características de consistência (argilas) e compacidade (areias), por meio do perfil
exposto em suas paredes. Permitem, ainda, a coleta de amostras deformadas e
indeformadas na forma de blocos, para análise em laboratório.

7.5.2– Trincheiras

As trincheiras (Figura 7.5) são valas relativamente rasas, feitas


mecanicamente com o auxílio de escavadeiras. Prestam-se melhor em locais de
topografia acidentada. Permitem um exame visual do subsolo, segundo uma direção
e, tal como os poços, podem-se colher amostras indeformadas ou deformadas.

Figura 7.5: Trincheiras

As principais aplicações desta sondagem são em área de empréstimo,


locação de pedreiras e seção de barragens.

7.5.3– Sondagem a Trado

A utilização do trado é uma forma prática, rápida e econômica de obtenção de


amostras deformadas de solos para ensaios em laboratório, pois permite atingir
maiores profundidades sem grandes escavações.

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Para a realização desse tipo de sondagem deve-se reportar à norma NBR


9603 da ABNT. Os trados manuais podem perfurar até 12 metros, e os mecânicos,
dependendo do terreno, até 20 metros.

Esse tipo de sondagem não pode ser executado em rocha ou solos


concrecionados ou com presença de camadas de pedregulhos. Os trados
confeccionados são basicamente de dois tipos: concha e espiral (Figura 7.6).

As amostras são coletadas de metro em metro. O solo que fica retido na


hélice em espiral ou dentro da concha, em torno de 5 a 10 kg, é colocado em sacos
plásticos que são então fechados e etiquetados informando o local da amostragem,
o número do furo e a cota da amostra.

Figura 7.6: Tipos de trados

Esse tipo de sondagem também determina a posição do nível de água, que


pode ser estimada pelas amostras retiradas e com o auxílio de um sensor elétrico
fixado na extremidade de um fio, que ao contato com a água emite um sinal sonoro
na superfície.

Utilizando-se sondagens a trado, pode-se traçar o perfil qualitativo de um


terreno, classificando as diversas camadas atravessadas, com suas profundidades,
espessuras e os tipos de solo em que ocorrem.

7.6 – Métodos Diretos Mecânicos

Os métodos mecânicos são muito variados e baseiam-se na obtenção de


informações qualitativas e/ou quantitativas por meio de equipamentos especiais que
atravessam as camadas de solo, obtendo amostras ou fornecendo dados que são

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correlacionados para a obtenção de parâmetros geotécnicos que servirão para


dimensionamentos em projetos de construção civil.

7.5.1– Standard Penetration Test (SPT)

Este método de sondagem, também conhecido como Sondagem à Percussão


ou de Simples Reconhecimento, é o mais empregado no Brasil e no mundo todo,
principalmente pela facilidade de execução no campo, pelo custo e pelas
correlações existentes para a estimativa de parâmetros geotécnicos e o
dimensionamento de estruturas de fundações.

Esse tipo de sondagem permite a obtenção de dados qualitativos e


quantitativos das camadas atravessadas.

No Brasil, o SPT é utilizado em mais de 90% das sondagens do subsolo para


projetos de fundações profundas.

Com o SPT, podem-se obter os tipos de solos atravessados, pelas retiradas


de amostras deformadas a cada metro que, após passarem por rápida
caracterização visual e tátil, são enviadas ao laboratório para caracterização mais
precisa.

Obtém-se, também, para cada metro, o número de golpes (NSPT) e a posição


do nível d’água. Esse tipo de sondagem consiste na cravação de um barrilete
amostrador padronizado no solo através de impactos aplicados por um “martelo”
sobre um sistema de hastes de aço (Figura 7.7).

Figura 7.7: Esquema de montagem e de retirada de amostras do ensaio SPT

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A realização do ensaio consiste em posicionar o amostrados no centro do furo


pré-executado e em seguida aplicar sobre o barrilete amostrador impactos com o
martelo pesando 65 kg, de uma altura de 75 cm em queda livre, até penetrar o
amostrador 45 cm no solo. Mede-se o número de golpes para penetrar os primeiros
15 cm, continuando o ensaio para os próximos 15 cm e, finalmente, para os últimos
15 cm.

Anota-se o número de golpes para cada 15 cm, considerando no cômputo


final somente os dois últimos 15 cm, isto é, os 30 cm finais. Desprezam-se os
primeiros 15 cm pela possibilidade de alteração da estrutura do solo em decorrência
da escavação do furo.

Portanto, tem-se:

Esse tipo de sondagem não pode ser executado em solos concrecionados ou


com camadas de pedregulhos, ou blocos de rochas, pois, além de fornecerem
valores altos de penetração, podem danificar a ponteira.

A profundidade de alcance depende do tipo de terreno e do porte da obra.


Normalmente procura-se atingir camadas de solo com valores acima de 30 golpes
para penetrar 30 cm, em média 1 golpe para penetrar 1 cm.

Com os resultados do SPT e cada camada, podem-se obter as correlações de


consistência para as argilas, compacidade para as areias e caracterização dos solos
(Tabela 7.1).
Os resultados finais da sondagem SPT são apresentados em forma de
relatório em que constam o local das sondagens com datas, a planta de locação dos
furos com as cotas da superfície de cada um, os resultados dos ensaios de
laboratório e os perfis de cada furo (Figura 7.8)

7.5.2– Cone Penetration Test (CPT)

O ensaios de cone consiste em cravar no terreno uma ponteira cônica com


60º a uma velocidade de 2cm/s, podendo-se medir a resistência do conjunto e em
seguida avançar somente a ponta, obtendo-se a resistência de ponta e lateral.

7.5.3 – Piezocone (CPTu)

Além de medir a resistência de ponta e o atrito lateral, mede também a poro-


pressão da água nas camadas atravessadas.

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Os resultados são interpretados via computador e apresentados em


forma de gráficos que são armazenados e enviados ao escritório para a confecção
de relatório final.

7.5.4 – Ensaio de Palheta “Vane Test”

É um ensaio in situ desenvolvido para a determinação direta da resistência ao


cisalhamento de argilas moles não drenadas.

Este ensaio é realizado cravando, no fundo de um furo de sondagem pré-


executado, uma palheta com dimensões padronizadas e aplicando um torque, de
forma que ocorra o cisalhamento do solo pelo giro das palhetas.

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Figura 7.8: Exemplo de relatório de ensaio SPT

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CAPÍTULO 8
FUNDAÇÕES

Todas as obras de engenharia (aterros, barragens, pontes, edificações,


estradas, torres, etc.) constituem-se de duas partes: a superestrutura e a
infraestrutura, esta denominada de fundação.

No sentido comum, o termo fundação é entendido como um elemento da


estrutura encarregado de transferir para o subsolo as cargas da superestrutura. Na
maioria das obras existe uma separação nítida entre a superestrutura e a fundação,
com exceção dos aterros.

É importante esclarecer que neste campo não existem regras explícitas; o que
há são recomendações, em geral, surgidas entre os vários técnicos que atuam na
área. Assim, é comum na literatura específica encontrarem-se recomendações em
desacordo com outras.

8.1 – Classificação das Fundações

As fundações podem ser agrupadas em duas categorias: rasas e profundas.

As fundações serão rasas (ou diretas) quando D ≤ B e profundas em caso


contrário. “D” é a cota de apoio do elemento de fundação, medida em relação a
superfície do terreno, e “B” é a menor dimensão deste elemento.

Dentre os tipos mais comuns de fundações, enumeram-se:

a) Fundações de edifícios (casas, prédios, fábricas, armazéns, etc.);


b) Fundações de torres (de rádio, televisão, energia elétrica, etc.);
c) Fundações de máquinas (martelos, fresadoras, recalcadoras, prensas,
turbinas, etc.);
d) Fundações para estruturas portuárias e estruturas marinhas;
e) Fundações para estruturas de suporte (muros de arrimo, encontro de
pontes, etc.);
f) Fundações de pontes.

Para desempenhas adequadamente sua função, um elemento de fundação deve


respeitar certas condições específicas, visto que ele constitui o elo que deve
propiciar uma integração harmoniosa entre superestrutura e subsolo:

a) O elemento de fundação deve ser projetado em posição adequada, de


tal forma que nenhum fator externo possa prejudicar o seu desempenho;

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b) A fundação como um todo deve estar segura quanto a uma possível


ruptura (tanto do solo como do próprio elemento estrutural);
c) A fundação não pode sofrer deformações ou recalques superiores a
certos limites toleráveis, para além dos quais começam a aparecer danos na
estrutura.

Como pode ser notado, o primeiro item acima é de difícil avaliação, visto que ele
envolve uma série de fatores que não podem ser tratados analiticamente, pois, o
meio ambiente é dinâmico. Não sendo equacionável, só será bem avaliado com
experiência e bom senso. O segundo item é específico e envolve grande parte dos
conhecimentos adquiridos nas áreas de estrutura e geotecnia. O último é específico
até certo ponto, mas é também filosófico, e só ao longo da vida profissional é que se
adquire uma ideia consciente do que ele encerra.

8.2 – Fundações Rasas

Define-se como fundação direta ou rasa aquela em que as cargas da


edificação são transmitidas ao solo logo nas primeiras camadas. Para isso ocorrer,
obviamente é necessário que o solo, logo nessas primeiras camadas, tenha
resistência suficiente para suportar essas cargas.

Para efeito prático, considera-se técnica e economicamente adequado o uso


de fundação direta quando o número de golpes SPT for maior ou igual a 8 e a
profundidade máxima não ultrapassar 2m.

Importante salientar que os critérios acima são válidos quando o número de


golpes aumentarem, ou mantiver-se, ao longo da profundidade. Se houver mudança
brusca, para menos, no SPT, deve-se verificar a influência das tensões nas
camadas mais profundas.

Aspectos positivos:

o Solução trivial com recursos da obra;


o Baixo custo;
o Não provoca vibrações.

Aspectos negativos:

o Problemas nas escavações junto a divisas;


o Limitações para cargas muito altas;
o Solução artesanal com alto consumo de mão de obra

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Em princípio, esse tipo de fundação só é vantajoso quando a área ocupada


pela fundação abranger, no máximo, de 50 a 70% da área disponível.

De uma maneira geral, esse tipo de fundação não deve ser usada nos
seguintes casos:

o Aterro não compactado;


o Argila mole;
o Areia fofa e muito fofa;
o Existência de água onde o rebaixamento do lençol freático não se justifica
economicamente.

8.2.1 – Blocos de Fundações

São elementos de concreto, sem necessidade de armadura de modo que as


tensões de tração nele produzidas possam ser resistidas pelo concreto. (Figura 8.1).
Suas faces podem ser verticais, inclinadas ou escalonadas com base quadrada ou
retangular.

Figura 8.1: Bloco de fundação seção convencional (vertical) e escalonado.

8.2.2 – Sapata Isolada

Elementos de concreto armado com espessura variável ou constante, com


base quadrada, retangular ou trapezoidal (Figura 8.2).
As dimensões da sapata isolada são determinadas pelas cargas aplicadas e
pela resistência do solo, de forma que as tensões no solo sejam no máximo igual à
sua tensão admissível. Sabe-se que o conceito de tensão sobre um material
significa o quanto de uma força é aplicada por unidade de área desse material, ou
seja, tensão é a relação entra a força aplicada e a área sobre a qual ela é aplicada.

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A área da base da sapata é, então, determinada conhecendo-se a carga


sobre ela e impondo-se como tensão máxima a tensão admissível do solo. Uma vez
determinada a área da sapata, pode-se determinar as dimensões de seus lado.

Figura 8.2: Sapata armada.

8.2.3 – Sapata Associada

Quando dois ou mais pilares estiverem muito próximos, é possível que as


sapatas se sobreponham. Neste caso, deve-se colocar os pilares sobre uma única
sapata. (Figura 8.3). A área da sapata associada será calculada com a carga dos
dois pilares.

Figura 8.3: Sapata associada.

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8.2.4 – Sapata Corrida

É uma placa de concreto armado em que uma das dimensões, o


comprimento, prevalece em relação à outra, a largura (Figura 8.4). A função da
sapata corrida é distribuir pelo solo, cargas linearmente distribuídas. São exemplos
de cargas distribuídas linearmente as cargas de paredes, sejam elas estruturais ou
não. Da mesma maneira, uma linha de pilares muito próximos pode ser considerada
carga linearmente distribuída.

Figura 8.4: Sapata associada.


8.2.5 – Radier

Sapata associada, tipo uma laje armada, onde se descarregam todos os


pilares e outras cargas (Figura 8.5). Pode ser visto como uma grande sapata. A
soma de todas as cargas sobre o radier dividida pela área do radier deve resultar em
uma tensão no solo inferior à sua tensão admissível.

São usados para viabilizar a solução de fundação direta, quando o terreno de


boa resistência encontra-se a grande profundidade. Apresenta excelente
comportamento estrutural. Podem ser usado tanto em solos muito resistente quanto
em solos muito frágeis. O radier comporta-se bem para solos com SPT maior que 4.

Figura 8.5: Radier.

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8.3 – Fundações Profundas

8.3.1 – Estacas

São peças esbeltas (l >> d), onde “l” é o comprimento de “d” o diâmetro, que
transferem as cargas das superestruturas às camadas profundas do terreno. Podem
trabalhar pela resistência de ponta, de superfície lateral ou pela combinação das
duas. Podem ser instaladas por cravação ou por perfuração, pré-fabricada ou
moldada no local (in loco). São geralmente empregadas quando o terreno bom de
fundação encontra-se em camadas profundas, ou quando os prédios vizinhos
possuem fundação superficial de estabilidade duvidosa, dispensando-se escavações
e escoramentos.

A escolha entre a grande variedade de estacas existentes – cravada por


percussão, por vibração, por prensagem, estaca injetada, broca, tipo Strauss,
escavada, tipo Franki, etc. – é tanto uma questão técnica como comercial.

Quando a carga axial a ser transmitida ao terreno exige mais de uma estaca
ligada entre si por um bloco rígido e armado, tem-se o chamado “bloco de
coroamento das estacas” (Figura 8.6).

Figura 8.6: Bloco de coroamento das estacas.

Estacas de Madeira

Usa-se com frequência o eucalipto.

Embora ofereça a vantagem de possuir uma elevada resistência às


operações de manuseio – transporte e içamento – a estaca de madeira é
recomendada apenas para obras provisórias ou quando assegura-se que irão
trabalhar permanentemente submersas, ao longo de toda sua vida útil.

A estaca de madeira tem contra si a questão da deterioração, principalmente


em locais onde há variação do nível da água. Certas espécies de fungos
desenvolvem-se bem neste tipo de ambiente. Portanto, a madeira em geral, e a

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estaca em particular, podem permanecer íntegras se permanentemente molhadas


ou permanentemente secas.

Durante a cravação, a cabeça da estaca deve ser protegida por um chapéu


metálico, para evitar que o peso do pilão a danifique.

Estacas Metálicas

Dentre os dois tipos mais comuns de estacas, moldadas no local e pré-


moldadas – de concreto, metálica e de madeira – cabe destacar que, por motivos de
ordem técnica e econômica, as estacas metálicas têm aumentado apreciavelmente
sua aplicação como solução mais adequada.

As principais vantagens das estacas metálicas são:

o Facilidade de cravação em quase todo tipo de terreno;


o Elevada capacidade de carga;
o Bom trabalho a flexão;
o Facilidade de corte e emenda;
o Apresenta possibilidade de aproveitamento, particularmente em
construções provisórias ou temporárias;
o Possibilita a cravação faceando as divisas, dispensando onerosas
vigas de equilíbrio.
o Não gera vibração durante a cravação;
o Faixa de carga variando em 40 a 300 tf.

Como principal desvantagem das estacas metálicas, pode-se citar o problema


de corrosão, que deve ser objeto de estudo para cada caso.

Estacas de Concreto

Podem ser pré-moldadas ou moldadas in loco. As primeiras são executadas


no canteiro de obras, onde se tem condições de total controle de todos os aspectos
(materiais, concretagem, cura, etc.), depois são transportadas ao local de
implantação e cravadas com auxílio de bate-estacas; as últimas são executadas no
local de implantação.

As estacas pré-moldadas de concreto são utilizadas com muita frequência em


obras de pequeno e médio porte em condições onde se requeira um concreto de
melhor qualidade, em lugares onde serão submetidas a cargas laterais, em muros
de cais onde a estaca tem uma função estrutural, etc. A armadura é fundamental
nestas estacas, suportando os esforços de cravação e manuseio. As seções mais

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usadas são quadradas, hexagonal, octogonal circular cilíndrica ou cônica. A faixa de


carga dessas estacas é de 20 a 150 tf.

As estacas pré-moldadas não são recomendadas nos seguintes casos:

o Terrenos com presença de matacões ou camadas de pedregulhos;


o Terrenos em que a previsão de cota da ponta da estaca seja muito
variável, de modo que não seja possível selecionar regiões de
comprimento constante;
o Caso em que as construções vizinhas se encontrem em estado
“precário”, quando as vibrações causadas pela cravação dessas
estacas possam criar problemas.

Estacas Broca

Constitui o mais rudimentar tipo de estaca moldada no local. Não existe


sustentação das paredes do furo, razão pela qual o seu uso restringe-se a terrenos
coesivos situados acima do nível d’água. A perfuração é feita com trado e pode
atingir a casa dos 8 metros. O diâmetro mínimo é da ordem de 20cm. Uma vez
atingida a cota de apoio da estaca, lança-se o concreto sem armadura até cerca de
50 cm da cota de arrasamento da estaca. (Figura 8.7).

Figura 8.7: Execução de estaca Broca.

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São aceitáveis para pequenas cargas (5 a 10 tf) mesmo assim, apenas acima
do lençol freático. São de diâmetro variável, entre 15 e 25 cm, e comprimento em
torno de 3m.

Estacas Strauss

Está no grupo das moldadas in loco, escavadas, com revestimento lateral


metálico recuperado. A sequência construtiva pode ser vista na Figura 8.8.

Figura 8.8: Execução de estaca Strauss.

Em princípio, não é recomendado o uso de estaca Strauss abaixo do nível


d’água nem em solos de argila mole saturada.

A estaca Strauss tem a seu favor a facilidade de transporte e de


deslocamento do equipamento de execução dentro da obra e a possibilidade de
atingir profundidades até 25m, mais do que suficiente para a grande maioria dos
casos. Abrangem a faixa de carga compreendida entre 20 a 80 tf. Apresentam a
vantagem de não provocar vibrações, evitando desse modo danos ás construções
vizinhas, mesmo nos caso em que estas se encontrem em situação relativamente
precária.

Dentre as estacas com boa capacidade de carga, a Strauss é a de menor


custo. Algumas vezes ela é rejeitada, em razão da sujeira provocada no local pelo

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solo retirado e pela água utilizada durante a sua execução, o que pode formar um
grande lamaçal, principalmente em época chuvosa.

Estacas Franki

Esse tipo de estaca é executada mecanicamente, utilizando um equipamento


denominado bate-estaca. Este equipamento é composto de uma torre metálica da
qual é lançado um peso, denominado pilão, cuja função é cravar a estaca no solo.
No caso da estaca Franki, o bate-estaca é usado para a cravação de um tubo
metálico.

O tubo de revestimento é colocado no local de cravação da estaca e


preenchido com um tampão de concreto seco de cerca de 1,0 m de altura (bucha).
Este tampão é apiloado com um peso até atingir a cota de apoio da estaca. A bucha
é expulsa pelo pilão, formando a ponta da estaca. Após a execução da ponta, é
colocada a armação e, sem seguida, procede-se á concretagem do fuste (Figura
8.9).

Figura 8.9: Execução de estaca Franki.

Pela forma de execução, as estacas Franki podem ser aplicadas a qualquer


tipo de solo e também abaixo do nível de água. São normalmente usadas para obras
com grandes cargas nos pilares. A sua capacidade mínima, economicamente viável,
é de 45tf, podendo chegar a 150 tf.

Não são recomendadas para os seguintes casos:

o Terrenos com matacões;


o Caso em que as construções vizinhas estejam em estado precário;
o Terrenos com camadas de argila mole saturada.

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Estacas Hélice Contínua

O uso deste tipo de estaca, no Brasil, é razoavelmente recente. Foi utilizada


pela primeira vez em 1987 e desde então a sua aplicação vem apresentando grande
crescimento.

A estaca hélice contínua é executada pela rotação de um tubo metálico em


torno do qual é fixada uma chapa em forma de hélice. (Figura 8.10).

Ao se alcançar a cota de apoio da estaca, inicia-se a concretagem


simultaneamente à retirada da hélice. A concretagem é feita através do tubo central.

A armação é colocada depois de completada a concretagem da estaca, Ela é


mergulhada na massa de concreto por gravidade ou com auxílio de um pilão de
pequena carga.

Figura 8.10: Execução de estaca Hélice Contínua.

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A estaca hélice Contínua apresenta, além de alta produtividade, elevado grau


de qualidade. A sua execução é monitorada eletronicamente, podendo-se a qualquer
instante obter informação a respeito da perfuração e da concretagem.

Outra vantagem desse tipo de estaca é a sua possibilidade de execução bem


próxima à divisa, diminuindo com isso as excentricidades entre as cargas dos pilares
e o centro das estacas.

Pode atingir comprimento máximo de 30 m e ser executada abaixo do nível


da água. Pode ser executada em qualquer tipo de solo, exceto onde houver
matacões ou rocha sã.

Apresenta como inconvenientes a necessidade de locais planos para


locomoção do equipamento de execução e o grande acúmulo de solo retirado,
exigindo remoção constante.

Estaca Raiz

Nesta solução, o furo é executado utilizando-se um tubo rotativo que tem em


sua base uma ferramenta denominada sapata de perfuração, com diâmetro um
pouco maior que o tubo. A perfuração é auxiliada por circulação de água. A água
injetada dentro do tubo lava o solo, que é expulso pelo espaço formado entre a face
externa do tubo e o terreno. Os tubos são emendados e recuperados após o
preenchimento do furo com argamassa de cimento e areia. Este tipo de estaca pode
atravessar maciços rochosos desde que com o equipamento de perfuração
adequado. Quando o furo atinge a cota especificada em projeto, procede-se à
instalação da armação. O preenchimento com argamassa é feito de baixo para cima
até que ela extravase pelo tubo de revestimento (Figura 8.11).

Após o preenchimento, o tubo de revestimento é fechado no topo com um


tampão ligado a um compressor de ar. O compressor aplica golpes de ar comprimido
enquanto o tubo de revestimento é retirado. O uso do ar comprimido tem como
função garantir o total preenchimento do furo com a argamassa, principalmente em
estacas de pequeno diâmetro. Durante esse processo o volume de argamassa deve
ser completado.

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Figura 8.11: Execução de estaca Raiz.

8.3.2 – Tubulões

Trata-se de uma coluna de concreto armado (fuste) que utiliza um tubo


cilíndrico para execução da fundação profunda. Ao atingir a cota de assentamento,
dependendo da carga a ser transmitida, o tubulão pode sofrer um alargamento
denominado base, a qual pode ser circular ou alongada e deve ter a sua altura
limitada a 2m.(Figura 8.12 e 8.13).

Pode ser executado a céu aberto ou com recurso da pressão de ar


comprimido, nesse caso também chamado de tubulão pneumático, utilizado para
execução abaixo do nível de água (no máximo 30 m de coluna d’água). É
empregado com grande vantagem para o caso de cargas axiais elevadas, evitando-
se assim, um número excessivo de estacas a serem escavadas e coroadas. A
resistência de ponta é a única parcela, de um modo geral, considerada. O atrito
lateral é tido apenas para suportar o peso próprio do elemento.

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Figura 8.12: Execução de Tubulão a céu aberto.

Figura 8.13: Execução de Tubulão pneumático.

O trabalho dentro de um tubulão a ar comprimido é muito severo, em virtude


do ambiente hostil provocado pela pressão. Especial atenção deve ser dada à saúde
do operário, fazendo com que curtos períodos de trabalho sejam alternados com
longos períodos de descanso.

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O ar comprimido pode provocar doenças que vão desde dores nevrálgicas a


casos fatais de congestão cerebral. O limite da pressão a que o ser humano pode
ficar exposto é de 3,4 atmosferas ou 3,5 kgf/cm².

Cuidados especiais devem ser tomados no momento da descompressão,


ocasião em que ocorre a maioria dos acidentes. O tempo de descompressão
recomendado é de 20 minutos por unidade de atmosfera de pressão.

Para ser mais eficiente, o tubulão deve ter a sua base assente sobre solo com
resistência mínima de 3 kgf/cm².

O tubulão é preferencialmente indicado para obras de grande porte,


principalmente pontes e viadutos. Entretanto, sem situações especiais, pode ser
utilizado para cargas menores, como é o caso de fundações em terrenos de
topografia difícil aos quais outros equipamentos não têm acesso.

8.4 – Critérios Básicos para a Escolha da Fundação

A escolha da solução de fundação mais adequada para uma determinada


condição de projeto deve ser norteada não só por fatores técnicos e econômicos,
mas também pela experiência do projetista. Algumas situações mais complexas de
solo e de carga podem gerar grandes dúvidas.

Para constatação das condições técnicas e econômicas de uma obra, é


preciso conhecer os seguintes elementos:

a) Proximidade dos edifícios limítrofes bem como seu tipo de fundação e


estado da mesma;
b) Natureza e característica do subsolo no local da obra;
c) Grandeza das cargas a serem transmitidas à fundação;
d) Limitação dos tipos de fundação existentes no mercado.

O problema é resolvido por eliminação, escolhendo-se, entre os tipos de


fundações existentes, aqueles que satisfaçam tecnicamente ao caso em questão.
Em seguida, é feito um estudo comparativo dos custos visando com isso a escolher
o mais econômico.

Quando não se dispõe do cálculo estrutura, é comum estimar a ordem de


grandeza das cargas da fundação a partir do porte da obra. Assim, temos como
carga média:

o 1,2 tf/m²/andar para estruturas em concreto armado destinadas a


moradias ou escritórios;

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o 1,4 tf/m²/andar para outros casos.

Sequência para orientar a escolha da solução de fundação mais adequada:

1) Ter em mãos as cargas a serem transmitidas ao solo.

As cargas dos pilares podem ser estimadas na fase de estudo preliminar


como:

o Pilares leves: 7∙n tf / pilar


o Pilares médios: 15∙n tf / pilar
o Pilares pesados: 25∙n tf / pilar; onde n é o número de pavimentos.

2) Ter em mãos o resultado das sondagens SPT.

3) Escolher o tipo de fundação, se direta ou profunda. Lembrar que a


escolha é feita pelo SPT e pela profundidade. Fundação direta é
econômica para N ≥ 8 e profundidade ≤ 2m. Caso contrário, é mais
indicado o uso de fundação profunda.

4) Lembrar que fundação direta tem sempre custo inferior ao de fundação


profunda;

5) Se a opção for por fundação direta, verificar se é mais indicado o uso


de sapata isolada ou de sapata corrida. Lembrar que a primeira é
usada para cargas concentradas (pilares) e a segunda para cargas
distribuídas linearmente (alvenarias);

6) Se a fundação deve ser profunda, optar em primeiro lugar pela de


menor custo: a broca;

7) Para se usar a broca, a carga por pilar não deve ultrapassar 40 tf.

A broca deve parar onde o solo apresente SPT > 12 e não pode ter
comprimento superior a 6m. Não deve ser executada abaixo do nível d’água.

8) Se não for possível o uso de broca e para cargas nos pilares até 160 tf,
estudar a possibilidade de utilizar a estaca Strauss. Lembrar que esta
modalidade de estaca faz muita sujeira e em princípio não pode ser
executada abaixo do nível d’água.

9) Uma alternativa mais limpa às estacas Strauss, porém um pouco mais


cara (20%), é a estaca pré-moldada de concreto.

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Deve-se verificar a possibilidade de acesso do bate-estaca. A estaca de


concreto pode ser executada abaixo do N.A.

10) Para cargas nos pilares acima de 100 tf, pensar em estaca do tipo
hélice contínua, que podem ser executadas abaixo do N.A.

11) Para cargas acima de 500 tf por pilar, pensar em estacas Franki, que
também pode ser executada abaixo do N.A.

12) Pensar na possibilidade de uso do tubulão como alternativa às estacas


Franki e hélice contínua. O tubulão pode ser viável para pequenas
cargas, quando o local não permite o acesso de equipamentos para
execução de outros tipos de estacas.

Aline Dias Pinheiro - pinheiroad@yahoo.com.br


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Bibliografia Consultada

o Caputo, Homero Pinto – Mecânica dos Solos e suas aplicações – Volume 1


– 6ª Ed – Rio de Janeiro: Editora LTC, 1988.

o Ortigão, J. A. R. – Introdução à Mecânica dos Solos dos Estados Críticos


– 3ª edição – Terratek, 2007. (disponível para download gratuito em
http://www.terratek.com.br/pt/downloads/cat_view/21-books.html)

o Pinto, Carlos de Sousa – Curso básico de mecânica dos solos em 16


aulas – São Paulo: Editora Oficina de Textos, 2000.

o Queiroz, Rudney C. – Geologia e Geotecnia Básica para a engenharia civil


– São Carlos: Editora RIMA, 2009.

o Rebello, Yopanan C. – Geologia e Fundações – Guia Prático de Projeto,


Execução e Dimensionamento – São Paulo: Zigurate Editora, 2008.

o Vargas, Mílton – Introdução à mecânica dos solos – São Paulo: Editora


McGRAW-HILL do Brasil, 1977.

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