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Apostila de

Eletrotécnica
APRESENTAÇÃO

Esta apostila foi elaborada com o intuito de servir de material de apoio para as aulas
da disciplina de Eletrotécnica do Centro de Ensino Técnico São Carlos. Seu objetivo
é fornecer um aprendizado acessível e de fácil entendimento.

Este material deve ser complementado com as notas de aula e exercícios propostos
no decorrer do curso.

Elaborada por:

Igor César Toledo Sardinha


Engenheiro de Telecomunicações e Técnico em Eletrotécnica

Revisada por:

Edson Alves Corrêa


Técnico em Eletrotécnica
Engenharia de Produção

CENTRO DE ENSINO TÉCNICO SÃO CARLOS – 2012


______________________________________________________________
ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1 - ESTRUTURA ATÔMICA ................................................................................10


FIGURA 2 - ÁTOMO DE COBRE .....................................................................................11
FIGURA 3 - CAMPO ELETROSTÁTICO ENTRE DUAS CARGAS DE POLARIDADES OPOSTAS ....14
FIGURA 4 - CAMPO ELETROSTÁTICO ENTRE DUAS CARGAS DE MESMA POLARIDADE .........14
FIGURA 5 - ELÉTRONS LIVRES DESORDENADOS ............................................................14
FIGURA 6 - ELÉTRONS LIVRES ORDENADOS ..................................................................15
FIGURA 7 - CORRENTE ELÉTRICA ................................................................................16
FIGURA 8 - CORRENTE CONTÍNUA ...............................................................................17
FIGURA 9 - CORRENTE ALTERNADA .............................................................................17
FIGURA 10 - LIGAÇÃO DO AMPERÍMETRO .....................................................................20
FIGURA 11 - DIFERENÇA DE POTENCIAL .......................................................................21
FIGURA 12 - LEI DE OHM ............................................................................................23
FIGURA 13 - CIRCUITO FECHADO ................................................................................24
FIGURA 14 - CIRCUITO ABERTO...................................................................................24
FIGURA 15 - CURTO CIRCUITO ....................................................................................24
FIGURA 16 - PERFIL DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA ..............................................26
FIGURA 17 - FATURA DE ENERGIA ELÉTRICA DE UM GRANDE CONSUMIDOR .....................27
FIGURA 18 - PÁRA RAIO TIPO FRANKLIN .......................................................................34
FIGURA 19 - PÁRA RAIO TIPO GAIOLA DE FARADAY .......................................................35
FIGURA 20 - EXEMPLO DE VÁLVULA SOLENÓIDE............................................................36
FIGURA 21 - MOTOR DE INDUÇÃO EXPLODIDO ..............................................................37
FIGURA 22 - ESTATOR DE UM MOTOR DE INDUÇÃO........................................................39
FIGURA 23 - ROTOR DE UM MOTOR DE INDUÇÃO ...........................................................40
FIGURA 24 - CARACTERÍSTICAS DE QUEIMA DO ENROLAMENTO ......................................45
FIGURA 25 - TRANSFORMADOR ...................................................................................49
FIGURA 26 - CIRCUITO SÉRIE ......................................................................................49
FIGURA 27 - CIRCUITO SÉRIE ......................................................................................50
FIGURA 28 - TENSÃO EM CIRCUITOS SÉRIE ..................................................................51
FIGURA 29 - TENSÃO TOTAL EM CIRCUITOS SÉRIE.........................................................51
FIGURA 30 - POLARIDADE E QUEDA DE TENSÃO ............................................................52
FIGURA 31 - POLARIDADE E QUEDA DE TENSÃO ............................................................53
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FIGURA 32 - CIRCUITO PARALELO ...............................................................................54
FIGURA 33 - INTERRUPÇÃO NA LINHA PRINCIPAL ...........................................................55
FIGURA 34 - INTERRUPÇÃO NO RAMO 2 .......................................................................55
FIGURA 35 - CURTO CIRCUITO ....................................................................................56
FIGURA 36 - ILUSTRAÇÃO DO SOMATÓRIO DAS TENSÕES ...............................................57
FIGURA 37 - DETERMINAÇÃO DE UMA FONTE DE TENSÃO...............................................57
FIGURA 38 - AS CORRENTES EM UM NÓ .......................................................................58
FIGURA 39 - ILUSTRAÇÃO DA LKC ..............................................................................58
FIGURA 40 - ILUSTRAÇÃO DA LKC ..............................................................................58
FIGURA 41 - DETERMINAÇÃO DA CORRENTE ................................................................59

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................9

2 ELETRICIDADE BÁSICA .................................................................................9

2.1 Átomo ...............................................................................................................9

2.2 Eletrostática....................................................................................................12

2.2.1 Carga elétrica..............................................................................................12

2.2.2 Lei de coulomb............................................................................................12

2.2.3 Campo eletrostático ....................................................................................13

2.3 Corrente elétrica ( I ).......................................................................................14

2.3.1 Corrente contínua .......................................................................................16

2.3.2 Corrente alternada ......................................................................................17

2.3.3 Efeitos da corrente elétrica .........................................................................17

2.3.3.1 Efeito térmico ou efeito Joule ...................................................................18

2.3.3.2 Efeito luminoso .........................................................................................18

2.3.3.3 Efeito químico...........................................................................................18

2.3.3.4 Efeito magnético.......................................................................................18

2.3.3.5 Efeito fisiológico........................................................................................18

2.4 Diferença de potencial - Tensão.....................................................................21

2.5 Resistência .....................................................................................................22

2.6 Lei de Ohm .....................................................................................................23

2.7 Potência..........................................................................................................25

2.8 Energia elétrica...............................................................................................25

2.8.1 Horário de ponta............................................................................................26

3 FONTES DE ELETRICIDADE ........................................................................27

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3.1 Eletricidade produzida por fricção ..................................................................27

3.2 Eletricidade Produzida por Pressão de Cristais..............................................28

3.3 Eletricidade Produzida por Calor ....................................................................28

3.4 Eletricidade Produzida pela Luz .....................................................................29

3.5 Eletricidade Produzida por ação Química.......................................................29

3.6 Princípio - Elemento Galvânico ......................................................................29

3.7 Eletricidade Produzida pelo Magnetismo (Indução) .......................................29

4 DESCARGAS ESTÁTICAS E PARA RAIOS ..................................................30

4.1 Descargas estáticas .......................................................................................31

4.1.1 Influência em máquinas e equipamentos....................................................31

4.2 Para raio .........................................................................................................32

4.2.1 Elementos que compõem o sistema de proteção .......................................33

4.2.2 Pára raio tipo Franklin .................................................................................34

4.2.3 Pára raio tipo Gaiola de Faraday ................................................................35

5 BOBINAS E MOTORES .................................................................................35

5.1 Bobinas...........................................................................................................35

5.1.1 Válvula solenóide ........................................................................................36

5.2 Motores elétricos ............................................................................................36

5.2.1 Motores de corrente alternada ....................................................................37

5.2.2 Motores de indução.....................................................................................38

5.2.2.1 Estator ......................................................................................................38

5.2.2.2 Rotor........................................................................................................39

5.2.3 Princípio de funcionamento.........................................................................40

5.2.4 Vida útil de um motor ..................................................................................40

5.2.5 Classe de isolamento..................................................................................41


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5.2.6 Proteção térmica dos motores ....................................................................41

5.2.7 Rotação de um motor..................................................................................42

5.2.8 Levantamento de dados em um motor de indução .....................................42

5.2.9 Corrente nominal do motor de indução trifásico..........................................43

5.2.10 Defeitos no motor........................................................................................44

5.2.10.1 Falhas nos enrolamentos do motor ........................................................44

5.2.10.2 Falhas nos rolamentos do motor ............................................................45

5.2.11 Medição da isolação do motor ....................................................................46

5.2.11.1 Índice de Polarização .............................................................................46

5.2.11.2 Índice de absorção .................................................................................47

5.2.12 Medição de curto entre as bobinas do motor ..............................................48

6 TRANSFORMADORES..................................................................................48

7 CIRCUITOS ELÉTRICOS...............................................................................49

7.1 Circuitos série.................................................................................................49

7.1.1 Polaridade e Queda de tensão ...................................................................51

7.1.2 Potência total em circuitos série .................................................................52

7.1.3 Condutores .................................................................................................53

7.2 Circuitos paralelos ..........................................................................................54

7.2.1 Resistências em paralelo ............................................................................54

7.2.2 Circuito aberto e curto-circuito ....................................................................55

7.3 Leis de Kirchhoff .............................................................................................56

7.3.1 Lei de Kirchhoff para tensão - LKT..............................................................56

7.3.2 Lei de Kirchhoff para corrente - LKC...........................................................57

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1 INTRODUÇÃO

Energia é a propriedade de um sistema que permite realizar trabalho. Pode ter


várias formas: potencial, mecânica, química, eletromagnética, elétrica, etc. Essas
várias formas de energia podem ser transformadas umas nas outras. A energia
elétrica, ou eletricidade, é como são chamados os fenômenos em que estão
envolvidas cargas elétricas.

A energia elétrica pode ser gerada por meio de fontes renováveis de energia (a força
das águas e dos ventos, o sol e a biomassa), ou não-renováveis (combustíveis
fósseis e nucleares). No Brasil, a opção hidráulica é mais utilizada e apenas uma
pequena parte é gerada a partir de combustíveis fósseis, em usinas termelétricas.

Também é muito atual, a utilização de elementos radioativos para a geração de


eletricidade.

Esta apostila aborda assuntos da eletricidade básica e elementar. Porém são


assuntos de extrema importância para o entendimento do funcionamento de
equipamentos que utilizam a eletricidade como fonte de energia.

2 ELETRICIDADE BÁSICA
2.1 Átomo

Matéria é tudo aquilo que possui massa e ocupa lugar no espaço. A matéria é
constituída de moléculas que, por sua vez, são formadas de átomos. O átomo é
constituído de um núcleo onde estão localizados os nêutrons e prótons e eletrosfera.
onde encontram-se os elétrons. As cargas e massas destas partículas estão
relacionadas a seguir:

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A matéria, no estado natural, tem o número de prótons igual ao de elétrons sendo
eletricamente neutra. Toda matéria pode ser classificada em dois grupos: elementos
ou compostos. Num elemento, todos os átomos são iguais. Como exemplo de
elementos pode-se citar o alumínio, carbono, cobre, etc. Um composto é formado
por uma combinação de elementos. A água, por exemplo, é um composto formado
pelos elementos hidrogênio e oxigênio.

Um átomo é a menor partícula de um elemento que mantém as características deste


elemento. Apresenta um núcleo contendo prótons e nêutrons e uma eletrosfera
contendo os elétrons.

Os elétrons, na eletrosfera, são dispostos em órbitas conforme sua energia, de


forma que a eletrosfera é dividida em camadas ou órbitas denominadas pelas letras
K, L, M, N, O, P e O, a partir da camada mais interna.

Veja na fig.1, a representação clássica de um átomo.

elétron

Núcleo
(Prótons e nêutrons) órbitas

FIGURA 1 - Estrutura atômica

Os elétrons mais próximos do núcleo tem maior dificuldade de se desprenderem de


suas órbitas, devido a atração exercida pelo núcleo; assim são chamamos de
elétrons presos.

Os elétrons das camadas mais distantes do núcleo têm maior facilidade de se


desprenderem de suas órbitas porque a atração exercida pelo núcleo é pequena.
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É nesta camada que se realizam as reações químicas e elétricas; denominada
camada de valência. E os elétrons desta camada são chamados de elétrons de
valência. . Se um elétron de valência adquire energia externa suficiente para deixar
o átomo, o processo é conhecido como ionização. E o elétron que deixa o átomo é
chamado de elétron livre.

Os elétrons livres se deslocam de um átomo para outro de forma desordenada, nos


materiais condutores.

A fig.2 mostra um átomo de cobre, que é um bom condutor de energia elétrica.


Pode-se observar que o número de prótons é igual ao número de elétrons, indicando
que o elementos está equilibrado eletricamente.

FIGURA 2 - Átomo de cobre

O cobre apresenta a seguinte distribuição de elétrons em suas camadas:

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2.2 Eletrostática

Muitos dispositivos e sistemas eletrônicos são baseados nos princípios da


eletrostática, como equipamentos de raios X, osciloscópios, impressoras
eletrostáticas de jato de tinta, displays de cristal líquido (LCD), máquinas copiadoras
e outros. O conhecimento da eletrostática também são utilizados no projeto de
sensores de utilização medica tais como eletrocardiogramas e o
eletroencefalograma.

2.2.1 Carga elétrica

As cargas de um elétron e de um próton são iguais em magnitude, porém opostas


em polaridade. Lembrando que o próton possui carga positiva e o elétron possui
carga negativa. A força atuando entre as cargas é chamada de campo elétrico.

Carga elétrica (Q) é medida em Coulomb (c).

Por definição, um Coulomb é a carga total de 6,25x1018 elétrons.

Q = (número de elétrons) / (6,25 x1018 ) c (Coulomb)

2.2.2 Lei de coulomb

Em 1783 pelo físico francês Charles Augustin de Coulomb, utilizou uma balança de
torção muito sensível para medir a força de atração ou repulsão entre dois corpos
carregados eletricamente separados por uma distância.

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Esta lei estabelece que o módulo da força entre duas cargas elétricas (q1 e q2) é
diretamente proporcional ao produto dos valores absolutos (módulos) das duas
cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância r entre elas. Esta força
pode ser de atração ou de repulsão dependendo do sinal das cargas. É de atração
se as cargas possuírem sinais opostos e de repulsão se as cargas possuírem o
mesmo sinal.

A equação:

Onde:

F = força em Newtons (N);


K = constante de proporcionalidade
q1 e q2 = valores das cargas em coulomb (C)
r = distância entre as cargas em metros (m)

k = 8,854x10-12 Nm2 / C2

A força é uma grandeza vetorial, ou seja, possui intensidade direção e sentido.

2.2.3 Campo eletrostático

A característica fundamental de uma carga elétrica é sua capacidade de exercer


uma força. Esta força está presente no campo eletrostático que envolve cada corpo
carregado. Quando dois corpos de polaridade opostas são colocados próximos um
do outro, o campo eletrostático se concentra na região compreendida entre eles (fig.
3). O campo elétrico é representado por linhas de forças desenhadas entre os dois
corpos.

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FIGURA 3 - Campo eletrostático entre duas cargas de polaridades opostas

Quando duas cargas idênticas são colocadas próximas uma da outra, as linhas de
força repelem mutuamente como mostra a Fig.4.

FIGURA 4 - Campo eletrostático entre duas cargas de mesma polaridade

2.3 Corrente elétrica ( I )

Os elétrons livres se deslocam de um átomo para outro de forma desordenada, nos


materiais condutores. Veja na fig.5.

FIGURA 5 - Elétrons livres desordenados


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Considerando-se que nos terminais do material tem-se de um lado um pólo positivo
e do outro um pólo negativo, o movimento dos elétrons toma um determinado
sentido, conforme demonstrado na fig.6. Os elétrons (-) são atraídos pelo pólo
positivo e repelidos pelo negativo. Assim, os elétrons livres passam a ter um
movimento ordenado. Este movimento ordenado de elétrons é chamado de Corrente
elétrica.

FIGURA 6 - Elétrons livres ordenados

Para existir a corrente elétrica, os elétrons devem se deslocar pelo efeito de uma
diferença de potencial. A corrente elétrica é representada pela letra “I” e sua unidade
de medida é o ampere (A). Um ampere de corrente é definido como deslocamento
de um Coulomb através de um ponto qualquer de um condutor durante um intervalo
de tempo de um segundo.

I=Q/T

I = corrente elétrica, A
Q = carga, c
T = tempo, s

Pode-se fazer a analogia com a vazão hidráulica. No caso da água, a vazão é


medida em litros por segundo, ou seja, a quantidade de litros que estiver passando
num ponto do encanamento no tempo de um segundo. Veja na Fig.7.

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FIGURA 7 - Corrente elétrica

Os múltiplos e submúltiplos estão indicados abaixo.

O aparelho utilizado para medir a intensidade de corrente elétrica (I) é o


amperímetro. O amperímetro deve ser ligado em série com o circuito.

2.3.1 Corrente contínua

Quando a corrente que passa através de um condutor ou circuito, flui apenas num
sentido, dá-se o nome de corrente contínua (dc ou cc). A razão desta corrente
unidirecional se deve ao fato das fontes de tensão, como pilhas e baterias manterem
a mesma polaridade da tensão de saída (Fig.8). A tensão fornecida por essas fontes
é chamada de tensão de corrente contínua ou simplesmente de tensão dc ou tensão
cc. Uma fonte de tensão contínua pode variar o valor da sua tensão de saída, mas
se a polaridade for mantida, a corrente fluirá somente num sentido.

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FIGURA 8 - Corrente contínua

2.3.2 Corrente alternada

Uma fonte de tensão alternada (tensão ca) inverte ou alterna periodicamente a sua
polaridade (Fig.9). Como conseqüência, o sentido da corrente alternada resultante
também é invertido periodicamente. No fluxo convencional, a corrente flui do
terminal positivo da fonte de tensão, percorre o circuito e volta para o terminal
negativo. Mas quando o gerador alterna a sua polaridade, a corrente tem de inverter
seu sentido.

FIGURA 9 - Corrente alternada

2.3.3 Efeitos da corrente elétrica

A passagem da corrente elétrica por um condutor pode provocar diferentes efeitos:

 efeito térmico ou efeito Joule;


 efeito luminoso;
 efeito químico;
 efeito magnético;
 efeito fisiológico.

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2.3.3.1 Efeito térmico ou efeito Joule

Os constantes choques que os elétrons livres sofrem durante seu movimento no


interior do condutor fazem com que a maior parte da energia cinética desses átomos
se transforme em calor, provocando um aumento na temperatura do condutor.

Esse efeito é a base de funcionamento de vários aparelhos, como, por exemplo,


chuveiro elétrico, secador de cabelos, aquecedor de ambiente, ferro elétrico, etc.

2.3.3.2 Efeito luminoso

Em determinadas condições, a passagem de corrente elétrica através de um gás


rarefeito faz com que ele emita luz. As lâmpadas fluorescentes e os anúncios
luminosos são aplicações desse efeito. Neles há transformação direta de energia
elétrica em energia luminosa.

2.3.3.3 Efeito químico

Uma solução eletrolítica sofre decomposição quando atravessada por uma corrente
elétrica. O processo é o seguinte: quando colocamos um ácido, um sal ou base em
contato com a água, essas substâncias se dissociam em íons positivos e negativos.

Ao estabelecermos uma ddp entre dois condutores mergulhados na solução, os íons


se dirigem aos pólos de sinal contrário, neutralizando-se. Nessas condições, a
substância sofreu uma decomposição que, neste caso, é denominada eletrólise.

Esse efeito é utilizado, por exemplo, no revestimento de metais: cromagem,


niquelação, etc.

2.3.3.4 Efeito magnético

Um condutor, percorrido por corrente elétrica, cria, na região próxima a ele, um


campo magnético. Este é um dos efeitos mais importantes, constituindo a base do
funcionamento dos motores, transformadores, relés, etc.

2.3.3.5 Efeito fisiológico

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Ao percorrer o corpo de uma pessoa, a corrente elétrica provoca a contração dos
músculos, causando a sensação de formigamento e dor, proporcional à intensidade
da corrente, podendo chegar a provocar queimaduras, perda de consciência e
parada cardíaca. Esse fenômeno é conhecido como choque elétrico.

O choque elétrico é a sensação experimentada quando o corpo é percorrido por uma


corrente elétrica. Atividades musculares, como a respiração e os batimentos
cardíacos, são controladas por correntes elétricas muito pequenas, conduzidas pelo
sistema nervoso. Correntes causadas pela exposição a tensões elétricas externas,
dependendo da sua intensidade e freqüência, podem ocasionar graves transtornos,
como a paralisia respiratória, a fibrilação ventricular ou mesmo uma parada cardíaca.

O que torna a fibrilação ventricular particularmente perigosa é que uma vez iniciada
raramente cessa espontaneamente, devendo o batimento cardíaco normal ser
restaurado com auxílio.

Correntes elétricas conduzidas por partes menos vitais do corpo, por exemplo, entre
os dedos polegar e indicador da mesma mão, tem valores toleráveis bem maiores.
Isto não elimina a possibilidade de haver danos graves, como queimaduras locais.

O choque elétrico entre uma mão e outra é sem dúvida um dos mais perigosos, pois
no percurso da corrente elétrica está o coração.

Algumas definições importantes sobre corrente elétrica:

Corrente nominal = Corrente cujo valor é especificado pelo fabricante do


dispositivo. Essa corrente é obtida quando da realização dos ensaios normalizados.

Corrente de curto-circuito = Sobrecorrente que resulta de uma falha, de


impedância insignificante entre condutores energizados que apresentam uma
diferença de potencial em funcionamento normal.

Corrente de partida = Valor eficaz da corrente absorvida pelo motor durante a


partida, determinado por meio das características corrente-velocidade.

Sobrecorrente = Corrente cujo valor excede o valor nominal.


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Sobrecarga = A parte da carga existente que excede a plena carga. Esse termo não
deve ser utilizado como sinônimo de “sobrecorrente”.

“Sobrecorrente” é um termo que engloba a “sobrecarga” e o “curto circuito”.

O aparelho utilizado para medir a intensidade da corrente elétrica é o amperímetro.


O amperímetro deve ser ligado em série com o circuito. Veja na Fig.10.

FIGURA 10 - Ligação do amperímetro

Exercícios:

01 - Qual é a menor partícula encontrada na natureza que possui carga negativa?


a)( ) próton
b)( ) molécula
c)( ) elétron
d)( ) nêutron
e)( ) matéria

02 - Corrente elétrica é:
a)( ) movimento desordenado de elétrons livres
b)( ) movimento ordenado de elétrons livres
c)( ) movimento desordenado de prótons
d)( ) movimento ordenado de prótons
e)( ) força que impulsiona os elétrons livres

03 - A unidade de corrente elétrica é o


a) ( ) volt - símbolo V
b) ( ) ampère - símbolo A
c) ( ) ohm - Ω d)
( ) watt - símbolo W
e) ( ) nenhuma das citadas

04 - Que aparelho empregamos para medir corrente elétrica?


a)( ) wattímetro
b)( ) ohmímetro
c)( ) voltímetro
d)( ) fasímetro
e)( ) amperímetro
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05 - O aparelho usado para medir corrente elétrica deve ser ligado sempre:
a)( ) em série com o condutor
b)( ) em paralelo com o condutor
c)( ) em série paralelo com o condutor
d)( ) com ausência de tensão no circuito
e)( ) com tensão superior à corrente

2.4 Diferença de potencial - Tensão

Em virtude da força de seu campo eletrostático, uma carga elétrica é capaz de


realizar trabalho ao deslocar outra carga por atração ou repulsão. A capacidade de
uma carga de realizar trabalho é chamada de potencial. Quando uma carga for
diferente da outra, haverá uma diferença de potencial (D.D.P) entre elas.

Para facilitar o entendimento da diferença de potencial elétrica, pode-se fazer uma


analogia com a pressão hidráulica. Quanto maior a diferença de nível, maior a
pressão hidráulica entre dois pontos. Deste modo entende-se que a diferença de
potencial elétrica é a pressão exercida sobre os elétrons para que estes se
movimentem no interior de um condutor. Veja na Fig.11.

FIGURA 11 - Diferença de potencial

Para que haja corrente elétrica é necessário que haja uma diferença de potencial
entre os pontos ligados. Os elétrons são “empurrados” do potencial negativo para o
potencial positivo.

A diferença de potencial é chamada de tensão, e sua unidade de medida é o Volt


(v). O símbolo utilizado para representar a tensão ou diferença de potencial é o V.

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Qual é o significado da tensão de saída de uma bateria ser igual a 6v?

Uma tensão de saída de 6v quer dizer que a diferença de potencial entre os dois
terminais da bateria (positivo e negativo) é de 6v.

Assim sendo, a tensão é a diferença de potencial entre dois pontos. Seus múltiplos e
submúltiplos estão indicados abaixo.

O aparelho utilizado para medir a tensão elétrica chama-se voltímetro. O voltímetro


deve ser instalado em paralelo com o circuito.

2.5 Resistência

É a capacidade de um corpo qualquer se opor à passagem de corrente elétrica pelo


mesmo, quando existe uma diferença de potencial aplicada, ou seja, é a oposição ao
fluxo de corrente. Sua unidade é OHM (Ω) e é representado pela letra R. Novamente
a analogia com o sistema hidráulico é a oposição à passagem do fluido (resistência
elétrica).

Duas cargas são alimentadas pela mesma tensão, mas são atravessadas por
intensidade de correntes diferentes. Por que?

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O valor da corrente não depende apenas da tensão aplicada ao circuito. Depende
também da carga.

Os múltiplos e submúltiplos da resistência elétrica estão indicados abaixo

2.6 Lei de Ohm

Define a relação entre tensão, corrente e resistência (Fig.12). Pode ser expressa
matematicamente como:

V=RxI R=V/I I=V/R onde,

V = tensão em Volts (v)


R = resistência em ohms (Ω)
I = corrente em ampere (A)

FIGURA 12 - Lei de Ohm

Na prática, um circuito elétrico consta de pelo menos quatro partes: uma fonte de
força eletromotriz (fem), condutores, uma carga e instrumentos de controle (Fig.13).
A fem é a bateria, os condutores são os fios que ligam as várias partes do circuito e
conduzem corrente elétrica, o resistor é a carga e a chave é o dispositivo de
controle. As fontes mais comuns são as baterias e os geradores. O resistor que

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representa a carga, também pode ser representado por uma lâmpada, um rádio, um
motor, etc.

FIGURA 13 - Circuito fechado

Um circuito fechado (Fig.9) consiste num percurso sem interrupção para a corrente.
Saindo da fonte (fem), passando pela carga, e volta à fonte. Num circuito aberto
(Fig.14), existe uma interrupção no circuito que impede a corrente de completar seu
percurso.

FIGURA 14 - Circuito aberto

Para proteger o circuito, liga-se um fusível ao circuito. O fusível abre toda vez que
uma corrente alta começa a fluir. O fusível permite fluxo de correntes menores do
que o valor do fusível, mas se rompe ou abre o circuito se fluir uma corrente mais
alta. Esta corrente mais alta pode ser provocada por um curto circuito (Fig.15). Um
curto circuito é provocado por uma ligação acidental entre dois pontos do circuito
que oferecem uma resistência muito baixa à passagem da corrente elétrica.

FIGURA 15 - Curto circuito 24

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2.7 Potência

Pode ser definida como o trabalho realizado pela corrente elétrica em um


determinado intervalo de tempo. Sua unidade é o Watt (w) e é representado pela
letra P. Pode-se dizer que a Potência de um watt equivale ao trabalho de um joule
em cada segundo. A potência elétrica (P) em qualquer parte do circuito é igual à
corrente (I) nesta parte multiplicada pela tensão (V) através dessa parte do circuito.

P = V x I onde,

P = potência em Watts (w)


V = tensão em volts (v)
I = corrente em ampere (A)

2.8 Energia elétrica

A potência leva em conta o tempo gasto na utilização do trabalho. Sendo o “watt” a


unidade de potência. Um “watt” usado durante um segundo é igual ao trabalho de
um joule. Ou um watt é um joule por segundo. O joule (J) é uma unidade de trabalho
ou de energia.

O quilowatt hora (KWh) é a unidade usada para designar energia elétrica ou


trabalho. A quantidade de KWh é calculada fazendo-se o produto da potência em
KW pelo tempo em horas (h) durante o qual a potência é utilizada.

E = Kw x horas

Exemplo: Qual a energia elétrica consumida por um ferro elétrico que possui
potência igual a 1.200w trabalhando por 2 horas e 30 minutos?

1.200w = 1,2 Kw

E = 1,2 Kw x 2,5 horas

E = 3 Kwh

Portanto, a energia consumida por esse ferro elétrico trabalhando por 2 horas e 30

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minutos é 3 Kwh.

A concessionária de energia elétrica emite sua fatura de acordo com o Kwh


consumido.

Para grandes consumidores como mineradoras, siderurgias e outras, a energia


elétrica é cobrada de forma diferente.

São três componentes: Componente fio, componente encargo e energia reativa.

A componente fio é a demanda contratada pela empresa, ou seja, consumindo ou


não esta demanda, a empresa paga pelo valor contratado.

A componente encargos é o valor realmente consumido pela empresa.

E a energia reativa, é o valor que a empresa paga à concessionária por motivo de


seu fator de potência estar fora dos limites determinados.

Todos os componentes são medidos de duas formas diferentes: horário de ponta


(HP) e horário fora de ponta (HFP).

2.8.1 Horário de ponta

Ao longo das 24 horas do dia, o consumo de energia varia, atingindo valores


máximos entre as 17 e 22 horas. De acordo com o perfil da carga de cada
concessionária, são escolhidas três horas compreendidas no intervalo das 17:00 às
22:00h, dos dias úteis, definido como Horário de ponta. Observe na Fig. 16 o perfil
de consumo de energia elétrica.

FIGURA 16 - Perfil de consumo de energia elétrica 26

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Veja na Fig. 17 abaixo, um exemplo de fatura emitida pela CEMIG para um grande
consumidor.

FIGURA 17 - Fatura de energia elétrica de um grande consumidor

3 FONTES DE ELETRICIDADE

Podemos distinguir as seguintes fontes de eletricidade:

• Atrito ou fricção: eletrização dos corpos


• Pressão: cristais
• Calor: elemento térmico
• Luz
• Ação química
• Magnetismo

3.1 Eletricidade produzida por fricção

A fricção ou atrito é a principal fonte de eletricidade estática. Toda vez que atritamos
dois corpos diferentes, retira-se alguns elétrons de um dos corpos, enquanto que o
outro corpo aprisionará estes elétrons. O corpo que aprisionou elétrons adquiriu uma
carga elétrica positiva. Esse deslocamento de elétrons é provocado pelo
aquecimento dos corpos durante o atrito, o que provoca uma aceleração na
velocidade dos elétrons, aumentando a força centrífuga, possibilitando a sua fuga
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do orbital. Algumas substâncias que facilmente produzem eletricidade estática são:
vidro, âmbar, abinite, ceras, flanelas, sedas, nylon, rayon, etc.

Quando se esfrega um bastão de ebonite com uma flanela, esta última perde
elétrons para o bastão. O bastão fica carregado negativamente e a flanela
positivamente.

3.2 Eletricidade Produzida por Pressão de Cristais

Se um cristal feito de quartzo, turmalina e dos sais de Rochelle for colocado entre
duas placas metálicas e aplicarmos uma pressão sobre elas, obteremos uma carga
elétrica produzida por pressão. Nas duas superfícies planas são criadas cargas
elétricas diferentes por causa da pressão. O uso da pressão como fonte de
eletricidade é largamente observado em aparelhos de pequena potência, como por
exemplo nos toca-discos,nos telefones e nos microfones.

3.3 Eletricidade Produzida por Calor

Outro método de se obter eletricidade é a conversão direta do calor em eletricidade,


pelo aquecimento de uma junção de dois metais diferentes. Se um fio de cobre e
outro de constatam forem torcidos juntos, de modo a formar uma junção, ao
aquecermos esta junção produziremos uma carga elétrica. A quantidade de carga
elétrica produzida dependerá da diferença de temperatura entre a junção e a outra
extremidade dos metais. Quanto maior for a diferença de temperatura, maior será a
carga produzida.

Uma função desse tipo é denominada elemento térmico e produzirá eletricidade


enquanto o calor estiver sendo aplicado. Os elementos térmicos não fornecem
grandes quantidades de carga, e, assim sendo, não podem ser empregados na
obtenção de potência elétrica.

Eles são usados normalmente em combinação com instrumentos termoindicadores


para a apresentação visual direta da temperatura em graus. Sua aplicação maior é
nos pirômetros dos fornos de altas temperaturas.

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3.4 Eletricidade Produzida pela Luz

Certas substâncias, ao serem atingidas pela luz, são capazes de conduzir ou


produzir as cargas elétricas com certa facilidade. Em resumo: convertem energia
luminosa em cargas elétricas. Destes efeitos, o mais utilizado é o da produção de
cargas elétricas pela fotocélula, que ocorrerá quando o material sensível da mesma
for exposto á luz. A fotocélula é um conjunto metálico, composto de três camadas de
forma circular, sendo uma de ferro, a outra de material translúcido ou transparente,
que permite a passagem de luz, e a camada do centro de uma liga de selênio. A luz
passa pelo material transparente ou translúcido, atinge o selênio, que gera uma
corrente elétrica entre as camadas. Se ligarmos um medidor a esse conjunto
poderemos medir a corrente produzida.

3.5 Eletricidade Produzida por ação Química

Uma fonte de eletricidade de uso comum é a ação química que ocorre nas pilhas e
baterias.

3.6 Princípio - Elemento Galvânico

Numa solução de ácido sulfúrico e sais de baixa concentração (eletrólito) estão


imersas placas de cobre e zinco. Ligando estes materiais externamente por um
condutor, e observando através de um instrumento de medição, constatamos que
esse elemento galvânico é uma fonte de eletricidade. Exemplo: A pilha seca
compõe-se de um recipiente de zinco, que é a placa negativa, de um bastão de
carbono servindo como placa positiva e uma solução pastosa de cloreto de amônia
constituindo o eletrólito. A força eletromotriz de uma pilha seca depende da
combinação dos dois materiais, geralmente é de 1,5 V.

3.7 Eletricidade Produzida pelo Magnetismo (Indução)

EXPERIÊNCIA

Meios: uma bobina de 12 000 espiras, um galvanômetro para AC e um ímã


permanente. EXECUÇÃO: Faça a ligação conforme Desenho.

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OBS: O ponteiro do galvanômetro se desloca nos dois sentidos

CONCLUSÃO: Quando se desloca um ímã numa bobina, produz-se eletricidade na


bobina devido ao magnetismo do ímã. A eletricidade produzida pelo magnetismo é o
método mais usual de produção de eletricidade em larga escala. A fonte de
eletricidade através de magnetismo torna-se mais eficiente porque pode-se
conseguir uma potência apreciável.

A eletricidade produzida em grande escala é capaz de mover as grandes máquinas


do nosso parque industrial e é conseguida com o uso do magnetismo.

Isto se verifica nos grandes geradores das usinas de força, as quais necessitam de
uma fonte de movimento constante e eficiente. Estas fontes de movimentos são
conseguidas através da energia hidráulica, das caldeiras a vapor ou por motores a
combustão interna.

4 DESCARGAS ESTÁTICAS E PARA RAIOS

A eletricidade estática é a carga elétrica num corpo cujos átomos apresentam um


desequilíbrio em sua neutralidade.

O fenômeno da eletricidade estática ocorre quando a quantidade de elétrons gera


cargas positivas ou negativas em relação à carga elétrica dos núcleos dos átomos.

Quando existe um excesso de elétrons em relação aos prótons, diz-se que o corpo
está carregado negativamente. Quando existem menos elétrons que prótons, o
corpo está carregado positivamente. Se o número total de prótons e elétrons é
equivalente, o corpo está num estado eletricamente neutro.

Existem muitas formas de "produzir" eletricidade estática, uma delas é friccionar

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certos corpos, por exemplo, o bastão de âmbar, para produzir o fenômeno da
eletrização por fricção.

4.1 Descargas estáticas

Descargas estáticas é a energia que se acumula durante o choque das moléculas de


ar seco ou atrito com outros objetos. Pode acontecer de em dias secos ocorrer um
"choque" ao abrir do carro ou tocar em algum objeto metálico, isto é uma descarga
estática.

Na realidade, não houve o choque, ao tocar em um objeto metálico esta energia é


descarregada violentamente. Esta energia pode chegar na ordem de 5 mil volts
quando acumulada. Pulseiras, cordões, objetos metálicos podem ser usados para
eliminar descargas estáticas de pessoas. O contato frequente com o solo é um
método muito útil.

4.1.1 Influência em máquinas e equipamentos

Na aviação, a eletricidade estática é fator relevante à segurança das aeronaves. Um


avião, por exemplo, após aterrissar necessita ser descarregado estaticamente, pois
a tensão desenvolvida pode facilmente ultrapassar 250.000 volts.

Os helicópteros também precisam ser descarregados eletricamente, pois a carga


eletrostática acumulada na fuselagem pode provocar faíscas e, conseqüentemente,
explosões ao se aproximarem do local de aterragem.

Nos automóveis também ocorre a eletrização, quando estes são submetidos a


grandes velocidades ao ar seco, podendo seus ocupantes ao sair ou entrar no
veículo tomarem uma descarga elétrica. Há relatos de acidentes com incêndios em
postos de abastecimento causados por faísca devidas a descargas eletrostáticas
durante o manuseio da bomba de combustível.

Em eletrônica, a eletricidade estática é objeto de estudo e pesquisa, pois muitos são


os danos causados pela carga dos corpos e sua consequente descarga em
equipamentos e componentes sensíveis, como por exemplo, placas mãe de

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computadores, módulos de memória, etc.

4.2 Para raio

A descarga elétrica atmosférica (raio) é um fenômeno da natureza absolutamente


imprevisível e aleatório, tanto em relação às suas características elétricas
(intensidade de corrente, tempo de duração, etc), como em relação aos efeitos
destruidores decorrentes de sua incidência sobre as edificações. Mediante a isso, o
sistema de proteção contra descargas atmosféricas se torna imprescindível, pois
além de minimizar danos estruturais e danos a rede elétrica, o mesmo, quando
corretamente dimensionado, protege vidas.

O Raio é um fenômeno da natureza que desde os primórdios vem intrigando o


homem, tanto pelo medo, quanto pêlos danos causados.

Para algumas civilizações primitivas o raio era uma dádiva dos Deuses, pois com ele
quase sempre vêem as chuvas e a abundância na lavoura.

Após tantas civilizações o homem acabou descobrindo que o raio é corrente elétrica
e por isso deverá ser conduzida o mais rápido possível para a terra, minimizando
seus efeitos destrutivos.

O primeiro cientista a perceber que se tratava de um fenômeno Físico/Elétrico, foi


Benjamin Franklin (1752), que na época afirmou que após a colocação de uma
ponta metálica em cima de uma casa, esta atrairia os raios para si e a edificação
estaria protegida contra raios, caindo estes na ponta metálica.

Após alguns anos, tomou conhecimento de edificações que tinham sido atingidas e o
raio não havia caído na ponta metálica. Assim sendo, reformulou sou teoria e
afirmou que a ponta metálica seria o caminho mais seguro para levar o raio até o
solo com segurança caso a ponta seja atingida por um raio. A partir daí começou-se
a definir a região até onde esta ponta teria influência (séc. XVlll - Gay Lussac) e
começou-se as esboçar os primeiros cones de proteção, cuja geratriz era função de
um ângulo pré-definido, resultando num cone com um raio de proteção.

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4.2.1 Elementos que compõem o sistema de proteção

CAPTAÇÃO: Têm como função receber as descargas que incidam sobre o topo da
edificação e distribuí-las pelas descidas. É composta por elementos metálicos,
normalmente mastros ou condutores metálicos devidamente dimensionados.

DESCIDAS: Recebem as correntes distribuídas pela captação encaminhando-as o


mais rapidamente para o solo. Para edificações com altura superior a 20 metros têm
também a função de receber descargas laterais, assumindo neste caso também a
função de captação devendo os condutores ser corretamente dimensionados para
tal. No nível do solo as descidas deverão ser interligadas com cabo de cobre nu #50
mm2.

ANÉIS DE CINTAMENTO: Os anéis de cintamento assumem duas importantes


funções. A primeira é equalizar os potenciais das descidas minimizando assim o
campo elétrico dentro da edificação. A segunda é receber descargas laterais e
distribuí-las pelas descidas. Neste caso também deverão ser dimensionadas como
captação. Sua instalação deverá ser executada a cada 20 metros de altura
interligando todas as descidas.

ATERRAMENTO: Recebe as correntes elétricas das descidas e as dissipam no


solo. Tem também a função de equalizar os potenciais das descidas e os potenciais
no solo, devendo haver preocupação com locais de freqüência de pessoas,
minimizando as tensões de passo nestes locais. Para um bom dimensionamento da
malha de aterramento é imprescindível a execução de uma prospecção da
resistividade de solo previamente.

EQUALIZAÇÃO DE POTENCIAIS INTERNOS: Equalização dos potenciais de todas


as estruturas e massas metálicas que poderão provocar acidentes pessoais,
faíscamentos ou explosões. No nível do solo e dos anéis de cintamento (cada 20
metros de altura), deverão ser equalizados os aterramentos da concessionária de
energia elétrica, telecomunicações, de eletrônicos, de elevadores (inclusive trilhos
metálicos), tubulações metálicas de incêndio, gás (inclusive o piso da casa de gás),
água fria, água quente, recalque, etc.

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Para tal deverá ser definido uma posição estratégica para instalação de uma caixa
de equalização de potenciais que deverá ser interligada á malha de aterramento (ou
anel de cintamento).

A ligação da caixa de equalização bem como as tubulações metálicas poderão ser


executadas com cabo de cobre # 16mm2 antes da execução do contra piso dos
níveis dos anéis de cintamento. A amarração das diferentes tubulações metálicas
poderá ser executada por fita perfurada estanhada (bimetálica) que possibilita a
conexão com diferentes tipos de metais e diâmetros variados, diminuindo também a
indutância do condutor devido á sua superfície chata.

4.2.2 Pára raio tipo Franklin

Consiste em uma haste captora em forma de ponta que é fixada em mastros


elevados, à qual é ligado um ou mais cabos de descida que se interligam ao eletrodo
de aterramento, proporcionando o caminho de escoamento da descarga. É o método
universalmente aceito, bastante usual em proteção de edifícios.

Veja na Fig. 18, a ilustração de um pára raio tipo Franklin.

FIGURA 18 - Pára raio tipo Franklin


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4.2.3 Pára raio tipo Gaiola de Faraday

Utiliza como captores condutores instalados em malha de formato quadricular,


convenientemente fixados de forma a envolver toda a estrutura a ser protegida,
proporcionando um campo magnético nulo em seu interior. Oferece uma proteção
total, porém devido ao seu alto custo, tem maior utilização em instalações de grande
responsabilidade e elevado grau de risco.

Na Fig. 19 está ilustrado um sistema de proteção contra descargas atmosféricas do


tipo Gaiola de Faraday. Como pode ser observado, o sistema envolve todo o prédio.

Os componentes indicados na figura fazem parte do sistema e devem existir para o


correto funcionamento.

FIGURA 19 - Pára raio tipo Gaiola de Faraday

5 BOBINAS E MOTORES
5.1 Bobinas

Basicamente uma bobina cria um campo magnético, por causa do movimento das
cargas (a corrente) devido à diferença de potencial aplicada aos seus terminais.
Essa é a única funcionalidade em circuitos DC, servindo de eletroímãs e atuadores
magnéticos como em reles. O condutor fica situado dentro desse campo magnético
produzido pela sua própria corrente. Esse campo produz no próprio condutor um
fluxo magnético. Se a corrente I for variável (AC), o seu campo também será variável

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e o fluxo magnético será variável. E o condutor, sendo atravessado por um fluxo
variável, sofre indução eletromagnética: isto é, como conseqüência do fato de a
corrente I ser variável aparece no condutor uma corrente induzida. Esse fenômeno é
chamado auto-indução.

A auto-indução é muito intensa nas bobinas, porque como elas possuem muitas
espiras, o fenômeno se dá em todas as espiras e é mais intenso do que numa espira
só.

5.1.1 Válvula solenóide

A válvula solenóide possui uma bobina que é formada por um fio enrolado através
de um cilindro. Quando uma corrente elétrica passa por este fio, ela gera uma força
no centro da bobina solenóide, fazendo com que o êmbolo da válvula seja acionado,
criando assim o sistema de abertura e fechamento. Veja na Fig. 20.

FIGURA 20 - Exemplo de válvula solenóide

5.2 Motores elétricos

“O motor elétrico tornou-se um dos mais notórios inventos do homem ao longo de


seu desenvolvimento tecnológico. Máquina de construção simples, custo reduzido,
versátil e não poluente, seus princípios de funcionamento, construção e seleção
necessitam ser conhecidos para que ele desempenhe seu papel relevante no mundo
de hoje.” (WEG)

Veja na figura 21 a ilustração de um motor elétrico de indução.

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FIGURA 21 - Motor de indução explodido

O motor elétrico é uma máquina destinada a transformar energia elétrica em energia


mecânica. O motor de indução é o mais usado de todos os tipos de motores, pois
combinam as vantagens da utilização de energia elétrica, baixo custo, facilidade de
transporte, limpeza e simplicidade de comando, com sua construção simples, custo
reduzido, grande versatilidade de adaptação às cargas dos mais diversos tipos e
melhores rendimentos.

5.2.1 Motores de corrente alternada

Os motores de corrente alternada são os mais utilizados, porque a distribuição de


energia elétrica é feita normalmente em corrente alternada (tensão alternada das
concessionárias). Os principais tipos são:

Motor síncrono: Funciona com velocidade fixa, utilizado somente para grandes
potências, pois possui alto custo em tamanhos menores. E também não poderá ser
utilizado quando se necessitar de velocidade invariável.

Motor de indução: Funciona normalmente com uma velocidade constante, que


varia ligeiramente com a carga mecânica aplicada ao eixo. Devido a sua grande
simplicidade, robustez e baixo custo, é o motor mais utilizado, sendo adequado para
quase todos os tipos de máquinas acionadas.

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5.2.2 Motores de indução

O que caracteriza o motor de indução é que só o estator é ligado à rede de


alimentação. O rotor não é alimentado externamente e as correntes que circulam
nele são induzidas eletromagneticamente pelo estator. Daí o nome de motor de
indução.

Por ser o motor mais utilizado devido a seu baixo custo, robustez e simplicidade, o
motor elétrico de indução é o objeto deste estudo.

Com características que podem variar de acordo com a aplicação, este motor é
utilizado em quase todos os tipos de acionamentos que necessitam de motores
elétricos. Há alguns fabricantes como WEG, SIEMMES, EBERLE, TOSHIBA, entre
outros.

O motor é composto fundamentalmente por duas partes:

 Estator;
 Rotor.

Outros componentes do motor são:

 Tampas – dianteira e traseira;


 Tampa defletora;
 Ventilador ou hélice;
 Caixa de ligação;
 Terminais;
 Rolamentos.

5.2.2.1 Estator

A figura 22 ilustra um estator de um motor de indução. No estator encontram-se


alguns componentes que são:

Carcaça – é a estrutura suporte do conjunto; de construção robusta em ferro


fundido, aço ou alumínio injetado, resistente a corrosão e com aletas para auxiliar no

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resfriamento do motor.

Núcleo de chapas – as chapas são de aço magnético, tratadas termicamente para


reduzir ao mínimo as perdas no ferro.

Enrolamento – conjuntos iguais de bobinas, uma para cada fase, ligado a rede de
alimentação.

Carcaça

Enrolamento

Núcleo de chapas
FIGURA 22 - Estator de um motor de indução

5.2.2.2 Rotor

A figura 23 ilustra um rotor de um motor de indução. Nele encontram-se alguns


componentes que são:

Eixo – transmite a potência mecânica desenvolvida pelo motor. É tratado


termicamente para evitar problemas como empenamento e fadiga.

Núcleo de chapas – as chapas também são de aço magnético, tratadas


termicamente para reduzir ao mínimo as perdas no ferro.

Barras de curto circuito – são de alumínio injetado sob pressão numa única peca.

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Barra de anéis de curto circuito

Eixo

Núcleo de chapas

Eixo
FIGURA 23 - Rotor de um motor de indução

5.2.3 Princípio de funcionamento

A corrente alternada é fornecida diretamente ao estator e no rotor essa corrente é


por indução. Ou seja, a corrente fornecida ao estator será induzida no rotor, fazendo
com que o campo eletromagnético girante produzido pela corrente alternada arraste
o rotor.

5.2.4 Vida útil de um motor

A vida útil de um motor de indução depende quase exclusivamente da vida útil da


isolação dos enrolamentos. Esta é afetada por muitos fatores, como umidade,
vibrações, ambientes corrosivos e outros. Dentre todos os fatores, o mais importante
é a temperatura de trabalho dos materiais isolantes empregados. Um aumento de 8
a 10 graus acima do limite da classe térmica na temperatura da isolação pode
reduzir a vida útil do estator pela metade.

A isolação tem uma duração praticamente ilimitada se a sua temperatura for mantida
abaixo de certo limite. Acima deste valor, a vida útil da isolação vai se tornando cada
vez mais curta à medida que a temperatura de trabalho é mais alta.

O limite de temperatura é muito mais baixo que a temperatura de “queima” do


isolante e depende do tipo de material empregado. Esta limitação de temperatura
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se refere ao ponto mais quente da isolação e não necessariamente ao enrolamento
todo. Basta um “ponto fraco” no interior da bobina para que o enrolamento fique
inutilizado. Recomenda-se utilizar sensores de temperatura como proteção adicional
ao motor elétrico. Estes sensores poderão garantir uma maior vida ao motor e
confiabilidade ao processo. A especificação de alarme e/ou desligamento deve ser
realizada de acordo com a classe térmica do motor.

5.2.5 Classe de isolamento

O limite de temperatura depende do tipo de material empregado. Para fins de


normalização, os materiais isolantes e os sistemas de isolamento (cada um formado
pela combinação de vários materiais) são agrupados em CLASSES DE
ISOLAMENTO, cada qual definida pelo respectivo limite de temperatura, ou seja,
pela maior temperatura que o material pode suportar continuamente sem que seja
afetada sua vida util.

As classes de isolamento utilizadas em máquinas elétricas e os respectivos limites


de temperatura, conforme NBR-7034, são as seguintes:

Classe A (105 °C)


Classe E (120 °C)
Classe B (130 °C)
Classe F (155 °C)
Classe H (180 °C)

As classes B e F são as comumente utilizadas em motores normais.

5.2.6 Proteção térmica dos motores

Os motores utilizados em regime contínuo devem ser protegidos contra sobrecargas


por um dispositivo integrante do motor, ou um dispositivo de proteção independente.
Geralmente com relé térmico com corrente nominal ou de ajuste, igual ou inferior ao
valor obtido multiplicando-se a corrente nominal de alimentação a plena carga do
motor (In) pelo fator de serviço.

A proteção térmica é efetuada por meio de termo resistências (resistência calibrada),


termistores, termostatos ou protetores térmicos.

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5.2.7 Rotação de um motor

A relação entre a rotação, a freqüência de alimentação, o número de pólos e o


escorregamento de um motor de indução obedece à seguinte equação:

f × 120 × (1 − s )
n= onde:
p

n = rotação (rpm)
f = freqüência da rede (Hz)
p = número de pólos
s = escorregamento

Para aplicação neste curso, o escorregamento não será considerado. Ou seja, a


equação será:

f ×120
n=
p

5.2.8 Levantamento de dados em um motor de indução

Além de conhecer algumas características dos motores elétricos de indução, deve-


se sempre verificar o manual do fabricante. Nele estão contidas informações que
auxiliarão na instalação e manutenção do motor.

É importante saber as características funcionais de um motor de indução como,


temperatura, ruídos, vida útil de componentes, lubrificação de rolamentos e outros.
Pois assim fica mais fácil a identificação de problemas e seu reparo.

Os motores têm uma placa de identificação onde estão contidas todas as


informações necessárias para sua ligação e algumas características de construção
como:

 Tensões de alimentação (∆ e Y);


 Rotação;
 Rolamentos;
 Fator de potência;
 Grau de proteção;
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 Classe de isolamento;
 Carcaça;
 Forma construtiva;
 Potência;
 Corrente de partida;
 Informações sobre lubrificação;
 Número de série;
 Entre outras.

Todas estas informações são importantes e cada uma deve ser utilizada de acordo
com as necessidades de aplicação. Destaca-se a tensão, potência, rotação e
corrente.

A escolha correta do motor depende da aplicação. Ou seja, o motor será


especificado de acordo com o esforço necessário para suprir a necessidade da
carga. Uma carga maior precisa de um motor de maior potência.

Para a tensão existem valores já convencionados. Abaixo alguns valores de tensão


mais utilizados para motores:

 220 V
 380 V
 440 V
 690 V
 4.160 V
 13.800 V

5.2.9 Corrente nominal do motor de indução trifásico

A corrente nominal de um motor trifásico é calculada através de:

P
In = , onde:
V × 3 × cos ϕ

In = corrente nominal do motor


P = potência nominal do motor
V = tensão do motor
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Cosφ = fator de potência do motor
√3 = operador devido ao sistema ser trifásico

O motor elétrico de indução trabalha com valores variáveis de corrente. Quando o


motor está trabalhando sem carga, sua corrente é menor. Sua corrente aumenta de
acordo com a carga na ponta do eixo do motor. Então, o motor trabalhando com
uma carga maior, sua corrente será maior e trabalhando com menos carga, sua
corrente será menor.

5.2.10 Defeitos no motor

O tempo de vida operacional de um motor elétrico trifásico depende de vários


fatores, como: especificação correta (tensão, freqüência, numero de pólos, grau de
proteção, etc.), instalação e operação correta, etc. Caso ocorra a queima de um
motor elétrico, a primeira providência a se tomar é identificar a causa (ou possíveis
causas) da queima.

5.2.10.1 Falhas nos enrolamentos do motor

É fundamental que a causa da queima seja identificada e eliminada, para evitar


eventuais novas queimas do motor.

A figura 24 apresenta as características de alguns tipos de queimas de


enrolamentos e suas possíveis causas.

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FIGURA 24 - Características de queima do enrolamento

5.2.10.2 Falhas nos rolamentos do motor

A falha mais comum nos rolamentos é a falta ou excesso de lubrificação ou ruídos


anormais provenientes de contaminação. Deve-se seguir a orientação do fabricante
quanto à lubrificação e relubrificação e estar atento aos ruídos dos rolamentos.

A vida útil dos rolamentos é baseada no calculo de vida L10 (norma ISO 281). Desta
maneira recomenda-se que os rolamentos sejam substituídos a cada
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20.000horas. Porém, este valor é orientativo. Havendo uma manutenção adequada,
a vida dos rolamentos pode ser prolongada. A vida dos rolamentos para motores
especiais pode exceder o especificado acima.

5.2.11 Medição da isolação do motor

A medição da isolação em um motor elétrico é uma das técnicas de diagnósticos


mais utilizadas. Este teste é realizado a fim de verificar qual a resistência ôhmica
existente entre o enrolamento do motor e sua carcaça. Ou seja, é a resistência do
isolamento do motor.

Para este teste, utiliza-se um equipamento chamado “Megômetro”.

O megômetro gera e aplica uma tensão em um equipamento fazendo a leitura do


fluxo de corrente entre as duas partes do equipamento (enrolamento e carcaça de
um motor, por exemplo).

A regra geral para avaliar a isolação é:

1 MΩ + 1KΩ / volt aplicado.

Exemplo: Aplicando-se 500V em um motor elétrico, a resistência mínima aceitável


para operação deste motor é 1,5 MΩ (1 MΩ + 500 KΩ).

5.2.11.1 Índice de Polarização

Este teste é realizado para determinar e detectar quais os níveis de umidade, poeira
e contaminação estão presentes nos enrolamentos do motor.

Se este teste for feito periodicamente, servirá também para comparar a gradual
deterioração do material isolante, comparando-se os resultados das diversas
medições realizadas ao longo do tempo.

R10
Ip = onde:
R1

46

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Ip = Índice de polarização (adimensional);
R10 = Resistência medida após 10 minutos (Ω);
R1 = Resistência medida após 1 minuto (Ω).

Após inserir os dados na equação acima, analisar o valor encontrado de acordo com
a tabela abaixo.

5.2.11.2 Índice de absorção

Este teste é realizado para determinar o grau em que a contaminação está nos
materiais isolantes do motor.

Através dos resultados deste índice pode-se avaliar qual o nível de segurança em
que se encontra o motor.

R1
Ia = , onde:
R30

Ia = Índice de absorção (adimensional);


R1 = Resistência medida após 1 minuto (Ω);
R30 = Resistência medida após 30 segundos (Ω).

Após inserir os valores medidos na equação acima, analisar o resultado de acordo


com a tabela a seguir.

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5.2.12 Medição de curto entre as bobinas do motor

Curto entre bobinas no motor é um defeito que ocorre quando há uma falha no
isolamento do enrolamento. Uma bobina se interliga a outra por causa do curto
circuito. Nestes casos, se o motor ainda não estiver queimado, deve-se recuperar o
isolamento da parte danificada, se possível.

Para tal diagnóstico, é necessário o uso de multímetro ou um microhmímetro. Estes


equipamentos são capazes de medir a resistência ôhmica entre as bobinas. Se o
valor for zero, caracteriza curto entre as bobinas. É importante a ligação correta dos
equipamentos de medição a fim de obter o resultado correto.

6 TRANSFORMADORES

O princípio básico de funcionamento de um transformador é a indução, explicado


através da Lei de Faraday da Indução Eletromagnética. Quando um circuito elétrico
é submetido a um campo magnético variável, aparece nele uma corrente elétrica
cuja intensidade é proporcional às variações do fluxo magnético. A afirmação
inversa também vale: uma corrente elétrica induz um campo magnético.

Assim, quando uma corrente alternada passa pelo circuito primário do


transformador, é gerado um campo magnético no núcleo deste transformador. Este
campo magnético atravessa o circuito secundário devido ao fenômeno da indução,
produzindo nele uma corrente elétrica que tem a mesma forma da corrente que
atravessa o circuito primário (alternada), mas com tensão alterada, para mais ou
para menos, de acordo com um fator de proporcionalidade.

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O fator de proporcionalidade é a relação no número de espiras dos circuitos primário
e secundário do trafo. Sendo NS o número de espiras do circuito secundário e NP o
número de espiras do circuito primário. A tensão no circuito secundário é igual a
tensão no circuito primário multiplicada pela fração Ns/Np. A potência (P) é sempre a
mesma nos dois lados do trafo (trafo ideal) e a variação se dá em relação a corrente
(A) e a tensão (V). A fig.

FIGURA 25 - Transformador

7 CIRCUITOS ELÉTRICOS
7.1 Circuitos série

Circuito série é aquele que permite somente um percurso para a passagem da


corrente. Nos circuitos em série (Fig.26), a corrente I é a mesma em todos os pontos
do circuito. Portanto, a corrente que passa por R1 é a mesma que passa por R2, por
R3 e é exatamente a corrente fornecida pela ponte.

FIGURA 26 - Circuito série

Quando as resistências são ligadas em série, a resistência total do circuito é igual à


soma das resistências de todas as partes do circuito:

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RT = R1 + R2 + R3

Onde, RT = resistência total em Ω


R1, R2 e R3 = resistências em série

Exemplo: Um circuito série é formado por resistores de 50Ω, 75Ω e 100Ω (Fig.27).
Calcule a resistência total do circuito.

FIGURA 27 - Circuito série

Solução: RT = R1 + R2 + R3 = 50 + 75 + 100 = 225Ω (resp)

A tensão total através de um circuito série é igual à soma das tensões nos terminais
de cada resistência do circuito (Fig.17).

VT = V1 + V2 + V3

Onde, VT = tensão total em V


V1 = tensão nos terminais da resistência R1, V
V2 = tensão nos terminais da resistência R2, V
V3 = tensão nos terminais da resistência R3, V

Estas equações se aplicam a circuitos com um número qualquer de resistências:

RT = R1 + R2 + R3 + … + Rn

VT = V1 + V2 + V3 + … + Vn

A lei de Ohm pode ser aplicada ao circuito todo ou a partes separadas de um circuito
em série. Quando for aplicada a certa parte de um circuito, a tensão dessa parte é
igual à corrente dessa parte multiplicada pela sua resistência. Para o circuito da Fig.

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28, V1 = IR1, V2 = IR2 e V3 = IR3.

FIGURA 28 - Tensão em circuitos série

Exemplo: Num circuito série obtém-se 6V nos terminais de R1, 30V nos terminais de
R2 e 54 V nos terminais de R3 (Fig.29). Qual a tensão total do circuito?

FIGURA 29 - Tensão total em circuitos série

Solução: VT = V1 + V2 + V3 = 6 + 30 + 54 = 90V (resp)

Para calcular a tensão total de um circuito serie, multiplica-se a corrente pela


resistência total: VT = IRT.

Onde, VT = tensão total, V


I = corrente, A
RT = resistência total, Ω

7.1.1 Polaridade e Queda de tensão

A polaridade da queda de tensão é determinada pelo sentido convencional da


corrente, isto é, do potencial positivo para o potencial negativo. O sentido da
corrente através de R1 é do ponto A para o ponto B (Fig.30). O ponto mais próximo
do terminal positivo da fonte de tensão é mais positivo e o ponto mais próximo do
terminal negativo da fonte de tensão é o mais negativo.

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FIGURA 30 - Polaridade e queda de tensão

Observando a Fig.30, podemos concluir:

Tensão no ponto A = 95V

A tensão no ponto B = 95 – 10 = 85V, pois há uma queda de tensão de 10V através


do resistor R1. (VB = 95 – 10 = 85V)

A tensão no ponto C = 85 – 25 = 60V, pois há uma queda de tensão de 25V através


do resistor R2. (VC = 85 – 25 = 60V)

A tensão no ponto D = 60 – 60 = 0V, pois há uma queda de tensão de 60V através


do resistor R3. (VD = 60 – 60 = 0V)

Se o circuito for aterrado em D, VD deve ser igual a 0V. Se ao acompanhar o


circuito, encontrar um valor para VD diferente de 0V, pode-se concluir que há um
engano.

7.1.2 Potência total em circuitos série

A lei de Ohm pode ser aplicada para a determinação de valores totais num circuito
série, bem como para partes separadas do circuito. De forma análoga, a formula
para a potência pode ser aplicada para valores totais.

PT = IVT

Onde, PT = potência total, W


I = corrente, A
VT = tensão total, V

A potência total produzida pela fonte num circuito série também pode ser expressa
com a soma das potências individuais usadas em cada parte do circuito.

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PT = P1 + P2 + P3 + … + Pn

Exemplo: Calcule a potência total PT dissipada por R1 e R2 no circuito da Fig.31.

FIGURA 31 - Polaridade e queda de tensão

1º passo – calcule I utilizando a lei de Ohm:

IT = VT / RT IT = VT / R1 + R2 IT = 60V / 15Ω IT = 4 A

2º passo – calcule a potência dissipada em R1 e R2

P1 = I2R1 P1 = 42(5) P1 = 80 w

P2 = I2R2 P1 = 42(10) P1 = 160 w

3º passo – calcule a potência total PT somando P1 e P2

PT= P1 + P2 PT = 80 + 160 PT = 240 w (resp)

Ou

PT = IVT PT = 4(60) PT = 240 w (resp)

7.1.3 Condutores

É um material que possui muitos elétrons livres. O cobre, o alumínio e a prata são
exemplos de materiais bons condutores de eletricidade. Em geral os metais são
bons condutores. O cobre é o material mais utilizado em condutores elétricos.

Os condutores possuem uma resistência muito baixa e sua função é ligar a fonte de
tensão a uma carga com uma queda de tensão (IR) mínima. Permitindo que a maior
parte da tensão aplicada possa produzir corrente na carga.

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7.2 Circuitos paralelos

É aquele no qual dois ou mais componentes estão ligados à mesma fonte de tensão
conforme mostrado na Fig.32. Os resistores R1, R2 e R3 estão em paralelo entre si e
com a bateria. Cada percurso paralelo é um ramo ou malha com a sua própria
corrente. Quando a corrente total IT sai da fonte de tensão V, uma parte I1 da
corrente IT flui através de R1, outra parte I2 flui através de R2 e a parte restante I3
passa através de R3. As correntes I1, I2 e I3 podem ser diferentes. Mas se for inserido
um voltímetro através de R1, R2 e R3, as respectivas tensões V1, V2 e V3 serão iguais.
Então:

V = V1 = V2 = V3

E a corrente total IT é a soma das correntes em todos os ramos:

IT = I1 + I2 + I3

FIGURA 32 - Circuito paralelo

Segundo a lei de Ohm, cada corrente de ramo é igual à tensão aplicada dividida pela
resistência entre os dois pontos onde a tensão é aplicada. Para cada ramo da Fig.32
têm-se as seguintes equações:

Ramo 1: I1 = V1 / R1 = V / R1

Ramo 2: I2 = V2 / R2 = V / R2

Ramos 3: I3 = V3 / R3 = V / R3

7.2.1 Resistências em paralelo

A resistência total num circuito paralelo pode ser determinada aplicando-se a lei de

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Ohm. Dividir a tensão comum através das resistências em paralelo pela corrente
total da linha. RT = V / IT

RT é a resistência total de todos os ramos em paralelo através da fonte de tensão V,


e IT é a soma da corrente de todos os ramos.

A resistência total em paralelo é dada pela fórmula:

1/RT = 1/R1 + 1/R2 + 1/R3 + … + 1/Rn

7.2.2 Circuito aberto e curto-circuito

Uma interrupção em qualquer parte de um circuito é, na verdade, uma resistência


muito alta que implica ausência do fluxo de corrente através do circuito. Quando
houver uma interrupção na linha principal (Fig.33), não haverá corrente em nenhum
dos ramos em paralelo. Se a interrupção estiver em alguns dos ramos (Fig.34), não
haverá corrente fluindo somente por este ramo.

FIGURA 33 - Interrupção na linha principal

FIGURA 34 - Interrupção no ramo 2

Um curto em qualquer parte de um circuito é, na verdade, uma resistência muito


baixa. Pode ser considerada nula. Portanto, a corrente é muito alta através do curto-
circuito.

Na Fig.35, praticamente toda a corrente fluirá pelo caminho criado pelo curto-

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circuito. E não haverá corrente através de R1, R2 e R3.

FIGURA 35 - Curto circuito

7.3 Leis de Kirchhoff

7.3.1 Lei de Kirchhoff para tensão - LKT

A lei de Kirchhoff para tensão (LKT) ou lei das malhas afirma que a tensão aplicada
a um circuito fechado é igual à soma das quedas de tensão neste circuito.

Tensão aplicada = soma de quedas de tensão VA = V1 + V2 + V3

Onde VA é tensão aplicada e V1, V2 e V3 são as quedas de tensão.

A soma algébrica das tensões de um circuito deve ser igual a zero.

Tensão aplicada – soma das quedas de tensão = 0

Então: VA – V1 – V2 – V3 = 0 ou

VA – (V1 + V2 + V3) = 0

O sinal positivo ( + ) é utilizado para representar um aumento de tensão e o sinal


negativo ( - ) é utilizado para representar uma queda de tensão. Ao analisar o
circuito, comece pelo terminal negativo da fonte. O percurso do terminal negativo ao
terminal positivo da fonte corresponde a um aumento de tensão. E o percurso do
terminal positivo passando pelos resistores até o terminal negativo da fonte,
corresponde a uma queda de tensão. Veja o exemplo na Fig.36.

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FIGURA 36 - Ilustração do somatório das tensões

∑V = 0
VA – V1 – V2 – V3 = 0
100 – 50 – 30 – 20 =0

Percorrendo o circuito no sentido abcd, temos +100 V (terminal negativo para o


terminal positivo), -50V, -30V, -20V (terminal positivo dos resistores para o terminal
negativo).

Veja abaixo como é feito a determinação de uma fonte de tensão. Fig. 37.

FIGURA 37 - Determinação de uma fonte de tensão

O sentido do fluxo de corrente é indicado através da seta. Portanto:

VA – V1 – V2 – VB – V3 = 0 (∑v = 0)

Para encontrar o valor de VB, faz-se:

VB = VA – V1 – V2 –V3 = 15 – 3 – 6 – 2 = 4V

Como se obteve um valor positivo de VB, o sentido adotado para a corrente é o


sentido real da corrente.

7.3.2 Lei de Kirchhoff para corrente - LKC

A lei de Kirchhoff para a corrente (LKC) ou lei dos nós, afirma que a soma das
correntes que entram numa junção é igual à soma das correntes que saem desta
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junção. Na Fig. 38, o ponto P é uma junção comum ou um ponto comum. Este ponto
também é chamado de nó.

FIGURA 38 - As correntes em um nó

Lembrando, a soma das correntes que entram = soma das correntes que saem.

I1 + I3 + I4 + I6 = I2 + I5

Considerando as correntes que entram no nó como positivas (+) e as que saem do


mesmo nó como negativas (-), a lei também afirma que a soma algébrica de todas
as correntes que se encontram no nó é zero. Então:

∑I = 0

I1 – I2 + I3 + I4 – I5 + I6 = 0

Com exemplo, veja nas Fig.39 e Fig. 40 a seguir:

FIGURA 39 - Ilustração da LKC

I1 – I2 – I3 = 0 ou I1 = I2 + I3

FIGURA 40 - Ilustração da LKC


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I1 – I2 – I3 I4 = 0 ou I1 = I2 + I3+I4

Veja abaixo, na Fig.41, como é feito a determinação da corrente.

FIGURA 41 - Determinação da corrente

+I1 + I2 – I3 + I4 = 0

I4 = -I1 – I2 + I3 = -2 -3 + 4 = -1

O sinal negativo de I4 significa que o sentido adotado para I4 está incorreto. Na


verdade, I4 está saindo do ponto P.

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