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1.2 Justificativa
1.3 Objetivos
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
[...] conjunto coeso que serve para vedar espaços, resistir a cargas oriundas
da gravidade, promover segurança, resistir a impactos, à ação do fogo, isolar
e proteger acusticamente os ambientes, contribuir para a manutenção do
conforto térmico, além de impedir a entrada de vento e chuva no interior dos
ambientes.
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[...] processo construtivo em que, por necessidade estrutural, os elementos
resistentes (estruturais) possuem uma armadura passiva de aço. Essas
armaduras são dispostas nas cavidades dos blocos que são posteriormente
preenchidas com micro-concreto (graute).
[...] tipo de alvenaria que não recebe graute, mas os reforços de aço (barras,
fios e telas) apenas por razões construtivas – vergas de portas, verga e
contravergas de janelas e outros reforços construtivos para aberturas – e para
evitar patologias futuras: trincas e fissuras provenientes da acomodação da
estrutura, movimentação por efeitos térmicos, de vento e concentração de
tensões.
2.3.1 Blocos
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foi criada e, desde agosto de 2020, regulamenta a alvenaria estrutural com estes dois
tipos de blocos.
De acordo com esta norma, os blocos cerâmicos devem atender às
especificações da ABNT NBR 15270:2017 e os blocos de concreto a ABNT NBR
6136:2014.
Além do material componente dos blocos, estes ainda podem ser classificados
quanto à forma, podendo ser maciços ou vazados, a diferença relaciona o índice de
vazios com a área total. Quando o índice de vazios for menor que 25% da área total
do bloco, denomina-se como maciço, já quando esse valor for excedido, denomina-se
como vazado.
No caso do controle de materiais o procedimento para os dois tipos de blocos é
o mesmo, sendo dispensado, segundo a ABNT NBR 16868:2020, nos seguintes
casos:
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O lote de bloco ou tijolo é aceito se o valor da resistência à compressão
característica da amostra ou contraprova for maior ou igual ao especificado
no projeto, e se as suas dimensões estiverem de acordo com as ABNT NBR
6136 e ABNT NBR 15270-1.
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Tabela 02 – Dimensões nominais de blocos cerâmicos estruturais e vedação
para alvenaria racionalizada
20
Tabela 03 – Tolerâncias dimensionais relacionadas à média das dimensões efetivas
Tolerâncias dimensionais
Tolerâncias dimensionais
Dimensão relacionadas às medições
relacionadas à média (mm)
individuais (mm)
Largura (L) ±5 ±3
Altura (H) ±5 ±3
Comprimento (c) ±5 ±3
Quanto a composição dos lotes para fins de inspeção, a ABNT NBR 15270:2017
determina que um lote de fabricação deve ser constituído de no máximo 250 mil
unidades e que os blocos sejam do mesmo tipo, qualidade, marca e fabricados nas
mesmas condições. Já o lote de recebimento deve possuir no máximo 35 mil blocos
e ter a mesma classe e fornecedor. (ABNT NBR 15270:2017)
A amostragem pode ser simples ou dupla, cada uma com 13 blocos para lotes
de 1000 a 250.000 blocos. Primeiramente, por questões de racionalidade, é realizada
a amostragem por inspeção geral: a identificação, com a amostragem simples, e as
características visuais com amostragem dupla. A identificação inclui as informações
de identificação do fabricante (CNPJ e razão social), dimensões nominais, indicação
de rastreabilidade (lote ou data de fabricação), telefone do serviço de atendimento ao
cliente e as letras EST (quando se tratar de blocos com condição estrutural). Já as
características visuais devem garantir a integridade do bloco, não apresentando
quebras, superfícies irregulares ou deformações que prejudiquem a função do bloco.
(ABNT NBR 15270:2017)
Com relação a identificação, prevista para a amostragem por inspeção geral, a
aceitação fica à critério do atendimento de todas as informações exigidas pela norma.
Já as características visuais nessa amostragem, ficam condicionadas a tabela 04,
transcrita da ABNT NBR 15270:2017.
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Tabela 04 – Aceitação e rejeição das características visuais
Unidades não conformes
Número de blocos constituintes
1ª amostragem 2ª amostragem
Nº de Nº de Nº de Nº de
1ª amostragem 2ª amostragem
aceitação aceitação aceitação aceitação
13 13 2 5 6 7
13 2 3
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Tabela 06 – Aceitação ou rejeição na inspeção por ensaios
do índice de absorção d’água
Número de blocos ou
Unidades não conformes
tijolos constituintes
Amostragem simples Número para aceitação do lote Número para rejeição do lote
6 1 2
Número de blocos ou
Unidades não conformes
tijolos constituintes
Amostragem simples Número para aceitação do lote Número para rejeição do lote
13 2 3
23
Tabela 08 – Dimensões nominais dos blocos de concreto
Família 20x40 15x40 15x30 12,5x40 12,5x25 12,5x37,5 10x40 10x30 7,5x40
Largura 190 140 115 90 65
Altura 190 190 190 190 190 190 190 190 190
Inteiro 390 390 290 390 240 365 390 290 390
Medida nominal (mm)
1∕3 - - - - - 115 - 90 -
Amarração em "L" - 340 - - - - - - -
Amarração em "T" - 540 440 - 365 - - 290 -
Compensador A 90 90 - 90 - - 90 - 90
Compensador B 40 40 - 40 - - 40 - 40
Canaleta inteira 390 390 290 390 240 365 390 290 -
Meia canaleta 190 190 140 190 115 - 190 140 -
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A idade de controle para inspeção pode ser considerada de duas formas:
condição 1 e condição 2. A ABNT NBR 6136:2014 as define como
Condição 1: a idade de controle deve ser a data de entrega dos
carregamentos que compõem o lote, ou seja, o fabricante deve fornecer o
componente com as características físico mecânicas atendidas na data de
entrega.
Condição 2: a idade de controle pode ser tomada após a data da entrega e
ser no máximo aos 28 dias, contados a partir da data de entrega de produção
mais recente dos diversos carregamentos que compõem o lote. A aplicação
desta condição fica sujeita à aceitação do consumidor.
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Deve-se garantir ainda o atendimento à ABNT NBR 13279:2005 que indica,
dentre outras recomendações, a realização prévia de ensaios desenvolvidos em
laboratório: o ensaio de resistência à compressão e, com a finalidade de determinar a
aderência da argamassa com o bloco ou tijolo, o ensaio de resistência de tração na
flexão do prisma, realizado conforme a ABNT NBR 16868:2020.
Quanto ao traço utilizado nas argamassas, como mostra a tabela 10, transcrita
da norma existem recomendações internacionais que indicam o volume de materiais
necessário de acordo com a necessidade de resistência e o local de aplicação.
Segundo Mohamad (2017), são 4 os tipos de argamassa, denominadas de M, S, N e
O:
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A argamassa utilizada pode ser tanto a preparada em obra como a
industrializada, ambas com os mesmos procedimentos exigidos para aceitação e
métodos de ensaio. A argamassa preparada em obra, no entanto, deve atender ainda
às normas que especificam cimento, cal hidratada e agregados: ABNT NBR
16697:2018, ABNT NBR 7175: e ABNT NBR 7211:2009, respectivamente.
Para o armazenamento, a ABNT NBR 16868:2020 indica que seja verificada a
validade dos sacos de argamassa, para o caso da industrializada, ou do cimento e da
cal, para argamassa preparada em obra, de forma a manter os sacos com validade
mais próxima de expirar na parte superior da pilha. O local de armazenamento deve
ser coberto e de preferência com piso argamassado ou de concreto, mantendo os
produtos secos e protegidos da umidade do solo, sem contato com paredes, teto e
agentes que possam afetar suas características. Além disso, evitar o empilhamento
de mais de dez sacos de cimento ou de cal. No caso específico de tempo de
armazenamento de até 15 dias, as pilhas podem ser de até 15 sacos.
É importante ressaltar que a norma limita que a produção de argamassa deve
ser tal que todo o material seja consumido “no prazo máximo de 2h 30 min, exceto se
houver o uso de aditivos retardadores de pega” (ABNT NBR 16868:2020) além de ser
necessário que o acondicionamento seja em um recipiente metálico ou plástico que
assegure a estanqueidade. Outras limitações são quanto ao ajuste da consistência da
argamassa, que permite a adição de água no máximo uma vez, e quanto a perda de
água em climas quentes ou com ventos acentuados, sendo recomendado o
cobrimento do recipiente da argamassa.
2.3.3 Graute
Materiais constituintes
Cimento Areia Pedrisco
Sem pedrisco 1 3a4 -
Com pedrisco 1 2a3 1a2
A ABNT NBR 16868:2020 determina a amostra que deve ser utilizada para
controle de produção de um lote. Segundo a norma, quando o graute utilizado for
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dosado na central, utilizam-se os critérios especificados na ABNT NBR 12655:2015.
Já para outros casos a norma define:
Para ser aceito, o lote de graute deve ter sua amostra ou contraprova com valor
característico maior ou igual ao especificado no projeto a partir dos ensaios realizados.
Além disso, a norma considera como estruturais e aplicáveis à alvenaria estrutural
grautes com resistência a partir de 15 MPa (classe C15 e acima). (ABNT NBR
16868:2020)
As recomendações para recebimento e armazenamento do graute são as
mesmas que as determinada pela ABNT NBR 16868:2020 para argamassa.
2.3.4 Armadura
30
O armazenamento do aço deve ser de maneira a manter suas propriedades e
característica geométricas inalteradas, impedindo o contato com qualquer tipo de
contaminante.
2.4 Projeto
2.4.2.1 Juntas
Segundo Mohamad (2017), “as juntas horizontais são parte da estrutura tanto
quando a unidade de alvenaria.” As juntas devem ter dimensões e características em
acordo com a NBR 16868:2020 e preenchidas completamente com argamassa com
traço indicado no projeto, visto que em caso de não cumprimento pode ocorrer a
redução da resistência da alvenaria.
Enquanto as juntas horizontais possuem função de resistir aos esforços de
compressão, o preenchimento das juntas verticais tem pouco efeito para esta função,
no entanto afetam a resistência à flexão e ao cisalhamento do conjunto e contribuem
significativamente com a qualidade acústica, térmica e de produtividade da edificação.
A ABNT NBR 16868:2020 regulamenta que as juntas verticais sejam sempre
preenchidas, exceto se for especificada sua não utilização.
A aplicação de argamassa pode ser prevista de duas maneiras: somente nas
paredes longitudinais do bloco, chamada de junta seca, ou nas paredes longitudinais
e transversais do bloco, chamada de junta total. A ABNT NBR 16868:2020 recomenda
que, a menos que especificado em projeto, seja feita a junta total nos blocos ou tijolos,
já que, segundo Mohamad (2017), o argamassamento total confere vantagens à
edificação, como a solidarização do conjunto, menor permeabilidade, maior aderência
e maior resistência à compressão.
33
2.4.2.1.2 Juntas de dilatação
De acordo com Mohamad (2017), “a junta de dilatação deve ser preenchida com
material deformante, como isopor, e suas extremidades vedadas com material
impermeável e elástico.”
[...] têm por função limitar as dimensões do painel de alvenaria a fim de que
não ocorram elevadas concentrações de tensões em função das
deformações intrínsecas do mesmo. Estas deformações podem ter sua
origem em movimentações higroscópicas (capacidade dos materiais de
absorver e liberar água), modificando o volume quando varia o conteúdo de
umidade, em variações de temperatura, ou em processos químicos, como
reações de expansão de materiais presentes nas juntas e ou blocos.
34
Tabela 12 – Valores máximos de espaçamento entre juntas verticais de controle
35
Para Mohamad (2017), a amarração direta pode ser definida como um “padrão
de ligação de paredes por intertravamento de blocos, obtido com interpenetração
alternada de 50% das fiadas de uma parede na outra”. Campos explica sobre os dois
tipos de amarração direta, em L e em T.
- Amarração direta em L: quando utilizados os blocos da família 39 na elevação da
alvenaria, é necessária a utilização de blocos especiais em todas as fiadas nas
dimensões 14x34 cm. Já quando utilizados blocos da família 29, não são necessários
blocos especiais.
- Amarração direta em T: neste caso, os blocos especiais nas dimensões 14x44 cm
são necessários em umas das fiadas quando os blocos da família 29 forem utilizados
e, quando utilizados os blocos da família 39, utiliza-se blocos especiais nas dimensões
14x43 cm em uma fiada e, na fiada seguinte, nas dimensões 14x54 cm.
Quanto a amarração indireta, a ABNT NBR 16868:2020 faz a seguinte definição:
36
com reforço de aço para distribuir as tensões concentradas nos cantos inferiores dos
vãos.
A execução destes reforços horizontais é feita com blocos canaleta preenchidos
com graute e armadura (dimensionada no projeto), peças moldadas no local ou peças
pré-moldadas, conforme especificado no projeto.
37
passagem das mangueiras, enquanto os eletrodutos horizontais são embutidos nas
lajes ou nos pisos.
É possível, ainda, a utilização de blocos especiais para instalação dos pontos
elétricos, que já apresentam o recorte necessário. No entanto, segundo Mohamad
(2017), “[...] em razão do custo do bloco especial ser maior, muitas vezes opta-se por
utilizar um bloco convencional, realizando-se, posteriormente, o corte na obra.”
Para as instalações hidráulicas, uma ação em particular proporciona a
racionalização: a concentração de áreas afins, que facilita o percurso vertical das
instalações de água e esgoto, bem como, a adoção de shafts que podem ser
executados em diferentes formas, como, por exemplo, com fechamento em gesso;
com esperas em alvenaria e fechamento removível; com fechamento total em
alvenaria; e aproveitável pelos dois lados da parede.
Além disso, para viabilizar a distribuição horizontal, das tubulações e contribuir
com a racionalização do empreendimento, as tubulações podem ser embutidas no
piso ou com a utilização de blocos mais estreitos na parede de vedação que permitem
embutir as tubulações.
No projeto gráfico, as instalações hidráulicas devem ser detalhadas com todas
as descidas de tubulações identificadas na paginação das paredes, deixando os
espaços necessários para a passagem delas.
2.4.2.6 Esquadrias
38
Batentes de madeira – Os batentes em madeira permitem a adoção do
sistema kit “porta pronta” com a fixação do conjunto porta-batente com
espuma de poliuretano. Aconselha-se também, neste caso, que o conjunto já
venha com uma pintura de fundo para a obra.
As ações promovidas por este programa garantem que a cadeia produtiva evolua
e se desenvolva a partir de 3 sistemas de adesão voluntária: o SiAC, SiNAT e SiMaC.
O primeiro deles é o “sistema de avaliação da conformidade de empresas de serviços
e obras da construção civil” (SiAC), que foi elaborado com base nas normas da ISO
9001 e em requisitos envolvidos na prática da construção civil, induzindo à
modernização das construtoras, oferecendo moradias de qualidade e, ao mesmo
tempo, realizando auditorias adequadas.
40
Já o SiMaC (Sistema de Qualificação de Empresas de Materiais, Componentes
e Sistemas Construtivos), segundo o site do PBQP-H, “combate a não conformidade
na fabricação, importação e distribuição de materiais, componentes e sistemas
construtivos, isto é, exige o cumprimento das normas técnicas brasileiras elaboradas
pela ABNT”, para isso utiliza-se de Programas Setoriais de Qualidade (PSQ).
2.5 Execução
41
A Norma Regulamentadora (NR) nº 18 estabelece diretrizes de ordem
administrativa de planejamento e organização, que objetivam a
implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança
nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho. Entre elas, a
utilização dos equipamentos de proteção individual e coletiva (EPI e EPC).
A ABNT NBR 16868:2020 indica os requisitos que devem ser verificados antes
do início da elevação para assegurar que a alvenaria seja construída conforme o
projeto:
42
b) o posicionamento dos reforços metálicos e das tubulações de acordo com
o projeto;
c) a limpeza da laje, ou viga, sobre os quais a alvenaria é executada,
quando a materiais que possam prejudicar a aderência da argamassa
entre o bloco ou tijolo e a laje, ou viga;
d) a limpeza dos blocos ou tijolos e peças pré-fabricadas, que devem estar
isentos de materiais que prejudiquem sua aplicação e desempenho
43
É possível, então, iniciar o assentamento dos blocos da primeira fiada, com a
colocação, primeiramente, dos blocos estratégicos. A ABNT NBR 16868:2020 faz
duas considerações que devem ser asseguradas durante a execução da alvenaria:
45
Tabela 13 – Variáveis de controle geométrico na produção da alvenaria
Fator Tolerância
Espessura ± 3 mm
Junta horizontal 2 mm/m
Nível
10 mm no máximo
Espessura ± 3 mmm
Junta vertical 2 mm/m
Alinhamento vertical
10 mm no máximo
± 2 mm/m
± 10 mm no máximo por piso
Vertical (desaprumo)
Alinhamento e locação ± 25 mm na altura total do
da parede edifício
Horizontal (desvio em relação à ± 2 mm/m
locação e ao desalinhamento) ± 10 mm no máximo
Nível superior das
Nivelamento da fiada de respaldo ± 10 mm
paredes
47
3 METODOLOGIA
48
3.2. Controle de produção da Alvenaria Estrutural
49
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Figura 06 – Obra A
A obra B, figura 07, por sua vez, possui 3 torres de 7 andares com apartamentos
com metragem entre 60,08 m² e 70,73 m².
50
Figura 07 – Obra B
Figura 08 – Obra C
51
Já a obra D, figura 09, é um residencial de apenas uma torre composta pelo
térreo mais 7 andares, com 58 apartamentos, sendo 50 apartamentos e 8 coberturas
duplex com áreas que variam de 58,27 m² a 160,69 m². A área total a ser construída
em alvenaria estrutural é de aproximadamente 5.030,00 m².
Figura 09 – Obra D
52
material que instrui quanto ao recebimento de materiais, chamados respectivamente
de “instrução de recebimento de material” e “inspeção de armazenamento e
recebimento de materiais”. A amostra D, por sua vez, possui um documento chamado
de “RAPM – Recebimento, armazenamento e preservação de materiais.”
Obra
CRITÉRIOS OBSERVADOS
A B C D
É realizado controle das características geométricas dos blocos? A A A A
É realizado controle das características geométricas dos blocos? A A A NA
É realizado controle das características físicas dos blocos? A A A A
É realizado controle das características mecânicas dos blocos? A A A A
Armazenamento de acordo com a norma AR A A A
53
Figura 10 – Bloco que deveria ter 29 cm com 27 cm de largura e com
espessura maior que a tolerância admitida na obra A
54
Figura 12 – Diferença na tonalidade dos blocos decorrente
da queima durante a produção (obra B)
55
realizou os ensaios no início da execução da alvenaria, estando estes válidos até a
data da visita. Nestes casos, todas as obras atendem ao preconizado na norma.
A ABNT NBR 16868:2020 ainda exclui a necessidade do controle da alvenaria
por ensaio de prisma quando a resistência característica do prisma obtida no ensaio
de caracterização seja maior ou igual ao dobro da resistência característica
especificada para o prisma no projeto.
Vale ressaltar que o controle dos blocos é dispensado, segundo a ABNT NBR
16868:2020, nos seguintes casos:
56
A ABNT NBR 16868:2020 indica ainda que seja feita a indicação física, classe
de resistência e local de aplicação dos blocos, o que não é realizado em nenhuma
das amostras, ou seja, a norma não é plenamente atendida.
57
Figura 15 – Armazenamento de blocos estruturais cerâmicos na obra C
4.1.2 Argamassa
Obra
TIPO DE ARGAMASSA
A B C D
Industrializada X
Preparada em obra X X X
58
Na obra A, por se tratar do uso da argamassa preparada em obra, a ABNT NBR
16868:2020 exige que esta realize o controle da cal hidratada, cimento e agregados
utilizados na sua composição, o que não é realizado no canteiro, não atendendo a
norma.
As obras B, C e D, que utilizam argamassa industrializada, podem utilizar o laudo
com os resultados dos ensaios fornecidos pelo fabricante, uma novidade da nova
norma. No entanto, a obra B ainda realiza o ensaio de resistência à compressão média
em laboratório terceirizado, considerando a amostra um saco de argamassa para cada
lote recebido.
Quanto ao armazenamento, a ABNT NBR 16868:2020 determina que a
argamassa industrializada deve ser mantida em espaço coberto, seco, sem contato
com paredes, tetos e outros agentes nocivos e com piso argamassado ou de concreto,
já que se estiverem prejudicam a trabalhabilidade do material e precisam ser
descartados. Na obra A, por ser utilizada a argamassa preparada em obra, é
necessário que se atente quanto a validade do cimento e da cal e o local, o que é
garantido pelos responsáveis, e onde estes são armazenados, como observado na
figura 17. Na obra B, apesar do cuidado com relação à umidade, a norma não é
cumprida, já que os sacos de argamassa são mantidos em lugar aberto e cobertos
com uma lona, como mostra a figura 18. A obra C utiliza a argamassa em silo, como
mostra a figura 19, evitando problemas relacionados ao armazenamento. A obra D
cumpre integralmente ao exigido, como mostra a figura 20.
59
Figura 18 - Armazenamento da Argamassa na obra B
Figura 21 – Esquema com indicação dos apartamentos para o profissional na betoneira na obra B
61
A obra A realiza a moldagem de 2 corpos de prova de manhã e 2 à tarde,
conforme a produção. A obra C é a única em que é utilizado graute usinado, sendo
moldados 4 corpos de prova por caminhão recebido. Já a obra D realizou a moldagem
apenas dos primeiros traços de graute até chegar na resistência necessária, neste
caso moldando 6 amostras por mistura. Portanto, nenhuma das três atende a norma.
Assim como identificado para os blocos, a ABNT NBR 16868:2020 é incoerente
no que diz respeito a moldagem de corpos de prova, indicando que
4.1.4 Armadura
A ABNT NBR 16868:2020 indica que o aço deve ser armazenado de forma a
manter suas características geométricas e suas propriedades, organizado por cada
tipo e classe de aço especificado no projeto, que seja evitado o contato com qualquer
tipo de contaminante, que as barras cortadas e dobradas sejam alocadas em lugares
que impeçam a ocorrência de danos e deformações que possam prejudicar seu uso
no local especificado. As figuras 23, 24, 25 e 26 mostram a maneira em que as barras
e telas de aço separadas, neste caso, todas estão em conformidade ao exigido pela
norma.
62
Figura 23 – Armazenamento das armaduras na obra A
63
Figura 25 – Armazenamento do aço na obra C
Obra
CRITÉRIO OBSERVADO
A B C D
Calibragem dos equipamentos de inspeção A A A A
Verificação do nivelamento da superfície de apoio A A A A
Limpeza da laje antes da marcação A A A NA
Limpeza dos blocos A A A NA
Obra
CRITÉRIO OBSERVADO
A B C D
Conferência da marcação pelo técnico NA A A NA
Conferência das juntas da primeira fiada NA A A NA
Nivelamento da superfície com material de mesma resistência
NA A A NA
da laje (nos casos em que o desnível for superior a 30 mm
Ou seja, com base no que foi informado pelos responsáveis, somente nas obras
B e C a marcação da alvenaria, pontos de graute, instalações e vãos costumam ser
conferidos pelo técnico, mas em todas as obras geralmente são os próprios
profissionais que fazem a disposição dos blocos, o que não tem validade para o
65
PBQP-H, como no caso das obras A e D. Na figura 27, por exemplo, é possível
observar que a armadura não está dentro do vazado do tijolo, local onde está previsto
ponto de graute e, consequentemente, há incompatibilidade na marcação, facilitando
a ocorrência de patologias.
66
Figura 28 – Locação incorreta da armadura e consequente erro na marcação na obra C
67
Tabela 19 – Critérios verificados através do questionário quanto a elevação da alvenaria
Obra
CRITÉRIO OBSERVADO
A B C D
Verificação da uniformidade das juntas verticais e horizontais
NA A A NA
durante a elevação da alvenaria por um técnico
Verificação do correto preenchimento das juntas por um
NA NA A NA
técnico
Verificação das armaduras e transpasses A NA A A
Verificação da limpeza dos furos dos blocos antes do
A A A A
grauteamento
Graute lançado a no máximo 1,6 metros A A NA A
Conferência das instalações elétricas e hidrossanitárias NA NA A A
Verificação do correto escoramento de vergas e contravergas AR AR AR AR
68
Figura 30 – Junta horizontal menor que 5 mm na obra A
69
Figura 32 – Junta horizontal não preenchida na obra A
Outra situação verificada foi com relação ao transpasse das armaduras nos
pontos de graute, o qual a norma indica que seja de 40 a 50 vezes o diâmetro da
barra, geralmente é dimensionado 50 vezes o diâmetro e comumente utilizadas as
barras de 10 mm, totalizando 50 cm. Na obra B houveram situações em que foi
deixado um comprimento maior que o necessário, como observado na figura 33, e na
obra A locais onde a armadura não tinha comprimento suficiente para o transpasse,
como na figura 34, ou seja, ambas as obras não atendendo a norma. Nas obras C e
D o comprimento estava padronizado e conforme a solicitação da norma.
70
Figura 33 – Comprimento de armadura para transpasse maior que o necessário na obra B
71
Para efeitos positivos, a escora deve formar um ângulo de 90 graus com a verga
e a contraverga, como na figura 35, e excluir qualquer tipo de improvisação, como
calços com pedaço de blocos, como observado na figura 36, ambas as situações na
obra A. As obras A, B e C utilizam escoras de madeira, por isso devem possuir o
tamanho exato da medida vertical do vão. Uma solução é a utilização da escora
metálica que pode ser ajustada conforme a dimensão vertical do vão, como na obra
D, observada na figura 37. Outros erros construtivos verificados foram as escoras sem
formar o ângulo de 90 graus, como na figura 38 e vãos sem nenhuma escora, como
observado na figura 39.
72
Figura 37 – Escoramento de verga com escora metálica na obra D
73
Figura 39 – Vãos sem escora na obra D
74
Figura 40 – Grauteamento na 9ª fiada na obra A
75
Figura 42 – Grauteamento na 8ª fiada na obra C
76
Figura 44 - Armadura da contraverga com cobertura insuficiente na obra A
Figura 46 - Quebras nas paredes para passagem das instalações elétricas e sanitárias a obra B
78
Figura 47 – Quebra na parede para passagem de eletrodutos na obra C
79
serra copo ou serra mármore, como foi verificado na obra C, demonstrado pela figura
49.
Figura 49 – Exemplo de paredes com abertura correta para instalações elétricas na obra C
80
Figura 51 – Instalações hidrossanitárias no interior dos blocos na obra A
81
Tabela 20 – Critérios aplicado no questionário quanto a conferência da alvenaria
Obra
CRITÉRIO OBSERVADO
A B C D
Conferência do alinhamento vertical e horizontal das paredes A A A A
Conferência do esquadro entre as paredes A A A A
Conferência do prumo das paredes A A A A
Conferência da abertura dos vãos das esquadrias NA A A A
Conferência do nivelamento da fiada de respaldo A A NA A
Conferência do pé direito NA A NA A
Fonte: do Autor (2021)
Outra verificação que deve ser realizada para garantir o alinhamento vertical das
paredes é a conferência do prumo, como verificado na figura 55, que deve atender à
especificação da ABNT NBR 16868:2020 de que paredes e pilares do pavimento não
podem superar o desaprumo de 10 mm, além de atender ao limite de 2 mm/m. Para
este caso, obteve-se resposta afirmativa em todas as obras quanto a realização desta
conferência por parte dos responsáveis técnicos.
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Figura 55 – Verificação do prumo
O esquadro deve ser verificado em todos os cantos de paredes que formam 90º
graus em projeto, como observado na figura 56, e, como consequência, verificar se
foi feita a correta marcação da alvenaria e a conferência das fiadas seguintes. A ABNT
NBR 16868:2020 admite a tolerância de ±2 mm/m. De acordo com as respostas dos
responsáveis pelas obras, todas realizam a verificação, atendendo a norma.
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Figura 56 – Verificação de esquadro
Os vãos das aberturas devem ser conferidos para garantir que as dimensões
estejam de acordo com a projetada, já que os contramarcos e as próprias esquadrias
são solicitados aos seus respectivos fornecedores conforme as dimensões do projeto.
No entanto, na obra A não é realizada a conferência dos vãos por um responsável
técnico, implicando em erros de execução do projeto.
Além das verificações de alinhamento vertical e horizontal, esquadro, prumo e
dimensões das esquadrias, ainda é previsto que seja conferido o pé direito e a fiada
de respaldo antes do posicionamento ou moldagem da laje. No primeiro caso, obteve-
se resposta afirmativa nas obras A, B e C. Já para a conferência da fiada de respaldo,
somente as obras B e D afirmaram realizar a conferência.
Em resumo, foi verificado que dos 19 critérios que contemplam a parte de
serviços preliminares, marcação e execução da alvenaria, as obras A, B, C e D
atenderam, respectivamente à 11, 16, 16 e 12 critérios, como ilustra o gráfico a seguir
(Figura 57).
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Figura 57 – Gráfico relacionando a quantidade de critérios atendidos
para execução de Alvenaria Estrutural em cada obra
Critérios atendidos
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Obra A Obra B Obra C Obra D
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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O preenchimento não uniforme ou até inexistente das juntas, que em muitos
casos não obedece a tolerância de 10 ± 5 mm preconizada pela norma, foi a falha
mais recorrente, uma consequência da aceitação de blocos com diferenças
dimensionais e a falta de treinamento da mão de obra, o que compromete o
desempenho acústico e térmico das paredes e a estanqueidade, além da redução da
resistência à flexão e ao cisalhamento da parede, prejudicando o seu desempenho.
Desta forma, faz-se necessário que os materiais atendam aos critérios de controle de
recebimento e que o responsável pela inspeção recuse o lote sempre que houverem
incompatibilidades.
A operação de grauteamento, que ocorre em fiadas diferentes em todos os
empreendimentos, ultrapassa a altura de 1,6 metros ou 1,8 metros, indicada pela
norma, somente na obra A, onde é realizada na 9ª fiada. Neste caso o transpasse da
armadura não obedece ao exigido pela norma na metade do pé direito, de 40 ou 50
vezes o diâmetro da barra, já que estas possuem 2 metros e a altura da parede neste
caso seria de 1,71 metros, sobrando somente 29 centímetros para o transpasse.
Além do transpasse falho em meio pé direito, em 50% das amostras o transpasse
da armadura deixada na laje para o início da elevação também não obedece a norma.
Em alguns casos o grauteamento é deficiente nas contravergas, onde foi
verificado que as armaduras não tiveram o cobrimento de 15 mm exigido pela norma,
deixando estas expostas e com risco de corrosão, seja por falta de material ou por
não realizar o adensamento do material.
Outra incoerência constatada é a maneira como é realizado o escoramento de
vergas, que possuíam improvisações e escoras posicionadas em ângulos diferentes
de 90 graus, na maioria dos casos devido ao tamanho da escora ser superior a
dimensão vertical do vão, o que induz a concentração de esforços nos cantos e no
centro do vão e, consequentemente, o surgimento de fissuras nessas regiões. Neste
caso é necessário que a escora de madeira seja de tamanho compatível ao vão ou
adotado o uso de escoras metálicas que possibilitem a regulagem.
Nas quatro obras ocorreram alguns pontos onde as instalações elétricas e
hidrossanitárias não obedeciam a modulação dos blocos, sendo utilizadas soluções
contrárias às características deste sistema construtivo, como a agilidade e
racionalização de materiais, e partindo para geração de entulho e retrabalho com as
quebras de paredes para passagem de canos de PVC e eletrodutos. Nestes casos,
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projetos e blocos adequados, respeitando a modulação das paredes, e cortes pontuais
com serra mármore ou serra copo podem solucionar estas inconveniências.
Apesar de ser verificada a utilização de esquadros, réguas de alumínio e nível
bolha para garantir a alocação das paredes nos eixos determinados em projeto,
formando o ângulo de 90º, e a conferência da planicidade e nível das paredes pelos
profissionais (bloqueiros/pedreiros), as verificações quanto ao atendimento da norma
pelos engenheiros ou estagiários da obra são falhas ou inexistentes.
Ainda que o a Alvenaria Estrutural tenha evolução clara no que diz respeito à sua
regulamentação e especialização da mão de obra, as falhas construtivas observadas
induzem à conclusão de que normalmente prevalece a agilidade em detrimento da
qualidade do empreendimento, além das construtoras/incorporadoras acabarem
deixando de usufruir de características vantajosas deste sistema quando comparada
a outros, como redução de entulho e do retrabalho, rentabilidade, agilidade da
produção e bom desempenho térmico e acústico.
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6 RECOMENDAÇÕES DE TRABALHOS
- Realizar um estudo para criar procedimentos que sejam padrão nas empresas.
90
REFERÊNCIAS
91
MOHAMAD, Gihad. Alvenaria estrutural: construindo o conhecimento./ Gihad
Mohamad, Diego Willian Nascimento Machado, Ana Cláudia Akele Jantasch - São
Paulo: Blucher, 2017. 168p
TAUIL, Carlos Alberto. Alvenaria Estrutural / Carlos Alberto Tauil, Flávio José
Martins Nesse. – São Paulo: Pini, 2010
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ANEXO A
1. Blocos cerâmicos
1.1
É realizado controle das características visuais dos blocos? SIM NÃO A AR NA
1.2 É realizado controle das características geométricas dos blocos? SIM NÃO A AR NA
1.3 É realizado controle das características físicas dos blocos? SIM NÃO A AR NA
1.4 É realizado controle das características mecânicas dos blocos? SIM NÃO A AR NA
Quantas amostras são inspecionadas?
1.4.1
2. Argamassa
Em caso da argamassa não atingir aos resultados previstos em projeto, qual procedimento adotado pela empresa?
2.1.3
Quem é o responsável pela moldagem dos corpos de prova? Este recebeu instrução para realização?
2.1.4
2.2 É realizado controle da cal hidratada utilizada na composição da argamassa? SIM NÃO A AR NA
Se sim, com que frequência?
2.2.1
2.4 É realizado controle dos agregados utilizados na composição da argamassa? SIM NÃO A AR NA
Se sim, com que frequência?
2.4.1
3. Graute
Caso o graute não atingir aos resultados previstos em projeto, qual procedimento é adotado?
3.1.3
Quem é o responsável pela moldagem dos corpos de prova? Este recebeu instrução para realização?
3.1.4
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4. Controle de qualidade da produção
5.3 É feita a limpeza da laje, ou viga, sobre a qual a alvenaria será executada? SIM NÃO A AR NA
5.4 É feita a limpeza dos blocos e remoção de materiais que prejudicam a aderência? SIM NÃO A AR NA
Caso ultrapasse a tolerância, qual o procedimento adotada para solucionar essa questão?
5.6.2
Caso ultrapasse a tolerância, qual o procedimento adotada para solucionar essa questão?
5.8.2
É realizada a verificação da limpeza dos furos dos blocos, remoção das rebarbas
5.10 SIM NÃO A AR NA
e molha do local antes do lançamento do graute?
São conferidas as posições da instalação das caixas elétricas e tubulações
5.11 SIM NÃO A AR NA
hidráulicas?
É verificado se o lançamento do graute é realizado de uma altura de no máximo
5.12 SIM NÃO A AR NA
1,6 metros?
OBSERVAÇÕES:
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