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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS


Departamento de Engenharia de Estruturas

DESMITIFICANDO OS PARÂMETROS DE INSTABILIDADE

George M. Maranhão

SÃO CARLOS
1999
DESMITIFICANDO OS PARÂMETROS DE INSTABILIDADE

Trabalho apresentado ao Curso de Pós-


graduação em Engenharia de
Estruturas da Escola de Engenharia de
São Carlos – USP.

George M. Maranhão

SÃO CARLOS
1999
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS
RESUMO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 01
2. OBJETIVOS................................................................................................................ 01
3. PARÂMETROS DE INSTABILIDADE..................................................................... 02
3.1. PARÂMETRO α........................................................................................... 02
3.1.1. VALORES LIMITES PARA O PARÂMETRO α........................ 02
3.1.2. INSTABILIDADE........................................................................ 03
a) Instabilidade numa barra com um nível de carregamento.................... 04
b) Instabilidade numa barra com dois níveis de carregamento................ 08
c) Instabilidade numa barra com “n” níveis de carregamento.................. 13
3.1.3. A ORIGEM DO PARÂMETRO α................................................ 19
3.1.4. RIGIDEZ EQUIVALENTE........................................................... 29
3.2. PARÂMETRO γz.......................................................................................... 36
3.3. CORRELAÇÃO ENTRE OS PARÂMETROS α E γz................................. 39
4. ANÁLISE NUMÉRICA.............................................................................................. 40
4.1. INTRODUÇÃO............................................................................................ 40
4.2. CONSIDERAÇÕES GERAIS DE PROJETO.............................................. 41
4.3. ANÁLISE DA ESTRUTURA...................................................................... 44
4.4. CÁLCULO DOS PARÂMETROS α E γz.................................................... 46
4.4.1. EDIFÍCIO COM 11 PAVIMENTOS............................................. 46
a) Direção x.............................................................................................. 46
b) Direção y.............................................................................................. 48
4.4.2. EDIFÍCIO COM 16 E 21 PAVIMENTOS.................................... 50
5. CONCLUSÕES............................................................................................................ 51
6. BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................... 53
APÊNDICE...................................................................................................................... I
LISTA DE FIGURAS

Fig. 1 - Modelo simplificado da estrutura de um edifício........................................... 03


Fig. 2 - Barra engastada/livre: (a) antes de flambar; (b) na flambagem para n=1 .......... 04
Fig. 3 - Comprimento efetivo de uma barra engastada/livre....................................... 07
Fig. 4 - Barra engastada/livre: (a) real com dois níveis de carregamento; (b)
equivalente...................................................................................................... 08
Fig. 5 - Trecho O1 da barra [Fig. (4a)]....................................................................... 09
Fig. 6 - Trecho 12 da barra [Fig. (4a)]........................................................................ 10
Fig. 7 - Barra engastada/livre: (a) com "n" níveis de carrregamento; (b) trecho
isolado............................................................................................................ 13
Fig. 8 - Barra engastada/livre com deflexão inicial.................................................... 20
Fig. 9 - Barra engastada/livre com carga horizontal uniformemente
distribuída....................................................................................................... 21
Fig. 10 - Fator amplificador para as deflexões segundo a expressão exata e a
proposta por TIMOSHENKO........................................................................ 22
Fig. 11 - Fator amplificador para os momentos segundo a expressão exata e a
proposta por TIMOSHENKO........................................................................ 24
Fig. 12 - Comparação entre os valores limites para o parâmetro α segundo o CEB
(1978) e o presente trabalho........................................................................... 28
Fig. 13 - Teoria exata: (a) Pórtico; (b) barra equivalente.............................................. 29
Fig. 14 - Teoria simplificada: (a) Pórtico; (b) barra equivalente.................................. 33
Fig. 15 - Comparação do valor m segundo a teoria exata e a teoria simplificada......... 35
Fig. 16 - Acréscimos sucessivos para obtenção do momento M.................................. 37
Fig. 17 - Planta baixa e elevação do edifício a ser analisado........................................ 41
Fig. 18 - Associação em série de pórticos planos planos na direção x......................... 42
Fig. 19 - Associação em série de pórticos planos planos na direção y......................... 42
LISTA DE TABELAS

Tab. 1 - Fator de comprimento efetivo........................................................................... 18


Tab. 2 - Valores limites do parâmetro α........................................................................ 26
Tab. 3 - Valores da relação entre a rigidez equivalente e a rigidez do pilar do
pórtico............................................................................................................... 35
Tab. 4 - Ação horizontal na estrutura do edifício com 11 pavimentos.......................... 43
Tab. 5 - Ação horizontal na estrutura do edifício com 16 pavimentos.......................... 43
Tab. 6 - Ação horizontal na estrutura do edifício com 21 pavimentos.......................... 44
Tab. 7 - Características geométricas dos elementos na direção x.................................. 45
Tab. 8 - Características geométricas dos elementos na direção y.................................. 45
Tab. 9 - Determinação das parcelas M1d e ∆Md............................................................. 47
Tab. 10 - Determinação das parcelas M1d e ∆Md............................................................. 49

Tab. 11 - Parâmetro α...................................................................................................... 50


Tab. 12 - Parâmetro γz e correlação.................................................................................. 50

LISTA DE ABREVIATURAS

NB ou NBR - Norma Brasileira


CEB - COMITÉ EURO-INTERNACIONAL DU BÉTON
RESUMO

A evolução das construções em concreto armado com vários andares se fez, historicamente, com
utilização de estruturas aporticadas, repletas de vigas e pilares, constituídas de quadros quase que
totalmente vedados por alvenarias. Assim, todo este sistema de pórticos internos nas duas direções,
aliado aos pórticos de enorme rigidez (devido ao funcionamento das alvenarias) da fachada, constituía
em seu conjunto um excelente contraventamento e, nos edifícios não muito elevados, mesmo que as
ações horizontais não fossem avaliadas, seus esforços seriam baixos em presença daqueles oriundos das
cargas verticais. Esta não consideração no projeto acabava, em termos práticos, por não trazer grandes
males. As próprias normas antigas, e algumas vigentes, vinham endossando este absurdo teórico. No
entanto com a evolução dos sistemas estruturais, usando-se painéis cada vez maiores de lajes ou ainda a
substituição de algumas fachadas em alvenaria por fachadas de vidro, a excepcional rigidez dos
pórticos externos graças ao funcionamento conjunto com as alvenarias cada vez mais tende a
desaparecer e, assim, as reservas adicionais por eles propiciadas no que se referia a estabilidade global,
agora não mais existem. Os sistemas de contraventamento precisam, então, ser criados - sob medida -
onde necessários, bem como devidamente avaliados quanto ao funcionamento.
Com isso, pretende-se neste trabalho, principalmente, expor a origem do parâmetro α proposto por
BECK & KÖNIG (1966), bem como avaliar os valores limites propostos em diversos estudos. Expõe-
se também o parâmetro γZ idealizado por FRANCO & VASCONCELOS (1991), que surgiu com o
intuito de se obter um método mais simples de detectar se a estrutura é de nós móveis ou fixos. No
entanto, ao se estabelecer os parâmetros de instabilidade procura-se justificar alguns critérios para sua
utilização.
De posse dos parâmetros de instabilidade α e γZ, procura-se correlacionar os mesmos através de
uma equação não empírica, permitindo aos projetistas, que determinam o parâmetro α em suas rotinas
de cálculo ou programas, obter o correspondente valor do coeficiente γZ.
Por fim, em conformidade com o discutido, são avaliados os parâmetros e a correlação proposta,
através da análise numérica de um edifício.
1. INTRODUÇÃO
Arquitetos arrojados com projetos cada vez mais audaciosos, com fachadas de vidro, substituição
de alvenarias por divisórias leves, por exemplo, juntamente com o surgimento de muitos sistemas
estruturais, através da utilização cada vez maior de subsistemas horizontais mais limpos, como lajes
plana e nervurada, fazem com que a rigidez transversal fique enfraquecida, exigindo pois, uma maior
rigidez dos elementos verticais. Desse modo, tem-se a necessidade de criar contraventamentos mais
eficientes; aliado a isto, não podemos esquecer que assim como ocorreu o progresso na arquitetura e na
construção civil, devemos tê-lo na engenharia estrutural, através de constantes aperfeiçoamentos nos
métodos de cálculo.
Problemas como este vêm despertando o interesse dos profissionais da área para os possíveis
problemas de instabilidade e para a consideração do deslocamento horizontal no equilíbrio da estrutura
de um edifício solicitado por ações verticais e horizontais. Este deslocamento horizontal da estrutura
ocasiona o aparecimento de acréscimos de esforços, chamados de efeitos de segunda ordem que,
combinados com os esforços iniciais, ditos de primeira ordem, podem inviabilizar o uso da estrutura
por comprometer sua estabilidade. Por isso, é indispensável, principalmente nos edifícios altos, antes
de qualquer análise, a verificação da estabilidade global.
Diversos estudos foram realizados na intenção de estabelecer parâmetros que ajudem a medir a
flambagem global de edifícios ou mais apropriadamente, perda de equilíbrio por instabilidade, como
VASCONCELOS (1985) definiu, estes parâmetros são “(...) um termômetro para avaliação do estado
de saúde da estrutura. (...)”. Neste trabalho serão discutidos alguns parâmetros usados freqüentemente
pelos projetistas de estruturas, na verificação da estabilidade global de edifícios.

2. OBJETIVOS
Pretende-se com este trabalho, principalmente, expor a origem do coeficiente α proposto por
BECK & KÖNIG (1966) e mais tarde denominado por FRANCO (1985) como parâmetro de
instabilidade, bem como avaliar os valores limites propostos para o coeficiente α em diversos estudos.
Expõe-se também o parâmetro γZ idealizado por FRANCO & VASCONCELOS (1991), que surgiu
com o intuito de se obter um método mais simples de detectar se a estrutura é de nós móveis ou fixos.
No entanto, ao se estabelecer os parâmetros de instabilidade procura-se justificar alguns critérios para
sua utilização.
De posse dos parâmetros de instabilidade α e γZ, procura-se correlacionar os mesmos através de
uma equação não empírica, permitindo aos projetistas, que determinam o parâmetro α em suas rotinas
de cálculo ou programas, obter o correspondente valor do coeficiente γZ.
Por fim, em conformidade com o discutido, são analisados os parâmetros em um edifício, com
sistema estrutural convencional (laje e viga), para 3 diferentes alturas, sendo, 11 (33 m), 16 (48 m) e 21
(63 m) pavimentos.

3. PARÂMETROS DE INSTABILIDADE
No projeto dos edifícios, principalmente altos, é de grande interesse estabelecer, desde logo, qual a
sensibilidade dos mesmos aos efeitos de segunda ordem devidos a deslocabilidade horizontal da
estrutura. Nas estruturas rígidas esses efeitos são pequenos e podem ser desprezados. Porém, nas
estruturas flexíveis passam a ser importantes, devendo ser obrigatoriamente levados em conta. No
primeiro caso a estrutura é dita de nós fixos, no segundo, de nós móveis.

3.1 PARÂMETRO α
O critério adotado por diversos regulamentos para estabelecer se esses efeitos devem ser levados
em conta ou se podem ser ignorados é o do parâmetro de instabilidade α, definido como sendo:

Pk
α = H⋅ (1)
(EI)k

onde
H altura total do edifício;
Pk carga vertical característica total do edifício;
(EI)k rigidez da estrutura, no estádio I.

3.1.1 VALORES LIMITES PARA O PARÂMETRO α


O COMITÉ EURO – INTERNACIONAL DO BÉTON (CEB) (1978), considera de nós fixos todo
edifício quando o parâmetro α não ultrapassa certos valores limites, sendo estes dados por:
α ≤ 0,2 + 0,1n para n ≤ 3;
α ≤ 0,6 para n ≥ 4.
onde n é número de andares.
Já FRANCO (1985) chegou aos seguintes limites para o parâmetro α, para estruturas com mais de
quatro pavimentos:
α ≤ 0,7 para o contraventamento com pilares – parede;
α ≤ 0,6 para o contraventamento misto;
α ≤ 0,5 para o contraventamento com pórticos.
E, com valores menos conservativos, VASCONCELOS (1986), através de seus estudos, obteve os
seguintes valores limites para o parâmetro α:
α ≤ 0,8 para estruturas com três pavimentos;
α ≤ 0,55 para estruturas com dois pavimentos;
α ≤ 0,5 para estruturas com um pavimento.

3.1.2 INSTABILIDADE
Para a análise do edifício será suposto uma barra linear isolada engastada em sua base e livre na
extremidade superior, representando o caráter tridimensional da estrutura [Fig. (1)], posteriormente
justificar-se-á esta hipótese. Em cada pavimento será suposto uma carga total P/n, sendo P, a carga total
do edifício e n o número de pavimentos, encontrando-se pequenas variações de formas e
carregamentos em alguns níveis (garagem, térreo e cobertura), mas que não induziram a erros
significativos.

P/n P/n
Pav. n Pav. n

P/n P/n

P/n L/n P/n


Pav. i + 1 Pav. i + 1

P/n P/n
Pav. i Pav. i

P/n P/n
Pav. i - 1 L Pav. i - 1

P/n P/n

P/n P/n

P/n P/n
Pav. 1 Pav. 1

Fig. (1) – Modelo simplificado da estrutura de um edifício (Adaptada: CARMO – 1995)


Inicialmente será analisada uma barra com um nível de carregamento, simulando um edifício de
pavimento único, com o intuito de familiarizar o leitor com o problema. Posteriormente, será analisada
uma barra com dois níveis de carregamento, daí então, procura-se generalizar o problema para infinitos
níveis, ou seja, um edifício com n pavimentos.

a) Instabilidade numa barra com um nível de carregamento

Seja uma barra reta, sem imperfeições geométricas, constituída de material de comportamento
elástico linear e submetida a uma carga axial P estática.
x
P P
δ

L L

y
(a) (b)

Fig. (2) – Barra engastada/livre: (a) antes de flambar; (b) na flambagem para n = 1.

O momento fletor à distância x da base é:

M = -P ⋅ ( δ - y) (2)

onde y é a flexão lateral da barra e δ é a deflexão na extremidade livre da barra. A equação exata para
a curva elástica da barra mostrada na Fig. (2) é dada por:

d2y
dx 2 M
=−
3
EI (3)
  dy  2  2

1 +   
  dx  

Admitindo que na maioria das aplicações práticas ocorram apenas pequenas deflexões, a equação
da curva elástica pode ser simplificada:
d2y M
2
=− (4)
dx EI

Com a substituição do momento fletor dado na Eq. (2), transforma-se em:

d 2 y P( δ - y)
= (5)
dx 2 EI

Introduzindo a notação:

P
k2 = (6)
EI

pode-se escrever a Eq. (5) sob a forma:

d2 y
2
+ k2 ⋅ y = k2 ⋅ δ (7)
dx

Esta é uma equação diferencial linear não homogênea, de coeficientes constantes, onde a solução
geral é dada por:

y = A ⋅ sen(k ⋅ x) + B ⋅ cos(k ⋅ x) + δ (8)

Para determinar as constantes A e B, utilizam-se as condições de contorno na extremidade


engastada da barra:

y = y’ = 0 para x=0

A diferenciação da Eq. (8) dá:

y ' = A ⋅ k ⋅ cos(k ⋅ x) − B ⋅ k ⋅ sen (k ⋅ x) (9)

Substituindo agora as condições de contorno nas Eqs. (8) e (9), encontramos:


A=0 e B = -δ

e a curva elástica é dada por:

y = δ ⋅ [1 - cos(k ⋅ x)] (10)

A fim de se obter a carga crítica, usa-se a seguinte condição para a extremidade superior da barra:

y=δ para x = L.

Esta condição dá:

δ ⋅ cos(k ⋅ L) = 0 (11)

de onde se conclui que δ = 0 ou cos(kL) = 0. Se δ = 0, não haverá deflexão na barra e, portanto, não
haverá flambagem [Fig. (2a)]. Desta maneira a quantidade kL poderá ter qualquer valor e a Eq. (11)
será satisfeita. Portanto, a carga P pode também ter qualquer valor.
A outra possibilidade é cos(kL) = 0, quando então se vê pela Eq. (11) que δ pode ter qualquer
pequeno valor. A condição cos(kL) = 0 requer:

π
kL = (2 ⋅ n - 1) (12)
2

onde n = 1, 2, 3, ... Para obter o menor valor de P capaz de satisfazer à Eq. (12), toma-se n = 1 e obtém-
se kL = π / 2, daí:

π 2 ⋅ EI
Pcr = (13)
4 ⋅ L2
Esta expressão fornece a menor carga crítica para a barra mostrada na Fig. (2), isto é, menor valor
da carga axial que mantém a barra em posição ligeiramente fletida. A forma da curva elástica é,
portanto, a mostrada na Fig. (2b).
É possível generalizar a Eq. (13), escrevendo-a sob a seguinte forma:

π 2 ⋅ EI
Pcr = (14)
(β ⋅ L) 2

A expressão encontrada é conhecida como fórmula de Euler, devida ao matemático Leonhard


Euler (1707-1783), onde βL é o comprimento efetivo (ou comprimento equivalente, Le); observa-se
que a barra se comporta como parte de uma barra com extremidades articuladas [Fig. (3)]. O
coeficiente β, chamado de fator de comprimento efetivo, é conhecido para alguns casos. No caso
apresentado anteriormente, barra com uma extremidade engastada e outra livre, é igual a 2; para barras
biengastadas é 0,5; para barras engastadas e articuladas é 0,7; e para barras biarticuladas é 1. A Eq. (14)
pode ser usada para barras com quaisquer condições de carregamento e contorno, desde que seja
conhecido o fator de comprimento efetivo, β.

L e=2L

P
Fig. (3) – Comprimento efetivo de uma barra engastada/livre.

b) Instabilidade numa barra com dois níveis de carregamento

Seja uma barra constituída de material de comportamento elástico linear e submetida a uma carga
axial P estática, onde metade está atuando na extremidade livre e a outra metade a meia altura da barra.
P/2
δ2
2

P/2 L/2 P
δ1 δ
1

L/2 L e/2

O O

(a) (b)
Fig. (4) – Barra engastada/livre: (a) real com dois níveis de carregamento; (b) equivalente.

Desenvolveremos neste tópico um processo, idealizado pelo Prof. Joaci Araújo*, que nos permite
obter a carga crítica numa barra submetida a um carregamento distribuído em vários níveis. O processo
se baseia na substituição da barra carregada nos vários níveis, que passaremos a chamar de barra real
[Fig. (4a)], por uma outra barra, a qual, chamaremos de barra equivalente [Fig. (4b)], esta submetida à
carga total da barra real, atuando na extremidade livre. Para a existência da equivalência, foi admitido
que as barrras ficam instáveis para a mesma carga P, dada na Eq. (14), e, que o momento na base
engastada é igual para as duas barras, tanto a real como a equivalente, o que dá:

P P
P⋅δ = ⋅ δ1 + ⋅ δ 2 (15)
2 2

eliminando-se a carga P na Eq. (15) dá:

δ1 + δ 2
δ= (16)
2
Isolando o trecho O1 da Fig. (4a), tem-se:

* Notas de Aula (1997), Curso de Extensão: Lançamento de Estruturas de Edifícios de Concreto Armado, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.
x
θ1

P
M1
δ1
1

L/2
y O

Fig. (5) – Trecho O1 da barra [Fig. (4a)].

onde:

P
M1 = − ⋅ ( δ 2 - δ1 ) (17)
2

O momento fletor à distância x da base, vale:

M = −[ P ⋅ (δ1 − y ) − M 1 ] (18)

Substituindo as Eqs. (16) e (17) na Eq. (18), tem-se:

M = − P ⋅ ( δ − y) (19)

Com a substituição do momento fletor dado na Eq. (19) na Eq. (4), encontra-se:

d 2 y P( δ - y)
= (20)
dx 2 EI

A solução da Eq. (20) já foi apresentada anteriormente na Eq. (10), ficando, pois:

y = δ ⋅ [1 - cos(k ⋅ x)] (21)


A diferenciação da Eq. (21) dá:

y ' = k ⋅ δ ⋅ sen( k ⋅ x) (22)


Substituindo as condições de contorno abaixo, nas Eqs. (21) e (22),

y = δ1 e y’= θ1 para x=L/2

tem-se:

δ 1 = δ ⋅ [1 - cos(k ⋅ L/2)] (23)

θ1 = k ⋅ δ ⋅ sen( k ⋅ L/2) (24)

Isolando agora o trecho 12 da Fig. (4a), tem-se:


x
P/2
( δ2 - δ 1 )
2

y 1 M1
P/2
Fig. (6) – Trecho 12 da barra [Fig. (4a)].

O momento fletor à distância x do ponto 1, vale:

P
M=− ⋅ ( δ 2 - δ1 - y) (25)
2

Com a substituição do momento fletor dado na Eq. (25) na Eq. (4), tem-se:

d 2 y P( δ 2 - δ1 - y)
= (26)
dx 2 2EI
Introduzindo a notação:
P
k1 =
2
(27)
2EI

pode-se escrever a Eq. (26) sob a forma:

d2 y
+ k 1 ⋅ y = k 1 ⋅ ( δ 2 − δ1 )
2 2
2
(28)
dx

Esta é uma equação diferencial linear não homogênea, de coeficientes constantes, onde a solução
geral é dada por:

y = A ⋅ sen(k 1 ⋅ x) + B ⋅ cos(k 1 ⋅ x) + ( δ 2 − δ1 ) (29)

Para determinar as constantes A e B, utilizam-se as condições de contorno no início do trecho:

y=0 para x=0


y’= θ1 para x=0

A diferenciação da Eq. (29) dá:

y ' = A ⋅ k 1 ⋅ cos(k 1 ⋅ x) − B ⋅ k 1 ⋅ sen(k 1 ⋅ x) (30)

Substituindo agora as condições de contorno nas Eqs. (29) e (30), encontramos:

A = θ1 / k1 e B = - (δ2 - δ1)

como θ1 já é conhecido da Eq. (24), a constante A fica:

k⋅δ k⋅L
A= sen( ) (31)
k1 2
e a curva elástica é dada por:
k⋅δ k⋅L
y= sen( ) sen( k 1 ⋅ x) - (δ 2 - δ 1 ) cos( k 1 ⋅ x) + (δ 2 - δ 1 ) (32)
k1 2

Usando a condição de contorno da extremidade superior do trecho:

y = (δ2 - δ1) para x=L/2

Esta condição dá:

k⋅δ k⋅L k ⋅L k ⋅L
( δ 2 − δ1 ) = sen( ) sen( 1 ) - ( δ 2 - δ1 ) cos( 1 ) + (δ 2 - δ1 ) (33)
k1 2 2 2

Eliminando os termos necessários, e dividindo os dois membros da Eq. (33) por [cos(k1L/2)], tem-
se:

k⋅δ k⋅L k ⋅L
sen( ) tg( 1 ) - ( δ 2 - δ1 ) = 0 (34)
k1 2 2

Utilizando a Eq. (16) juntamente com a Eq. (34), e fazendo as devidas simplificações, chega-se a:

k k⋅L k ⋅L
tg( ) tg( 1 ) = 2 (35)
k1 2 2

Com a Eq. (6) e a Eq. (14), tira-se que:

π
k= (36)
β⋅L

agora com a Eq. (14) e a Eq. (27), tem-se:


π
k1 = (37)
2 ⋅β ⋅ L

k
= 2 (38)
k1

Substituindo as Eqs. (36), (37) e (38) na Eq. (35), encontra-se:

π π
2 ⋅ tg( ) ⋅ tg( )=2 (39)
2β 2 2β

A expressão da Eq. (39) é transcedental, não é possível isolar a incógnita, por isso, sua solução
necessita de recursos computacionais, ou por tentativa. A solução encontrada pelo autor foi através de
uma calculadora HP 48GX, chegando a β = 1,545042.

c) Instabilidade numa barra com “n” níveis de carregamento

Seja uma barra constituída de material de comportamento elástico linear e submetida a uma carga
axial P estática, igualmente distribuída em todos os níveis, como está ilustrado na figura a seguir.

n δn
P/n
i+1
P/n
L/n x
i δi Ni
P/n (δi - δi-1)
i-1 Mi i θi
L P/n M
y
x L/n
P/n
y θi-1
P/n 1 i-1
O N i M i-1

(a) (b)

Fig. (7) – Barra engastada/livre: (a) com “n” níveis de carregamento; (b) trecho isolado.
Usando os mesmos artifícios vistos anteriormente, com uma barra equivalente igual a da Fig. (4b),
e as equivalências para sua existência, tem-se:
P n
P⋅δ= ⋅ ∑ δi (40)
n i =1

eliminando-se a carga P na Eq. (40) dá:

∑δ i
(41)
δ= i =1

Isolando um nível qualquer [Fig. (7b)], obtém-se a equação de equilíbrio abaixo:

M i -1 − N i ⋅ (δ i − δ i-1 ) - M i = 0 (42)

O momento fletor à distância x do nível (i – 1) no trecho isolado [Fig. (7b)], com o sentido anti-
horário positivo, é dado por:

M = −( M i -1 − N i ⋅ y) (43)

Com a substituição do momento fletor dado na Eq. (43) na equação da curva elástica [Eq. (4)],
tem-se:

d 2 y (M i-1 - N i ⋅ y)
= (44)
dx 2 EI

Introduzindo a notação:

Ni
ki =
2
(45)
EI

pode-se escrever a Eq. (44) sob a forma:


d2 y 2 M
+ k i ⋅ y = k i ⋅ i-1
2
2 (46)
dx Ni

Esta é uma equação diferencial linear não homogênea, válida para o sistema de coordenadas locais
x, y [Fig. (7b)], com coeficientes constantes, onde a solução geral é dada por:

M i -1
y = A i ⋅ sen(k i ⋅ x) + B i ⋅ cos(k i ⋅ x) + (47)
Ni

Para determinar as constantes Ai e Bi, utilizam-se as condições de contorno no início do trecho


isolado[Fig. (7b)]:

y=0 para x=0


y’= θi-1 para x = 0.

A diferenciação da Eq. (47) dá:

y ' = A i ⋅ k i ⋅ cos(k i ⋅ x) − B i ⋅ k i ⋅ sen (k i ⋅ x) (48)

Substituindo agora as condições de contorno nas Eqs. (47) e (48), encontramos:

Ai = θi-1 / ki e Bi = - Mi-1 / Ni

Usando a condição de contorno da extremidade superior do trecho:

y = (δi - δi-1) e y’= θi para x = L / n.

juntamente com as constantes já definidas nos faz rescrever as Eqs. (47) e (48) da seguinte forma:

θ i -1 L M  L 
δ i = δ i -1 + ⋅ sen(k i ⋅ ) + i -1 ⋅ 1 − cos(k i ⋅ ) (49)
ki n Ni  n 
L M L
θi = θi-1 ⋅ cos(k i ⋅ ) + i-1 ⋅ k i ⋅ sen (k i ⋅ ) (50)
n Ni n

Para o estabelecimento das equações admensionais definem-se os símbolos:

δi
∆i = (sendo ∆O = 0) (51)
δ
com a Eq. (51), pode-se rescrever a Eq. (41):

n
n = ∑ ∆i (52)
i =1

L
α i = θi ⋅ (53)
δ

Ni n - i +1
νi = = (54)
P n

Mi
µi = (sendo µO = 1) (55)
P⋅δ

ki ⋅ L
ϕi = (56)
n

com ki definido na Eq. (45), a Eq. (56) fica:

L Ni
ϕi = (57)
n EI

isolando Ni na Eq. (54), tem-se a Eq. (57) reescrita da seguinte forma:

L P
ϕi = νi (58)
n EI
com a carga P definida como crítica, estabelecida na Eq. (14), a Eq. (58) torna-se:

π ⋅ νi
ϕi = (59)
n ⋅β

agora igualando as Eqs. (56) e (59), chega-se a:

π ⋅ νi
ki = (60)
β⋅L

Dividindo a Eq. (42) por (Pδ), e escrevendo-a sob forma admensional através dos símbolos
apresentados acima, encontra-se:

µ i = µ i -1 − ν i ⋅ ( ∆ i − ∆ i -1 ) (61)

Agora, dividindo a Eq. (49) por δ, e, da mesma forma escrevendo-a sob forma admensional, tem-
se:

α i-1 ⋅ β µ i -1
∆ i = ∆ i -1 + sen ϕ i + (1 − cos ϕ i ) (62)
π ⋅ νi νi

Por último, multiplica-se a Eq. (50) por (L / δ), escreve-se sob a forma admensional, ficando:

µ i -1 ⋅ π
α i = α i -1 ⋅ cos ϕ i + sen ϕ i (63)
β ⋅ νi

A determinação do fator de comprimento efetivo (β) é fundamental para o cálculo da carga crítica
da barra. Foram apresentadas todas as expressões matemáticas necessárias para sua determinação. No
apêndice encontra-se o algoritmo que foi usado para a elaboração do programa, bem como a listagem
do mesmo.
Abaixo, na Tab. (1), estão relacionados alguns valores para o fator de comprimento efetivo (β),
encontrados pelo programa FATOR.EXE, onde se estabeleceu um erro relativo da ordem de 0,000001,
como critério de convergência para definir o fim do processo iterativo.

Tab. (1) – Fator de comprimento efetivo.


Número de níveis de Fator de comprimento
carregamento β)
efetivo (β
1 2,000000
2 1,545042
3 1,402793
4 1,332421
5 1,290328
6 1,262299
7 1,242287
8 1,227281
9 1,215609
10 1,206272
11 1,198632
12 1,192266
13 1,186878
14 1,182260
15 1,178257
16 1,174755
17 1,171664
18 1,168917
19 1,166459
20 1,164246
30 1,150232
40 1,143222
50 1,139016
60 1,136212
70 1,134209
80 1,132706
90 1,131538
100 1,130602
200 1,126395
300 1,124992
400 1,124291
500 1,123870
600 1,123588
700 1,123388
800 1,123237
900 1,123120
1000 1,123027
2000 1,122603
3000 1,122461
4000 1,122397
5000 1,122356

3.1.3 A ORIGEM DO PARÂMETRO α


Estruturas reticuladas estão sujeitas a imperfeições geométricas globais e locais. Segundo o texto
base para a revisão da NB1 (1994) na análise global e local dessas estruturas, sejam elas contraventadas
ou não, deve ser considerado um desaprumo dos elementos verticais.
O comportamento de uma barra sob a ação de uma carga axial de compressão é significativamente
afetado por imperfeições, tais como curvatura inicial da barra, inevitáveis excentricidades na aplicação
da carga. Segundo TIMOSHENKO (1984) uma aproximação do problema é admitir que as inexatidões
sejam equivalentes à sinuosidade inicial da barra. Para uma barra com uma extremidade engastada e
outra livre [Fig. (8)], pode-se admitir que a deflexão inicial, yo, da barra seja um quarto da onda de uma
senóide [Eq. (64)], cuja deflexão máxima seja igual a a, na extremidade livre da barra.
 πx 
y o = a ⋅ sen   (64)
 2L 
x
P
δ máx

a
y yo

y
Fig. (8) – Barra engastada/livre com deflexão inicial.

O momento fletor na barra, quando a carga axial P é aplicada, vale:

M = -P ⋅ ( y o + y) (65)

onde y é a deflexão adicional devida à flexão. Esta expressão para M pode ser substituída na equação
diferencial [Eq. (4)] para a curva elástica. A expressão resultante para a deflexão total, na extremidade
livre da barra, é:

δ máx = λ ⋅ a (66)

onde λ é dado por:

1
λ=
P (67)
1-
Pcr

Timoshenko apresentou esta expressão aproximada em 1909 [TIMOSHENKO (1961)], para levar
em conta os efeitos de segunda ordem devido à deflexão inicial, que também possui uma boa
aproximação para o caso em que temos uma barra com extremidade engastada e outra livre, submetida
a uma carga horizontal uniformemente distribuída [Fig. (9)].
P

Q L

Fig. (9) – Barras engastada/livre com carga horizontal uniformemente distribuída.

A expressão resultante para a deflexão total, na extremidade livre da barra, é dada por:

δ máx = λ ⋅ δ1 (68)

onde λ é dado na Eq. (67) e δ1, a deflexão de primeira ordem na extremidade livre da barra, sendo:

Q ⋅ L4
δ1 = (69)
8 ⋅ EI

A expressão exata para a flecha na extremidade livre da barra [Fig. (9)] está mostrada em seguida
para o caso em questão.

Q ⋅ L4
δ máx = η( u ) ⋅ (70)
8 ⋅ EI

onde

8 ⋅ u ⋅ sen( u ) − 4 ⋅ u 2 ⋅ cos( u ) + 8 ⋅ cos(u ) − 8


η( u ) = (71)
u 4 ⋅ cos( u )
sendo u = k.L, e k definido na Eq. (6), onde pode-se rescrever u da seguinte forma:

P
u = L⋅ (72)
EI

isolando a rigidez (EI) na Eq. (13), e substituindo na Eq. (72), tem-se:

π P
u= ⋅ (73)
2 Pcr

Com o termo u definido em função de P / Pcr, pode-se plotar um gráfico dos fatores η e λ, e através
deste perceber que a expressão proposta por TIMOSHENKO, possui uma boa aproximação, com
erros menores que 5%, para uma relação P / Pcr inferior a 0,95.

η , λ 25

20

15 EXATO
TIMOSHENKO
10

0
0,00 0,50 1,00
P / Pcr

Fig. (10) – Fator amplificador para as deflexões segundo a expressão exata e a proposta por TIMOSHENKO.

Analisando a barra engastada/livre da Fig. (8), pode-se escrever a expressão resultante para o
momento total, na base engastada da barra, dada por:
M máx = δ máx ⋅ P (74)

com a substituição da deflexão total, δmáx, dada na Eq. (66), na expressão anterior [Eq. (74)], tem-se:

M máx = λ ⋅ P ⋅ a (75)

onde λ é dado na Eq. (67) e Pa é o momento de primeira ordem na base engastada da barra, ficando,
pois:

M máx = λ ⋅ M 1 (76)

Para a barra engastada/livre com o carregamento horizontal uniformemente distribuído [Fig. (9)],
utilizando a expressão para deflexão total proposta por Timoshenko [Eq. (66)], o momento na base
engastada da barra fica:

 1 
M máx = M 1 + Pδ1   (77)
1 − ( P / Pcr ) 

Onde δ1 é dado na Eq. (69) e M1 o momento de primeira ordem na barra da Fig. (9), ou seja, das forças
horizontais. A Eq. (77) pode convenientemente ser rescrita da seguinte forma:

 1 + ψP / Pcr 
M máx = M 1   (78)
 1 − P / Pcr 

onde

δ1 Pcr
ψ= −1 (79)
M1
O coeficiente ψ depende do tipo de carregamento e das condições de contorno, sendo seu valor em
torno de –0,38 para o caso em questão, barra engastada/livre [Fig. (9)]. E, considerando que P/Pcr é
sempre muito menor que 1, é visto que o segundo termo do numerador da Eq. (78) fica bastante
pequeno comparado com 1.O que faz com que este termo possa ser negligenciado, reescrevendo a Eq.
(78) da seguinte forma:

 1 
M máx = M 1   ou M máx = M 1 ⋅ λ (80)
 1 − P / Pcr 

Para a barra engastada/livre com o carregamento horizontal uniformemente distribuído [Fig. (9)],
utilizando a expressão exata para o momento na base engastada da barra tem-se:

M máx = χ( u ) ⋅ M 1 (81)

onde

2 ⋅ u ⋅ sen( u ) + 2 ⋅ cos( u ) − 2
χ( u ) = (82)
u 2 ⋅ cos(u )

sendo u = k.L, e k definido na Eq. (6). Com o termo u já definido na Eq. (73), pode-se plotar um
gráfico dos fatores χ e λ, em função de P / Pcr.
χ , λ 25

20

15
EXATO

TIMOSHENKO
10

0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

P / Pcr

Fig. (11) – Fator amplificador para os momentos segundo a expressão exata e a proposta por TIMOSHENKO.

Apesar de aparentemente o gráfico apresentar grandes diferenças para os dois fatores,


posteriormente justificar-se-á a validade da igualdade dos fatores, pois será mostrado que a relação
P/Pcr é pequena o suficiente, como já comentado, de modo que as diferenças são insignificantes.

Como se comentou anteriormente, as estruturas podem ser classificadas em: de nós fixos e de nós
móveis. Na primeira assume-se que os esforços de primeira ordem são suficientemente precisos para o
dimensionamento da estrutura se o momento de segunda ordem não superar em 10% o momento de
primeira ordem, assim tendo:

M d ≤ 1,1 ⋅ M 1d (83)

onde Md é o momento de cálculo que inclui o momento de segunda ordem, e M1d o momento de
primeira ordem. Se satisfeita esta condição, podemos considerar a estrutura de nós fixos, e em caso
contrário, será considerada de nós móveis, devendo-se submeter a estrutura a uma análise de segunda
ordem.
Igualando-se as Eqs. (80) e (83), tem-se:

λ ≤ 1,1 (84)

onde o λ está definido na Eq. (67). Reescrevendo a Eq. (84), obtém-se:


Pd 1
≤ (85)
Pcr 11

Justificando a expressão λ, como um fator amplificador do momento de primeira ordem, mostrada


no gráfico acima, verifica-se que a mesma possue um erro máximo de 3,63%, para uma relação
P/Pcr igual a 1/11, o que valida a expressão apresentada por TIMOSHENKO.

Como está se tratando de um caso geral, Pcr fica definido pela Eq. (14), o que faz a Eq. (85) resultar
em:

Pd 1

π ⋅ ( EI ) d 11
2
(86)
(βL) 2

Passando agora para valores característicos, suporemos que:

Pd = γ f ⋅ Pk = 1,4 ⋅ Pk (87)

( EI ) d ≅ 0,7 ⋅ ( EI ) k (88)

donde a Eq. (86) fica:

2 ⋅ β 2 2 Pk 1
⋅L ⋅ ≤ (89)
π 2
( EI ) k 11

Substituindo a Eq. (1) na Eq. (89), tem-se:


2 ⋅ β2 1
⋅ α2 ≤ (90)
π 2
11

ou, simplificando:

π
α lim ≤ (91)
β ⋅ 22

Substituindo os valores dos fatores de comprimento efetivo (β) encontrados, dispostos na Tab. (1),
na Eq. (91), encontram-se os vários valores limites para o parâmetro α, apresentados na Tab. (2),
abaixo.
Tab. (2) – Valores limites do parâmetro α.
Número de níveis de
αlim
carregamento
1 0,334895
2 0,433509
3 0,477469
4 0,502686
5 0,519085
6 0,530611
7 0,539159
8 0,545751
9 0,550991
10 0,555256
11 0,558795
12 0,561779
13 0,564329
14 0,566533
15 0,568458
16 0,570153
17 0,571657
18 0,573000
19 0,574208
20 0,575299
30 0,582308
40 0,585879
50 0,588042
60 0,589494
70 0,590535
80 0,591318
90 0,591929
100 0,592419
200 0,594631
300 0,595373
400 0,595744
500 0,595967
600 0,596117
700 0,596223
800 0,596303
900 0,596365
1000 0,596415
2000 0,596640
3000 0,596715
4000 0,596749
5000 0,596771
No gráfico da Fig. (12) confrontam-se os valores do parâmetro α encontrados, com os adotados pelo
CEB (1978). É fácil perceber que existem diferenças em alguns pontos, chegando a quase 20% para
edifícios com quatro andares. Nota-se também que, quando o número de andares tende ao infinito, o
parâmetro α tende ao valor 0,6; justificando pois, o valor limite estabelecido pelo CEB.
α
0,60

0,50

0,40
CEB (1978)

0,30 PRESENTE TRABALHO

0,20

0,10

0,00
0 10 20 30 40 50

No. DE ANDARES

Fig. (12) – Comparação entre os valores limites para parâmetro α segundo o CEB (1978) e o presente
trabalho.

No caso da não utilização do valor 1,4 como majorador das cargas verticais e o valor 0,7 como
minorador da rigidez dos membros (vigas e pilares) a fim de ser levada em conta a não – linearidade
física do material, a dedução do valor limite do parâmetro α (αlim) terá uma nova formulação,
colocada em seguida de maneira mais generalizada:

π γr
α lim ≤ (92)
β 11 ⋅ γ f

O que torna o valor limite do parâmetro α (αlim) diferente dos apresentados na Tab. (2). Porém,
deixando o projetista livre para a escolha mais adequada do coeficiente de minoração da rigidez dos
membros, γr, bem como do coeficiente de majoração das cargas verticais, γf.

3.1.4 RIGIDEZ EQUIVALENTE


Como se sabe, nas estruturas de edifícios o valor (EI) não corresponde à soma dos produtos de E por
I para todos os membros que participam do contraventamento. O valor (EI) deve ser interpretado
como a rigidez equivalente de uma barra única, justificando a hipótese já mencionada no item
anterior, onde o edifício foi suposto uma barra linear isolada engastada em sua base e livre na
extremidade superior, representando o caráter tridimensional da estrutura. Analisando um pórtico
simples [Fig. (13a)], através de sua perda de estabilidade encontra-se uma rigidez equivalente (EI)eq
para uma barra prismática engastada na base e livre na outra extremidade, sendo Ip e Lp o momento
de inércia da seção transversal e o comprimento das barras verticais, e Iv e Lv os correspondentes
para as barras horizontais no pórtico, e Ieq (= m.Ip) e Lp o momento de inércia equivalente e o
comprimento da barra equivalente [Fig. (13b)].

x
P = π EmI
2
p
2
δ P/2 4Lp
Iv M P/2

M M M

Lp Ip Ip Lp I eq=m.I p

Lv
(a) (b)

Fig. (13) – Teoria exata: (a) Pórtico; (b) barra equivalente

Chamando de M, o momento fletor no nó, o momento no trecho vertical (pilar) do pórtico vale:

P
M pilar = - ( δ - y) + M (93)
2

Com a substituição do momento fletor dado na Eq. (93) na Equação da Linha Elástica a [Eq. (4)]
transforma-se em:
d 2 y P( δ - y) M
= − (94)
dx 2 2EI p EI p

Introduzindo a notação:

P
k2 = (95)
2EI p

pode-se escrever a Eq. (94) sob a forma:

d2 y 2M
2
+ k 2 ⋅ y = k 2 ⋅ (δ − ) (96)
dx P

Esta é uma equação diferencial linear não homogênea, de coeficientes constantes, onde a solução
geral é dada por:

2M
y = A ⋅ sen(k ⋅ x) + B ⋅ cos(k ⋅ x) + δ − (97)
P

Para determinar as constantes A e B, utilizam-se as condições de contorno na extremidade


engastada da barra:

y = y’ = 0 para x=0

A diferenciação da Eq. (97) dá:

y ' = A ⋅ k ⋅ cos(k ⋅ x) − B ⋅ k ⋅ sen(k ⋅ x) (98)

Substituindo agora as condições de contorno nas Eqs. (97) e (98), encontramos:

A=0 e B = - δ + 2M/P
e a curva elástica é dada por:

 2M  2M
y = − δ +  ⋅ cos(k ⋅ x) + δ − (99)
 P  P

Usando as condições de contorno da extremidade superior do pilar:

ML v
y=δ e y’ = para x = Lp
6EI v

Esta condição dá:

2M
δ ⋅ cos(k ⋅ L p ) = ⋅ [cos(k ⋅ L p ) − 1] (100)
P

2M  PL v 
kδ ⋅ sen(k ⋅ L p ) = ⋅  k ⋅ sen(k ⋅ L p ) +
12 EI v 
(101)
P 

Dividindo a Eq. (101) pela Eq. (100), e fazendo as devidas simplificações, tem-se:

PL v
tg(k ⋅ L p ) = − (102)
12kEI v

Agora dividindo kLp pela Eq. (102), com as simplificações fica:

k ⋅ Lp 6I v L p
=− (103)
tg(k ⋅ L p ) LvIp

chamando
Iv Lp
ε= (104)
Lv Ip

pode-se reescrever a Eq. (103) da seguinte forma:

k ⋅ Lp
= −6ε (105)
tg(k ⋅ L p )

Como mostra a Fig. (13b), tem-se que:

π 2 EmI p
P= (106)
4 L2p

onde m é a relação entre a inércia equivalente, Ieq, e a inércia da barra vertical (pilar) do pórtico, Ip.
Reescrevendo a Eq. (106), chega-se a:

P π
⋅ L p = ⋅ 2m (107)
2 EI p 4

substituindo a Eq. (95) na Eq. (107), tem-se:

π
k ⋅ Lp = ⋅ 2m (108)
4

agora substituindo a Eq. (108) na Eq. (105), encontra-se a expressão admensional:


π π 
ε=− ⋅ 2m ⋅ cot g ⋅ 2 m  (109)
24  4 

Analisando o pórtico da Fig. (14a), chega-se a uma equação que também relaciona as variáveis ε e
m, como na Eq. (109).

δport δpilar
Iv

W Lp W Lp I eq=m.I p
Ip Ip

Lv
(a) (b)

Fig. (14) – Teoria simplificada: (a) Pórtico; (b) barra equivalente

Tem-se que o deslocamento horizontal no topo do pórtico [Fig. (14a)], δport, vale:

δ port =
(1 + 2ε ) WL p

4

(110)
2(1 + 6ε ) 8EI p

e, o deslocamento horizontal no topo do pilar [Fig. (14b)], δpilar, vale:

WL4p
δ pilar = (111)
8EmI p
Considerando que os deslocamentos horizontais no topo do pórtico e do pilar são iguais, através das
Eqs. (110) e (111), chega-se a expressão:

2(1 + 6ε )
m= (112)
(1 + 2ε)

Através das Eqs. (109) e (112), a primeira determinada com a estrutura na posição deformada, que
seria a expressão exata que relaciona ε com m, e a segunda por uma teoria, digamos de primeira
ordem, será avaliado o valor de m. Definiremos o intervalo em que o valor de m pode se encontrar,
então substituiremos na Eq. (109), encontrando o valor de ε. Com o valor de ε definido através da
Eq. (112), encontra-se um novo valor para a variável m. Então, avalia-se o valor de m, comparando-
se os resultados pelas duas expressões [Eqs. (109) e (112)].

Para a determinação do intervalo de m, serão analisadas duas situações. A primeira, quando tem-se a
rigidez da viga muito elevada, tendendo ao infinito, o que faz com que o valor ε, também tenda ao
infinito. Através da Eq. (105), acha-se o valor da carga crítica do pórtico igual a:

2π 2 EI p
Pcr = (113)
L2p

Igualando a carga crítica do pórtico [Eq. (113)] com a carga crítica do pilar [Eq. (106)], tem-se o
valor máximo que m pode atingir, sendo igual a 8.

A segunda, fazendo a rigidez da viga tendendo a zero, valor ε, também tende a zero. Verifica-se
através da Eq. (105), que a carga crítica do pórtico vale:

π 2 EI p
Pcr = (114)
2 L2p
Da mesma maneira igualando a carga crítica do pórtico [Eq. (114)] com a carga crítica do pilar [Eq.
(106)], tem-se, agora, o valor mínimo que m pode atingir, igual a 2. Conclui-se que o intervalo de
alcance do valor m, é dado por:

2≤m≤8 (115)

Para vários valores de m, dentro do intervalo já definido, a Tab. (3) apresenta os valores calculados:

Tab. (3) – Valores da relação entre a rigidez equivalente e a rigidez do pilar do pórtico.

Diferença (%)
m1 ε2 m3
[(m 1- m 3)/ m 1]

2,00 0,00 2,00 0,00

2,50 0,05 2,40 4,17

3,00 0,12 2,76 7,85

3,50 0,19 3,11 11,10

4,00 0,28 3,44 13,95

4,50 0,39 3,76 16,45

5,00 0,54 4,07 18,62

5,50 0,73 4,37 20,48


6,00 1,01 4,68 22,03

6,50 1,47 4,99 23,28

7,00 2,38 5,31 24,20

7,50 5,07 5,64 24,79

8,00 ∞ 6,00 25,00

(1) Adotado dentro do intervalo definido (2 ≤ m ≤ 8).

(2) Calculado através da Eq. (109).

(3) Calculado através da Eq. (112).

O gráfico da Fig. (15), mostra de maneira mais clara as diferenças entre as duas teorias:

m¹ ou m³
8

6
Eq. (109) Teoria exata [Eq.
Eq. (112) (109)]
4
Teoria simplificada [Eq.
(112)]
2

0
0 2 4 6 8

Fig. (15) – Comparação do valor m segundo a teoria exata e a teoria simplificada.

Através do gráfico [Fig. (15)], conclui-se que o uso da teoria simplificada, assim resolveu-se
chamar, acha-se sempre a favor da segurança, o que faz com que tal procedimento seja adotado, por
isso e pela sua simplicidade.

Extrapolando para uma estrutura qualquer, o produto de rigidez equivalente (EI)eq é o produto de
rigidez de uma barra prismática engastada na base, de módulo de elasticidade E constante ao longo
de sua altura, que sob a ação de uma carga horizontal uniformemente distribuída, apresenta o mesmo
deslocamento na estrutura sob a mesma ação, ou seja:

W ⋅ H4
( EI ) eq = (116)
8⋅δ

onde W é a carga horizontal uniformemente distribuída, H a altura total da estrutura e δ o


deslocamento horizontal no topo da estrutura.

3.2 PARÂMETRO γz
Com a intenção de simplificar o processo de obtenção dos esforços de segunda ordem, uma vez
detectada a sensibilidade da estrutura ao movimento lateral (estrutura de nós móveis ou nós fixos),
FRANCO & VASCONCELOS (1991) apresentam o parâmetro γz como um coeficiente majorador dos
esforços globais de primeira ordem para a obtenção dos esforços de segunda ordem, com boa
aproximação.
Supõe-se que, partindo de uma análise linear para as ações horizontais, sejam calculados os
momentos de primeira ordem M1 em relação à base do edifício e os deslocamentos horizontais da
estrutura.
A presença destes deslocamentos em combinação com as ações verticais, provocará o
aparecimento dos acréscimos de esforços na base, resultando um momento M2; segue-se assim
sucessivamente com várias iterações [Fig. (16)], gerando acréscimos de momento que diminuem até se
tornarem praticamente nulos, se a estrutura for estável, obtendo-se, assim, o momento final M.
M

M3
M2
M1

1 2 3 No. de iterações
Fig. (16) – Acréscimos sucessivos para obtenção do momento M (Adaptada: CEB – 1978).

Como apresenta o CEB (1978), o valor final deste momento M pode ser obtido da seguinte forma:

M 2 − M1 M 3 − M 2
a= = = ... ≤ 1 (117)
M1 M 2 − M1

Então tem-se

M 2 = M1 + a ⋅ M1 
 (118)
M 3 = M1 + a ⋅ M1 + a ⋅ M1 2

M n = M 1 + a ⋅ M 1 + ... + a n −1 ⋅ M 1 (119)

pode-se reescrever a Eq. (119) como:

M n = (1 + a + ... + a n −1 ) ⋅ M 1 (120)

A soma da progressão geométrica do segundo membro da Eq. (120), tem solução matemática dada
por:
1
lim (1 + a + ... + a n −1 ) = (121)
n→∞ 1− a

a Eq. (120) torna-se, então:

1
M= ⋅ M1 (122)
1− a

Considerando a 1ª análise linear, tem-se que a=∆M / M1, onde ∆M=M2 – M1. A Eq. (122) fica, pois,
em valores de cálculo:

1
Md = ⋅ M 1d
∆M d (123)
1−
M 1d

Chamando-se de γz a fração do segundo membro da Eq. (123), estará satisfeito o critério de


imobilidade [Eq. (83)] toda vez que:

1
γz = ≤ 1,1
∆M d (124)
1−
M 1d

Assim, em estruturas regulares, pode-se obter o parâmetro γz com boa aproximação, partindo-se de
uma única análise linear para as ações horizontais de cálculo. Calculados os esforços de primeira
ordem e os deslocamentos, determina-se o acréscimo de momento desta etapa. Tomando-se a base
do edifício como referencial, este acréscimo vale:

∆M d = ∑ ( Pid ⋅ y id ) (125)
onde Pid é a resultante das cargas verticais de cada pavimento i, e yid é o deslocamento (de primeira
ordem) atuando no respectivo pavimento, devido a uma ação horizontal qualquer aplicada no
edifício. O momento na base da estrutura devido esta ação horizontal, é o chamado momento de
primeira ordem M1d.

FRANCO & VASCONCELOS (1991) qualificam o parâmetro γz como uma boa aproximação da
amplificação dos esforços, podendo o projetista ter uma estimativa dos resultados de uma possível
análise de segunda ordem. Afirmam ainda que utilizaram com sucesso o método em edifícios altos
com γz da ordem de 1,20 ou mais.

3.3 CORRELAÇÃO ENTRE OS PARÂMETROS α E γz


Utilizados para o mesmo objetivo, avaliar a estabilidade global dos edifícios, é natural que os
parâmetros α e γz tenham uma relação entre si. Através das Eqs. (76) e (123), pode-se perceber que
o fator λ e o parâmetro γz são nada mais do que estimadores do acréscimo que o momento de
primeira ordem deve sofrer para se obter o momento total, ou seja, momento este que inclui também
a parcela de segunda ordem. Tendo estes estimadores o mesmo fim, pode-se escrever que:

γz = λ (126)

substituindo a expressão do fator λ [Eq. (67)] na Eq. (126), tem-se:

1
γz =
P (127)
1− d
Pcr

Utilizando a Eq. (14) que define Pcr, faz a Eq. (127) resultar em:

1
γz =
Pd ⋅ (βL) 2 (128)
1− 2
π ⋅ ( EI ) d
substituindo os valores de cálculo da Eq. (128) pelos valores característicos dados nas Eqs. (87) e
(88), tem-se:

1
γz =
1,4 ⋅ P ⋅ (βL) 2 (129)
1− 2 k
π ⋅ 0,7 ⋅ ( EI ) k

Com o parâmetro α definido na Eq. (1), pode-se reescrever a Eq. (129) da seguinte forma:

1
γz =
2 ⋅ (αβ) 2 (130)
1−
π2

com o β (fator de comprimento efetivo) apresentado na Tab. (1) em função do número de andares do
edifício.

É bom alertar o leitor, para os valores de cálculo [Eqs. (87) e (88)] utilizados no desenvolvimento da
correlação entre os parâmetros α e γz, pois foram os mesmos da dedução dos valores limites do
parâmetro α [Eq. (91)], o que torna obrigatório no cálculo do parâmetro γz a utilização do valor 1,4
como majorador das cargas verticais e o valor 0,7 como minorador da rigidez dos membros (vigas e
pilares) a fim de ser levada em conta a não – linearidade física do material. No caso da utilização de
valores diferentes destes, ocasionaria uma modificação nos valores limites do parâmetro α, como
também na Eq. (130) que correlaciona os dois parâmetros. A fim de generalizar a correlação entre os
parâmetros de instabilidade quanto a estes coeficientes majorador e minorador, pode-se chegar a
seguinte expressão:

1
γz =
γ ⋅ (αβ) 2 (131)
1− f
γ r ⋅ π2

onde γf é o coeficiente majorador das cargas verticais e γr o coeficiente minorador da rigidez dos
membros (vigas e pilares).
4. ANÁLISE NUMÉRICA
4.1 INTRODUÇÃO
Neste item apresenta-se um exemplo de uma estrutura de um edifício residencial de concreto
armado com o objetivo de ilustrar, a metodologia para a realização do cálculo dos parâmetros α e γ Z ,

bem como avaliar a eficiência da correlação entre os parâmetros α e γ Z , proposta no trabalho.


Utilizando-se o mesmo pavimento tipo, a estrutura foi analisada para 3 diferentes alturas, sendo, 11 (33
m), 16 (48 m) e 21 (63 m) pavimentos.
A análise foi realizada com associação em série de pórticos planos ligados com barras articuladas,
estas procurando representar o efeito do diafragma rígido da laje no seu plano.
Considere-se a estrutura do edifício apresentada na Fig. (17), com as dimensões dos elementos
estruturais, o carregamento vertical por pavimento e o esquema vertical do edifício, bem como o
modelo mecânico a ser analisado, na direção x [Fig. (18)] e na direção y [Fig. (19)].

4.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS DE PROJETO


Foi considerado para a estrutura fck = 20 MPa, sendo adotado, para efeito de análise, o módulo de
elasticidade secante segundo o texto base da NB1/94:

E = 4700 f ck (Mpa) (132)

resultando E ≅ 21000 MPa.


Para consideração da não linearidade física do material foi considerada uma redução da rigidez da
estrutura (EI)k de 30%.
P1 (20X80) V1 P2 (20X80) P3 V2 P4
Área=196 m^2
fck=20 MPa
E=21000 MPa
q=10 kN/m^2
h=10 cm
Carga por pavto.=1960 kN
h=10 cm

P5 (20X80) P6 (30X150) V3 P7 P8 N pavto.

N - 1 pavto.

V13
V4

h=10 cm h=10 cm

V14

V15
V11

h=10 cm V5
V12

N x 3,00
3° pavto.

P9 (20X80) P11 P12 2° pavto.


V6 P10 (30X150) V7

V8 1° pavto.
h=10 cm

h=10 cm

y
P13 (20X80) V9 P14 (20X80) P15
V10 P16
* Todas as vigas têm dimensões 12 x 50.

Fig. 17 – Planta baixa e elevação do edifício a ser analisado.

V1 V3 V2

P1 P2 P5 P6 P7 P8 P3 P4

5,02 0,50 5,36 3,92 5,36 0,50 5,02

Fig. 18 - Associação em série de pórticos planos na direção x.


V11 V12

P13 P9 P5 P1 P14 P10 P6 P2

4,31 5,90 4,31 0,50 4,20 5,32 4,20

Fig. 19 - Associação em série de pórticos planos na direção y.

O carregamento horizontal considerado para o cálculo dos deslocamentos e esforços na definição


do parâmetro γ Z teve como intuito simular a ação do vento na estrutura. Através das Tabs. (4), (5) e
(6), apresentam-se as forças aplicadas para o edifício com 11, 16 e 21 pavimentos, respectivamente.

Tab. (4) – Ação horizontal na estrutura do edifício com11 pavimentos.


PAVIMENTO Cota (m)
Força na direção x e y(1) (kN)
1° pavto. 3,00 54,00
2° pavto. 6,00 54,00
3° pavto. 9,00 54,00
4° pavto. 12,00 57,00
5° pavto. 15,00 60,00
6° pavto. 18,00 60,00
7° pavto. 21,00 60,00
8° pavto. 24,00 63,00
9° pavto. 27,00 66,00
10° pavto. 30,00 66,00
11° pavto. 33,00 33,00
(1) A força considerada é igual, tanto na direção x com na y.
Tab. (5) – Ação horizontal na estrutura do edifício com16 pavimentos.
PAVIMENTO Cota (m)
Força na direção x e y(1) (kN)
1° pavto. 3,00 54,00
2° pavto. 6,00 54,00
3° pavto. 9,00 54,00
4° pavto. 12,00 57,00
5° pavto. 15,00 60,00
6° pavto. 18,00 60,00
7° pavto. 21,00 60,00
8° pavto. 24,00 63,00
9° pavto. 27,00 66,00
10° pavto. 30,00 66,00
11° pavto. 33,00 66,00
12° pavto. 36,00 69,00
13° pavto. 39,00 72,00
14° pavto. 42,00 72,00
15° pavto. 45,00 72,00
16° pavto. 48,00 36,00
(1) A força considerada é igual, tanto na direção x com na y.
Tab. (6) – Ação horizontal na estrutura do edifício com 21 pavimentos.
PAVIMENTO Cota (m)
Força na direção x e y(1) (kN)
1° pavto. 3,00 54,00
2° pavto. 6,00 54,00
3° pavto. 9,00 54,00
4° pavto. 12,00 54,00
5° pavto. 15,00 60,00
6° pavto. 18,00 60,00
7° pavto. 21,00 60,00
8° pavto. 24,00 60,00
9° pavto. 27,00 66,00
10° pavto. 30,00 66,00
11° pavto. 33,00 66,00
12° pavto. 36,00 69,00
13° pavto. 39,00 69,00
14° pavto. 42,00 69,00
15° pavto. 45,00 69,00
16° pavto. 48,00 69,00
17° pavto. 51,00 72,00
18° pavto. 54,00 72,00
19° pavto. 57,00 72,00
20° pavto. 60,00 72,00
21° pavto. 63,00 36,00
(1) A força considerada é igual, tanto na direção x com na y.

Para as cargas verticais foi considerado um coeficiente de segurança, γf, igual a 1,0, e para as ações
horizontais, γf, de 1,4, já considerados nos valores das Tabs. (4), (5) e (6) apresentadas anteriormente.

4.3 ANÁLISE DA ESTRUTURA


O edifício foi analisado através do software ANSYS, versão 5.4, disponível no Departamento de
Estruturas da EESC – USP, onde os elementos de barra utilizados na modelagem foram o Beam 2D
elastic 3 (3 graus de liberdade em cada nó) para as vigas, pilares e trechos-rígidos, e o elemento Link
2D spar 1 (2 graus de liberdade em cada nó) para as ligações entre os pórticos, simulando o efeito
diafragma rígido no seu plano, como já comentado.
Foi considerado trechos rígidos nas ligações entre pilares e vigas, essa simulação de trecho rígido
foi considerada somente nas barras-vigas, a partir da face do pilar entrando 6 cm. Segundo CORRÊA
(1991) para a consideração das propriedades geométricas do trecho rígido a adoção para vigas de uma
largura igual à do pilar e uma altura igual ao pé-direito não trará perturbação a estabilidade numérica da
solução.
As características geométricas dos elementos estruturais estão mostrados na Tab. (7) e (8), a
seguir:

Tab. (7) – Características geométricas dos elementos na direção x.


Elemento Dimensões Área Inércia íntegra Inércia reduzida(1)
Estrutural (cm) (m2) (m4) (m4)
Viga 12 x 50 6,00(2) 0,00125 0,000875
Pilar 20 x 80 0,16 0,00853 0,005973
Pilar 30 x 150 0,45 0,00375 0,002625
Trecho rígido 20 x 300 0,60 0,45000 0,450000
Laje(3) 10 x 200 0,20 ****** *******
(1) A inércia foi reduzida em 30% para levar em conta a não-linearidade física do material.
(2) A área da viga foi multiplicada por 100, com intuito simular efeito diafragma da laje.
(3) Modelada pelo elemento Link 2D spar 1 (2 graus de liberdade em cada nó).

Tab. (8) – Características geométricas dos elementos na direção y.


Elemento Dimensões Área Inércia íntegra Inércia reduzida(1)
Estrutural (cm) (m2) (m4) (m4)
Viga 12 x 50 6,00(2) 0,00125 0,000875
Pilar 20 x 80 0,16 0,00053 0,000373
Pilar 30 x 150 0,45 0,08438 0,059063
Trecho rígido 20 x 300 0,60 0,45000 0,450000
Laje(3) 10 x 200 0,20 ****** *******
(1) A inércia foi reduzida em 30% para levar em conta a não-linearidade física do material.
(2) A área da viga foi multiplicada por 100, com intuito simular efeito diafragma da laje.
(3) Modelada pelo elemento Link 2D spar 1 (2 graus de liberdade em cada nó).

4.4 CÁLCULO DOS PARÂMETROS α E γz

Para o cálculo do parâmetro α torna-se necessário o cálculo da rigidez equivalente da estrutura. O


cálculo dessa rigidez será feito considerando uma barra prismática engastada na base, de módulo de
elasticidade E constante ao longo de sua altura, que sob a ação de uma carga horizontal uniformemente
distribuída W = 1,0 kN/m, apresente o mesmo deslocamento no topo da estrutura submetida ao mesmo
carregamento horizontal uniformemente distribuído W = 1,0 kN/m. Foi visto que a tal suposição acha-
se sempre a favor da segurança.
No cálculo do parâmetro γ Z foi aplicado o carregamento horizontal que procurou simular a ação
do vento na estrutura, dado nas Tabs. (4), (5) e (6), para o edifício com 11, 16 e 21 pavimentos,
respectivamente.

4.4.1 EDIFÍCIO COM 11 PAVIMENTOS


a) Direção x

Com a aplicação do carregamento horizontal uniformemente distribuído W = 1,0 kN/m no modelo


da Fig. (18), tem-se um deslocamento horizontal no topo igual a 0,0040903 m; como foi aproveitada a
simetria da estrutura do edifício, o deslocamento real fica reduzido a metade, sendo pois igual a
0,00204515 m. Fazendo a equivalência dos deslocamentos horizontais da estrutura com uma barra
engastada/livre, tem-se a rigidez equivalente dada por:

1,0 ⋅ 334
( EI ) eq = = 72483742,02 kN.m2
8 ⋅ 0,00204515

Sabendo-se que o carregamento vertical total por pavimento é de 1960 kN, pode ser calculado o
parâmetro α conforme a Eq. (1), o que fica:

11 × 1960
α = 33 ⋅ = 0,57
72483742,02

O cálculo do valor limite para o parâmetro α (αlim), segundo a Eq. (92), a partir do qual os efeitos
de segunda ordem tornam-se importantes, para um coeficiente de majoração do carregamento vertical
γf = 1,0, um coeficiente de minoração da rigidez dos membros γr = 0,7 e o fator de comprimento
efetivo, como mostra a Tab. (1), β = 1,198632, fica:

π 0,7
α lim = = 0,66
β 11

Como o α ≤ αlim pode-se desconsiderar os efeitos de 2ª ordem .


Aplicando-se um carregamento horizontal no modelo da Fig. (18) que procurou simular a ação do
vento na estrutura, foram obtidos os deslocamentos em cada pavimento [Tab. (9)], como já comentado;
pelo fato de estarmos considerando no modelo a metade da estrutura devido a simetria, os
deslocamentos apresentados estão reduzidos à metade. Sabendo que o carregamento vertical total por
pavimento é igual a 1960 kN, obtêm-se o parâmetro γz.
Tab. (9) – Determinação das parcelas M1d e ∆Md
Carga Hor. Carga Vert. Desl. Horiz. Pid.yid
Pavimento Cota x (m) Fid.x (kN.m)
Fid (kN) Pid (kN) Yid (m) (kN.m)
11° pavto. 33 33,00 1089,00 1960,00 0,0590 115,62
10° pavto. 66 30,00 1980,00 1960,00 0,0572 112,15
9° pavto. 66 27,00 1782,00 1960,00 0,0547 107,18
8° pavto. 63 24,00 1512,00 1960,00 0,0512 100,30
7° pavto. 60 21,00 1260,00 1960,00 0,0467 91,44
6° pavto. 60 18,00 1080,00 1960,00 0,0411 80,61
5° pavto. 60 15,00 900,00 1960,00 0,0346 67,90
4° pavto. 57 12,00 684,00 1960,00 0,0273 53,49
3° pavto. 54 9,00 486,00 1960,00 0,0193 37,78
2° pavto. 54 6,00 324,00 1960,00 0,0110 21,65
1° pavto. 54 3,00 162,00 1960,00 0,0037 7,24
M1d 11259,00 ∆ Md 795,37

1 1
γz = = = 1,08
∆M 795,37
1− 1−
M1d 11259

Mostra-se agora o valor do parâmetro γz através da expressão de correlação [Eq. (131)] proposta no
presente trabalho, utilizando para isto o valor do parâmetro α já determinado, igual a 0,57 e o valor do
fator de comprimento efetivo, β, como mostra a Tab. (1), igual a 1,198632:

1 1
γz = = = 1,07
γ f ( αβ) 2
1,0 ⋅ (0,57 ⋅ 1,198632) 2
1− 1−
γ r π2 0,7 ⋅ π 2

Observe que na correlação deve-se usar o γf = 1,0 e γr = 0,7, como foi adotado no início. A
diferença entre o γz calculado e o esperado nesta ultima correlação é de apenas 0,01 em valor absoluto .

b) Direção y
Com a aplicação do carregamento horizontal uniformemente distribuído W = 1,0 kN/m no modelo
da Fig. (19), tem-se um deslocamento horizontal no topo igual a 0,0032177 m; como foi aproveitada a
simetria da estrutura do edifício, o deslocamento real fica reduzido a metade, sendo pois igual a
0,00160885 m. Fazendo a equivalência dos deslocamentos horizontais da estrutura com uma barra
engastada/livre, tem-se a rigidez equivalente dada por:

1,0 ⋅ 334
( EI) eq = = 92140426,39 kN.m2
8 ⋅ 0,00160885

Sabendo-se que o carregamento vertical total por pavimento é de 1960 kN, pode ser calculado o
parâmetro α conforme a Eq. (1), o que fica:

11 × 1960
α = 33 ⋅ = 0,51
92140426,39

O cálculo do valor limite para o parâmetro α (αlim), segundo a Eq. (92), a partir do qual os efeitos
de segunda ordem tornam-se importantes, para um coeficiente de majoração do carregamento vertical
γf = 1,0, um coeficiente de minoração da rigidez dos membros γr = 0,7 e o fator de comprimento
efetivo, como mostra a Tab. (1), β = 1,198632, fica:

π 0,7
α lim = = 0,66
β 11

Como o α ≤ αlim pode-se desconsiderar os efeitos de 2ª ordem .


Aplicando-se um carregamento horizontal no modelo da Fig. (19) que procurou simular a ação do
vento na estrutura, foram obtidos os deslocamentos em cada pavimento [Tab. (10)], como já
comentado, pelo fato de estarmos considerando no modelo a metade da estrutura devido a simetria, os
deslocamentos apresentados estão reduzidos a metade. Sabendo que o carregamento vertical total por
pavimento é igual a 1960 kN, obtêm-se o parâmetro γz.
Tab. (10) – Determinação das parcelas M1d e ∆Md
Carga Hor. Carga Vert. Desl. Horiz. Pid.yid
Pavimento Cota x (m) Fid.x (kN.m)
Fid (kN) Pid (kN) yid (m) (kN.m)
11° pavto. 33 33,00 1089,00 1960,00 0,04690 91,9260
10° pavto. 66 30,00 1980,00 1960,00 0,04492 88,0363
9° pavto. 66 27,00 1782,00 1960,00 0,04243 83,1608
8° pavto. 63 24,00 1512,00 1960,00 0,03924 76,9045
7° pavto. 60 21,00 1260,00 1960,00 0,03527 69,1214
6° pavto. 60 18,00 1080,00 1960,00 0,03052 59,8221
5° pavto. 60 15,00 900,00 1960,00 0,02508 49,1499
4° pavto. 57 12,00 684,00 1960,00 0,01909 37,4213
3° pavto. 54 9,00 486,00 1960,00 0,01287 25,2174
2° pavto. 54 6,00 324,00 1960,00 0,00691 13,5495
1° pavto. 54 3,00 162,00 1960,00 0,00211 4,1416
M1d 11259,00 ∆M d 598,45

1 1
γz = = = 1,06
∆M 598,45
1− 1−
M1d 11259

Mostra-se agora o valor do parâmetro γz através da expressão de correlação [Eq. (131)] proposta no
presente trabalho, utilizando para isto o valor do parâmetro α já determinado, igual a 0,51 e o valor do
fator de comprimento efetivo, β, como mostra a Tab. (1), igual a 1,198632:

1 1
γz = = = 1,06
γ f ( αβ) 2
1,0 ⋅ (0,51 ⋅ 1,198632) 2
1− 1−
γ r π2 0,7 ⋅ π 2

Observe que na correlação deve-se usar o γf = 1,0 e γr = 0,7, como foi adotado no início. Não
havendo diferença entre o γz calculado e o esperado nesta ultima correlação.
4.4.2 EDIFÍCIO COM 16 E 21 PAVIMENTOS
Utilizando o mesmo procedimento adotado acima, chega-se aos valores dos parâmetros, para o
edifício em questão com 16 e 21 pavimentos, apresentados nas Tabs. (11) e (12), a seguir:

Tab. (11) – Parâmetro α.


Número de DIRE Parâmetro α
Pavimentos β αlim Desl. no topo (m)(1) (EI)eq α
ÇÃO
x 0,67 0,0050700 130878106,50 0,74
16 (48 m) 1,174755
y 0,67 0,0039973 166000050,00 0,66
x 0,68 0,0100360 196205672,10 0,91
21 (63 m) 1,162244
Y 0,68 0,0077995 252467481,90 0,80
(1) Reduzido a metade devido a simetria.

Tab. (12) – Parâmetro γz e correlação.


Número de DIRE Parâmetro γz
Pavimentos β ∆ Md M1d γz Correlação
ÇÃO
x 2960,23 25632,00 1,13 1,13
16 (48 m) 1,174755
y 2321,28 25632,00 1,10 1,10
x 7498,02 44982,00 1,20 1,21
21 (63 m) 1,162244
y 5949,22 44982,00 1,15 1,16

5. CONCLUSÕES
Foram apresentadas todas as formulações teóricas para se chegar aos valores limites do parâmetro
α (αlim), através do estabelecimento do valor do fator de comprimento efetivo β, para “n” níveis de
carregamento numa barra com comportamento elástico-linear, representando o caráter tridimensional
da estrutura de um edifício.
Com os valores de αlim definidos, confrontou-se os mesmos com os valores limites estabelecidos
pelo CEB (1978) [Fig. (12)]. Analisando os resultados, verificou-se que os mesmos, tinham a mesma
tendência, com o valor limite do parâmetro α tendendo assintoticamente ao valor 0,6, para o número de
andares tendendo ao infinito. Embora exista uma diferença em torno de 20% para o caso com quatro
andares.
É importante salientar que αlim inicialmente foi estabelecido para um coeficiente majorador das
cargas verticais γf, igual a 1,4, e um coeficiente redutor da rigidez da estrutura γr, que leva em conta a
não-linearidade do material, igual a 0,7. Posteriormente, foi generalizada, através da expressão da Eq.
(92), para quaisquer valores de γf e γr.
Quanto à rigidez equivalente, partiu-se da análise de um pórtico simples, através da sua perda de
estabilidade, e de um outro, submetido a um carregamento horizontal uniformemente distribuído,
chegando-se a expressões [Eqs. (109) e (112)] que relacionam ε (adimensional em função das rigidezes
da viga e do pilar) e m (relação da inércia equivalente do pórtico e a inércia do pilar). Após a análise,
verificou-se a confirmação de que, para a obtenção da inércia equivalente dos pórticos, a aplicação de
um carregamento horizontal uniformemente distribuído e igualando-se o deslocamento do topo deste ao
deslocamento do topo de uma barra em balanço submetida ao mesmo carregamento, é perfeitamente
válida e se situa sempre a favor da segurança.
Apresenta-se, também, o parâmetro de instabilidade γz, idealizado por FRANCO &
VASCONCELOS (1991), onde além de indicar a sensibilidade da estrutura ao movimento lateral, serve
também como um coeficiente majorador dos esforços globais da estrutura.
Tendo a mesma finalidade, os parâmetros α e γz, que é, avaliar a sensibilidade dos edifícios aos
efeitos de segunda ordem devidos à deslocabilidade horizontal da estrutura, o presente trabalho propôs
um correlação entre os mesmos. A correlação foi baseada em princípios teóricos, dada pela expressão
da Eq. (131), colocada de maneira generalizada, onde os coeficientes γf (coeficiente majorador das
cargas verticais) e γr (coeficiente redutor da rigidez da estrutura) devem ser igualmente aplicados nos
parâmetros α e γz, para que a correlação se confirme.
Por fim, para apresentar os conceitos teóricos discutidos, bem como avaliar a correlação proposta,
fez-se uma análise numérica de um edifício, mostrando-se os passos para o cálculo dos parâmetros α e
γz, variando o número de pavimentos em 11 (33 m), 16 (48 m) e 21 (63 m) nas direções x e y. Através
da análise, percebeu-se que a correlação do presente trabalho mostrou-se satisfatória, quanto à previsão
do parâmetro γz calculado. Mais do que isso, a correlação veio mostrar que os valores limites do
parâmetro α (αlim) demonstrados no presente trabalho são coerentes, pelo menos para o caso de
estruturas onde o sistema de contraventamento predominante é constituído por pórticos.
Provavelmente, quando no sistema de contraventamento tivermos somente elementos tipo pilar-parede,
os valores αlim tornariam-se-iam maiores; a questão seria saber se realmente isto ocorre na prática,
primeiro por ser uma solução inconcebível, segundo por estar em desuso. Outra razão para a não
justificativa do uso de valores de αlim diferentes seria o fato desta análise ser efetuada na fase de ante-
projeto da estrutura, na qual o arranjo das estruturas pode sofrer algumas mudanças; tentar atingir
melhor previsão nos resultados não teria sentido. Trabalhando com valores de αlim da ordem dos
apresentados, a maioria dos casos correntes estaria a favor da segurança.

6. BIBLIOGRAFIA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1994). NB-1 – Texto base para a revisão.
BARBUTO, F.A.A. (1987). Programas basic para o ibm pc. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e
Científicos.
BECK, H.; KÖNIG, G. (1966). Restraining forces (Festhaltekräfte) in the analysis of tall buildings. In:
SYMPOSIUM ON TALL BUILDINGS, Oxford. Proceedings. p.513-536.
CARMO, R.M.S. (1995). Efeitos de segunda ordem em edifícios usuais de concreto armado. 112p. São
Carlos. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
COMITÉ EURO-INTERNACIONAL DU BÉTON (1978). CEB-FIP. Manual of buckling and
instability. CEB Bulletin D’Information, n. 123.
CORRÊA, M.R.S. (1991). Aperfeiçoamento de modelos usualmente empregados no projeto de
sistemas estruturais de edifícios. São Carlos. 331p. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de
São Carlos, Universidade de São Paulo.
FRANCO, M. (1985). O parâmetro de instabilidade dos edifícios altos. Revista Portuguesa de
Engenharia de Estruturas, Lisboa, n. 23, p. 69-72.
FRANCO, M. (1995). Global and local instability of concrete tall buildings. In: SYMPOSIUM ON
SPACE STRUCTURES, Milan, May. Proceedings.
FRANCO, M.; VASCONCELOS, A.C. (1991). Pratical assessment of second order effects in tall
buildings. In: COLLOQUIUM ON THE CEB-FIP MC 90, Rio de Janeiro. Proceedings. p.307-
324.
TIMOSHENKO, S.P.; GERE, J.E. (1961). Theory of elastic stability. New York, McGraw-Hill.
TIMOSHENKO, S.P.; GERE, J.E. (1984). Mecânica dos sólidos, v.2. Rio de Janeiro, Livros Técnicos
e Científicos.
VASCONCELOS, A.C. (1986). Como enrijecer edifícios muito flexíveis. In: LA INGENIARÍA
ESTRUCTURAL SUDAMERICANA EN LA DÉCADA DEL 80: Homenaje al Ingeniero Julio
Ricaldoni, Montevidéo, Uruguai, 17-19 dic. p.237-269.
VASCONCELOS, A.C. (1985). Critérios para dispensa de consideração do efeito de segunda ordem.
In: REUNIÃO ANUAL DO IBRACON: Colóquio sobre Estabilidade Global das Estruturas de
Concreto Armado, São Paulo, 22-26 jul. Anais.
VASCONCELOS, A.C. (1998). Origem dos parâmetros de estabilidade α e γz. Revista IBRACON, Ano
VI, n. 20, p. 16-25.
APÊNDICE

O cálculo do fator de comprimento efetivo β de uma barra submetida a uma carga vertical P estática, igualmente
distribuída em todos os níveis para a condição de contorno engastada na base e livre no topo é estabelecida quando satisfeita
a condição da Eq. (52), reproduzida a seguir:

n
n = ∑ ∆i (I)
i =1

Para o procedimento de cálculo do fator, utilizou-se o Método da Corda [BARBUTO (1987)] para
a resolução da raiz da expressão definida como:

Erro = f (β) (II)

Onde foi pré- estabelecido um erro (Erro ≤ 0,000001). O método apresentou-se muito eficiente,
convergindo rapidamente.
Os passos que permitem o cálculo do referido fator estão definidos em seguida:
Passo 1: Entra-se com o número de pavimentos n.
Passo 2: Tem-se como atribuições iniciais:
µo = 1 (III)
αo = 0 (IV)
∆o = 0 (V)
Passo 3: É estabelecido o limite superior de β igual a 2.
Passo 4: Determina-se as expressões matemáticas dada nas Eqs. (54), (59), (63), (62) e (61), sendo
respectivamente:

Ni n - i +1
νi = = (VI)
P n
π ⋅ νi
ϕi = (VII)
n ⋅β
µ i -1 ⋅ π
α i = α i -1 ⋅ cos ϕ i + sen ϕ i (VIII)
β ⋅ νi

α i-1 ⋅ β µ i -1
∆ i = ∆ i -1 + sen ϕ i + (1 − cos ϕ i ) (IX)
π ⋅ νi νi

µ i = µ i-1 − ν i ⋅ ( ∆ i − ∆ i -1 ) (X)

Passo 5: Define-se o erro como:


n
n − ∑ ∆i
(XI)
Erro = i =1

n
Passo 6: Se o erro é menor que o valor pré-estabelecido (Erro ≤ 0,000001), passa-se ao Passo 12. Caso
contrário, vai-se para o Passo 7.
Passo 7: É estabelecido o limite inferior de β igual a 1.
Passo 8: Determina-se as expressões matemáticas definidas no Passo 4.
Passo 9: Define-se o erro como no Passo 5.
Passo 10: Da mesma forma como no Passo 6, se o erro é menor que o valor pré-estabelecido (Erro ≤
0,000001), passa-se ao Passo 12. Caso contrário, vai-se para o Passo 11.
Passo 11: De acordo com o procedimento do Método da corda, estabelece-se um incremento a ser somado
com o valor de β anterior:

(β i −1 − β i )
Inc = − Erro(β i ) (XII)
[ Erro(β i −1 ) − Erro(β i )]
Com

β i +1 = β i + Inc (XIII)

Retornando ao Passo 8.
Passo 12: Fim do programa, está definido o valor do fator de comprimento efetivo β, para o número de
pavimentos n estabelecido.
LISTAGEM DO PROGRAMA
PROGRAM FATOR
C
INTEGER N, I
REAL NI[ALLOCATABLE](:), MI[ALLOCATABLE](:),
* ALFA[ALLOCATABLE](:), DELTA[ALLOCATABLE](:),
* FI[ALLOCATABLE](:), IN, ERRO, AUX, EV, BEV,
* EN, BEN, A, B
C
WRITE (*,*)'DIGITE O NUMERO DE ANDARES:'
READ (*,*) N
C
ALLOCATE (NI(N))
ALLOCATE (MI(N))
ALLOCATE (ALFA(N))
ALLOCATE (DELTA(N))
ALLOCATE (FI(N))
MI(0)=1
ALFA(0)=0
DELTA(0)=0
PI=3.141592653589793
BETA=2
30 BETA=BETA+IN
DO I=1,N
A=N-I+1
B=N
NI(I)=A/B
FI(I)=PI*SQRT(NI(I))/(BETA*N)
ALFA(I)=ALFA(I-1)*COS(FI(I))+(MI(I-1)*PI*SIN(FI(I)))/(BETA*
* SQRT(NI(I)))
DELTA(I)=DELTA(I-1)+(ALFA(I-1)*BETA*SIN(FI(I)))/(PI*SQRT(NI(I)))+
* (MI(I-1)*(1-COS(FI(I))))/NI(I)
MI(I)=MI(I-1)-NI(I)*(DELTA(I)-DELTA(I-1))
AUX=AUX+DELTA(I)
END DO
ERRO=(N-AUX)/N
IF (ABS(ERRO).LT.0.000001) THEN
GOTO 200
ELSE
IF (BETA.EQ.2) THEN
EV=ERRO
BEV=BETA
IN=-1
AUX=0
GOTO 30
ELSE
EN=ERRO
BEM=BETA
IN=-ERRO*(BEN-BEV)/(EN-EV)
EV=ERRO
BEV=BETA
AUX=0
GOTO 30
END IF
END IF
200 WRITE (*,*)' RESULTADOS '
WRITE (*,*)'No. ANDARES BETA ERRO RELATIVO'
WRITE (*,210)N, BETA, ERRO
210 FORMAT (I6,2(' ',F10.6))
END

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