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Estudo do Efeito de Vento em Torres de Telecomunicações

Thesis · December 2002


DOI: 10.13140/RG.2.2.35148.26241

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Luiz Bortolan Neto


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LUIZ BORTOLAN NETO

ESTUDO DO EFEITO DE VENTO EM TORRES DE


TELECOMUNICAÇÕES

CURITIBA
2002
LUIZ BORTOLAN NETO

ESTUDO DO EFEITO DE VENTO EM TORRES DE


TELECOMUNICAÇÕES

Trabalho de final de curso apresentado


como requisito parcial para conclusão
do Curso de Engenharia Civil, Núcleo
de Ciências Exatas e Tecnológicas do
Centro Universitário Positivo.

Orientador: Prof. Marcos Arndt

CURITIBA
2002
Dedico este trabalho a Kathiucia Pâmela
Ghellere, cuja companhia abdiquei em muitos momentos
durante a elaboração deste trabalho, e, a meus pais, Gabriel
Bortolan e Rita de Cássia Bevervanso Bortolan, os quais
sempre me apoiaram em minhas decisões. Meu amor
incondicional a vocês, e obrigado!
Agradeço ao Professor Marcos Arndt pelo
tempo, atenção e orientação dedicados, sem os quais seria
impossível a conclusão deste trabalho.

Agradeço ao meu amigo, Oeliton Felipim, o


qual auxiliou na elaboração do modelo tridimensional da
torre.

Agradeço ao Dirceu Prado e à empresa


Seccional Brasil S/A pelo apoio técnico ao
desenvolvimento deste trabalho.
SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES .............................................................................................. vi


LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... vii
LISTA DE SÍMBOLOS ..................................................................................................... ix
RESUMO............................................................................................................................. xi
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
2 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................... 3
3 VIBRAÇÕES MECÂNICAS ......................................................................................... 6
3.1 SISTEMAS COM UM GRAU DE LIBERDADE ........................................................ 7
3.2 SISTEMAS COM VÁRIOS GRAUS DE LIBERDADE.............................................. 9
4 VENTO.......................................................................................................................... 11
4.1 FORÇAS ESTÁTICAS DEVIDAS AO VENTO........................................................ 12
4.1.1 Determinação da Força de Arrasto........................................................................... 17
4.2 EFEITOS DINÂMICOS DEVIDOS AO VENTO ...................................................... 24
4.2.1 Vibrações Causadas Pela Energia Cinética das Rajadas.......................................... 24
4.2.2 Martelamento ........................................................................................................... 25
4.2.3 Vibrações por Desprendimento dos Vórtices .......................................................... 26
4.2.4 Instabilidade Aerodinâmica por Galope .................................................................. 27
5 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ................................................................. 30
6 APLICAÇÃO................................................................................................................ 32
6.1 CARGAS ATUANTES ............................................................................................... 33
6.1.1 Cálculo do Peso Próprio da Estrutura ...................................................................... 34
6.1.2 Cálculo da Força de Arrasto do Vento..................................................................... 36
6.1.2.1 Distribuição da Força de Vento nos Nós da Estrutura .......................................... 40
6.2 MODELO..................................................................................................................... 44
6.3 ANÁLISE ESTÁTICA ................................................................................................ 46
6.3.1 Reações de Apoio ..................................................................................................... 48
6.3.2 Deformações ............................................................................................................ 49
6.3.3 Esforços Máximos.................................................................................................... 52
6.4 ANÁLISE MODAL..................................................................................................... 53
7 CONCLUSÃO............................................................................................................... 58

iv
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 60
ANEXO............................................................................................................................... 63

v
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 3.1 – SISTEMA MASSA-MOLA-AMORTECEDOR .................................... 8


FIGURA 3.2 – SISTEMA MASSA-MOLA .................................................................... 8
FIGURA 3.3 – SISTEMA MASSA-MOLA COM DOIS GRAUS DE LIBERDADE ... 9
FIGURA 4.1 – ISOPLETAS DA VELOCIDADE BÁSICA DO VENTO ..................... 13
FIGURA 4.2 – FATOR TOPOGRÁFICO ...................................................................... 14
FIGURA 4.3 – COEFICIENTE DE ARRASTO PARA TORRES RETICULADAS
DE SEÇÃO TRIANGULAR EQUILÁTERA FORMADAS POR
BARRAS DE SEÇÃO CIRCULAR ....................................................... 18
FIGURA 4.4 – COEFICIENTE DE ARRASTO PARA TORRES RETICULADAS
DE SEÇÃO QUADRADA FORMADAS POR BARRAS DE SEÇÃO
CIRCULAR ............................................................................................ 19
FIGURA 4.5 – COEFICIENTE DE ARRASTO PARA TORRES RETICULADAS
DE SEÇÃO QUADRADA FORMADAS POR BARRAS DE SEÇÃO
CIRCULAR ............................................................................................ 19
FIGURA 4.6 – COEFICIENTE DE ARRASTO PARA TORRES RETICULADAS
DE SEÇÃO QUADRADA E TRIANGULAR EQÜILÁTERA,
FORMADAS POR BARRAS PRISMÁTICAS DE CANTOS VIVOS
OU LEVEMENTE ARREDONDADOS ................................................ 20
FIGURA 4.7 – FATOR DE PROTEÇÃO PARA DOIS OU MAIS RETICULADOS
PLANOS PARALELOS IGUALMENTE AFASTADOS ..................... 23
FIGURA 4.8 – VÓRTICES DE KÁRMÁN E VÓRTICES ALEATÓRIOS .................. 27
FIGURA 4.9 – FORÇA TRANSVERSAL AO VENTO ................................................ 29
FIGURA 5.1 – REDE DE ELEMENTOS FINITOS ....................................................... 30
FIGURA 6.1 – PERFIL DA TORRE ANALISADA ...................................................... 32
FIGURA 6.2 – DIREÇÃO DO VENTO ......................................................................... 40
FIGURA 6.3 – VÉRTICES DA TORRE ......................................................................... 42
FIGURA 6.4 – MODELO DA TORRE ........................................................................... 45
FIGURA 6.5 – PRINCIPAIS NÓS DO MODELO ......................................................... 46
FIGURA 6.6 – CARREGAMENTOS DE VENTO E PESO PRÓPRIO (CASO A) ...... 47
FIGURA 6.7 – CARREGAMENTOS DE VENTO E PESO PRÓPRIO (CASO B) ...... 47
FIGURA 6.8 – CARREGAMENTOS DE VENTO E PESO PRÓPRIO (CASO C) ...... 48
FIGURA 6.9 – ESTRUTURA DEFORMADA (CASO A) ............................................ 51
FIGURA 6.10 – ESTRUTURA DEFORMADA (CASO B) ........................................... 51
FIGURA 6.11 – ESTRUTURA DEFORMADA (CASO C) ........................................... 52
FIGURA 6.12 – PRIMEIRO MODO DE VIBRAÇÃO .................................................. 55

vi
FIGURA 6.13 – SEGUNDO MODO DE VIBRAÇÃO .................................................. 55
FIGURA 6.14 – TERCEIRO MODO DE VIBRAÇÃO .................................................. 56
FIGURA 6.15 – QUARTO MODO DE VIBRAÇÃO .................................................... 56
FIGURA 6.16 – QUINTO MODO DE VIBRAÇÃO ...................................................... 57

LISTA DE TABELAS

TABELA 4.1 – FATOR TOPOGRÁFICO EM FUNÇÃO DA ALTURA DA


EDIFICAÇÃO ....................................................................................... 14
TABELA 4.2 – CLASSIFICAÇÃO DA RUGOSIDADE DO TERRENO .................... 15
TABELA 4.3 – CLASSIFICAÇÃO DA EDIFICAÇÃO ................................................ 16
TABELA 4.4 – PARÂMETROS METEOROLÓGICOS ............................................... 16
TABELA 4.5 – VALORES MÍNIMOS DO FATOR ESTATÍSTICO ........................... 17
TABELA 4.6 – COEFICIENTE DE ARRASTO EM FUNÇÃO DO ÍNDICE DE
ÁREA EXPOSTA PARA TORRES RETICULADAS COM SEÇÃO
TRANSVERSAL TRIANGULAR EQÜILÁTERA ............................. 21
TABELA 4.7 – COEFICIENTE DE ARRASTO EM FUNÇÃO DO ÍNDICE DE
ÁREA EXPOSTA PARA TORRES RETICULADAS COM SEÇÃO
TRANSVERSAL QUADRADA COM O VENTO INCIDINDO
PERPENDICULARMENTE ................................................................. 21
TABELA 4.8 – COMPONENTES DE FORÇA DE ARRASTO NAS FACES DE
TORRES RETICULADAS DE SEÇÃO TRIANGULAR
EQUILÁTERA ...................................................................................... 22
TABELA 4.9 – COMPONENTES DE FORÇA DE ARRASTO NAS FACES DE
TORRES RETICULADAS DE SEÇÃO QUADRADA ....................... 22
TABELA 6.1 – DIMENSÕES DOS TUBOS CILINDRICOS CÔNICOS ..................... 34
TABELA 6.2 – DIMENSÕES DAS CANTONEIRAS ................................................... 34
TABELA 6.3 – PESO DOS TUBOS CILINDRICOS CÔNICOS .................................. 35
TABELA 6.4 – PESO DAS CANTONEIRAS ................................................................ 35
TABELA 6.5 – PESO PRÓPRIO DA ESTRUTURA ..................................................... 36
TABELA 6.6 – DISTRIBUIÇÃO DO PESO PRÓPRIO NOS NÓS .............................. 36
TABELA 6.7 – FATOR DE RUGOSIDADE DO TERRENO ....................................... 37
TABELA 6.8 – VELOCIDADE CARACTERÍSTICA E PRESSÃO DINÂMICA DO
VENTO .................................................................................................. 37
TABELA 6.9 – ÍNDICE DE ÁREA EXPOSTA E NÚMERO DE REYNOLDS .......... 38
TABELA 6.10 – COEFICIENTE DE ARRASTO DA ESTRUTURA ........................... 38

vii
TABELA 6.11 – FORÇA DE ARRASTO ...................................................................... 39
TABELA 6.12 – FORÇA DE ARRASTO NA ANTENA E NAS PLATAFORMAS ... 39
TABELA 6.13 – FORÇA DE ARRASTO TOTAL EM CADA MÓDULO DA
TORRE .................................................................................................. 39
TABELA 6.14 – FORÇAS RESULTANTES NAS FACES DA TORRE (CASO A)..... 41
TABELA 6.15 – FORÇAS RESULTANTES NAS FACES DA TORRE (CASO B) .... 41
TABELA 6.16 – FORÇAS RESULTANTES NAS FACES DA TORRE (CASO C) .... 42
TABELA 6.17 – FORÇA DO VENTO EM CADA NÓ DA ESTRUTURA (CASO A) 43
TABELA 6.18 – FORÇA DO VENTO EM CADA NÓ DA ESTRUTURA (CASO B) 43
TABELA 6.19 – FORÇA DO VENTO EM CADA NÓ DA ESTRUTURA (CASO C) 44
TABELA 6.21 – REAÇÕES DE APOIO (CASO A) ...................................................... 46
TABELA 6.22 – REAÇÕES DE APOIO (CASO B) ...................................................... 47
TABELA 6.23 – REAÇÕES DE APOIO (CASO C) ...................................................... 47
TABELA 6.24 – DESLOCAMENTOS NODAIS NO TOPO DA TORRE (CASO A) . 48
TABELA 6.25 – DESLOCAMENTOS NODAIS NO TOPO DA TORRE (CASO B) . 48
TABELA 6.26 – DESLOCAMENTOS NODAIS NO TOPO DA TORRE (CASO C) . 48
TABELA 6.27 – ESFORÇOS MÁXIMOS NAS BARRAS (CASO A) ......................... 50
TABELA 6.28 – ESFORÇOS MÁXIMOS NAS BARRAS (CASO B) ......................... 51
TABELA 6.29 – ESFORÇOS MÁXIMOS NAS BARRAS (CASO C) ......................... 51
TABELA 6.30 – CASOS COM OS ESFORÇOS MÁXIMOS ....................................... 51
TABELA 6.31– FREQÜÊNCIA E PERÍODOS NATURAIS DO MODELO ............... 52

viii
LISTA DE SÍMBOLOS

Romanas maiúsculas

A – área de referência especificada em cada caso


Ac – área frontal da superfície limitada pelo contorno do reticulado
Ae – área frontal efetiva de uma das faces da torre reticulada
AeL – área frontal efetiva das cantoneiras
Aem – área frontal efetiva dos montantes
B – comprimento da aba da cantoneira
Ca – coeficiente de arrasto
Cf – coeficiente de força, especificado em cada caso: Cx , Cy , etc
E – módulo de elasticidade longitudinal ou módulo de Young
F – força
Fi – força referente à coordenada i
Fa – força de arrasto
Fg – força global do vento sobre uma edificação ou parte dela
Fr – fator de rajada
Fy – força na direção transversal
R – força resultante das componentes da força de arrasto
Re – número de Reynolds
S1 – fator topográfico
S2 – fator rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre o terreno
S3 – fator estatístico
T – período natural
T1 – período fundamental
Ui – deslocamento nodal referente à coordenada i
V – volume
V0 – velocidade básica do vento
Vk – velocidade característica do vento

Romanas minúsculas

b – parâmetro meteorológico usado na determinação de S2


c – fator de amortecimento
d – diâmetro das barras da treliça
– diferença de nível entre a base e o topo do talude/morro
e – espessura da aba da cantoneira
f – força externa
f – freqüência
k – constante de mola
kα − fator de correção
l – comprimento
m – massa
n – número de graus de liberdade
– componente da força de arrasto perpendicular a face da torre

ix
p – expoente da lei potencial de variação de S2
q – pressão dinâmica do vento
t – tempo
– componente da força de arrasto paralela a face da torre
x – deslocamento
z – altura medida a partir da superfície do terreno no ponto considerado
zg – altura gradiente: altura da camada limite atmosférica

Gregas maiúsculas

∅ – diâmetro do tubo

Gregas minúsculas

α − ângulo de incidência
γa – peso específico do aço
δx – deslocamento infinitesimal na direção x
η − fator de proteção
φ − índice de área exposta
θ – ângulo de inclinação do talude/morro

Matrizes e vetores

[M] − matriz das massas


[K] − matriz de rigidez
{&x&} − vetor coluna das acelerações
{x} − vetor coluna dos deslocamentos
{f(t)} − vetor coluna das forças

x
RESUMO

Este trabalho utiliza o Método dos Elementos Finitos (MEF) aplicado à análise de
vibrações mecânicas em torres de telecomunicações devidas a um carregamento dinâmico
de vento. Geralmente, nos projetos destas torres este carregamento é considerado estático.
Este trabalho visa realizar uma análise estática com três casos de carregamento de vento e
verificar a necessidade de análise dinâmica em uma torre de telecomunicações para sistema
móvel celular de 30 metros de altura, com seção transversal triangular eqüilátera, a qual
fora dimensionada anteriormente considerando o vento como carga estática. Os resultados
obtidos em cada caso de carregamento são analisados e comparados, e, por fim, verifica-se
a não necessidade de realização de uma análise dinâmica para a torre objeto de estudo.

xi
1

1 INTRODUÇÃO

Com a privatização do Sistema Telebrás e a abertura do mercado de telefonia a


partir de 1998, houve um aumento dos investimentos na área de telefonia fixa e móvel
celular. Estes investimentos geraram aumento na oferta de linhas telefônicas no mercado,
trazendo, também, a melhoria do serviço.
O setor de telefonia móvel celular é um dos setores da economia que mais cresceu
no passado recente do país. Novos investimentos no setor estão ocorrendo após a abertura
das bandas C, D e E, o que torna cabível estudos nessa área.
Entre as instalações necessárias para o sistema de telecomunicações estão as torres,
cuja função é sustentar e posicionar antenas e equipamentos de transmissão.
A deformação da estrutura das torres de telecomunicações devido a uma carga
excessiva poderá afetar na transmissão do sinal de antenas e de outros equipamentos,
trazendo prejuízos econômicos e sociais para a empresa de telefonia e seus clientes, e, o
colapso de uma torre de telecomunicações, em uma área residencial, pode acarretar perda
de vidas humanas e destruição de residências, escolas e outras edificações.
Basicamente são três fatores responsáveis pelo carregamento em torres de
telecomunicações: o peso próprio da estrutura, o peso dos equipamentos e o carregamento
causado pelo vento.
O vento é o movimento do ar sobre a superfície terrestre e é o principal responsável
pelo carregamento em torres altas. Este carregamento é dinâmico, mas comumente é
considerado estático, pois esta simplificação facilita os cálculos das cargas resultantes às
quais a estrutura está sujeita.
Este projeto de pesquisa tem como objetivo a obtenção de resultados, e a
comparação destes, ao se considerar estáticos os esforços atuantes em uma torre de
telecomunicações e de verificar a real necessidade de um estudo de efeito dinâmico nesta
torre.
Especificamente, foram realizadas a análise estática e a análise modal da estrutura.
Realizaram-se, também, análises sobre a influência do vento sobre a estrutura.
Estas análises foram realizadas em uma torre de telecomunicações em aço, com 30
metros de altura, seção triangular eqüilátera, dimensionada anteriormente pela empresa
2

Seccional Brasil S/A, considerando o vento como carga estática. Para tanto foi utilizado o
software ANSYS 5.6, versão educacional, o qual auxiliou na análise estática e análise
modal, com base nas especificações da norma ABNT NBR 6123 (1987), para utilização do
carregamento de vento.
Este trabalho está dividido em seis partes distintas, além desta introdutória. No
capítulo 2 faz-se uma breve revisão da literatura das obras relacionadas ao tema deste
trabalho. O capítulo 3 trata das vibrações mecânicas, as quais são muito comuns em
estruturas que sofrem ação de cargas dinâmicas. O vento, como já dito anteriormente, é o
principal responsável pelo carregamento em torres altas, e é abordado de forma bastante
detalhada no capítulo 4. O programa computacional ANSYS 5.6, versão educacional,
utiliza o método dos elementos finitos, portanto, coube uma breve introdução sobre este
tema no capítulo 5. O capítulo 6 traz a aplicação de toda a teoria apresentada até então para
a análise de uma torre autoportante metálica de telecomunicações com 30 metros de altura,
e, finalmente, o capítulo 7 traz as conclusões obtidas com esta análise.
3

2 REVISÃO DA LITERATURA

Muitos equipamentos fazem parte da infra-estrutura do sistema de


telecomunicações, como, por exemplo, cabos de fibra óptica, satélites, antenas, torres,
rádios, etc.
As torres de telecomunicação são estruturas altas e esbeltas, geralmente fabricadas
em aço. Estas estruturas são destinadas à fixação dos equipamentos de telefonia e estão
divididas em três grandes grupos: estaiadas, autoportantes e postes.
Nestas estruturas o carregamento mais importante é causado pelo vento. Este
carregamento é dinâmico, ou seja, muda de sentido, direção e intensidade com o tempo,
podendo causar efeitos como ressonância e turbulência. Turbulência é a agitação do
escoamento médio do ar devido à rugosidade natural e artificial da superfície terrestre
(Blessmann, 1995). O efeito de ressonância ocorre quando uma força externa atua com
freqüência igual à freqüência natural de uma estrutura. Neste caso a amplitude das
oscilações resultantes será máxima, podendo causar o colapso da estrutura. (Halliday,
Resnick e Walker, 1996).
Blessmann (1990) apresenta a aerodinâmica de diversos tipos de sólidos simples
utilizados em estruturas, incluindo cilindros circulares e não circulares.
São apresentados por Blessmann (1995) as características físicas do vento e os
parâmetros de rugosidade que influem na definição do perfil vertical de velocidades
médias do vento. Blessmann estuda, também, a estrutura da turbulência de ventos de
superfície. Para tanto apresenta definições de parâmetros estatísticos, valores medidos,
expressões matemáticas, intensidade, funções e escalas.
Blessmann (1998) trata dos diversos tipos de ações dinâmicas exercidas pelo vento
em construções civis. Este autor traz, também, os conceitos fundamentais de vibrações
mecânicas de sistemas lineares, conceitua os processos aleatórios, estuda as vibrações
causadas pelo vento e apresenta processos para determinação das forças laterais flutuantes.
Clough e Penzien (1975) apresentam métodos de solução do problema de vibração
de sistemas com um grau de liberdade e para estruturas com vários graus de liberdade.
Além disso, estes autores incluem em sua obra vibrações aleatórias e análises de resposta
das estruturas a terremotos.
4

Para análise do carregamento de vento em uma torre de sistema móvel celular,


Arndt (1999) modelou a estrutura como uma treliça tridimensional e utilizou o Método dos
Elementos Finitos para realização do estudo. Este estudo foi composto por uma análise
estática e por análise dinâmica utilizando um processo simplificado. Arndt (1999) propõe
um re-estudo dos critérios de projeto para torres metálicas de telecomunicações e a
obtenção de modelos mais precisos para carga de vento, e recomenda a análise dinâmica
quantitativa em torres de telecomunicações, pois é possível resolver problemas de
dimensionamento não perceptíveis em análises estáticas.
Qu, Chen e Xu (2001) apresentam um método analítico racional para determinar a
resposta dinâmica à vibração causada pelo vento em torres que possuam amortecedores à
fricção, além de investigarem a eficiência destes amortecedores.
Segundo Harikrishna (1999), a maioria dos códigos internacionais recomenda o
GRF (sigla em inglês para Fator de Resposta a uma Rajada) calculado por uma
aproximação semi-analítica considerando apenas a coordenada modal. As exceções são a
norma Britânica (BS) e a norma Australiana (AS) para treliça metálica. Harikrishna (1999)
comparou os valores obtidos ao se considerar a norma Britânica, Australiana e Indiana (IS)
em uma torre metálica treliçada de 52 m de altura sob carregamento de vento.
Guimarães e Brito (2000) avaliaram o comportamento dinâmico e estático das
torres metálicas autoportantes. A avaliação estática foi desenvolvida a partir de um
programa computacional. Para avaliar o comportamento dinâmico utilizaram o método de
simulação de Monte Carlo. Este método consiste basicamente na simulação de rajadas de
vento a partir de um vento médio local e a aplicação dessas rajadas em um ponto comum
da torre.
De acordo com Silva (2001), o emprego dos métodos tradicionais para análise
estrutural de torres de telecomunicações e de transmissão de energia elétrica avalia estas
estruturas como treliças simples. Silva (2001) recomenda a modelagem das torres
metálicas através do emprego de elementos finitos de vigas espaciais e a modelagem das
barras da estrutura associadas ao contraventamento por elementos finitos de treliça.
Segundo Mikitarenko e Perelmuter (1998), o estudo do problema de fadiga é muito
importante para torres altas, pois o carregamento causado pelo vento é o mais comum e
causa vibração da estrutura. A vida útil da estrutura depende do dano acumulado nos
membros ou seções. Através de seus estudos, Mikitarenko e Perelmuter (1998)
5

conseguiram estimar o tempo de vida útil para algumas torres metálicas existentes no
território da antiga União Soviética.
Baranov e Zevin (1998) descrevem um sistema aplicado para o dimensionamento
de torres metálicas de linhas de transmissão utilizando um programa computacional e uma
base de dados.
Labegalini (1992) indica tipos estruturais e tipos construtivos de fundações para
torres de transmissão, os quais podem ser utilizados no projeto das torres de
telecomunicações, por terem projetos semelhantes.
A norma NBR 6123 (1987) apresenta as condições exigíveis para a consideração
das forças devidas à ação estática e dinâmica do vento em edificações.
A norma NBR 8800 (1986) baseia-se no método dos estados limites para o
dimensionamento de estrutura metálica e fixa as condições exigíveis que o projeto deve
obedecer.
Pfeil e Pfeil (2000) e Andrade (2000) fornecem as bases para o entendimento dos
fenômenos envolvidos para correta aplicação dos critérios de projeto pertinentes a
estruturas de aço, focalizando a norma brasileira.
6

3 VIBRAÇÕES MECÂNICAS

Uma vibração mecânica é o movimento de um ponto material ou de um corpo que


oscila em torno de sua posição de equilíbrio (Beer e Johnston, 1991). Todos os corpos que
possuem massa e rigidez podem entrar em vibração. Uma vibração mecânica é geralmente
produzida quando um sistema é deslocado de sua posição de equilíbrio estável. O intervalo
de tempo necessário para o sistema completar um ciclo inteiro do movimento é
denominado período de vibração (T), e seu inverso é denominado freqüência de vibração
(f). O movimento harmônico (senoidal e co-senoidal) é o caso mais simples de movimento
periódico.
Segundo Blessmann (1998), um movimento vibratório pode ser linear ou não linear.
Para o movimento vibratório linear, é válido o princípio da superposição e o tratamento
matemático é relativamente simples. Em vibrações não lineares, o princípio da
superposição não é válido e o tratamento matemático é mais complexo. Para grandes
amplitudes de oscilação, mesmo os sistemas considerados lineares apresentam alguma não
linearidade, a qual cresce com o aumento das amplitudes, fazendo com que os resultados
obtidos com um modelo matemático linear afastem-se cada vez mais dos valores reais.
Quando as vibrações não recebem ação de forças exteriores ao sistema são
classificadas como livres, mas se o sistema receber ação de forças exteriores, então as
vibrações são classificadas como forçadas. Um sistema em vibração livre irá oscilar em
uma ou mais de suas freqüências naturais. Para uma vibração forçada causada por uma
força excitadora harmônica, a vibração ocorrerá na mesma freqüência desta. Se esta
freqüência coincidir com uma das freqüências naturais do sistema, haverá uma ampliação
progressiva das amplitudes (ressonância), com seu valor máximo dependendo do
amortecimento do sistema.
Todas as vibrações recebem efeito de atrito ou de dissipadores de energia, mas
quando este efeito pode ser desprezado, as vibrações são chamadas não amortecidas.
Quando o amortecimento não pode ser desprezado, as vibrações são denominadas
amortecidas. Um tipo de amortecimento de especial interesse é o amortecimento viscoso
causado pelo atrito fluido a baixas e moderadas velocidades. Este amortecimento possui
7

como característica o fato de que a força de atrito é diretamente proporcional à velocidade


do corpo em movimento (Beer e Johnston, 1991).
Nos sistemas em vibração ocorre dissipação de energia. A descrição real da força
de amortecimento associada a esta dissipação de energia é bastante complexa. Na prática
utilizam-se modelos matemáticos de fácil tratamento, pois vários fatores influem na
determinação desta dissipação, como por exemplo, deslocamentos, velocidades, tensões,
tipos e quantidades das ligações entre elementos estruturais, materiais, etc.
O número mínimo de coordenadas independentes necessárias para descrever o
movimento de um sistema é indicado através do número de graus de liberdade. Um sistema
em vibração livre, com vários graus de liberdade, em geral executa um movimento
periódico complexo, com diversas componentes de freqüência. Entretanto, esta vibração
também pode ocorrer em movimentos harmônicos simples, os quais são os principais
modos de vibração.

3.1 SISTEMAS COM UM GRAU DE LIBERDADE

De acordo com Clough e Penzien (1975), as propriedades físicas essenciais de


qualquer sistema estrutural elástico linear sujeito a esforços dinâmicos incluem sua massa,
suas propriedades elásticas (flexibilidade ou rigidez), seu mecanismo de dissipação de
energia, ou amortecimento, e uma fonte externa de excitação ou carregamento. No modelo
de um sistema com um grau de liberdade (sistema SDOF), cada uma destas propriedades é
considerada concentrada em um único elemento físico. Um esboço deste sistema é
apresentado na figura 3.1-a.
A massa total (m) deste sistema é representada pelo bloco rígido. A força da
gravidade age na direção de deslocamento (x). A resistência elástica ao deslocamento é
realizada pela mola, a qual é considerada sem massa e possui uma rigidez k, enquanto que
o mecanismo de dissipação de energia é representado pelo amortecedor (c). A força
externa responsável pela resposta dinâmica deste sistema é um carregamento variável com
o tempo (f(t)).
8

FIGURA 3.1 – SISTEMA MASSA-MOLA-AMORTECEDOR

FONTE: Blessmann (1998)


NOTAS: (a) componentes básicas;
(b) forças em equilíbrio.

As forças atuantes no bloco estão representadas na figura 3.1-b, e a equação 3.1


representa a equação de equilíbrio deste fenômeno. Se o bloco proporcionar um
deslocamento infinitesimal δx (o único deslocamento possível), estas forças irão realizar
trabalho.
m&x&(t) + cx& (t) + kx(t) = f(t) (3.1)

FIGURA 3.2 – SISTEMA MASSA-MOLA

FONTE: Blessmann (1998)


NOTAS: (a) componentes básicas;
(b) forças em equilíbrio.

O sistema da figura 3.2-a está sujeito a uma vibração livre não amortecida,
resultando em f(t) = 0 e c = 0. A equação 3.2 descreve o equilíbrio do bloco, cujas forças
atuantes são representadas na figura 3.2-b.
m&x&(t) + kx(t) = 0 (3.2)
9

3.2 SISTEMAS COM VÁRIOS GRAUS DE LIBERDADE

Segundo Blessmann (1998), o número de graus de liberdade de um sistema é igual


ao número de coordenadas independentes necessárias para descrever seu movimento.
Geralmente, uma oscilação livre ocorre simultaneamente em várias freqüências naturais.
Mas, sob certas condições, todas as coordenadas estarão em movimentos harmônicos com
uma mesma freqüência natural. Este será um modo natural de vibração. Um sistema com n
graus de liberdade terá n freqüências naturais e poderá oscilar em n distintos modos
normais ou naturais.
A figura 3.3-a representa um sistema massa-mola com 2 graus de liberdade, o qual
pode ser descrito por duas coordenadas independentes de deslocamento, x1 e x2 . Estas
coordenadas medem os deslocamentos das massas m1 e m2 a partir de suas posições de
equilíbrio.

FIGURA 3.3 – SISTEMA MASSA-MOLA COM DOIS GRAUS DE LIBERDADE

FONTE: Blessmann (1998)


NOTAS: (a) componentes básicas;
(b) forças em equilíbrio.

As forças atuantes neste sistema não amortecido estão representadas na figura 3.3-
b, e seu equilíbrio é representado, para um sistema com n graus de liberdade, na forma
matricial, conforme a equação 3.3.
10

[M ]{&x&} + [K]{x} = {f (t )} (3.3)

onde:
[M ] : matriz das massas;
[K] : matriz de rigidez;
{&x&} : vetor coluna das acelerações;
{x} : vetor coluna dos deslocamentos;
{f (t )} : vetor coluna das forças.

Para oscilações livres não amortecidas tem-se {f(t)} = {0}, resultando na equação
3.4.

[M ]{&x&} + [K]{x} = {0} (3.4)


11

4 VENTO

Em torres de telecomunicações, o principal carregamento atuante é devido à ação


do vento. A determinação da intensidade de carga provocada por este fenômeno depende
de diversos parâmetros, como por exemplo, a velocidade máxima do vento que pode
ocorrer durante a vida útil da estrutura e o tempo de atuação de uma rajada de vento.
Segundo Blessmann (1974), a velocidade máxima do vento atuante durante a vida
útil de uma estrutura é um problema aleatório. Geralmente, quanto maior o período de
registros maior será a velocidade máxima registrada.
Para solucionar este problema, busca-se determinar estatisticamente, através de um
tempo de recorrência, o número médio de ocorrência de qualquer velocidade do vento que
se queira, ou, depois de prefixada a vida útil da estrutura, determinar a velocidade máxima
do vento que tem uma certa probabilidade de ocorrer ao menos uma vez nesse período.
A velocidade máxima do vento não é o único fator importante na determinação do
carregamento atuante na estrutura. É necessário, também, um certo tempo de atuação da
rajada de vento para que se desenvolvam forças aerodinâmicas e para que a estrutura reaja
e se desenvolvam tensões no material. Em estruturas muito altas ou muito extensas, a força
do vento não se desenvolverá simultaneamente em toda a sua extensão, mas o período de
duração da rajada de vento necessário para despertar reação da estrutura será maior que o
período de duração da rajada necessário em estruturas de menor porte.
As rajadas ocorrem em uma seqüência aleatória de freqüência e intensidade. Para
estruturas flexíveis, susceptíveis à vibração, não se pode calcular a velocidade básica do
vento baseando-se em uma carga de vento constante, mesmo adotando o pico máximo de
rajada para velocidade de cálculo, pois a resposta dinâmica da estrutura à seqüência de
rajadas pode causar solicitações maiores no material. Este processo é denominado espectro
de rajada e, segundo a norma NBR 6123 (1987), atualmente só é utilizado em estruturas
muito flexíveis, com períodos naturais de vibração superiores a 1 segundo.
Próximo à superfície terrestre, o vento é influenciado pela rugosidade do terreno,
constituindo-se uma camada limite, na qual a velocidade do vento é variável. Esta
rugosidade é devida à topografia local e à altura das estruturas em geral. A partir de uma
certa altura, que varia de 300 a 600 metros, o vento é denominado vento gradiente, pois
12

está fora da camada limite e a sua velocidade é constante. Estruturas em geral estão na
faixa de velocidade variável, sofrendo ação da turbulência e do perfil de velocidade do
vento, que são função, principalmente, da rugosidade do terreno.

4.1 FORÇAS ESTÁTICAS DEVIDAS AO VENTO

De acordo com a norma NBR 6123 (1987), a velocidade básica do vento (V0 ),
adequada ao local onde a estrutura será construída, é a velocidade de uma rajada de 3
segundos, excedida ao menos uma vez em 50 anos, a 10 metros acima do terreno, em
campo aberto e plano. Portanto esta velocidade varia conforme a região de estudo. Admite-
se ainda que o vento básico pode soprar de qualquer direção horizontal.
A figura 4.1 mostra a variação de V0 para as diferentes regiões do Brasil, através
das isopletas da velocidade básica do vento. As isopletas são linhas sobre as quais admite-
se que o vento possui a mesma velocidade básica. Para determinar a velocidade básica do
vento entre as isopletas, faz-se uma interpolação.
A velocidade característica (Vk ) do vento para uma região específica é obtida ao
multiplicar-se V0 pelo fator topográfico (S1 ), pelo fator de rugosidade do terreno (S2 ) e
pelo fator estatístico (S3 ), resultando na equação 4.1. Estes fatores permitem a correção da
velocidade básica em função da topografia, rugosidade e grau de importância reais
relacionadas à estrutura e ao terreno onde ela será implantada.

Vk = V0 S1S 2 S 3 (4.1)
13

FIGURA 4.1 – ISOPLETAS DA VELOCIDADE BÁSICA DO VENTO

FONTE: NBR 6123 (1987)


NOTA: Valores em m/s.

O fator S1 considera as variações do relevo do terreno. Este fator é igual a 1,0 para
terrenos planos ou fracamente acidentados, e igual a 0,9 para vales profundos, protegidos
de ventos de qualquer direção. Quando a edificação se localizar no topo de taludes ou de
morros, conforme o ponto B da figura 4.2, o fator topográfico será função da altura da
edificação (z) e da diferença de nível entre a base e o topo do talude/morro (d). Se o ângulo
14

de inclinação do talude/morro (θ) for superior a 3º, S1 será calculado conforme a tabela 4.1.
Se o ângulo de inclinação do talude/morro for igual ou inferior a 3º, o fator S1 será igual a
1,0.
FIGURA 4.2 – FATOR TOPOGRÁFICO

FONTE: NBR 6123 (1987)

TABELA 4.1 – FATOR TOPOGRÁFICO EM FUNÇÃO DA ALTURA DA EDIFICAÇÃO

Inclinação do talude/morro (θ) Fator topográfico (S1 )

θ ≤ 3º S1 (z) = 1,0

S1 (z) = 1,0 +  2,5 −  tan (è − 3º) ≥ 1


z
6º ≤ θ ≤ 17º
 d

S1 (z) = 1,0 +  2,5 − 0,31 ≥ 1


z
θ ≥ 45º
 d
FONTE: NBR 6123 (1987)
NOTAS: Expressões válidas apenas para o ponto B da figura 4.2. Entre os pontos A e B e entre os
pontos B e C da figura 4.2, S1 é obtido por interpolação linear;
Interpolar linearmente para 3º < θ < 6º e 17º < θ < 45º.
15

O fator S2 considera o efeito combinado da rugosidade do terreno, da variação da


velocidade do vento com a altura acima do terreno e das dimensões da edificação em
consideração. A rugosidade do terreno é classificada em cinco categorias, as quais são
apresentadas na tabela 4.2.

TABELA 4.2 – CLASSIFICAÇÃO DA RUGOSIDADE DO TERRENO


Cota média do topo
Categoria Características
dos obstáculos
Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5
I km de extensão, medidas na direção e sentido do vento -
incidente.

Terrenos abertos em nível ou aproximadamente em nível,


II com poucos obstáculos isolados, tais como árvores e ≤ 1,0 m
edificações baixas.
Terrenos planos ou ondulados com obstáculos tais como
III sebes e muros, poucos quebra-ventos de árvores, 3,0 m
edificações baixas e esparsas.
Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco
espaçados, em zona florestal, industrial ou urbanizada.
IV Esta categoria também inclui zonas com obstáculos 10 m
maiores e que ainda não possam ser considerados na
Categoria V.

Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes,


V 25 m
altos e pouco espaçados.
FONTE: NBR 6123 (1987)

É necessário, também, considerar algumas partes da edificação para determinação


das ações do vento. A consideração destas partes depende de características construtivas ou
estruturais que originem pouca ou nenhuma continuidade estrutural ao longo da edificação.
Baseado nisso, as edificações são classificadas conforme a tabela 4.3.
16

TABELA 4.3 – CLASSIFICAÇÃO DA EDIFICAÇÃO


Intervalo de tempo
Fator de rajada
Classe Características para cálculo da
(Fr)
velocidade média
Todas as unidades de vedação, seus elementos de
fixação e peças individuais de estruturas sem
A 3s 1,00
vedação. Toda edificação na qual a maior
dimensão horizontal ou vertical não exceda 20 m.
Toda edificação ou parte de edificação para a
B qual maior dimensão horizontal ou vertical da 5s 0,98
superfície frontal esteja entre 20 m e 50 m.

Toda edificação ou parte de edificação para a


C qual a maior dimensão horizontal ou vertical da 10 s 0,95
superfície frontal exceda 50 m.
FONTE: NBR 6123 (1987)

O fator S2 é obtido através da expressão 4.2, a qual é válida até a altura gradiente
(zg), sendo z a altura, em metros, medida a partir da superfície do terreno no ponto
considerado. O parâmetro meteorológico (b) e o expoente da lei potencial de variação de
S2 (p) são relativos à categoria de rugosidade do terreno e à classe da edificação e são
fornecidos na tabela 4.4. O fator de rajada (Fr) depende apenas da classe da edificação e é
fornecido na tabela 4.3.
p

S2 = bFr  
z
(4.2)
 10 

TABELA 4.4 – PARÂMETROS METEOROLÓGICOS


Classe
Categoria zg (m) Parâmetro
A B C
b 1,100 1,110 1,120
I 250
p 0,060 0,065 0,070
b 1,000 1,000 1,000
II 300
p 0,085 0,090 0,100
b 0,940 0,940 0,930
III 350
p 0,100 0,105 0,115
b 0,860 0,850 0,840
IV 420
p 0,120 0,125 0,135
b 0,740 0,730 0,710
V 500
p 0,150 0,160 0,175
FONTE: NBR 6123 (1987)
17

O fator S3 é baseado em conceitos estatísticos, e considera o grau de segurança


requerido e a vida útil da edificação. Na ausência de uma norma específica sobre segurança
nas edificações, ou de indicações correspondentes na norma estrutural, os valores mínimos
para S3 são indicados na tabela 4.5.

TABELA 4.5 – VALORES MÍNIMOS DO FATOR ESTATÍSTICO


Grupo Descrição S3

Edificações cuja ruína total ou parcial pode afetar a segurança ou


possibilidade de socorro a pessoas após uma tempestade
1 1,10
destrutiva (hospitais, quartéis de bombeiros e de forças de
segurança, centrais de comunicação, etc).

Edificações para hotéis e residências.


2 Edificações para comércio e industria com alto fator de 1,00
ocupação.

Edificações e instalações industriais com baixo fator de ocupação


3 0,95
(depósitos, silos, construções rurais, etc).

4 Vedações (telhas, vidros, painéis de vedação, etc). 0,88


Edificações temporárias. Estruturas dos Grupos 1 a 3 durante
5 0,83
construção.
FONTE: NBR 6123 (1987)

4.1.1 Determinação da Força de Arrasto

A pressão dinâmica do vento (q) é determinada, em N/m2 , através da velocidade


característica (Vk ) pela expressão 4.3.
q = 0,613Vk2 (4.3)

A soma vetorial das forças do vento que atuam sobre uma edificação é denominada
força global (F). De um modo geral, uma componente qualquer da força global é obtida,
em N, ao multiplicar-se o coeficiente de força (C f) pela área de referência (A) e pela
pressão dinâmica (q). Assim sendo, a componente da força global na direção do vento é
denominada força de arrasto (Fa), e é obtida ao se multiplicar o coeficiente de arrasto (C a)
pela área frontal efetiva de uma das faces da torre (Ae) e pela pressão dinâmica (q),
resultando na expressão 4.4.
18

Fa = C a qA e (4.4)

A área frontal efetiva (Ae) é a área da projeção ortogonal das barras de uma das
faces da torre reticulada sobre um plano paralelo a esta face. O coeficiente de arrasto, para
torres reticuladas compostas por barras prismáticas de seção circular, é obtido através dos
ábacos das figuras 4.3, 4.4 e 4.5 em função do número de Reynolds (Re), o qual é
calculado através da equação 4.5.
Re = 70000Vk d (4.5)
onde:
Vk = velocidade característica do vento (m/s);
d = diâmetro das barras da treliça (m).

A partir de um determinado valor de Re é preciso conhecer também o índice de


área exposta (φ). O índice de área exposta é igual à área frontal efetiva do reticulado
dividida pela área frontal da superfície limitada pelo contorno do mesmo reticulado.

FIGURA 4.3 – COEFICIENTE DE ARRASTO PARA TORRES RETICULADAS DE SEÇÃO


TRIANGULAR EQUILÁTERA FORMADAS POR BARRAS DE SEÇÃO
CIRCULAR

FONTE: NBR 6123 (1987)


NOTA: Vento em qualquer direção.
19

FIGURA 4.4 – COEFICIENTE DE ARRASTO PARA TORRES RETICULADAS DE SEÇÃO


QUADRADA FORMADAS POR BARRAS DE SEÇÃO CIRCULAR

FONTE: NBR 6123 (1987)


NOTA: Vento incidindo perpendicularmente a duas faces paralelas.

FIGURA 4.5 – COEFICIENTE DE ARRASTO PARA TORRES RETICULADAS DE SEÇÃO


QUADRADA FORMADAS POR BARRAS DE SEÇÃO CIRCULAR

FONTE: NBR 6123 (1987)


NOTA: Vento incidindo segundo uma diagonal.
20

Para torres reticuladas constituídas por barras prismáticas de faces planas, com
cantos vivos ou levemente arredondados, os coeficientes de arrasto (C a) são dados pelo
gráfico da figura 4.6. Este ábaco supõe o vento incidindo perpendicularmente a uma das
faces, em torres de seção quadrada mas, caso o vento não incida perpendicularmente, é
apresentado um fator de correção (kα). Para torres de seção triangular eqüilátera não existe
qualquer limitação quanto à direção do vento.

FIGURA 4.6 – COEFICIENTE DE ARRASTO PARA TORRES RETICULADAS DE SEÇÃO


QUADRADA E TRIANGULAR EQÜILÁTERA, FORMADAS POR BARRAS
PRISMÁTICAS DE CANTOS VIVOS OU LEVEMENTE ARREDONDADOS

FONTE: NBR 6123 (1987)

A partir da figura 4.6 foram obtidas relações lineares entre o coeficiente de arrasto e
o índice de área exposta (φ), cujas expressões estão relacionadas nas tabelas 4.6 e 4.7.
21

TABELA 4.6 – COEFICIENTE DE ARRASTO EM FUNÇÃO DO ÍNDICE DE


ÁREA EXPOSTA PARA TORRES RETICULADAS COM
SEÇÃO TRANSVERSAL TRIANGULAR EQÜILÁTERA
Intervalo Expressão
0,0 ≤ φ ≤ 0,4 C a = −3φ + 3,2
0,4 ≤ φ ≤ 0,5 C a = −2φ + 2,8
1
0,5 ≤ φ ≤ 0,7 C a = − φ + 2,05
2
0,7 ≤ φ ≤ 1,0 C a = φ + 1,0
FONTE: O autor
NOTAS: Torres formadas por barras prismáticas de cantos vivos, ou
levemente arredondados;
Relações obtidas com o auxílio da figura 4.6.

TABELA 4.7 – COEFICIENTE DE ARRASTO EM FUNÇÃO DO ÍNDICE


DE ÁREA EXPOSTA PARA TORRES RETICULADAS
COM SEÇÃO TRANSVERSAL QUADRADA COM O
VENTO INCIDINDO PERPENDICULARMENTE
Intervalo Expressão
0,0 ≤ φ ≤ 0,1 C a = −2φ + 3,6
0,1 ≤ φ ≤ 0,2 C a = −5φ + 3,9
0,2 ≤ φ ≤ 0,3 C a = −4φ + 3,7
0,3 ≤ φ ≤ 0,5 C a = −2,5φ + 3,25
0,5 ≤ φ ≤ 0,7 C a = −φ + 2,0
0,7 ≤ φ ≤ 0,8 C a = 1,8
0,8 ≤ φ ≤ 1,0 C a = φ + 1,0
FONTE: O autor
NOTAS: Torres formadas por barras prismáticas de cantos vivos, ou
levemente arredondados;
Relações obtidas com o auxílio da figura 4.6.

Segundo a NBR 6123 (1987), em torres reticuladas constituídas por barras


prismáticas de faces planas e/ou por barras de seção circular de um ou mais diâmetros
diferentes, os respectivos coeficientes são aplicados proporcionalmente às áreas frontais
das respectivas barras. O índice de área exposta refere-se sempre ao conjunto de todas as
barras de uma das faces da torre.
As componentes da força de arrasto nas faces de torres de seção quadrada são
obtidas multiplicando-se Fa pelos valores correspondentes da tabela 4.8, e para torres de
seção triangular eqüilátera, as componentes da força são obtidas ao multiplicar-se Fa pelos
valores correspondentes da tabela 4.9.
22

TABELA 4.8 – COMPONENTES DE FORÇA DE ARRASTO NAS FACES DE TORRES RETICU-


LADAS DE SEÇÃO TRIANGULAR EQUILÁTERA
Direção do vento Comp. Face I Face II Face III

n 0,57 0,11 0,11

II III

t 0,00 0,19 0,19


I

n 0,50 0,00 0,37


II III

t 0,29 0,00 0,21


I

n 0,14 0,14 0,43


II III

t 0,25 0,25 0,00


I

n: componente perpendicular à face


t: componente paralela à face
FONTE: NBR 6123 (1987)
NOTAS: As componentes da força de arrasto são obtidas multiplicando-se Fa pelos valores dados
nesta Tabela.

TABELA 4.9 – COMPONENTES DE FORÇA DE ARRASTO NAS FACES DE TORRES RETICU-


LADAS DE SEÇÃO QUADRADA
Direção do vento Comp. Face I Face II Face III Face IV
III
1 ç
n 0,00 0,00
1+ ç 1+ ç
II IV

I
t 0,00 0,00 0,00 0,00

III

n 0,20 0,20 0,15 0,15


II IV

t 0,20 0,20 0,15 0,15


I

n: componente perpendicular à face


t: componente paralela à face
FONTE: NBR 6123 (1987)
NOTA: As componentes da força de arrasto são obtidas multiplicando-se Fa pelos valores dados
nesta Tabela.
23

As forças do vento nas partes protegidas dos reticulados devem ser multiplicadas
pelo fator de proteção (η), o qual depende do índice de área exposta do reticulado situado
imediatamente a barlavento1 do reticulado em estudo, e do respectivo afastamento relativo
(e/n). Este fator é obtido com o auxílio da figura 4.7.

FIGURA 4.7 – FATOR DE PROTEÇÃO PARA DOIS OU MAIS RETICULADOS PLANOS


PARALELOS IGUALMENTE AFASTADOS

FONTE: NBR 6123 (1987)

A força de arrasto do vento obtida conforme exposto é considerada atuando com


carga estática na estrutura.

1
Região de onde sopra o vento, em relação à edificação.
24

4.2 EFEITOS DINÂMICOS DEVIDOS AO VENTO

A força devida ao vento quando atinge uma edificação gera vibrações na estrutura.
As mais comuns são: vibrações causadas pela energia cinética das rajadas, martelamento,
vibrações por desprendimento dos vórtices e instabilidade aerodinâmica por galope.
Estes efeitos não foram considerados na torre objeto de estudo porque não houve o
intuito de realizar nenhum tipo de análise dinâmica.

4.2.1 Vibrações Causadas Pela Energia Cinética das Rajadas

Segundo Blessmann (1998), baseado em Rausch (1933 e 1973), a pressão dinâmica


média (q ) é acrescida subitamente de um valor qr quando surge uma rajada de vento. Com
o decorrer do tempo surgem novas rajadas, as quais aumentam e diminuem o valor da
pressão dinâmica, mas esta sempre retorna ao valor médio. Com base nas observações
existentes de Rausch, não se pode concluir que exista uma periodicidade das rajadas, nem
que sua duração seja sempre a mesma. Portanto o vento não pode ser considerado como
uma fonte de força periódica, a qual possa causar efeitos perigosos de ressonância. Trata-se
de uma série de cargas e descargas com valores e durações variáveis, separadas por
intervalos desiguais de tempo.
Para uma única rajada, o acréscimo da pressão do vento é considerado como
seguindo uma lei senoidal até alcançar um valor máximo, qr, após um quarto do período da
senoide. A partir deste instante, a carga qr manter-se-ia constante por um certo tempo. De
acordo com Blessmann (1998), Rausch concluiu que para uma dada rajada, a ação
dinâmica do vento aumenta com o período de oscilação natural da estrutura, portanto
quanto mais rígida for uma estrutura (menor período de vibração) menor será o efeito
dinâmico causado por uma rajada.
Ainda segundo Blessmann (1998), se pouco tempo depois da primeira rajada surgir
uma segunda, esta estará incidindo em uma estrutura oscilante, aumentando o
deslocamento da estrutura, o qual é obtido somando as curvas de deslocamento da
oscilação livre da primeira rajada e da oscilação forçada produzida pela segunda rajada. O
25

caso mais desfavorável ocorrerá quando coincidirem, em um dado instante, as amplitudes


máximas das curvas, gerando o fenômeno de ressonância.

4.2.2 Martelamento

Segundo Blessmann (1998), uma edificação situada a sotavento2 de diversos


obstáculos, os quais podem ser naturais ou edificações, estará imersa em uma esteira
gerada por estes obstáculos. Nesta região, a turbulência é do mesmo tipo da turbulência
existente no vento natural incidente nestes obstáculos, com uma grande gama de
freqüências e dimensões de turbilhões.
O fenômeno dinâmico de martelamento ocorre quando uma edificação está situada
na esteira de apenas uma ou de poucas edificações de dimensões semelhantes, as quais
estão situadas em regiões convenientes. Este fenômeno consiste em golpes aplicados à
estrutura, compassadamente, por turbilhões gerados nas edificações a barlavento, com uma
freqüência predominante. O martelamento resulta em uma força excitadora periódica, cujos
efeitos dinâmicos gerados podem ser de maior ou de menor intensidade. Os valores destes
efeitos podem atingir grandes valores quando uma das freqüências naturais da edificação
coincidir com a freqüência dominante dos turbilhões gerados no ou nos obstáculos de
barlavento, resultando no martelamento ressonante.
A intensidade de turbulência do vento incidente também influirá na vibração da
estrutura. Se a intensidade incidente for pequena, haverá pouca influência na esteira da ou
das edificações de barlavento, com vórtices que se desprendem cadenciadamente, os quais
incidirão também cadenciadamente na edificação, dando origem a uma força excitadora
aproximadamente periódica. Caso a intensidade da turbulência incidente seja grande,
haverá uma reorganização dos turbilhões, com a energia passando a se distribuir em uma
quantidade maior de freqüências, resultando em vibrações de menor amplitude.
Portanto, quanto menor a rugosidade do terreno, para um mesmo conjunto de
edificações submetido a um vento de mesma velocidade de referência, maior será a
importância do fenômeno de martelamento (Blessmann, 1998).

2
Região oposta àquela de onde sopra o vento, em relação à edificação.
26

4.2.3 Vibrações por Desprendimento dos Vórtices

Segundo Blessmann (1998), em corpos de forma não aerodinâmica, chamados de


corpos rombudos, localizados em escoamentos com número de Reynolds a partir de
aproximadamente 30, surge um desprendimento alternado de vórtices, com uma freqüência
bem definida. Estes vórtices, denominados vórtices de Kármán, originam forças periódicas
oblíquas em relação à direção do vento médio.
Ao se considerar as componentes destas forças periódicas, as forças alternadas na
direção do vento ocorrem na freqüência do desprendimento individual dos vórtices,
enquanto que as forças alternadas na direção transversal ao vento, denominadas laterais,
ocorrem na freqüência de desprendimento de cada par de vórtices. Ambas as componentes
das forças tendem a produzir oscilações nas direções em que agem.
As forças na direção do vento são pequenas se comparadas com aquelas na direção
transversal ao vento e, na prática, raramente acontecem oscilações na direção do vento por
desprendimento de vórtices alternados.
Em muitas edificações cilíndricas ou quase cilíndricas ocorrem as oscilações
geradas pelas forças periódicas transversais. Cilindros de seção formada por cantos vivos
(retangular, quadrada, triangular e outros) estão propensos a excitações mais fortes por
desprendimento de vórtices do que o próprio cilindro circular, o qual é o tipo mais citado e
estudado.
O sincronismo do desprendimento de vórtices é mantido por pulsos de pressão que
se transmitem de um lado para outro, conforme a figura 4.8-a. Na figura 4.8-b, as placas
situadas na esteira ou as faces laterais do cilindro interceptam os pulsos de pressão,
originando vórtices alternados aleatoriamente desprendidos e não vórtices de Kármán.
27

FIGURA 4.8 – VÓRTICES DE KÁRMÁN E VÓRTICES ALEATÓRIOS

FONTE: Blessmann (1998)

É necessário que o cilindro tenha uma forma rombuda de contorno curvo ou


poligonal e seja de alongamento considerável, e que o escoamento seja de baixa
turbulência e aproximadamente uniforme em sua velocidade média, para que o fenômeno
dos vórtices de Kármán ocorra de modo bem definido e coerente (Blessmann, 1998).
A norma NBR 6123 (1987) apresenta as diretrizes necessárias para
dimensionamento de uma estrutura levando em consideração os fenômenos dinâmicos
causados por desprendimento de vórtices.

4.2.4 Instabilidade Aerodinâmica por Galope

De acordo com Blessmann (1998), Den Hartog sugeriu o nome de galope ao


fenômeno de instabilidade aerodinâmica que pode gerar oscilações em estruturas ou
elementos estruturais leves e flexíveis com pequeno amortecimento. Existe um grande
número de seções na construção civil potencialmente susceptíveis a sofrerem este
28

fenômeno como, por exemplo, prismas de seção quadrada, retangular, triangular,


poligonal, semicircular e cantoneiras.
No galope, com o aumento da velocidade do vento, aumenta a amplitude de
oscilação na direção transversal a este. Durante a oscilação o ângulo de incidência do vento
em relação ao corpo oscilante está mudando continuamente. Caso se desenvolva uma força
na direção e sentido do movimento do corpo, em resposta a esta incidência variável, a
energia será retirada do vento e a oscilação se manterá.
O galope possui como características principais uma intensidade violenta, um
aparecimento súbito quando a velocidade do vento atinge um determinado valor,
denominada velocidade de disparo, aumento da amplitude de vibração com a velocidade
do vento, sem um limite superior e o movimento oscilatório em um modo simples, não
acoplado, perpendicular à direção do vetor velocidade média do vento.
O fenômeno de oscilações por galope e por drapejamento clássico tem origem em
mecanismos aeroelásticos semelhantes, mas existem diferenças importantes entre eles.
Blevins (1977), citado por Blessmann (1998, p. 214), assinala que:

Em asas submetidas a drapejamento clássico, as forças aerodinâmicas podem ser suficientemente


grandes, se comparadas com a massa da asa e inércia da seção, para causar grandes deslocamentos
das freqüências naturais. Nas vibrações por galope as forças aerodinâmicas são usualmente
pequenas, se comparadas com as da estrutura, de modo que deslocamentos da freqüência natural são
geralmente muito pequenos. Além disso, o drapejamento clássico é geralmente produzido pela
interação de um modo de torção com um deslocamento, enquanto que no galope há um único modo.

A maneira como ocorre a vibração por galope, considerando um prisma de seção


quadrada com uma grande relação entre a altura e o lado da base, relação esta denominada
alteamento, em escoamento uniforme ou no caso limite de escoamento bidimensional, é
apresentada na figura 4.9 com o vento incidindo perpendicularmente e com o vento
incidindo obliquamente à face do prisma em repouso.
29

FIGURA 4.9 – FORÇA TRANSVERSAL AO VENTO

FONTE: Blessmann (1998)


NOTAS: (a) Vento incidindo perpendicularmente à face do prisma;
(b) vento incidindo obliquamente à face do prisma.

Caso o vento incida perpendicularmente à face “A” do prisma em repouso,


conforme a figura 4.9-a, ao longo do tempo o contorno médio da esteira será simétrico em
relação à direção do vento incidente, resultando em uma mesma distribuição das pressões
médias temporais nas faces “B” e “D” e na ausência de força aerodinâmica transversal.
Se o prisma se deslocar transversalmente, devido a uma rajada ou por
dy
desprendimento de vórtices, com uma velocidade y' = , o vento incidirá obliquamente,
dt
ocasionando em esteiras laterais diferentes, conforme a figura 4.9-b, onde a esteira da face
“B” torna-se mais estreita e os vórtices presentes originam sucções maiores que no caso
simétrico, e na esteira da face “D” as sucções diminuem. Esta diferença de sucção nas
esteiras gera uma força na direção transversal (Fy ) com o mesmo sentido do deslocamento.
Esta força ocasionará em uma alteração do ângulo de incidência (α) e das sucções nas
faces laterais do prisma, resultando em oscilações maiores tanto quanto for maior a
flexibilidade e menor o amortecimento. O movimento terá sua amplitude elevada até que
haja um equilíbrio entre a energia retirada do escoamento e sua dissipação pelo
amortecimento (Blessmann, 1998).
30

5 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

O Método dos Elementos Finitos surgiu como uma nova possibilidade para resolver
problemas da teoria da elasticidade. Muitos dos problemas e dificuldades apresentados
pelos métodos Rayleigh-Ritz, Galerkin, diferenças finitas, resíduos ponderados e outros,
foram superadas.
Segundo Assan (1999), o Método dos Elementos Finitos prevê a divisão do
domínio de integração, contínuo, em um número finito de pequenas regiões. Estas regiões
são denominadas elementos finitos e transformam o meio contínuo em um meio discreto,
conforme a figura 5.1.

FIGURA 5.1 – REDE DE ELEMENTOS FINITOS

FONTE: Assan (1999)

A formulação do Método dos Elementos Finitos comumente utilizado provém do


método de Rayleigh-Ritz. Assan (1999) cita uma série de trabalhos publicados por Argyris
e Kelsey em meados da década de 50, onde a formulação matricial do método de Rayleigh-
Ritz ficou definitivamente determinada e foi aplicada para analisar fuselagens e asas de
avião, principalmente, simulando-as como constituídas por barras e painéis. Também é
citado por Assan (1999) a publicação de um trabalho de Turner, Clough, Martin e Topp em
1956, o qual estabeleceu a atual formulação do Método dos Elementos Finitos. Assan
(1999) comenta, ainda, sobre um artigo de Clough publicado em 1980, o qual descreve em
detalhes sua participação no desenvolvimento deste método.
31

Denomina-se rede ou malha de elementos finitos a divisão do domínio de


integração. Ao variar o tamanho dos elementos finitos, a malha do reticulado também irá
variar. Chama-se nó um ponto de interseção qualquer dessa rede (Assan, 1999).
Segundo Assan (1999), no método dos elementos finitos as funções admissíveis são
definidas no domínio de cada elemento finito, ao invés de buscar uma função admissível
que satisfaça as condições de contorno para todo o domínio.
Apenas com a rápida evolução e expansão dos computadores o Método dos
Elementos Finitos passou a ser difundido e aplicado em diversas áreas. Atualmente,
existem vários programas computacionais comerciais de uso corrente em diversas áreas do
conhecimento, que utilizam este método para realizar análises linear e não-linear (Assan,
1999). Dentre estes, figura o software ANSYS 5.6, versão educacional, utilizado neste
trabalho devido à disponibilidade.
Este programa computacional foi aplicado para realizar a análise linear estática e
análise modal da torre objeto de estudo. As notas de aula de Hecke e Arndt (2001) e os
exemplos de análise dinâmica utilizando ANSYS de Arndt (2002) serviram como apoio na
elaboração do modelo.
32

6 APLICAÇÃO

O objeto de estudo é uma torre autoportante de 30 metros de altura com seção


transversal triangular eqüilátera cedida pela empresa Seccional Brasil S/A. O perfil da torre
é apresentado na figura 6.1.

FIGURA 6.1 – PERFIL DA TORRE ANALISADA

FONTE: Seccional Brasil S/A


33

Os montantes até a altura de 6 metros desta torre são em tubos cônicos e os demais
montantes são em tubos cilíndricos. Ambos os tubos são compostos por aço de alta
resistência mecânica (limite de escoamento igual a 373 MPa) e à corrosão. As treliças são
em perfis tipo cantoneira, em aço ASTM A36, com um limite de escoamento igual a 250
MPa.
Esta torre foi projetada pela Seccional Brasil S/A para uma região com os seguintes
parâmetros: vento operacional de 100 km/h, velocidade básica do vento de 30 m/s, fator S1
igual a 1,10, fator S2 para rugosidade do terreno de categoria II e edificação de classe B,
fator S3 igual a 1,10 e um coeficiente de arrasto da estrutura igual a 1,6.
Os carregamentos considerados para a torre foram: pesos de pessoal e
equipamentos de montagem, situados na cota de 30 m, igual a 430 kgf, antenas situadas na
cota de 30 m, com área de 4,08 m2 e peso de 300 kgf, três plataformas com área de 0,30 m2
e com pesos de 60 kgf situadas nas cotas de 30 m, 25 m e 18 m, e, escadas, esteiras e cabos
com área de 0,25 m2 /m e peso igual a 26 kgf/m.
Com base na região de projeto e nos carregamentos considerados, os seguintes
resultados foram apresentados pela empresa: esforço de tração máximo igual a 144,0 kN,
esforço de compressão máximo igual a 170,4 kN, esforço horizontal máximo igual a 9,0
kN e peso total igual a 32,1 kN.
Os fatores para cálculo do esforço devido à ação do vento utilizados nesta aplicação
são diferentes dos utilizados pelo projeto original da torre, porque não se pretende
comparar os resultados obtidos neste trabalho com os fornecidos pelo fabricante, mas
verificar os diferentes esforços que a torre sofre com a mudança de direção do vento.

6.1 CARGAS ATUANTES

A torre em estudo sofrerá ao longo de sua vida útil basicamente dois tipos de
carregamento: causado pelo vento e causado pelo peso próprio da estrutura. Outros
carregamentos, como por exemplo, o causado por pessoal e equipamentos de montagem,
podem ocorrer, mas não serão considerados nesta análise do modelo porque dificilmente o
carregamento máximo devido ao vento ocorrerá durante a instalação dos equipamentos ou
durante a manutenção da torre de telecomunicações.
34

6.1.1 Cálculo do Peso Próprio da Estrutura

A torre foi dividida em cinco módulos (conforme figura 6.4 e anexo), pois as peças
metálicas utilizadas não possuem as mesmas dimensões ao longo de toda estrutura. Cada
módulo possui 6 metros de altura. A tabela 6.1 apresenta as dimensões dos tubos
cilíndricos cônicos utilizados nos montantes da torre em cada módulo e a tabela 6.2
apresenta as dimensões das cantoneiras utilizadas nas treliças de cada módulo.

TABELA 6.1 – DIMENSÕES DOS TUBOS CILINDRÍCOS CÔNICOS

∅ topo ∅ base e Atopo,ext Atopo,int Abase,ext Abase,int Atopo,util Abase,util


Módulo
(m) (m) (m) (m2 ) (m2 ) (m2 ) (m2 ) (m2 ) (m2 )
1 0,101 0,101 0,00265 8,01E-03 7,60E-03 8,01E-03 7,60E-03 4,15E-04 4,15E-04
2 0,101 0,101 0,00265 8,01E-03 7,60E-03 8,01E-03 7,60E-03 4,15E-04 4,15E-04
3 0,114 0,114 0,00300 1,02E-02 9,68E-03 1,02E-02 9,68E-03 5,30E-04 5,30E-04
4 0,127 0,127 0,00300 1,27E-02 1,21E-02 1,27E-02 1,21E-02 5,91E-04 5,91E-04
5 0,135 0,150 0,00300 1,43E-02 1,37E-02 1,77E-02 1,70E-02 6,29E-04 7,00E-04
FONTE: O autor
NOTAS: ∅topo = diâmetro do topo do tubo;
∅base = diâmetro da base do tubo;
e = espessura do montante;
Atopo,ext = área externa do topo do tubo;
Atopo,int = área interna do topo do tubo;
Abase,ext = área externa da base do tubo;
Abase,int = área interna da base do tubo;
Atopo,útil = área útil do topo do tubo;
Abase,útil = área útil da base do tubo.

TABELA 6.2 – DIMENSÕES DAS CANTONEIRAS


B e
Módulo Dimensões (pol) A (m2 )
pol m pol m
1 L 1,1/2" X 3/16" 1,5 0,0381 0,188 0,00476 3,402E-04
2 L 1,1/2" X 3/16" 1,5 0,0381 0,188 0,00476 3,402E-04
3 L 2" X 3/16" 2,00 0,0508 0,188 0,00476 4,612E-04
4 L 2" X 3/16" 2,00 0,0508 0,188 0,00476 4,612E-04
5 L 2,1/2" X 3/16" 2,50 0,0635 0,188 0,00476 5,822E-04
FONTE: O autor
NOTAS: B = comprimento da aba da cantoneira;
e = espessura da aba da cantoneira;
A = área da seção transversal da cantoneira.

Para o cálculo do peso próprio da estrutura, considerou-se o peso específico do aço


(γa) igual ao utilizado pela empresa: 78500 N/m3 . Os resultados obtidos para o peso dos
35

tubos cilíndricos cônicos e para o peso das cantoneiras são apresentados, respectivamente,
nas tabelas 6.3 e 6.4.

TABELA 6.3 – PESO DOS TUBOS CILINDRÍCOS CÔNICOS


γa V Peso unit. Peso total
Módulo Quant.
(N/m3 ) (m3 ) (N) (N)
1 78500 2,49E-03 195,42 3 586,27
2 78500 2,49E-03 195,42 3 586,27
3 78500 3,18E-03 249,70 3 749,09
4 78500 3,55E-03 278,55 3 835,66
5 78500 3,99E-03 312,95 3 938,86
FONTE: O autor
NOTAS: V = volume do tubo.

TABELA 6.4 – PESO DAS CANTONEIRAS


Módulo γa l V Peso unit.
Quant.
Peso total
(N/m3 ) (m) (m3 ) (N) (N)
1 78500 2,048 6,968E-04 54,6967 24 1312,72
2 78500 2,048 6,968E-04 54,6967 24 1312,72
3,182 1,468E-03 115,1989 6 691,19
1,692 7,803E-04 61,2560 3 183,77
3 78500
3,376 1,557E-03 122,2224 6 733,33
1,986 9,159E-04 71,8998 3 215,70
3,576 1,649E-03 129,4630 6 776,78
2,3 1,052E-03 82,5435 3 247,63
4 78500
3,784 1,745E-03 136,9933 6 821,96
2,573 1,187E-03 93,1511 3 279,45
3,989 2,322E-03 182,2943 6 1093,77
2,877 1,675E-03 131,4768 3 394,43
5 78500
4,206 2,449E-03 192,2111 6 1153,27
3,168 1,844E-03 144,7752 3 434,33
FONTE: O autor
NOTAS: l = comprimento da cantoneira;
V = volume da cantoneira.

Somando-se o peso de todos os tubos e de todas as cantoneiras, obteve-se um peso


da estrutura total igual a 13,35 kN. Adicionando, ainda, o peso das três plataformas (600 N
cada), de escada/esteira/cabos (260 N/m) e da antena (3000 N), obteve-se o peso próprio
final da estrutura. Estes resultados são apresentados na tabela 6.5.
36

TABELA 6.5 – PESO PRÓPRIO DA ESTRUTURA


Peso de Peso das
Peso da estrutura Peso da antena Peso total
Módulo escada/esteira/cabos plataformas
(N) (N) (N)
(N) (N)
1 1898,99 1560,00 600,00 3000,00 7058,99
2 1898,99 1560,00 1200,00 - 4658,99
3 2573,09 1560,00 - - 4133,09
4 2961,48 1560,00 - - 4521,48
5 4014,65 1560,00 - - 5574,65
FONTE: O autor

A soma dos valores da última coluna da tabela 6.5 resulta em 25,95 kN. Esta
diferença com o valor informado pelo fabricante (32,10 kN) ocorre devido a não
consideração do peso de pessoal e equipamentos de montagem (4,30 kN) e de um
coeficiente de 7% sobre o peso da estrutura devido à galvanização da estrutura.
O peso próprio total da estrutura foi distribuído nos nós da estrutura. A tabela 6.6
traz a parcela do peso próprio que cada nó deve suportar.

TABELA 6.6 – DISTRIBUIÇÃO DO PESO PRÓPRIO NOS NÓS


Peso total Quant. Peso/nó
Módulo Quant. faces Quant. Nós
(N) nós/face (N)
1 7058,99 4 3 12 588,249
2 4658,99 4 3 12 388,249
3 4133,09 2 3 6 688,848
4 4521,48 2 3 6 753,579
5 5574,65 2 3 6 929,109
FONTE: O autor

6.1.2 Cálculo da Força de Arrasto do Vento

Para a torre alvo deste estudo, admitiu-se uma região hipotética coberta por
obstáculos numerosos e pouco espaçados em zona urbanizada e considerou-se que a ruína
total ou parcial possa afetar a segurança ou a possibilidade de socorro a pessoas após uma
tempestade destrutiva. Estes dados resultaram em um fator estatístico (S3 ) igual a 1,10 e
em uma edificação de categoria IV e classe B diferente dos utilizados no projeto original.
Geralmente, adota-se um fator topográfico (S1 ) igual a 1,10 para torres. Admitiu-se ainda
uma velocidade básica do vento (V0 ) igual a 45 m/s para uma região no oeste do estado de
Santa Catarina.
37

O fator de rugosidade do terreno (S2 ) é calculado conforme a equação 4.2. Nesta


equação, os parâmetros meteorológicos (b e p) e o fator de rajada (Fr) são constantes,
sendo o único fator variável a cota da edificação (z). Os parâmetros b e p, retirados da
tabela 4.4, são iguais a 0,850 e 0,125, respectivamente. O fator de rajada, extraído da tabela
4.3, é igual a 0,98.
A edificação foi divida em cinco módulos, e para cada módulo calculou-se o fator
S2 . Os valores obtidos são apresentados na tabela 6.7.

TABELA 6.7 – FATOR DE RUGOSIDADE DO TERRENO


z
Módulo Fr b p S2
(m)
1 0,98 0,85 0,125 30,00 0,9556
2 0,98 0,85 0,125 24,00 0,9293
3 0,98 0,85 0,125 18,00 0,8965
4 0,98 0,85 0,125 12,00 0,8522
5 0,98 0,85 0,125 6,00 0,7815
Antena 0,98 0,85 0,125 30,00 0,9556
Plataforma 0,98 0,85 0,125 30,00 0,9556
Plataforma 0,98 0,85 0,125 25,00 0,9341
Plataforma 0,98 0,85 0,125 18,00 0,8965
FONTE: O autor

Com a definição dos fatores S1 , S2 e S3 e de V0 é possível determinar a velocidade


característica (Vk ) do vento para a região de estudo. A velocidade característica do vento é
calculada conforme a equação 4.1 e a pressão dinâmica do vento (q) conforme a equação
4.3. Os resultados destas grandezas, obtidos para cada módulo da torre, são apresentados
na tabela 6.8.

TABELA 6.8 – VELOCIDADE CARACTERÍSTICA E PRESSÃO DINÂMICA DO VENTO


V0 Vk q
Módulo S1 S2 S3
(m/s) (m/s) (N/m2 )
1 45,00 1,10 0,9556 1,10 52,03 1659,69
2 45,00 1,10 0,9293 1,10 50,60 1569,64
3 45,00 1,10 0,8965 1,10 48,81 1460,71
4 45,00 1,10 0,8522 1,10 46,40 1319,90
5 45,00 1,10 0,7815 1,10 42,55 1109,90
Antena 45,00 1,10 0,9556 1,10 52,03 1659,69
Plataforma 45,00 1,10 0,9556 1,10 52,03 1659,69
Plataforma 45,00 1,10 0,9341 1,10 50,86 1585,74
Plataforma 45,00 1,10 0,8965 1,10 48,81 1460,71
FONTE: O autor
38

O coeficiente de arrasto da estrutura (C a) depende do número de Reynolds (Re) e do


índice de área exposta (φ). Re é calculado conforme a equação 4.5 e φ é igual à área frontal
efetiva do reticulado (Ae) dividida pela área frontal da superfície limitada pelo contorno do
reticulado (Ac). A tabela 6.9 apresenta os valores de Ac, Ae, φ e Re para cada módulo da
torre.

TABELA 6.9 – ÍNDICE DE ÁREA EXPOSTA E NÚMERO DE REYNOLDS


Ac Ae
Módulo φ Re
(m2 ) (m2 )
1 10,84 3,94 0,364 3,67877E+05
2 10,84 3,94 0,364 3,57757E+05
3 12,70 4,40 0,347 3,89542E+05
4 16,37 4,78 0,292 4,12517E+05
5 20,06 5,49 0,273 4,24448E+05
FONTE: O autor

O coeficiente de arrasto obtido para os montantes da torre (C am) e para as


cantoneiras (C aL) a partir dos ábacos 4.3 e 4.6, respectivamente, são apresentados na tabela
6.10. Esta tabela apresenta ainda o coeficiente de arrasto da estrutura (C a) utilizado, o qual
foi obtido a partir da equação 6.1.
C aL A eL + Cam A em (6.1)
Ca =
Ae

onde:
AeL = área frontal efetiva das cantoneiras (m2 );
Aem = área frontal efetiva dos montantes (m2 ).

TABELA 6.10 – COEFICIENTE DE ARRASTO DA ESTRUTURA


Aem AeL Ae
Módulo Cam CaL Ca
(m2 ) (m2 ) (m2 )
1 0,93 2,11 1,818 2,12 3,94 1,565
2 0,93 2,11 1,818 2,12 3,94 1,565
3 0,94 2,16 2,050 2,35 4,40 1,592
4 0,94 2,32 2,283 2,49 4,78 1,663
5 0,95 2,38 2,562 2,92 5,49 1,712
FONTE: O autor
39

A empresa adotou um coeficiente de arrasto único para toda estrutura igual a 1,6.
Os valores obtidos seguindo-se as recomendações da norma NBR 6123 (1987), apontaram
dois valores superiores aos utilizados pela empresa.
A força de arrasto (Fa) é calculada conforme a equação 4.4. A tabela 6.11 apresenta
os valores da Fa obtidos para cada módulo da torre.

TABELA 6.11 – FORÇA DE ARRASTO


Ae q Fa
Módulo Ca
(m2 ) (N/m2 ) (N)
1 3,94 1,565 1659,69 10240,01
2 3,94 1,565 1569,64 9684,40
3 4,40 1,592 1460,71 10238,42
4 4,78 1,663 1319,90 10486,07
5 5,49 1,712 1109,90 10425,45
FONTE: O autor

Para a antena e plataformas, adotou-se o coeficiente de arrasto igual a 1,6, obtendo-


se o valor da força de arrasto de forma mais direta. Os valores são apresentados na tabela
6.12.

TABELA 6.12 – FORÇA DE ARRASTO NA ANTENA E NAS PLATAFORMAS


z Ae q Fa
Objeto Ca
(m) (m2 ) (N/m2 ) (N)
Antena 30,00 4,08 1,600 1659,69 10834,45
Plataforma 30,00 0,30 1,600 1659,69 796,65
Plataforma 25,00 0,30 1,600 1585,74 761,15
Plataforma 18,00 0,30 1,600 1460,71 701,14
FONTE: O autor

A força de arrasto total em cada módulo da torre é apresentada na tabela 6.13.

TABELA 6.13 – FORÇA DE ARRASTO TOTAL EM CADA MÓDULO DA TORRE


Módulo Fa (N)
1 21871,10
2 11146,70
3 10238,42
4 10486,07
5 10425,45
FONTE: O autor
40

6.1.2.1 Distribuição da Força de Vento nos Nós da Estrutura

A força de arrasto não se divide uniformemente ao longo de toda estrutura.


Conforme a direção do vento, uma região receberá uma maior intensidade da força do que
outra região. Os três casos de vento incidindo em uma torre triangular eqüilátera,
apresentados pela norma NBR 6123 (1987) são apresentados na figura 6.2.

FIGURA 6.2 – DIREÇÃO DO VENTO

A tabela 4.8 apresenta os coeficientes pelos quais a força de arrasto é multiplicada,


para que se obtenha as componentes normal e paralela da força para cada face da torre.
Os valores das componentes das forças correspondentes à figura 6.2-a são
apresentados na tabela 6.14, os correspondentes à figura 6.2-b na tabela 6.15 e os
correspondentes à figura 6.2-c na tabela 6.16.
41

TABELA 6.14 – FORÇAS RESULTANTES NAS FACES DA TORRE (CASO A)


Fa F face (N)
Módulo Face
(N) n t R
I 12466,53 0,00 12466,53
1 21871,10 II 2405,82 4155,51 4801,69
III 2405,82 4155,51 4801,69
I 6353,62 0,00 6353,62
2 11146,70 II 1226,14 2117,87 2447,20
III 1226,14 2117,87 2447,20
I 5835,90 0,00 5835,90
3 10238,42 II 1126,23 1945,30 2247,79
III 1126,23 1945,30 2247,79
I 5977,06 0,00 5977,06
4 10486,07 II 1153,47 1992,35 2302,16
III 1153,47 1992,35 2302,16
I 5942,51 0,00 5942,51
5 10425,45 II 1146,80 1980,84 2288,85
III 1146,80 1980,84 2288,85
FONTE: O autor
NOTAS: Vento incidindo conforme a figura 6.2-a;
F face = força na face da torre;
n = componente normal da força na face da torre;
t = componente tangencial da força na face da torre;
R = resultante da força na face da torre.

TABELA 6.15 – FORÇAS RESULTANTES NAS FACES DA TORRE (CASO B)


Fa F face (N)
Módulo Face
(N) n t R
I 10935,55 6342,62 12641,80
1 21871,10 II 0,00 0,00 0,00
III 8092,31 4592,93 9304,86
I 5573,35 3232,54 6442,94
2 11146,70 II 0,00 0,00 0,00
III 4124,28 2340,81 4742,26
I 5119,21 2969,14 5917,95
3 10238,42 II 0,00 0,00 0,00
III 3788,21 2150,07 4355,84
I 5243,04 3040,96 6061,09
4 10486,07 II 0,00 0,00 0,00
III 3879,85 2202,08 4461,20
I 5212,72 3023,38 6026,05
5 10425,45 II 0,00 0,00 0,00
III 3857,42 2189,34 4435,41
FONTE: O autor
NOTAS: Vento incidindo conforme a figura 6.2-b;
F face = força na face da torre;
n = componente normal da força na face da torre;
t = componente tangencial da força na face da torre;
R = resultante da força na face da torre.
42

TABELA 6.16 – FORÇAS RESULTANTES NAS FACES DA TORRE (CASO C)


Fa F face (N)
Módulo Face
(N) n t R
I 3061,95 5467,78 6266,75
1 21871,10 II 3061,95 5467,78 6266,75
III 9404,57 0,00 9404,57
I 1560,54 2786,67 3193,87
2 11146,70 II 1560,54 2786,67 3193,87
III 4793,08 0,00 4793,08
I 1433,38 2559,60 2933,62
3 10238,42 II 1433,38 2559,60 2933,62
III 4402,52 0,00 4402,52
I 1468,05 2621,52 3004,58
4 10486,07 II 1468,05 2621,52 3004,58
III 4509,01 0,00 4509,01
I 1459,56 2606,36 2987,21
5 10425,45 II 1459,56 2606,36 2987,21
III 4482,94 0,00 4482,94
FONTE: O autor
NOTAS: Vento incidindo conforme a figura 6.2-c;
F face = força na face da torre;
n = componente normal da força na face da torre;
t = componente tangencial da força na face da torre;
R = resultante da força na face da torre.

Os vértices da torre estão dispostos conforme a figura 6.3. A partir da obtenção das
forças resultantes nestes vértices, foi possível determinar a parcela de força a ser aplicada
em cada nó do modelo.

FIGURA 6.3 – VÉRTICES DA TORRE

Os valores de força por nó da estrutura, correspondentes à figura 6.2-a são


apresentados na tabela 6.17, os correspondentes à figura 6.2-b na tabela 6.18 e os
correspondentes à figura 6.2-c na tabela 6.19.
43

TABELA 6.17 – FORÇA DO VENTO EM CADA NÓ DA ESTRUTURA (CASO A)


F vértices F/nó
Módulo Vértices Quant. nós
(N) (N)
1 8634,11 4 2158,53
1 2 8634,11 4 2158,53
3 4801,69 4 1200,42
1 4400,41 4 1100,10
2 2 4400,41 4 1100,10
3 2447,20 4 611,80
1 4041,85 2 2020,92
3 2 4041,85 2 2020,92
3 2247,79 2 1123,90
1 4139,61 2 2069,81
4 2 4139,61 2 2069,81
3 2302,16 2 1151,08
1 4115,68 2 2057,84
5 2 4115,68 2 2057,84
3 2288,85 2 1144,43
FONTE: O autor
NOTA: Vento incidindo conforme a figura 6.2-a.

TABELA 6.18 – FORÇA DO VENTO EM CADA NÓ DA ESTRUTURA (CASO B)


F vértices F/nó
Módulo Vértices Quant. nós
(N) (N)
1 6320,90 4 1580,23
1 2 10973,33 4 2743,33
3 4652,43 4 1163,11
1 3221,47 4 805,37
2 2 5592,60 4 1398,15
3 2371,13 4 592,78
1 2958,97 2 1479,49
3 2 5136,89 2 2568,45
3 2177,92 2 1088,96
1 3030,55 2 1515,27
4 2 5261,15 2 2630,57
3 2230,60 2 1115,30
1 3013,03 2 1506,51
5 2 5230,73 2 2615,37
3 2217,71 2 1108,85
FONTE: O autor
NOTA: Vento incidindo conforme a figura 6.2-b.
44

TABELA 6.19 – FORÇA DO VENTO EM CADA NÓ DA ESTRUTURA (CASO C)


F vértices F/nó
Módulo Vértices Quant. nós
(N) (N)
1 6266,75 4 1566,69
1 2 7835,66 4 1958,92
3 7835,66 4 1958,92
1 3193,87 4 798,47
2 2 3993,48 4 998,37
3 3993,48 4 998,37
1 2933,62 2 1466,81
3 2 3668,07 2 1834,04
3 3668,07 2 1834,04
1 3004,58 2 1502,29
4 2 3756,80 2 1878,40
3 3756,80 2 1878,40
1 2987,21 2 1493,61
5 2 3735,08 2 1867,54
3 3735,08 2 1867,54
FONTE: O autor
NOTA: Vento incidindo conforme a figura 6.2-c.

6.2 MODELO

O modelo da torre (figura 6.4), para estudo na versão educacional do programa


computacional ANSYS 5.6, foi desenvolvido com o auxílio do software AutoCAD 2002.
A utilização direta dos arquivos gerados em formato CAD no ANSYS não é possível. Para
tanto, é necessária a conversão deste formato para uma base de dados. O aplicativo
Vcondxf versão 2.0, desenvolvido por Marcos Arndt, realiza esta conversão (Hecke e
Arndt, 2001).
Na elaboração do modelo, foram utilizados três elementos do software ANSYS 5.6,
versão educacional: link8, beam44 e mass21. Os elementos link8 e beam44 foram
utilizados tanto na análise linear estática quanto na análise modal e o elemento mass21 foi
utilizado apenas na análise modal.
O elemento link8 é uma haste que pode ser utilizada em várias aplicações em
engenharia. Possuí dois nós e três graus de liberdade em cada nó: translações nas
coordenadas x, y e z.
O elemento beam44 é um elemento uniaxial com tensão, compressão e torsão. O
elemento possui seis graus de liberdade em cada nó: translações nas coordenadas x, y, e z e
45

rotações sobre as coordenadas x, y, e z. Este elemento foi utilizado apenas porque permite
uma seção variável.
Mass21 é um elemento nodal que tem até seis graus de liberdade: translações nas
coordenadas x, y e z e rotações sobre as coordenadas x, y, e z. Na forma como foi
utilizado, este elemento apenas possuía massa.

FIGURA 6.4 – MODELO DA TORRE

MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
MÓDULO 4
MÓDULO 5
46

O modelo é formado por uma treliça espacial composta pelo elemento link8. A
exceção são as colunas do módulo 5, as quais são compostas pelo elemento beam44. O
elemento mass21 foi utilizado na análise modal para representar as massas da antena e das
plataformas.
Para o material componente da estrutura, considerou-se o módulo de elasticidade
longitudinal ou módulo de Young (E) apresentado por Arndt (2002), o qual é igual a 2,05 ×
1011 N/m2 .
Com o modelo carregado no ANSYS, foram realizadas a análise estática linear e a
análise modal da torre.

6.3 ANÁLISE ESTÁTICA

No modelo, aplicou-se o carregamento de peso próprio e de ventos, obtidos no item


6.1.1 e 6.1.2, respectivamente, nos nós do modelo da torre. A figura 6.5 exibe a numeração
dos principais nós do modelo.

FIGURA 6.5 – PRINCIPAIS NÓS DO MODELO


1 47 46
40

30 31
15

13 17
24

9 53
96

4 58
86

1 61
90

NOTA: Apenas os principais nós foram numerados a fim de não carregar demais a figura.
47

As figuras 6.6, 6.7 e 6.8 apresentam os carregamentos de peso próprio e de ventos


para o Caso A, Caso B e Caso C, respectivamente. Os resultados obtidos são apresentados
nos itens a seguir.

FIGURA 6.6 – CARREGAMENTOS DE VENTO E PESO PRÓPRIO (CASO A)


1

NOTA: Vento incidindo conforme figura 6.2-a.

FIGURA 6.7 – CARREGAMENTOS DE VENTO E PESO PRÓPRIO (CASO B)


1

NOTA: Vento incidindo conforme figura 6.2-b.


48

FIGURA 6.8 – CARREGAMENTOS DE VENTO E PESO PRÓPRIO (CASO C)


1

NOTA: Vento incidindo conforme figura 6.2-c.

6.3.1 Reações de Apoio

As tabelas 6.20, 6.21 e 6.22 apresentam as reações de apoio obtidas para o vento
incidindo de acordo com a figura 6.2.

TABELA 6.20 – REAÇÕES DE APOIO (CASO A)


FX FY FZ

(N) (N) (N)
1 -13482 -13205 -1,86E+05
61 13487 -13215 -1,86E+05
90 -5,7991 -38330 3,99E+05
Soma -1,37E-08 -64751 25947
FONTE: O autor
NOTAS: Resultados obtidos com o auxílio do software ANSYS 5.6, versão educacional.
Vento incidindo conforme a figura 6.2-a.
49

TABELA 6.21 – REAÇÕES DE APOIO (CASO B)


FX FY FZ

(N) (N) (N)
1 -27463 -16490 -3,27E+05
61 -28424 16936 3,45E+05
90 -8502,2 -445,58 8647,9
Soma -64389 -1,47E-08 25947
FONTE: O autor
NOTAS: Resultados obtidos com o auxílio do software ANSYS 5.6, versão educacional.
Vento incidindo conforme a figura 6.2-b.

TABELA 6.22 – REAÇÕES DE APOIO (CASO C)


FX FY FZ

(N) (N) (N)
1 14171 13656 2,03E+05
61 -14177 13665 2,03E+05
90 5,523 37044 -3,79E+05
Soma 1,37E-08 64364 25947
FONTE: O autor
NOTAS: Resultados obtidos com o auxílio do software ANSYS 5.6, versão educacional.
Vento incidindo conforme a figura 6.2-c.

Com a comparação das reações de apoio para os três casos de carregamento de


vento analisados, percebe-se que o vento atuante conforme a figura 6.2-a gera as maiores
reações na base da torre.

6.3.2 Deformações

Ao se tomar como referência os nós existentes no topo de cada montante, obteve-se


os deslocamentos máximos no alto da torre. Estes deslocamentos são apresentados na
tabela 6.21 para o vento incidindo conforme a figura 6.2-a, na tabela 6.22 para o vento
incidindo conforme a figura 6.2-b e na tabela 6.23 para o vento incidindo conforme a
figura 6.2-c.

TABELA 6.24 – DESLOCAMENTOS NODAIS NO TOPO DA TORRE (CASO A)


UX UY UZ

(m) (m) (m)
40 2,41E-05 0,66307 -3,77E-02
46 4,09E-05 0,66310 1,70E-02
47 7,32E-06 0,66310 1,70E-02
Valor Absoluto Máximo 3,83E-03 0,66310 -3,77E-02
FONTE: O autor
NOTAS: Resultados obtidos com o auxílio do software ANSYS 5.6, versão educacional
Vento incidindo conforme a figura 6.2-a.
50

TABELA 6.25 – DESLOCAMENTOS NODAIS NO TOPO DA TORRE (CASO B)


UX UY UZ

(m) (m) (m)
40 0,66335 0,214E-03 -1,27E-03
46 0,65720 -3,30E-03 -3,26E-02
47 0,65721 3,72E-03 3,01E-02
Valor Absoluto Máximo 0,66335 -5,84E-03 -3,26E-02
FONTE: O autor
NOTAS: Resultados obtidos com o auxílio do software ANSYS 5.6, versão educacional
Vento incidindo conforme a figura 6.2-b.

TABELA 6.26 – DESLOCAMENTOS NODAIS NO TOPO DA TORRE (CASO C)


UX UY UZ

(m) (m) (m)
40 -2,33E-05 -0,65942 3,49E-02
46 -4,06E-05 -0,65945 -1,94E-02
47 -5,86E-06 -0,65945 -1,94E-02
Valor Absoluto Máximo -4,20E-03 -0,65945 3,49E-02
FONTE: O autor
NOTAS: Resultados obtidos com o auxílio do software ANSYS 5.6, versão educacional
Vento incidindo conforme a figura 6.2-c.

O deslocamento máximo da torre na direção do vento (UX para o caso B e UY para


os casos A e C), ocorre com o vento incidindo conforme a figura 6.2-b, diferentemente das
reações de apoio, as quais foram máximas para o vento incidindo de acordo com a figura
6.2-a.
O programa computacional utilizado gera, também, representações gráficas dos
deslocamentos. Esta representação geralmente ocorre de forma exagerada, para que se
tenha uma noção mais clara do evento.
A representação gráfica da estrutura deformada é apresentada na figura 6.9 para o
vento incidindo de acordo com a figura 6.2-a, na figura 6.10 para o vento incidindo
conforme a figura 6.2-b, na figura 6.11 para o vento incidindo conforme a figura 6.2-c.
51

FIGURA 6.9 – ESTRUTURA DEFORMADA (CASO A)


1 ANSYS 5.6
OCT 19 2002
08:57:34
DISPLACEMENT
STEP=1
SUB =1
TIME=1
PowerGraphics
EFACET=1
AVRES=Mat
DMX =.664139

DSCA=2.256
XV =-.866025
YV =.5
*DIST=16.375
*XF =1752
*YF =3034
*ZF =15.005
A-ZS=.854E-06
Z-BUFFER

NOTA: Vento incidindo conforme figura 6.2-a.

FIGURA 6.10 – ESTRUTURA DEFORMADA (CASO B)


1 ANSYS 5.6
OCT 19 2002
08:59:28
DISPLACEMENT
STEP=1
SUB =1
TIME=1
PowerGraphics
EFACET=1
AVRES=Mat
DMX =.663352

DSCA=2.259
YV =-.965926
ZV =-.258819
*DIST=16.635
*XF =1752
*YF =3034
*ZF =15.32
A-ZS=180
Z-BUFFER

NOTA: Vento incidindo conforme figura 6.2-b.


52

FIGURA 6.11 – ESTRUTURA DEFORMADA (CASO C)


1 ANSYS 5.6
OCT 19 2002
09:01:17
DISPLACEMENT
STEP=1
SUB =1
TIME=1
PowerGraphics
EFACET=1
AVRES=Mat
DMX =.660342

DSCA=2.269
XV =-.866025
YV =-.5
*DIST=16.442
*XF =1752
*YF =3034
*ZF =15.025
A-ZS=.854E-06
Z-BUFFER

NOTA: Vento incidindo conforme figura 6.2-c.

6.3.3 Esforços Máximos

As tabelas 6.27, 6.28 e 6.29 apresentam os esforços máximos de compressão e de


tração para os montantes e para as treliças de cada módulo do modelo para o vento
incidindo conforme os três casos apresentados na figura 6.2.

TABELA 6.27 –ESFORÇOS MÁXIMOS NAS BARRAS (CASO A)


Montantes Treliças
Módulo Compressão Tração Compressão Tração
(N) (N) (N) (N)
1 -45595 19633 -9702,2 7282,5
2 -159680 74347 -14027 12335
3 -240220 112310 -14606 12316
4 -313310 146600 -13543 12189
5 -383050 178680 -13630 12682
FONTE: O autor
NOTAS: Resultados obtidos com o auxílio do software ANSYS 5.6, versão educacional
Vento incidindo conforme a figura 6.2-a.
53

TABELA 6.28 – ESFORÇOS MÁXIMOS NAS BARRAS (CASO B)


Montantes Treliças
Módulo Compressão Tração Compressão Tração
(N) (N) (N) (N)
1 -39578 35214 -9223,5 9084,7
2 -138040 130570 -12948 12809
3 -207640 197000 -16812 16455
4 -270770 257190 -14441 14202
5 -331080 313810 -13793 13600
FONTE: O autor
NOTAS: Resultados obtidos com o auxílio do software ANSYS 5.6, versão educacional
Vento incidindo conforme a figura 6.2-b.

TABELA 6.29 – ESFORÇOS MÁXIMOS NAS BARRAS (CASO C)


Montantes Treliças
Módulo Compressão Tração Compressão Tração
(N) (N) (N) (N)
1 -23984 40977 -7500,6 9382
2 -81468 151280 -12145 13681
3 -122450 228190 -12214 13970
4 -159430 297910 -12138 13057
5 -194960 363550 -12655 13211
FONTE: O autor
NOTAS: Resultados obtidos com o auxílio do software ANSYS 5.6, versão educacional
Vento incidindo conforme a figura 6.2-c.

A tabela 6.30 mostra como cada caso de carregamento da estrutura exige desta uma
resposta de forma diferente, sendo impraticável o seu dimensionamento para apenas um
tipo de carregamento de vento.

TABELA 6.30 – CASOS COM OS ESFORÇOS MÁXIMOS


Montantes Treliças
Módulo
Compressão Tração Compressão Tração
1 Caso A Caso C Caso A Caso C
2 Caso A Caso C Caso A Caso C
3 Caso A Caso C Caso B Caso B
4 Caso A Caso C Caso B Caso B
5 Caso A Caso C Caso B Caso B
FONTE: O autor

6.4 ANÁLISE MODAL

A análise modal despreza carregamentos externos, pois fornece as freqüências


naturais e os modos de vibração de uma estrutura em vibração livre (Arndt, 1999). O
54

software ANSYS 5.6, versão educacional, através desta análise, fornece a freqüência
natural (f), em Hz, de cada modo de vibração do modelo. O período natural (T) da
edificação é o inverso da freqüência natural de cada modo, conforme a equação 6.2. A
tabela 6.31 apresenta as 10 primeiras freqüências e períodos naturais obtidos.

1
f = (6.2)
T

TABELA 6.31 – FREQÜÊNCIA E PERÍODOS NATURAIS DO MODELO


Freqüência Natural Período Fundamental
Modo de Vibração
(Hz) (s)
1 1,2549 0,7969
2 1,2560 0,7962
3 6,0998 0,1639
4 6,1516 0,1626
5 8,9179 0,1121
6 15,9890 0,0625
7 16,2380 0,0616
8 16,7430 0,0597
9 22,9770 0,0435
10 25,1950 0,0397
FONTE: O autor
NOTA: Resultados obtidos com o auxílio do software ANSYS 5.6, versão educacional.

As freqüências naturais dos dois primeiros modos de vibração possuem uma


variação muito baixa (0,09%), o que os torna praticamente equivalentes. As variações em
relação à 1ª freqüência natural da 3ª a 10ª freqüência natural são superiores a 385%,
assinalando a maior influência dos dois primeiros modos de vibração na estrutura.
Os cinco primeiros modos de vibração, correspondentes às cinco primeiras
freqüências naturais obtidas, são mostrados nas figuras 6.12 a 6.16.
55

FIGURA 6.12 – PRIMEIRO MODO DE VIBRAÇÃO


1 ANSYS 5.6
OCT 22 2002
15:05:35
DISPLACEMENT
STEP=1
SUB =1
FREQ=1.255
PowerGraphics
EFACET=1
AVRES=Mat
DMX =.038364

DSCA=39.062
XV =-.866025
YV =-.5
DIST=16.527
XF =1752
YF =3034
ZF =15.024
A-ZS=.854E-06
Z-BUFFER

FIGURA 6.13 – SEGUNDO MODO DE VIBRAÇÃO


1 ANSYS 5.6
OCT 22 2002
15:06:00
DISPLACEMENT
STEP=1
SUB =2
FREQ=1.256
PowerGraphics
EFACET=1
AVRES=Mat
DMX =.038336

DSCA=39.091
XV =-.866025
YV =-.5
DIST=16.509
XF =1752
YF =3034
ZF =15.009
A-ZS=.854E-06
Z-BUFFER
56

FIGURA 6.14 – TERCEIRO MODO DE VIBRAÇÃO


1 ANSYS 5.6
OCT 22 2002
15:06:37
DISPLACEMENT
STEP=1
SUB =3
FREQ=6.1
PowerGraphics
EFACET=1
AVRES=Mat
DMX =.035557

DSCA=42.146
XV =-.866025
YV =-.5
DIST=16.619
XF =1752
YF =3034
ZF =15.108
A-ZS=.854E-06
Z-BUFFER

FIGURA 6.15 – QUARTO MODO DE VIBRAÇÃO


1 ANSYS 5.6
OCT 22 2002
15:07:01
DISPLACEMENT
STEP=1
SUB =4
FREQ=6.152
PowerGraphics
EFACET=1
AVRES=Mat
DMX =.033762

DSCA=44.387
XV =-.866025
YV =-.5
DIST=16.647
XF =1752
YF =3034
ZF =15.134
A-ZS=.854E-06
Z-BUFFER
57

FIGURA 6.16 – QUINTO MODO DE VIBRAÇÃO


1 ANSYS 5.6
OCT 22 2002
15:07:25
DISPLACEMENT
STEP=1
SUB =5
FREQ=8.918
PowerGraphics
EFACET=1
AVRES=Mat
DMX =.050298

DSCA=29.794
XV =-.866025
YV =-.5
DIST=16.507
XF =1752
YF =3034
ZF =15.007
A-ZS=.854E-06
Z-BUFFER
58

7 CONCLUSÃO

Toda e qualquer vibração é gerada por uma força excitante, a qual faz com que um
sistema seja deslocado de sua posição de equilíbrio, resultando em uma vibração mecânica.
Em estruturas altas a principal força excitante é o carregamento causado pelo vento. Este
carregamento gera efeitos dinâmicos. Os principais são: vibrações causadas pela energia
cinética das rajadas, martelamento, vibrações por desprendimento dos vórtices e
instabilidade aerodinâmica por galope.
Com a análise modal da torre, verificaram-se períodos naturais de vibração bastante
inferiores a 1 segundo, portanto, de acordo com a norma NBR 6123 (1987), torna-se
desnecessária a realização de uma análise dinâmica para esta torre.
Analisando-se as deformações originadas em cada situação de incidência de vento,
verifica-se uma variação média 0,8% entre o maior e o menor deslocamento no topo da
torre. Como a variação é pequena, conclui-se que a mudança na direção de incidência do
vento pouco influi nas deformações da estrutura.
Comparando-se os carregamentos provenientes dos casos analisados, percebe-se
uma variação média de 95% no esforço de compressão dos montantes da torre entre o caso
mais solicitante (Caso A) e o menos solicitante (Caso C) e uma variação média de 104%
entre a situação mais solicitante (Caso C) e a menos solicitante (Caso A) para a tração dos
montantes. Para a compressão das treliças, nota-se uma variação de 22% entre os casos
mais solicitantes (Caso A para os módulos 1 e 2 e Caso B para os módulos 3, 4 e 5) e o
menos solicitante (Caso C) e uma variação de 20% entre as situações mais solicitantes
(Caso C para os módulos 1 e 2 e Caso B para os módulos 3, 4 e 5) e o menos solicitante
(Caso A).
Concluí-se então, que a direção de incidência do vento na torre altera a intensidade
dos esforços em algumas regiões da estrutura e a negligência de qualquer um dos casos
analisados, quando se estiver dimensionando uma estrutura como esta, para resistir ao
carregamento de vento, pode ocasionar em uma solicitação da estrutura superior à
estimada, ou até mesmo, no colapso desta.
Salienta-se que para estas analises não foi considerado o peso devido à
galvanização da estrutura e não foi utilizado nenhum coeficiente de segurança para os
59

carregamentos de vento obtido, porque o objetivo deste trabalho era apenas verificar a
mudança de esforços na estrutura com a mudança de direção do vento.
Novas considerações poderiam ser apresentadas, ao se comparar os resultados
obtidos entre a análise estática e análises dinâmicas. Para análise do efeito dinâmico, a
aplicação do método de simulação de Monte Carlo seria uma opção. A verificação do
efeito causado pelas mudanças na geometria ao longo da torre e a análise da torre
considerada como pórtico espacial, ao invés de treliça, também poderiam ser consideradas
em novos trabalhos.
60

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ANEXO
64

ANEXO – PROJETO DA TORRE DE TELECOMUNICAÇÕES


(FORNECIDO PELA SECCIONAL BRASIL S/A)
Torre Triangular Cônica 30m

Premissas adotadas para cálculo.

Seção Transversal: Triangular, sendo os montantes em tubos cilíndricos e cônicos de aço


de alta resistência mecânica (LE=373MPa) e à corrosão e as treliças
em perfis tipo cantoneira em aço ASTM A36 (LE=250MPa)
Demais dimensões vide desenhos.

Velocidade básica do vento:


V0 30m/s
S1 1,10
S2 Categoria II Classe B
S3 1,10
Coeficiente de arrasto da estrutura: 1,6

Vento operacional: 100km/h

Carregamentos:
Pesos de pessoal e equipamentos de montagem h=30m – 430kg
Antenas: h=30m – Área de 4,08m2 e Peso de 300kg
Plataformas: h=30m – Área de 0,3m2 e Peso de 60kg
h=25m – Área de 0,3m2 e Peso de 60kg
h=18m – Área de 0,3m2 e Peso de 60kg
Escada/Esteiras/cabos − Área de 0,25m2 /m e peso de 26kg/m

Esforços atuantes na base

Esforço de tração: 14,4tf


Esforço de compressão: 17,4tf
Esforço Horizontal: 0,9tf
Peso total: 3,21tf

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