Você está na página 1de 68

0

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Suanny Reis Lobato

ESTUDO DE CONCRETO AUTO ADENSÁVEL PARA APLICAÇÃO EM PEÇAS


PRÉ-MOLDADAS

Santa Cruz do Sul


2019
1

Suanny Reis Lobato

ESTUDO DE CONCRETO AUTO ADENSÁVEL PARA APLICAÇÃO EM PEÇAS


PRÉ-MOLDADAS

Trabalho de Conclusão apresentado à disciplina de


Trabalho de Conclusão de Curso II, do Curso de
Engenharia Civil da Universidade de Santa Cruz do Sul,
como requisito parcial para obtenção do título de bacharel
em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Ms. Eng, Marco Antônio Pozzobon

Santa Cruz do Sul


2019
2

AGRADECIMENTOS

À Deus, pela vida e saúde que me proporcionou.


Á minha família, mas principalmente aos meus pais, Zaira e Mario, pela
dedicação e preocupação para que nada me faltasse nesta caminhada em busca dos
meus sonhos.
Ao meu namorado, Henrique, pelos momentos de compreensão, pelo carinho
e incentivo de sempre.
Ao meu orientador Prof. Ms. Marco Antonio Pozzobon, por todos os
ensinamentos transmitidos, obrigada pela paciência e dedicação para que esse
trabalho fosse concretizado.
Aos colegas, principalmente a Christina Juruena pelo companheirismo em
nossos trabalhos de dupla e, também ao Maurício Vogt pela parceria e apoio, obrigada
por estarem comigo durante toda essa trajetória.
Aos mestres que fizeram parte da minha formação, pelos conhecimentos
compartilhados.
Á UNISC, aos laboratoristas, bolsistas e funcionários que de alguma maneira
fizeram parte da realização deste trabalho.
Á empresa Estruturas Ellwanger e seus funcionários, pela disponibilidade de
material, tempo e espaço para aplicação deste estudo.
Aos amigos que fiz durante essa trajetória.
A todos, muito obrigada.
3

RESUMO

Introdução: A evolução da indústria da construção civil vem seguindo o


caminho da modernização e industrialização, e em paralelo a esse avanço, acontece
o contínuo progresso da tecnologia. Desta forma, a procura por melhorias que
contribuam para o crescimento e também, para o correto emprego dos materiais, tal
como o concreto, utilizado em obras e construções, é fundamental para a ascensão
do setor da construção civil, por isso o concreto auto adensável possuí diversas
características para se destacar dentro do campo da engenharia. Objetivo: Avaliar o
desempenho do concreto – melhora na resistência, acabamento e custo, realizando
alternância dos aglomerantes e proporção dos agregados, visando à aplicação na
confecção de elementos pré-moldados. Metodologia: Esta pesquisa pode ser
classificada como descritiva, experimental e de caráter quantitativo, englobando coleta
de dados, análise e interpretação de resultados e comparando-os por meio de uma
base de referência. Resultados e análise: Foi possível perceber que há dois
cimentos que atingem, em 16 horas, uma resistência maior que a prevista para um
dia, dessa forma, ambos se enquadram nos objetivos deste estudo. Analisando os
resultados, verificou-se também, que todos os cimentos estão em conformidade com
a NBR 16697 (ABNT, 2018) com resistência mínima para 24 horas de 14 MPa. Dessa
forma, os valores alcançados são satisfatórios, uma vez que, comparados aos
números anteriores. Nessa direção o processo de fabricação passará a acontecer em
menos de 24 horas – o que não vinha acontecendo e, principalmente, a peça passa a
entregar uma qualidade final muito mais apropriada. Considerações finais: Como
esperado, a alteração da proporção de finos do traço, simultânea a troca de cimento
proporcionou inúmeros benefícios para a qualidade das peças pré-moldadas, sendo
o principal os ganhos em resistência mecânica. Por consequência, conclui-se que o
estudo de mudanças no de alguns materiais utilizadas no traço para concreto auto
adensável é pertinente e viável de aplicação em fábricas de elementos pré-moldados.
4

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Vantagens e desvantagens encontradas na literatura técnica


10
sobre o sistema pré-moldado ......................................................................
Figura 2 – Exemplo de padrão de seções transversais ................................. 11
Figura 3 – Consolos para apoio em estruturas pré-moldadas ...................... 12
Figura 4 – Ensaio de espalhamento ou Slump flow ...................................... 20
Figura 5 – Ensaio Funil-V ............................................................................ 21
Figura 6 – Ensaio da Caixa-L ....................................................................... 22
Figura 7 - Ensaio Anel-J .............................................................................. 23
Figura 8 - (A) Areia natural (B) Areia industrial .......................................... 31
Figura 9 – Brita 0 ......................................................................................... 32
Figura 10 – Ensaio de espalhamento do concreto ...................................... 35
Figura 11 – Corpos de prova para moldagem ............................................. 36
Figura 12 – Corpos de prova moldados em grupos .................................... 37
Figura 13 – Concreto misturado na betoneira ............................................. 38
Figura 14 – Caixa para cura do concreto .................................................... 39
Figura 15 - Corpos de prova em imersão .................................................. 40
Figura 16 – Ensaio de resistência à compressão ........................................ 41
Figura 17 – Caminhão sendo carregado ...................................................... 43
Figura 18 – Caminhão betoneira despejando o material no silo ................. 44
Figura 19 – Fôrmas sendo preenchidas de concreto .................................. 44
Figura 20 – Mensurando a abertura do concreto ........................................ 45
Figura 21 – Alisamento da face superior das peças ................................... 46
Figura 22 – Corpos de prova dentro da caixa de luz .................................. 47
Figura 23 – Corpos de prova aguardando o tempo de cura ........................ 48
Figura 24 - Ensaio de resistência à compressão ....................................... 49
Figura 25 – Curva granulométrica da areia natural ..................................... 51
Figura 26 – Curva granulométrica da areia industrial ................................. 52
Figura 27 – Laudo técnico do cimento Intercement .................................... 52
Figura 28 – Laudo técnico do cimento Itambé ............................................ 53
Figura 29 – Laudo técnico do cimento Supremo .......................................... 53
Figura 30 – Espalhamento do concreto com cimento Intercement (1),
Votorantim (2), Itambé (3) e Supremo (4) ...................................................... 55
5

Figura 31 – Ensaio Caixa L ......................................................................... 57


Figura 32 – Espalhamento do concreto no estado fresco .......................... 58
Figura 33 - Gráfico dos resultados de resistência à compressão para 16
horas .............................................................................................................. 59
Figura 34 – Resultados de resistência à compressão para 20 e 24 horas .. 60
Figura 35 – Gráfico dos resultados de resistência à compressão para 20
horas .............................................................................................................. 60
Figura 36 – Gráfico dos resultados de resistência à compressão para 24
horas ............................................................................................................. 61
6

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A/C – Água / Cimento


ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASTM – American Society for Testing and Materials
CAA – Concreto Auto-adensável
Cm³ - Centímetros cúbicos
CP – Cimento Portland
CPs – Corpos de Prova
Mm – milímetros
7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 09
1.1 Área de limitação do tema ................................................................... 10
1.2 Justificativa ........................................................................................... 10
1.3 Objetivos ............................................................................................... 11
1.3.1 Objetivo geral ........................................................................................ 11
1.3.2 Objetivo específico ............................................................................... 11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 12
2.1 Concreto auto adensável ..................................................................... 12
2.2. Conceito de pré-moldados .................................................................. 12
2.3 Vantagens e Desvantagens ................................................................. 13
2.4 Sistemas estruturais básicos do concreto pré-moldado .................. 14
2.5 Fabricação e moldagem ....................................................................... 15
2.6 A efetividade técnica, econômica e produtividade do CAA em pré-
moldados ............................................................................................... 16
2.7 Concreto ................................................................................................ 16
2.7.1 Resistência mecânica do concreto ...................................................... 17
2.7.2 Relação água/cimento (a/c) ................................................................. 17
2.7.3 Idade do material .................................................................................. 17
2.7.4 Agregados ............................................................................................. 18
2.7.5 Tipo de cimento .................................................................................... 18
2.7.6 Concreto auto adensável ...................................................................... 18
2.7.7 Materiais constituintes do CAA ............................................................ 19
2.7.8 Cimento ................................................................................................. 19
2.7.9 Agregados ............................................................................................. 20
2.7.10 Área superficial ..................................................................................... 20
2.7.11 Forma e textura ..................................................................................... 20
2.7.12 Granulometria ....................................................................................... 20
2.7.13 Massa específica .................................................................................. 21
2.7.14 Agregado Graúdo ................................................................................. 21
2.7.15 Agregado Miúdo ................................................................................... 21
2.7.16 Água ....................................................................................................... 22
2.7.17 Aditivos .................................................................................................. 22
2.8 Avaliação do concreto em estado fresco ........................................... 22
2.8.1 Ensaio de espalhamento ...................................................................... 23
2.8.2 Funil-V .................................................................................................... 24
2.8.3 Caixa-L ................................................................................................... 25
2.8.4 Ensaio Anel-J 26
2.8.6 Parâmetros do concreto auto adensável em estado fresco para
ABNT NBR 15823:2017 ......................................................................... 27
2.9 Produção do CAA ................................................................................. 28
3 METODOLOGIA ..................................................................................... 30
8

3.1 Caracterização da pesquisa ................................................................ 30


3.2 Materiais utilizados na pesquisa ......................................................... 30
3.2.1 Cimento Portland .................................................................................. 31
3.2.2 Agregados ............................................................................................. 31
3.2.2.1 Agregado miúdo ................................................................................... 31
3.2.2.2 Agregado graúdo .................................................................................. 32
3.2.2.3 Água ....................................................................................................... 33
3.2.3 Aditivo .................................................................................................... 34
3.3 Procedimento experimental ................................................................. 34
3.3.1 Estudo preliminar – obtenção do traço experimental ....................... 34
3.3.1.1 Preparação dos agregados .................................................................. 35
3.3.1.2 Ensaios do concreto no estado fresco ............................................... 35
3.3.1.3 Moldagem dos corpos de prova .......................................................... 36
3.3.1.4 Cura dos corpos de prova ................................................................... 39
3.3.1.5 Rompimento dos corpos de prova ..................................................... 42
3.3.2 Estudo definitivo – aplicação na fábrica de pré-moldados .............. 43
3.3.2.1 Preparação dos agregados ................................................................. 44
3.3.2.2 Preparação do concreto na central .................................................... 45
3.3.2.3 Ensaio do concreto no estado fresco – Slump flow test .................. 46
3.3.2.4 Moldagem dos corpos de prova .......................................................... 47
3.3.2.5 Concretagem das peças pré-moldadas .............................................. 47
3.3.2.6 Cura dos corpos de prova ................................................................... 48
3.3.2.7 Rompimento dos corpos de prova ..................................................... 49
4. RESULTADOS E ANÁLISE .................................................................. 51
4.1. Caracterização dos materiais utilizados ............................................ 51
4.1.1 Agregados ............................................................................................. 51
4.1.1.1 Areia natural .......................................................................................... 51
4.1.1.2 Areia industrial ...................................................................................... 52
4.1.1.3 Brita 0 ..................................................................................................... 52
4.1.1.2 Cimento ................................................................................................. 52
4.2 Concreto ................................................................................................ 54
4.2.1 Traço experimental ............................................................................... 54
4.2.2 Análise do concreto em estado fresco ............................................... 55
4.2.2.1 Em laboratório ...................................................................................... 55
4.2.2.1.1 Ensaios de espalhamento .................................................................... 55
4.2.2.1.2 Ensaio da Caixa-L (L-box test) ............................................................ 57
4.2.2.2 Em fábrica ............................................................................................. 58
4.2.3 Ensaios de resistência à compressão ................................................ 59
4.2.3.1 Em laboratório ...................................................................................... 59
4.2.3.2 Em fábrica ............................................................................................. 62
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 64
5.1 Sugestões para trabalhos futuros ...................................................... 65
REFERÊNCIAS ...................................................................................... 66
9

1 INTRODUÇÃO

A evolução da indústria da construção civil vem seguindo o caminho da


modernização e industrialização, e em paralelo a esse avanço, acontece o contínuo
progresso da tecnologia, que permite a criação de novas técnicas com maior controle,
qualidade e velocidade para o desempenho das obras. A partir da indústria dos pré-
moldados a construção civil caminha em direção a essa renovação.
A procura por melhorias que contribuam para o crescimento e também, para o
correto emprego dos materiais, tal como o concreto, utilizado em obras e construções,
é fundamental para a ascensão do setor da construção civil, por isso o concreto auto
adensável possuí diversas características para se destacar dentro do campo da
engenharia.
Diante da eliminação de etapas como vibração, espalhamento manual e
regularização das superfícies, encontra-se a perspectiva de facilitar o controle de
produção. Dessa forma, tais melhorias oportunizam um aumento na capacidade
produtiva da fábrica, possibilitando a obtenção de uma maior eficiência na sequência
de moldagem, podendo ainda, garantir a expectativa de um maior nível de
organização. Nessa direção, vê-se que o cimento auto adensável (CAA) proporciona
uma maior qualidade no acabamento superficial de peças de concreto, indispensáveis
no sistema de pré-moldados.
A criação do concreto auto adensável é caracterizada por muitos
pesquisadores como uma das maiores transformações acontecidas na tecnologia do
concreta. Contudo, é possível observar que a aplicação e utilização desse método
ainda é restrita no campo da construção civil, se comparada a outros materiais.
Frente a isso, este estudo tem como objetivo avaliar o desempenho do CAA na
confecção de peças pré-moldadas, servindo assim para fomentar os benefícios dessa
tecnologia para o campo da engenharia. Reiterando assim, a necessidade de se
discutir a respeito dessa tecnologia e dos benefícios da mesma para a indústria da
construção civil.
10

1.1 Área de limitação do tema

Elaborado na área de materiais de construção civil, o presente trabalho possui


como tema a viabilidade de alteração dos componentes da fabricação do concreto,
evidenciando a mudança dos aglomerantes e agregados utilizados atualmente pela
central de concreto.

1.2 Justificativa

O estudo do concreto auto adensável, tem como objetivo atingir resistências


iniciais elevadas e possibilitar uma produção padronizada de peças pré-moldadas,
possuindo assim, grande relevância científica, já que se trata de um ponto de descuido
das fábricas. Diante da demanda e da grande necessidade da rápida desforma para
dar continuidade a produção, a resistência inicial das peças de concreto acaba
desapercebida, ocasionando impasses em etapas posteriores a moldagem,
categorizando um descaso com a qualidade do elemento que vem a ser produzido.
Complementarmente, vê-se que o material utilizado na composição do concreto
constitui uma parcela fundamental para chegar na resistência solicitada, do mesmo
modo que a quantidade de finos, a proporção de aditivo, bem como a relação
água/cimento que por inúmeras vezes é o ponto principal do problema com concreto
auto adensável.
Devido à aplicação de água além da determinada para o traço, as peças pré-
moldadas – principalmente as paredes, apresentam uma superfície completamente
exsudada, formando uma face basicamente composta de argamassa, sendo que essa
característica compromete a durabilidade do material.
Deste modo, o trabalho propõe como ideia principal uma reconstituição da
mistura, através da alteração da marca de cimento utilizada no traço referência,
concomitante a realização de ensaios para chegar a altas resistências iniciais.
Possuindo assim, o propósito de oferecer um satisfatório processo de moldagem e
desforma para a demanda de uma fábrica, bem como viabilizar que as peças
compreendam um acabamento de qualidade.
11

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

Avaliar o desempenho do concreto – melhora na resistência, acabamento e


custo, realizando alternância dos aglomerantes e proporção dos agregados, visando
à aplicação na confecção de elementos pré-moldados.

1.3.2 Objetivos específicos

 Analisar as características dos materiais utilizados na mistura do concreto;


 Comparar a resistência inicial entre os testes, viabilizando a maior resistência após
as 16 horas de moldagem;
 Contrapor as resistências e particularidades dos materiais utilizados nos testes,
viabilizando um concreto de melhor qualidade;
 Viabilizar uma composição que possibilite alcançar a resistência à compressão
ideal para as 16 horas, com o menor custo de material possível.
12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Concreto auto adensável

À medida que surgiram as limitações nas estruturas de concreto convencional


oriundas de problemas na execução, principalmente acerca do adensamento, nas
regiões bastante armadas, inicia-se as primeiras concepções do concreto auto-
adensável (CAA), que ocorreram por volta do ano de 1980 no Japão, quando se
buscava alcançar estruturas que pudessem oferecer propriedades de processo
construtivo mais seguro e de qualidade satisfatória, alinhadas ao menor impacto
ambiental, à saúde dos funcionários e de maior durabilidade. (NUNES, 2001)
A autora afirma ainda que o Professor Okamura da Universidade de Tóquio
sugeriu em 1986 a utilização de um concreto para estruturas comuns inspirado no
concreto submerso que tem por característica, coesão para resistir à lavagem.
As primeiras aparições da pré-fabricação sucederam-se no período pós-guerra
em consequência à carência de mão-de-obra qualificada na região europeia e,
igualmente, a necessidade de construção em larga escala.
Conforme Vasconcellos (2002), a pré-fabricação não possui uma data exata
como marco para seu princípio, mas, é possível garantir que sua procedência é
simultânea a invenção do concreto armado.
A origem do concreto armado aconteceu com a pré-moldagem de elementos
fora do local de seu uso. Desse modo, pode-se concluir que o começo da pré-
fabricação foi paralelo a invenção do concreto armado. A realização de estruturas com
concretagem local surgiu depois.

2.2 Conceito de pré-moldados

É denominado como pré-moldagem o processo de construção, em que a obra,


ou parte dela, é moldada a fora do seu local de uso definitivo. Sua relação vai de
encontro a conceitos de industrialização e pré-fabricação.
De acordo com Fernández Ordónez (2010), a pré-fabricação é caracterizada
como um método industrial de construção civil, em que os elementos são fabricados
em grandes séries e, também, por métodos de produção em massa – instalação
13

industrial, e posteriormente, montados na obra através de equipamentos e


maquinários de elevação.
A Norma da ABNT NBR 9062:2017 - Projeto e execução de estruturas de
concreto Pré-moldado, é responsável pela determinação da distinção entre os
elementos pré-moldados e elementos pré-fabricados, estabelecendo controle de
qualidades, especificações de projeto e produção. Com isso, ao longo desse trabalho,
a autora utilizará apenas o termo pré-moldado de modo a simplificar o entendimento.

2.3 Vantagens e Desvantagens

Assim como os demais sistemas construtivos, o pré-moldado apresenta


aspectos favoráveis e desfavoráveis. As características que contabilizam de forma
positiva na utilização do sistema pré-moldado, têm como referência à execução de
parte da estrutura fora do local de utilização definitivo, em decorrência das facilidades
e rapidez da produção dos elementos e, bem como, da eliminação ou da redução do
cimbramento consoante (EL DEBS, 2000).
No entanto, as desvantagens apontam limitações relacionadas aos
equipamentos de transporte e montagem, as formas arquitetônicas, à necessidade de
previsão de ampliações no projeto inicial, entre outros.

Figura 1 – Vantagens e desvantagens encontradas na literatura técnica sobre o sistema pré-


moldado.
14

Fonte: El Debs, 2000, p. 28

2.4 Sistemas estruturais básicos de concreto pré-moldado

A padronização dos sistemas produtivos e dos tamanhos e seções para vigas,


pilares e lajes, vem sendo praticada pelos fabricantes. Aqueles que ficam sem uma
padronização são os tamanhos das seções e os vãos livres.
Atualmente, no mercado nacional, encontra-se sistemas produtivos para
painéis, pavilhões, escadas. No Manual de Sistemas Pré-moldados de Concreto,
Acker (2002), cita os tipos mais comuns de sistemas básicos de concreto pré-
moldado.

Figura 2 – Exemplo de padrão de seções transversais

Fonte: Acker, 2002.

As peças usadas em sistemas pré-fabricados, quando servem de apoio para


outras peças, geralmente fazem uso de um consolo para a sua ligação. Usa-se
consolos viga-viga, viga-pilar ou piso-parede como na Figura 3.
15

Figura 3 – Consolos para apoio em estruturas pré-moldadas.

Fonte: Acker, 2002.

2.5 Fabricação e moldagem

De acordo com El Debs (2000), é possível dividir as atividades envolvidas na


execução de pré-moldados em três categorias: as atividades preliminares, a execução
propriamente dita e as atividades posteriores.
As atividades preliminares compreendem a preparação dos materiais
(armazenamento das matérias primas, dosagem e mistura do concreto, preparo e
montagem da armadura) e, também, o transporte dos materiais até a fôrma.
Posteriormente, na execução das peças, acontece a preparação da fôrma e da
armadura, em seguida é realizada a aplicação do concreto e de sua cura, finalizando
então com a liberação da força de protensão - quando for o caso, e com a retirada do
elemento da fôrma (desmoldagem).
Por fim, as atividades posteriores são aquelas relacionadas ao transporte
interno dos elementos – quando estes são produzidos na fábrica e não no canteiro de
obras, ou seja, sua retirada do local de desmoldagem até a área de armazenamento
ou área de acabamentos.
16

2.6 A efetividade técnica, econômica e produtividade do CAA em pré-moldados

Segundo estudos de Tutikian e Dal Molin (2008), a aplicação de CAA em empresas


de pré-moldados é de ampla interesse para o mercado nacional. A utilização desse
tipo de concreto apresenta uma diminuição direta no custo final da obra, já que entrega
um custo global (mão de obra mais insumos) menor que o concreto convencional e,
também por apresentar outras inúmeras vantagens, como por exemplo, aumento na
velocidade de concretagem, diminuição do número de trabalhadores e redução de
ruído, entre outras.
A implantação do CAA em indústrias, traz uma tecnologia e qualidade para o
produto final superiores às de concreto convencional, isto é, ao introduzi-lo, a fábrica
garante o aumento da qualidade de sua estrutura. (TUTIKIAN; DAL MOLIN, 2008).
Conforme Azevedo (2010), a produtividade é definida baseada na quantidade do
trabalho realizado em um determinado período de tempo, geralmente em horas e é
definido entre a relação dos resultados obtidos e recursos utilizados. É fundamental,
para atingir o aumento de produtividade, um bom emprego do horário disponível para
o trabalho.

2.7 Concreto

O concreto é um material compósito que consiste de um meio aglomerante no


qual estão aglutinadas partículas de diferentes naturezas, de acordo com a ASTM
(American Society for Testing and Materials).
Essas partículas o tornam um material singular à medida que ocorre a
composição, se fundamenta de acordo com seu estado, seja ele fresco em prol do
seu composto plástico - viabilizando múltiplos delineamentos e tamanhos – ou após
seu endurecimento, apresentando resistências altíssimas que se igualam às rochas
naturais.
Segundo Helene (1993) a resistência a compressão dos concretos tem sido
tradicionalmente utilizada como parâmetro principal de dosagem e controle da
qualidade dos concretos, sendo ela influenciada em grande parte pela relação
água/cimento. Deste modo o cimento se torna um componente muito importante na
dosagem do concreto, e devido à o seu uso há uma grande demanda e, portanto,
fabricação.
17

2.7.1 Resistência mecânica do concreto

Conforme Andrade e Tutikian (2011), a capacidade de o material resistir as


cargas aplicadas sobre ele, sem entrar em colapso, intitula-se como resistência
mecânica do concreto. De maneira simplificada, a resistência do concreto é estimada
como a máxima carga aplicada em um corpo de prova.
A combinação da pasta de cimento hidratado juntamente com os agregados
integra o concreto endurecido. Da mesma maneira que os agregados, a pasta de
cimento denota um desempenho tensão-deformação singular quando contrapostos ao
concreto.
De forma prática, a resistência mecânica do concreto pode ser resumida em
três razões: as propriedades – cimento, agregados, aditivos e adições; as condições
de cura e ciclo dos corpos de prova; e as proporções – relação água/cimento e
agregado/agregado (NEVILLE, 1997; METHA; MONTEIRO, 2008).

2.7.2 Relação água/cimento (a/c)

Segundo Mehta e Monteiro (2008), de acordo com a Lei de Abrams há uma


relação exponencial e divergente entre a relação a/c e a resistência mecânica do
concreto, dessa forma, compreende-se que a resistência mecânica do concreto
aumenta com a diminuição da relação a/c. É pertinente ter em vista que existem
outras condições que também devem ser atendidas.

2.7.3 Idade do material

O ganho de resistência com a idade está relacionado com o grau de hidratação


dos compostos do cimento. Cimentos mais finos e com teores maiores de silicatos de
cálcio (C3S e C2S), como o CP V ARI, tendem a apresentar uma resistência maior a
idades menores do que cimentos com adições minerais, tais como: o CP III AF e o CP
IV (ANDRADE; TUTIKIAN, 2011).
18

2.7.4. Agregados

Conforme Mehta e Monteiro (2008), na proporção que ocorre a expansão do


diâmetro máximo do agregado graúdo, comumente se sucede a redução da água
fundamental para o amassamento, resultando acréscimo na resistência final. Ainda
assim, agregados que possuem sua geometria graúda inclinam-se a expressar zonas
de transição mais fracas, com maior probabilidade de originar microfissuras.

2.7.5 Tipo de cimento

Cada cimento dispõe de diversas características que são capazes de


influenciar na resistência do concreto para distintas idades. Essas propriedades
podem ser físicas e químicas, compreendendo a finura e superfície específica e,
também, teores de aluminatos e silicatos de cálcio, respectivamente.
A metodologia da hidratação do cimento, de acordo com Andrade e Tutikian
(2011), é um método que gera o acréscimo de resistência nos concretos. Á medida
que ocorre uma gradativa diminuição da dimensão das partículas – instituída pela
superfície das partículas – criam-se produtos hidratados. Com tal característica,
constata-se que a velocidade de reação, para um decorrente ganho de resistência a
concretos de idade baixa, é diretamente proporcional a finura do cimento.

2.7.6 Concreto auto-adensável

A composição do Concreto auto adensável (CAA) abrange os insumos básicos


de um CC, que são: aglomerante, agregado miúdo, agregado graúdo e água, podendo
conter ou não aditivos e adições. O somatório de cimento com água forma a pasta,
com tal, a adição de areia configura a argamassa que, acrescido o agregado graúdo,
da origem ao concreto. A parcela que constitui os finos e aditivos é consideravelmente
maior para o CAA, diferente da complexidade de dosagem e determinação dos
materiais, que demanda atenção com propriedades e composições (TUTIKIAN; DAL
MOLIN, 2008). A Norma Brasileira ABNT 15823:2017 é a responsável por estabelecer
os requisitos ao Concreto auto adensável (CAA).
19

2.7.7 Materiais constituintes do CAA

O CAA é formado pelos mesmos materiais utilizados na produção de concretos


convencionais: aglomerante, agregados e água; com exceção dos aditivos químicos
e adições minerais.

2.7.8 Cimento

Tal qual Metha e Monteio (1994), o cimento é um material finamente


pulverizado que fomenta propriedades ligantes – reações químicas entre os minerais
do cimento e água, no entanto, sozinho, não é aglomerante. De acordo com a ABNT
NBR 16697:2018 existem oito tipos de cimento, que são CP I, CP II, CP III, CP IV, CP
V – ARI, RS, BC, CPB.

Aglomerante hidráulico obtido pela moagem de clínquer


Portland, ao qual se adiciona, durante essa operação, a
quantidade necessária de uma ou mais formas de sulfato de
cálcio. Durante a moagem é permitido adicionar a essa mistura
materiais pozolânicos, escórias granuladas de alto-forno e/ou
materiais carbonáticos, nos teores indicados nas normas
específicas (ABNT NBR 12655, 2015).

Não há parâmetros científicos que determinem o melhor cimento para alcançar


o CAA, no que tange à durabilidade e ao uso adequado do material, as
recomendações equivalem aos concretos estruturais convencionais. Ainda assim, a
finura e a categoria do cimento empregado nas propriedades no estado fresco e na
dosagem dos aditivos no CAA (TUTIKIAN; DAL MOLIN, 2008).
A procura por material fino para o CAA, vem da necessidade de uma mistura
coesa. Logo que acontece o aumento da porção de finos na mistura, tem se
diretamente o crescimento do consumo de água, esse comportamento resulta na
tensão de escoamento e, dessa forma, a coesão da mistura é ampliada (TUTIKIAN;
DAL MOLIN, 2008).
Todavia, estudos recomendam a utilização de um cimento com alguns ajustes,
tendo em vista a constituição do CAA, tal como: A adsorção do aditivo
superplastificante pelas parcelas do cimento acontece de preferência nos aluminatos
(Aluminato tricalcico e Ferro aluminato tetracalcico). Contudo, a medida destes
compostos deve acontecer de maneira equilibrada, para que se suceda uma adsorção
20

mais homogênea. O teor de Aluminato tricalcico em massa deve estar abaixo de 10%
(EFNARC, 2002).

2.7.9 Agregados

Entende-se por agregado um material granular, sem forma e volume definidos,


geralmente inerte. Classifica-se como agregados as rochas britadas, os fragmentos
rolados no leito dos cursos d’água e os materiais encontrados em jazidas provenientes
de alterações de rocha (FURNAS, 1997).
Segundo Helene (1992), para os agregados miúdos a granulometria, módulo
de finura, massa unitária, massa específica, inchamento, coeficiente de inchamento e
umidade crítica, apreciação petrográfica e as curvas normalizadas influenciam
diretamente na dosagem do concreto. Pertinente aos agregados graúdos, considera
a granulometria, dimensão máxima característica, massa específica, apreciação
petrográfica e mistura de agregados graúdos.

2.7.10 Área superficial

Segundo Neville (1997), a área superficial do agregado que estabelece a


parcela de água fundamental para umidificar os sólidos. Á medida que se diminui a
área, mais baixas são as proporções de pasta e água essenciais para se atingir uma
determinada fluidez.

2.7.11 Forma e textura

Para Mehta e Monteiro (1994) os grãos que contém uma textura áspera e
formato anguloso ou alongado demandam uma quantidade maior de pasta para
alcançar misturas com trabalhabilidade conveniente, aumentando, por consequência,
o gasto com concreto.

2.7.12 Granulometria

Neville (1997) aponta aspectos que são prejudicados em razão da


granulometria, sobretudo, a área superficial dos agregados, o volume relativo ocupado
21

pelas partículas, a trabalhabilidade da mistura e a tendência à segregação. A


granulometria descontínua dos agregados contribui para ocorrência da segregação,
deste modo, não é recomendado o uso em CAA.

2.7.13 Massa específica

A massa específica de um agregado é cerca de 2,6g/cm³, segundo Neville


(1997). Àqueles que possuem massa específica abaixo do valor referência,
identificam-se como leves, da mesma forma que os agregados que possuem massas
específicas, habitualmente, acima de 4,0 g/cm³, são considerados como pesados.
Tem-se que, conforme Mehta e Monteiro (1994), a utilização de agregados
leves na composição de concretos com alta fluidez resultam na segregação,
conveniente à flutuação das partículas maiores. Em consequência disso, acontece
uma elevada e rápida absorção, instituindo que parte da água inserida não contribua
para a fluidez da composição, sendo capaz de gerar um decréscimo de consistência.

2.7.14 Agregado Graúdo

Com o propósito de contribuir positivamente na composição do concreto, os


agregados graúdos devem compreender grãos que não apresentem impurezas que
venham a comprometer o endurecimento do aglomerante, mas que sejam duráveis,
resistentes e inertes. Ademais, têm a necessidade de apresentar uma boa
composição granulométrica.
Sua composição é constituída por pedra britada, pedregulhos naturais ou seixo
rolado, derivado do britamento de rochas regulares que não ultrapassem o limite de
15% passante na peneira 4,8mm (MEHTA; MONTEIRO, 1994)

2.7.15 Agregado Miúdo

Existe a possibilidade de utilização tanto as areias naturais como artificiais. As


areias naturais compõem uma textura mais lisa e arredondada, correspondendo a
uma escolha mais sensata, ao contrário das artificiais que abrange uma granulometria
descontinua, mas que combinado com uma areia de rio para conquistar um melhor
desempenho (DÍAZ, 1998).
22

Compreende-se como agregado miúdo normal, pedrisco ou corrente a areia


natural quartzosa resultante do britamento de rochas regulares, com partículas que
não ultrapassem um limite de 15% retidas na peneira 4,8 mm (DÍAZ, 1998).

2.7.16 Água

A relação de água no concreto, é inversamente proporcional a tensão de


escoamento, pois quanto maior a quantidade de água, menor será a tensão – no que
tange a deformabilidade. Outrossim, acontece com a viscosidade da mistura, que
diminui proporcionalmente com o aumento da parcela de água. Excessivos teores de
água propendem a afetar a sua resistência mecânica. De modo a assegurar a fluidez,
sem influenciar nas particularidades de resistência e durabilidade, uma parcela da
água pode ser alterada pela aplicação de aditivos superplastificantes.

2.7.17 Aditivos

Segundo a definição de Isaia (1988), os aditivos são produtos incorporados ao


concreto em quantidades inferior a 5% em relação à massa de cimento, afim de alterar
de forma definitiva algumas características do concreto, ou conceder um melhor
comportamento.
De acordo com a NBR 11768:2011, no que se refere aos aditivos químicos,
eles podem ser empregados na composição de concretos e, também, de argamassas.
Devem ser somados à massa, rapidamente, antes ou durante a mistura, com a
finalidade de aperfeiçoar suas particularidades - tanto no estado fresco, como no
estado endurecido.
Os aditivos químicos possuem finalidades essenciais no CAA, a utilização do
fíler de calcário concorda com às exigências solicitadas, sendo estes super
plastificantes e aditivos modificadores de viscosidade. Dessa maneira, controlando a
exsudação e a segregação encontrada.

2.8 Avaliação do concreto em estado fresco

A caracterização do CAA acontece, especialmente, através de suas


propriedades no estado fresco, de maneira que os procedimentos aplicados na
23

especificação dos concretos convencionais não apresentam resultado satisfatório.


Desse modo, algumas técnicas de ensaio são propostas para avaliar as
características do CAA. Existem impasses referentes à variação dos resultados, em
consequência do operador e, também, à reprodução dos mesmos, que devem ser
ajustados (GIBBS, 2004).
Segundo Gibbs e Brameshuber (2004), a variabilidade relevante dos ensaios
pode acontecer à medida que se altera a temperatura e a forma de mistura. A
recomendação de Brameshuber (2004), é que aconteçam mais estudos que
classifiquem faixas de variação das especificidades do CAA no estado fresco, à
proporção que ocorra a diversificação da temperatura.

2.8.1 Ensaio de espalhamento

O ensaio de espalhamento, ou Slump flow, compreende a medição do diâmetro


de abertura do composto em seguida ao seu espalhamento, com a utilização do cone
de Abrams. É realizada a medição do diâmetro em duas direções, perpendiculares
entre sí e, posteriormente calcula-se a média entre as medidas para definição do
resultado do ensaio. O Slump flow estabelece, conforme seu peso próprio, a eficiência
do preenchimento, ou deformidade do CAA.
A partir da realização do ensaio, é possível ter conhecimento da distância entre
as partículas, sempre que o composto for transformado sob condições não-
restringidas, progredindo com a ampliação do teor do aditivo superplastificante e de
água. Através do espalhamento, se pode realizar uma análise visual da mistura,
possibilitando a verificação quanto à exsudação ou segregação (SUGAMATA et al.
2003).
Além disso, é possível mensurar o tempo que a mistura gasta para escoar até
o diâmetro 500mm (𝑇500 ), associando a velocidade de fluidez com a velocidade.
Embora ocorram equívocos durante a medição – dificuldade na indicação do tempo,
devido a abertura não homogênea – Nielson e Wallevik (2003) reiteram que 𝑇500
demonstra resolução convergentes entre a fluidez livre de limitações e a viscosidade
plástica.
24

Figura 4 – Ensaio de espalhamento ou Slump flow

Fonte: Nuruddin, Demie, Shafiq, 2011, p. 6.


2.8.2 Funil-V

A realização do ensaio acontece através do enchimento total de um funil,


mensurando o tempo gasto para o escoamento integral do CAA. Indica a viscosidade
do concreto, bem como, a capacidade de a mistura passar por sessões restritas
(SUGAMATA et al., 2003). A relação água/cimento intervém diretamente, pois quanto
maior ela for, menor será o contato entre as partículas e, consequentemente, reduzirá
o tempo de escoamento da mistura no funil.

Figura 5 – Ensaio Funil-V

Fonte: Nuruddin, Demie, Shafiq, 2011, p. 6.


25

2.8.3 Caixa-L

O ensaio Caixa-L indica a capacidade da mistura de passar por restrições,


reproduzindo o encontro do concreto com as armaduras, da mesma maneira que a
sua resistência à segregação, ao bloqueio e, também, sua deformabilidade.
De acordo com Gomes (2002), sua definição acontece a contar do
preenchimento da parcela vertical da caixa, liberando a passagem do material para a
parcela horizontal posterior ao escoamento pelas barras verticais presentes.
A determinação do resultado é encontrada com base na diferença de altura das
parcelas vertical (𝐻1 ) e horizontal (𝐻2 ) da caixa, além disso, existe outra possibilidade
de indicar resultados, através da mensuração do tempo que o concreto leva para
atingir o espaço de 20 e 40cm ao longo da base horizontal, indicando como pertinentes
os tempos abaixo de 1 e 2 segundos, na devida ordem (GOMES, 2002).

Figura 6 – Ensaio da Caixa-L

Fonte: Nuruddin, Demie, Shafiq, 2011, p. 6

2.8.4 Ensaio Anel-J

A realização deste ensaio pode acontecer de forma conjunta ao de


espalhamento, adicionando a análise da resistência ao bloqueio. O instrumento
compõe-se de um anel com diâmetro de seção circular de 300mm, junto de barras
verticais devidamente espaçadas conforme o desempenho solicitado para o concreto,
exemplificado na Figura 7.
26

A avaliação do ensaio provém da diferença de altura da parcela que se


manteve no interior do anel, e a parte da mistura que se dispersou para seu exterior,
tal como uma verificação visual do acontecimento de segregação ou bloqueio.

Figura 7 - Ensaio Anel-J

Fonte: Nuruddin, Demie, Shafiq, 2011, p. 6.

2.8.5 Parâmetros do concreto auto adensável em estado fresco para ABNT NBR
15823:2017

Os ensaios que definem as propriedades do CAA divergem, exclusivamente,


do CC por meio da produção em estado fresco, uma vez que, direta ou indiretamente
indicam os critérios reológicos indispensáveis do concreto, por exemplo a viscosidade
do material.
A qualificação do concreto auto adensável em estado fresco, dá-se em função
dos fundamentos propostos na NBR 15823-1:2017 (ABNT, 2017), que recomenda a
correlação dessa classificação com a aplicação do concreto efetivamente, conforme
é exibido nas tabelas 01, 02 e 03.

Tabela 01 – Classificação do CAA para espalhamento em função da aplicação

Fonte: ABNT 15823-1:2017


27

Tabela 02 – Classificação do CAA para habilidade passante em função da sua aplicação

Fonte: ABNT 15823-1:2017

Tabela 03 – Classificação do CAA para viscosidade plástica em função da aplicação

Fonte: ABNT 15823-1: 2017

Conforme diretrizes da normativa, as metodologias de ensaio para aceitação


do CAA em estado fresco têm de ser fundamentadas ao menos pela fluidez e
viscosidade consideradas no ensaio de espalhamento a cada betonada. Em vista
disso, entende-se que os fatores considerados em norma não podem ser avaliados
separadamente, pois as propriedades são mutuamente dependentes uma da outra.

2.6 Produção do CAA

Os cuidados e adequações durante a determinação e caracterização dos


materiais são imprescindíveis, assim como no decorrer do processo de execução. Em
razão de ser um concreto relativamente novo, sua utilização demanda uma
28

adequação da central fornecedora do concreto, assim como do canteiro de obras e de


um treinamento específico para os colaboradores envolvidos no processo.
São condições de controle durante a produção do CAA:
 Cuidados durante a seleção e determinação dos materiais aplicados –
especialmente à granulometria e umidade;
 De acordo com Tutikian e Dal Molin (2008), atenção para o tempo necessário para
mistura e os equipamentos utilizados;
 Fazer o uso de formas resistentes e duradouras que sustentem as pressões
atuantes;
 Executar a concretagem com o CAA, somente após serem realizados os ensaios
que qualificam sua auto-adensabilidade (JATOBÁ, 2006).
Além disso, para os elementos pré-moldados de concreto armado, conforme
Jatobá (2006), deve-se atender alguns outros cuidados, por exemplo: Evitar que os
elementos sejam agitados durante o transporte, impedindo que ocorra segregação e
exsudação; impedir atrasos da aplicação do material nas formas, a fim de não perder
suas características de fluidez; fiscalizar a qualidade dos materiais;
Ademais, as fôrmas têm de estar limpas e livres de obstruções, bem como, com
a aplicação do desmoldante concluída antes da execução da concretagem, da mesma
forma ocorre para concretos convencionais. Com o propósito de impossibilitar o
aprisionamento do ar, o processo de aplicação do CAA deve ser realizado de maneira
moderada, sem demasiada rapidez. Por fim, a cura tem de ser efetuada corretamente.
29

3 METODOLOGIA

Tendo como objetivo a melhoria das condições do concreto auto adensável


para aplicação em peças pré-moldadas, procedeu-se a elaboração deste programa
de estudos.
Os procedimentos experimentais do presente trabalho de conclusão de curso
foram executados no laboratório de materiais de construção, da Universidade de
Santa Cruz do Sul – UNISC, durante o segundo semestre do ano de 2019.
A primeira etapa do trabalho teve início com ensaios, seguindo fielmente os
materiais utilizados no traço referência da fábrica. O experimento engloba a execução
de concreto, sendo os ensaios para verificação quanto as características do material
utilizado e a moldagem de corpos de prova para ensaio de resistência a compressão
em diferentes idades de cura, seguem as normas técnicas vigentes.

3.1 Caracterização da pesquisa

A presente pesquisa teve o objetivo de estudar as características de cada


cimento e definir qual deles será utilizado, bem como, o traço de concreto auto
adensável para utilização em peças pré-moldadas. Para isso, procurou-se
primeiramente analisar os materiais constituintes do traço estudado, definindo as
proporções a serem utilizadas na mistura, bem como as características e propriedades
resultantes da união de tais materiais, a partir de ensaios de caracterização e de
resistência mecânica. Desta forma, a pesquisa pode ser classificada como descritiva,
experimental e de caráter quantitativo, englobando coleta de dados, análise e
interpretação de resultados e comparando-os por meio de uma base de referência.

3.2 Materiais utilizados na pesquisa

Baseado em um traço referência de concreto auto adensável e realizando a


substituição de diferentes marcas de cimento CP V – dois ARI RS e dois somente CP
V – com o propósito de indicar um que atingisse a resistência maior que 14MPa
conforme a ABNT NBR 16697:2018 assim como, estivesse de acordo com os ensaios
realizados em estado fresco. Os materiais utilizados para a moldagem dos corpos de
prova foram: Cimento Portland, agregado miúdo, agregado graúdo, água e aditivo.
30

3.2.1 Cimento Portland

Foram utilizadas quatro marcas diferentes de cimento para realização dos


ensaios. O material da Itambé e Votoran foi fornecido diretamente de suas fábricas e
o material da Intercement e Supremo foi fornecido pela empresa de pré-fabricados
Estruturas Ellwanger, localizada na cidade de Pantano Grande, sendo coletado
diretamente no silo de armazenamento da empresa e transportados em embalagens
plásticas devidamente vedadas, a fim de evitar o contato do material com qualquer
tipo de umidade. O cimento Intercement e Votoran são CP V ARI RS e o cimento da
Itambé e Supremo é CP V “puro”.

3.2.2 Agregados

Os agregados utilizados, tanto miúdos como graúdos, foram caracterizados


previamente a sua utilização para se obter um ajuste adequado dos mesmos dentro
da mistura de concreto a ser utilizada. Para realização desse ensaio, foi seguida a
NBR NM 248 (ABNT, 2003). As amostras de agregados foram obtidas através do
material utilizado pela empresa Estruturas Ellwanger.
Para os ensaios em laboratório foram utilizados todos os materiais devidamente
secos, enquanto que para a aplicação industrial considerou-se a porcentagem de
água apresentada pelos agregados.

3.2.2.1 Agregado miúdo

Em concordância com a NBR 7211 (ABNT,2019), o agregado miúdo é aquele


de que os grãos passam pela de abertura 4,75 mm e fica retido na peneira de malha
0,15 mm.
Para a consumação do ensaio, as areias foram previamente secas em estufa e
seguidamente foram pesadas em duas amostras, que passaram nas peneiras de
malha 4,75 mm até a 0,15 mm. As peneiras foram encaixadas em ordem crescente –
da base até o topo e depois agitadas de maneira manual por aproximadamente 2
minutos. Em seguida, o material mantido na peneira foi pesado com o auxílio de uma
balança digital, com a finalidade de determinar os valores da massa e com esses
dados traçar a curva granulométrica do agregado.
31

Um dos agregados miúdos utilizados foi areia média fina de rio, extraída do Porto
de Areia de Rio Pardo – RS, O outro material empregado refere-se à areia industrial
grossa, obtida através da britagem de rochas graníticas, oriunda de Arroio dos Ratos
– RS

Figura 08 – (A) Areia natural (B) Areia industrial

Fonte: Autora (2019)

3.2.2.2 Agregado graúdo

Correspondente ao agregado graúdo, foi utilizada a brita 0 (zero) de origem


granítica, ilustrada na Figura 09, proveniente da empresa de pré-fabricados Estruturas
Ellwanger. Da mesma maneira que nos agregados miúdos, realizou-se ensaio de
acordo com a norma brasileira, a fim de certificação de sua granulometria.
32

Figura 09 – Brita 0

Fonte: Autora (2019)

3.2.2.3 Àgua

A água utilizada para a produção do concreto auto-adensável foi proveniente


da rede de abastecimento da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC).
33

3.2.3 Aditivo

A NBR 11768-1 (ABNT, 2019) é a norma que especifica os requisitos para os


aditivos químicos para concreto de cimento Portland. O aditivo utilizado na dosagem
do concreto para os primeiros testes do estudo preliminar foi o aditivo Suplast 720 e
para o concreto final do estudo preliminar e, também para aplicação no estudo
definitivo, utilizou-se o aditivo Suplast 820, ambos da Rodo Química. De acordo com
a fabricante, este produto é um super plastificante sintético baseado na nova
tecnologia de polímeros policarboxilatos.
Os benefícios da utilização de aditivos super plastificantes (RA-2):
 Alterar a reologia do concreto em estado fresco, ou seja, aumentar a
trabalhabilidade e diminuir a segregação;
 Ajustar o tempo de pega e de endurecimento do concreto – tanto retardar como
acelerar conforme necessário;
 Aumentar a durabilidade do concreto mediante a resistência a ações físicas, ações
mecânicas e ações químicas;
 Aumentar a resistência mecânica de concreto nas diferentes idades;
 Diminuir o custo do concreto, aumentando o rendimento, facilitando a colocação
em obra e permitindo a retiradas de fôrmas em períodos mais curtos de tempo;

3.3 Procedimento experimental

Para execução dos estudos deste trabalho, o mesmo foi dividido em duas etapas:
estudo preliminar e estudo definitivo.

3.3.1 Estudo preliminar – obtenção do traço experimental

O traço empregue na pesquisa de forma experimental, foi baseado em traços


de concreto auto adensável utilizado em empresas de concreto da região, ajustado de
acordo com os agregados utilizados, o método de dosagem utilizado foi o método
determinado pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), onde os valores foram
ajustados para os agregados utilizados. A NBR NBR 16697:2018 determina que o
34

concreto, com cimento CP V, deve apresentar resistência acima de 14 MPa para ser
desformado em 24 horas, conforme a Tabela 04
.
Tabela 04 – Resistência à compressão concreto CP V
1 dia 3 dias 7 dias 28 dias
CP V
≥ 14 ≥ 24 ≥ 34 -
Adaptado NBR 16697:2018

O processo do estudo preliminar aconteceu em duas etapas, a primeira fase


consistiu em reproduzir o traço referência utilizado em uma empresa de pré-
fabricados, mantendo o tipo de cimento (CP V) e apenas alterando as marcas
utilizadas nesse trabalho. Nesta etapa, o objetivo foi contrapor o seu comportamento
em estado fresco e sua resistência mecânica, com o propósito de determinar qual
produto apresentava melhores características mecânicas.
À vista disso, verificou-se quatro combinações diferentes. Na primeira
combinação foi utilizado o cimento da Intercement, sendo esse, executado fielmente
conforme é aplicado na empresa. A contar da segunda combinação alguns ajustes
de água foram realizados em conformidade com as características de cada material,
mas conservando a mesma base do traço.

3.3.1.1 Preparação dos agregados

A organização dos agregados, graúdos e miúdos, foi iniciada antecipadamente


a sua utilização, com o intuito de replicar as condições reais de aplicação, isto é, foram
colocados a secar ao ar a fim de emprega-los com umidade na condição assim como
no seu uso regular.

3.3.1.2 Ensaios do concreto no estado fresco

Com o intuito de determinar a eficiência do preenchimento, assim como uma


possível deformidade do CAA, o ensaio de espalhamento (Figura 10) foi praticado
anteriormente a moldagem dos corpos de prova.
35

Figura 10 – Ensaio de espalhamento do concreto

Fonte: Autora (2019)

Quanto maior o slump-flow, menor a tensão de escoamento do concreto. O


ensaio acontece para avaliar a fluidez do concreto em condições não confinadas. É
necessário atentar-se para os sinais de segregação, como a formação de um
acumulado de agregado no centro, proporção maior de argamassa na borda do círculo
ou exsudação de água. Características como qualquer uma dessas indica que a
proporção A/C está equivocada.

3.3.1.3 Moldagem dos corpos de prova

Para realização da pesquisa, foram utilizados corpos de prova cilíndricos,


conforme Figura 11, seguindo as dimensões determinadas pela NBR 5738 (ABNT,
2016) - 200mm de altura por 100mm de diâmetro. De antemão a realização da
moldagem dos corpos de prova, foi aplicada uma camada de óleo na face interna para
que a desmoldagem seja realizada facilmente após a cura inicial. Ainda em
conformidade com a norma, o concreto auto adensável dispensa a etapa de
adensamento.
36

Figura 11 – Corpos de prova prontos para moldagem

Fonte: Autora (2019)

De acordo com a Figura 11, os corpos de provas foram moldados em grupos


de 10 unidades, nos quais cada grupo configurava a alteração do cimento. Todas as
unidades dos grupos foram moldadas para serem ensaiados a compressão, sendo 2
corpos de prova para cada idade – 16, 20 e 24 horas, 7 e 28 dias. No total, foram
moldados 40 corpos de prova.
37

Figura 12 – Corpos de prova moldados em grupos

Fonte: Autora (2019)

Cada betonada produziu cerca de 60kg de concreto, em um tempo de mistura


de 5 minutos para cada moldagem, conforme ilustrado na Figura 13, em seguida, foi
realizada a verificação do espalhamento e, posteriormente, caso necessário,
aconteceu as correções na dosagem. Em seguida, foi possível realizar a moldagem
dos corpos de prova. A colocação dos materiais respeitou a seguinte ordem:
 100% do agregado graúdo – brita 0
 85% da água
 100% do cimento
 100% da areia natural média fina
 100% areia industrial grossa
 15% de água
 Proporção prevista de aditivo super plastificante
38

Figura 13 – Concreto misturado na betoneira

Fonte: Autora (2019)

A quantidade água final foi determinada gradualmente, visto que a harmonia da


mistura foi verificada de maneira visual e, principalmente, através do ensaio de
espalhamento que indica a abertura do concreto

3.3.1.4 Cura dos corpos de prova

A fim de simular a temperatura em que o concreto é submetido durante sua


cura dentro das fôrmas, os corpos de prova, assim que moldados, foram colocados
em uma caixa com lâmpadas e aberturas como mostra a Figura 14
39

Figura 14 – Caixa para cura do concreto

Fonte: Autora (2019)

A cada betonada, dos 10 corpos de prova moldados, 6 unidades permaneciam


dentro da caixa, e eram retiradas para o ensaio de resistência a compressão em
duplas a cada 16, 20 e 24 horas de cura.
As outras 4 unidades de corpos de prova, em seguida ao seu tempo de cura
para realização da desmoldagem, foram submergidas em solução com hidróxido de
cálcio, conforme a Figura 15. Permaneceram imersas, em temperatura ambiente e
livre de causas que pudessem modificar suas condições até completar a idade de cura
determinada para serem ensaiadas.
40

Figura 15 – Corpos de prova em imersão

Fonte: Autora (2019)

Na Tabela 05, são exibidos o tempo de tolerância para rompimento dos corpos
de prova de 16 horas até os de 28 dias, que foram moldados para realização do ensaio
de resistência a compressão.

Tabela 05 – Tempo de cura e tolerância para ensaio à compressão

Tempo de cura

Tempo Tolerância

16 horas 30 min

20 horas 30 min

24 horas 30 min

7 dias 3 horas

28 dias
24 horas

Fonte: Autora (2019)


41

3.3.1.5 Rompimento dos corpos de prova

A avaliação quanto a resistência à compressão axial dos corpos de prova foi


fundamentada de acordo com as necessidades exigidas pela ABNT NBR 5739:2018.
Para realização do ensaio, os corpos de prova foram retirados da imersão
previamente, cerca de 24 horas antes.
Em seguida e, ainda antes da execução do ensaio, os corpos de prova tiveram
suas faces retificadas, a fim de assegurar que exista um contato regular por toda sua
área de superfície.
Além disso, foram posicionados em suas extremidades, discos de Neoprene
que assim como a retificação, certificam que as faces se mantenham regulares e,
também, que a carga exercida pela prensa durante o ensaio tenha sido igualmente
distribuída por toda a área da superfície de contato do corpo de prova.

Figura 16 – Ensaio de resistência à compressão

Fonte: Autora (2019)


42

Todos os ensaios de compressão desta etapa foram realizados no laboratório


de estruturas da Universidade de Santa Cruz do Sul, em uma prensa da marca Emic
modelo DL30000N, que possui capacidade de carga de compressão de 2000kN.

3.3.2 Estudo definitivo – aplicação na fábrica de pré-fabricados

A partir da realização do estudo preliminar, foi aplicado em uma fábrica de pré-


fabricados o traço com o cimento que apresentou um conjunto de resultados
satisfatórios, conforme seguidamente apresentado nos itens 4.2.2.1 e 4.2.3.1. A
composição empregue teve como objetivo verificar se o traço desenvolvido é eficaz
para aplicabilidade em uma central de concreto, bem como, se dispõe das
características necessárias.

3.3.2.1 Preparação dos agregados

Os agregados são distribuídos separadamente de acordo com seus atributos e


ficam em ambiente aberto, expostos ao ar. Dessa forma, previamente ao início da
produção do concreto na central, é realizado o ensaio para determinação da umidade
dos agregados miúdos, com o intuito de sempre seguir de maneira fiel as quantidades
determinadas no traço.

3.3.2.2 Preparação do concreto na central

Com o traço previamente determinado, do mesmo modo que a definição de


todas as propriedades exigidas referentes aos materiais, o concreto auto adensável
foi produzido seguindo a referência normativa da ABNT NBR 9062:2017.
O processo teve início com a determinação das quantidades no sistema da
usina, seguido do processamento dos agregados das baias até o caminhão betoneira,
da mesma forma que aconteceu com o cimento que fica armazenado nos silos,
conforme ilustrado na Figura 17.
43

Figura 17 – Caminhão betoneira sendo carregado

Fonte: Autora (2019)

A dosagem da água acontece em duas etapas, a primeira juntamente com os


demais materiais constituintes da mistura – caracterizando um corte de água no traço.
Assim, após o carregamento do caminhão, o mesmo foi lavado e direcionado para
fábrica onde aconteceu a finalização da mistura, adicionando o restante de água, tal
qual o aditivo.
Após estar finalizado o processo de mistura, o caminhão despeja o concreto
em um silo, que permite o controle manual de abertura, ilustrado na Figura 18. O
mesmo é içado por uma ponte rolante, que possibilita a distribuição da mistura auto
adensável em todas as fôrmas que serviram como molde conforme a Figura 18.
44

Figura 18 – Caminhão betoneira despejando o material no silo

Fonte: Autora (2019).

Figura 19 – Fôrmas sendo preenchidas de concreto

Fonte: Autora (2019)


45

3.3.2.3 Ensaio do concreto no estado fresco – Slump flow test

Da mesma maneira que foram executados os ensaios do concreto no estado


fresco durante o estudo preliminar, foi empregue também nesta etapa do trabalho. O
cone foi posicionado em uma placa plana e rígida, de forma centralizada, podendo
seu material ser de madeira ou metal.
Assim que o molde foi totalmente preenchido com CAA, ele é suspendido como
na execução do ensaio de abatimento. Após é realizada a medida e a abertura do seu
espalhamento, assim que o concreto parar de se mover. Conforme apresenta a Figura
20, realizando a mensuração, a medida do espalhamento se refere à média aritmética
de duas orientações dos diâmetros do concreto, em direções perpendiculares.

Figura 20 – Mensurando a abertura do concreto

Fonte: Autora (2019)

O valor do espalhamento, em milímetros, expressa a capacidade do CAA de


escoar pela ação do peso próprio e relaciona-se à sua habilidade de preenchimento
(fluidez).
46

3.3.2.4 Moldagem dos corpos de prova

Seguindo a ABNT NBR 5738:2016, nesta etapa do trabalho foram usados 10


(dez) CPs – 200mm de altura por 100mm de diâmetro, para cada caminhão de
concreto. Do mesmo modo que foi executado na etapa preliminar, os CPs receberam
uma base de desmoldante na face interna do cilindro.
Por dia e em média, são carregados 2 (dois) caminhões de concreto com em
torno de 6 a 8m³, variando de acordo com a necessidade de fabricação. Para
aplicação neste estudo, foram utilizados os dados referentes a uma das cargas de
cada dia.

3.3.2.5 Concretagem das peças pré-moldadas

O procedimento praticado previamente antes de moldar as peças, mantém a


mesma ordem que em um CP, todavia foi incluída a etapa de colocação das ferragens.
Assim que o silo com concreto é içado, ele vai sendo levado por meio da ponte rolante
para todas as peças e é posicionado estrategicamente em pontos das fôrmas.
Após as fôrmas estarem completamente preenchidas de concreto, aconteceu
o processo de alisamento da face superior das peças conforme mostra a Figura 21

Figura 21 – Alisamento da face superior das peças

Fonte: Autora (2019)


47

3.3.2.6 Cura dos corpos de prova

Conforme aconteceu na etapa preliminar, a cura dos corpos de prova sucedeu


de maneira a simular a temperatura em que o concreto é submetido dentro das fôrmas.
Á vista disso, como mostra a Figura 22, logo que moldados os 10 (dez) CPs, 6 (seis)
deles passaram as 24 horas de cura dentro da caixa com a temperatura média de
32ºC. Ao completar 16 horas de cura, a primeira dupla de CPs foi retirada para
aplicação do ensaio de compressão, dessa forma repetindo o processo a cada 4
horas. Durante todo o período as lâmpadas de dentro da caixa se mantiveram
acessas, mantendo a temperatura interna.

Figura 22 – Corpos de prova dentro da caixa de luz

Fonte: Autora (2019)

Os outros 4 (quatro) CPs que correspondem aos ensaios de 7 e 28 dias ficaram


em temperatura ambiente, diferentemente da fase preliminar, em que eles eram
imersos até atingir a idade de cura estabelecida para prática do ensaio. Para evitar
que ocorresse qualquer contratempo a fim de alterar suas condições de cura, os
corpos de prova ficavam ordenados na parte inferior da bancada do laboratório, de
48

modo a serem mexidos apenas no momento de realização de acordo com a Figura


23.
Figura 23 – Corpos de prova aguardando o tempo de cura

Fonte: Autora (2019)

3.3.2.7 Rompimento dos corpos de prova

As realizações dos ensaios de resistência à compressão axial aconteceram no


laboratório da empresa em que foi aplicado os estudos definitivos deste trabalho.
Conforme explicado no item 3.3.2.6, a cada 4 horas entre as 16 e 24 horas de cura,
foram ensaiados um par de CPs. De acordo com a ABNT NBR 5739:2018 para
alcançar a resistência à compressão da unidade, é necessária aplicação de uma carga
axial.
Antes da efetivação do ensaio os corpos de prova devem ser retificados,
garantindo que sua superfície de contato com a prensa esteja completamente
uniforme. Como não havia uma retifica disponível no laboratório, obteve-se no
momento da moldagem dos CPs, um máximo cuidado para deixá-los o mais regulares
49

possível. Ademais, foram colocados discos de Neoprene em suas faces de contato


com o a prensa, contribuindo para que a carga atue de forma igualmente distribuída.
Conforme apresenta a figura 24, a prensa utilizada para execução do ensaio
de resistência à compressão axial é da marca Pavitest – Conteco, modelo hidráulica
elétrica digital 20/100T – I-3025-HT.

Figura 24 – Ensaio de resistência à compressão

Fonte: Autora (2019).


50

4. RESULTADOS E ANÁLISES

Os resultados dos ensaios de caracterização dos materiais aplicados na


produção do traço de concreto auto adensável, assim como os resultados dos ensaios
de caracterização dos concretos resultantes do estudo preliminar e do estudo
definitivo.

4.1 Caracterização dos materiais utilizados

4.1.1 Agregados

4.1.1.1 Areia natural

Através da Tabela 6 – Limites da distribuição granulométrica do agregado


miúdo, pertencente a ABNT NBR 7211:2009, com o resultado do ensaio de
granulometria, apresentado na Figura 25, foi possível representar a curva
granulométrica para a areia natural, classificada como areia natural média fina. A
dimensão máxima característica foi de 4,75 mm, a massa específica obtida por meio
do ensaio foi de 2,63 g/cm³ e o módulo de finura encontrado foi de 1,82%.

Tabela 6 – Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo

Fonte: NBR 7211 (ABNT, 2009)


51

Figura 25 – Curva granulométrica da areia natural

Fonte: Autora (2019)

4.1.1.2 Areia industrial

Com base no ensaio de granulometria foi traçada a curva para a areia industrial,
encontrada na Tabela 6, onde pode ser classificada como areia industrial grossa,
conservando-se na zona utilizável, consoante Tabela 6 (mesma da areia natural). A
dimensão máxima característica doi de 4,75 mm, a massa específica obtida foi de 2,79
g/cm³ e o módulo de finura encontrado foi de 3,73%

Figura 26 – Curva granulométrica da areia industrial


52

Fonte: Autora (2019)

4.1.1.3 Brita 0

A partir do ensaio de granulometria foi traçada a curva conforme a composição


granulométrica. O material retrata características fundamentais da brita 0 para
constituir um traço de concreto, considerando uma formatação de curva bastante
próxima a classificação. A dimensão máxima característica foi de 9,50 mm, a massa
específica obtida foi de 2,51 g/cm³ e o módulo de finura encontrado foi de 5,71%

4.1.2 Cimento

Para os cimentos, os resultados apresentados foram realizados e fornecidos


pelos fabricantes do material. Os resultados cimento da Intercement são referentes
ao mês de setembro de 2019, ilustrado na Figura 27, os dados do cimento da marca
Itambé em setembro de 2019 conforme a Figura 28, já o laudo da Supremo em março
de 2019, ilustrado na Figura 29 e o da Votorantim não foi disponibilizado.

Figura 27 – Laudo técnico do cimento Intercement


53

Fonte: Intercement (2019).

Figura 28 – Laudo técnico do cimento Itambé

Fonte: Itambé (2019).

Figura 29 – Laudo técnico do cimento Supremo

Fonte: Supremo (2019).

4.2 Concreto

4.2.1 Traço experimental utilizado


54

Para realização dos primeiros testes do comportamento do concreto, o traço


Tabela 8 teve a quantidade de consumo de cimento, de agregados e aditivos, assim
como, o fator água/cimento fixados, variando apenas a marca de cimento. Algumas
modificações na água foram aceitas a fim de ajustar o espalhamento final do concreto.

Tabela 8 – Traço inicial do estudo.

MATERIAL QUANTIDADADE (KG)


CIMENTO 420
AREIA INDUSTRIAL 415
AREIA NATURAL 505
BRITA #0 820
ÁGUA 190
ADITIVO 3,36
Fonte: Autora (2019)

Após os resultados dos primeiros testes, a proposta foi realizar uma alteração
no traço para execução da etapa preliminar do estudo, conforme apresentado na
Tabela 9, todavia permanecendo o conceito de manter as quantidades de material
fixas ao alterar o cimento.

Tabela 9 – Traço 2

MATERIAL QUANTIDADADE (KG)


CIMENTO 420
AREIA INDUSTRIAL 210
AREIA NATURAL 766
BRITA #0 820
ÁGUA 168
ADITIVO 2,52

Fonte: Autor (2019)

4.2.2 Análise do concreto em estado fresco


55

A seguir, os resultados alcançados a partir do ensaio de caracterização do


concreto no estado fresco, são apresentados e discutidos. Para a etapa de análise em
laboratório – estudo preliminar, foram realizados os ensaios de espalhamento (slump
flow) e caixa L (L-box), para a etapa de análise na fábrica – estudo definitivo, foi
executado somente o ensaio de espalhamento.

4.2.2.1 Em laboratório

4.2.2.1.1 Ensaios de espalhamento

As análises realizadas foram baseadas nos métodos descritos na ABNT NBR


15823:2017, para o ensaio de determinação do espalhamento a fundamentação
acontece pela parte 2 da norma. As condições do concreto do traço referência
apresenta uma mistura com exsudação, formando uma camada de água em sua
superfície que passa a reduzir sua resistência, os resultados do ensaio de
espalhamento são apresentados na Tabela 10.

Tabela 10 – Espalhamento do concreto em estado fresco, slump flow test

Referência
Tentativa Flow (mm)
1º 610
2º 570
Fonte: Autora (2019)

Na realização da primeira troca de cimento, constatou-se que era necessário


efetuar uma alteração no traço, pois o mesmo apresentava uma quantidade excessiva
de argamassa. Foram reduzidos o fator A/C, uma parte dos finos – areia industrial e,
também o aditivo. Após as alterações, foram realizados os ensaios de espalhamento
do concreto com todos os tipos de cimento, conforme a figura 30.

Figura 30 – Espalhamento do concreto com cimento Intercement (1), Itambé (3), Supremo (4) e
Votorantim (2)
56

Fonte: Autora (2019)

Tabela 12 – Valores do espalhamento de cada cimento

Cimento Flow (mm)


Intercement 590
Itambé 640
Supremo 620
Votorantim 670

Fonte: Autora (2019)

Na primeira imagem (1), o espalhamento oriundo da mistura com cimento


Intercement (o mesmo do traço referência) apresenta segregação do concreto no
centro da amostra e uma pequena exsudação nas bordas, sua abertura (Tabela 01)
caracteriza como classe SF1. A segunda imagem (2), apresenta o comportamento do
cimento Votorantim, que exibe um concreto um pouco mais uniforme, mas que forma
uma concentração de pasta no centro. A abertura do espalhamento do concreto para
o cimento Votorantim ficou dentro dos parâmetros definidos nas Tabelas 01 e 02,
57

considerado um concreto SF2, assim classificado como concreto auto adensável ideal
para todos os tipos de peças pré-moldadas.
Na imagem 3 (três) e 4 (quatro), os cimentos Itambé e Supremo,
respectivamente, apresentam um concreto mais coeso e com maior trabalhabilidade,
chegando o mais próximo das características ideais do concreto em estado fresco,
conforme citado na bibliografia. Em média suas aberturas não se enquadram na
classe SF2, mas sim, na SF1, característica de um concreto fluído e não auto
adensável.

4.2.2.1.2 Ensaio da Caixa L (L-box test)

O ensaio de caixa L foi aplicado somente uma vez e no concreto com cimento
da marca Supremo, conforme a Figura 31, para avaliar sua capacidade de escoar e
resistir ao bloqueio ao passar pelas armaduras. O valor encontrado pela razão H2/H1
foi de 0,80, quantia que se enquadra dentro do aceitável, normalmente situado entre
estabelecido entre 0,80 e 1,0.

Figura 31 – Ensaio Caixa L

Fonte: Autora (2019)


58

4.2.2.2 Em fábrica

Os dados apresentados referentes a aplicação do ensaio de espalhamento na


fábrica, indicam os valores de um carregamento ao dia, durante 4 (quatro) dias de
uma semana. Como a dosagem final é feita no caminhão betoneira, aconteceram
algumas pequenas variações de abertura até que fosse possível manter um padrão.
Na Tabela 13, encontra-se os resultados dos espalhamentos, assim como, na Figura
as imagens correspondentes a cada uma delas.

Tabela 13 – Valores de espalhamento do concreto aplicado na fábrica.

Veficação Flow (mm)


Dia 01 620
Dia 02 665
Dia 03 685
Dia 04 650

Fonte: Autora (2019)

Figura 32 – Espalhamento do concreto no estado fresco

Fonte: Autor
59

Os resultados seguiram apresentando, em média, uma abertura de 650mm,


que enquadra o concreto entre classe SF1 e SF2, consideradas adequadas para
aplicabilidade da mistura em peças pré-moldadas conforme a necessidade de sua
aplicação.

4.2.3 Ensaios de resistência à compressão

A realização dos ensaios de resistência à compressão foram para 16, 20 e 24


horas e 7 e 28 dias após a moldagem dos CPs. A decisão de romper corpos de prova,
antes de completar as 24h, ocorreu devido a intenção de aprimorar o processo de
fabricação da empresa. De acordo com a ABNT NBR 5733:2018, o requisito do
cimento CP V para resistência à compressão em 1 dia é igual ou maior que 14 MPa.

4.2.3.1 Em laboratório

Na fase preliminar do estudo, foram executados os ensaios em laboratório, que


correspondem a variação de 4 (quatro) marcas de cimento. Os resultados do ensaio
de resistência à compressão, para os corpos de prova rompidos a 16h de cura
encontram-se na Tabela 14 e na Figura 33.

Tabela 14 – Resultados do ensaio de resistência à compressão para 16 horas

CIMENTO RESISTÊNCIA (MPa)


Intercement 10,5
Itambé 16,8
Supremo 21,3
Votorantim 13,8

Fonte: Autora (2019)

Figura 33 – Gráfico de resultados de resistência à compressão para 16 horas


60

25
21,3

RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPA)


20 16,8
13,8
15
10,5
10

0
Intercement Itambé Supremo Votorantim
MARCAS DE CIMENTO

Fonte: Autora (2019)

Como uma primeira análise, percebe-se que há dois cimentos que atingem, em
16 horas, uma resistência maior que a prevista para um dia, dessa forma, ambos se
enquadram nos objetivos deste estudo. Ainda, é válido destacar que no dia em que
foram moldados os corpos de prova do concreto ensaiado com o cimento Supremo, a
temperatura ambiente estava acima dos 32ºC, dessa forma, contribuindo para que a
mistura apresente resultados ainda mais satisfatórios.
Os valores resultantes dos ensaios à compressão para 20 (Figura 35) e 24
(Figura 36) horas mantiveram o mesmo padrão dos rompidos com 16 horas, conforme
apresenta a Tabela 15.

Tabela 15 – Resultados de resistência à compressão para 20 e 24 horas

Resultado para 20 horas Resultado para 24 horas


CIMENTO RESISTÊNCIA (MPa) CIMENTO RESISTÊNCIA (MPa)
Intercement 12,0 Intercement 14,1
Itambé 19,3 Itambé 20,0
Supremo 22,7 Supremo 23,1
Votorantim 15,3 Votorantim 15,8

Fonte: Autora (2019)

Figura 34 – Gráfico dos resultados de resistência à compressão para 20 horas


61

RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPA)


22,7
25
19,3
20
15,3
15 12

10

0
Intercement Itambé Supremo Votorantim
MARCAS DE CIMENTO

Fonte: Autora (2019)

Figura 35 – Gráfico dos resultados de resistência à compressão para 24 horas


RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPA)

23,1
25
20
20
15,8
14,1
15

10

0
Intercement Itambé Supremo Votorantim
MARCAR DE CIMENTO

Fonte: Autora (2019)

Analisando os resultados, verificou-se que todos os cimentos estão em


conformidade com a NBR 16697 (ABNT, 2018) com resistência mínima para 24 horas
de 14 MPa. Á vista disso, seja qual for dos 4 (quatro) cimentos, a aplicação é capaz
de ser empregada na fabricação do concreto auto adensável, todavia, o intuito é
chegar até uma mistura que concomitantemente entregue um conjunto de resultados
pertinentes – tanto em estado fresco, como em estado endurecido e, também, que
seja financeiramente viável para aplicação na empresa.
Para 7 dias, os cimentos não apresentaram resultados que estivessem de
acordo com a norma, conforme apresentado na Tabela 16. Contudo, para 28 dias, os
valores obtidos satisfazem a resistência acima de 34 MPa.
62

Tabela 16 – Resultados de resistência à compressão para 7 e 28 dias

Resultado para 7 dias Resultado para 28 dias


RESISTÊNCIA
CIMENTO CIMENTO RESISTÊNCIA (MPa)
(MPa)
Intercement 18,535 Intercement 38,23
Itambé 31,365 Itambé 35,55
Supremo 32,16 Supremo 35,565
Votorantim 31,015 Votorantim 34,15

Fonte: Autora (2019)

4.2.3.2 Em fabrica

A análise na fase definitiva – aplicada na fábrica, foi realizada com o cimento


da marca Supremo, pois foi o material que apresentou o melhor custo x benefício. O
comportamento do concreto, quando dosado em central, acontece de maneira
diferente do que quando aplicado na betoneira. Com base nisso, os resultados para
os ensaios de 16, 20 e 24 horas não manifestaram resistências tão elevadas quanto
nas amostras do laboratório, conforme apresentados na Tabela 17.
63

Tabela 17 – Resultados das resistências à compressão 16, 20 e 24 horas e 7 dias

RESISTÊNCIA (MPa)
16 horas 15,4
20 horas 16,0
24 horas 17,8
7 dias 34,1

Fonte: Autora (2019)

Entretanto, os valores alcançados são satisfatórios, uma vez que, comparados


aos números anteriores. O processo de fabricação passará acontecer em menos de
24 horas – o que não vinha acontecendo e, principalmente, a peça passa a entregar
uma qualidade final muito mais apropriada.
64

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base em no estudo efetuado para determinação de um traço de concreto


auto adensável para aplicação em peças pré-moldadas, certificou-se que no que se
refere à resistência mecânica os números do cimento da marca Supremo, na
aplicação do estudo preliminar, ultrapassou os resultados determinados pela norma
vigente de maneira extremamente satisfatória. Apesar disso, quanto a sua
trabalhabilidade caracterizou-se mais como um concreto fluído (SF1) do que auto
adensável (SF2), o que não é um problema, pois a classe permite aplicabilidade em
peças pré-moldadas. Para o estudo definitivo o cimento manteve a entrega de uma
resistência mecânica favorável, no entanto, com valores um tanto mais baixo e assim
como manteve seu espalhamento na classe SF1.
Quanto ao estudo preliminar, dos quatro cimentos aplicados, dois deles não
apresentaram resultados que possibilitassem o emprego em uma fábrica, visto que o
objetivo era possuir resistência mecânica, igual ou superior aos 14 Mpa, estabelecida
para 24 horas de cura. Os outros 2 cimentos entregaram resultados superiores ao
solicitado para todas as idades. Para determinar qual cimento seria empregue no
estudo definitivo, baseou-se no que teria o maior custo-benefício para a empresa em
que o estudo foi realizado. À vista disso, como o cimento Supremo apresentou
melhores condições, foi utilizado na etapa definitiva do trabalho.
Para estabelecer um padrão e conseguir aplicar o traço exatamente da forma
determinada foi necessário em torno de 3 dias de aplicabilidade, após compreender o
comportamento do concreto no caminhão betoneira e especificações para prática
eficiente. Dessa forma, o concreto foi aplicado em paredes, vigas e pilares pré-
moldados e se manteve como traço auto adensável para peças pré-moldadas da
empresa.
Como esperado, a alteração da proporção de finos do traço, simultânea a troca
de cimento proporcionou inúmeros benefícios para a qualidade das peças pré-
moldadas, sendo que o principal ganhos foi em resistência mecânica. Por
consequência, conclui-se que o estudo de mudanças no de alguns materiais utilizadas
no traço para concreto auto adensável é pertinente e viável de aplicação em fábricas
de elementos pré-moldados.
65

5.1 Sugestões para trabalhos futuros

O estudo limitou-se ao aperfeiçoamento do traço referência de concreto auto


adensável, aplicando somente materiais básicos para constituição da composição.
Para trabalhos futuros sugere-se:
– Realizar sua aplicação com outros aditivos;
– Realizar a introdução de adições minerais no traço, como filer de calcário,
sílica ativa, cinza da casca de arroz, analisando a influência de cada material no
estado fresco e endurecido;
– Análise de introdução de outros resíduos do setor industrial;
– Análise do custo-benefício de todos os materiais constituintes do traço;
66

REFERÊNCIAS

ABCP. Desenvolvido pela associação brasileira de cimento portland. Apresenta


informações sobre os tipos de cimento portland. Disponível
em:<http://www.abcp.org.br/cms/basico-sobre-cimento/tipos/a-versatilidade-
docimento-brasileiro/>. Acesso em 20 abril de 2019.

ACKER, A. V. Manual de Sistemas Pré-fabricados de Concreto. Tradução: Marcelo


Ferreira, ABCIC, 2002.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. C1202. Standard test


method for electrical indication of concrete ́s ability to resist chloride ion penetration.
ASTM 1202/97.

ANDRADE,J. J. O.; TUTIKIAN. B. F. Resistência Mecânica do Concreto. Congresso


Brasileiro do Concreto. 1 ed. São Paulo, IBRACON, 2011. 1v.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9062: Projeto e


execução de estruturas de concreto pré-moldado. Rio de Janeiro, 2006.

______. NBR 11758: Aditivos para Concreto Cimento Portland. Rio de Janeiro,
ABNT, 2011.

______. NBR 15823: Concreto auto-adensável. Rio de Janeiro, ABNT, 2010.

______. NBR 16697: Cimento Portland – Requisitos. Rio de Janeiro, ABNT, 2018

BRAMESHUBER, W. Three years of approvals for SCC – a report from the field.
Concrete Precasting Plant and Technology, v. 70, n.2, p. 78-79, 2004.

DÍAZ, Vitervo O'reilly. Método de dosagem de concreto de elevado desempenho. São


Paulo: Pini, 1998.

EFNARC. Specificacion and Guidelines for Self-Compacting Concrete. EFNARC,


2002.

EL DEBS, M. K. Concreto Pré-moldado: Fundamentos e Aplicações. Escola de


Engenharia de São Carlos/USP – Projeto REENGE, 2000.

FURNAS. Equipe de Concreto. São Paulo: Pini, 1997.

GIBBS, J. Self-compacting concrete – getting it right. Concrete (London), v. 38, n.6, p.


10-13, June 2004.

GOMES, P. C. C. Optimization and charaterization of high-strength self-compacting


concret. 2002. 139 P. Tese – Escola Técnica Superior D’Enginyears de Camins,
Universitat Politécnica de Catalunya, Catalúnya, 2002.

HELENE, Paulo R. L. Manual de dosagem e controle do concreto. São Paulo: Pini,


1993.
67

INFORMATIVO TÉCNICO. Pré-moldados de concreto. ABESC – IBRACON - IBTS,


ano 8, n.23, dez 2005, p.12.

ISAIA, G.C. Controle de qualidade das estruturas de concreto armado. Santa Maria;
Edições UFSM,1988.

JATOBÁ, D. Contribuição ao estudo de propriedades do concreto autoadensável


visando sua aplicação em elementos estruturais. Dissertação de Mestrado,
Universidade Federal de Alagoas, Maceió – AL, 2008.

LEONARDI. – Aspectos para pré-moldados. Disponível em:


<http://www.leonardi.com.br/aspectos-pre-moldado.html>. Acesso em: 01 de jun.
2019

MEHTA, Povindar Kumar. Concreto: estrutura, propriedade e materiais. 1. ed. São


Paulo: Pini, 1994.

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto Microestrutura, Propriedade e Materiais


– 3ª edição.Ed.:IBRACON, 2008

NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. São Paulo: Pini, 1997.

NÍELSSON, I; WALLEVIK, O. H. Rheological evaluation of some empirical test


methods – Preliminary results. Edição O. Wallevik; I. Níelsson. In: International Rilen
Symposium on self-compactng concrete, 3rd. 2003, Reykjavik. Preoceedings...
France: RILEN Publications, 2002. p. 59-68.

SUGAMATA, T.; EDAMATSU, Y.; OUCHI, M. A study of particle dispersing retention


effect of polycarboxylate-based superplasticizers. Edição O. Wallevik; I. Níelsson. In:
INTERNATIONAL RILEN SYMPOSIUM ON SELF-COMPACTNG CONCRETE, 3rd.,
2003, Reykjavik. Preoceedings... France: RILEN Publications, 2002. p. 420-431.

TUTIKIAN, B.F. Métodos para dosagens de concreto auto-adensáveis. Dissertação


de Mestrado, Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre – RS, 2004

TUTIKIAN, Bernardo; F. DAL MOLIN, Denise C. Concreto auto-adensável. 1ª ed. São


Paulo: PINI, 2008.

VASCONCELOS, A. C. O Concreto no Brasil: pré-fabricação, monumentos,


fundações. Volume III. Studio Nobel. São Paulo, 2002.

WALLEVIK, O. H. Rheology – a scientific approach to develop self-compacting


concrete. Edição O. Wallevik; I. Níelsson. In: INTERNATIONAL RILEN SYMPOSIUM
ON SELF-COMPACTNG CONCRETE, 3rd., 2003, Reykjavik. Preoceedings.France:
RILEN Publications, 2002. p. 23-31.

Você também pode gostar