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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Luan Schlesner Ellwanger

ESTUDO REFERENTE A NOVA NORMA PARA ALVENARIA DE VEDAÇÃO


DE TIJOLOS E BLOCOS CERÂMICOS

Santa Cruz do Sul


2021
Luan Schlesner Ellwanger

ESTUDO REFERENTE A NOVA NORMA PARA ALVENARIA DE VEDAÇÃO


DE TIJOLOS E BLOCOS CERÂMICOS

Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de


Engenharia Civil da Universidade de Santa Cruz
do Sul para a obtenção do título Bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Prof. M.Sc. Eng. Marcus Daniel


Friederich dos Santos

Santa Cruz do Sul


2021
3

RESUMO

O presente estudo trata sobre análise voltada para a parte de execução da alvenaria
de vedação estudando formas para solucionar as patologias que encontramos hoje em
diversas edificações que utilizaram esse elemento, mesmo seguindo as recomendações
apresentadas na sua norma ABNT NBR 8545/1984 que está vigente desde julho de 1984.
A problemática que motivou essa pesquisa consiste principalmente no fator dessa norma
não ter sofrido modificações nos últimos 37 anos, mesmo sendo de conhecimento dos
profissionais na área de construção que, os outros sistemas utilizados em conjunto com a
vedação na execução dos prédios, foram ganhando atualizações periódicas e tornaram as
construções dos mesmos cada vez mais altos, mais esbeltos, com maiores vãos e, por
conta disso, mais problemas nas alvenarias de vedação. O objetivo desse trabalho é
pesquisar os processos executivos de construção da alvenaria de vedação apresentados na
norma vigente, estudar os principais problemas encontrados, buscando propor mudanças
na norma para resolve-los.
A metodologia utilizada envolveu principalmente, estudos através da norma
vigente NBR 8545/1984, participação nas reuniões referentes a sua atualização,
procurando compreender seu enfoque para minimização de manifestações patológicas,
analisando trabalhos referentes as patologias encontradas nesse elemento construtivo e
suas soluções propostas, com intenção de examinar sua inclusão na atualização da norma,
método adequado de receber, armazenar e aplicar todos os materiais envolvidos na
execução das alvenarias de vedação, assim como, as devidas providências necessárias
previamente e etapas de cada realização, o tempo necessário de espera que cada passo
executivo requer e as ferramentas e equipamentos necessários para sua correta execução.
Como resultados, após os devidos estudos e análises, foi desenvolvido uma proposta de
redação para a nova norma de blocos cerâmicos de vedação para a parte de execução e
devidas justificativas para essas recomendações quando necessárias.

Palavras-chave: alvenaria de vedação, patologia, procedimentos de execução.


4

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Foto do Edifício Monadnock ..........................................................................12

Figura 2 – Edifício Central Parque Lapa em São Paulo ....................................................13

Figura 3 – Sistema de construção de jardineiras de Joseph Monier ..................................14

Figura 4 – Cortes realizados na alvenaria tradicional para passagem de dutos .................17

Figura 5 – Execução da alvenaria de vedação racionalizada ............................................18

Figura 6 – Equipamentos auxiliares na execução das alvenarias .....................................24

Figura 7 – Marcação das paredes a partir dos eixos de referência ....................................27

Figura 8 – Marcação das paredes a partir dos eixos de referência ....................................41

Figura 9 – Equipamentos auxiliares na execução das alvenarias .....................................43

Figura 10 – Encabeçamento dos blocos, pressão no assentamento, controle do prumo das


paredes e do nível das fiadas ............................................................................................46

Figura 11 – Contravergas com blocos compensadores ou blocos tipo canaleta ...............47

Figura 12 - Etapas de concretagem da estrutura, marcação e elevação das alvenarias .....47

Figura 13 – Sequência para fixações das alvenarias de vedação ......................................49

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Diferenças entre tipos de chapisco .................................................................22

Tabela 2 – Características estruturais executadas no passado e atualmente .....................32


5

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 7
1.1 Área de pesquisa ......................................................................................................... 8
1.2 Limitação do Tema ..................................................................................................... 8
1.3 Objetivos..................................................................................................................... 8
1.3.1 Objetivo Geral ......................................................................................................... 8
1.3.2 Objetivos Específicos .............................................................................................. 8
1.4 Justificativa ................................................................................................................. 8
2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 9
2.1 Aspectos Históricos da Alvenaria .............................................................................. 9
2.1.1 Pirâmides de Gizé .................................................................................................. 10
2.1.2 Aqueduto de Segóvia ............................................................................................. 10
2.1.3 Coliseu ................................................................................................................... 11
2.1.4 Edifício Monadnock .............................................................................................. 11
2.1.5 Primeiros Edifícios Residenciais no Brasil ........................................................... 12
2.2 Aspectos Históricos do Concreto Armado ............................................................... 13
2.3 Alvenaria .................................................................................................................. 15
2.3.1 Alvenaria de Vedação ............................................................................................ 16
2.3.2 Alvenaria de Vedação Tradicional ........................................................................ 16
2.3.3 Alvenaria de Vedação Racionalizada .................................................................... 17
2.4 Materiais Associados ................................................................................................ 19
2.4.1 Bloco Cerâmico de Vedação ................................................................................. 19
2.4.2 Argamassa de Assentamento ................................................................................. 20
2.4.3 Chapisco ................................................................................................................ 22
2.4.4 Graute .................................................................................................................... 23
2.4.5 Armadura ............................................................................................................... 23
2.5 Ferramentas e Equipamentos .................................................................................... 24
2.6 Execução ................................................................................................................... 25
2.6.1 Marcação ............................................................................................................... 26
2.6.2 Assentamento ........................................................................................................ 27
2.6.3 Encunhamento das Paredes ................................................................................... 29
2.7 Patologias ................................................................................................................. 29
3 METODOLOGIA........................................................................................................ 33
4 RESULTADOS ........................................................................................................... 36
6

1 Requisitos gerais de controle ....................................................................................... 36


1.1 Planejamento de controle.......................................................................................... 36
2 Estocagem de materiais e componentes ...................................................................... 37
2.1 Blocos ou tijolos ....................................................................................................... 37
2.1.1 Recebimento .......................................................................................................... 37
2.1.2 Armazenamento ..................................................................................................... 37
2.2 Aço ...........................................................................................................................38
2.2.1 Recebimento .......................................................................................................... 38
2.2.2 Armazenamento ..................................................................................................... 38
2.3 Cimento, Cal e Argamassa Industrializada .............................................................. 38
2.3.1 Armazenamento ..................................................................................................... 38
2.4 Areia ..........................................................................................................................39
2.4.1 Armazenamento ..................................................................................................... 39
3 Preparo do chapisco e da argamassa de assentamento ................................................ 39
3.1 Chapisco ................................................................................................................... 39
3.2 Argamassa de assentamento ..................................................................................... 40
3.2.1 Disposições gerais ................................................................................................. 40
4 Fiada de marcação ....................................................................................................... 40
5 Equipamentos e ferramentas ........................................................................................ 43
6 Elevação das alvenarias ............................................................................................... 44
7 Fixações ....................................................................................................................... 48
8 Embutimento de tubulações ........................................................................................ 49
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 51
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 52
7

1 INTRODUÇÃO

Historicamente, a indústria da construção civil é resistente a alterações. Embora


ao longo dos anos devido ao grande crescimento das obras, as estruturas de apoio
responsáveis por assegurar a sustentação das edificações, apresentaram mais estudos
resultando em evoluções e incorporações de novas tecnologias de cálculo e execução, as
obras de vedações verticais, na maioria dos casos, ainda é um processo desprovido de
planejamento e de detalhes técnicos.

O Brasil possui uma cultura bastante difundida para o uso da alvenaria tradicional
como principal componente de vedação interna e externa das edificações
(NASCIMENTO, 2002).

Com os edifícios se tornando mais altos e esbeltos, com menores pilares e vigas,
assim como, menores espessuras nas lajes, os vãos estão cada vez maiores, tornado as
edificações mais deformáveis. Entretanto os estudos das alvenarias de vedação não
tiveram um grande crescimento, ainda sendo, por muitas vezes, usadas de forma empírica.
Em decorrência disso, há uma intensificação na quantidade de patologias nas construções.
Quando os edifícios eram mais baixos e tinham vãos menores, não se tinham tantos
problemas, mas com a grande verticalização sofrida nas últimas décadas, observa-se que
este fator contribui para o surgimento de patologias nas alvenarias.

Atualmente a norma para execução de alvenaria sem função estrutural de tijolos e


bloco cerâmicos é a ABNT NBR 8545/1984 que está vigente desde julho de 1984, vendo
a partir disso a necessidade de uma atualização com estudos mais recentes da área.

Para que as edificações tenham a destinação de desempenhar o papel de abrigo,


devemos ter a presença de paredes para separarmos o ambiente interno do externo, assim
como atender a norma de desempenho de edificações habitacionais NBR 15575/2013,
para que assim, proporcionarmos aos moradores um ambiente adequado para uma
habitação.

As paredes de vedação em alvenaria determinam grande parte do desempenho do


edifício como um todo, por serem responsáveis pelos aspectos relativos ao conforto, à
higiene, à saúde e à segurança de utilização; além de possuírem profunda relação com a
ocorrência de patologias (LORDSLEEM JÚNIOR, 2004).
8

1.1 Área de pesquisa

As análises abrangidas neste trabalho acadêmico serão voltadas à área de alvenaria


de vedação em edifícios executados de concreto armado.

1.2 Limitação do Tema

O trabalho apresentado refere-se ao estudo dos procedimentos de execução de


alvenaria de vedação apresentados na ABNT NBR 8545/1984, com o intuito de verificar
modernizações necessárias para reduzir as patologias que estão ocorrendo atualmente,
quando executada em edifícios com fechamento entre vãos com alvenaria de vedação.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Pesquisar os processos executivos de construção da alvenaria de vedação


apresentados na norma vigente, estudando os principais problemas atuais, visando
mudanças na norma para resolve-los.

1.3.2 Objetivos Específicos

• Realizar um estudo da norma de Execução de Alvenaria sem Função Estrutural de


Tijolos e Blocos Cerâmicos (ABNT NBR 8545/1984);
• Participar das reuniões referentes a norma que substituirá a NBR 8545/1984 para
compreender o que está sendo redigido;
• Analisar elementos de ligação de alvenaria entre pilares (elementos metálicos) e vigas
(encunhamento);
• Estudar as principais patologias que estão ocorrendo na alvenaria de vedação em
edifícios executados em concreto armado, sobretudo a deformação estrutural;
• Auxiliar na redação da parte de execução da alvenaria de vedação.

1.4 Justificativa

O estudo abordado neste trabalho é justificado em virtude de encontrarmos


comumente manifestações patológicas nas alvenarias de vedação de tijolos e blocos
cerâmicos presentes na maioria dos edifícios brasileiros. Com a grande verticalização
9

sofrida nas últimas décadas, percebe-se que este fator contribuiu para o surgimento de
mais patologias na alvenaria de vedação.

Em função do avanço da tecnologia das estruturas de concreto e aço e o


consequente aumento dos vãos entre pilares, torna-se indispensável o cuidado para
projetar estas alvenarias, a identificação do tipo de estrutura e o dimensionamento da
alvenaria para a vedação da estrutura (NASCIMENTO, 2002).

A norma brasileira vigente para a execução de paredes sem função estrutural de


blocos e tijolos cerâmicos ABNT NBR 8545/1984, contem procedimentos antigos de
processos de execução que não apresentavam muitos problemas quando os edifícios eram
compostos por menos lances de lajes, assim como menores vãos.

Responsável pelo procedimento de projetos e estruturas de concreto, a norma


NBR 6118 teve sua primeira publicação em 1960. Ao longo dos anos, passou por revisões
em 1978, em 1980, em 2004, em 2007, em 2014 e novamente em 2014 apresentando a
versão corrigida que está em vigor atualmente. Em comparação, a norma NBR 8545/1984
que será estudada nesse trabalho, é a primeira e vigente versão.

Em função da desatualização dessa norma, vê-se a importância de analisar estudos


recentes que apresentam métodos e procedimentos de execução da alvenaria de vedação
que correspondam a problemas encontrados nas estruturas atuais, possibilitando
proporcionar uma norma atualizada e, consequentemente, diminuir o número de
patologias nas obras.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Nesse capítulo, será apresentado todo o conceito relacionado a alvenaria de


vedação, abordando o seu surgimento, vindo até os dias de hoje, assim como, elementos
importantes para sua execução.

2.1 Aspectos Históricos da Alvenaria

Utilizado em todo os países do mundo, o sistema construtivo de alvenaria é muito


antigo, podendo-se dizer que foi utilizado desde o início da atividade humana para
diversos fins. Inicialmente, seguindo um arquétipo conveniente para a época, através de
10

regras empíricas, era utilizado para a construção das alvenarias o empilhamento de


pedras, elaboradas apenas com o objetivo de suportar as cargas de compressão.

Mesmo que intuitivamente, a alvenaria nessa época, utilizava a sua função


estrutural, onde todos os seus componentes são responsáveis pela própria sustentação e
suporte de toda a edificação e, ao longo dos anos, dispusemos de obras marcantes
realizadas com esse sistema construtivo.

A alvenaria vem, historicamente, sendo utilizada nas construções das mais simples
casas até grandes aquedutos e igrejas. Acredita-se que o tijolo seja o produto
manufaturado mais antigo do mundo. Com o passar dos séculos, a alvenaria foi
empregada em várias construções, com função estrutural e de vedação como por exemplo
as obras salientadas a seguir:

2.1.1 Pirâmides de Gizé

As três grandes pirâmides da Necrópole de Gizé, Quéfren, Queóps e Miquerinos


no Egito, foram construídas utilizando certa de 2,3 milhões de blocos de calcário e
granito, unidos com argamassa de gesso calcinado, em torno de 2600 a.C. e resistem até
hoje, mesmo após milhares de anos expostos aos elementos da natureza.

A Pirâmide de Queóps, a maior das três pirâmides, é a mais antiga das Sete
Maravilhas do Mundo Antigo e a única que permanece em grande parte intacta. Possui
146 metros de altura, uma base quadrada com 230 metros de lado e pesa cerca de 6,5
milhões de toneladas.

2.1.2 Aqueduto de Segóvia

O Aqueduto do município espanhol de Segóvia, foi realizado no século I d.C. para


conduzir água das montanhas até a cidade. Aqui, é possível verificarmos a utilização de
arcos como forma estrutural, no qual, por conta da cunha, pelo intertravamento e simetria
das pedras, continuamos mantendo somente esforços de compressão, permitindo desse
modo vencer grandes vãos e suportar maiores cargas.

O trecho que fica acima do solo mede 728 metros de comprimento, possui 166
arcos que atingem alturas de até 29 metros e 120 pilares com 9 metros de altura. O
Aqueduto de Segóvia foi executado por blocos de granito, manteve seu funcionamento
ao longo dos séculos, fornecendo abastecimento para Segóvia até meados do século XIX
11

e é um dos monumentos antigos mais importantes e mais bem preservados deixados


na Península Ibérica pela civilização romana tornando-se o símbolo mais importante de
Segóvia.

2.1.3 Coliseu

Construído por volta de 70 e 90 d.C. com tijolos revestidos de argamassa e areia,


originalmente cobertos com uma rocha calcaria, o Coliseu é um anfiteatro oval,
localizado na capital da Itália, no centro da cidade de Roma e é o maior já construído.

O anfiteatro possuindo 500 metros de diâmetro e 50 metros de altura, conseguia


comportar entre 50 mil e 80 mil espectadores e possuía uma audiência média de cerca de
65 mil pessoas. O Coliseu de Roma era usado para combates de gladiadores, espetáculos
públicos, caças de animais selvagens, execuções, encenações de batalhas famosas e até
mesmo simulações de batalhas marítimas onde por um curto período de tempo, era
inundado através de mecanismos de apoio.

O edifício descontinuou seu uso para entretenimento na era medieval, porém, foi
reutilizado mais à frente ao longo dos anos com finalidade de habitação, de sede para uma
ordem religiosa, de fortaleza, de pedreira, entre outros.

Embora parcialmente arruinado por danos causados por terremotos, intempéries


naturais e saques, o Coliseu, em 2007 foi eleito informalmente como uma das sete
maravilhas do mundo moderno, além de ser o maior símbolo da Roma Imperial e uma
das atrações turísticas mais populares da capital italiana.

2.1.4 Edifício Monadnock

Na história da alvenaria, um ponto marcante que sempre precisa ser lembrado é o


Edifício Monadnock (Figura 1) em Chicago, visto que foi construído de 1889 a 1891
contendo 17 pavimentos, 65m de altura, sendo um dos mais altos prédios executados com
esse sistema construtivo até hoje e, o que mais chama atenção, suas paredes no pavimento
térreo possuindo 1,80 metros de espessura devido as limitações dimensionais da época.
Segundo Ramalho e Corrêa (2003) acredita-se que se os procedimentos atuais de cálculo
em alvenaria estrutural poderiam reduzir estas paredes para cerca de 30 centímetros de
espessura se utilizados, ou seja, uma dimensão em sua seção transversal 6 vezes menor.
12

O Edifício Monadnock de acordo com Ramalho e Côrrea (2003) tornou-se um


símbolo clássico da moderna alvenaria estrutural, visto que, com suas dimensões, foi
considerado uma obra ousada, como se explorasse os limites dimensionais possíveis para
edifícios de alvenaria.

Figura 1 – Foto do Edifício Monadnock

Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/edificio_monadnock - acesso em 24/06/2021.

2.1.5 Primeiros Edifícios Residenciais no Brasil

A alvenaria vem sendo utilizada no Brasil desde o desembarcar dos portugueses


aqui no início do século XVI, todavia, a alvenaria com blocos estruturais, que pode ser
encarada como um sistema construtivo mais elaborado e voltado para obtenção de prédios
mais racionais e econômicos, demorou um grande período até encontrar seu espaço.

A cronologia das edificações realizadas com blocos vazados estruturais é um


pouco controversa, mas pode-se supor que os primeiros edifícios construídos no Brasil
tenham surgido em 1966, em São Paulo. Foram executados com blocos de concreto e
tinham apenas quatro pavimentos. (RAMALHO E CORRÊA, 2003)
13

Posteriormente em São Paulo, em 1972 o edifício Central Parque Lapa foi


executado com alvenaria armada de blocos de concreto com 12 pavimentos e quatro
blocos, já tendo armaduras solicitadas a tração devido a ação do vento. (Figura 2)

Figura 2 – Edifício Central Parque Lapa em São Paulo

Fonte: comunidadedaconstrução.com.br - acesso em 24/06/2021

A partir disso, apesar do ter chegado tardiamente no Brasil, o sistema firmou-se


como uma alternativa econômica e eficiente para a execução de prédios residenciais e
também industriais. Podendo perceber sua popularidade e aceitação ao observar que,
atualmente, é o método construtivo mais presente nas construções brasileiras.

2.2 Aspectos Históricos do Concreto Armado

O concreto armado é uma combinação de concreto, ou seja, uma pasta composta


por agregados miúdos e graúdos, cimento e água, conhecida desde a antiguidade, com
uma armadura de aço, previamente montada dentro de uma forma, cuja geometria é
adequada ao carregamento da estrutura. O objetivo dessa união de materiais é combinar
a propriedade de resistência à compressão do concreto com a resistência à tração do aço,
dando origem a um material capaz de suportar cargas e vencer grandes vãos e balanços,
em diversos formatos.
14

Comparado ao uso de materiais tradicionais de construção, tais como madeira,


pedra, argila, ou cerâmica, o concreto armado aparece mais recente. As primeiras
utilizações de estruturas de concreto datam de meados do século XVIII, na Inglaterra.

Entre 1756 e 1774 John Smeaton fez experiências com calcários argilosos e
cimentos, chegando a construir um farol em Eddystone. Em 1824, Joseph Aspdin
estabilizou o processo de fabricação do que ficou conhecido como cimento Portland, isto
é, uma mistura de calcário pulverizado com argila, tratada a altas temperaturas que produz
um cimento capaz de endurecer dentro d’água, também chamado de clincker. Tal como
o aço, o concreto começa a ganhar expressão como material construtivo em meados do
século XIX, justamente quando a industrialização chega à construção civil.

Em 1855, Joseph Lambot apresentou na Exposição Universal de Paris um barco


cuja estrutura era feita com treliça de vergalhões de aço, envolvida por argamassa de
cimento. No mesmo ano, François Coignet utiliza o concreto armado para construção de
faróis e peças de tubulação hidráulica.

Entretanto, foi de Joseph Monier a primeira concepção do concreto armado


inserido num sistema tecnológico. Jardineiro de profissão, ele desenvolveu peças de
concreto armado que podiam ser produzidas em série. Trata-se de um sistema de
construção de jardineiras em ferro e cimento demonstrado na Figura 3. O sistema de peças
de Monier foi patenteado e exposto em Paris, em 1867.

Figura 3 – Sistema de construção de jardineiras de Joseph Monier

Fonte: estruturandocivil.blogspot.com – acesso em 24/06/2021.


15

Em 1873, o americano W. E. Ward construiu uma casa em concreto armado,


existente até os dias de hoje na cidade de New York. No ano de 1900 Koenen iniciou o
desenvolvimento das teorias do concreto armado, posteriormente, Morsch deu
continuidade as suas teorias com base em numerosos ensaios. A partir disto, foram
desenvolvidos ao longo de décadas estudos mais aprofundados do concreto armado,
sendo que os conceitos fundamentais são validos até os dias atuais.

O sistema Monier, que teria também inspirado o sistema Hennebique, teve uma
rápida difusão internacional, incluindo uma filial no Brasil, montada em 1913 por
Lambert Riedlinger. Firma essa que, em 1928, tornou-se a Companhia Construtora
Nacional (SANTOS, 1961).

No Brasil. o uso do concreto armado desenvolveu-se no início do século XX. No


Rio de Janeiro foi construída uma ponte com 9 metros de comprimento no ano de 1908.
O edifício A Noite com seus 22 andares, construído no ano de 1928 obteve por muitos
anos o título de prédio mais alto do mundo utilizando concreto armado, este também
situado na cidade de Rio de Janeiro. Entre os anos de 1955 e 1960, estruturas
extremamente esbeltas e complexas foram construídas na capital do Brasil por autoria dos
arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa e do engenheiro Joaquim Cardoso, estas tiveram
grande importância para o desenvolvimento mundial do concreto armado (CLÍMACO,
2008).

Desde então com o avanço tecnológico utilizando as teorias da estática e ciências


dos matérias chegamos aonde estamos hoje, ou seja, onde o concreto armado, é conhecido
como um dos materiais de construção mais resistente e seguro e é encontrado facilmente
em represas, rodovias, prédios, entre outros diferentes tipos de edificações e construções.

2.3 Alvenaria

SABBATINI (1984) diz que a alvenaria pode ser entendida como a parede
formada por pedras ou blocos, naturais ou artificiais, ligadas entre si por juntas ou
interposição de argamassa, formando um conjunto rígido e coeso. Originada do termo
árabe al-bannã, a palavra alvenaria significa aquele que constrói (bannã significa
construir).
16

2.3.1 Alvenaria de Vedação

A alvenaria de vedação, é definida assim quando não é dimensionada para resistir


a ações além de seu próprio peso. Dessa forma, o subsistema vedação vertical, é
responsável pela proteção do edifício contra agentes indesejáveis como intempéries,
animais, ruído e poeira, definir os ambientes internos e deve também oferecer segurança
estrutural, estanqueidade, resistência ao fogo, isolamento térmico, isolamento acústico e
durabilidade.

A alvenaria é a grande responsável pela habitabilidade dos abrigos. Ela garante,


então, conforto, saúde, higiene e segurança de utilização, além de estar intimamente
ligada à ocorrência de manifestações patológicas, determinando grande parte do
desempenho do edifício (LORDSLEEM JÚNIOR, 2004).

A vedação vertical possui também um importante papel na racionalização da obra


como um todo por possuir interface com todos os demais subsistemas de uma edificação,
induzindo também à racionalização desses. A alvenaria de vedação pode corresponder a
até 6% do custo total da obra. Considerando sua interface com os demais subsistemas da
obra como instalações elétricas e hidrossanitárias, revestimento, estrutura e outros, esse
custo pode chegar a até 40% do custo total do edifício (LORDSLEEM JÚNIOR, 2004).

Nesse tipo de sistema, é possível realizar cortes na alvenaria sem que haja prejuízo
à estabilidade da estrutura, visto que as lajes, vigas e pilares foram dimensionados para
resistir aos esforços solicitantes do edifício.

2.3.2 Alvenaria de Vedação Tradicional

Com a possibilidade de realizar alterações e cortes na alvenaria de vedação, ainda


é muito comum o uso de um processo não racional, empregando técnicas inadequadas e
antiquadas para a execução da alvenaria. As alvenarias são assentadas e, posteriormente,
são realizados cortes em blocos para a passagem de instalações. Em seguida, são
realizados remendos com argamassa para o preenchimento dos vazios.
Incompatibilizações percebidas na obra, como instalações se cruzando, por exemplo, são
muito comuns na alvenaria tradicional. Esses problemas são resolvidos durante a
construção geralmente por pessoas não capacitadas para tal tarefa (LORDSLEEM
JÚNIOR, 2004).
17

Além de técnicas e métodos construtivos tradicionais, a alvenaria tradicional é


caracterizado também por uma atividade de projeto tradicional, isto é, o projeto não é
voltado ao processo de produção e é voltado apenas ao produto. Os projetos não passam
coordenação, e quando passam, não se compatibilizam. Um exemplo é o projeto de
instalações das tubulações, dos eletrodutos e aparelhos, muitas vezes não se compatibiliza
com o projeto estrutural, tendo que cortar elementos estruturais ou não cabem na
espessura disponível, no caso das lajes, Figura 4 (BARROS, 1996).

Figura 4 – Cortes realizados na alvenaria tradicional para passagem de dutos

Fonte: engenhariaearquiteturaunp2013.blogspot.com – acesso em 24/06/2021.

A alvenaria tradicional, então, tem como características elevados desperdícios,


adoção de soluções construtivas durante a realização do serviço pelo próprio pedreiro ou
pelo mestre de obras, ausência de fiscalização dos serviços, deficiente padronização do
processo de produção e ausência de planejamento prévio à execução (LORDSLEEM
JÚNIOR, 2004).

2.3.3 Alvenaria de Vedação Racionalizada

Alvenaria racionalizada é aquela participante ou não da estrutura, construída a


partir de um projeto específico (projeto de produção) contendo compatibilização entre
18

instalações, coordenação modular e demais detalhes para uma execução com o melhor
aproveitamento dos recursos disponíveis (NBR 15270/2017).

Lordsleem Júnior (2004) entende o termo, racionalização construtiva, todas as


ações que objetivam otimizar o uso dos recursos disponíveis na construção em todas as
suas fases. Em outras palavras, seria a aplicação mais eficiente dos recursos em todas as
atividades que se desenvolvem para a construção do edifício. O desenvolvimento da
alvenaria dita “racionalizada” se deu em contraponto à alvenaria empregada até então,
denominada “tradicional”. A alvenaria racionalizada segue as diretrizes de produção
estabelecidas para os processos construtivos de alvenaria estrutural, considerando um
nível de racionalização superior.

O autor segue afirmando que, dessa forma, a aplicação do conceito de


racionalização construtiva à alvenaria deu-se o nome de alvenaria racionalizada, o que se
pode entender por todas as ações que objetivam otimizar o uso de todos os recursos
envolvidos com a produção das alvenarias das alvenarias de vedação, desde a concepção
do empreendimento até a sua utilização como demonstrado na Figura 5.

Figura 5 – Execução da alvenaria de vedação racionalizada

Fonte: Pauluzzi, 2013

Nos processos construtivos racionalizados, todas as etapas de projeto são


desenvolvidas em conjunto (projeto arquitetônico, estrutural, elétrico, hidrossanitário,
impermeabilização, revestimentos etc.) interagindo para o projeto executivo, contendo
informações suficientes para que seja produzido sem a necessidade de decisões subjetivas
no momento de produção. A aplicação da metodologia de implantação de tecnologias
19

construtivas racionalizadas na produção de um edifício, não resultará em um sucesso


automático nas empresas construtoras. O processo de implantação das tecnologias
inovadoras para se ter uma alvenaria racionalizada é complexo e depende de
organizações, assim não existe uma “maneira milagrosa” que resolva o problema de todos
(BARROS, 1996).

2.4 Materiais Associados

Nessa seção pretendeu-se brevemente conceitualizar os diferentes materiais e


componentes necessários segundo autores para a execução da alvenaria de vedação em
prédios em concreto armado.

2.4.1 Bloco Cerâmico de Vedação

No sistema de vedação vertical existem vários tipos de blocos. Neste trabalho,


será citado apenas os blocos de cerâmica. Os blocos devem apresentar perfeitas
condições, não apresentar defeitos sistemáticos tais como; quebras, superfícies
irregulares, trincas ou deformações que possam prejudicar o mau assentamento do bloco.

Estes blocos, cujas especificações estão estabelecidas na NBR 15270-1/2017, são


de emprego comum e técnica executiva de domínio público há muitos anos. Obtido a
partir da queima de argilas, são facilmente encontrados em qualquer ponto do país, devido
inclusive a facilidade de fabricação. Possuem variação volumétrica de valores
considerados baixos ao absorver ou expelir água, além de baixa densidade e facilidade de
manuseio, apresentando, ainda, custo competitivo. Algum inconveniente é observado
quanto ao item variação dimensional, por se tratar de corte artesanal e secagem com
queima diferenciada. Atualmente, grande parte dos fabricantes busca certificações para
melhoria do desempenho de seus produtos. Na maioria dos casos as alvenarias com blocos
cerâmicos utilizam o bloco com furo na horizontal.

A melhoria da qualidade e desempenho das alvenarias afeta diretamente os demais


subsistemas do edifício como estruturas, instalações, esquadrias, isolamento,
revestimentos e impermeabilização, possibilitando aumentar a vida útil e minimizar
custos de execução e manutenção das edificações. Por isso, antes da utilização de blocos
cerâmicos faz-se necessária a verificação das suas características físicas e mecânicas para
determinar suas condições de aplicação (LORDSLEEM JÚNIOR, 2004).
20

Componente vazado, com furos prismáticos perpendiculares às faces que os


contêm, que integra alvenarias de vedação intercaladas nos vãos de estruturas de concreto
armado, aço ou outros materiais. Normalmente são empregados com os furos dispostos
horizontalmente, devendo resistir somente ao peso próprio e a pequenas cargas de
ocupação (THOMAZ, 2009).

Os blocos são os componentes básicos da alvenaria, representando de 80% a 95%


do volume de alvenaria. Estes são os principais responsáveis pelas características de
resistência à compressão, estabilidade, resistência ao fogo e as intempéries e ao bom
isolamento térmico e acústico.

Segundo a NBR 15270/2017, os blocos utilizados para alvenaria de vedação, tem


sua classe de comercialização com as siglas VED, podendo ser VED15 ou VED30. Para
blocos com classe VED15, a resistência a compressão individual (fb) mínima é de 1,5
Mpa e sua absorção d’água é de 8% a 25%, com espessura externa mínima das paredes
do bloco de 7 mm, e interna não há. Já para VED30, a resistência a compressão individual
(fb) mínima é de 3,0 Mpa e sua absorção d’água é de 8% a 21%, com espessura externa
mínima das paredes do bloco de 7 mm, e interna 6 mm.

2.4.2 Argamassa de Assentamento

Conforme a NBR 13281/2005, a argamassa é constituída basicamente por


cimento, cal, areia e água, possibilitando ter, ou não, aditivo. O cimento é o principal
elemento responsável pela sua resistência, com possibilidade de emprego de vários tipos
de cimento Portland. Além disso, diversos aspectos precisam ser considerados em razão
da qualidade da argamassa, com destaque para a sua espessura, preenchimento adequado
em todas juntas horizontais, mão-de-obra e a interface entre argamassa e o bloco. A forma
de preenchimento das juntas afeta diretamente a resistência final da parede. Entretanto,
paredes com juntas verticais e horizontais transversais pouco influenciam a resistência à
compressão, mas possuem grande influência na resistência ao cisalhamento e à flexão e
são também essenciais para a estanqueidade, o conforto térmico e a acústica das paredes
(CARDÃO, 1976).

Parsekian e Soares (2010) citam que a resistência à compressão da argamassa não


pode ser superior à resistência do bloco, pois utilizando uma argamassa muito rígida ela
acaba por não ter a capacidade de absorver deformações, entretanto, utilizar uma
21

argamassa muito fraca resulta em uma baixa aderência entre os blocos e pouca resistência
a compressão, prejudicando a eficiência da parede portante. A plasticidade que a
argamassa obtiver será a responsável por permitir que as tensões sejam transferidas de
modo uniforme de um bloco para o outro.

Segundo Ramalho e Corrêa (2003) a espessura da junta horizontal de argamassa


tem grande influência na resistência final da parede, não podendo ser muito estreita, pois
blocos acabariam por se tocar, acarretando em uma concentração de tensões que
prejudicam a resistência da alvenaria, mas também não deve ser muito espessa, pois a
resistência da parede decresce com o aumento de espessura da junta horizontal.

Em emprego de assentamento dos blocos de vedação, Recena (2012) fala que é


esperado que a as argamassas possam garantir:

• União solida dos elementos que compõem uma alvenaria;


• Aderência ao substrato de elementos de revestimento em pisos ou fachadas;
• Distribuição uniformemente dos esforços aplicados sobre a alvenaria;
• Impermeabilidade das alvenarias de elementos sem revestimento.
Recena (2012) ressalta que as propriedades da argamassa exigidas a fim de
garantir suas principais funções, são:
• Trabalhabilidade adequada para a função a ser empregada;
• Retenção de água adequada;
• Durabilidade compatível com a vida útil da edificação;
• Estabilidade química frente aos agentes de deterioração, sem que ocorra alterações
nos seus elementos por reações retardadas;
• Estabilidade física, com resistência mecânica suportando solicitações de ciclos
alternados de molhagem e secagem;
• Capacidade de aderir ao substrato formando um sistema com resistência de aderência
que suporte as solicitações;
• Modulo de elasticidade baixo para suportar deformações das tensões internas geradas
pela movimentação da estrutura e/ou dos materiais que a compõem.

A argamassa de assentamento deve ser plástica e ter consistência para manter os


tijolos no alinhamento do assentamento e suportar seus pesos. Produzir a argamassa em
quantidade apenas a ser utilizada, não deixando sobras. Em casos de distancias longas a
ser transportada, pode-se misturar a seco os materiais, e utilizar água somente no local de
22

emprego da argamassa. Para paredes externas não revestidas e/ou em contato com
umidade, a argamassa deve ser impermeável e insolúvel em água (NBR 8545:1984).

2.4.3 Chapisco

O Chapisco será a ponte de aderência entre o substrato e a argamassa, e tem a


função de criar uma camada porosa e rugosa de forma que o emboço fixe totalmente
evitando o cisalhamento.

Nos casos em que o substrato se encontra muito liso, usa-se o chapisco, que
normalmente é uma mistura de argamassa com cimento e areia no traço 1:3 (uma de
cimento e três de areia) e espessura máxima de 5 mm, para proporcionar rugosidade e
porosidade, desenvolvendo assim a aderência necessária (BAUER, 2005).

Em edifícios de concreto armado, o preparo para o recebimento da alvenaria


consiste na molhagem e chapiscamento de todas as regiões que entrarão em contato com
a alvenaria, tais faces de pilares e os fundos de vigas e lajes. O chapiscamento visa
promover uma superfície mais propícia à aderência da alvenaria à estrutura
(LORDSLEEM, 2004).

De acordo com a Lordsleem Júnior (2004), o chapisco pode ser do tipo


convencional, rolado ou industrializado, onde cada um possui diferenças nos materiais
utilizados, no traço e no modo de aplicação demonstrados na Tabela 1.

Tabela 1 – Diferenças entre tipos de chapisco

CONVENCIONAL ROLADO INDUSTRIALIZADO

Materiais Materiais Materiais

Argamassa de cimento Argamassa de cimento e areia, resina Argamassa colante


e areia PVA

Traço Traço Traço

1:4, em volume 1:4,5; em volume, aditivada com resina


PVA, na proporção de 1 parte de PVA
para 6 partes de água
23

Aplicação Aplicação Aplicação

Com colher de Com rolo de pintura texturizada, duas a Com


pedreiro, atirado três demãos, de maneira que o aspecto desempenadeira
energicamente contra a final seja de uma camada rugosa com dentada
estrutura espessura em torno de 5mm

Fonte: adaptado de Lordsleem Junior (2004).

A execução do chapisco através do procedimento convencional implica elevado


desperdício, em razão da reflexão da argamassa. Para a racionalização dessa atividade
recomenda-se que o chapisco seja do tipo rolado ou industrializado.

Lordsleem Junior (2004) diz que, deve-se realizar a atividade de chapiscamento


pelo menos três dias antes do início da produção da alvenaria, a fim de que melhore a
aderência no assentamento dos componentes.

2.4.4 Graute

De acordo com Ramalho e Corrêa (2003), o graute se trata de um concreto com


agregados de pequena dimensão e relativamente fluido, é utilizado para o preenchimento
de vazios dos blocos quando se tem a necessidade de aumentar a capacidade portante da
alvenaria à compressão.

A função principal do graute é aumentar a resistência da parede à compressão,


através do aumento da seção transversal do bloco, mas pode também combater os esforços
de tração quando tiver armaduras em seu interior. A constituição do graute é igual ao
concreto convencional, porém ele apresenta agregados de pequenas dimensões e é
relativamente fluído, podendo ser classificado como um microconcreto de alta
plasticidade. A definição da resistência do graute é de responsabilidade do projetista, e
deve ter como parâmetro, a resistência característica maior ou igual a duas vezes a
resistência característica do bloco (MANZIONE, 2007).

2.4.5 Armadura

A utilização da armadura tem como objetivo combater os esforços de tração,


sendo que as barras de aço serão sempre utilizadas juntamente com o graute
(MANZIONE, 2007).
24

Segundo Ramalho e Corrêa (2003) as barras de aço utilizadas nas construções em


alvenaria são as mesmas utilizadas nas estruturas de concreto armado, mas, neste caso,
serão sempre envolvidas por graute, para garantir o trabalho conjunto com o restante dos
componentes da alvenaria.

Com a função de combater os esforços de tração. Além disso, são também


utilizadas em vergas e contravergas, elementos onde sempre haverá a necessidade de
armadura longitudinal.

2.5 Ferramentas e Equipamentos

Para a elevação das alvenarias devem estar disponíveis todos os equipamentos e


ferramentas necessárias para o assentamento dos blocos (Figura 6), incluindo colher de
pedreiro, meia-cana, bisnaga, linha, esticadores de linha, réguas de alumínio, prumo de
face, escantilhões, broxa, nível de bolha e nível de mangueira, esquadros de braço longo,
furadeira elétrica, pistola finca-pinos, etc. (THOMAZ, 2009).

Figura 6 – Equipamentos auxiliares na execução das alvenarias

Fonte: THOMAZ, 2009.


25

Outros equipamentos básicos utilizados no assentamento dos blocos são: trena,


lápis, esquadro, esponja e pano para limpeza, marreta de borracha, tesoura e
equipamentos de proteção individual (EPIs) como botas, luva, capacete e protetores
auriculares.

2.6 Execução

A NBR 8545:1984, faz algumas recomendações sobre o processo de produção da


alvenaria de vedação, dentre elas estão:

• Executar o chapisco na face da estrutura (lajes, vigas e pilares) quando em contato


com alvenaria;
• Não deixar panos soltos por longos tempos e nem executado em grandes alturas de
uma vez só;
• Recomenda-se molhar os componentes cerâmicos antes do seu emprego;
• Em alvenaria de blocos de vedação, não devem ser executados com os furos na
vertical e no sentido transversal ao da parede, com exceção em casos particulares;
• A execução deve ser iniciada pelos cantos, ou qualquer elemento de ligação da
edificação;
• Deve-se utilizar o escantilhão para juntas horizontais;
• Deve utilizar o prumo de pedreiro para alinhamento vertical da alvenaria;
• Após o levantamento dos cantos, utilizar uma linha esticada para garantir o
alinhamento e o prumo das fiadas;
• Em obras de concreto armado, a alvenaria de vedação deve ser interrompida logo
abaixo das vigas e lajes. Este espaço deve ser preenchido logo após 7 dias, de forma
que a alvenaria seja travada.

Lordsleem Júnior (2004) diz que quando se constrói uma parede de vedação de
alvenaria, procura-se atender os critérios de desempenho e que não apresente problemas
patológicos no futuro. Ou seja, procura-se obter uma parede com locação, planeza, prumo
e nivelamentos adequados ao revestimento que será empregado, juntas e fixação
executadas de forma correta. Ainda para o autor a execução da alvenaria segue três etapas,
a locação da primeira fiada, a elevação e a fixação. É necessário, o preparo da superfície
para receber a alvenaria. Ela consiste em quatro etapas: a limpeza do local, a melhoria da
aderência estrutura/alvenaria, a definição das galgas e a fixação das alvenarias aos pilares.
26

Para uma correta locação da alvenaria, recomenda-se que seja designado um


pedreiro ou uma equipe de pedreiros, treinados e qualificados. Recomenda-se também
que o pedreiro ou a equipe de pedreiros designado, comece e termine a locação da
alvenaria e a execução de todos os pavimentos.

A análise do projeto estrutural em que as vedações verticais serão inseridas é de


extrema importância, visto que determinados detalhes construtivos necessários ao bom
desempenho desta devem ser empregados. Assim estabelecendo a ligação dos elementos
de vedação com as estruturas de concretos. Está análise irá orientar a decisão de inclusão
de reforços onde as tensões são superiores a capacidade dos elementos de vedação vertical
(FRANCO, 1998).

Para a execução da alvenaria de vedação vertical tanto em edifícios residenciais


ou comerciais, foi gerado a implantação de sub-etapas para atender as qualidades técnicas
e finais do produto, sendo divididas em marcação, assentamento e encunhamento.

2.6.1 Marcação

Verifica-se antes do início dessa etapa, no projeto, a exata localização de cada


parede, prepara-se a área do serviço removendo toda a poeira e resíduos de sobras,
possibilitando a boa aderência da argamassa. Para isto, deve-se chapiscar as vigas e
pilares três dias antes da marcação.

Inicia-se fazendo a marcação conforme determina a planta da primeira fiada. É


nesse momento que se define a posição da parede, para garantir o nivelamento exato da
primeira fiada e o esquadro entre as paredes e dimensões dos ambientes. É importante
verificar o nivelamento da laje e, caso sejam identificados pontos com desnível superior
a 2 cm em relação ao projeto, será necessário corrigi-los. Para materializar o eixo
existente da estrutura da laje é necessário um fio de náilon, que serve como referência no
alinhamento. Depois, verifica-se o esquadro do eixo. Se ele estiver correto, é feita a
marcação da laje com um risco com o auxílio de um riscador de fórmica.

A posição de cada parede deve ser delimitada independentemente dos eventuais


desvios da estrutura como demonstrado na Figura 7 abaixo. Caso o projeto de estrutura
ou de alvenaria preveja a constituição de juntas de dilatação ou de controle, a marcação
da alvenaria deve respeitar com todo rigor o posicionamento e a abertura das juntas. A
27

modulação horizontal prevista para a primeira fiada no projeto de alvenaria deve ser
rigorosamente observada (THOMAZ, 2009).

Figura 7 – Marcação das paredes a partir dos eixos de referência

Fonte: THOMAZ, 2009.

A argamassa de assentamento da primeira fiada deve ser a mesma definida para a


elevação da alvenaria. A espessura da camada de argamassa na fiada de marcação pode
ser de 10 mm a 30 mm.

2.6.2 Assentamento

Após a localização inicia-se o assentamento dos blocos ou tijolos cerâmicos na


primeira fiada sendo referência para o restante da parede como: amarrações, modulações
e nivelamento.

Para um início da elevação da alvenaria adequado, recomenda-se a observação do


prazo mínimo ideal, e estar concretado a laje de pelo menos quatro pavimentos acima. As
ferramentas utilizáveis para elevação da alvenaria são as colheres de pedreiro,
desempenadeira de madeira, bisnaga, meia-cana e ainda o uso de escantilhões auxiliando
o alinhamento das direções horizontais da fiada de locação (LORDSLEEM JÚNIOR,
2004).
28

Durante o assentamento, tem-se a instalação elétrica, conforme o bloco de


cerâmica ou o tijolo utilizado é preciso cortes ou rasgos para o embutimentos dos
eletrodutos, sendo que os blocos cerâmicos têm furos na vertical facilitando a passagem
dos eletrodutos sem eventuais desperdícios na alvenaria. Para a amarração das paredes
perpendiculares uma as outras, utiliza-se juntas a prumo e ligações de telas de aço no pilar
feitas com uma pistola de chumbamento ou barras de aço 6.3 mm. Estas juntas são feitas
para transferir esforços de uma parede para outra evitando fissuras na junta de prumo
provenientes da movimentação da estrutura.

A fim de garantir a locação precisa das esquadrias, como janelas e portas,


recomenda-se o uso de gabaritos para marcação delas mesmas. Esse gabarito serve
também como escantilhão, garantindo o alinhamento das fiadas da alvenaria
(LORDSLEEM JÚNIOR, 2004).

A NBR 8545/1984 ainda garante que devem ser moldadas ou colocadas sobre vãos
de portas e janelas, vergas e contravergas. Elas servem para aliviar as tensões transmitidas
da alvenaria para as esquadrias. Devem exceder a largura do vão de pelo menos 20 cm de
cada lado e altura mínima de 10 cm. Quando os vãos entre as vergas e contravergas forem
relativamente próximos, recomenda-se a união das vergas em uma só, o mesmo se faz
para as contravergas.

Recomenda-se que as paredes do mesmo pavimento sejam executadas


simultaneamente, a fim de não sobrecarregar a estrutura de forma desbalanceada; é
aconselhável promover o levantamento de meia-altura da parede num dia e complementá-
la no dia seguinte, quando a primeira metade já ganhou certa resistência. É aconselhável
também iniciar-se a construção pelas paredes de fachada, trecho inicial com 1m de altura,
a fim de liberar bandejas, grades de proteção e outros. Para as ligações das paredes de
fachada com as respectivas paredes internas recomenda-se que sejam simultaneamente
construídos trechos das paredes internas na forma de “escada”, desaconselhando-se a
manutenção de vazios para posterior amarração dos blocos das alvenarias internas
(THOMAZ, 2009).

No mesmo sentido que a NBR 8545/1984 recomenda, coxim de concreto, para


evitar que vigas com grandes cargas concentradas possam distribuir suas cargas e não
transmitam tensões diretamente sobre a parede. No caso de alvenaria de vedação
executada com blocos cerâmicos, possuírem furos na vertical, a última fiada pode ser
29

executada com blocos menores, compensadores ou meio-blocos, assentados com furos na


horizontal. Também pode ser utilizados blocos canaleta ou mesmo os tijolos de barro
cozido (SILVA et al, 2006).

2.6.3 Encunhamento das Paredes

O encunhamento é uma etapa de grande importância para o bom funcionamento


da vedação, sendo responsável pela ligação da alvenaria com a estrutura, com argamassas
que contenham alta plasticidade e baixo módulo de elasticidade para poder absorver
movimentações da estrutura sem causar danos à vedação.

De acordo com a Norma NBR 8545/1984 o vão entre a estrutura armada e a


alvenaria deve ser de no máximo 30 mm e o seu prazo para o encunhamento após o
assentamento é de sete dias, possibilitando que a estrutura tenha uma acomodação após
seu carregamento.

A fim de evitar-se a transferência de carga para as paredes de vedação durante a


execução da obra, recomenda-se defasagem de cerca de dez dias entre o término da
elevação da alvenaria e a execução da fixação (encunhamento). Em nenhuma hipótese
essa fixação deve ser executada antes que a parede do andar superior esteja construída
(THOMAZ, 2009).

Para prevenir as fissuras, é necessário empregar materiais e técnicas que possam


absorver estes esforços e maximizar a aderência entre estas partes da construção. O
encunhamento com argamassa expansiva é uma destas soluções e deve ser utilizado
quando a estrutura é pouco deformável. Esta argamassa compensa a retração natural das
argamassas de encunhamento através do efeito de expansão moderada, evitando fissuras.
O encunhamento é feito na última fiada da alvenaria com lajes e vigas. O enchimento do
vão deve ser feito de cima para baixo, após a conclusão de toda a alvenaria.

2.7 Patologias

Como consequência da procura constante por um material mais resistente, mais


leve, mais durável e de menor custo, da evolução das técnicas de projeto e de execução
de obra, começam a surgir, em quase todos os tipos de construções, com maior frequência,
problemas e falhas nas construções.
30

De acordo com Pereira (2005), talvez resultando na própria intensificação dessas


falhas, o homem passou a analisar com maior cuidado, utilizando cada vez mais os
princípios da ciência dos materiais, da estabilidade das estruturas, da mecânica dos solos,
da física e da química, dando origem, assim a uma nova ciência, designada por patologia
das construções, que assim como na medicina, utiliza dos seus termos mais usuais
(diagnóstico, prognóstico, agente etc.) que, no âmbito da construção civil, podem ser
definidos como:

• Patologia: falha, disfunção, defeito que prejudica a estética ou o desempenho da


edificação ou de qualquer uma de suas partes;
• Patologia das construções: ciência que procura, de forma metodizada, estudar os
defeitos dos materiais, dos componentes, dos elementos ou da edificação como um
todo, diagnosticando as suas causas e estabelecendo os seus mecanismos de evolução,
formas de manifestação, medidas de prevenção e de recuperação;
• Diagnóstico: determinação das causas, dos mecanismos de formação e da gravidade
potencial de um problema patológico, com base na observação dos sintomas (formas
de manifestação) e na eventual realização de estudos específicos;
• Prognóstico: avaliações, baseadas no diagnóstico, acerca da duração, evolução ou
término do problema;
• Terapia: conjunto de medidas (reformas, recuperações, reforços) destinado a sanar
um problema patológico;
• Agente: causa imediata que deu origem ao problema patológico (assentamento de
apoio, movimentações térmicas, sobrecarga, etc.).

Dentre as patologias encontradas em paredes de vedação executadas com bloco


cerâmico, as trincas e fissuras são as mais comuns e podem ocorrer devido a diversos
fatores.

Entre os inúmeros problemas patológicos que afetam os edifícios, sejam eles


residenciais, comerciais ou institucionais, particularmente importante é o problema das
trincas, devido a três aspectos fundamentais: o aviso de um eventual estado perigoso para
a estrutura, o comprometimento do desempenho da obra em serviço (estanqueidade à
água, durabilidade, isolação acústica etc.) e o constrangimento psicológico que a
fissuração do edifício exerce sobre seus usuários. (THOMAZ, 2020)
31

Segundo Nascimento (2002), as fissuras podem ser classificadas quanto a sua


origem em duas categorias:

• Internas: ocorrem por retração das argamassas do próprio bloco e ação de temperatura
e umidade.
• Externas: ocorrem, principalmente, por causas externas (choques, cargas suspensas,
transferência de cargas pela estrutura).

Em continuidade o autor mostra que, uma outra classificação possível, diz respeito
as fissuras estarem ou não estabilizadas, conforme o seguinte:

• Ativas: são ocorrências verificadas em painéis de alvenaria, onde ocorrem ciclos de


abertura e fechamento das mesmas (efeito térmico, vibrações, trânsito, etc.).
• Inativas: ocorrem para alívio de tensões superiores à resistência do material ou suas
interfaces.
Nascimento (2002) ainda analisa que, no mecanismo de formação e
desenvolvimento de fissuras em alvenarias, a deformabilidade e a resistência mecânica
podem ser consideradas fundamentais:
• Deformabilidade: é a propriedade da alvenaria relativa à capacidade de se manter
íntegra ao longo do tempo. É de extrema importância devido às ações a que está
sujeito um painel de alvenaria devido aos deslocamentos da estrutura. A
deformabilidade e o módulo de deformação do painel de alvenaria são funções diretas
do tipo do bloco e da argamassa e das dimensões das juntas de assentamento. É
importante observar, ainda, que a capacidade de um painel se deformar sem apresentar
fissuras depende de aderência promovida pela argamassa entre os blocos.
• Resistência Mecânica: esta propriedade em painéis de alvenaria, é talvez a mais
equivocada pelo meio técnico, devido ao conceito de vedação. Porém, pode-se afirmar
que sua capacidade de resistir a esforços torna-se cada vez mais importante, visto que
a deformação da estrutura nas primeiras idades, deformações lentas ao longo do
tempo, a fluência e a retração da estrutura, transferem tensões aos painéis confinados
entre as estruturas, principalmente na engenharia moderna cujos prazos foram
esquecidos ou não observados.

Incompatibilidades entre projetos de arquitetura, estrutura e fundações


normalmente conduzem a tensões que sobrepujam a resistência dos materiais em seções
particularmente desfavoráveis, originando problemas de fissuras. No Brasil ainda se
32

repete com relativa frequência a falta de diálogo entre os autores dos projetos
mencionados e os fabricantes dos materiais e componentes da construção, vindo a norma
de desempenho NBR 15575 (ABNT, 2013) colaborar para que o citado problema venha
sendo paulatinamente reduzido em nosso meio. (THOMAZ, 2020)

A ocorrência de fissuras de causa externa aumentou muito nas estruturas atuais


quando comparadas com estruturas do passado, principalmente nas estruturas de concreto
armado, em função da menor rigidez observada de acordo com a Tabela 2.

Tabela 2 – Características estruturais executadas no passado e atualmente

Características na Estrutura No Passado Atualmente


Número de Pilares Maior Muito menor
Vigas Maior inércia e maior Poucas ou nenhuma e
número muito esbeltas
Alvenaria sobre laje Praticamente não existia Em grande número
Distância entre pilares Até 5 m Entre 6 a 12 m
Rigidez dos nós Grande Baixa
Velocidade de execução Lenta Muito rápida
Aplicação da carga permanente Lenta e Gradual Durante a execução e
e sobrecarga rápida
Fonte: adaptado de Nascimento (2002).

Devido ao aumento na velocidade de execução em obras de concreto armado ao


longo dos anos, parou de ser considerado de maneira adequada a necessidade de interação
entre diversos sistemas construtivos e, a impossibilidade de reduzir o ritmo da obra deve
ser analisado dentro de um contexto global resultando projetos e em um planejamento
que sejam capazes de prever métodos e técnicas executivas que minimizam os possíveis
efeitos negativos.

As conjunturas socioeconômicas de países em desenvolvimento, como o Brasil,


fizeram com que as obras fossem sendo conduzidas com velocidades cada vez maiores,
com pouco rigor nos controles dos materiais e dos serviços; tais conjunturas criaram ainda
condições para que os trabalhadores mais qualificados fossem paulatinamente se
incorporando a setores industriais “mais nobres”, com melhor remuneração da mão de
obra, em detrimento da indústria da construção civil. (THOMAZ, 2020)
33

Nascimento (2002), diz que qualquer que seja o material estrutural, é possível
indicar alguns fatores que predominantemente contribuem para a fissuração:

• Fixação da alvenaria no sistema rígido em vãos de grandes dimensões;


• Utilização de argamassas rígidas no assentamento dos blocos;
• Adoção de juntas horizontais entre os elementos da alvenaria com pequena espessura;
• Ligação lateral com pilares insuficientes;
• Ineficiência ou inexistência de redutores de tensão (vergas e contra vergas);
• Ausência de juntas de dilatação nas alvenarias;
• Falta de projetos de alvenarias e revestimento adequados.

A falta, entre nós, do registro e divulgação de dados sobre problemas patológicos


retarda o desenvolvimento das técnicas de projetar e de construir, cerceando
principalmente aos profissionais mais jovens a possibilidade de evitarem erros que já
foram repetidos inúmeras vezes no passado. (THOMAZ, 2020)

3 METODOLOGIA

No presente tópico, será apresentado a metodologia com o intuito de difundir os


objetivos propostos no início do trabalho.

Irei pesquisar através da norma vigente NBR 8545/1984 e participar das reuniões
referentes a sua atualização, procurando, compreender seu enfoque para minimização de
manifestações patológicas. Será analisado trabalhos referentes as patologias encontradas
nesse elemento construtivo e suas soluções, com intenção de examinar sua inclusão na
atualização da norma, ou seja, na nova maneira de realizar a execução de alvenaria sem
função estrutural de tijolos e blocos cerâmicos buscando a sua segurança, estanqueidade,
durabilidade, conforto, manutenibilidade, desempenho estrutural e demais requisitos
esperados por esse elemento construtivo.

Será estudado o método adequado de estocagem dos materiais e componentes,


onde será analisado a forma de empilhamento adequada dos blocos, verificando a altura
máxima de pilhas, a necessidade ou não de apoios sobre uma superfície plana, limpa e
livre de umidade, assim como, apurar a possibilidade de estocagem a céu aberto, se for
realizada, como proteger os blocos das intempéries, como embalá-los corretamente, e
também, a forma de transportar as pilhas de blocos, até o local de aplicação.
34

Para o aço utilizado, irei verificar a forma de armazenamento, compreendendo a


proteção necessária contra intempéries e afastamento do solo. Pesquisarei o mesmo para
cimento, cal, argamassa industrializada e areia, porém entendendo também o afastamento
necessário de paredes e do teto de suas pilhas e a necessidade de cobrir ou conte-los.

Será estudado as especificações e recomendações a respeito da argamassa de


assentamento e seus materiais constituintes, buscando verificar a junta, poder de retenção
de água, plasticidade requerida para o assentamento e seu módulo de deformação, assim
como, a importância da consideração das características dos materiais empregados em
cada obra, como por exemplo, as diferentes rugosidades e absorção de água e dos
processos executivos a serem adotados.

Para as características dos materiais da obra, será verificado o traço da argamassa


de assentamento, estudos de dosagem e ensaios laboratoriais, necessidade da introdução
de cal hidratada ou aditivos plastificantes, incorporadores de ar e retentores de água e
equipamentos para sua execução.

Recomendações de produtos industrializados ou da argamassa preparada em obra


para realizar o chapisco da estrutura nas posições de ligação com alvenarias de vedação,
bem como, o tipo de areia e cimento empregados de acordo com seu traço.

Posteriormente, sobre o projeto de estrutura e a fiada de marcação, será analisado


a sequência de execução, tempo de espera até a retirada de escoras e execução da alvenaria
de vedação após a concretagem. Já para o assentamento da primeira fiada, será analisado
a delimitação de cada parede e, quando existir no projeto de estrutura ou de alvenaria, a
constituição de juntas de dilatação ou de controle, o que é preciso respeitar para sua
marcação, locação e abertura das juntas.

Com base na referência e início da marcação, influência da qualidade desse


processo nas demais características da alvenaria, como por exemplo, modulação
horizontal e vertical, espessura da camada de assentamento, folgas para instalação de
esquadrias, posicionamento de telas de ancoragem das paredes, entre outros.

Será observado, quais equipamentos devem ser utilizados, o que requer


conferência antes de sua realização, como por exemplo, o posicionamento e a presença
de eletrodutos, caixas de passagem, tubos de água, definir a referência de nível de
35

mangueira ou de nível e até quantos centímetros de erro de desnivelamento são aceitos,


antes de necessitarem correção.

Para a compreensão de processos antes do assentamento, será verificado a


necessidade de a superfície ser umedecida, o equipamento utilizado para espalhar a
argamassa de primeira fiada e remoção de seu excesso após o assentamento dos blocos,
assim como, a utilização de tela metálica eletrossoldada como elemento de ligação entre
alvenaria e estrutura e suas especificações, como posicionar essas amarrações,
afastamento entre elas, comprimento, altura e a partir de qual junta pode ser realizada e
também, os equipamentos e ferramentas para auxiliar a marcação e execução da elevação
das paredes de alvenaria.

Será visto, para elevação das alvenarias, providências que devem ser tomadas,
como por exemplo: disponibilidade de gabaritos para os vãos de portas e janelas,
disponibilidade de andaimes, recorte prévio das telas para as ligações com pilares ou
ligações entre paredes com juntas a prumo, entre outras.

Até que altura é aconselhável a sua elevação em um dia, quais trechos devem ser
construídos simultaneamente, cuidados em pavimentos mais elevados em relação a região
com ventos fortes e necessidade de escoramentos ou fixações provisórias, maneira de
assentar os blocos, considerações de detalhes previstos em projeto que precisam ser
observadas e condições do ambiente de trabalho, também serão estudados.

Será estudado a forma de conferência do nível e prumo da parede entre fiadas,


processos para execução de verga e contravergas com blocos do tipo canaleta na
existência de portas e janelas e recomendações de acordo com as dimensões desses vãos.

As recomendações referentes a possíveis transferências de cargas para as paredes


de vedação durante a execução da obra, como realizar a fixação e o tempo de espera para
a mesma, ajustes e correções que podem ser realizados para garantir a espessura da junta
de fixação (encunhamento), o que o projetista precisa definir quanto a região que será
feito o preenchimento e quais argamassas devem ser empregadas para essa execução
também serão pesquisados.

Será examinado o comportamento de diferentes argamassas de fixação superior


quando submetidas a diferentes deformações e revestida com revestimentos aderidos
diferentes e, a partir desta avaliação, o que se estabelece para as propriedades das
36

argamassas de fixação, de modo a que a fixação como um todo seja capaz de absorver as
tensões geradas pelos deslocamentos por que passam as estruturas ao longo da vida útil
das edificações.

Quanto ao embutimento de tubulações, será estudado quais recursos podem ser


empregados para sua locação, as recomendações quanto ao caminhamento através das
lajes e blocos, quando cortar a parede e equipamento para essa tarefa e atividades que
podem ser executadas previamente para as instalações elétricas.

A medida que for decorrendo ao longo do trabalho a conclusão desses objetivos,


também irei auxiliar na redação da parte de execução da alvenaria de vedação que será
utilizada na norma que substituirá a NBR 8545/1984, portanto, será redigido itens como
o método para realizar a modulação das paredes, o assentamento dos componentes
cerâmicos e amarrações, características dos materiais utilizados em cada processo, a
ligação com pilares e vigas, ordem dos processos executivos, entre outras necessidades e
recomendações que serão inclusas para garantir uma construção adequada.

4 RESULTADOS

Conforme o planejamento do trabalho, a seguir, será apresentado como resultado


a redação proposta para a nova norma de blocos cerâmicos de vedação para a parte de
execução e as devidas justificativas no texto recuado para as recomendações quando
necessárias.

1 Requisitos gerais de controle

1.1 Planejamento de controle

O controle da execução da alvenaria de vedação deve ser planejado, considerando-se,


minimamente, os seguintes aspectos:

a) determinação dos responsáveis pela execução do controle e circulação das informações;


b) determinação dos responsáveis pelo tratamento e resolução das não conformidades;
c) definição da forma de registro e arquivamento das informações;
d) estabelecimento de procedimentos específicos para o controle dos materiais e
componentes, do processo de execução da alvenaria e para a sua aceitação.
37

2 Estocagem de materiais e componentes

2.1 Blocos ou tijolos

2.1.1 Recebimento

É recomendável que os blocos sejam fornecidos em pallets, sendo os mesmos embalados


com o auxílio de fitas metálicas ou de plástico; dessa maneira os pallets podem ser
transportados em carrinhos porta-pallets até o local de aplicação dos blocos, com
considerável redução na mão-de-obra e risco de quebra ou danos. É recomendável que o
fornecedor também disponha de plataformas acopláveis à estrutura dos pavimentos,
facilitando o transporte dos pallets por meio de gruas.

2.1.2 Armazenamento

Os blocos ou tijolos de vedação devem ser estocados em pilhas com altura máxima de
1,80 m, apoiadas sobre superfície plana, limpa e livre de umidade ou materiais que
possam impregnar a superfície dos blocos. As pilhas devem ser apoiadas diretamente
sobre o terreno seco, regular e plano sobre pallets.

Essa altura máxima das pilhas é recomendada pela questão de


retirada desses blocos posteriormente na hora da execução, visto
que, uma altura maior seria prejudicial ergonomicamente.

O ambiente limpo e livre de umidade e materiais que possam


impregnar a superfície dos blocos é para evitar a contaminação
dos mesmos que consequentemente, possam levar a alterações no
desempenho e resistência.

O ambiente de armazenamento precisa ser plano e regular para


evitar a queda dos blocos e por consequência, possíveis acidentes,
ou seja, para assegurar uma maior segurança.

Quando a estocagem for feita a céu aberto, deve-se proteger as pilhas de blocos contra as
chuvas por meio de uma cobertura impermeável, de maneira a impedir que os blocos
sejam assentados com excessiva umidade.

Qualquer que seja o sistema de transporte dos blocos, deve-se evitar que os mesmos
sofram impactos que venham a provocar lascamentos, fissuras, etc.
38

Recomenda-se evitar esses impactos durante o transporte a fim de


assegurar a integridade dos blocos.

2.2 Aço

2.2.1 Recebimento

O aço utilizado na estrutura de alvenaria deve atender à ABNT NBR 7480/2007.

As armaduras imersas em juntas de argamassa devem ser de aço galvanizado ou de metal


resistente à corrosão, exceto no caso de elementos construídos em regiões da classe I de
agressividade ambiental, conforme definido na ABNT NBR 6118/2014.

No caso da utilização de armaduras galvanizadas, estas devem atender ao especificado na


ABNT NBR 16300/2016.

2.2.2 Armazenamento

O aço deve ser armazenado em local coberto, protegido de intempéries e afastado do solo,
para que não fique em contato com umidade.

O armazenamento do aço deve ser feito em feixes separado por cada bitola, facilitando o
uso.

2.3 Cimento, Cal e Argamassa Industrializada

2.3.1 Armazenamento

O cimento, a cal hidratada ou argamassas industrializadas, devem ser armazenados em


locais protegidos da ação das intempéries e da umidade do solo, devendo as pilhas ficarem
afastadas de paredes ou do teto do depósito. Não se recomenda a formação de pilhas com
mais de 15 sacos.

De acordo com a norma vigente de alvenaria estrutural NBR


16868-2/2020, deve-se evitar o empilhamento de mais de 10
sacos de cimento ou de cal, onde, no caso específico de tempo de
armazenamento de até 15 dias, as pilhas podem ser de até 15 sacos
e para a argamassa industrializada, as pilhas devem ter a altura
recomendada pelo fabricante, desde que não ultrapassem 10
sacos.
39

Votorantim Cimentos, recomenda-se estocar em local seco,


coberto e fechado, bem como afastado do chão, do piso e das
paredes externas ou úmidas, longe de tanques, torneiras e
encanamentos, ou pelo menos, separado deles.

2.4 Areia

2.4.1 Armazenamento

A areia deve ser armazenada em local limpo, de fácil drenagem e sem possibilidade de
contaminação por materiais estranhos que possam prejudicar sua qualidade. Os agregados
devem ser convenientemente cobertos ou contidos lateralmente.

3 Preparo do chapisco e da argamassa de assentamento

3.1 Chapisco

Para o chapisco da estrutura, nas posições de ligação com alvenarias de vedação,


recomenda-se a utilização de produtos industrializados ou mesmo de argamassa
preparada na obra.

Para a utilização do chapisco industrializado, deve-se seguir as recomendações de espera,


preparo da base, mistura e aplicação do produto fornecidas pelo fabricante.

No caso de chapisco rolado produzido em obra, o traço pode variar de 1:2 até 1:3
(cimento: areia, em volume), sendo esta argamassa preparada com um volume de resina
acrílica ou PVA e água.

No caso de argamassa preparada na obra, recomenda-se o emprego de areia lavada, de


granulometria média/grossa e de cimentos tipo I e II, com traço 1:3 (cimento: areia, em
volume).

De acordo com Lordsleem Junior (2004), a execução do


chapisco de maneira convencional implica elevado desperdício
em razão da reflexão da argamassa, por conta disso, recomenda-
se para um processo racionalizado, utilizar o chapisco do tipo
rolado ou industrializados.

O autor também recomenda, executar 3 dias antes do início


da produção de alvenaria, a fim de melhorar a aderência no
assentamento dos componentes.
40

3.2 Argamassa de assentamento

3.2.1 Disposições gerais

As especificações e recomendações a respeito da argamassa de assentamento e seus


materiais constituintes devem ser estabelecidos em função das diferentes exigências de
aderência, impermeabilidade da junta, poder de retenção de água, plasticidade requerida
para o assentamento e módulo de deformação (propriedade muito importante nas
alvenarias de vedação, frente ao risco de sobrecarga pelas deformações impostas).
Também devem ser consideradas as características dos materiais a serem empregados em
cada obra, incluindo-se os próprios blocos (com diferentes rugosidades, absorção de água,
etc.), e dos processos executivos a serem adotados.

Em função das características dos materiais disponíveis no local da obra, o traço da


argamassa de assentamento deve ser estabelecido por meio de estudo de dosagem e
ensaios laboratoriais.

Para argamassas de assentamento, industrializadas ou pré-dosadas, fornecidas a granel,


são válidas todas as indicações anteriores. Algumas argamassas são dosadas sem a
introdução de cal hidratada, compensando-se essa ausência com a introdução de aditivos
plastificantes, incorporadores de ar e retentores de água. O resultado final, em termos de
aderência, módulo de deformação e outros requisitos, deve ser o mesmo.

O assentamento dos blocos pode ser executado com colher de pedreiro, meia–cana,
bisnaga, régua de assentar ou “palheta”.

4 Fiada de marcação

O projeto de estrutura deve definir a época e a sequência de execução das vedações em


cada pavimento. No caso de estruturas convencionais de concreto armado, deve-se iniciar
os serviços de alvenaria no mínimo após 28 dias da concretagem do respectivo pavimento,
após completa retirada das escoras desse pavimento e sem que sobre ele estejam atuando
cargas do pavimento superior.

Antes do assentamento da primeira fiada devem ser rigorosamente conferidos o


posicionamento e a presença de eletrodutos, caixas de passagem, tubos de água e
arranques de pilaretes grauteados. No caso de pilaretes grauteados, deve ser assentado o
bloco com abertura de janela, na correspondente posição, possibilitando a posterior
41

limpeza do furo e verificação do completo preenchimento do furo pelo lançamento do


graute.

Também é preciso previamente, varrer cuidadosamente o local da primeira fiada,


deixando o local limpo e em seguida a superfície deve ser umedecida com água com
auxílio de uma broxa para formar uma ponte de aderência.

O assentamento da primeira fiada deve ser executado após rigorosa locação das
alvenarias, feita com base na transferência de cota e dos eixos de referência para o
pavimento onde estão sendo realizados os serviços (figura 8). A posição de cada parede
deve ser delimitada independentemente dos eventuais desvios da estrutura. Caso o projeto
de estrutura ou de alvenaria preveja a constituição de juntas de dilatação ou de controle,
a marcação da alvenaria deve respeitar com rigor o posicionamento e a abertura das
juntas. A modulação horizontal, prevista para a primeira fiada no projeto de alvenaria,
deve ser rigorosamente observada.

Figura 8 – Marcação das paredes a partir dos eixos de referência.

Definir a referência de nível através do nível de mangueira ou do aparelho de nível a lazer


e, caso sejam identificados os pontos com desnivelamento superior a 2 cm em relação ao
projeto, corrigir estes locais previamente.

Com base nos eixos de referência, e em cotas acumuladas é marcada a posição das paredes
inicialmente pelos seus eixos e depois pelas suas faces. A marcação deve ser iniciada
pelas paredes de fachada e pelas paredes internas principais, incluindo paredes de
42

geminação entre apartamentos, paredes de elevadores, de caixas de escada, de separação


com áreas comuns e outras, podendo ser executadas com linhas distendidas entre blocos
extremos.

O assentamento dos blocos da primeira fiada influencia na


qualidade de todas as demais características da alvenaria, ou seja,
modulação horizontal e vertical, nivelamento das fiadas e
espessura da camada de assentamento, folgas para instalação de
esquadrias, posicionamento de telas de ancoragem das paredes,
espaço para execução da fixação (“encunhamento”) das paredes,
etc. Essa etapa será a responsável por garantir qualidade dos
serviços subsequentes.

O assentamento da primeira fiada deve ser realizado utilizando-se equipamentos como


nível a laser, trena metálica, prumo de face (“fio-de-prumo”), régua de alumínio, esquadro
metálico, réguas com bolhas de nível nas duas direções, etc.

Inicialmente, marcam-se as faces das paredes a partir dos eixos ortogonais de referência,
usando-se sempre os valores das cotas acumuladas, materializando-os pelo
posicionamento dos blocos de extremidade.

A locação deve ser iniciada pelas paredes de fachada, considerando-se o prumo do


conjunto de pavimentos que estejam executados. Os primeiros blocos a serem assentados
devem ser aqueles que definem totalmente a posição da parede, quais sejam: ao lado dos
pilares, no cruzamento de paredes e nas laterais das portas.

Com dois blocos externos devidamente posicionados, passa-se uma linha unindo suas
faces externas, determinando o alinhamento daquela primeira fiada, que deverá ser
completada.

Após limpeza da base, umedecimento da superfície, realização da locação e sua


conferência, devem ser inicialmente assentados os chamados “blocos-chave”, ou seja,
aqueles localizados nas extremidades dos panos, nos encontros entre paredes, cantos de
paredes, nas laterais de vãos de portas e outros que identifiquem singularidades.

A colher de pedreiro deve ser utilizada no espalhamento da argamassa da primeira fiada


e formação dos cordões verticais, devendo retirar o excesso de argamassa da parede após
o assentamento dos blocos.
43

O elemento de ligação alvenaria/estrutura, previsto em projeto, deve ser a tela metálica


eletrossoldada de malha 15 x 15 mm e fio de 1,25 mm com galvanização de 150 g/m2
(utilizei como base a galvanização para telas de fachadas, porém aguardar estudos).

Essas amarrações deverão ser posicionadas na altura das juntas pares, a partir da primeira
junta, considerando-se que a primeira seja a de assentamento da fiada de locação. As telas
devem possuir 50 cm de comprimento, assentadas na junta de argamassa, 10 cm na
fixação ao pilar e largura igual à da parede de alvenaria menos 1 cm.

De acordo com Medeiros (1999), a tela metálica em comparação


com ferro cabelo e fitas metálicas, se mostrou como a melhor
alternativa para a ligação de paredes de vedação e pilares de
concreto armado para prevenir fissuras de interface.

5 Equipamentos e ferramentas

Na figura 9 ilustram-se alguns equipamentos auxiliares para a marcação e também a


elevação das paredes.

Figura 9 – Equipamentos auxiliares na execução das alvenarias.


44

Para elevação das alvenarias devem estar disponíveis todos equipamentos e ferramentas
necessários para o assentamento dos blocos, incluindo colher de pedreiro, meia-cana,
bisnaga, linha, esticadores de linha, réguas de alumínio, prumo de face, escantilhões,
broxa, nível de bolha e nível de mangueira, esquadros de braço longo, furadeira elétrica,
pistola finca-pinos, etc. Tomando por referência a primeira fiada, assentada com os
cuidados anteriormente mencionados, podem ser marcadas nos próprios pilares as cotas
das demais fiadas; é interessante contudo o emprego de escantilhões, suportados por
tripés ou introduzidos sob pressão no reticulado vertical da estrutura (escantilhão
telescópico).

6 Elevação das alvenarias

Para o início dos serviços de elevação das alvenarias, todas as providências de logística
devem ter sido tomadas, por exemplo, instalação no andar de guarda-corpos ou bandejas
de proteção, eventual fixação de plataforma de recepção de blocos, forma de transporte e
preparação da argamassa de assentamento (argamassadeiras, caixotes de massa sobre
suporte com altura regulável, etc), disponibilidade de gabaritos para os vãos de portas e
janelas, disponibilidade de andaimes, prévio recorte de telas para as ligações com pilares
ou ligações entre paredes com juntas a prumo e outras.

Os dispositivos de ligação dos pilares com as alvenarias devem ser previamente


providenciados, ou seja, marcação das fiadas, aplicação do chapisco nos pilares, lajes e
vigas executado há pelo menos três dias e fixação de telas com finca-pinos.

Quando o projeto prever telas no interior das juntas de argamassa para a ligação de
paredes (quando ocorrer junta a prumo), essas devem ser totalmente embutidas em
argamassa.

É recomendável promover o levantamento de meia-altura da parede num dia e


complementá-la no dia seguinte, quando a primeira metade já possui certa resistência.
Para as ligações das paredes de fachada com as respectivas paredes internas recomenda-
se que sejam simultaneamente construídos trechos das paredes internas na forma de
“escada”, desaconselhando-se a manutenção de vazios para posterior amarração dos
blocos das alvenarias internas.

Nos pavimentos mais elevados, nas paredes altas ou nas regiões mais expostas a ventos,
deve-se tomar cuidado para as alvenarias, em fase de elevação, não serem danificadas
45

pela ação do vento, providenciando-se escoramentos, fixações (“encunhamentos”)


provisórias ou outros dispositivos adequados.

No assentamento devem ser criteriosamente observados todos os detalhes previstos no


projeto da parede correspondente, considerando caixas de elétrica, pontos de água, luz e
gás, cintas de amarração, vergas e contravergas, pilaretes, blocos mais estreitos nas
primeiras fiadas e outros detalhes. Trabalhando-se sempre com as lajes limpas, ou o piso
protegido com mantas de plástico, podendo reaproveitar a argamassa que cair no chão
durante o assentamento.

Os blocos são assentados de maneira escalonada (juntas em amarração), nivelados e


aprumados com os blocos da primeira fiada; para a marcação da cota de cada fiada são
utilizadas linhas esticadas, suportadas lateralmente por esticadores ou presas em
escantilhões, que neste caso garante a altura da fiada e o prumo da parede. Na ligação da
alvenaria com os pilares, verificar inicialmente se o chapisco está aderido ao concreto,
encabeçar totalmente o bloco cerâmico, pressionando-o contra o pilar de modo que a
argamassa em excesso reflua por toda a periferia do bloco.

A argamassa de assentamento deve ser estendida sobre a superfície horizontal da fiada


anterior e na face lateral do bloco assentado, em cordões ou ocupando toda a superfície,
mas em quantidade suficiente para que certa porção seja expelida quando o bloco é
assentado sob pressão. O bloco é conduzido à sua posição definitiva mediante pressão
para baixo e para o lado. Os ajustes de nível, prumo e espessura da junta de argamassa
para resultar em 1,0 cm, só podem ser executados antes do início da pega da argamassa,
ou seja, logo após o assentamento do bloco.

As juntas horizontais de argamassa deverão ter espessura de


1,0 cm, não variando menos que 0,8 cm e 1,8 cm. Juntas pouco
espessas levam a um mau desempenho do conjunto devido à baixa
capacidade de absorver deformações, enquanto as juntas muito
espessas promovem uma queda na resistência mecânica do
conjunto, além de um maior consumo de material.
46

Figura 10 – Encabeçamento dos blocos, pressão no assentamento, controle do


prumo das paredes e do nível das fiadas.

No máximo a cada duas ou três fiadas verificar o nivelamento e o prumo da parede,


utilizando-se prumo de face, régua e nível de bolha; tais verificações, além da conferência
da cota, devem ser procedidas com mais cuidado ainda na fiada que ficará imediatamente
abaixo dos vãos da janela. O alinhamento e o prumo devem também ser verificados com
o máximo cuidado nas laterais dos vãos de portas e janelas.

No caso da construção das vergas e contravergas com blocos tipo canaleta, deve-se limpar
e umedecer as canaletas antes do lançamento do graute. Para alvenarias com largura
inferior a 11,5 cm e vãos acima de 80 cm recomenda-se que as vergas e contravergas
sejam pré-moldadas ou moldadas no local com o auxílio de formas na espessura da
parede.

Para vãos de até 100 cm podem ser moldadas contravergas com altura em torno de 7 a 9
cm, utilizando-se blocos compensadores; acima dessa medida, recomenda-se que as
contravergas tomem toda a altura da fiada, conforme ilustrado na figura 11.
47

Figura 11 – Contravergas com blocos compensadores ou blocos tipo canaleta.

A elevação das alvenarias só deve ser realizada após conveniente cura do concreto da
estrutura, recomendando-se para tanto o período mínimo de 28 dias. Em atendimento a
esse prazo, e considerando os ciclos usuais de concretagem de 7 dias, exemplifica-se na
figura 12 as etapas de concretagem da estrutura, marcação e elevação das alvenarias.

Figura 12 - Etapas de concretagem da estrutura, marcação e elevação das


alvenarias.
48

7 Fixações

A fim de evitar-se a transferência de carga para as paredes de vedação, durante a execução


da obra, recomenda-se defasagem de cerca de dez dias entre o término da elevação da
alvenaria e a execução da fixação (“encunhamento”); em nenhuma hipótese essa fixação
pode ser executada antes que a parede do andar superior esteja construída.

O ideal é que a fixação (“encunhamento”) seja feita de cima para baixo, após 14 dias da
elevação da parede do último pavimento, porém, caso não seja possível realizar dessa
forma devido ao planejamento da obra, recomenda-se fixar (“encunhar”) em grupos de
três pavimentos, de cima para baixo, estando três pavimentos acima com alvenaria já
elevada. De qualquer forma, o pavimento térreo e o primeiro pavimento só podem ser
fixados (“encunhados”) ao final do serviço de fixação (figura 13).

Essas recomendações de defasagem entre o término da


elevação da alvenaria e a execução da fixação (“encunhamento”)
servem para minimizar fissuras nas paredes de vedação devido as
deformações que ainda pode estar ocorrendo nas estruturas de
concreto.

Especial atenção deve ser dada para manutenção da folga entre o respaldo da alvenaria e
a base de vigas ou lajes, conforme previsto no projeto das alvenarias. As quatro últimas
fiadas podem ser ajustados para garantir a espessura da junta de fixação
(“encunhamento”) entre 2 e 3 cm. Caso ocorram variações dimensionais da estrutura ou
da própria alvenaria, correções podem ser feitas com blocos compensadores específicos
para última fiada, fornecidos com diferentes alturas (4 cm, 9 cm, etc.).

A última fiada deve sempre constituir um espaço para a introdução do material de


fixação (“encunhamento”), desenvolvidos para este fim. A argamassa de fixação
(“encunhamento”) deve preencher esta região, cabendo ao projetista da alvenaria definir
se toda espessura da parede será preenchida ou se serão constituídos de dois cordões
laterais de argamassa de fixação.
49

Figura 13 – Sequência para fixações das alvenarias de vedação.

8 Embutimento de tubulações

Para execução dos sistemas prediais existem diversos recursos, como o emprego de
shafts, forros falsos, pisos suspensos, engrossamento sobressalente às paredes, “bonecas”,
emprego de blocos mais estreitos nos locais das tubulações e outros.
50

As tubulações tanto para instalação hidráulica como para instalação elétrica, podem ser
embutidas nos vazados dos blocos de vedação (no caso de blocos com furo vertical),
recomendando-se, sempre que possível, o caminhamento das tubulações horizontais
através das lajes; no caso de blocos, pelo seus vazados, sem quebra da modulação da
alvenaria e sem necessidade de recortes nas paredes.

Para o embutimento de pequenos trechos de tubulações, a parede pode ser cortada,


utilizando sempre serra circular diamantada (tipo “maquita”) e talhadeiras afiadas.

Para as instalações elétricas, o trabalho pode ser muito racionalizado procedendo-se


previamente ao corte e chumbamento das caixas de tomadas e interruptores nos blocos.
No caso de caixas de entrada ou de passagem muito espessas em relação à espessura da
parede, reforços devem ser executados localmente, incluindo moldura em concreto
armado, reforço do revestimento da parede com telas metálicas, etc.
51

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Patologias na alvenaria de vedação hoje podem ocorrer por perturbações no


comportamento dos materiais, ou por falhas nos processos executivos que não
necessariamente derivam de erros da execução, visto que, ocorrem mesmo quando são
seguidas todos as recomendações em sua norma vigente. Por esse motivo esse estudo foi
desenvolvido, para que critérios básicos e técnicas ideais relacionados à execução da
alvenaria de vedação venham a ser elaborados e atualizados em sua norma, visando
minimizar as manifestações patológicas nesse sistema.

Uma vez que, os profissionais na área de construção civil utilizam as normas para
realizar de maneira correta a construção de todos os edifícios, fica claro a importância
desses documentos deixar bem informado os materiais, métodos executivos e demais
informações necessárias para essas obras ocorrerem nos dias de hoje sem problemas
patológicos. A NBR 8545/1984, atual norma vigente para execução de alvenaria de
vedação, contêm soluções e procedimentos antigos que precisam ser atualizados em uma
nova norma, para proporcionar metodologias executivas e a adoção de materiais corretos.

Conforme foi visto ao longo do trabalho, já existem diversos estudos de materiais


e das etapas que compõem a execução correta da alvenaria de vedação de tijolos e blocos
nos dias de hoje, porém, a falta de uma norma com recomendações e metodologias que
assegurem uma boa execução, com patologias mínimas, dificulta para os profissionais na
área de construção civil que não possuem grande conhecimento na área, necessitar
encontrar e seguir manuais ou guias executivos propostos por diferentes autores ou
empresas.

Também foi acompanhado através do estudo sobre a caracterização e


especificação de propriedades de argamassas a serem utilizadas na fixação superior de
alvenaria de blocos cerâmicos realizado pela UFRGS, as dificuldades para resolver as
manifestações patológicas na interface estrutura-vedação.

Como resultado do trabalho, viu-se a importância da proposta de uma nova


redação para a nova norma de blocos cerâmicos de vedação para a parte de execução,
buscando ajudar os profissionais que venham a executar obras onde o elemento utilizado
de vedação seja esse e que ainda precisamos de estudos para algumas etapas de sua
execução.
52

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de


estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

______. NBR 7480: Aço destinado a armaduras para estruturas de concreto armado –
Especificação. Rio de Janeiro, 2007.

______. NBR 8545: Execução de alvenaria sem função estrutural de tijolos e blocos
cerâmicos – Procedimento. Rio de Janeiro, 1984.

______. NBR 13281: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos –


Requisitos. Rio de Janeiro, 2005.

______. NBR 15270-1: Componentes Cerâmicos – Blocos e tijolos para alvenaria – Parte
1: Requisitos. Rio de Janeiro 2017.

______. NBR 15270-2: Componentes Cerâmicos – Blocos e tijolos para alvenaria – Parte
2: Métodos de ensaio. Rio de Janeiro 2017.

______. NBR 16300: Galvanização por imersão a quente de barras de aço para armadura
de concreto armado - Requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro, 2016.

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de Janeiro, 2020.

BARROS, Mercia Maria Bottura. Metodologia para implantação de tecnologias


construtivas racionalizadas na produção de edifícios. Tese (doutorado) – Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Construção
Civil. São Paulo, 1996.

BAUER, E. (Ed.) Revestimento de argamassa: características e peculiaridades. Brasília:


LEM- UnB; SINDUSCON, 2005.

CLÍMACO, J. C. T. S. Estruturas de concreto armado: fundamentos de projeto,


dimensionamento e verificação. 2ª edição. Brasília: Editora Unb, 2008. 389p.
53

FRANCO, Luiz Sergio. O projeto das vedações verticais: Características e a importância


para a racionalização do processo de produção. Departamento de Engenharia de
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