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AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE MATERIAIS GEOSSINTÉTICOS NO

REFORÇO DE FUNDAÇÕES RASAS EM SOLOS MOLES

Caso de estudo: Cidade da Beira – Estoril

SANTOS SÉRGIO BRIDGE

PROJECTO DE PESQUSA: ENGENHARIA CIVIL UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

BEIRA

2023
SANTOS SÉRGIO BRIDGE

AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE MATERIAIS GEOSSINTÉTICOS NO


REFORÇO DE FUNDAÇÕES EM SOLOS MOLES

Caso de estudo: Bairro Estoril - Cidade da Beira

Trabalho de conclusão de curso apresentado


no curso de Engenharia civil da Universidade
Zambeze - Faculdade e Ciências e Tecnologia
da Beira, como requisito para obtenção do
título de Licenciatura em Engenharia Civil,
sob orientação do Prof. Dr. Albano
Maparagem.

Orientador: PhD. Albano Maparagem

BEIRA

2023
DECLARAÇÃO

Eu, SANTOS SÉRGIO BRIDGE declaro que esta Monografia é resultado do meu próprio
trabalho e está a ser submetida para a obtenção da Licenciatura em Engenharia Civil na
Universidade Uni-Zambeze.

Ela não foi submetida antes para obtenção de nenhum grau ou para avaliação em nenhuma outra
universidade.

________________________________________________

(Santos Sérgio Bridge)

Beira, __ de _______________ de 202__


AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradecer a Deus pela força e bênçãos que ele me concedeu durante o
percurso da minha caminhada.
Agradecer a minha mãe pelo esforço despendido de modo a tornar possível a minha formação,
mesmo com falta de condições ela não deixava que nada me pudesse faltar.
Agradecer aos meus irmãos e a minha família pela força, motivação, patrocínio, paciência e
encorajamento, para que a minha caminhada fosse possível.
Aos docentes que durante as aulas esforçaram-se em transmitir os conhecimentos que hoje os
detenho através da sua formação.
Ao meu supervisor Prof. Doutor Eng. Albano Maparagem.
Aos meus amigos e colegas de carteira em especial (Alves, Edrisse e Neymo) que de forma
direta ou indiretamente contribuíram para que o meu sonho se tornasse uma realidade.

Khanimambo.
Em memória do meu pai e irmã
Sérgio Tomé F. Bridge e Filomena Santos Bridge
Epígrafe

“Nossas virtudes e nossos defeitos são inseparáveis,


assim como a força e a matéria. Quando se
separam o homem deixa de existir.”

Nikola Tesla
Índice

CAPITULO 1 ........................................................................................................................... 12

VII. Introdução .............................................................................................................. 12

VIII. Problema de pesquisa ............................................................................................. 13

IX. Justificativa......................................................................................................................... 14

X. Hipótese ............................................................................................................................... 14

XI. Objectivos da pesquisa ....................................................................................................... 15

XII. Estrutura da Monografia ................................................................................................... 16

CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................... 17

2. Revisão bibliográfica ............................................................................................................ 17

2.1. ESTRUTURAS DE SOLO REFORÇADO .................................................................. 17

2.1.1. Geossintéticos ............................................................................................................ 17

2.1.2. Matérias-primas e suas propriedades ......................................................................... 19

2.1.3. Tipos de geossintéticos e suas aplicações ...................................................................... 19

2.1.4. Geossintéticos voltados a área de reforço....................................................................... 21

2.2. O conceito de reforço de solo- Propriedades relevantes ............................................... 24

2.2.1. Introdução ....................................................................................................................... 24

2.2.2. Resistência, deformação, rigidez à tração ..................................................................... 28

2.2.3. Comportamento em fluência sob tração ......................................................................... 29

2.2.4. Interação mecânica com o solo envolvente .................................................................... 29

2.2.5. Resistência à degradação ambiental ............................................................................... 29

2.2.6. Resistência aos esforços de instalação ........................................................................... 30

2.2.7. Aspectos Relativos aos reforços – Factores de Redução................................................ 30

2.2.7. Acção do reforço em uma estrutura de solo reforçado ................................................... 32

2.3. ASPECTOS RELATIVOS AOS SOLOS..................................................................... 35

2.4. APLICAÇÕES DE GEOSSINTÉTICOS EM OBRAS GEOTÉCNICAS ................... 36

2.4.1. Elementos de reforços aplicados em fundações ............................................................. 37


2.5. Dimensionamento convencional ................................................................................... 38

2.5.0. Capacidade de carga de fundações superficiais .............................................................. 38

2.5.2.2. Parâmetros de resistência e peso especifico ................................................................ 45

2.6.1. Método de Das et al. (1996) ........................................................................................... 47

2.6.2. Método de Binquet e Lee (1975) .................................................................................... 49

2.6.3. Método de Dixit e Mandal (1993) .................................................................................. 55

2.6.4. Método de Sharma et al. (2009) ..................................................................................... 57

CAPÍTULO 3 ........................................................................................................................... 72

CASO DE ESTUDO (CIDADE DA BEIRA – Estoril) ........................................................... 72

3.1. Introdução .......................................................................................................................... 72

3.2. Localização geográfica ...................................................................................................... 72

3.3. Climas ................................................................................................................................ 73

3.4. Solos .................................................................................................................................. 73

3.5. Metodologia Aplicada ....................................................................................................... 76

3.5. Processo de Instalação das Geogrelhas ............................................................................. 80

4. Análise e discussão de Resultados ....................................................................................... 83

5. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 86

`6. Recomendações .................................................................................................................. 87

7. Referências ........................................................................................................................... 88

8. ANEXOS .............................................................................................................................. 90

9. Apêndices ............................................................................................................................. 93

AVALIAÇÃO FINAL.............................................................................................................. 96
I. RESUMO

BRIDGE, S. S; AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE MATERIAIS


GEOSSINTÉTICOS NO REFORÇO DE FUNDAÇÕES RASAS EM SOLOS MOLES,
Beira, 2023.

A elaboração do trabalho de conclusão do curso, cujo o tema é “AVALIAÇÃO DA


APLICABILIDADE DE MATERIAIS GEOSSINTÉTICOS NO REFORÇO DE
FUNDAÇÕES RASAS EM SOLOS MOLES” com a intenção de viabilizar a construção de
edifícios em zonas com solos moles. Pois temos visto que o índice de execução de obras civis,
em zonas com solos altamente compressíveis e com muito fraca capacidade de carga tem
crescido bastante. Assim faz-se necessário o aprimoramento de técnicas seguras, econômicas e
sustentáveis de modo a vencer esse factor limitante que é a fraca capacidade de carga. Uma das
técnicas de reforço seria o uso de materiais geossintéticos para assim contribuir no aumento da
capacidade de carga. O presente trabalho de conclusão de curso cujo a metodologia utilizada
foi baseada na análise de alguns modelos de cálculo de capacidade de carga e no levantamento
de dados para assim serem ensaiados em laboratório “Ensaio de Limites de Liquidez e de
plasticidade”. Assim foi possível caracterizar algumas características do solo em questão “zona
do Estoril”. Calculou-se com base em um modelo matemático o incremento de capacidade de
carga com o reforço de geossintéticos.

Palavras chave: Geossintéticos, Solos Moles, Capacidade de Carga.


II. Abstract

BRIDGE, S. S; EVALUATION OF THE APPLICABILITY OF GEOSYNTHETIC


MATERIALS IN STRENGTHENING SHALLOW FOUNDATIONS IN SOFT SOILS, Beira,
2023.

The preparation of the course conclusion work, whose theme is “ASSESSMENT OF


THE APPLICABILITY OF GEOSYNTHETIC MATERIALS IN STRENGTHENING
SHALLOW FOUNDATIONS IN SOFT SOILS” with the intention of making feasible the
construction of buildings in areas with soft soils. Because we have seen that the execution rate
of civil works, in areas with highly compressible soils and with very low load capacity, has
grown a lot. Thus, it is necessary to improve safe, economical and sustainable techniques in
order to overcome this limiting factor, which is poor load capacity. One of the reinforcement
techniques would be the use of geosynthetic materials to thus contribute to increasing the load
capacity. This course completion work whose methodology was based on the analysis of some
load capacity calculation models and on data collection so that they could be tested in the
laboratory “Liquidity Limits and Plasticity Test”. Thus, it was possible to characterize some
characteristics of the soil in question “Estoril Zone”. The increase in load capacity with the
reinforcement of geosynthetics was calculated based on a mathematical model.

Keywords: Geosynthetics, Soft Soils, Battery capacity.


III. Índice de ilustrações

Figura 1: Arranjo estrutural dos geotêxteis. (BENJAMIM, 2006). .......................................... 22


Figura 2: Interação da geogrelha como solo envolvente. (BENJAMIM 2006)........................ 23
Figura 3: Ilustração gráfica comparando a deformação de um solo sem material de reforço com
um solo reforçado. (MACCAFERRI, 2014 ) ........................................................................... 26
Figura 4 Experimento empírico para ilustrar o conceito de reforço de solo. (MACCAFERRI,
2014). ........................................................................................................................................ 28
Figura 5 - reforço de um elemento de solo. (BENJAMIM, 2006). .......................................... 33
Figura 6: Elemento de ruptura idealizado. (Benjamim, 2006) ................................................. 34
Figura 7 - Resistência ao cisalhamento vs orientação ao reforço (JEWELL, 1996 apud
Benjamim, 2006) ...................................................................................................................... 35
Figura 8: Modos de Ruptura de (VEISIC, 1975). (CONSTANCIO, 2010) ............................. 43
Figura 9: Modos de ruptura em areias (VESIC, 1975 apud CONSTANCIO 2010) ................ 44
Figura 10: Ângulo de atrito interno. (MELLO, 1971 apud CONSTANCIO 2010) ................. 46
Figura 11: Parâmetros geométricos do problema. (Das et al., 1996 apud Batista, 2004). ....... 48
Figura 12: Ábaco para a obtenção de αu. (Das et al., 1996 apud BATISTA, 2004)................. 48
Figura 13: Tipos de ruptura. (BINQUET e LEE, 1975b apud CONSTANCIO, 2010). .......... 50
Figura 14: Distribuição de tensões abaixo da sapata. (BINQUET e LEE, 1975b apud
CONSTANCIO, 2010). ............................................................................................................ 51
Figura 15: Plano de ruptura adotado. (BINQUET e LEE, 1975b apud CONSTANCIO, 2010).
.................................................................................................................................................. 51
Figura 16: Dimensões dos componentes da teoria de solos reforçados . (BINQUET e LEE,
1975b apud CONSTANCIO, 2010). ........................................................................................ 52
Figura 17: Ábaco para a determinação de J, I e M. (BINQUET e LEE, 1975b apud
CONSTANCIO, 2010). ............................................................................................................ 53
Figura 18:Posicionamento de τmax ............................................................................................ 53
Figura 19: Definição do problema (Dixit e Mandal., 1993 apud Batista, 2004). ..................... 56
Figura 20: Modos de ruptura em fundações reforçadas ........................................................... 58
Figura 21: Ruptura de fundação em sistema de duas camadas de solos. (CHEN, 2007 apud
constancio, 2010) ...................................................................................................................... 59
Figura 22: Ruptura de fundação em sistema de duas camadas de solos com reforços horizontais.
(CHEN, 2007 apud CONSTANCIO, 2010). ............................................................................ 60
Figura 23: Coeficiente de empuxo na punção sob carregamento vertical. (MEYERHOF;
HANNA, 1978 apud CONSTANCIO, 2010) ........................................................................... 62
Figura 24: Variação de ca sob carregamento vertical. (MEYERHOF; HANNA, 1978 apud
CONSTANCIO, 2010) ............................................................................................................. 63
Figura 25: Ruptura na zona reforçada. (CHEN, 2007 apud CONSTANCIO, 2010) ............... 63
Figura 26: Ruptura na zona reforçada com reforço horizontal. (CHEN, 2007 apud
CONSTANCIO, 2010) ............................................................................................................. 64
Figura 27: Forças passivas na cunha de solo abc. (SHARMA et al., 2009 apud CONSTANCIO,
2010) ......................................................................................................................................... 65
Figura 28: Diagrama de corpo livre da cunha de solo bcdg. (SHARMA et al., 2009 apud
CONSTANCIO, 2010) ............................................................................................................. 65
Figura 29: Diagrama de corpo livre da cunha de solo abc. ...................................................... 67
Figura 30: Variação do parâmetro xTR com o ângulo de atrito do solo φ. (CHEN, 2007 apud
CONSTANCIO, 2010). ............................................................................................................ 67
Figura 31: Distribuição simplificada de recalques verticais em areia (CHEN, 2007 apud
CONSTANCIO, 2010) ............................................................................................................. 69
Figura 32: Diagrama de distribuição do fator de influência de deformação. (SCHMERTMANN
et al.,1978 apud CONSTANCIO, 2010) .................................................................................. 70
Figura 33: Planta de localização. (Google Earth). .................................................................... 73
Figura 34: Solos da Cidade da beira. (MARTINHO, 2020)..................................................... 75
Figura 35: tipo de solo predominante na cidade da beira. fonte (Autor) .................................. 76
Figura 36: Modelo estrutural. fonte (Autor) ............................................................................. 80
Figura 37: Aplicação da geogrelha ........................................................................................... 82
Figura 38: Gráfico analítico da análise comparativa, fonte (Autor) ......................................... 83
IV. LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Funções dos geossintéticos em obras Geotécnicas (Vertematti, 2004). ................... 20


Tabela 2. Principais polímeros utilizados na fabricação dos geossintéticos. (Vertematti, 2004).
.................................................................................................................................................. 20
Tabela 3: valores a serem adoptados para os parâmetros sc e sγ. (Batista, 2004) .................... 40
Tabela 4: Equações para o cálculo dos parâmetros a serem usados no método de Meyerhof
(1951, 1963). (Batista, 2004). .................................................................................................. 42
Tabela 5: Factores de forma. (VESIC, 1975 apud CONSTANCIO, 2010).............................. 42
Tabela 6: Peso específico de solos argilosos. (GODOY, 1972 apud CONSTANCIO, 2010) . 47
Tabela 7: Peso específico de solos arenosos. (GODOY, 1972 apud CONSTANCIO, 2010).. 47
Tabela 8- Recomendação de parâmetros para layouts de reforço(CHEN, 2007 apud
CONSTANCIO, 2010) ............................................................................................................. 71
Tabela 9: Clima da Cidade da Beira. (Weatherbase.com 6 de junho de 2010) ........................ 73
Tabela 10: Ensaio de Limite de Plasticidade. fonte (Autor) .................................................... 77
Tabela 11: ensaio de Limite de Liquidez. fonte (Autor) .......................................................... 77
Tabela 12: Resultados dos ensaios. fonte (Autor) .................................................................... 78
Tabela 13: Tabela resumo da análise comparativa fonte:(Autor)............................................. 83
V. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT- Associação Brasileira de Normas técnicas

BCR – Bearing Capacity Ratio (Taxa de capacidade de Carga)

NBR – Norma Brasileira

PET – Poliéster

PE – Polietileno

PP – Polipropileno

PA – Poliamida

SPT – Standard penetration test

ASTM-American Society for Testing and Materials”


VI. LISTA DE SÍMBOLOS

B – Largura da fundação

B’ – Largura de atuação da carga após espraiamento

C – Coesão do solo Argiloso

Ca – Coesão do solo granular

Cu – Coesão não drenada

d – Espessura da camada de solo reforçado (base da fundação à ultima camada de reforço)

D – Embutimento da sapata no solo

dc, dq, dγ – Fatores de profundidade

Es – Modulo de elasticidade do solo

FR – Fator de redução global

fa, fcr, fmr, fm – fatores de redução parcial para a degradação ambiental (química e biológica),
para fluência (Tmax/Tref), danos mecânicos de instalação e incerteza estatística na determinação
do geossintético, respetivamente

G – Modulo de cisalhamento do solo

h – Espaçamento entre camadas de reforço

H – Espessura da camada do reforço

ic, iq, iγ- fatores de inclinação

Ir, Irc, Irr – índice de rigidez, índice de rigidez crítico e índice de rigidez reduzido do solo,
respectivamente

J – Rigidez do reforço a tracção

KA – coeficiente de empuxo ativo do solo

KP – Coeficiente de empuxo passivo do solo

K0 – coeficiente de empuxo em repouso do solo


L – Comprimento da Fundação

I – Comprimento do reforço

N – Números de camadas do reforço

Nc, Nq, Nγ – Factores de capacidade de carga

P – Carga aplicada na superfície

Pp – Força passiva

Pu – Capacidade de carga

q – Sobrecarga

qa – carga admissível do solo

qR – capacidade de carga do solo reforçado

qult – capacidade de carga última do solo

Ry – resistência a ruptura ou escoamento do reforço

S – Recalque

Sc, Sq, Sᵧ - factores de forma

su – resistência ao cisalhamento não drenado

T, Tmax, Treq – tensão no geossintético, resistência a tracção máxima e tracção requerida


respectivamente

Tr- resistência ao arrancamento da camada de reforço

U- Distancia entre a base da fundação e a primeira camada de reforço

Z- Profundidade da camada de reforço em relação à fundação

β- ângulo de espraiamento de tensões

δ- ângulo de inclinação da força passiva

ϕ- Ângulo de atrito interno do solo


γ- peso especifico do solo

γs- peso especifico dos solos sólidos

σ- Tensão

ν- Coeficiente de poisson
CAPITULO 1

VII. Introdução

A execução de obras civis sejam elas, vias de comunicação, edifícios sobre solos de
origem aluvionar, saturados, argilosas, solos altamente compressíveis e com muito baixa
capacidade de carga tem aumentado em nosso país. Tais solos são chamados de “solos moles”.
Quando carregados e devido a sua elevada compressibilidade, os solos moles podem sofrer
grandes assentamentos que podem prejudicar em grande medida o desempenho de tais obras, e
isso pode conduzi-las ao seu colapso. As veze a construção sobre esses solos não pode ser
evitado, pelo que, faz-se necessário o estudo de soluções que permitam vencer de forma segura,
sustentável e econômica essas limitações.

A fundação é o elemento de transição entre a edificação e o solo. É definida como


sendo o conjunto constituído pela infra-estrutura e o maciço solo, com ênfase para o solo por
ser um elemento mais fraco e complexo. A fundação é na realidade a interação solo/estrutura,
cuja finalidade precípua é a de transferir a carga da infra-estrutura para o terreno.

Actualmente, por conta da escassez de áreas que ofereçam condições condignas para
a construção de obras, leva-nos a utilização de áreas problemáticas para fins de construção.
Deste modo, a construção surge em locais onde os solos não possuam uma boa capacidade de
carga a necessidade da execução de estruturas de fundação.

É certo que um projecto de fundação deve considerar todas as variáveis envolvidas no


problema e a partir delas determinar o tipo de elemento a usar, para transmitir a carga da
superestrutura para o solo. Dependendo do tipo de elemento de fundação terremos as seguintes
denominações: Fundações Superficiais ou Rasas e Fundações profundas intermediarias.

Para as considerações acima citadas, notou-se a importância de criação de uma solução


alternativa em que se elevando/aumentando a capacidade de suporte do solo, fosse possível
reduzir a estrutura de fundação. Actualmente com a criação de materiais poliméricos pode-se
sanar essas dificuldades. Nos últimos tempos foram criados os matérias geossintéticos que
ajudam a vencer essas dificuldades.

A inclusão de materiais geossintéticos como reforço pode viabilizar a utilização de


fundações rasas para cargas consideradas excessivamente elevadas para determinados solos,
tornando assim uma solução simples e viável. Geossintéticos são uma família de materiais
12
sintéticos empregados em engenharia. Devido a sua versatilidade e ao crescente número de
novos produtos, sua inserção em obras geotécnicas cresceu enormemente.

O uso de geossintéticos em um maciço de solo compactado tem como principal


objetivo o aumento da resistência e a diminuição da compressibilidade do solo.

VIII. Problema de pesquisa

Nos últimos tempos temos acompanhado uma série de eventos indesejados seja em
obras viárias, edifícios, pontes. Os eventos catastróficos podem variar de mais fracos aos mais
fortes, como por exemplo: Fissuramentos por conta de recalques diferenciais até mesmo o
desabamento da estrutura.

O sector da construção é muito vasto, e sendo vasto traz consigo uma serie de soluções
para a contenção solos, como por exemplo a terra armada, solos grampeados, solos envelopados
até mesmo murros de contenção. Cada uma dessas técnicas traz consigo um determinado tipo
de material, geometria e até mesmo um(a) processo/técnica construtivo(a) diferenciado(a),
porém são desenvolvidas para o memo fim.

A estrutura de reforço de solos moles tem como propósito garantir a segurança da


estrutura a ser empregue no local e também de restringir as deformações nos maciços.

Questão-Problema: A inclusão de matérias geossintéticos pode viabilizar a utilização


de fundações rasas de modo a aumentar a capacidade de carga do solo do bairro residencial
“Estoril-Beira”?

13
IX. Justificativa
Os materiais geossintéticos oferecem soluções econômicas e tecnicamente avançadas
em obras de terra e fundações. O uso de materiais geossintéticos significa menor volume de
transporte de solos e melhor relação custo benefício. Isso acontece por ser uma alternativa
viável frente a soluções como substituição de camadas espessas de aterro. Para as fundações
superficiais, esses materiais trabalham de modo a melhorar o suporte do solo.

Embora várias pesquisas tenham mostrado o efeito benéfico do emprego de


geossintéticos, nesse tipo de aplicação, os resultados esperados tem praticamente se restringido
aqueles obtidos em laboratório, particularmente em ensaios em modelos.

Além da capacidade de suporte, a limitação de recalques é de vital importância para a


segurança e a operabilidade de uma construção assente em fundações directas.

X. Hipótese

Com o Aumento da capacidade de carga em solos moles pela inserção de camadas de


materiais geossintéticos, espera-se estabilizar e criar condições de resistência do solo para assim
erguerem-se edificações de grande envergadura na zona do Estoril e minimizar os custos de
terraplanagem com camadas espessas de aterro.

14
XI. Objectivos da pesquisa

XI.I. Objectivo Geral

Avaliar o emprego dos materiais geossintéticos no reforço dos solos moles para o aumento de
resistência e diminuição da deformação do maciço de fundação para fins de redução de custos
de execução de infra-estrutura, daí expor a importância da utilização dos geossintéticos no
aumente da capacidade de carga em solos.

XI.II. Objectivos específicos

O presente trabalho tem por objetivos específicos os seguintes:

• Falar dos tipos de materiais geossintéticos aplicados em reforço;


• selecionar os materiais de reforço a serem utilizados;
• avaliar o comportamento mecânico dos materiais de reforço em meio a solos moles;
• Avaliar o ganho de capacidade de carga de uma fundação superficial em solo reforçado;

15
XII. Estrutura da Monografia

A presente monografia será dividida em 3 Capítulos que são:

Capítulo 1- Introdução

O capitulo 1 é a parte introdutória do trabalho se apresenta da seguinte forma: resumo, a


introdução, a justificativa, a problemática, os objetivos gerais e específicos, as hipóteses
“proposta” e a metodologia que será usada.

Capítulo 2

O segundo capitulo capítulo fará uma breve apresentação da fundamentação teórica referentes
ao tema em estudo.

Capítulo 3

O terceiro capítulo logo após a realização da revisão da literatura da bibliografia no capítulo I,


será apresentado o local de estudo e a solução para o problema em questão,

16
CAPÍTULO 2

2. Revisão bibliográfica

2.1. ESTRUTURAS DE SOLO REFORÇADO

2.1.1. Geossintéticos

Breve histórico

Na perspectiva de Lopes, Barroso e Neves (2020), as primeiras utilizações de materiais


geossintéticos datam dos finais dos anos 50. Nas ultimas sete décadas, o sucesso destes
materiais tem vindo a aumentar, repercutindo-se não só no número e diversidade de campos de
aplicação, mas também em termos de importância do papel que tem vindo a desempenhar em
inúmeras obras de engenharia civil, conquistando cada vez mais a aceitação de projetistas,
empreiteiros e donos de obra.

Os materiais geossintéticos revolucionaram muitos aspectos da prática de engenharia


e em muitas aplicações substituíram inteiramente os materiais de construção tradicionais,
permitindo aumentar significativamente o fator de segurança, melhorar o comportamento das
obras e reduzir os custos de construção e manutenção. ( Lopes, Barroso, & Neves, 2020).

Conceitos

Os materiais geossintéticos são produtos industrializados poliméricos (sintéticos ou


naturais), cujas propriedades contribuem para melhoria de obras geotécnicas, nas quais eles
desempenham principalmente funções de: reforço, filtração, drenagem, proteção, separação,
controle de fluxo (impermeabilização) e controle de erosão superficial – a definição está em
concordância com a norma NBR 12553.

Na perspectiva de (Palmeira, 2018) entende-se por Geossintético o produto polimérico


para o uso em obas geotécnicas e de proteção ambiental. Em sua concepção mais abrangente,
inclui os produtos de polímeros manufacturados ou naturais, embora os primeiros predominem
na maioria das aplicações, particularmente naquelas que requerem elevado tempo de vida útil.
Esses produtos podem ser utilizados em uma grande variedade de problemas geotécnicos, tais
17
como reforço (estruturais de contenção, taludes íngremes ou aterros sobre solos moles) ou
estabilização de solos, drenagem e filtração, barreiras para fluidos e gases, controle de erosão,
barreira de sedimentos, proteção ambiental, etc.

Segundo Lopes, Barroso, & Neves, (2020) “Geossintético” é um termo genérico para
descrever um material, em que pelo menos um dos seus componentes é fabricado a partir de
um polímero sintético, na forma de folha, tira ou estrutura tridimensional, utilizado em contacto
com o solo ou outros materiais em obras de engenharia civil.

Os geossintéticos usados em reforço estão sujeitos a solicitações mecânicas, seja na


fase de instalação e construção, seja durante a vida útil da obra. Nessa função, a principal
propriedade característica requerida é a resistência à tração. A resistência ao arrancamento e a
resistência ao cisalhamento direto são as propriedades do sistema solo-reforço. O
comportamento de longo prazo é estimado a partir do ensaio em fluência, danos de instalação
e ataques químicos. (Batista, 2004).

A grande versatilidade destes produtos, com propriedades especificas como, por


exemplo, elevada rigidez, vem permitindo resolver problemas complexos, seja pelos altos
custos de uma proposta convencional ou pela amplitude das solicitações ou das restrições
impostas. Assim, sua presença tem se tornado indispensável em muitas obras geotécnicas da
actualidade. Além disso, sua instalação é, na maioria das vezes, rápida e simples.

Os principais materiais geossintéticos são: geotêxteis, geogrelhas, geomembranas,


geocompostos, geocélulas, entre outros. Apesar das várias aplicações dos diferentes tipos de
geossintéticos, este trabalho se concentrara em um produto voltado para o reforço, que são as
geogrelhas.

As geogrelhas são materiais geossintéticos usados em reforço e estão sujeitos a


solicitações mecânicas, desde a fase de instalação e construção, seja durante a vida útil da obra.
Nessa função, a principal propriedade característica requerida é a resistência a tracção. A
resistência ao arrancamento e a resistência ao cisalhamento directo são as propriedades do
sistema solo-reforço. O comportamento de longo prazo é estimado a partir do ensaio em
fluência, danos de instalação e ataques químicos.

18
2.1.2. Matérias-primas e suas propriedades

Segundo Lopes, Barroso, & Neves (2020), na sua definição de geossintéticos foi
referido que na sua constituição faziam parte “polímeros Sintéticos”. A palavra polímero tem
origem grega: poli (muitos) e mero (partes: unidade de repetição). Assim, os polímeros são
macromoléculas compostas por dezenas de milhares de moléculas (chamadas monômeros)
repetidas, ligadas entre si quimicamente. A forma como essa ligação é conseguida tem nome
de polimerização.

O polímero pode ser conseguido a partir da repetição de um só tipo de monômero


(homopolímero) ou de dois (copolímero) ou três (terpolímero) monômeros diferentes.
Normalmente os geossintéticos são homopolímeros.

A forma (aleatória, alternada, por blocos, ramos, etc.) como se dá essa repetição é que
define as propriedades do polímero resultante.

2.1.3. Tipos de geossintéticos e suas aplicações

Geossintético é a denominação genérica de um produto polimérico, sintético ou


natural, industrializado, cujas características contribuem para o melhoramento de obras
geotécnicas, desempenhando uma ou mais das seguintes funções: reforço, filtração, drenagem,
proteção, separação, impermeabilização e controlo de erosão superficial (Vertematti, 2004).

Os geossintéticos compõem um dos mais novos grupos de materiais de construção,


aplicadas corretamente em diversas obras civis, em especial na construção pesada. O termo
provém da junção de “geo”, referindo-se à terra, e “sintético”, referindo-se aos materiais
poliméricos empregados na sua fabricação (EHRLSH, 2009) apud (Lima, 2016).

A norma brasileira NBR 12553 sobre Geossintéticos é responsável por denominar e


classificar os materiais geossintéticos. Os materiais mais conhecidos e utilizados no âmbito
construído e utilizados no âmbito construtivo são: Geotêxteis, Geogrelhas, Georredes,
Geocomposto, Geomenbranas, Geocomposto Argiloso, Geotubos, Geocelulas e o
Geoexpandido.

Em obras de engenharia os geossintéticos podem exercer diversas funções. Neste


sentido, a seleção do tipo de geossintético é um fator crítico e determinante para eficiência do

19
projecto. A tabela 1. demonstra as funções de vários geossintéticos empregados em obras
geotécnicas.

Tabela 1: Funções dos geossintéticos em obras Geotécnicas (Vertematti, 2004).

Aplicações
Separação Proteção Filtração Drenagem Erosão Reforço Impermeabilização
Geotêxteis X X X X X X X
Geogrelhas X - - - - X -
geomenbranas X - - - - - X

georredes - X - X - - -
Geocomposto
betonílico - - - - - - X
argiloso
Geocéula - X - - X X -
Geotubo - - - - - - -
Geofibras - - - - - X -

Os geossintéticos são basicamente compostos por polímeros e, em menor proporção,


por aditivos. Os aditivos provêm melhorias nos processos de fabricação ou alteram os aspectos
do comportamento de engenharia do polímero básico.

No processo de fabricação dos geossintéticos, podem ser empregados diversos tipos


de polímeros, assim como mostra a tabela 2. De entre os mais utilizados estão o poliéster (PET),
o polietileno (PE), o Polipropileno (PP) e a poliamida (PA).

Tabela 2. Principais polímeros utilizados na fabricação dos geossintéticos. (Vertematti, 2004).

Polímero Sigla Aplicações

Poliéster PET Geotêxtis e geogrelhas

Polietileno PE Geotêxtis, geomembranas, geogrelhas, geotubos, georredes e geocompostos

Polipropileno PP Geotêxtis, geomembranas, geogrelhas, e geocompostos

poliamida PA Geotêxtis, geogrelhas e geocompostos

20
As características finais do geossintético não são diretamente relacionadas à
composição química e a estrutura do polímero empregado no processo de fabricação.

O emprego dos geossintéticos nas obras civis abrange diversas áreas, sejam elas em
drenagens profundas e superficiais, canalizações, aterros sobre solos moles, pavimentação,
murros de contenção, barragens, controle de erosão, áreas verdes, áreas de esporte, reforço em
fundações e muitas outras (ABNT, 2001) apud (Lima, 2016).

Estes materiais, principalmente os geotêxteis, tem sido bastante utilizado em diversas


obras de engenharia civil e geotécnicas. Esses artifícios apresentam ótimo desempenho, além
de uma relação custo benefício bastante satisfatória, em determinados casos, o uso desta
alternativa torna-se praticamente indispensável.

2.1.4. Geossintéticos voltados a área de reforço

Os geossintéticos voltados para o campo de reforço de solos são nomeadamente os


geotêxteis e as geogrelhas.

2.1.4.1. Geotêxtil
De acordo com VERTEMATTI (2004), os geotêxteis são produtos têxteis
bidimensionais permeáveis e flexíveis, compostos de fibras cortadas, filamentos contínuos,
monofilamentos, laminetes ou fios, formando estruturas tecidas, não tecidas ou tricotadas, cujas
propriedades mecânicas e hidráulicas permitem várias aplicações numa obra geotécnica.

Os geotêxteis sintéticos são produzidos em geral como poliéster (PET) ou


polipropileno (PP) e classificam-se em tecidos e não tecidos, em função do arranjo estrutural
de suas fibras.

Existem dois tipos diferentes de geotêxteis, tecidos e não tecidos, classificados em


função de arranjo estrutural de suas fibras figura 3. Os tecidos são compostos de dois conjuntos
perpendiculares de elementos lineares paralelos, sistematicamente entrelaçados segundo
direções preferenciais com maquinas têxteis convencionais. (Benjamim, 2006).

Os geotêxteis não tecidos são formados por filamentos ou fibras distribuídas


aleatoriamente e unidos para formar uma estrutura plana. Essa união pode ser realizada por

21
entrelaçamento mecânico com agulhas (agulhado), por fusão parcial (termoligado), com o uso
de produtos químicos (resinados) ou por reforço (reforçado). (Benjamim, 2006)

Figura 1: Arranjo estrutural dos geotêxteis. (BENJAMIM, 2006).

Os geotêxteis são os geossintéticos com maior campo de actuação, possuindo uma gama de
aplicação muito grande na engenharia, não somente geotécnica, como também em outras áreas,
como estruturas e hidráulica. Como por exemplo, os geotêxteis podem ser utilizados como
elementos de separação (construção de rodovias com diferentes solos), como elemento filtrante
(substituição de filtros de areia naturais), ou até mesmo como elemento impermeável a líquidos
ou vapores, quando impregnados com asfalto.

Dentre as diversas vantagens de se utilizarem os geotêxteis com a função de reforço,


podem-se citar, como exemplo, a sua flexibilidade e facilidade de manuseá-la, boa resistência
a danos mecânicos de instalação, em especial os não tecidos, capacidade de dissipação de
pressões neutras geradas durante a compactação e , principalmente, o baixo custo de construção
quando comparado com as estruturas de arrimo convencionais.

Entretanto, os geotêxteis apresentam algumas desvantagens que, dependendo de sua


aplicação ou tamanho da estrutura, poderão inviabilizar a sua aplicação, como por exemplo, os
deslocamentos que ocorrem durante a construção que podem comprometer o alinhamento da
estrutura, e a baixa resistência à tracção da manta, quando comparada com outros elementos de
reforço como, por exemplo, as geogrelhas. (Benjamim, 2006)

22
2.1.4.2. Geogrelhas
As geogrelhas são materiais geossintéticos com estruturas planas com forma de grelha,
em cujas aberturas se promovem o imbricamento do solo, conforme mostra a figura 2. As
geogrelhas são mais rígidas que os geotêxteis e, portanto, seu emprego é quase que
exclusivamente para reforço, embora possam ser utilizadas em casos específicos como
elemento de separação. ABRAMENTO, (1998) apud Benjamim, (2006).

Figura 2: Interação da geogrelha como solo envolvente. (BENJAMIM 2006).

As principais vantagens de se utilizarem geogrelhas, como elementos de reforço, são:


bom intertravamento com o solo, simples conexão com blocos segmentados, baixas
deformações durante a instalação de maior resistência à tracção quando comparadas com
geotêxteis. (Benjamim, 2006).

Poucas desvantagens limitam o uso desse material, como por exemplo, a necessidade
de se utilizar algum sistema contra erosão em conjunto com geogrelha em muros com face
envelopada. Em geral, para muros de pequenas alturas (4,0 m), as geogrelhas apresentam um
custo um pouco mais elevado do que os muros construídos com geotêxtil.

As principais aplicações das geogrelhas são em estruturas que requerem um elemento


de reforço no maciço de solo, como por exemplo, estruturas de arrimo e taludes íngremes, e
reforços sobre solos moles. Elas também podem apresentar outras funções, como reforço de
pavimento asfáltico e de fundações.

Os polímeros geralmente empregados na produção de geogrelhas são: o polietileno


de alta densidade (PEAD) e o poliéster (PET). Mais recentemente, começaram a ser produzidas
geogrelhas de fibras de vidro que, além que apresentarem um módulo de rigidez muito superior

23
às geogrelhas fabricadas com polímeros, praticamente eliminam o fenômeno de deformação
sob carregamento constante (fluência). (Benjamim, 2006).

2.2. O conceito de reforço de solo- Propriedades relevantes

2.2.1. Introdução

Segundo VERTEMATTI (2004), a função reforço utiliza a resistência à tração de um


geossintético para reforçar ou restringir deformações em estruturas geotécnicas ou granulares.

Benjamim (2006) afirma que o processo de reforço de solo consiste em se introduzir


no maciço de solo, elementos que possuam resistência à tracção relativamente elevada (fitas
metálicas, mantas de geotêxteis, geogrelhas, malhas de aço, etc.). Em termos gerais, a
estabilidade da estrutura em solo reforçado é condicionada pela interação solo-reforço, a qual
induz uma redistribuição global dos campos de tensões e deformações no maciço.

A técnica de reforço de solos por meio de inclusões de materiais sintéticos constitui,


actualmente, um dos campos mais estudados de pesquisa no âmbito da engenharia geotécnica.
O rápido desenvolvimento da tecnologia dos polímeros tem originado uma grande variedade de
materiais geossintéticos, resultando em diferentes sistemas de reforço.

As vantagens técnicas associadas ao emprego de solos reforçados são muitas, podendo


ser citadas, entre outras: os métodos simplificados de cálculo, fácil adaptação a vários tipos de
taludes e condições de solo, nãos exigem mão de obra especializada e equipamentos caros,
flexibilidade da estrutura, permitindo construções sobre solos relativamente moles ou
deformáveis, diversas possibilidades para o acabamento da face, sendo conveniente tanto para
centros urbanos como por exemplo, os blocos segmentados, como também em áreas de
preservação da natureza, em que a vegetação pode crescer na face da estrutura.

O solo reforçado é uma solução construtiva que proporciona melhorias nas


características mecânicas do maciço. De acordo com o Craig (2012, p.178) apud (Lima, 2016)
“consiste em uma massa de solo compactado dentro do qual são embutidos elementos
reforçadores”. Em geral, os solos apresentam elevada resistência a esforços de tração.

24
Quando uma massa de solo é carregada verticalmente, ela sofre deformações
verticais de compressão e deformações laterais de extensão (tração). Contudo, se a massa
de solo estiver reforçada, os movimentos laterais são limitados pela reduzida
deformabilidade do reforço. (MACCAFERRI, 2014, p. 145)

Segundo (MACCAFERRI, 2014), a técnica de solo reforçado consiste na introdução


de elementos resistentes a tracção, convenientemente orientados, que aumentam a resistência e
diminuem a deformabilidade do maciço. Neste método, designado reforço de solos,
comportamento global do maciço e melhorado à custa da transferência de esforços para
elementos resistentes.

Os solos possuem em geral elevada resistência a esforços de tração. Quando uma


massa de solo é carregada verticalmente, ela sofre deformações verticais de compressão e
deformações laterais de extensão (tracção). Contudo, se a massa de solo estiver reforçada, os
movimentos laterais são limitados pela reduzida deformabilidade do reforço. Esta restrição de
deformações é obtida graças ao desenvolvimento de reforços de tracção no elemento de reforço.

A restrição das deformações características do solo reforçado é obtida mediante a


transferência dos esforços actuantes no maciço aos elementos resistentes. A figura 5. ilustra o
princípio básico do comportamento de um solo reforçado. Pode-se observar que a medida que
tensões verticais (σ1) ou laterais (σ3) são aplicadas no solo, é gerada uma deformação. A
intensidade da deformação do maciço figura 5.b). segundo Craig (2012) apud (Lima, 2016), a
massa de solo é estabilizada em consequência da interação entre o solo e o reforço, onde, as
tensões laterais no solo são transferidas ao material resistente que são nele colocado sob tração.

25
Figura 3: Ilustração gráfica comparando a deformação de um solo sem material de reforço com um solo
reforçado. (MACCAFERRI, 2014 )

VERTEMATTI (2004) afirma que a função de reforço de um geossintético não


depende apenas de um dimensionamento adequado dos esforços solicitantes de projecto, mas
também de sua peculiaridade através de valores adequados de suas propriedades relevantes.
Neste contexto, destacam-se as seguintes propriedades:

➢ Resistencia a tração, T(KN/m);


➢ Elongação sob Tração, ε (%);
➢ Taxa de deformação, ε’ (%/s);
➢ Módulo de rigidez à tração, j (kN/m);
➢ Comportamento em fluência;
➢ Resistencia a esforços de instalação;
➢ Resistencia à degradação ambiental; e
➢ Interação mecânica com solo envolvente.

A figura 4 apresenta um experimento empírico que ilustra a restrição das deformações


laterais que ocorrem em uma massa de solo reforçado com elementos horizontais. Inicialmente,
colocou-se areia compactada em um copo plástico. A areia foi bem compactada, adquirindo a
forma do copo, depois de ser extraída do mesmo.

26
Ao ser carregado verticalmente com o mesmo copo plástico, parcialmente preenchido
com areia (70% do volume), é possível observar que o cone formado pela areia se desmorona
de imediato, devido à falta de resistência interna e restrição lateral Figura 4.b).

O mesmo experimento foi realizado reforçando a areia com 3 camadas de uma fina
malha de polipropileno (figura c). nesse caso, a areia foi compactada com a mesma umidade e
energia similar ao experimento anterior. O objetivo da introdução da malha do polipropileno
consiste na restrição dos movimentos laterais causados por um carregamento vertical externo.

Dando sequência ao experimento, aplicando-se a mesma carga vertical externa


imposta por um copo de plástico preenchido com (70%) do seu volume por areia figura 4.d).
observa-se que o cone de areia, reforçado com as malhas, mantem-se estável e é capaz de
suportar a carga externa, sem romper.

Esta experiencia ilustra com clareza a didática o conceito de reforço do solo,


mostrando que a introdução de elemento sintético em uma massa de solo oferece uma
resistência ao conjunto solo-reforço.

27
Figura 4 Experimento empírico para ilustrar o conceito de reforço de solo. (MACCAFERRI, 2014).

2.2.2. Resistência, deformação, rigidez à tração

VERTEMATTI (2004) afirma que dependendo do tipo de polímero usado, do processo


e qualidade da fabricação, assim como do tipo de geossintético, suas características podem
sofrer significativas variações, proporcionando uma ampla gama de produtos disponíveis e
adequados a cada tipo e porte de obra.

28
Os valores de resistência e rigidez à tração desempenhada pelo geossintético na obra
são funções da taxa de deformação imposta aos corpos de prova (velocidade de tracionamento
nos ensaios) e da temperatura ambiente.

2.2.3. Comportamento em fluência sob tração

Fluência é a deformação lenta e constante que o geossintético sofre quando tracionado,


devido ao arranjo molecular de sua matéria-prima. Assim, o grau de fluência depende do
polímero constituinte do geossintético, da temperatura ambiente e também do valor de carga de
tração aplicada.

Observando-se os tempos obtidos para ocorrer a ruptura, em função dos respectivos


percentuais de resistência a tração máxima, será obtida a curva de referência que permite prever
a resistência a tração de referência do geossintético a cada momento ao longo da vida útil da
obra.

2.2.4. Interação mecânica com o solo envolvente

Quanto maior a interação mecânica do geossintético com o solo, maior será sua
eficiência como elemento de reforço, pois maior será a ancoragem e a mobilização da sua
resistência à tração (VERTEMATTI, 2004).

Existem basicamente dois tipos de comportamento que se destacam nos geossintéticos


para reforços de solos: os contínuos e os descontínuos. No caso de geossintéticos contínuos, a
interação com o solo adjacente se dá através das parcelas de adesão e atrito. Nos descontínuos,
a aderência conta também com a resistência passiva dos membros transversais, uma vez que o
solo transpassa as malhas do geossintético. (Constancio, 2010).

2.2.5. Resistência à degradação ambiental

De um modo geral, amostras exumadas de obras com mais de 20 anos de vida mostram
que os geossintéticos apresentam degradação ambiental desprezível, sendo a expectativa de
vida, em alguns casos, de centenas de anos. No entanto, quando existem elementos agressivos
ou combinações capazes de desencadear a perda gradual de suas características mecânicas, os

29
geossintéticos podem ser fornecidos com características extremamente resistentes aos ataques
químicos e microbiológicos (VERTEMATTI, 2004).

2.2.6. Resistência aos esforços de instalação

De forma sucinta a resistência aos esforços de instalação é quanto mais resistente o


geossintético e menores forem os esforços de instalação, melhores serão suas características
remanescentes.

2.2.7. Aspectos Relativos aos reforços – Factores de Redução

O conceito de Fator de Redução assume que ocorre uma significativa redução nas
propriedades dos geossintéticos, advinda das condições de transporte, manuseio, armazenagem,
instalação e solicitações durante a vida útil da obra.

Um projecto envolvendo materiais geossintéticos deve considerar três tipos de


propriedades: propriedade requerida, propriedade índice e propriedade funcional. (Vidal et al,
1999) Apud (MACCAFERRI, 2014).

A propriedade requerida está associada ao valor da função especificada no projecto


para efeito de dimensionamento. A partir da propriedade requerida, procede-se à escolha do
geossintético que melhor se aplica ao projecto. Os produtos capazes de atender às propriedades
requeridas podem ser posteriormente submetidos a ensaios, para possibilitar o
dimensionamento final.

As propriedades índice são obtidas a partir de ensaios de caracterização e geralmente


são fornecidas pelo fabricante. Estas propriedades são inerentes ao produto e não consideram
as condições de utilização do geossintético. Os ensaios de caracterização têm como objetivo
determinar as características básicas do produto e possuem procedimentos estabelecidos em
norma, tratando-se, em geral, de ensaios rápidos e simples.

A propriedade funcional deve levar em consideração o tipo de solicitação imposta na


obra e as condições de utilização do geossintético. Esta propriedade representa o
comportamento do geossintético sob as condições de utilização impostas pela obra e permite
considerar a interação com o meio adjacente.

30
A propriedade funcional (Tk) de um determinado geossintético pode ser determinada
pela razão entre a propriedade índice (Ti) e o fator de redução total (fT). O fator de redução total
(fT) é dado pelo produto dos fatores de redução parciais, definidos por função e tipo de
aplicação.

No caso de obras de solo reforçado com geossintéticos, os principais fatores de redução


a serem considerados são:

Factor de redução devido a deformações por fluência (ff);

Factor de redução devido à degradação química e biológica pelo meio ambiente (fa);

Factor de redução devido e eventuais emendas (fe);

Factor de redução devido a danos mecânicos (fd);

Neste caso, a propriedade funcional é dada pela expressão:

𝑇𝑖 (2.1.0)
𝑇𝑓 =
𝑓𝑓 𝑓𝑒 𝑓𝑑

Em suma, os factores de redução indicam a razão entre a propriedade funcional sob condições
específicas de projecto. O factor de redução total é composto pelo conjunto dos factores de
redução parciais obtidos pra cada condição. A análise de sistemas de solo reforçado tem
adoptado os factores de redução parciais (ou factores de segurança parciais), ao invés de um
único fator de segurança total, como é usual em outras áreas de geotécnica. O motivo da adoção
de factores de redução parciais deve-se às inúmeras variais que intervêm as propriedades
mecânicas dos reforços e condições de serviço. (MACCAFERRI, 2014).

Os valores são assumidos analisando cada tipo de solicitação de forma isolada através
dos Fatores de Redução Parciais:

FR= fcr . fmr . fa . fm (2.1.1)

Onde:

✓ FR é o fator de redução global


✓ fcr o fator de redução parcial para fluência em tração (Tmax/Tref);
✓ fmr o fator de redução parcial para danos mecânicos de instalação;
✓ fa o fator de redução parcial para degradação ambiental (química e biológica); e
31
✓ fm é o fator de redução parcial para incertezas estatísticas na determinação da resistência
do geossintético.

Os fatores de redução indicam a relação entre as propriedades características e as


propriedades funcionais do geossintético nas condições específicas de projeto. As propriedades
características são aquelas determinadas a partir dos ensaios rápidos estabelecidos em norma, e
revelam as condições inerentes aos produtos, independentemente das condições de utilização.

As propriedades funcionais são aquelas determinadas e pelos ensaios de


comportamento, nos quais são consideradas as solicitações impostas pela obra: condições de
instalação; modo, tempo e intensidade das solicitações; condições ambientes e interação com o
meio.

Na prática, busca-se determinar qual o menor Tmáx (resistência à tração máxima) que
atende a equação:

𝑇𝑚á𝑥 ≥ 𝐹𝑅 . 𝑇𝑟𝑒𝑞 (2.1.2)

Onde: Treq é a tracção requerida.

2.2.7. Acção do reforço em uma estrutura de solo reforçado

As estruturas de solo reforçado são fundamentalmente diferentes das estruturas de


contenção convencionais que são estabilizadas externas utiliza uma parede estrutural contra a
qual são mobilizadas forças de estabilização. Um sistema de estabilização interna envolve os
reforços instalados dentro da massa de solo e estendidos além da massa potencial de ruptura.

Quando corretamente compactado, o solo desenvolve uma elevada resistência ao


cisalhamento para se tomar estruturalmente útil. Entretanto, o solo possui uma baixa resistência
a tracção. O princípio do reforço de solo se assemelha ao betão armado; em ambos os sistemas
são empregados materiais com elevada resistência à tracção para restringirem as deformações
que se desenvolvem no solo ou no betão devido ao peso próprio do material, associado ou não
a aplicação de carregamentos externos.

Enquanto que no betão armado, a transferência dos esforços para a armadura é


transmitida pela “aderência” existente na interface betão-armadura, no solo reforçado o

32
processo de transferência de carga se dá principalmente pelo “atrito” entre o solo e o elemento
de reforço.

A técnica de reforço de solos baseia-se na existência de um sólido mecanismo de


interação entre o solo e a inclusão. Na maioria dos casos práticos a interação por atrito requerer
um solo de aterro de boas propriedades mecânicas, em particular em termos de ângulo de atrito
interno, o que implica a maior adequabilidade dos solos granulares para as obras de solo
reforçado (LAnz, 1992) apud (Benjamim, 2006).

Dentro desse sistema de transferência, mobilizando a capacidade de tracção de


elementos de reforço pouco espaçados, é removida a necessidade de uma parede estrutural.
Uma face é recomendada em um sistema de estabilização interna, mas na maioria dos casos isto
é somente para prevenir erosão e vandalismo, sem possuir função estrutural.

Os sistemas de estabilização interna possuem predominantemente elementos


horizontais de reforço, como tiras metálicas ou geogrelhas. O princípio básico do
funcionamento de um elemento de solo reforçado esta patente na figura 5. (Benjamim, 2006).

Figura 5 - reforço de um elemento de solo. (BENJAMIM, 2006).

33
Figura 6: Elemento de ruptura idealizado. (Benjamim, 2006)

P resistente = Pvtan φ (2.1.3)

Do equilíbrio de forças no elemento do solo reforçado, podem ser identificados dois


efeitos benéficos na resistência ao cisalhamento da massa de solo reforçado. O primeiro consiste
na redução da força resultante de cisalhamento, tendo em vista a componente horizontal da
força de tracção no reforço (PR sen θ). O segundo consiste no aumento da força de tracção
normal aplicada à superfície de cisalhamento (PR cos θ), de tal forma que a resistência ao
cisalhamento do elemento de solo reforçado sofra um acréscimo para a presentada pela Equação
2.1.4.

Presistente = Pv tan φ + PR (sen θ + cos θ tan φ) (2.1.4)

Estudos fundamentais mostram que o reforço é mais efetivo se estiver alinhado à


direção da deformação de tracção no solo, de tal forma que a força de tracção se desenvolva no
reforço com o respeito ao plano potencial de cisalhamento (θ na figura 6.b) é a única geometria
variável na equação 2.1.4 e, conseqüentemente, fica claro que a inclinação do reforço é o fator
que governa a magnitude da resistência ao cisalhamento adicional que é gerada pelo reforço. A
figura 15 mostra a variação do acréscimo de resistência com respeito ao ângulos θ e φ(ângulo
de atrito interno do solo).

34
Figura 7 - Resistência ao cisalhamento vs orientação ao reforço (JEWELL, 1996 apud Benjamim, 2006)

A figura 7 mostra que a orientação óptima para o reforço é θopt =90º - φ (JEWELL,
1996) apud (Benjamim, 2006). Essa inclinação e possível de se obter para os casos dos reforços
inclusos no solo in situ. Tal como a técnica de solo pregado executada em taludes em corte, em
que é possível variar a inclinação buscando uma maior eficiência. Porém, no caso de aterros
compactados, o processo construtivo determina que esses sejam instalados na posição
horizontal.

Na pratica, o grau de melhoria é extremamente dependente da magnitude da força que


o reforço (PR). Essa máxima força que o reforço pode suportar é governada, na verdade, pela
interação entre o solo e o reforço. A interação é máxima quando a máxima tensão de compressão
no solo atua perpendicularmente ao plano do reforço, resultando em menores comprimentos de
ancoragem (JONES, 2000) apud (Benjamim, 2006).

2.3. ASPECTOS RELATIVOS AOS SOLOS

Segundo (MACCAFERRI, 2014), as características do solo utilizado com o reforço


indeferem diretamente no comportamento da estrutura do solo reforçado. Os solos arenosos são
usualmente preferidos para construção dos aterros de estruturas de contenção permanentes por
possuírem características geomecânicas adequadas e capacidade drenante elevada. Em alguns
35
países, existem mesmo normas que definem valores limites de algumas características (índice
de plasticidade, ângulo de atrito e percentagem de finos) que os solos devem exibir para
aplicações em aterros.

A utilização de solos coesivos é limitada por várias razões. Apontando-se como


exemplo, que a aderência entre estes solos e reforço é baixa e está sujeira a redução, no caso de
se desenvolverem pressões neutras positivas, difíceis de prever e de controlar. No entanto, nem
sempre é possível, por razões econômicas, obter o material de aterro com as características do
solo desejáveis, o que limitaria a escolha do reforço como solução.

Por esta razão, nos últimos anos, diversos autores têm realizado ensaios de laboratório
visando o estudo da possibilidade de utilização da possibilidade de utilização de solos coesivos
em aterros, sendo os resultados favoráveis, em especial quando os reforços utilizados são
geossintéticos.

2.4. APLICAÇÕES DE GEOSSINTÉTICOS EM OBRAS GEOTÉCNICAS

Atualmente, quase todas as obras em terraplanagem necessitam de algum tipo de


reforço ou elemento estabilizante para que possam ser construídas. Isso ocorre devido à
existência de solos com baixa capacidade de suporte para construção dos terraplenos, a
necessidade de verticalização de aterros ou ainda a possibilidade de edificações sobre fundação
direta. Não importa qual o tipo de obra geotécnica, uma vez que envolva problemas de ruptura
por cisalhamento dos solos, os reforços geossintéticos estão envolvidos, mais especificamente
as geogrelhas, devido a sua elevada resistência e baixo alongamento.

Na pratica se verifica que existem alguns tipos de obras que já são típicas pela
necessidade do uso de reforços geossintéticos, entre elas se apresentam, as estruturas de
contenção em solo reforçado, os aterros sobre solos moles, os aterros estaqueados, as obras de
reforço de base de pavimentos. A seguir essas obras serão apresentadas de maneira sucinta,
cabendo aos outros volumes que seguem esse manual detalha-las e orienta-las sob o uso das
metodologias de dimensionamento atualmente empregadas.

36
2.4.1. Elementos de reforços aplicados em fundações

O principal foco desse item é apresentar um panorama geral da evolução na pesquisa


do comportamento das fundações reforçadas, mostrando contribuições relevantes alcançadas
pelos pesquisadores da área.

De acordo com o Fabrin (1999) apud Constancio (2010), os precursores na pesquisa


da melhoria da capacidade de carga do solo pelo uso de reforço foram Binquet e Lee (1975a,
1975b), seguidos por Akinmusuru e Akinbolade (1981). Em ambos os trabalhos, os autores
analisaram a influência de diferentes variáveis, tais como: número de camadas de reforço,
espaçamento entre elas e rigidez do solo. Notaram um aumento da capacidade última do solo
reforçado de duas a quatro vezes a capacidade do solo sem reforço.

Binquet e Lee (1975a, 1975b) fizeram vários estudos com modelos reduzidos
reforçando um tipo de solo com tiras metálicas, e introduziram o conceito da taxa de capacidade
de carga, o BCR (“Bearing Capacity Ratio”), definido pela equação:

𝑞𝑟
𝐵𝐶𝑅 = (2.1.5)
𝑞𝑢𝑙𝑡

Onde q e q são as capacidades de carga do solo reforçado e não reforçado, respectivamente.


R ult

Vertematti (2004) afirma que os geossintéticos como reforços de fundações têm um


paralelo bastante próximo com os reforços geossintéticos de rodovias, tal como proposto por
Giroud e Noiray (1981). No referido estudo avalia-se a redução das espessuras dos lastros de
vias não-pavimentadas decorrente da instalação de geossintéticos em sua base. Os estudos são
baseados em ensaios e avaliações teóricas e mostram reduções que variam de 20 a 60% de tais
espessuras.

Muitos autores estudaram a influência do número de camadas e a distância ideal para


a colocação da primeira camada de reforço, mantendo os demais parâmetros fixos. Através dos
dados obtidos pode-se verificar que para pequenas deformações a posição da primeira camada
de reforço não exerce influência na capacidade de carga do solo. Já para maiores deformações,
quanto mais distante da fundação estiver a primeira camada de reforço, menor será sua eficácia.

As pesquisas buscam avaliar como se comportam as influências dos parâmetros


intrínsecos do modelo na melhoria do BCR (Bearing Capacity Ratio), tais como distância da
primeira camada de reforço, embutimento da fundação, distância entre as camadas de reforço,

37
tipo de solo do modelo, comprimento e número de camadas de reforço, tipos de reforços
empregados, entre demais outros parâmetros. (Constancio, 2010).

Em função da ampla área de pesquisa dos solos reforçados, é possível encontrar ainda
grande quantidade de estudos relevantes. De maneira geral, todos os estudos citados indicam
ganhos do ponto de vista da deformabilidade, bem como do ponto de vista da capacidade de
carga, mas segundo Fabrin e Queiroz (1999) apud (Constancio, 2010), que apresentam
resultados de comparações entre modelos numéricos e reduzidos, existe a recomendação de que
o comportamento dos solos reforçados precisa ser mais estudado.

Um método de dimensionamento eficiente e realista poderá ser concebido somente


quando houver um amadurecimento teórico e prático, a fim de gerar uma experiência que
possibilite compreender todas as variáveis e suas interdependências que interferem direta e
indiretamente no processo.

2.5. Dimensionamento convencional

2.5.0. Capacidade de carga de fundações superficiais

A real intenção dessa parte do trabalho não e ir afundo de toda temática da capacidade
de carga de fundações superficiais, mas sim mostrar os elementos fundamentais a compreensão
deste estudo.

Segundo (Velloso & Lopes, 2004), O solo deve ser capaz de suportar as cargas
colocadas sobre ele, sem que haja ruptura e os recalques devem ser toleráveis para a estrutura.
Deste modo, num projeto de fundações, é de extrema importância a correta quantificação dos
esforços que o solo suporta e os recalques que ele apresentará.

A capacidade de carga de um solo pode ser determinada por três enfoques distintos:
capacidade de carga na ruptura (valor de capacidade de carga para qual o terreno se rompe por
cisalhamento), capacidade de carga máxima (valor de capacidade de carga para o qual o solo
suportará, sem risco de ruptura, um dado carregamento não considerando eventuais recalques
que possam ocorrer) e capacidade de carga admissível (leva em consideração os recalques).
(Constancio, 2010).

Os métodos tradicionais de cálculo que se baseiam na capacidade de carga na ruptura,


ou seja, a carga para a qual o terreno rompe por cisalhamento.

38
2.5.1. Teoria de Terzagthi
Segundo BERBERIAN (2015), Terzaghi partindo-se dos trabalhos de Prandtl (1921)
e Reissmer (1924) apresentou a equação tradicional para o cálculo da capacidade de carga, de
uma fundação superficial. Terzaghi (1943) define dois modos de ruptura do maciço de solo, se
o solo é compacto ou rijo tem-se a ruptura geral (brusca), em outro extremo se o solo é fofo ou
mole tem-se a ruptura local (não evidencia uma ruptura nítida).

Para desenvolver uma teoria de capacidade de carga, Terzaghi (1943) considera as


seguintes hipóteses básicas:

• a sapata é corrida, isto é, o comprimento L é bem maior maior1 do que a largura B, o


que constitui um problema bidimensional;
• a profundidade de assentamento é inferior à largura da sapata (D≤B),2 situada acima da
cota de apoio da sapata. Essa simplificação implica que a camada de solo superior à
base da sapata pode ser substituída por uma sobrecarga de valor igual ao peso específico
efetivo do solo multiplicado por sua espessura;
• o maciço de solo de solo sobre a base da sapata é compacto ou rijo, isto é,trata-se de um
caso de ruptura geral.

Como o problema passa a ser o de uma faixa (sapata corrida) de largura definida,
carregada uniformemente, localizada na superfície horizontal de um maciço semi-infinito,
Terzaghi (1943) montou o estado de equilíbrio plástico dessa situação, na iminência da ruptura,
realizando o equilíbrio de esforços gerados.

Partindo deste equacionamento Terzaghi (1943) apud (Berberian, 2015), chega a um


valor aproximado de capacidade de carga do sistema de sapata solo que é dado pela equação:

qr = c.Nc.Sc + q0 .Nq + 0,5.B.γ.Nγ.Sγ (2.2.0)

Onde:

2
qr . Kg/cm Capacidade de carga e ruptura do solo (capacidade de carga do sistema);

2
c . Kg/cm Coesão do Solo, dentro da zona de plastificação;

q0 . Kg/cm
2
Sobrecarga (tensão geostática ao nível de base da fundação);
39
.
B cm Menor dimensão (Largura ou diâmetro) da fundação;

γ . Kg/cm
2
Peso específico aparente do solo, dentro da zona de plastificação.

Nc – Nq - N γ : São factores de capacidade de carga

Sendo:

𝑎2 (2.2.1)
𝑁𝑞 = 𝜙
2.𝑐𝑜𝑠 2 (45+ )
2

𝜙 (2.2.2)
(0.75𝜋− ) tan 𝜙
𝑎= 𝑒 2

𝑵𝑐 = 𝑐𝑜𝑡𝜙 (2.2.3)

tan 𝜙 𝑘𝑝𝛾 (2.2.4)


𝑁𝑞 = ( − 1)
2 cos2 𝜙

Os valores dos parâmetros sc e sγ, adequados para cada situação indicados na tabela 3.

Tabela 3: valores a serem adoptados para os parâmetros sc e sγ. (Batista, 2004)

SAPATA

corrida circular quadrada

sc 1.0 1.3 1.3

sγ 1.0 0.6 0.8

2.5.2. Equação geral da capacidade de carga


CONSTANCIO (2010) afirma que após o desenvolvimento da equação da capacidade
de carga de Terzaghi, vários pesquisadores trabalharam na área e aprimoraram a solução
(MAYERHOF, 1951 e 1963; LUNDGREN e MORTENSEN, 1953; BALLA, 1962). Diferentes
soluções mostram que os factores de capacidade de carga Nc e Nq não apresentam grande
variação. Entretanto para um determinado valor ϕ, os valores de Nγ obtidos por vários
pesquisadores diferem de modo expressivo. Tal diferença é causada pela consideração de várias
formas de cunha do solo abaixo da sapata.

40
Reissner (1924) expressou que:

𝜙 (2.2.5)
𝑁𝑞 = 𝑒 𝜋𝑡𝑎𝑛∅ 𝑡𝑎𝑛2 (45 + )
2

Prandtl (1921) demostrou que:

𝑁𝑐 = (𝑁𝑞 − 1)𝑐𝑜𝑡𝑔𝜙 (2.2.6)

Meyerhof (1963) expressou que:

𝑁𝛾 = (𝑁𝑞 − 1)tan (1.4𝜙) (2.2.7)

2.5.2.1. Equação de Mayerhof

De acordo com Batista (2004) para o cálculo da carga última, segundo a teoria de
Meyerhof (1951, 1963), temos a equação 9 para carregamentos verticais e equação 10 para
carregamentos inclinados:

qult = c.Nc.Sc.dc + q0 .Nq.sqdq + 0,5.B.γ.Nγ.Sγ.dγ (2.2.8)

qult = c.Nc.Sc.dc.ic + q0 .Nq.sqdq.iq + 0,5.B.γ.Nγ.Sγ.dγ.iγ (2.2.9)

Sendo Nq, Nc e Nγ dados pelas equações abaixo respetivamente:

𝜙 (2.2.10)
𝑁𝑞 = 𝑒 𝜋𝑡𝑎𝑛𝜙 tan2 (45 + )
2

𝑁𝑐 = (𝑁𝑞 − 1)𝑐𝑜𝑡𝜙 (2.2.11)

𝑁𝛾 = (𝑁𝑞 − 1)tan (1,4. 𝜙) (2.2.12)

A tabela 4 a seguir traz equações de para o cálculo dos valores sc, sq, sγ, dc, dq, dγ, ic, iq, iγ, para
cada situação:

41
Tabela 4: Equações para o cálculo dos parâmetros a serem usados no método de Meyerhof (1951, 1963).
(Batista, 2004).

Forma Profundidade Inclinação

0,2. 𝑘𝑝 . 𝐵 𝐷 𝛼
𝑠𝑐 = 1 + 𝑑𝑐 = 1 + 0,2. √𝑘𝑝 . 𝑖𝑐 = 𝑖𝑞 = 1 −
𝐿 𝐵 900

ϕ=0 𝑠𝑞 = 𝑠𝛾 = 1 𝑑𝑞 = 𝑑𝛾 = 1 𝛼 2
𝑖𝛾 = (1 − )
𝜙

ϕ≥0 𝐵 𝐷
𝑠𝑞 = 𝑠𝛾 = 1 + 0,1. 𝑘𝑝 . 𝑑𝑞 = 𝑑𝛾 = 1 + 0.1. √𝑘𝑝 .
𝐿 𝐵

Sendo kp dado pela equação:

𝜙 (2.2.12)
𝑘𝑝 = tan2 (45 + )
2

e 𝛼 = â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑜 𝑒𝑖𝑥𝑜 𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 𝑒 𝑜 𝑒𝑖𝑥𝑜 𝑑𝑎 𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎

onde Sc , Sq e Sγ são os fatores de forma da fundação e podem ser obtidos na Tabela 5.

Tabela 5: Factores de forma. (VESIC, 1975 apud CONSTANCIO, 2010)

Sapata Sc Sq Sγ

Corrida 1,00 1,00 1,00

Rectangular B Nq B B
1 + ( )( ) 1 + ( ) tanϕ 1 − 0,4 ( )
L Nc L L

Circular ou quadrada Nq 1 + tanϕ 0,60


1+( )
Nc

Vesic é um dos principais autores sobre o tema capacidade de carga de fundações. Dos
seus muitos trabalhos publicados, Vesic (1975) merece destaque.

42
Vesic (1975) considera três modos de ruptura do maciço de solo de um elemento
isolado de fundação: ruptura geral, ruptura local e ruptura por puncionamento, ilustrados pela
Figura

Figura 8: Modos de Ruptura de (VEISIC, 1975). (CONSTANCIO, 2010)

A ruptura geral é caracterizada pela existência de uma superfície de deslizamento


contínua que vai da borda da base do elemento estrutural de fundação até a superfície do terreno
(Figura 8 a). A ruptura é repentina e a carga bem definida. Observa-se a formação de
considerável protuberância na superfície e a ruptura é acompanhada por tombamento da
fundação.

A ruptura por puncionamento, ao contrário, não é fácil de ser observada (Figura 8c).
Com a aplicação da carga, o elemento estrutural de fundação tende a afundar
significativamente, em decorrência da compressão do solo subjacente. O solo externo a área
43
carregada praticamente não é afetado e não há movimento do solo na superfície. O equilíbrio
da fundação no sentido vertical e horizontal é mantido.

Finalmente, a ruptura local é claramente definida apenas sob a base do elemento


estrutural de fundação (Figura 8b). Apresenta algumas características dos outros dois modos de
ruptura, constituindo-se num caso intermediário.

Para sapatas, ocorre ruptura geral em solos pouco compressíveis (areias compactas e
argilas rijas) e ruptura por puncionamento em solos muito compressíveis (areias fofas e argilas
moles). Mas, além da compressibilidade do solo, o modo de ruptura também depende da
profundidade. Assim, para tubulões e estacas pode ocorrer ruptura por puncionamento mesmo
em areia compacta, dependendo da profundidade.

A Figura 10 estabelece as condições de ocorrência dos modos de ruptura, em areias,


em função da compacidade relativa e do embutimento relativo D/B*, onde D é o embutimento
da fundação, com:

B* = 2BL /(B + L) (2.2.13)

Figura 9: Modos de ruptura em areias (VESIC, 1975 apud CONSTANCIO 2010)

44
É possível observar que, a partir de D/B* = 4,5, sempre ocorrerá ruptura por
puncionamento, independente da compacidade da areia.

Para o caso de ruptura diferente da geral, que ocorre em solos fofos ou moles, a sapata
penetra significativamente no terreno antes do estado de equilíbrio plástico ser atingido ao
longo de toda a superfície de ruptura e a correspondente curva tensão recalque não exibe uma
ruptura bem definida.

Para o caso de sapata corrida em tais solos, Terzaghi (1943) propõe a utilização de
valores reduzidos (φ e c) dos parâmetros de resistência do solo, de modo que o valor passa a
valer 2/3 de seu valor original. Com o ângulo de atrito minorado a 2/3 de seu valor original, os
fatores de carga conseqüentemente também são minorados e podem também ser obtidos na
Tabela 5, com sua respectiva minoração.

2.5.2.2. Parâmetros de resistência e peso especifico

As formulas da capacidade de cargas de fundações rasas precisam de parâmetros de


resistência e peso especifico de modo a tornar possível a sua aplicação. Os parâmetros podem
ser obtidos por meio de correlações ou ensaios de laboratório.

Coesão

De modo a tornar possível a estimativa do valor da coesão não drenada (Cu), quando
não desposemos de ensaios de laboratório, Teixeira e Godoy (1996) apud Constancio (2010),
sugerem a seguinte correlação com o índice de resistência a penetração (N) do SPT (Standard
penetration test):

Cu = 10 N (kpa)

Onde:

• Cu- coesão não drenada


• N- Índice de resistência a Penetração

Ângulo de atrito

45
Para a adoção do ângulo de atrito interno da areia, pode-se utilizar a Figura 10 (Mello,
1971) apud Constancio (2010), que mostra correlações estatísticas entre os pares de valores (N
v σ,) e os prováveis valores de Φ. v σ é a tensão efetiva na cota de obtenção de N.

Figura 10: Ângulo de atrito interno. (MELLO, 1971 apud CONSTANCIO 2010)

Ainda para a estimativa de Φ, Godoy (1983) menciona a seguinte correlação


empírica com o índice de resistência a penetração (N) do SPT:

φ = 28° + 0,4N

Enquanto Teixeira (1996) utiliza:

φ = 20N +15°

Peso especifico

Se não existirem ensaios de laboratórios, pode-se adotar o peso específico do solo a


partir dos valores aproximados das Tabelas 6 e 7 (GODOY, 1972) apud (Constancio, 2010),
em função da consistência da argila e compacidade da areia, respectivamente. Os estados de
46
consistência de solos finos e compacidade de solos grossos, por sua vez são dados em função
do índice de resistência a penetração (N) do SPT.

Tabela 6: Peso específico de solos argilosos. (GODOY, 1972 apud CONSTANCIO, 2010)

N (Golpes) consistência Peso Especifico (kN/m3)

≤2 Muito mole 13

3-5 Mole 15

6-10 Média 17

11-19 Rija 19

≥ 20 Dura 21

Tabela 7: Peso específico de solos arenosos. (GODOY, 1972 apud CONSTANCIO, 2010)

peso especifico (KN/m3)


N (Golpes) Compacidade
Areia seca Úmida saturada
≤5 Fofa
16 18 19
3-8 Pouco Compacta
9-18 Mediamente Compacta 17 19 20
19-40 Rija
18 20 21
≥ 40 Dura

2.6. Dimensionamento com reforço

Existem vários métodos para o cálculo de capacidade de carga de fundações rasas com
reforços, mas no presente trabalho buscou-se analisar 3 desses métodos.

2.6.1. Método de Das et al. (1996)

Este modelo de cálculo para o dimensionamento é empírico e foi desenvolvido a partir de


resultados dos ensaios de modelos reduzidos realizados pelos autores. O modelo de cálculo
permite a determinação da capacidade de carga última de solos argilosos reforçados com
geossintéticos. Importa referir que os autores incorporam uma equação de capacidade de carga
última do solo vários coeficientes, que são função da disposição do reforço no solo, como
mostra a figura.

47
Figura 11: Parâmetros geométricos do problema. (Das et al., 1996 apud Batista, 2004).

A representação do método adquire então a configuração da equação abaixo:

𝑞𝑢(𝑅)= 𝐶𝑢 . 𝑁𝑐 . (𝐵𝐶𝑅′ ). 𝛼𝑢 . 𝛼𝑏 . 𝛼𝑑 . 𝛼ℎ + 𝛾. 𝐷 (2.3.1)

Com o 𝛼𝑢 obtido pela figura 12 e demais coeficientes pelas seguintes equações:

𝑏 𝑏
𝛼𝑏 = 0,0625 + 0,75 𝑝𝑎𝑟𝑎 ≤ 4 (2.3.2)
𝐵 𝐵

𝑑 𝑑
𝛼𝑑 = 0,2 + 0,7 𝑝𝑎𝑟𝑎 ≤ 1,4 (2.3.3)
𝐷 𝐷

𝑑 𝑑
𝛼𝑑 = 0,057 + 0,9 𝑝𝑎𝑟𝑎 1,4 ≤ ≤ 1,75 (2.3.4)
𝐷 𝐷

ℎ ℎ
𝛼ℎ = 1,1 − 0,45 𝑝𝑎𝑟𝑎 ≤ 0,08 (2.3.5)
𝐵 𝐵

𝐵𝐶𝑅𝑢
𝐵𝐶𝑅′𝑢 = (2.3.6)
0.78

Para BCRu é o valor de BCR obtido em ensaio de laboratório.

Figura 12: Ábaco para a obtenção de αu. (Das et al., 1996 apud BATISTA, 2004).
48
A análise feita por FABRIN (1999) apud BATISTA (2004), que envolve o estudo
paramétrico do método, um dos problemas desse método está na obtenção do valor BCRu que
deve ser feita através de ensaios de laboratório com a seguinte disposição geométrica de reforço:

Utilização apenas de uma camada de reforço;

Comprimento de ancoragem igual a 4 vezes a largura da fundação;

Profundidade do reforço em relação à fundação igual a 0,4 vezes a largura da mesma;

2.6.2. Método de Binquet e Lee (1975)

O método de Binquet e Lee (1975) foi desenvolvido com base nos estudos realizados
em modelo reduzido para tiras metálicas. Segundo Binquet e Lee (1975) apud Constancio
(2010), três mecanismos de ruptura distintos podem ser observados nos solos reforçados com
geossintéticos em função do número de camadas de reforço e da distância da primeira camada
em relação a fundação.

A ruptura por arrancamento do reforço: Ocorre quando a relação u/B<0,67. O número


de camadas é menor que 3, ou quando os reforços são muito curtos para mobilizar a resistência
ao arrancamento necessária:

A ruptura por rompimento do reforço: Ocorre quando a relação u/B<0,67. O número


de camadas é maior que 3.

Nota-se que o espaçamento nas camadas de reforço dos estudos de Binquet e Lee
(1975) foi h/B = 0,3.

49
Figura 13: Tipos de ruptura. (BINQUET e LEE, 1975b apud CONSTANCIO, 2010).

2.6.2.1. Hipóteses do método


1. A capacidade de carga depende da camada de reforço de menor rigidez, pois,
se uma camada romper ou apresentar deformações excessivas, os esforços
suportados por ela serão transmitidos à camada diretamente inferior, gerando
um processo de rupturas sucessivas, admitindo-se então, o seguinte critério de
dimensionamento:

𝑅𝑦 𝑇𝑓 (2.3.7)
𝑇𝐷 ≤ ( , )
𝐹𝑆𝑦 𝐹𝑆𝑓

Onde:

• Ry: a resistência à ruptura ou escoamento do reforço;


• Tf: Resistencia ao arrancamento da camada do reforço;

50
• FSy e FSf são factores parciais de segurança referentes à ruptura e
arrancamento respetivamente;

2. assumem que à medida que o arrancamento aumenta, o solo abaixo da


fundação recalca, enquanto que o solo lateral expande, formando um plano de
ruptura definido, conforme a figura 14 mostra:

Figura 14: Distribuição de tensões abaixo da sapata. (BINQUET e LEE, 1975b apud
CONSTANCIO, 2010).

Figura 15: Plano de ruptura adotado. (BINQUET e LEE, 1975b apud CONSTANCIO, 2010).

51
Figura 16: Dimensões dos componentes da teoria de solos reforçados . (BINQUET e LEE, 1975b
apud CONSTANCIO, 2010).

3. a distribuição de tensões no solo não sofre alteração devido a colocação do


reforço;
4. arbitraram que a tensão em cada camada de reforço varia inversamente com o
número de camadas, ou seja:
𝑇(𝑧,𝑁=1)
𝑇(𝑧, 𝑁) = (2.3.8)
𝑁

Onde z é a profundidade da camada;


5. admitem que os esforços são determinados para o mesmo nível de recalque
tanto no caso reforçado como na reforçado.

2.9.2.2. Formulação matemática


Para atender aos critérios de dimensionamento segundo os quais a solicitação no
reforço deve ser menor que a resistência à tração na ruptura ou escoamento, e também menor
que a resistência ao arrancamento, os autores desenvolveram duas formulações. A primeira para
determinar a resistência à tração e a outra para determinar a resistência ao arrancamento de
forma a se obter a estabilidade da estrutura.

A determinação da tensão no reforço (T) é feita pelo equilíbrio de esforços de um


elemento de solo. Após desenvolvimento matemático apresentado por Fabrin (1999), chega-se
à expressão (2.3.9) que fornece T para uma profundidade z, de posicionamento do reforço.

52
1 𝑞
𝑇(𝑧,𝑁) = (𝐽. 𝐵 − 𝑙. ∆𝐻). 𝑞0 . ( − 1) (2.3.9)
𝑁 𝑞0

Sendo N o número de camadas de reforço, q e q0 as cargas atuando sobre o solo com


e sem reforço, respectivamente, e os parâmetros J e I determinados pelo ábaco da Figura 17, ou
pelas equações (2.3.10 e 2.3.11).

Figura 17: Ábaco para a determinação de J, I e M. (BINQUET e LEE, 1975b apud CONSTANCIO,
2010).

𝑋
∫0 0 𝜎𝑧 𝑑𝑥
𝐽=( ) (2.3.10)
𝑞.𝐵

𝐼 = (𝜏𝑚á𝑥 ) (2.3.11)
𝑞

Com parâmetros ilustrados na figura 18.

Figura 18:Posicionamento de 𝜏max. (BINQUET e LEE, 1975b apud CONSTANCIO, 2010).

53
fy
R y = (LDR). t. FS (2.3.12)
y

Onde t é a espessura do reforço, fy é a resistência à ruptura ou escoamento do material


e LDR é dado pela equação abaixo:

LDR = w.NR (2.3.13)

Sendo w a largura da tira de reforço e NR o número de tiras por metro de reforço.


Entretanto, o cálculo de y R não é necessário para geotêxteis e geogrelhas, bastando usar
produtos e fatores de redução adequados.

Finalmente, a determinação da resistência ao arrancamento, segundo desenvolvimento


matemático mostrado por fabrin (1999), surge a equação:

𝑞
𝑇𝑓(𝑧) = 2𝑓(𝐿𝐷𝑅) [𝑀. 𝐵. 𝑞0 ( ) + 𝛾(𝐿 − 𝑥0 )(𝑧 + 𝐷)] (2.3.14)
𝑞0

Para o caso de geotêxteis, o valor de LDR é 1. No caso de utilização de geogrelhas


devem ser calculados de acordo com o produto em questão. No caso de um pré-
dimensionamento adotar valores variando entre 0,08 e 0,47.

O Valor de M pode ser obtido pelo Ábaco da figura 18 ou pela expressão:

𝐿
∫ 𝜎𝑧 𝑑𝑥
𝑀=(0 ) (2.3.15)
𝑞.𝐵

Importa referir que o peso próprio do solo atuando no reforço é tido como sobrecarga.

Neste método, um dos problemas da equação para cálculo de Tf é a correta determinação


de x0. Uma forma aproximada de determinação é aproximar a cunha de ruptura adotada por Binquet
e Lee (1975b) para uma reta com inclinação igual a .

Segundo a análise paramétrica realizada por Fabrin (1999) apud Batista (2004), o método
indicou ser pouco sensível a variação do posicionamento da primeira camada de reforço. Um
resultado incoerente foi o aumento da resistência ao arrancamento com o aumento da largura da
fundação, sob mesmo carregamento.

54
2.6.3. Método de Dixit e Mandal (1993)

Este método constitui-se de uma extensão da proposta de Garber e Baker (1977) apud
Batista (2004). A solução inicia-se pela formulação das equações de equilíbrio de esforços
horizontais, verticais e de momentos, satisfazendo as condições de equilíbrio limite. O método
tem por base as seguintes hipóteses:

✓ Estado plano de deformações;


✓ O solo acima do nível da fundação é considerado como uma sobrecarga uniformemente
distribuída e de valor _H;
✓ A ruptura do sistema é caracterizada pela existência de uma superfície de ruptura bem
definida, ligando a borda da fundação à superfície do solo, na qual ocorre uma rotação
da fundação (Figura 20);
✓ A ruptura do conjunto solo-reforço ocorre por ruptura do reforço ou por
escorregamento do mesmo;
✓ O solo é homogêneo e isotrópico
✓ O geossintético não altera os parâmetros de cisalhamento do solo;
✓ O critério de ruptura é o de Mohr-Coulomb que é dado pela equação 1:

𝜏(𝑥) = 𝑐 + 𝜎(𝑥)𝑡𝑎𝑛∅ (2.3.16)

✓ As condições de contorno do problema são dadas pelas equações:

𝑦(𝑥 ) = 𝑦(𝑥1 ) = 0 (2.3.17)

X0 = -1 (2.3.18)
𝐵
𝑙= (2.3.19)
2

55
Figura 19: Definição do problema (Dixit e Mandal., 1993 apud Batista, 2004).

Montando-se as equações de equilíbrio e seguindo o desenvolvimento matemático


com todas as considerações detalhadamente explicitadas por Fabrin (1999), chega-se à
capacidade de carga última do solo, dada pela equação (2.3.20) de Terzagui (1943):

𝑞𝑢𝑙𝑡 = 𝐶. 𝑁𝑐 + 𝛾. 𝐻. 𝑁𝑞 + 0.5. 𝛾. 𝐵. 𝑁𝛾 (2.3.20)

Onde:

𝑄̂0 (𝜙)
𝑁𝛾 = (2.3.21)
2

𝑁𝑐 = 𝐾(𝜙). 𝑁𝛾 (2.3.22)

𝑁𝑞 = 1 + 𝜓. 𝑁𝑐 (2.3.23)

Sendo assim os parâmetros das equações acima dadas por:

̂ 𝑐̂=0
𝑄̂0 = 𝑄| (2.3.24)

𝑄̂
𝑘(𝜙) = 𝑐̂ ( ̂ − 1) (2.3.25)
𝑄0

para detalhes das funções 𝑄̂(𝑥), 𝑐̂ , e demais variáveis, ver Fabrin (1999), que também
realizou análise paramétrica do método, obtendo os resultados abaixo descritos.

Inicialmente a análise foi feita para a condição não reforçada utilizando o método de
Garber e Baker (1977). Os resultados indicaram uma pequena variação da função k para valores
56
de  pequenos. À medida que aumentamos o valor de  a variação de Nc e Nq se torna mais
significativa, principalmente para valores de 𝑐̂ menores que 5.

Por tanto os factores de capacidade de carga não são função apenas do ângulo de atrito
do solo, conforme afirmam os autores, mas sim uma aproximação aceitável para determinadas
̂ > 5). É possível também afirmar que os factores Nc e Nq praticamente não
condições ((𝑐
sofreram alterações com a inclusão do reforço , podendo ser considerados constantes.

Assim, o único fator de capacidade de carga que é o Nᵧ. com relação ao posicionamento
Fabrin (1999) chegou à conclusão que o método so apresenta boa aproximação para os valores
𝑢
≤ 1,5. Isso ocorre porque considera-se o aumento de suporte directamente proporcional ao
𝐵
𝑢
aumento de , mas isso é válido até um certo limite.
𝐵

Também é importante notar que pelo método de Dixit e Mandal (1993) o reforço não
apresenta melhoria para solos puramente coesivos. Somente para solos com ângulos de atrito
em torno de 10º começa a surtir efeito, atingindo-se um máximo de BCR para ângulos em torno
de 20º, a partir de onde o BCR começa a decair. Tal resultado aparenta ser não coerente.

2.6.4. Método de Sharma et al. (2009)

De acordo com Sharma et al. (2009) apud CONSTANCIO (2010), compilaram


modelos analíticos de diversos autores e por isso propõem um modelo mais racional que avalie
a última de solos reforçados. Para melhor compreensão do modelo de Sharma et al. (2009) é de
extrema importância a apresentação de alguns conceitos básicos.

2.6.4.1. Mecanismos de reforço das fundações em solo reforçado


Características:

❖ Efeito membrana: Com o carregamento aplicado, a sapata e o solo abaixo da sapata se


deslocam para baixo, o reforço é deformado e tensionado. Devido à sua rigidez, o reforço
curvado desenvolve uma força que irá contribuir no suporte do carregamento aplicado. Para
que esse mecanismo ocorra, certa quantidade de recalque deverá ser mobilizada para gerar
o efeito membrana, o reforço deverá possuir comprimento e rigidez suficiente para resistir
ao escorregamento e a ruptura;

57
❖ Limite rígido: Quando a profundidade da primeira camada de reforço é maior que certo
valor, de modo que o reforço passa a agir como um limite rígido, dessa forma a ruptura irá
ocorrer acima da camada de reforço;
❖ Efeito de confinamento ou restrição lateral: Devido ao deslocamento relativo entre o solo
e o reforço uma força de fricção é induzida na interface, adicionalmente um
intertravamento pode ser desenvolvido pela iteração entre o solo e o reforço,
conseqüentemente a deformação lateral do solo reforçado é restringida, tendo como
resultado uma redução na deformação vertical do solo.

2.6.4.2. Modelagem analítica de reforço de fundações


Baseado na revisão bibliográfica pode-se dizer que quatro tipos de ruptura podem ser
identificados em solos reforçados, como mostra a Figura 20.

Figura 20: Modos de ruptura em fundações reforçadas

Fonte (SHARMA et al., 2009 apud Constancio, 2010))

➢ Figura 20(a): Ruptura acima da primeira camada de reforço;


➢ Figura 20(b): Ruptura entre as camadas de reforço;
58
➢ Figura 20(c): Ruptura similar a sapata apoiada a um sistema de duas camadas
de solo (solo resistente apoiado a solo de menor resistência);
➢ Figura 20(d): Ruptura dentro da zona de reforço;

Os dois primeiros modos de ruptura podem ser evitados deixando o espaçamento entre
a primeira camada de reforço (u) e o espaçamento vertical entre reforços (h) suficientemente
pequenos.

a) Ruptura similar a fundações em sistema de dois solos

Esse tipo de ruptura ocorre num sistema de solo resistente apoiado em solo de menor
resistência. O comprimento da zona reforçada deve ser maior que o da zona não reforçada e a
razão d/B deve ser relativamente pequena.

O mecanismo de ruptura é caracterizado por um puncionamento de cisalhamento na


camada resistente seguido de uma ruptura geral por cisalhamento na camada de solo não
reforçado (Figura 21).

Figura 21: Ruptura de fundação em sistema de duas camadas de solos. (CHEN, 2007 apud constancio, 2010)

59
Figura 22: Ruptura de fundação em sistema de duas camadas de solos com reforços horizontais.
(CHEN, 2007 apud CONSTANCIO, 2010).

Olhando para a configuração da figura 22, é possível chegar a expressão abaixo;

2(𝐶𝑎 +𝑃𝑝 𝑠𝑖𝑛𝛿)


𝑞𝑢(𝑅) = 𝑞𝑏 + − 𝛾𝑡 . 𝑑 + Δ𝑞𝑇 (2.3.26)
𝐵

onde:

➢ 𝑞𝑢(𝑅) é a capacidade de carga última da fundação reforçada


➢ Ca é a força de adesão (Ca=Cad) agindo para cima;
➢ Ca é a adesão unitária;
➢ Pp é a força resultante da pressão passiva total da terra;
➢ qb é a capacidade de carga última do solo não reforçado;
➢ d é a espessura da camada reforçada;
➢ δ é o ângulo de inclinação da força passiva com a horizontal;
➢ B é a largura da fundação;
➢ γt é o peso específico da camada de solo reforçado;
➢ ΔqT é o incremento da capacidade de carga em função da tracção no reforço, T.

qb é calculado pela seguinte expressão:

1
𝑞𝑏 = 𝑐𝑐 . 𝑁𝑐 + 𝑞𝑁𝑞 + 𝛾𝑏 𝐵𝑁𝛾 (2.3.27)
2

Onde:

Cc é a coesão do solo não reforçado

60
q é a sobrecarga (q = γt (Df + d))

𝛾𝑏 é o peso especifico do solo não reforçado

𝑁𝑐 , 𝑁𝑞 𝑒 𝑁𝛾 são factores de capacidade de carga que dependem do ângulo de atrito de


solo não reforçado (ϕ) e tem a seguinte forma:

𝜋 𝜙
𝑁𝑞 = tan2 ( + ) 𝑒 𝜋𝑡𝑔𝜙 (2.3.28)
4 2

(𝑁𝑞 −1)
𝑁𝑐 = (2.3.29)
𝑡𝑎𝑛𝜙

𝑁𝛾 = 2(𝑁𝑞 + 1) tan 𝜙 (2.3.30)

1 𝐾𝑝𝐻
𝑃𝑝 = ( 𝛾𝑡 . 𝑑2 + 𝛾𝑡 . 𝐷𝑓 𝑑) (2.3.31)
2 𝑐𝑜𝑠𝛿

Onde Df é o embutimento da fundação e KpH é a componente horizontal do coeficiente de


empuxo passivo.

2 ∑𝑁
𝑖=1 𝑇𝑖 𝑡𝑎𝑛𝛿
Δ𝑞𝑇 = (2.3.32)
𝐵

Ti é a força de tracção no i-ésimo elemento de reforço e N é o número de camadas de reforço.

2𝐷𝑓 𝐾𝑝𝐻 𝑡𝑎𝑛𝛿 2𝑐𝑎 𝑑 2 ∑𝑁


𝑖=1 𝑇𝑖 𝑡𝑎𝑛𝛿
𝑞𝑢(𝑅)= 𝑞𝑢(𝑏) + 𝛾𝑡 𝑑 2 (1 + ) + + − 𝛾𝑡 𝑑 (2.3.33)
𝑑 𝐵 𝐵 𝐵

Como:

𝐾𝑝𝐻 𝑡𝑎𝑛𝛿 = 𝑘𝑠𝑡𝑎𝑛𝜙𝑡 ; (2.3.34)

Daí resulta a equação:

2𝐷𝑓 𝐾𝑠 𝑡𝑎𝑛𝜙𝑡 2𝑐𝑎 𝑑 2 ∑𝑁


𝑖=1 𝑇𝑖 𝑡𝑎𝑛𝛿
𝑞𝑢(𝑅)= 𝑞𝑢(𝑏) + 𝛾𝑡 𝑑 2 (1 + ) + + − 𝛾𝑡 𝑑 (2.3.35)
𝑑 𝐵 𝐵 𝐵

K é o coeficiente de empuxo na punção, que depende do ângulo de atrito do solo na


zona reforçada e da capacidade de carga última do solo da zona reforçada e da não reforçada ϕt
é o ângulo de atrito do solo na zona reforçada.

61
A determinação de δ e ca não é simples. Eles variam ao longo da profundidade da
superfície de ruptura vertical de punção. Normalmente um valor médio é adotado para análise.
Esses valores dependem do embutimento da fundação, da espessura da camada de solo superior
e do comprimento relativo das camadas superiores e inferiores. Para análises preliminares
𝜙𝑡
adota-se 𝛿 = ; o valor de pode ser adotado como ca= 0,75c , onde t c é a coesão na zona
2

reforçada. O coeficiente de empuxo na punção, Ks, e a adesão do solo, ca , podem ser obtidos
através das Figuras 24 e 25, respectivamente.

Figura 23: Coeficiente de empuxo na punção sob carregamento vertical. (MEYERHOF; HANNA, 1978 apud
CONSTANCIO, 2010)

62
Figura 24: Variação de ca sob carregamento vertical. (MEYERHOF; HANNA, 1978 apud CONSTANCIO,
2010)

Do mesmo modo que a equação (10), a capacidade de carga de fundações


quadradas em solo reforçado pode ser escrita como:

2𝐷𝑓 𝐾𝑠 𝑡𝑎𝑛𝜙𝑡 4𝑐𝑎 𝑑 2 ∑𝑁


𝑖=1 𝑇𝑖 𝑡𝑎𝑛𝛿
𝑞𝑢(𝑅)= 𝑞𝑢(𝑏) + 2𝛾𝑡 𝑑 2 (1 + ) + + − 𝛾𝑡 𝑑 (2.3.36)
𝑑 𝐵 𝐵 𝐵

1) Ruptura dentro da zona reforçada

Se o comprimento da zona reforçada é ligeiramente mais largo que a zona não


reforçada, ou seja, a razão d/B possui valores altos, a ruptura ocorrerá na zona reforçada.

Figura 25: Ruptura na zona reforçada. (CHEN, 2007 apud CONSTANCIO, 2010)

63
Figura 26: Ruptura na zona reforçada com reforço horizontal. (CHEN, 2007 apud CONSTANCIO, 2010)

Para incluir a contribuição do reforço, o método de superposição de pode ser utilizado


para gerar o termo adicional ΔqT (aumento da capacidade de carga devido à força de tração no
reforço), dessa forma a equação da capacidade de carga de sapatas corridas em solo reforçado
fica com a seguinte forma:

1
𝑞𝑢(𝑅)= 𝑞𝑢(𝑏) + Δ𝑞𝑇 = 𝐶. 𝑁𝑐 + 𝑞𝑁𝑞 + 𝛾𝐵𝑁𝛾 + Δ𝑞𝑇 (2.3.37)
2

Onde:

𝑞𝑢(𝑅) é a capacidade de carga do solo não reforçado

C- é a coesão;

q- é a sobrecarga;

γ- é o peso específico do solo;

𝑁𝑐 , 𝑁𝑞 𝑒 𝑁𝛾 - São factores de capacidade de carga que dependem do ângulo de


atrito de solo não reforçado (ϕ)

A figura 28 expressa as forças que actuam na face ac e bc: sendo assim Pp a força
passiva e C a força coesiva.

Força passiva Pp é representada na expressão (2.3.38):

Pp = Ppc + Ppq + Ppγ + PpT (2.3.38)

Onde: Ppc; Ppq; Ppγ e PpT são as forças passivas devido a coesão (c), sobrecarga
q, peso especifico γ e força de tracção no reforço T.

64
Figura 27: Forças passivas na cunha de solo abc. (SHARMA et al., 2009 apud CONSTANCIO, 2010)

As deduções das forças Ppc; Ppq; Ppγ e C podem ser encontradas em vários livros de
fundações. Considerando o digrama de corpo livre da cunha de solo bcgd (Figura 28), as forças
por unidade de comprimento da cunha bcdg devido à força tração do reforço T incluem os
termos PpT, as forças de tensão TL e TR e a força resistente ao longo espiral logarítmica cd, F.

Figura 28: Diagrama de corpo livre da cunha de solo bcdg. (SHARMA et al., 2009 apud CONSTANCIO,
2010)
65
A espiral logarítmica cd é descrita pela seguinte equação:

𝑟 = 𝑟0 𝑒 𝜃𝑡𝑎𝑛𝜙 (2.3.39)

Onde:

𝑟0 = 𝑏𝑐 e ϕ é o ângulo entre bc e a linha radial da curva espiral logarítmica cd.

F é a força resistente que faz um ângulo φ com a direção normal da espiral logarítmica.

Após a realização do equilíbrio de momento no ponto b da curva espiral


logarítmica, a força passiva PpT pode ser obtida pela seguinte relação: (Equilíbrio de momento
cunha bcdg)

𝐵/4
𝑃𝑝𝑡 𝑐𝑜𝑠𝜙 𝜋 𝜙 = (𝑇𝐿 − 𝑇𝑅 )𝑢 x 1 (2.3.40)
cos ( 4 + 2 )

𝜋 𝜙
4(𝑇𝐿 −𝑇𝑅 )𝑢.cos( 4 + 2 )x 1
𝑃𝑝𝑡 = (2.3.41)
𝐵𝑐𝑜𝑠𝜙

Considerando o equilíbrio da cunha de solo abc (Figura 29), o aumento de capacidade


de carga,ΔqT , pode ser expresso como:

𝜋 𝜙
∆𝑞𝑇 𝐵x1 = 2𝑃𝑝𝑇 sin ( + ) (2.3.42)
4 2

(equilíbrio de momento cunha abc)

Depois da introdução do termo PpT , resultado do equilíbrio de momento da cunha


bcdg, no equilíbrio de momento da cunha abc e após transformações trigonométricas:

𝜋 𝜙
2𝑃𝑝𝑇 sin( 4 + 2 ) 4(𝑇𝐿 −𝑇𝑅 )𝑢
∆𝑞𝑇 = = (2.3.43)
𝐵x1 𝐵2

66
Figura 29: Diagrama de corpo livre da cunha de solo abc.

Fonte: CHEN, 2007 apud CONSTANCIO, 2010)

A distância do centro as sapatas, XTR, na qual a força de tracção TR é aplicada e é uma


função do ângulo de atrito do solo, ϕ. A variação XTR/B com ϕ pode ser observada na figura
abaixo.

Figura 30: Variação do parâmetro xTR com o ângulo de atrito do solo φ. (CHEN, 2007 apud CONSTANCIO,
2010).

67
A figura 30 mostra que a distância XTR é maior que 2B quando o ângulo de atrito do
solo é maior que 250, porem, a essa distância a força de tracção no reforço pode ser desprezada.
Desse modo a força de tracção TR pode ser tomada como zero e a expressão final do aumento
da capacidade de carga, ΔqT, pode ser simplificada como:

4𝑇𝐿 𝑢 4𝑇𝑢
∆𝑞𝑇 = = (2.3.44)
𝐵2 𝐵2

Para duas ou mais camadas de reforços o aumento da capacidade de carga, ∆𝑞𝑇 ,


pode ser dado como:

4𝑇𝑖[𝑢+(𝑖−1)ℎ]
∆𝑞𝑇 = ∑𝑁
𝑖=1 (2.3.45)
𝐵2

Como Ti é a força de tracção na i-ésima camada de reforço. É importante ter em


conta que os elementos de reforço têm que estar acima da zona de ruptura, mais precisamente
acima do ponto figura 27, para que exista contribuição na performance da fundação. A
capacidade de carga última de uma sapata corrida em solo reforçado pode ser dado como:

1 4𝑇𝑖[𝑢+(𝑖−1)ℎ]
𝑞𝑢(𝑅) = 𝑐. 𝑁𝑐 + 𝑞. 𝑁𝑞 + 𝛾𝐵𝑁𝛾 + ∑𝑁
𝑖=1 (2.3.46)
2 𝐵2

Do mesmo modo, a capacidade de carga de uma sapata quadrada em solo com


reforços horizontais pode ser dada como:

12𝑇𝑖[𝑢+(𝑖−1)ℎ]𝑟𝑇
𝑞𝑢(𝑅) = 1,3𝑐. 𝑁𝑐 + 𝑞. 𝑁𝑞 + 0,4𝛾𝐵𝑁𝛾 + ∑𝑁
𝑖=1 (2.3.47)
𝐵2

𝑢+(𝑖−1)ℎ 𝜋 𝜙 𝐵 𝜋 𝜙
[1−2 𝐵
tan( 4 + 2 )] 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑢+(𝑖−1)ℎ< 2 tan( 4 + 2 )
Onde: 𝑟𝑇 = | 1 𝑢+(𝑖−1)ℎ 𝐵 𝜋 𝜙
(2.3.48)
2
− 2𝐻 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑢+(𝑖−1)ℎ≥ 2 tan ( 4 + 2 )
𝑓

Hf é a profundidade da superfície de ruptura e pode ser calculado pela seguinte


expressão:

𝜋 𝜙
𝐵
𝐻𝑓 = 𝜋 𝜙 𝑒 ( 4 + 2 )𝑡𝑎𝑛𝜙 𝑐𝑜𝑠𝜙 (2.3.49)
2 cos( 4 + 2 )

68
2) Avaliação da tensão no reforço

Segundo CONSTANCIO (2010), quando não se faz o uso de strain gages para a
medição da deformação ao longo do reforço, ou seja, em condições cotidianas de projeto, torna-
se necessária uma estimativa da tensão mobilizada no reforço.

Solo arenoso

Segundo CHEN (2007) apud CONSTANCIO (2010), diversos testes experimentais


mostram que a deformação ao longo do reforço é diferente proporcional ao recalque do modelo.
Nem mesmo nivel de recalque da fundação, a distribuicao de recalque vertical de uma fundação
é assumida como a mesma em um solo não reforçado. Num certo nível de recalque o formato
de reforço deformado tem que ser compatível com a distribuição de recalque vertical.

Figura 31: Distribuição simplificada de recalques verticais em areia (CHEN, 2007 apud CONSTANCIO, 2010)

Assume-se que o reforço abaixo da fundação se move uniformemente de acordo com a linha
bc. O reforço localizado fora de certo limite (linhas aa’ e dd’) tem um deslocamento considerado
desprezível. Á inclinação de limites de fronteira aa’ e dd’ podem ser tomados como 2:1
(vertical: horizontal), que tem a mesma configuração da distribuição de simplificada de tensões
2:1.

Uma vez que a distribuição de recalque vertical é conhecida, o próximo passo é


determinar o montante de recalque a certa profundidade, S e, abaixo da fundação.

Schmertmann et al. (1978) sugerem uma distribuição prática da deformação vertical


ao longo da profundidade abaixo da fundação em função do fator de influência, Iεz , como
mostra como a figura 33. O valor de pico, Iεp , do factor de influência é dado pela seguinte
expressão:

69
𝑞−𝛾𝐷𝑓
𝐼𝜀𝑝 = 0,5 + 0,1√ (2.3.50)
𝜎𝑣𝑝 ′

′ 𝐵
𝜎𝑣𝑝 = 𝛾 (𝐷𝑓 + ) (para sapata quadrada) (2.3.51)
2


𝜎𝑣𝑝 = 𝛾(𝐷𝑓 + 𝐵) (para sapata corrida) (2.3.52)

Onde:

q- é a pressão do carregamento da sapata

γ- é o peso especifico da areia;

Df- é o embutimento da fundação;

B- Largura da sapata.

Figura 32: Diagrama de distribuição do fator de influência de deformação. (SCHMERTMANN et al.,1978 apud
CONSTANCIO, 2010)

Usando o diagrama simplificado do factor de influência, o recalque elástico na areia,


Se, pode ser calculado pela seguinte expressão:

𝐼𝜀 Δ𝑧
𝑆𝑒 = 𝐶1 . 𝐶2 . 𝐶3. (𝑞 − 𝛾𝐷𝑓 ) ∑ (2.3.53)
𝐸𝑠

𝛾𝐷𝑓
𝐶1 = 1 − 0,5 (2.3.54)
𝑞−𝛾𝐷𝑓

𝑡
𝐶2 = 1 + 0,2 log ( ) (2.3.55)
0,1
70
Solo Argiloso

Para fundações em solos argilosos com todos os reforços geossintéticos

Procedimento de cálculo para fundações em solos moles altamente compressíveis e com muito
baixa capacidade de carga:

➢ adoptar largura da base B;


➢ Calcular a capacidade de carga última para solo sem reforço, qu;
➢ Determinar a pressão do carregamento ao longo da base da fundação rasa, q.
➢ Selecionar um geossintético com modulo de tracção especifico (J) o Layout apropriado do
reforço.

Tabela 8- Recomendação de parâmetros para layouts de reforço(CHEN, 2007 apud CONSTANCIO, 2010)

Valores Típicos Recomendados

u/B 0.2 – 0.5 1/3

h/B 0.2 – 0.5 1/3

d/B 1.3 – 1.7 1.5

l/B 4.0 – 6.0 5

➢ Determinar o possível tipo de ruptura para fundação em solo reforçado.


➢ Determinar a força de tracção, T, mobilizada no reforço, utilizando o método
sugerido no item “3”.
➢ Calcular o acréscimo na capacidade de carga devido a contribuição do reforço.
➢ Calcular a capacidade de carga última para a fundação do solo reforçado, qu(R).
➢ Calcular a capacidade de carga admissível para a fundação de solo reforçado, qa(R).

𝑞𝑢(𝑅)
𝑞𝑎(𝑅) = (2.3.56)
𝐹𝑠

Fs é o factor de segurança.

71
➢ Se a capacidade de carga admissível para a fundação do solo reforçado, qa(R) for
menor que a pressão de carregamento, q, devem ser repetidos os passos 1 a 9.

CAPÍTULO 3

CASO DE ESTUDO (CIDADE DA BEIRA – Estoril)

3.1. Introdução

No presente capítulo, será feita a formulação e descrição do problema e a posterior a


identificação dos condicionantes, para assim obter os dados para o projecto e finalmente
elaborar um projecto de acordo com as condições encontradas no Local.

Breve Histórico

De acordo com o jornal O AUTARCA, (2016), a cidade da beira foi originalmente


desenvolvida pela companhia de Moçambique no século XIX, e depois diretamente pelo
governo colonial português entre 1942 e 1975, ano em que Moçambique obteve a
independência de Portugal. Actualmente a cidade se encontra modernizada, embora ainda
mantenha algumas áreas degradadas e problemáticas, como é o caso do Grande Hotel Beira.

3.2. Localização geográfica

Segundo o jornal O AUTARCA, (2016), a cidade da beira, capital da província de


Sofala, está localizada a cerca de 1190km a norte de Maputo, no centro da costa do oceano
indico. É uma cidade portuária no canal de Moçambique. O município tem cerca de 633km2,
uma altitude média de 14metros acima do nível do mar e está situado nas coordenadas 100 51’
leste. Tem limites ao norte e oeste com o distrito de Dondo, a Leste com o oceano Índico e ao
sul com o distrito de Búzi.

A cidade está localizada numa região pantanosa, junto à foz do rio Púnguè, e sobre
alongamentos de dunas de areia ao longo da costa do Índico. A vegetação natural é caracterizada
por terras baixas e litoral com mangais.

72
Figura 33: Planta de localização. (Google Earth).

3.3. Climas

Segundo o (O autarca, 2016), A cidade da beira é caracterizada por um clima tropical


húmido chuvoso de savana com temperaturas elevadas e húmidas no verão, especialmente
durante a estação das monções de verão (hemisfério Sul) de outubro a fevereiro. A tabela abaixo
ilustra a variação da temperatura na cidade da beira ao longo do ano.

Tabela 9: Clima da Cidade da Beira. (Weatherbase.com 6 de junho de 2010)

3.4. Solos

De acordo com MARTINHO (2020), A cidade da Beira e seus arredores


pedagogicamente pertence a zonas de solos fluviais de alta fertilidade. Solos de difícil lavoura
em parte; eventual excesso de água e/ou salinidade.

73
3.4.1. Características
Os solos da Beira, a sua maior parte são constituídos por sedimentos aluvionares,
marinho e fluviais de idade recente e de grande espessura, que estão condicionados ao relevo
plano com pequenas depressões, que permitem a acumulação de água.

Os principais solos podem ser agrupados em três categorias nomeadamente: fluviais


marinhos de antigo leito e foz de Púnguè; solo dos terraços aluviais, solos salobros e solos
dunares.

Nas áreas estuarinas protegidas da influência directa do Oceano, mas inundadas


temporariamente e regularmente pelas marés, incluindo o canal de Chiveve, desenvolve-se
solos aluvionares salobros.

São solos argilosos finos lodosos, inconsistente e salinos sem nenhuma utilidade para
a prática de agricultura, mas que permitem o desenvolvimento da fauna e flora marinha.

Os solos dunares encontram-se na costa oriental da cidade ou em linhas nas baixas de


Matacuane e Munhava. O seu perfil é indiferenciado e estão sujeitos a uma erosão eólica.

3.4.2. Classificação dos solos da cidade da beira


Pelo sistema da classificação da FAO, citado por MUCHANGOS (1994), “pela sua
posição subequatorial, a área de estudo na natureza pedológica, pertence a zona de solos
aluvionares, solos argilosos finos lodosos e hidromórficos”

Na classificação de solos devemos levar em conta e considerar a cor do solo textura,


espessura o local onde se encontram distribuídos os solos e outros atributos para melhor
classificação dos solos, no caso da cidade da beira os solos estão classificados de acordo com a
sua localização geográficas, onde encontramos três tipos de solos:

• Solos aluvionares;
• Solos argilosos finos lodosos;
• Solos hidromorficos.

74
Figura 34: Solos da Cidade da beira. (MARTINHO, 2020)

Solos aluvionares

São os solos formados a partir dos materiais carregados pelos cursos de água e
depositados nas suas margens após as cheias.

Solos argilosos finos lodosos

Segundo MUCHANGOS (1994), trata-se de solos argilosos finos lodosos, mal


drenados e com fraca utilização agrícola devido à influência salina, mas, onde se pode notar um
revestimento de fraca estrutura de carácter herbáceo excepto na parte de Mangal.

A maior parte da área de estudo é constituída por uma base de sedimentos aluvionares
marinhos e fluviais da idade recente e de grande espessura. Estes sedimentos constituem a base
a partir da qual se desenvolvem como a distribuem os solos supracitados dependem das
condições locais sobretudo, relevo, hidrologia e da própria interferência humana.

Solos hidro-mórficos

Na faixa arenosa costeira, em áreas baixas mais ou menos planas, para onde afluem as
águas que drenam das encostas arenosas circunjacentes, constitui regra geral o aparecimento de
solos hidromórficos orgânicos.

São solos cinzentos muito escuros a negros, com matéria orgânica, fofos (estremecendo
com o andar), de textura variando entre arenosa e argilosa, e com abundância de água, que
impede a rápida decomposição da matéria orgânica e pelo seu elevado teor em matéria orgânica
ardem quando bem secos.

75
Figura 35: tipo de solo predominante na cidade da beira. fonte (Autor)

3.5. Metodologia Aplicada

Para a realização deste trabalho, a metodologia aplicada foi baseada em pesquisas, livros,
teses, normas, manuais técnicos para a revisão bibliográfica. O estudo de caso foi realizado. Os
dados obtidos para a realização do estudo de caso foram: com base em ensaios laboratoriais (com
fotos extraídas in Situ)

A pesquisa delimitou-se em uma parcela do bairro Estoril que apresenta um certo tipo de
solo deformável e muito baixa permeabilidade. O solo da zona de estudo e um tipo de solo
maioritariamente argilosa “escura” e com baixa capacidade de carga.

3.5.1 Escolhas da solução


Devido a existência de várias restrições encontradas na zona do estudo, a alternativa
escolhida para solucionar o problema foi a de solo reforçado em Geotêxteis afim de aumentar a
capacidade de carga do solo de modo a usar fundações superficiais.

3.5.2. Escolha do modelo de cálculo da capacidade de Carga

Para o problema de estudo recorreu-se ao modelo de cálculo de SHARMA et al.


(2009), porque é um compilado de diversos modelos analíticos de vários autores e propõem um
método muito racional que avalia a capacidade de carga última de solos reforçados, os demais
modelos de cálculo não são recomendáveis porque segundo o (Constancio, 2010), eles
apresentam algumas incoerências e devido a sua utilização se limitar em casos muitos
específicos e bem definidos.

Parâmetros de cálculo
76
Para que seja possível a execução do cálculo do incremento da capacidade de carga com o uso
de geossintéticos recorreu-se a ensaios de laboratoriais de modo a saber os limites de consistência,
não havendo a possibilidade de se fazer um SPT. Vale ressaltar que a recolha das amostras foi
feita a uma profundidade de cerca de 60cm de profundidade.

Ensaios de Laboratório

Em laboratório, foi ensaiado o solo da região em questão e assim foi possível determinar o
limite de Liquidez, Limite de plasticidade e o indicie de consistência afim de poder encontrar a
coesão do solo, e o ângulo de atrito afim de efectuar o cálculo da capacidade de carga e o
incremento das geogrelhas.

Tabela 10: Ensaio de Limite de Plasticidade. fonte (Autor)

Limite de plasticidade
Amostra 1 2 3 4 5
Amostra úmida (g) 26.66 25.55 26.78 25.99 25.87
Amostra Seca (g) 26.13 25.04 26.03 25.26 25.04
Água (g) 0.5332 0.511 0.74984 0.72772 0.82784
Solo (g) 4.0468 2.959 3.95016 3.18228 2.96216
Tara (g) 22.08 22.08 22.08 22.08 22.08
umidade (%) 13.2% 17.3% 19.0% 22.9% 27.9%

Tabela 11: ensaio de Limite de Liquidez. fonte (Autor)

Limite de Liquidez
Amostra 1 2 3 4 5
Amostra úmida (g) 61.13 68.49 63.15 64.57 61.12
Amostra Seca (g) 51.9605 56.78 52.74 53.27 50.61
Água (g) 9.1695 11.71 10.41 11.29 10.51
Solo (g) 29.9605 35.18 30.73 31.27 28.61
Tara (g) 22 22 22 22 22
Umidade (%) 31% 33% 34% 36% 37%
Número de golpes 44 41 36 32 26

77
Tabela 12: Resultados dos ensaios. fonte (Autor)

Teor de umidade 33.9%

Limite de Liquidez 37.6%


Limite de Plasticidade 19.0%
Índice de Plasticidade 18.6%

Índice de consistência 0.20


Argila mole
COESÃO 25 KPA
ÂNGULO DE ATRITO 150
PESO ESPECÍFICO 17,6 KN/m3

Figura 36: imagens feitas em Laboratório fonte (Autor)

3.5.3. Determinação de parâmetros proposto


Angulo de atrito.................................................................................. (ϕ) = 150

Coesão ................................................................................................ (c)= 25 Kpa

Peso especifico .................................................................................... (γ) = 17,6 KN/m3

Base da sapata.........................................................................................B = 0,60m

Número de camadas de reforço ..............................................................N= 2

Coeficiente de empuxo do solo na punção.............................................Ks = 2.4 (retirado do ábaco)

Embutimento ..........................................................................................Df = 0

Rigidez Radial..........................................................................................J = 380 KN/m

Altura útil.................................................................................................h = 20 cm

78
Com os dados acima é possível fazer uma prescrição do cálculo da capacidade de carga com as
geogrelhas.

10 Passo: Definir as tensões nas diferentes camadas (dados esses foram extraídos na
fixa técnica de Geogrelhas, BIDIM com o uso da norma “ASTM-American Society for Testing
and Materials”)

T1=20KN/m T2=20KN/m

20 Passo: Calcular a capacidade de carga última do solo não reforçado (Argila Mole), pelo
método de Mayehrof

Os factores de capacidade de carga são extraídos à partir do Anexo 1.

Nq= 3,94 Nc= 10,98 Nᵧ=1,13 h =0,60m

qult = c.Nc.Sc.dc + q0 .Nq.sqdq + 0,5.B.γ.Nγ.Sγ.dγ

Para sapata quadrada os factores de forma são: Sc =1,3; Sγ=0.8

𝑞𝑏 = 1,3𝐶. 𝑁𝑐 + 𝛾. 𝐻. 𝑁𝑞 + 0,4. 𝛾. 𝐵. 𝑁𝛾

𝑞𝑏 = 25 ∗ 10,98 + 17,6 ∗ 3,94 ∗ 0.60 + 0.4 ∗ 17.6 ∗ 0,60 ∗ 1.13 = 403.23 𝐾𝑃𝑎

30 Passo: Calcular a Capacidade de carga Ultima do solo Reforçado com Geossintéticos.

Ks =2.4 (Coeficiente de Empuxo do solo na punção)

C= 25KN/m2, Ca= 0.75c Ca=0,75*25=18,75KN/m2

𝜙1 15
Φ=15º; 𝛿 = = = 7.50
2 2

4𝐶𝑎𝑑 2
2𝐷𝑓 𝐾𝑠 𝑡𝑎𝑛𝜙1 4 ∑𝑁
𝑖=1 𝑇𝑖 . 𝑡𝑎𝑛𝛿
𝑞𝑢(𝑅) = 𝑞𝑏 + + 2𝛾𝑡 𝑑 (1 + ) − 𝑑. 𝛾1 +
𝐵 𝑑 𝐵 𝐵

79
4∗18.75∗0.60 2∗0 0,75∗𝑡𝑎𝑛150
𝑞𝑢(𝑅) = 403.23 + + 2 ∗ 17.6 ∗ 0,602 ∗ (1 + 2 ∗ )∗ − 0.60 ∗
0.60 0.60 0.60
4∗(20+20)∗𝑡𝑎𝑛7.50
17.6 +
0,60

𝑞𝑢(𝑅) = 516.56 𝐾𝑝𝑎

Assim podemos constatar que a capacidade de carga do solo sofreu um acréscimo usando duas
camadas de reforço de cerca de 113.33 Kpa devido a parcela das geogrelhas desse modo
podemos dizer que teve um ganho muito considerável.

Figura 36: Modelo estrutural. fonte (Autor)

Pontos relevantes relacionados a Capacidade de carga

• A capacidade de carga da sapata depende do solo, sapatas com geometrias idênticas em solos
diferentes, a capacidade de carga não será a mesma!

• A capacidade de carga do solo depende das características (geométricas, profundidade de


embutimento, etc), para dizer que solos idênticos com sapatas diferentes a capacidade de carga
não será a mesma.

3.5. Processo de Instalação das Geogrelhas

De acordo com (Do Nascimento, 2010), é feito com base na seguinte sequência;

➢ No período da instalação das geogrelhas, devem-se evitar ambientes agressivos,


temperaturas elevadas e o contacto ou exposição directa da geogrelha com materiais
que possam danifica-la: o armazenamento deve ser feito em pilha não superiores a
3,0m, e acima destas não devem ser colocadas nenhuma sobrecarga, devido ao peso

80
dos rolos e estes podem precisar de içamento mecânico para o seu manuseio. Nestes
casos aconselha-se muito cuidado para prevenir danos ao material;
➢ As bobinas são envolvidas em filme de polietileno preto, visando mitigar os esforços
advindos das operações de manuseio e transporte;
➢ A área onde será aplicada a geogrelha deve ser devidamente preparada, estando toda
área limpa, plana e isenta de materiais que possam puncionála.
➢ A geogrelha deve ser desenrolada, no próprio local ou em suas proximidades; podendo
ser feito manualmente ou com auxílio mecânico; a parte livre da geogrelha deve ser
fixa da por pinos, estacas ou pesos na posição exacta do reforço.
➢ A geogrelha deve ser posicionada de forma que a urdidura (longitudinal) de maior
resistência coincida com a de maior solicitação da estrutura. Sendo esta informação
essencial no corpo do projecto. A geogrelhas deve estar totalmente esticada, sem
apresentar ondulações em nenhum ponto.
➢ O solo utilizado na cobertura da geogrelha deve ser espalhado e compactado, de modo
que não haja formação de dobras nem movimentação da mesma. Para que se possa
efetuar um bom controle de compactação do solo em campo tem-se que atentar para
os seguintes aspectos:

• Tipo de solo;
• Espessura da camada;
• entrosamento entre as camadas;
• número de passadas;
• tipo de equipamento;
• umidade do solo;
• grau de compactação alcançado.

Assim alguns cuidados devem ser tomados:

➢ A espessura da camada lançada não deve exceder a 30cm, sendo que a espessura da camada
compactada deverá ser menor que 20cm.
➢ Deve-se realizar a manutenção da umidade do solo o mais próximo possível da umidade ótima.
➢ Deve-se garantir a homogeneização do solo a ser lançado, tanto no que se refere à umidade quanto
ao material.
➢ Com a finalidade de uma melhor interação entre o solo natural existente e a camada de aterro,
executar um escalonamento (escavações na forma de degraus) do terreno original antes dos serviços

81
de aterro e compactação, para que haja um bom “imbricamento” entre o material lançado e
compactado (terrapleno) e o natural remanescente.
➢ O maquinário utilizado na compactação, nunca deve operar diretamente sobre a geogrelha; deve-
se considerar uma espessura de solo de cobertura da ordem de 15cm, para efetivamente dar-se início
ao tráfego de máquinas sobre a área coberta; as máquinas devem evitar grandes velocidades e para
das bruscas, visando restringir movimentações da geogrelha durante a construção do aterro.

Figura 37: Aplicação da geogrelha

fonte (MACCAFERRI, 2014)

82
4. Análise e discussão de Resultados

Tabela 13: Tabela resumo da análise comparativa fonte:(Autor)

Ganho
Nr de Camadas Sem reforço (Kpa) Com reforço (Kpa)
(Kpa) %
1 403.23 498.96 95.73 23.7%
2 403.23 516.56 113.33 28.1%
3 403.23 534.16 130.93 32.5%
4 403.23 551.76 148.53 36.8%
5 403.23 569.36 166.13 41.2%

Gráfico analítico do ganho da


capacidade de carga
600.00

500.00

400.00

300.00

200.00

100.00

0.00
1 2 3 4 5

Sem refoço (Kpa) Com reforço (Kpa)

Figura 38: Gráfico analítico da análise comparativa, fonte (Autor)


83
Os resultados do estudo destacam a eficácia dos materiais geossintéticos no aumento
da Capacidade de carga de fundações em solos moles. O uso de geogrelhas em particular foi
mostrado como uma opção viável para melhorar a capacidade de Carga desses tipos de solos.
Os resultados sugerem que o número de camadas de geogrelha é um fator essencial a considerar
ao projetar a fundação em solos que apresentam uma fraca.

Com base nos resultados, pode-se inferir que o número de camadas de geogrelha
adicionado à fundação tem um impacto significativo nos ganhos de resistência alcançados. Os
resultados mostram que a primeira camada de geogrelha melhora a resistência da fundação em
23,70%, enquanto a segunda camada fornece um aumento adicional de 4,40%. Os ganhos de
Capacidade de Carga se tornam menos significativos com cada camada adicional de geogrelha.
No entanto, o número ótimo de camadas de geogrelha necessário para cada projeto pode variar
com base em vários factores, como a natureza do solo mole, os requisitos de capacidade de
carga e o orçamento geral do projeto.

Além disso, é importante observar que, embora os resultados do estudo indiquem que
a adição de geogrelha pode melhorar a resistência da fundação, o processo de instalação é
igualmente importante. Técnicas adequadas de instalação são críticas para alcançar os ganhos
de resistência desejados. Por exemplo, a geogrelha deve ser instalada em uma profundidade e
orientação adequadas para garantir que ela reforce efetivamente o solo.

O estudo fornece uma base sólida para pesquisas adicionais sobre o uso de materiais
geossintéticos no reforço de fundações em solos moles. Os resultados sugerem que a geogrelha
pode ser uma opção eficaz para melhorar a resistência desses tipos de solos.

Com base nos resultados do estudo, é importante considerar a perspectiva econômica


ao decidir sobre a utilização de materiais geossintéticos na melhoria da resistência de fundações
em solos moles. Embora a adição de geogrelhas possa levar a ganhos significativos de
Capacidade de Carga, o custo de materiais e instalação deve ser considerado.

Uma análise cuidadosa de custo-benefício pode ajudar a determinar a solução mais


eficiente para cada projeto. Isso pode incluir comparar o custo de instalar geogrelhas com outras
soluções alternativas, como adicionar camadas de concreto, aumentar a espessura da fundação
ou mudar a localização da estrutura.

84
No entanto, é importante lembrar que o uso de materiais geossintéticos pode ter
benefícios a longo prazo em termos de manutenção e durabilidade da fundação.

O uso de geogrelhas pode ter um impacto significativo na resistência das fundações


em solos moles, como mostrado pelos resultados do estudo. No entanto, é importante também
considerar o impacto ambiental do uso desses materiais.

O processo de fabricação das geogrelhas pode gerar emissões de carbono, uma vez
sendo fabricados com materiais sintéticos. Além disso, a instalação das geogrelhas pode exigir
o uso de equipamentos pesados e a movimentação do solo, o que pode causar perturbações
ambientais locais.

No entanto, é importante notar que o uso de geogrelhas em um maciço de solo


compactado tem como principal objectivo aumentar a resistência e diminuir a
compressibilidade do solo.

Portanto, ao decidir sobre o uso de geogrelhas, é importante considerar


cuidadosamente os benefícios em termos de resistência da fundação, bem como o impacto
ambiental da produção e instalação desses materiais. O objetivo deve ser encontrar um
equilíbrio entre a melhoria da resistência da fundação e a minimização de impactos ambientais.

85
5. CONCLUSÕES
No presente capítulo, serão apresentadas as principais Conclusões obtidas com esta
pesquisa.

Os resultados de pesquisa confirmam a hipótese do aumento da capacidade de carga


em solos moles pela inserção de materiais geossintéticos em camadas intercaladas de solo.

Com todos os dados apresentados nessa pesquisa podemos afirmar que a inclusão de reforço no
solo com materiais geossintéticos geram a diminuição da compressibilidade do solo;

Baseando-se nos resultados obtidos pelo cálculo da capacidade de carga última e o cálculo do
incremento oferecidos pela geogrelha, acredita-se que as geogrelhas são muito eficazes no para
o aumento da capacidade de carga em solos moles.

Em resumo, a perspectiva econômica deve ser levada em consideração ao decidir sobre


a utilização de materiais geossintéticos ou a aplicação de camadas espeças de aterros “solos de
empréstimo” para aumentar a resistência de fundações em solos moles. Uma análise cuidadosa
de custo-benefício pode ajudar a determinar a solução mais eficiente e viável para cada projeto
individual.

O método de Sharma et al. (2009) e as “recomendações para a instalação do reforço


com geossintéticos” mostram-se ser tecnicamente aplicáveis, segundo o modelo usado,
distribuem-se as camadas de geossintéticos horizontalmente abaixo do carregamento
(fundações), seja uma única camada ou em várias. Deste modo, para mobilizar o reforço
obtendo ganhos de capacidade de carga economicamente justificáveis.

86
`6. Recomendações
Para a execução de estruturas reforçadas por geossintéticos recomenda-se:

• Realização de sondagem técnica;


• Realização de ensaios no local da implantação e em laboratórios;
• Fazer um estudo detalhado para estimar a viabilidade da aplicação de geossintéticos;

87
7. Referências
Lopes, M. d., Barroso, M., & Neves, J. (2020). Geossintéticos em Engenharia Civil (1a ed.,
Vol. sd). (M. B. Maria da Graça Lopes, Ed.) Lisboa- PT, Portugal.

Abnt- Associação Brasileira de Normas Tecnicas. (2003). Geossintéticos - Terminologia. Rio


de Janeiro- RJ.

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José dos Campos -, Brasíl.

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Benjamim, v. C. (2006). avaliação experimental de protótiposde estruturas de contençÃo em


solo reforcado com geotéxtil. Tese, Escola de engenharia de são carlos de universidade
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Berberian, D. (2015). Engenharia de Fundações. Brasília: ISBN.

Constancio, L. A. (2010). Capacidade de carga de um modelo de fundação superficial em solo


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proteção de taludes contra erosão. Trabalho de Conclusão de curso, Universidade
Federal de Pernambuco, departamento de engenharia Civil, Recife.

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SOLO REFORÇADO POR GEOSSINTÉTICO E FACE ELABORADA EM BLOCOS
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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL, BRASIL.

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Beira. Obtido de www.docsity.com/pt/solos-da-cidade-da-beira/5693132/
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Ed.) São Paulo-SP: oficina de textos.

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Sofala, Moçambique. Acesso em 20 de 03 de 2023, disponível em
https://macua.blogs.com/files/autarca_19-08-2016.pdf

Palmeira, E. M. (2018). Geossíteticos em geotecnia e meio ambiente. São Paulo-SP: oficina de


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Departamento de Engenharia Civil, Lisboa, Poetugal. Fonte: cvieira@fe.up.pt

89
8. ANEXOS
Anexo 1: Factores de capacidade de carga. (Constancio, 2010)

90
Anexo 2: Índice de Consistência. (Rocha, S/D, p. 21)

Consistência Índice de consistência

Mole < 0.5

Média 0.5 a 0.75

Rija 0.75 a 1.0

Dura > 1.0

91
Anexo 3: Tipos de solos e seus respectivos ângulos de atrito e peso específico

(Sá Marques & Sousa, 2011, p. 346)

Tipo de Solo γs (KN/m3) φ0


Cascalho 19.6 35.0
Cascalho com areia 20.6 35.0
Areia densa 20.6 35.0
Areia semi-densa 19.6 32.5
Areia solta 18.6 30.0
Argila arenosa rígida 21.6 22.5
Argila arenosa mola 20.6 22.5
Argila rígida 19.6 15.0
Argila semi-sólida 20.6 15.0
Argila mole 17.6 15.0
Argila e calcário orgânicos 16.7 10.0

Anexo 3: Parâmetros da coesão não drenada (MARANGON, 2018)

Nr. De Golpes
N (SPT) Coesão não Drenada
Solos Índice de consistência (IC)
Su (kg/cm2)

Argilas
muito mole ≤2 γ0 < 0.1
Mole 2–4 0-25 0.1-0.25
Média 4–8 0.25-0.5 0.25-0.5
Rija 8 - 15 0.5-0.75 0.5-1.0
Muito Rija 15-30 0.75-1.0 1.0-2.0
Dura ≥30 > 1.0 > 2.0

92
9. Apêndices
Apêndice A: Imagens tiradas no laboratório

93
Apêndice B:Gráfico resumo do ganho da capacidade de carga Fonte: (Autor)

Grafico Analitico de Ganho de Capacidade de Carga


180.00 45.0%

160.00 40.0%

140.00 35.0%

120.00 30.0%

100.00 25.0%

80.00 20.0%

60.00 15.0%

40.00 10.0%

20.00 5.0%

0.00 0.0%
1 2 3 4 5

Ganho (Kpa) Ganho %

94
Apêndice C: Orçamento para Terraplanagem

Planilha orçamentaria
Obra Terraplanagem, Estoril - Beira
Endereço Estoril- Beira
5/10/23 Lote de 1050 m2 (30x35 m2)

Código Descrição de serviços UND Quant. P.Unit P.Total


1.0 Terraplanagem
Mobilização e desmobilização da equipa e
1.1 equipamentos Un 1 100000.00 100,000.00 MZN
Montagem de estaleiro central, instalações
provisórias para alojamento e trabalhos
preparatórios, incluindo mobilização e
desmobilização de todos equipamentos de estaleiro
e pessoal necessários, bem como colocação da
placa da obra de acordo com o modelo do Dono da
Obra, instruções da fiscalização, segurança e
vedação do perímetro de trabalho, acomodação e
1.2 custo para o seu pessoal e equipamento. vg 1 150000.00 150,000.00 MZN
Fornecimento de equipamento e implementação do
Plano de Higiêne, Saúde e Segurança para
protecção dos operários, trabalhadores e visitantes
da obra, incluindo capacetes, luvas, óculos,
protectores de ouvidos, botas, calças, camisas,
cintos de segurança, kit de primeiros socorros,
1.3 extintores de incêndio e outros. vg 1 75000 75,000,00 MZN
Desmatamento e Limpeza superficial da camada
1.4 m2
vegetal 1050 75 78,750.00 MZN
Limpeza mecanizada de terreno com remoção de m2
1.5 camada vegetal utilizando motoniveladora 1050 100 105,000.000 MZN
escavação e carga de material 1a Cat. Utilizando 3
1.6 trator de esteiras com lâmina, peso operacional 13t. m
1050 150 157,500.00 MZN
2
1.7 Regulação e Compactação mecânica m 1050 150 157,500.00 MZN
aplicação de duas camadas de Geogrelhas Biaxial
Extrudada P-Bx2020 "BIDIM" com Rigidez radial
de resistência Longitudinal de 20 KN/m e
transversal de 20 KN/m, Resistência CBR ao
1.8 punçuamento 2,4KN e uma massa de 93g-m2. m2 2100 340 714,000.00 MZN
Sub-Total . 1,537,750.00 MZN

2.0 Total
2.1 Total sem Iva 1,537,750.00 MZN
2.2 IVA (17%) 261,417.50 MZN

2.3 Despesas de apólice de Responsabilidade 261,417.50 MZN


2.4 Total com IVA 2,060,585.00 MZN

95
AVALIAÇÃO FINAL
Prof. Dr. Engº. Albano Sâlzon Maparagem, docente na faculdade de Ciências e Tecnologia, da
Universidade Zambeze, vem na qualidade de orientador da Monografia de Licenciatura
submetida por Santos Sérgio Bridge, com o tema “AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE
MATERIAIS GEOSSINTÉTICOS NO REFORÇO DE FUNDAÇÕES RASAS EM SOLOS
MOLES”, declarar que os objectivos previstos no âmbito da sua monografia foram concluídos
com sucesso.

Assim, o trabalho apresentado pelo Candidato reúne a qualidade científica e as condições


necessárias para que o estudante seja submetido a prova de defesa para obter o grau de
Licenciatura em Engenharia Civil.

Beira, aos ________ de ________________ de 2023


____________________________________________________
(Prof. Dr. Engº. Albano Sâlzon Maparagem)

96

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