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BEIRA
2022
SANTOS SÉRGIO BRIDGE
BEIRA
2023
DECLARAÇÃO
Eu, SANTOS SÉRGIO BRIDGE declaro que esta Monografia é resultado do meu próprio trabalho e
está a ser submetida para a obtenção da Licenciatura em Engenharia Civil na Universidade Uni-
Zambeze.
Ela não foi submetida antes para obtenção de nenhum grau ou para avaliação em nenhuma outra
universidade.
____________________________________
Khanimambo.
Em memória do meu pai e irmã
Sérgio Tomé F. Bridge e Filomena Santos Bridge
Epígrafe
Nikola Tesla
Índice
I. Introdução...................................................................................................................... 11
III. Justificativa............................................................................................................ 13
CAPÍTULO 1......................................................................................................................... 16
Introdução ..................................................................................................................... 16
Definição ....................................................................................................................... 17
Geotêxtil ........................................................................................................................ 24
Geogrelhas .................................................................................................................... 25
Introdução ..................................................................................................................... 27
CAPíTULO 2 ......................................................................................................................... 57
Figura 1 Classificação dos polímeros quanto a sua natureza fonte (LOPES; BARROSO;
NEVES, 2020)....................................................................................................................................... 19
Figura 2 muralha da china, construida em 250 a.c, comm 7.200km de extensão, contém trechos
de solo reforçado. fonte (www.renovacaoli.com) apud (LIMA, 2016)................................................. 20
Figura 3 - Arranjo estrutural dos geotêxteis (fonte BENJAMIM, 2006). .............................. 24
Figura 4 interação da geogrelha como solo envolvente. (fonte BENJAMIM (2006))........... 26
Figura 5 comparação de custo fonte (DER (1986) apud BENJAMIM (2006)). .................... 28
Figura 6 Ilustração gráfica comparando a deformação de um solo sem material de reforço com
um solo reforçado (adaptada de MACCAFERRI, 2014) APUD (LIMA, 2016) ................................... 30
Figura 7 Experimento empírico para ilustrar o conceito de reforço de solo. ........................ 31
Figura 8 Curvas de compactação para diferentes tipos de solos adaptado de (Seyão, Sieira, &
Santos) ................................................................................................................................................... 32
Figura 9 Estado físico de misturas solo-agregado adaptado de (SOUZA JUNIOR, 2005) apud
(MACCAFERRI, 2009) ........................................................................................................................ 33
Figura 10 Compatibilidade de deformação considerando as tensões induzidas por efeito da
compactação (MACCAFERRI, 2009) .................................................................................................. 34
Figura 11 distribuições da máxima tensão em cada camada de reforço com a profundidade por
efeito da compactação (modificado de EHRLICH & AZAMBUJA, 2003) apud (MACCAFERRI, 2009).
............................................................................................................................................................... 35
Figura 12 - reforço de um elemento nde solo fonte (BENJAMIM, 2006)............................. 36
Figura 13 taludes com reforço e sem reforço fonte (BENJAMIM, 2006). ............................ 37
Figura 14 Elemento de ruptura idealizado fonte (BENJAMIM, 2006) ................................. 37
Figura 15 - Resistência ao cisalhamento vs orientação ao reforço fonte: (JEWELL, 1996) apud
(BENJAMIM, 2006) ............................................................................................................................. 38
Figura 16 Diagrama de compatibilidade de deformação para o equilíbrio em solo reforçado
fonte (JONES, 2000) apud (BENJAMIM, 2006). ................................................................................. 39
Figura 17 - Diagrama de compatibilidade de deformação para o equilíbrio de uma argila
plástica reforçada fonte: BENJAMIM, (2006) ...................................................................................... 40
Figura 18 - Representação das zonas ativa e resistente jusante com o comprimento inserido na
zona activa (Lr) e o de ancoragem (Le). Fonte (BENJAMIM, 2006). .................................................. 41
Figura 19 - Analise da estabilidade externa Fonte (Jewell, 1991) apud (BENJAMIM, 2006).
............................................................................................................................................................... 42
Figura 20 - Ábaco para a determinação da força de tracção no reforço fonte
(LESHCHINSCKY & BOEDEKER, 1989) apud (BENJAMIM, 2006). ............................................. 43
Figura 21 - Reorientação da força de tracção no reforço fonte (BENJAMIM, 2006). .......... 44
Figura 22 Mobilização de Tensões em Massa de Solo Reforçado (Ehrlich e Mitchell, 1994)
apud (MACCAFERRI) ......................................................................................................................... 53
Figura 23 Esquema sintetizado de uma estrutura reforçada com geogrelhas (MACCAFERRI,
2009) ..................................................................................................................................................... 55
Figura 24 Modos de ruptura de uma estrutura de contenção em solo reforçado fonte
(MACCAFERRI, 2009) ........................................................................................................................ 55
Figura 25 Mecanismos de estabilidade de reforço de base de aterro sobre solo mole (adaptado
de PALMEIRA, 2002) apud (Seyão, Sieira, & Santos) ........................................................................ 56
Índice de tabelas
Tabela 1. Funções dos geossintéticos em obras Geotécnicas (Vertematti, 2004) apud (LIMA,
2016) ..................................................................................................................................................... 21
Tabela 2. Principais polímeros utilizados na fabricação dos geossintéticos Adaptado de
(VERTEMATTI, 2004) apud (LIMA, 2016) ........................................................................................ 22
Tabela 3. vantagens e desvantagens dos principais polimeros adotados na fabricacao dos
geossinteticos adaptado de (VERTEMATTI, 2004) Apud (LIMA, 2016). .......................................... 23
Tabela 4 Fatores de Redução em Função do Tipo de Aplicação para Geotêxteis e Geogrelhas
(Adaptado de Koerner, 1998) apud (MACCAFERRI, 2009) ............................................................... 46
Tabela 5 de Redução em Função do Tipo de Polímero (Adaptado de Vidal et al, 1999) apud
(MACCAFERRI, 2009) ........................................................................................................................ 47
Tabela 6 apresenta faixas de valores para o fator de redução por dano mecânico em função da
CAPACIDADE DE sobrevivência do geossintético e da severidade do ambiente de instalação adaptado
de (MACCAFERRI, 2009) ................................................................................................................... 49
Tabela 7 Critério para Classificação da Capacidade de Sobrevivência de Geossintéticos
(Adaptado de Azambuja, 1994). ........................................................................................................... 50
Tabela 8 Classificação da Severidade do Meio (Allen 1991, citado por Azambuja 1999) apud
(MACCAFERRI, 2009) ........................................................................................................................ 51
I. Introdução
Actualmente, por conta da escassez de áreas que ofereçam condições condignas para a
construção e execução de fundações e para salvaguardar o meio ambiente levou a maior utilização de
áreas problemáticas para fins de construção. Deste modo, a construção surge em locais onde os solos
não possuam uma boa capacidade de suporte a necessidade da execução de estruturas de fundação.
Fundações superficiais (rasas ou directas): são aquelas cujo a profundidade é menor ou igual
1.5 vezes a menor dimensão ou diâmetro da base e não são capazes de transferir cargas por atrito lateral.
Fundações profundas (indirectas): são aquelas que cujo a profundidade é maior ou igual a
4vezes a menor dimensão ou diâmetro da base e são capazes de transferir a carga por atrito lateral.
11
O uso de geossintéticos em um maciço de solo compactado tem como principal objetivo o
aumento da resistência e a diminuição da compressibilidade do material formado. O uso de solo
compactado com geossintéticos se justifica em vista da facilidade de aplicação, rapidez de construção e
redução significativa de custos em comparação com as soluções convencionais.
Nos últimos tempos temos acompanhado uma série de eventos indesejados seja em obras
viárias, edifícios, pontes. Os eventos catastróficos podem variar de mais fracos aos mais fortes, como
por exemplo: Fissuramentos por conta de recalques diferenciais até mesmo o desabamento da estrutura.
O sector da construção é muito vasto, e sendo vasto traz consigo uma serie de soluções para a
contenção solos, como por exemplo a terra armada, solos grampeados, solos envelopados até mesmo
murros de contenção. Cada uma dessas técnicas traz consigo um determinado tipo de material, geometria
e até mesmo um(a) processo/técnica construtivo(a) diferenciado(a), porém são desenvolvidas para o
memo fim.
. Quando construímos a primeira camada de aterro sobre um solo mole ele poderá sofrer com
assentamentos diferenciados.
A estrutura de reforço de solos moles tem como propósito garantir a segurança da estrutura a
ser empregue no local e também de restringir as deformações nos maciços.
12
III. Justificativa
IV. Hipóteses
Fazer uma avaliação do emprego dos materiais geossintéticos na vertente do reforço de solos
moles para fins de aumento da capacidade de carga de carga do solo.
13
V. Objectivos da pesquisa
Objectivo Geral
Avaliar o emprego dos materiais geossintéticos no reforço dos solos moles para o aumento de
resistência e diminuição da deformação do maciço de fundação para fins de redução de custos de
execução de infra-estrutura, daí expor a importância da utilização dos geossintéticos no aumento da
capacidade de carga em solos.
Objectivos específicos
14
Estrutura da Monografia
A presente monografia será dividida em dois Capítulos que são:
Introdução
Captulo 1
O primeiro capítulo fará uma breve apresentação da fundamentação teórica referentes ao tema em
estudo.
Capítulo 2
Logo após a realização da revisão da literatura da bibliografia no capítulo I, será apresentado o local de
estudo e a solução para o problema em questão,
15
CAPÍTULO 1
Revisão bibliográfica
Introdução
Os materiais geossintéticos são produtos industrializados poliméricos (sintéticos ou naturais),
cujas propriedades contribuem para melhoria de obras geotécnicas, nas quais eles desempenham
principalmente funções de: reforço, filtração, drenagem, proteção, separação, controle de fluxo
(impermeabilização) e controle de erosão superficial – a definição está em concordância com a norma
NBR12553.
A grande versatilidade destes produtos, com propriedades especificas como, por exemplo,
elevada rigidez, vem permitindo resolver problemas complexos, seja pelos altos custos de uma proposta
convencional ou pela amplitude das solicitações ou das restrições impostas. Assim, sua presença tem se
tornado indispensável em muitas obras geotécnicas da actualidade. Além disso, sua instalação é, na
maioria das vezes, rápida e simples.
1.1 GEOSSINTETICOS
Breve histórico
16
importância do papel que tem vindo a desempenhar em inúmeras obras de engenharia civil,
conquistando cada vez mais a aceitação de projetistas, empreiteiros e donos de obra.
Definição
De forma sucinta, entende-se por geossintético o produto polimérico para o uso em obas geotécnicas e
de proteção ambiental. Em sua concepção mais abrangente, inclui os produtos de polímeros
manufacturados ou naturais, embora os primeiros predominem na maioria das aplicações,
particularmente naquelas que requerem elevado tempo de vida útil. Esses produtos podem ser utilizados
em uma grande variedade de problemas geotécnicos, tais como reforço (estruturais de contenção, taludes
íngremes ou aterros sobre solos moles) ou estabilização de solos, drenagem e filtração, barreiras para
fluidos e gases, controle de erosão, barreira de sedimentos, proteção ambiental, etc. (PALMEIRA,
2018).
Segundo Lopes, Barroso, & Neves, (2020) “Geossintético” é um termo genérico para descrever um
material, em que pelo menos um dos seus componentes é fabricado a partir de um polímero sintético,
na forma de folha, tira ou estrutura tridimensional, utilizado em contacto com o solo ou outros materiais
em obras de engenharia civil.
Segundo Batista (2004) A grande versatilidade destes produtos, com propriedades específicas como, por
exemplo, elevada rigidez, vem permitindo resolver problemas complexos, seja pelos altos custos de uma
proposta convencional ou pela amplitude das solicitações ou das restrições impostas. Assim, sua
presença tem se tornado indispensável em muitas obras geotécnicas da atualidade. Além disso, sua
instalação é, na maioria das vezes, rápida e simples.
Os principais tipos de geossintéticos são: geotêxteis, geogrelhas, geomembranas, geocompostos,
geocélulas, entre outros. Apesar das inúmeras aplicações dos diferentes tipos de geossintéticos, este
trabalho se concentrará nos produtos voltados para o reforço, que são os geotêxteis e as geogrelhas.
Os geossintéticos usados em reforço estão sujeitos a solicitações mecânicas, seja na fase de instalação e
construção, seja durante a vida útil da obra. Nessa função, a principal propriedade característica
requerida é a resistência à tração. A resistência ao arrancamento e a resistência ao cisalhamento direto
são as propriedades do sistema solo-reforço. O comportamento de longo prazo é estimado a partir do
ensaio em fluência, danos de instalação e ataques químicos. (BATISTA, 2004).
17
Matérias-primas e suas propriedades
Segundo Lopes, Barroso, & Neves (2020), na sua definição de geossintéticos foi referido que na sua
constituição faziam parte “polímeros Sintéticos”. A palavra polímero tem origem grega: poli (muitos) e
mero (partes: unidade de repetição). Assim, os polímeros são macromoléculas compostas por dezenas
de milhares de moléculas (chamadas monômeros) repetidas, ligadas entre si quimicamente. A forma
como essa ligação é conseguida tem nome de polimerização.
A forma (aleatória, alternada, por blocos, ramos, etc.) como se dá essa repetição é que define as
propriedades do polímero resultante.
O grau de polimerização é o número de vezes que o monômero se repete, determinando assim o seu
peso molecular, com grande influência nas propriedades (por exemplo: seu aumento implica aumento
da resistência a tracção, da deformação e da resistência ao calor).
Os polímeros orgânicos subdividem-se nos naturais transformados (por exemplo a viscose) e nos
sintéticos. Relativamente a estes últimos existem termoplásticos (polímeros suscetíveis de
repetidamente amolecer ou endurecer por acção do calor ou frio respetivamente) e os termoendurecíveis
(uma vez arrefecidos não suportam mais um novo aquecimento sem verem alteradas as suas
propriedades). Os termoplásticos incluem as poliolefinas, os vinis, os poliesters, e as polimidas.
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Polímeros
inorgânicos Orgânicos
Naturais sinteticos
termoplastico termoendurecíveis
poliolefinas:
-Polietileno (PE) Vinis (PVC) Poliéster )PET Poliamida (PA)
-Polipropileno (PP)
Figura 1 Classificação dos polímeros quanto a sua natureza fonte (LOPES; BARROSO; NEVES, 2020).
Na fabricação de geossintético são usados polímeros termoplásticos, sendo os de uso mais corrente as
poliolefinas (polietileno e polipropileno) os vinis e os poliesters.
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Figura 2 muralha da china, construida em 250 a.c, comm 7.200km de extensão, contém trechos
de solo reforçado. fonte (www.renovacaoli.com) apud (LIMA, 2016)
Diante do contexto histórico, o uso racional da técnica se iniciou na década de 1960, com Henri Vidal,
que patenteou e desenvolveu uma metodologia para projecto de um sistema que passou a ser
denominado Terre Armée (Ehrlich, 2009, p.17) apud (LIMA, 2016).
A utilização de inclusões sintéticas no solo começou nos anos 50, com o desenvolvimento dos geotêxteis
tecidos.
A norma brasileira NBR 12553 sobre Geossintéticos é responsável por denominar e classificar os
materiais geossintéticos. Os materiais mais conhecidos e utilizados no âmbito construído e utilizados no
âmbito construtivo são: Geotêxteis, Geogrelhas, Georredes, Geocomposto, Geomenbranas,
Geocomposto Argiloso, Geotubos, Geocelulas e o Geoexpandido.
20
Em obras de engenharia os geossintéticos podem exercer diversas funções. Neste sentido, a seleção do
tipo de geossintético é um fator crítico e determinante para eficiência do projecto. A tabela 1. demonstra
as funções de vários geossintéticos empregados em obras geotécnicas.
Tabela 1. Funções dos geossintéticos em obras Geotécnicas (Vertematti, 2004) apud (LIMA, 2016)
Aplicações
Impermeabilização
Geossintético
Drenagem
Separação
Filtração
Proteção
Reforço
Erosão
Geotêxteis X X X X X X X
Geogrelhas X - - - - X -
geomenbranas X - - - - - X
georredes - X - X - - -
Geocomposto betonílico argiloso - - - - - - X
Geocéula - X - - X X -
Geotubo - - - - - - -
Geofibras - - - - - X -
De acordo com (VERTEMATTI, 2004) apud (LIMA, 2016) a função de reforço de um geossintético
não depende apenas de um dimensionamento adequado dos esforços solicitantes de projecto, mas
também de sua peculiaridade através de valores adequados de suas propriedades relevantes. Neste
contexto, destacam-se as seguintes propriedades:
21
Os geossintéticos são basicamente compostos por polímeros e, em menor proporção, por
aditivos. Os aditivos provêm melhorias nos processos de fabricação ou alteram os aspectos do
comportamento de engenharia do polímero básico. Em geral, os geossintéticos são fabricados
a partir de polímeros sintéticos, derivados de petróleo, embora algumas fibras naturais, como
o coco e o sisal possam ser empregues na fabricação de geotêxteis emantas (VERTEMATTI,
2004) APUD (LIMA, 2016).
22
Tabela 3. vantagens e desvantagens dos principais polimeros adotados na fabricacao dos geossinteticos
adaptado de (VERTEMATTI, 2004) Apud (LIMA, 2016).
O emprego dos geossintéticos nas obras civis abrange diversas áreas, sejam elas em drenagens
profundas e superficiais, canalizações, aterros sobre solos moles, pavimentação, murros de
contenção, barragens, controle de erosão, áreas verdes, áreas de esporte, reforço em fundações
e muitas outras (ABINT, 2001) apud (LIMA, 2016).
Estes materiais, principalmente os geotêxteis, tem sido bastante utilizado em diversas obras
de engenharia civil e geotécnicas. Esses artifícios apresentam ótimo desempenho, além de uma
relação custo benefício bastante satisfatória, em determinados casos, o uso desta alternativa
torna-se praticamente indispensável.
23
Geossintéticos voltados a area de reforço
Os geossinteticos voltados para o campo de reforço de solos sao nomeadamente os geotexteis
e as geogrelhas.
Geotêxtil
Na perspectiva de BENJAMIM (2006), os geotêxteis são produtos têxteis, flexíveis e porosos,
cuja principal característica relaciona-se com a sua capacidade de drenagem tanto através do plano
(permissividade) quando ao longo do mesmo (transmissividade).
Os geotêxteis são fabricados de materiais poliméricos, cuja produção deve ser considerada em
duas etapas distintas. A primeira consiste na fabricação de elementos lineares, como filamentos, fibras
ou fitas. O segundo processo consiste na combinação desses elementos lineares na confecção de
materiais planares.
Existem dois tipos diferentes de geotêxteis, tecidos e não tecidos, classificados em função de
arranjo estrutural de suas fibras figura 3. Os tecidos são compostos de dois conjuntos perpendiculares
de elementos lineares paralelos, sistematicamente entrelaçados segundo direções preferenciais com
maquinas têxteis convencionais. (BENJAMIM, 2006).
Os geotêxteis não tecidos são formados por filamentos ou fibras distribuídas aleatoriamente e
unidos para formar uma estrutura plana. Essa união pode ser realizada por entrelaçamento mecânico
com agulhas (agulhado), por fusão parcial (termoligado), com o uso de produtos químicos (resinados)
ou por reforço (reforçado). (BENJAMIM, 2006)
24
Os geotêxteis são os geossintéticos com maior campo de actuação, possuindo uma gama de
aplicação muito grande na engenharia, não somente geotécnica, como também em outras áreas, como
estruturas e hidráulica. Como por exemplo, os geotêxteis podem ser utilizados como elementos de
separação (construção de rodovias com diferentes solos), como elemento filtrante (substituição de filtros
de areia naturais), ou até mesmo como elemento impermeável a líquidos ou vapores, quando
impregnados com asfalto.
Geogrelhas
Segundo BENJAMIM (2006) apud ABRAMENTO (1998), as geogrelhas são
materiais geossintéticos com estruturas planas com forma de grelha, em cujas aberturas se
promovem o imbricamento do solo, conforme mostra a figura 4. As geogrelhas são mais rígidas
que os geotêxteis e, portanto, seu emprego é quase que exclusivamente para reforço, embora
possam ser utilizadas em casos específicos como elemento de separação.
25
Figura 4 interação da geogrelha como solo envolvente. (fonte BENJAMIM (2006)).
Poucas desvantagens limitam o uso desse material, como por exemplo, a necessidade
de se utilizar algum sistema contra erosão em conjunto com geogrelha em muros com face
envelopada. Em geral, para muros de pequenas alturas (4,0 m), as geogrelhas apresentam um
custo um pouco mais elevado do que os muros construídos com geotêxtil.
26
O CONCEITO DE REFORÇO DE SOLO
Introdução
Na perspectiva de BENJAMIM (2006) os métodos de melhoria de solos com vista a
estabilização e a contenção de taludes têm sido objecto de inúmeras pesquisas nas últimas
décadas. Esses estudos são de suma importância, visto que os deslizamentos de terra acarretam
gastos anuais volumosos em obras de prevenção e correção, além das despesas indirectas
provenientes dos acidentes que freqüentemente ocorrem, principalmente durante os períodos
chuvosos. A construção de um muro de arrimo representa sempre um ônus no orçamento total
de uma obra. Há inúmeros casos em que essa etapa apresenta custo superior ao da própria obra.
As vantagens técnicas são muitas, mas o que tem mais despertado a atenção de
projectistas e construtores são as vantagens econômicas associadas a esse tipo de estrutura,
quando comparadas com outras formas de contenção. Em geral, muros e taludes executados
com solos reforçados custam cerca de 30% a 50% menos do que as soluções convencionais.
Em geral, a economia aumenta com a altura da estrutura, conforme ilustra a figura 5 (DER,
1986) apud (BENJAMIM, 2006)
28
O solo reforçado é uma solução construtiva que proporciona melhorias nas características mecânicas do
maciço. De acordo com o Craig (2012, p.178) apud (LIMA, 2016) “consiste em uma massa de solo
compactado dentro do qual são embutidos elementos reforçadores”.
Os solos possuem em geral elevada resistência a esforços de tração. Quando uma massa de solo é
carregada verticalmente, ela sofre deformações verticais de compressão e deformações laterais de
extensão (tracção). Contudo, se a massa de solo estiver reforçada, os movimentos laterais são limitados
pela reduzida deformabilidade do reforço. Esta restrição de deformações é obtida graças ao
desenvolvimento de reforços de tracção no elemento de reforço.
A restrição das deformações características do solo reforçado é obtida mediante a transferência dos
esforços actuantes no maciço aos elementos resistentes. A figura 3. ilustra o princípio básico do
comportamento de um solo reforçado. Pode-se observar que a medida que tensões verticais (σ1) ou
laterais (σ3) são aplicadas no solo, é gerada uma deformação. A intensidade da deformação do maciço
figura 3.b). segundo Craig (2012) apud (LIMA, 2016), a massa de solo é estabilizada em consequência
da interação entre o solo e o reforço, onde, as tensões laterais no solo são transferidas ao material
resistente que são nele colocado sob tração.
29
Figura 6 Ilustração gráfica comparando a deformação de um solo sem material de reforço com um solo
reforçado (adaptada de MACCAFERRI, 2014) APUD (LIMA, 2016)
A figura 4 apresenta um experimento empírico que ilustra a restrição das deformações laterais que
ocorrem em uma massa de solo reforçado com elementos horizontais. Inicialmente, colocou-se areia
compactada em um copo plástico. A areia foi bem compactada, adquirindo a forma do copo, depois de
ser extraída do mesmo.
Ao ser carregado verticalmente com o mesmo copo plástico, parcialmente preenchido com areia (70%
do volume), é possível observar que o cone formado pela areia se desmorona de imediato, devido à falta
de resistência interna e restrição lateral Figura 4.b).
O mesmo experimento foi realizado reforçando a areia com 3 camadas de uma fina malha de
polipropileno (figura c). nesse caso, a areia foi compactada com a mesma umidade e energia similar ao
experimento anterior. O objetivo da introdução da malha do polipropileno consiste na restrição dos
movimentos laterais causados por um carregamento vertical externo.
Dando sequência ao experimento, aplicando-se a mesma carga vertical externa imposta por um copo de
plástico preenchido com (70%) do seu volume por areia figura 4.d). observa-se que o cone de areia,
reforçado com as malhas, mantem-se estável e é capaz de suportar a carga externa, sem romper.
Esta experiencia ilustra com clareza a didática o conceito de reforço do solo, mostrando que a introdução
de elemento sintético em uma massa de solo oferece uma resistência ao conjunto solo-reforço.
30
Figura 7 Experimento empírico para ilustrar o conceito de reforço de solo.
Solos de naturezas diferentes, quando compactados com a mesma energia, apresentam curvas de
compactação características a cada tipo de material Figura 5. As areias possuem maior densidade
máxima e menor umidade ótima do que as argilas, e estas apresentam uma curva de compactação com
um máximo bem mais definido. Já os siltes se comportam de forma intermediária (MELLO e
TEIXEIRA, 1971) apud (SOUZA JUNIOR, 2005).
Figura 8 - Curvas de compactação para diferentes tipos de solos adaptado de (Seyão, Sieira, & Santos).
(SOUZA JUNIOR, 2005) apud (MACCAFERRI, 2009), relatou que algumas características geotécnicas
em função da relação entre as porções grossa e fina de solo e agregado. A figura 5 mostra essas
características, de forma simplificada, de acordo com as condições impostas por essa relação. A
32
condição “a” representa um material sem a fracção fina. Apresenta densidade variável, alta
permeabilidade, elevada estabilidade e quando confinado, não é afetado pela condição de umidade,
meabilidade, elevada estabilidade e quando confinado, não é afetado pela condição de umidade, além
de ser difícil de compactar. A condição “b” mostra um material com finos suficientes para a densidade
máxima. O contato grão a grão produz um aumento da resistência contra as deformações. Esse material
apresenta baixa permeabilidade, relativa estabilidade em função das condições de confinamento, não é
muito afetado pelas condições de umidade e é moderadamente difícil de se compactar. Já a condição
“c” representa um material com grandes quantidades de finos. Apresenta baixa densidade,
permeabilidade e estabilidade, e é fortemente influenciada pelas condições de umidade. Nessa condição
o material é fácil de ser compactado (MACCAFERRI, 2009), apud SOUZA JUNIOR, 2005.
Figura 9 Estado físico de misturas solo-agregado adaptado de (SOUZA JUNIOR, 2005) apud
(MACCAFERRI, 2009)
As areias com pedregulhos, bem graduadas e com poucos finos, geralmente apresentam densidades
secas máximas elevadas (em torno de 2,0) e umidades baixas (de 9 a 10%). Umidades ótimas mais altas,
como 12 a 14%, com densidades secas máximas de 1,9, podem também representar as areias finas
argilosas lateríticas. Já os materiais argilosos apresentam umidades ótimas muito mais altas, sendo muito
comum 25 a 30%, e densidades secas máximas bem mais baixas, em torno de 1,5 (PINTO, 2000 apud
SOUZA JUNIOR, 2005). A compactação influencia sobremaneira o comportamento de solos
reforçados. As tensões horizontais induzidas durante a compactação podem invalidar as hipóteses
assumidas durante o projecto, pois podem exceder o valor previsto devido ao peso próprio do aterro (
(MACCAFERRI, 2009) apud (JONES, 1990). Razão pela qual se deve considerar seu efeito em
projectos.
33
Segundo (MACCAFERRI, 2009) apud (COSTA, 2004), alguns métodos (ex. BROMS, 1971;
INGOLD, 1979) permitem quantificar as tensões geradas durante a compactação em estrutura de
contenção. Com relação a deslocamentos, o acréscimo no estado de tensão em função da compactação
provoca conseqüentemente um aumento dos deslocamentos horizontais da face. A Figura 8 ilustra o
efeito da compactação nas deformações observadas nas estruturas, com base no conceito de
compatibilidade de deformação. Como mostrado na Figura 7, quando as tensões no solo induzidas pela
compactação são maiores do que as tensões pelo peso próprio, o equilíbrio é estabelecido para um valor
de deformação no reforço superior ao valor esperado sem considerar o processo de compactação.
A compactação pode representar o principal fator de influência nas tensões desenvolvidas no reforço.
Em outras palavras, a força e a deformação máxima em cada camada de reforço devem-se às tensões
resultantes do processo de compactação. A compactação determina a máxima tensão no reforço para
profundidades inferiores a c (Figura 8), a partir da qual a tensão no solo devido ao peso próprio das
camadas sobrejacentes excede a tensão induzida pela compactação. Como mostrado na Figura 9, devido
ao efeito da compactação, a distribuição da máxima tensão em cada inclusão com a profundidade pode
se apresentar diferente da distribuição esperada devido ao peso próprio da estrutura. Segundo
(MACCAFERRI, 2009) apud (EHRLICH & MITCHELL, 1994), as tensões em virtude do peso próprio
em muros de solo reforçado são inferiores às tensões ocasionadas pela compactação, geralmente, até a
estrutura atingir cerca de 6 m de altura, ou seja, zc = 6,0 m.
34
Figura 11 distribuições da máxima tensão em cada camada de reforço com a profundidade por efeito da
compactação (modificado de EHRLICH & AZAMBUJA, 2003) apud (MACCAFERRI, 2009).
35
adequabilidade dos solos granulares para as obras de solo reforçado (LAnz, 1992) apud (BENJAMIM,
2006).
37
Do equilíbrio de forças no elemento do solo reforçado, podem ser identificados dois efeitos
benéficos na resistência ao cisalhamento da massa de solo reforçado. O primeiro consiste na redução da
força resultante de cisalhamento, tendo em vista a componente horizontal da força de tracção no reforço
(PR sen θ). O segundo consiste no aumento da força de tracção normal aplicada à superfície de
cisalhamento (PR cos θ), de tal forma que a resistência ao cisalhamento do elemento de solo reforçado
sofra um acréscimo para a presentada pela Equação 2.
Estudos fundamentais mostram que o reforço é mais efetivo se estiver alinho à direção da
deformação de tracção no solo, de tal forma que a força de tracção se desenvolva no reforço com o
respeito ao plano potencial de cisalhamento (θ na figura 14.b) é a única geometria variável na equação
2 e, conseqüentemente, fica claro que a inclinação do reforço é o fator que governa a magnitude da
resistência ao cisalhamento adicional que é gerada pelo reforço. A figura 15 mostra a variação do
acréscimo de resistência com respeito ao ângulos θ e φ(ângulo de atrito interno do solo).
38
A figura 15 mostra que a orientação óptima para o reforço é θopt =90º - φ (JEWELL, 1996).
Essa inclinação e possível de se obter para os casos dos reforços inclusos no solo in situ. Tal como a
técnica de solo pregado executada em taludes em corte, em que é possível variar a inclinação buscando
uma maior eficiência. Porém, no caso de aterros compactados, o processo construtivo determina que
esses sejam instalados na posição horizontal.
A figura 16 mostra que as tensões horizontais no solo tendem a diminuir com a deformação,
caminhando-se da condição de repouso (Ko) para a condição ativa (Ka). Quanto ao reforço, as tensões
inicialmente nulas, aumentam com as deformações, até que o equilíbrio se estabeleça. No solo reforçado
com inclusões mais rígidas, o equilíbrio é atingido com menores deformações, e as tensões no solo e no
reforço são mais elevadas.
A figura acima ilustra o caso de um solo rígido como, por exemplo, areias compactadas ou
argilas normalmente adensadas. Os solos compactados de natureza argilosa podem apresentar curvas de
39
forma plástica. Nesse caso, a curva da força requerida pode ser assintótica. Como ilustra a figura 17.
Embora as deformações variem para diferentes reforços, a força requerida nos reforços será constante.
𝒍 𝒅𝑻
𝝉 = 𝟐𝒃 . 𝒅𝒍 (3)
A máxima tensão cisalhante τ que pode se desenvolver na interface é função da tensão normal
do elemento, do ângulo de atrito solo-reforço δ e do comprimento L. para que ocorra mobilização da
tensão cisalhante τ, é necessário que haja uma tendencia de deslocamento relativo entre o reforço e o
solo que o circunda. Entretanto, não é necessário que ocorra deslizamento na interface entre os dois
materiais.
40
Na perspectiva de Benjamim (2006) mecanismo governa a interação solo/geossintético em
uma estrutura de solo reforçado é afetado pela mobilização de resistência de atrito do solo/reforço e a
resistência passiva do solo. Esse mecanismo de interação pode ser simplificado como:
Ensaios de cisalhamento direto e arrancamento são usados para simular esses dois
mecanismos, respectivamente. Os ensaios de cisalhamento directo proporcionam uma relação nlocal
entre as tensões de cisalhamento e as deformações causadas pelo cisalhamento, enquanto que os ensaios
de arrancamento integram a variação na tensão de cisalhamento e os deslocamentos ao longo do reforço
(BERGADO et al, 1992) apud (BENJAMIM, 2006).
As características de atrito têm uma grande importância nos geossintéticos utilizados para
reforço de solos. Na verdade, um elevado atrito reduz a possibilidade de movimentos relativos entre o
reforço e solo, e permite a perfeita transferência de tensões de solo para os elementos de reforço
(CANCELLI et al, 1992).
A figura 18 apresenta uma estrutura típica de solo reforçado. Assumindo que a linha tracejada
na figura é uma superfície potencial de ruptura, o comportamento do reforço situado atras desta
superfície, posição A, será submetido ao mecanismo de arrancamento e, na posição B, cisalhamento
directo.
Figura 18 - Representação das zonas ativa e resistente jusante com o comprimento inserido na zona
activa (Lr) e o de ancoragem (Le). Fonte (BENJAMIM, 2006).
41
Além da análise da estabilidade externa, que é verificada considerando-se os mecanismos
clássicos, verifica-se também a possibilidade de deslizamento de um bloco de solo sobre cada camada
de reforço de tal forma que a força de deslizamento seja menor ou igual a Tadm. O comprimento final do
reforço será o maior valor obtido das análises da estabilidade interna e externa.
Como desvantagem, esse método não permite variações do tipo espaçamento entre as camadas,
resultando em estruturas com um custo superior aos outros métodos de cálculo. Dessa forma,
(Leshchinsky & Volk, 1986) apud (BENJAMIM, 2006)desenvolveram um método em que é possível
calcular as forças individuais dos reforços.
Esse método de projecto também utiliza equilíbrio limite e apresenta algumas similaridades
com o método de (Jewell, 1991). O reforço total requirido é de novo calculado com base na força
horizontal requerida para manter a estabilidade de um talude íngreme, porém nesse modelo é adoptada
uma superfície de ruptura espiral logarítmica.
Figura 19 - Analise da estabilidade externa Fonte (Jewell, 1991) apud (BENJAMIM, 2006).
Outro método que também admite que as superfícies potenciais de ruptura tenham a forma de
uma espiral logarítmica é o Leshchinsky & Boedeker (1989). Os autores calcularam valores das forças
de tracção em cada nível de reforço (tmj) para vários aterros reforçados com diversos valores de (φ) e de
inclinação do talude (m). Os valores das forças de tracção foram obtidos por instrumentações de
protótipos em escala real e por dados de simulações numéricas. Dessa forma, os autores desenvolveram
𝑡𝑎𝑛𝜑
um ábaco para calcular a força de tracção (Tm), em que 𝜑𝑚 = 𝑡𝑎𝑛−1 ( 𝐹𝑆
), como apresentado na figura
20.
42
Esse método utiliza técnicas de minimização analítica para determinação da superfície critica,
em lugar do processo iterativo de determinação da superfície crítica que é utilizado por outros métodos.
Essa técnica consiste em desenvolver equações que fornecem directamente a geometria da superfície
crítica e o correspondente valor máximo do empuxo. Para realizar a determinação da geometria da
superfície e o empuxo máximo, é preciso conhecer a geometria do maciço reforçado, a resistência ao
cisalhamento do solo, o número de camadas de reforço e a correspondente força de tracção em cada
nível de reforço.
Figura 20 - Ábaco para a determinação da força de tracção no reforço fonte (LESHCHINSCKY &
BOEDEKER, 1989) apud (BENJAMIM, 2006).
43
não permanece na direção horizontal ao longo do processo de interação, devido a pouca rigidez de
geossintético, mas sofre uma reorientação com inclinação (ζ), como mostrado na figura 21.
Ehrlich & Mitchell (1994) desenvolveram um método de cálculo que considera o equilíbrio
da estrutura sob condições de trabalho, em que os principais factores que influenciam as forças nos
reforços são os parâmetros de resistência do solo, a profundidade da camada em referência, a rigidez
relativa solo-reforço e a compactação.
Este método foi desenvolvido a partir de dados de instrumentação obtidos de cinco estruturas
de contenção em escala real. Resultados de instrumentação mostraram que as forças de tracção,
actuantes nos reforços, sofreram acréscimos com aumento da rigidez do reforço e também devido ao
processo de compactação.
44
Aspectos Relativos aos reforços – Factores de Redução
A propriedade requerida está associada ao valor da função especificada no projecto para efeito de
dimensionamento. A partir da propriedade requerida, procede-se à escolha do geossintético que melhor
se aplica ao projecto. Os produtos capazes de atender às propriedades requeridas podem ser
posteriormente submetidos a ensaios, para possibilitar o dimensionamento final.
As propriedades índice são obtidas a partir de ensaios de caracterização e geralmente são fornecidas
pelo fabricante. Estas propriedades são inerentes ao produto e não consideram as condições de utilização
do geossintético. Os ensaios de caracterização têm como objetivo determinar as características básicas
do produto e possuem procedimentos estabelecidos em norma, tratando-se, em geral, de ensaios rápidos
e simples.
A propriedade funcional deve levar em consideração o tipo de solicitação imposta na obra e as condições
de utilização do geossintético. Esta propriedade representa o comportamento do geossintético sob as
condições de utilização impostas pela obra e permite considerar a interação com o meio adjacente.
A propriedade funcional (Tk) de um determinado geossintético pode ser determinada pela razão entre a
propriedade índice (Ti) e o fator de redução total (fT). O fator de redução total (fT) é dado pelo produto
dos fatores de redução parciais, definidos por função e tipo de aplicação.
No caso de obras de solo reforçado com geossintéticos, os principais fatores de redução a serem
considerados são:
𝑇𝑖
𝑇𝑓 =
𝑓𝑓 𝑓𝑒 𝑓𝑑
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Em suma, os factores de redução indicam a razão entre a propriedade funcional sob condições
específicas de projecto. O fator de redução total é composto pelo conjunto dos factores de redução
parciais obtidos pra cada condição. A análise de sistemas de solo reforçado tem adoptado os factores de
redução parciais (ou factores de segurança parciais), ao invés de um único fator de segurança total, como
é usual em outras áreas de geotécnica. O motivo da adoção de factores de redução parciais deve-se às
inúmeras variais que intervêm as propriedades mecânicas dos reforços e condições de serviço.
(MACCAFERRI, 2009).
Tabela 4 Fatores de Redução em Função do Tipo de Aplicação para Geotêxteis e Geogrelhas (Adaptado
de Koerner, 1998) apud (MACCAFERRI, 2009)
Aplicação fd ff fa
46
Tabela 5 de Redução em Função do Tipo de Polímero (Adaptado de Vidal et al, 1999) apud
(MACCAFERRI, 2009)
França Alemanha
fd 1,5 1,5
f a1 1,05 2,0
f e2 1,0 1,0
Legenda: (PET: Poliéster PP: Polipropileno “sem impacto ambiental”) (PE: Polietileno “sem
emendas”)
Segundo (MACCAFERRI, 2009), a fluência pode ser definida como a aptidão de um material
ao alongamento, quando submetido a um carregamento estático de longa duração. A magnitude das
deformações por fluência depende da composição do polímero e da estrutura das fibras.
Em geral, o fator de redução por fluência é definido pela razão entre a carga de ruptura
convencional (obtida em ensaios de tração simples) e a carga que leva à ruptura do geossintético por
fluência.
47
FATOR DE REDUÇÃO DEVIDO A DEGRADAÇÃO PELO MEIO AMBIENTE
O meio ambiente pode produzir a degradação dos geossintéticos ao longo de sua vida útil. A
degradação ambiental manifesta-se através dos mecanismos de degradação química e biológica. Estes
mecanismos atuam continuamente ao longo do tempo de serviço do reforço. A degradação química
compreende a transformação estrutural dos polímeros, resultante da ação de substâncias quimicamente
ativas presentes no solo. É um processo mais intenso em polímeros de baixo peso molecular, baixa
porcentagem de cristalinidade e baixa densidade (Jewell e Greenwood, 1988) apud (MACCAFERRI,
2009).
• A hidrólise consiste na ruptura das cadeias moleculares pela ação das moléculas de água. O
processo de hidrólise pode ocasionar uma perda de massa molecular do polímero para o meio em que
se encontra e uma erosão superficial das fibras do geossintético. A consequência desse processo é a
perda de resistência por enfraquecimento das fibras que compõem o produto (Salman et al, 1997).
48
Fator de Redução Devido a Emendas.
No caso de maciços reforçados, o fator de redução por danos de instalação (danos mecânicos)
prepondera sobre os demais. A ocorrência do dano mecânico é maior quando são empregados solos de
granulometria grosseira e métodos de compactação mais agressivos. Quanto maior a intensidade do dano
mecânico, maior o fator de redução. Durante o processo de instalação, o geossintético pode sofrer danos
provocados pela compactação, tráfego de veículos, lançamento de agregados pontiagudos, rasgos, etc.
Estes danos podem reduzir significativamente as propriedades mecânicas do produto.
Tabela 6 apresenta faixas de valores para o fator de redução por dano mecânico em função da capacidade
de sobrevivência do geossintético e da severidade do ambiente de instalação adaptado de
(MACCAFERRI, 2009)
49
Geogrelha Rígida de Moderada 1,05 - 1,15 1,05 - 1,20 1,30 - 1,45 NR
polipropileno
Geogrelha rígida de Moderada 1,05 – 1,15 1,10 – 1,40 1,20 – 1,50 1,30 – 1,60
polietileno
Alta 1,04 – 1,10 1,05 – 1,20 1,15 – 1,45 1,30 – 1,50
Faixa de Fatores de Dano para Geogrelhas (Azambuja, 1994) apud (MACCAFERRI, 2009).
50
Tabela 8 Classificação da Severidade do Meio (Allen 1991, citado por Azambuja 1999) apud
(MACCAFERRI, 2009)
51
A utilização de solos coesivos é limitada por várias razões. Apontando-se como exemplo, que
a aderência entre estes solos e reforço é baixa e está sujeira a redução, no caso de se desenvolverem
pressões neutras positivas, difíceis de prever e de controlar. No entanto, nem sempre é possível, por
razões econômicas, obter o material de aterro com as características do solo desejáveis, o que limitaria
a escolha do reforço como solução.
Por esta razão, nos últimos anos, diversos autores têm realizado ensaios de laboratório visando
o estudo da possibilidade de utilização da possibilidade de utilização de solos coesivos em aterros, sendo
os resultados favoráveis, em especial quando os reforços utilizados são geossintéticos.
𝐸𝑟 𝐴𝑟
𝑆𝑖 =
𝐾. 𝑃𝑎 𝑆𝑣 𝑆ℎ
Sendo:
Pa = pressão atmosférica;
52
Pela Figura, pode-se deduzir que quanto maior for à rigidez do reforço, menores serão as deformações
necessárias para que o equilíbrio seja atendido.
Figura 22 Mobilização de Tensões em Massa de Solo Reforçado (Ehrlich e Mitchell, 1994) apud
(MACCAFERRI, 2009)
Ressalta-se que, quando o geossintético atua como reforço numa obra geotécnica, é
fundamental que atenda satisfatoriamente aos seguintes requisitos: resistência à tração elevada, módulo
de deformação elevado, susceptibilidade baixa à fluência, grau de interação elevado com o solo
envolvente e durabilidade compatível com a vida da obra. Cada requisito pode ter uma maior ou menor
relevância em função das características da obra, onde a partir dos próximos volumes desse manual
serão descritas as principais aplicações de geossintéticos como elementos de reforço de solos,
juntamente com os critérios de projecto e dimensionamento.
Na pratica se verifica que existem alguns tipos de obras que já são típicas pela necessidade do
uso de reforços geossintéticos, entre elas se apresentam, as estruturas de contenção em solo reforçado,
os aterros sobre solos moles, os aterros estaqueados, as obras de reforço de base de pavimentos. A seguir
essas obras serão apresentadas de maneira sucinta, cabendo aos outros volumes que seguem esse manual
detalha-las e orienta-las sob o uso das metodologias de dimensionamento atualmente empregadas.
Segundo Kakuda, (2005) apud (MACCAFERRI, 2009), as estruturas em solos reforçados com
geogrelhas são constituídas de camadas horizontais de solo compactado intercalada por inclusões de
geogrelhas. Através da interação entre as inclusões e o solo, o sistema ganha uma condição de
estabilidade.
As Figuras 23 e 24 apresentam esquematicamente uma estrutura reforçada com geogrelhas com face de
blocos pré-moldados (muro de face segmentada). Na figura 4.8b observam-se drenos horizontais na
camada inferior do aterro, constituído de brita e um de tubo perfurado colocado na parte interna do pé
da face do talude. A colocação de drenos tem a finalidade de minimizar as pressões neutras no interior
do maciço reforçado.
A verificação da estabilidade dos projectos de maciço reforçados com geogrelhas é feita segundo duas
condições, a estabilidade externa e interna. Na verificação da estabilidade externa se admite que o
maciço de solo reforçado atue como um corpo rígido, ou seja, a zona reforçada funciona como uma
estrutura a gravidade.
A partir desse pressuposto, verifica-se a segurança do maciço segundo três mecanismos clássicos de
ruptura de estruturas de contenções: a) deslizamento ao longo da base; b) ruptura do solo de fundação e
c) ruptura global, ou seja, ruptura por uma superfície envolvendo todo o maciço reforçado.
A partir desse pressuposto, verifica-se a segurança do maciço para os quatro mecanismos clássicos de
ruptura de estruturas de contenções:
54
a) deslizamento ao longo da base; b) tombamento; c) ruptura do solo de fundação e d) ruptura
global (Figura 11).
Figura 23 Esquema sintetizado de uma estrutura reforçada com geogrelhas (MACCAFERRI, 2009)
perspectiva de um muro de bloco; b) seção tipo de um muro de bloco reforçado por geogrelhas
(Kakuda, 2005). Apud (MACCAFERRI, 2009)
Além das análises de estabilidade externa (analise como muro) devem ser feitas as analises
internas da estrutura, a fim de verificar a estabilidade dos reforços separadamente e com isso validar a
resistência e o comprimento individual por camada. Essa verificação se baseia na análise por equilíbrio
limite, separando o maciço em duas regiões denominadas de zonas ativa e resistiva, revelando duas
condições: a) arrancamento do reforço e b) ruptura do reforço. Os modos de rupturas de estruturas em
solo reforçado são apresentados de forma esquemática na Figura 24.
Figura 24 Modos de ruptura de uma estrutura de contenção em solo reforçado fonte (MACCAFERRI,
2009)
55
Aterros sobre solos moles.
Em geral as construções de aterros sobre zonas que apresentam solos com baixa capacidade
de suporte apresentam também um forte indicio do uso de alguma técnica de melhoramento da fundação
para receber esse aterro. Opta-se por troca de solo ou aditivos que levem a um melhoramento do solo,
porém essas técnicas induzem movimentos de terra que muitas vezes às inviabiliza. Algo contornado
cada vez mais com o uso de reforços geossintéticos como reforço de base de aterros compactados.
A aplicação de geossintéticos como elemento principal de reforço de base de aterro sobre solo
mole apresenta algumas vantagens como, rapidez do processo construtivo e a possibilidade de
construção de taludes mais íngremes.
Figura 25 Mecanismos de estabilidade de reforço de base de aterro sobre solo mole (adaptado de
PALMEIRA, 2002) apud (Seyão, Sieira, & Santos)
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CAPíTULO 2
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Referências Bibliografia
LOPES, M. D. G.; BARROSO, M.; NEVES,. Geossintéticos em Engenharia Civil. 1a. ed.
Lisboa- PT: [s.n.], v. sd, 2020.
MACCAFERRI. Manual Tecnico- Reforço de Solos. São Paulo: Maccaferri do Brasil, 2009.
MASSAD, F. Obras de terra- Curso básico de geotecnia. 2a Edição. ed. São Paulo-SP:
oficina de textos, 2003.
SOLOTRAT. Manual de serviços geotécnicos. 6a. ed. São Paulo- Brasil: [s.n.], 2015.
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