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Universidade Iguaçu

Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológica

Curso de Engenharia Civil

Gabriel Do Nascimento Custodio

ALVENARIA ESTRUTURAL COMO SISTEMA CONSTRUTIVO


ESTUDO DE CASO: PORTAL RECANTO DOS SABIÁS
– BRZ EMPREENDIMENTOS

Monografia

Nova Iguaçu, RJ

2023
GABRIEL DO NASCIMENTO CUSTODIO

Alvenaria Estrutural Como Sistema Construtivo.

Estudo de caso: Portal Recanto Dos Sabias


-BRZ EMPREENDIMENTOS

Monografia apresentada para obtenção do


título de Bacharel em Engenharia Civil.
UNIG, Universidade Iguaçu, Faculdade de
Ciências Exatas e Tecnológicas.

Orientadora: Prof. M.Sc.Gisele Dornelles


Pires

Nova Iguaçu, RJ

2023
TERMO DE APROVAÇÃO

Monografia intitulada Alvenaria estrutural como sistema construtivo. Estudo


de caso: Portal Recanto Dos Sabias -BRZ EMPREENDIMENTOS de autoria de
Gabriel Do Nascimento Custodio aprovada como requisito básico para a obtenção
do grau de Bacharel em Engenharia Civil, Faculdade de Ciências Exatas e
Tecnológicas - FACET, Universidade Iguaçu - UNIG, pela Comissão formada pelos
professores:

Presidente: _____________________________________________

Prof. M.Sc.Gisele Dornelles Pires

Universidade Iguaçu

Primeiro Examinador: _____________________________

Prof.

Universidade Iguaçu

Segundo Examinador: _____________________________

Prof.

Universidade Iguaçu

Nova Iguaçu, XX de junho de 2023.


Dedico esta monografia a Deus, a minha
família, minha companheira e aos mestres.
AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente a Deus que me deu paz e energia para que esse
trabalho fosse concluído, sem ele nada seria possível.
Gostaria de expressar meus sinceros agradecimentos a todas as pessoas que
permaneceram ao meu lado durante a jornada de elaboração deste trabalho, tornando
possível sua conclusão:
À minha família, em especial aos meus pais Josemar e Irani, pelo apoio
incondicional em toda a minha trajetória acadêmica. Sem o apoio de vocês, eu não
estaria aqui hoje.
À minha companheira Julya, por sempre acreditar em mim, por sempre ter a
compreensão da importância dos dias de estudos e por não largar minha mão nos
momentos difíceis.
Ao meu parceiro acadêmico Vinicius, na qual constantemente nós ajudamos a
realizar este sonho e que é uma amizade que levarei comigo para o resto da minha
vida.
À minha orientadora, prof. Gisele Dornelles, pela sua orientação precisa,
conhecimento e disponibilidade em me guiar ao longo deste processo. Suas
contribuições foram inestimáveis e fundamentais para o desenvolvimento do TCC.
Por fim, dedico este trabalho a todas as pessoas que, de alguma forma, me
apoiaram ao longo dessa jornada. Seu incentivo e confiança foram determinantes para
minha conquista.
Meus mais sinceros agradecimentos a todos vocês.
“...Com o tempo aprenderás a confiar em
teus instintos, então serás invencível ...”
Obi-Wan Kenobi
Sumário

RESUMO ................................................................................................................................... I

ABSTRACT................................................................................................................................ II

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................................................... III

LISTA DE TABELA ..................................................................................................................... V

LISTA DE ABREVIATURAS SIGLAS E SÍMBOLOS ...................................................................... VI

1 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO ....................................................................................... 1


1.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 2
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 2

1.2.2 Objetivo específico ...................................................................................................... 2

1.3 MOTIVAÇÃO ................................................................................................................. 2


1.4 METODOLOGIA ............................................................................................................. 2
1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ...................................................................................... 3
1.6 CONTRIBUIÇÃO ............................................................................................................. 3
2 REVISÃO DE LITERATURA E CONCEITOS ............................................................................ 4
2.1 HISTÓRIA DA ALVENARIA ESTRUTURAL ......................................................................... 5
2.2 SISTEMA CONSTRUTIVO .............................................................................................. 13
2.2.1 Tipos de Sistemas Construtivos ................................................................................. 14

2.2.1.1 Alvenaria Convencional ........................................................................................................................................ 15

2.2.1.2 Alvenaria Estrutural .............................................................................................................................................. 16

2.2.1.3 Steel frame ............................................................................................................................................................ 17

2.2.1.4 Wood frame .......................................................................................................................................................... 18

2.2.1.5 Parede de concreto .............................................................................................................................................. 19

2.2.2 Alvenaria estrutural x Alvenaria convencional ......................................................... 21


2.3 PROJETO ESTRUTURAL ALVENARIA ............................................................................. 22
2.3.1 Modulação e Detalhamento da Alvenaria ................................................................ 23

2.3.2 Primeira e Segunda Fiada ......................................................................................... 28

2.3.3 Paginação.................................................................................................................. 29

2.3.4 Tipos De Parede ........................................................................................................ 29

2.3.4.1 Paredes Enrijecedoras .......................................................................................................................................... 30

2.3.4.2 Paredes De Contraventamento ............................................................................................................................ 30

2.3.5 Racionalização .......................................................................................................... 31

2.4 VERGA E CONTRA-VERGA ............................................................................................ 34


2.5 ELÉTRICA ..................................................................................................................... 35
2.6 HIDRÁULICA ................................................................................................................ 35
2.7 COMPONENTES DA ALVENARIA ESTRUTURAL ............................................................. 37
2.6.1 Bloco Estrutural ......................................................................................................... 37

2.6.1.1 Bloco Concreto...................................................................................................................................................... 37

2.4.1.2 Bloco Cerâmico ..................................................................................................................................................... 39

2.6.2 Argamassa ................................................................................................................ 40

2.6.3 Graute ....................................................................................................................... 44

2.6.2.1 Armadura .............................................................................................................................................................. 45

2.6.2.2 Vistas ou Espia ...................................................................................................................................................... 47

2.8 EQUIPAMENTOS ......................................................................................................... 48


2.6.1 Bisnaga ...................................................................................................................... 49

2.6.2 Palheta ...................................................................................................................... 49

2.6.3 Colher de pedreiro ..................................................................................................... 50

2.6.3 Prumo ........................................................................................................................ 51

2.5.4 Linha de pedreiro ...................................................................................................... 53

2.5.5 Esquadro ................................................................................................................... 53


2.9 CONTROLE DE QUALIDADE .......................................................................................... 54
2.10 DIAGNÓSTICOS PARA MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ............................................. 56
2.11 IMPACTO AMBIENTAL ............................................................................................... 57
2.12 DESEMPENHO TÉRMICO ............................................................................................ 60
2.13 DESEMPENHO ACÚSTICO .......................................................................................... 62
2.14 NORMAS BRASILEIRAS APLICÁVEIS A ALVENARIA ESTRUTURAL ................................ 63
3 ESTUDO DE CASO ........................................................................................................... 64
3.1 APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 64
3.1.1 Apresentação e Localização ...................................................................................... 65

3.2 CÁLCULOS DOS MATÉRIAS UTILIZADOS ....................................................................... 66


3.2.1 Blocos ........................................................................................................................ 66

3.2.2 Argamassa ................................................................................................................ 66

3.2.3 Graute ....................................................................................................................... 67

3.3 ETAPAS ....................................................................................................................... 68


3.2.1 Marcação da Alvenaria ............................................................................................. 68

3.2.2 Levantando as paredes ............................................................................................. 69

3.2.3 Graute ....................................................................................................................... 70

3.2.3.1 Locação dos pontos de graute ............................................................................................................................. 70

3.2.3.2 Visita do ponto de graute ..................................................................................................................................... 72

3.2.4 Elétrica ...................................................................................................................... 73

3.2.5 Hidráulica .................................................................................................................. 74

4 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 75

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 77


i

RESUMO

A alvenaria estrutural tem sido uma boa opção para quem procura uma construção
rápida, de qualidade e econômica. Ao saber utilizar o sistema construtivo estrutural
conseguimos trazer boas vantagens para nossa construção, como por exemplo, maior
agilidade na execução redução de custos, redução na variedade de trabalhos
especializados, menor variedade de materiais aplicados. Estudos mostram que a
construção estrutural em alvenaria oferece vantagens econômicas em termos de
custo e tempo em relação aos sistemas construtivos tradicionais. É importante que o
projeto seja realizado por profissionais com conhecimento técnico especializado neste
tipo de sistema construtivo. Muitos profissionais que trabalham com esse tipo de
sistema não são qualificados para realizar os projetos, pois não possuem o
conhecimento técnico necessário na construção do sistema de alvenaria estrutural.
Através deste estudo, eles foram reunidos neste trabalho de forma que possam
conscientizar os profissionais da responsabilidade e importância das etapas
construtivas necessários para colocar em prática a alvenaria estrutural. Foi usado
revisões bibliográficas, normas, livros e legislações sobre o sistema construtivo em
alvenaria estrutural. Considerando artigos e normas técnicas de sistemas. Será
apresentado como estudo de caso a construção de condomínio Portal Recanto dos
Sabiás, onde foi utilizado a alvenaria estrutural com o bloco de concreto.
Palavras Chaves: Alvenaria Estrutural, sistema construtivo, construção
ii

ABSTRACT

Structural masonry has been a good option for those looking for fast, quality and
economical construction. By knowing how to use the structural constructive system,
we managed to bring good advantages to our construction, such as, for example,
greater agility in the execution, cost reduction, reduction in the variety of specialized
works, less variety of applied materials. Studies show that structural masonry
construction offers economic advantages in terms of cost and time compared to
traditional construction systems. It is important that the project is carried out by
professionals with specialized technical knowledge in this type of construction system.
Many professionals who work with this type of system are not qualified to carry out the
projects, as they do not have the necessary technical knowledge in the construction of
the structural masonry system. Through this study, they were brought together in this
work so that they can make professionals aware of the responsibility and importance
of the constructive steps necessary to put structural masonry into practice.
Bibliographic reviews, standards, books and legislation on the constructive system in
structural masonry were used. Considering articles and technical standards of
systems. The construction of the Portal Recanto dos Sabiás condominium will be
presented as a case study, where structural masonry was used with the concrete block.
Keywords: Structural masonry, construction system, construction, feasibility
iii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Muralha da China Fonte: Master House ...................................................... 4
Figura 2: Piramides de Gizé ....................................................................................... 6
Figura 3: Escadaria de Zigurate de Ur ....................................................................... 7
Figura 4: Igreja de Hagia Sophia ................................................................................ 7
Figura 5: Farol de Alexandria ..................................................................................... 8
Figura 6: Coliseu ........................................................................................................ 9
Figura 7: Catedral de Reims .................................................................................... 10
Figura 8: Edifício Monadnock ................................................................................... 11
Figura 9: Central Parque Lapa ................................................................................. 12
Figura 10: Edificio A noite e Martinelli ...................................................................... 13
Figura 11: Alvenaria Convencional ........................................................................... 15
Figura 12: Alvenaria Estrutural ................................................................................. 16
Figura 13: Casa em Steel Frame ............................................................................. 17
Figura 14: Casa em Wood Frame. ........................................................................... 18
Figura 15: Parede de Concreto ................................................................................ 20
Figura 16: Projeto primeira e segunda fiada ............................................................. 22
Figura 17: Família de Blocos ................................................................................... 23
Figura 18: Coordenação Modular ............................................................................. 24
Figura 19: Amarração de canto e em T Bloco 29 ..................................................... 25
Figura 20: Amarração em L e T Bloco 39 ................................................................ 26
Figura 21: Amarração em “L” Bloco 39..................................................................... 27
Figura 22: Amarração em “T” ................................................................................... 27
Figura 23: Primeira e Segunda fiada ........................................................................ 28
Figura 24: Paginação ............................................................................................... 29
Figura 25: Parede enrijecedoras e Contraventamento ............................................ 31
Figura 26: Alvenaria Tradicional ............................................................................... 33
Figura 27: Alvenaria Racionalizada com Blocos de Concreto ................................ 33
Figura 28: Fissuras por falta da Verga e Contra verga ............................................. 34
Figura 29: Verga e Contra-verga .............................................................................. 34
Figura 30: Passagem das tubulações elétricas pelos furos dos blocos .................. 35
Figura 31: Instalação hidráulica .............................................................................. 36
Figura 32: Construção em Bloco Estrutural de Concreto .......................................... 39
Figura 33: Construção em Bloco Estrutural Cerâmico .............................................. 40
Figura 34: Argamassa .............................................................................................. 43
Figura 35: Graute ..................................................................................................... 45
Figura 36: Armadura ................................................................................................ 46
Figura 37: Pontos de graute no projeto .................................................................... 46
Figura 38: Visita do ponto de graute ........................................................................ 47
Figura 39: Visita a ser limpa ..................................................................................... 48
Figura 40: Bisnaga ................................................................................................... 49
Figura 41: Palheta .................................................................................................... 50
Figura 42: Colher de Pedreiro .................................................................................. 51
iv

Figura 43: Prumo ................................................................................................... 52


Figura 44: Limites máximos para o desaprumo e desalinhamento das paredes....... 52
Figura 45: Linha de pedreiro .................................................................................... 53
Figura 46: Esquadro ............................................................................................... 54
Figura 47: Patologia ................................................................................................. 56
Figura 48: Torre 1 .................................................................................................... 64
Figura 49: Vista panorâmica do terreno. .................................................................. 65
Figura 50: Primeira Fiada ......................................................................................... 68
Figura 51: Levantando parede. ................................................................................ 69
Figura 52: Projeto de elevação ................................................................................ 70
Figura 53: Pontos de graute no projeto estrutural .................................................... 71
Figura 54: Arranque do ponto de graute................................................................... 71
Figura 55: Visita do graute ....................................................................................... 72
Figura 56: Ponto de graute molhado ....................................................................... 73
Figura 57: Shaft de hidrossanitária .......................................................................... 74
v

LISTA DE TABELA

Tabela 1: Alvenaria estrutural x Alvenaria convencional .......................................... 21


Tabela 2: Características das argamassas de cimento, cal ou mistas. ..................... 41
Tabela 3: Composição dos RCC .............................................................................. 59
Tabela 4: Classificação dos componentes do RCC .................................................. 59
Tabela 5: Classificação da agressividade ambiental. ............................................... 60
Tabela 6: Critério de avaliação de desempenho térmico para condições de verão .. 61
vi

LISTA DE ABREVIATURAS SIGLAS E SÍMBOLOS

ABRELPE= Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos


Especiais
IPEA= Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
ABNT= Associação Brasileira de Normas Técnicas
NBR= Norma Técnica
CONAMA= Conselho Nacional do Meio Ambiente
ISO= International Organization for Standardization
1

1 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO
1.1 Introdução

A alvenaria estrutural consiste em um sistema construtivo em que as


cargas que atuam na edificação são distribuídas ao longo do plano da parede,
de modo que a vedação da própria edificação é estrutural.
Então a lógica é que a parede, um plano contínuo, distribui as cargas
uniformemente para a fundação, que as transmite para o solo.
Pode-se dizer que a resistência para alvenaria estrutural, depende apenas
das paredes, compostas por blocos de concreto ou blocos cerâmicos, todos alta
resistência à compressão.
Atualmente, a alvenaria estrutural vem ganhando espaço no mercado da
construção civil, que busca cada vez mais um processo construtivo rápido
execução, baixo preço e alta qualidade.
Cabe ao profissional analisar com ele o melhor método construtivo
vantagens e desvantagens para atender às necessidades específicas de cada
obra.
O Brasil e os Estados Unidos são dois dos países que mais utilizam o
sistema de alvenaria estrutural.
Portanto na construção civil, as paredes estruturais devem ter as
seguintes funções: suporta cargas verticais; suporta cargas de vento; suporta
impactos e cargas de ocupação; isolamento acústico e térmico de ambientes;
garanta a estanqueidade da água da chuva e do ar; apresentar bom
desempenho a ação do fogo.
A aplicação da alvenaria com blocos estruturais está sendo apresentado
no estudo de caso deste trabalho, que se trata de uma obra de um condomínio
com 3 torres com 15 pavimentos. Os blocos utilizados foram tipo inteiro, meio
bloco e calha que serão apresentados posteriormente.
2

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral


Apresentar as especificidades do sistema construtivo da alvenaria
estrutural e seus benefícios.

1.2.2 Objetivo específico

• Demostrar a viabilidade do sistema construtivo alvenaria estrutural,


explicando suas vantagens e desvantagens.

• Descrever de maneira a possibilitar o entendimento sobre o funcionamento


do sistema construtivo, materiais, organização e dados do assunto, minimização
de desperdícios.

• Análise de aplicação na obra da BRZ EMPREENDIMENTOS, situado na


Av. Demétrio Ribeiro, S/N - lote 6 - Chácaras Rio-Petrópolis, Duque de Caxias -
RJ, 25230-020.

1.3 Motivação

O assunto desse trabalho justifica-se pela necessidade de levar o


conhecimento sobre o assunto visto o crescimento do tal, mostrando
informações que possibilitam a redução de desperdícios e retrabalho,
demonstrando a facilidade de execução, alta qualidade e com pouco
impacto no meio ambiente.

1.4 Metodologia

A metodologia adotada foi a revisões bibliográficas, normas e legislações


sobre o sistema construtivo em alvenaria estrutural. Considerando livro,
dissertações, artigos e normas técnicas de sistemas. E a análise de um estudo
de caso.
3

1.5 Organização do Trabalho

• O primeiro capítulo é constituído pela introdução, onde é


apresentado resumidamente todo o trabalho e os objetivos da
pesquisa;
• No segundo capítulo, apresenta-se a revisão de literatura referente
ao assunto;
• No terceiro capítulo, é apresentado o estudo de caso;
• O quarto capítulo, trata da conclusão dessa pesquisa.

1.6 Contribuição

Com este trabalho, desejo contribuir para o melhor entendimento dos


futuros colegas engenheiros da importância e necessidade de conhecimento na
área de atuação abordada neste trabalho.
4

2 REVISÃO DE LITERATURA E CONCEITOS


A alvenaria é um material de construção tradicional que tem sido utilizado
há milhares de anos (DUARTE, 1999). Segundo o mesmo autor a edificações
em alvenaria estão entre as construções que tenham maior aceitação pelo
homem não somente hoje, mas também nas civilizações antigas, conforme a
figura 1 abaixo.

Figura 1: Muralha da China

Fonte: Master House, 2019

Segundo (HENDRY, 2002), a alvenaria estrutural começou a ser vista


como uma técnica construtiva por volta do século XVII, quando princípios
estatísticos estáticos foram aplicados para estudar a estabilidade de arcos e
cúpulas. Embora alguns países tenham realizado ensaios de resistência de
membros de alvenaria estrutural durante os séculos XIX e XX, a engenharia de
abertura estrutural ainda é formulada com base em métodos de cálculo
empíricos, portanto, existem grandes restrições.
Segundo Franco (1992). Entende-se também, que a alvenaria estrutural
pode ser definida como sendo um processo construtivo cuja característica
principal é a existência e aplicação de paredes de alvenaria e lajes enrijecedoras
como principal estrutura de suporte de edifícios, um processo construtivo
5

racionalizado, projetado, calculado e construído em conformidade com as


normas pertinentes, visando funcionalidade com segurança economia.
Segundo Duarte (1999) as construções de alvenaria estão entre as
construções mais aceitas pelo homem não só hoje, mas também nas civilizações
antigas. Edifícios monumentais de pedra e tijolo ainda estão de pé após mais de
2.000 anos de construção, e alguns ainda estão em uso como prova da
durabilidade e aceitabilidade desse material e sistema de construção ao longo
do tempo.
Somente no século XIX foram desenvolvidas teorias racionais visando o
dimensionamento das edificações, o primeiro relato do uso racional da alvenaria
estrutural realizado com estudos teóricos e experimentais foi publicado na Índia
em 1923 por A. Brebner. A partir desta época um grande número de pesquisas
foram desenvolvidas com o intuito de equacionar o comportamento da alvenaria
estrutural (MULLER, 1989 apud SILVA, 2003).
Na década de 50 a utilização de alvenaria ganhou novo impulso após a
realização de experimentações na Europa, com isso foi possível a criação de
novas normas para o projeto e a execução de obras, fazendo com que as
mesmas se tornassem competitivas, comparadas as demais técnicas existentes.
(CAMACHO, 2001, p. 09).
Após a implantação desse sistema de construção no Brasil, aos poucos foi
se desenvolvendo e ganhando forma. Inicialmente era construído apenas com
tijolos maciços, com paredes robustas, alvenaria não armada e com poucos
pavimentos. Com o tempo e o aprimoramento das tecnologias, foram ganhando
novas formas e dimensões, na qual começou a se utilizar blocos de concreto e
alvenaria armada, elevando cada vez mais a altura dos pavimentos e a esbeltez
das paredes (MOHAMAD, 2015).

2.1 História da alvenaria estrutural

Há centenas de anos a alvenaria é utilizada como elemento estrutural de


diferentes tipos de construções, antes mesmo da realização de um estudo e/ou
análise da sua eficácia e durabilidade. Data-se por volta de 2600 a.C. uma das
6

primeiras edificações que utilizou a alvenaria para compor função estrutural,


trata-se das pirâmides de Gizé, compostas por aproximadamente 2,3 milhões de
blocos sobrepostos cumprindo a função estrutural (RAMALHO; CORRÊA, 2003),
conforme a figura 2 abaixo.

Figura 2: Piramides de Gizé

Fonte: memphistours, 2019

A antiga cidade de Ur (2125 – 2025 a.C), construída a 4.000 anos


encontra-se no que hoje é o Iraque, e foi construída de alvenaria de Barro
queimado ponto os a silos a cílios tinham aprendido um processo de queimar a
alta temperatura argila da cica ao sol assim se torna muito mais duro e mais
forte, e não se dissolve quando exposta a água conforme figura 3 abaixo.
7

Figura 3: Escadaria de Zigurate de Ur

Fonte: Vatican News, 2021

A cúpula de alvenaria que tem quase 55 m de diâmetro. Os minaretes


foram adicionados em 1453 d.C, conforme a figura 4 abaixo.

Figura 4: Igreja de Hagia Sophia

Fonte: Terra Santa Viagens, 2012

De acordo com Ramalho e Corrêa (2003), além das pirâmides de Gizé, a


alvenaria foi retratada muitas outras vezes somente como uma estrutura
comprimida, como no Farol de Alexandria (280 a.C.), Coliseu (70 d.C.), Catedral
de Reims (1300), Edifício Monadnock (1891), entre outros.
8

• Farol de Alexandria

Construído a aproximadamente 280 anos a.C, em mármore branco, com


134 m de altura, altura equivalente a um prédio de 45 pavimentos, conforme a
figura 5 abaixo.

Figura 5: Farol de Alexandria

Fonte: Estadão, 2019


9

• Coliseu

O Coliseu, em Roma, do ano 70 d.C., fez uso de cimento natural para


erguer seus 50 m de altura e 500 m de circunferência, podendo abrigar 50.000
pessoas, conforme a figura 6 abaixo.

Figura 6: Coliseu

Fonte: Roma Pra Você, 2021

• Catedral de Reims

É um grande exemplo de catedral gótica. Construída entre 1211 a 1300


d.C. possui interior amplo, com arcos que sustentam o teto sendo apoiados em
pilares esbeltos, contraventados por arcos externos, conforme a figura 7 abaixo.
10

Figura 7 : Catedral de Reims

Fonte: Aula de História, 2014

• Edifício Monadnock

O edifício Monadnock, construído em Chicago entre os anos 1889 e 1891,


foi considerado o símbolo da moderna alvenaria estrutural, contendo 16
pavimentos e uma altura de 65 metros. O mesmo conta com algumas
particularidades, as quais acreditavam ser o limite da alvenaria estrutural para a
época, como paredes com espessura de 1,80m na base (RAMALHO; CORRÊA,
2003), conforme a figura 8 abaixo.
11

Figura 8: Edifício Monadnock

Fonte: Wikimedia Commons, 2019

Segundo HENDRY (2002), a alvenaria estrutural começou a ser


reconhecida como técnica construtiva por volta do século XVII, quando
princípios estatísticos foram aplicados para analisar a segurança de arcos e
cúpulas.
No Brasil, a utilização da alvenaria como método construtivo se dá desde o
início da colonização, porém o seu uso como elemento estrutural na edificação
é recente. Supõe-se que o primeiro edifício de alvenaria estrutural do país foi
construído na década de 60, com 4 pavimentos na cidade de São Paulo. Já na
década de 70, também em SP, o Central Parque Lapa já possuiu 4 blocos com
12

12 pavimentos cada, com a alvenaria armada de blocos de concreto.


(RAMALHO; CORRÊA, 2003), conforme a figura 9 abaixo.

Figura 9: Central Parque Lapa

Fonte: Viva Decora, 2022

E foram construídos dois prédios no Brasil que acabaram quebrando


recordes pelo mundo Edifício A Noite, inaugurado em 1927 no Rio de Janeiro,
e Martinelli inaugura em 1929 em São Paulo, a figura 10 mostra os prédios
respectivamente.
13

Figura 10: Edificio A noite e Martinelli

Fonte: Estilos Arquitetônicos, 2013

2.2 Sistema Construtivo

Conforme Zake Tacla (1984), “Sistema Construtivo: é definido como o


conjunto das regras práticas, ou o resultado de sua aplicação, de uso adequado
e coordenado de materiais e mão-de-obra se as- sociam e se coordenam para a
concretização de espaços previamente programados.”
De acordo com Pastor (2007), “Entre os
sistemas estão os tradicionais, mais utilizados
em residências particulares de classe média e
alta, que consistem em vigas e pilares de
concreto armado, vedação de paredes com
concreto ou blocos cerâmicos sem estrutura,
concreto armado pré-fabricado ou estrutura
metálica, que é bem utilizado em cercas,
indústria, etc. O sistema consiste na fabricação
de peças estruturais (vigas, pilares, placas,
etc.) escala e altura. A alvenaria estrutural é
muito utilizada em estruturas verticais com
pisos padronizados e repetições de layout,
pois a alvenaria é o componente principal.
Apesar de ser um elemento de compressão, é
um elemento estrutural do edifício, pelo que é
um objeto muito favorável em termos de
estabilidade estrutural de um edifício com
pisos típicos, onde direciona sempre a sua
carga verticalmente para um ponto comum.”
14

Segundo Penteado (2003) há quatro tipos de esforços para as paredes de


alvenaria resistirem, são: compressão (principal esforço solicitante),
cisalhamento e flexões dentro e fora do plano da alvenaria. Todo esse sistema
segundo Ramalho e Corrêa (2003), afinal é formado pelos seguintes
componentes: unidades (blocos), argamassa, graute e armadura.

2.2.1 Tipos de Sistemas Construtivos


Atualmente, no ramo da construção civil, existem diversos sistemas
estruturais para a realização de uma edificação.
No Brasil, o método mais utilizado é a alvenaria clássica, mas novas
tecnologias estão surgindo e começando a ser utilizadas.
Entre os vários sistemas construtivos, prevalecem os seguintes:
• Alvenaria Convencional;

• Alvenaria Estrutural;

• Steel Frame;

• Wood Frame;

• Parede de Concreto.
15

2.2.1.1 Alvenaria Convencional


Segundo Pereira, Caio, (2018), a alvenaria convencional é o sistema
construtivo onde toda a carga da estrutura é absorvida pelas lajes, vigas, pilares
e fundação. As paredes não possuem nenhuma função estrutural (por isso são
chamadas de não portantes) e servem apenas como fechamento de vãos e
separação de ambientes, conforme a figura 11 abaixo.

Figura 11: Alvenaria Convencional

Fonte: Escola engenharia, 2018

Vantagens
• Possibilidade de grandes vãos;

• Muita mão de obra e materiais;

• Pouca demanda de mão de obra qualificada;

• Facilita futuras renovações e mudanças de design.

Desvantagens
• Custo maior;

• Tempo elevado de execução;

• Gera muitos resíduos.


16

2.2.1.2 Alvenaria Estrutural


Alvenaria estrutural é um sistema estrutural onde as paredes da edificação
são utilizadas para suportar a carga, substituindo pilares e vigas utilizadas em
sistemas de concreto armado, aço ou madeira (ROMAN; MUTI; ARAÚJO, 1999),
conforme a figura 12 abaixo.
Os componentes que integram alvenaria estrutural como é o caso do bloco
de concreto e argamassa, por exemplo, precisam passar por um processo
rigoroso de testes para atender os padrões mínimos que são exigidos pela
associação Brasileira de normas técnicas (ABNT).

Figura 12: Alvenaria Estrutural

Fonte: aecweb, 2018

Vantagens
• Rapidez e praticidade de construção;

• Redução da mão de obra;

• Uma economia maior;

• Qualidade na execução;

• Menos desperdício de material.


17

Desvantagens
• As paredes não podem ser removidas sem substituir o elemento
estrutural para alimentar a carga;

• Limitações estéticas nos projetos arquitetônicos;

• Vãos livres limitados.

2.2.1.3 Steel frame


Steel frame é um sistema de construção industrial e racional. Sua
estrutura é em perfis de aço galvanizado e seu fechamento é feito em resultados
de cimento, madeira ou gesso cartonado.
A principal diferença entre a estrutura metálica e os demais sistemas é a
limpeza do canteiro de obras, já que há mínima geração de resíduos e não há
necessidade de uso de água, conforme a figura 13 abaixo.

Figura 13: Casa em Steel Frame

Fonte: Fastcon, 2015

Vantagens:
• Agilidade na construção;

• Reduzir o peso da estrutura;

• Melhor precisão de desempenho;

• Melhor isolamento térmico e acústico;


18

• Preço reduzido.

Desvantagens:
• Limite de pavimentos;

• Dificuldade de encontrar mão de obra especializada.

2.2.1.4 Wood frame


Os métodos de construção do wood framing são muito semelhantes aos do
steel framing. A diferença é que ao invés de perfis de aço galvanizado, são
utilizados perfis de madeira, geralmente de reflorestamento, como pinus.
O sistema construtivo é composto por perfis de madeira maciça, suportes
de placa OSB e estrutura de madeira autoclavada com a função de proteger a
edificação de cupins e umidade, conforme a figura 14 abaixo.

Figura 14: Casa em Wood Frame.

Fonte: Arquitete suas Ideias, 2016

Vantagens:
• Canteiro de obras organizado e limpo;

• Utilização de madeira florestal, única matéria-prima renovável na


construção civil;

• Excelente desempenho acústico e térmico;


19

• Redução de resíduos;

• Barato.

Desvantagens:
• Mão de obra qualificada;

• Limites de piso;

• Melhor tratamento com resistência à água.

2.2.1.5 Parede de concreto


Com relação a parede de concreto moldado in loco, (Revista
Téchne, 2009,01): O sistema construtivo de paredes de concreto é um método
de construção racionalizado que oferece produtividade, qualidade e economia
de escala quando o desafio é a redução do déficit habitacional. O sistema
possibilita a construção de casas térreas, assobradadas, edifícios de até cinco
pavimentos padrão, edifícios de oito pavimentos padrão com esforços de
compressão, de até 30 pavimentos padrão e com mais de 30 pavimentos.
Os 3 elementos essenciais na formação desse sistema de estudo são o
concreto, armação e a fôrma, ambos devem apresentar características que
satisfaçam as exigências de segurança e estabilidade, tanto na construção,
quanto na vida útil da edificação, conforme a NBR 16055:2012. Onde a seguir,
esses elementos serão abordados, objetivando conhecer melhor o sistema,
conforme a figura 15 abaixo.
20

Figura 15: Parede de Concreto

Fonte: neoformas, 2018

Vantagens:
• Alta produtividade;

• Alta resistência ao fogo;

• O desperdício de material é limitado.

Desvantagens:
• Não possui bom isolamento térmico e acústico;

• Devido ao uso de moldes, pequenos lotes são caros de produzir.


21

2.2.2 Alvenaria estrutural x Alvenaria convencional


A tabela 1 mostra as vantagens e desvantagens da alvenaria
convencional e alvenaria estrutural.

Tabela 1: Alvenaria estrutural x Alvenaria convencional

Fonte: IBDA Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Arquitetura


22

2.3 Projeto Estrutural Alvenaria

Segundo (RAUBER, 2005), o objetivo do projeto deve ser


maximizar a eficiência e eficácia utilizando todos os meios técnicos
possíveis. É importante definir o sistema construtivo já no início da
construção, a fim de obter benefícios técnicos e econômicos que levem
à racionalização, aumento de produtividade e redução de custos.
Abaixo segue modelo de projeto em alvenaria estrutural (Figura 16)

Figura 16: Projeto primeira e segunda fiada

Fonte: QiBuilder, 2019

Quando falamos em construção, uma etapa muito importante é a fase de


planejamento, nesta etapa o projetista determina se é possível construir em
alvenaria estrutural, dependendo da complexidade do projeto e da arquitetura, a
execução em alvenaria estrutural não é possível, por exemplo. obras com
23

intervalos muito longos, beirais, sacadas e amplos terraços em balanço, a


alvenaria da estrutura não suportaria os esforços necessários.

2.3.1 Modulação e Detalhamento da Alvenaria


Segundo Camacho (2006) e Ramalho e Corrêa (2003) a modulação tem
a principal função de trazer economia para obra evitando o desperdício de
materiais, isso ocorre fazendo com que as dimensões da obra sejam múltiplas
das unidades utilizadas para a construção das paredes, assim é possível evitar
cortes.
A NBR 5706 (ABNT, 1977) define que "coordenação modular é uma
técnica que permite a integração do tamanho do projeto usando uma rede de
referência espacial modular" e que o conceito de módulo é "a distância entre dois
níveis sucessivos de um sistema baseado em uma referência rede espacial do
módulo".
O mais importante é definir a família de blocos que vão ser usados na
construção, conforme a figura 17 abaixo.

Figura 17: Família de Blocos

Fonte: Solin blocos, 2020


24

Muito comum a utilização das famílias de blocos 29 e a 39, para família


de blocos 29cm, unidade modular é 15, do bloco de 14cm mais 1cm de junta
com argamassa. conforme a figura 18 abaixo.

Figura 18: Coordenação Modular

Fonte: selectablocos, 2020

Entretanto, o “fechamento” final da modulação da fórmula básica ocorre


somente após a conclusão das alturas da alvenaria, quando efetivamente ocorre
a compatibilização com as instalações. Somente quando colocamos as
aberturas das janelas e principalmente os shafts onde fica o encanamento,
decidimos a localização final dos blocos em planta.
Na execução de alvenaria estrutural segundo NBR 5706, o fator decisivo
é a efetiva fixação das paredes. Utilizando os blocos BE15, BE30, BE45, o
travamento das peças de alvenaria é garantido de forma simples e lógica em
qualquer situação. Ou seja, uma sequência padronizada que representa a
colocação dos blocos para cada uma das montagens mais comuns e também a
sua colocação em duas filas (linhas pares e pares).

A correspondência mostra a (Figura 19).


25

Figura 19: Amarração de canto e em T Bloco 29

Fonte: selectablocos, 2020

A família 39 é composta por três elementos principais: bloco B39 (39x19cm)


e largura ajustável; bloco B19 (19x19cm) e largura regulável; e bloco B54
(54x19cm), igual (Figura 20) e largura variável. Usar a família 39 significa
desenhar usando a unidade modular 20 vezes 20, onde 20 é a medida da peça
de 19cm mais 1cm de margem de junta. (NBR 5706).
26

Figura 20: Amarração em L e T Bloco 39

Fonte: AltoQi, 2021

Para a família 39, a largura dos blocos pode ser de 14cm e 19 cm, blocos
com largura de 14cm precisam de elementos compensadores, porque seu
comprimento não é múltiplo da largura. Os elementos compensadores são
necessários não apenas para ajustar os caixilhos das janelas, mas também para
compensar a modulação em plantas baixas. Ao usar blocos de 14cm de largura,
precisamos usar um bloco especial que é o bloco B34 (34x19x14cm) conforme
mostrado (fotos 12 e 13) para ajustar o módulo modular "L" e "L". T" para
conseguir uma ligação perfeita entre a alvenaria, conforme as figuras 21 e 22
abaixo.
27

Figura 21: Amarração em “L” Bloco 39

Fonte: Acervir, 2021

Figura 22: Amarração em “T”

Fonte: Acervir, 2021


28

2.3.2 Primeira e Segunda Fiada


A primeira e segunda fiadas são as mais importantes de todas as obras e
devem ser definidas e detalhadas em todo projeto de alvenaria estrutural. No
plano a atribuição dos blocos estratégicos de primeira ordem começa com os
levantamentos detalhados, que se localizam nos cantos nos apoios das paredes
e nos blocos que definem as portas. Instale-o primeiro e use-o como guia para
calcular os blocos restantes.
A seguir, sucessivamente, projetar módulos de 14 cm + 1 cm ou 19 cm de
junta até os blocos estratégicos, onde as paredes devem ser feitas com "juntas
de amarração", nunca com juntas de prumo, esta solução não é permitida em
alvenaria estrutural. (só é permitido com a condição de estar bem ligado ao
reforço, geralmente clipes metálicos ancorados nos orifícios perpendiculares dos
blocos que unem as duas paredes e que estejam selados), conforme a figura 23
abaixo.

Figura 23: Primeira e Segunda fiada

Fonte:AltoQi,2021
29

2.3.3 Paginação
Cada parede estrutural deve ser apresentada separadamente. Os tipos
de blocos utilizados em cada desenho, o tipo de amarração, a localização dos
reforços na estrutura, a localização exata das aberturas de portas e janelas, entre
outros. (Figura 24).

Figura 24: Paginação

Fonte: AltoQi, 2019

2.3.4 Tipos De Parede


Na alvenaria estrutural, as paredes atuam como partes estruturais da
edificação.
A estabilidade do conjunto depende da colocação correta. Paredes, que
devem suportar cargas verticais (peso próprio e cargas de ocupação) e cargas
laterais (ação do vento, impulso do solo, etc.) e cargas laterais deve ser
absorvido pelo piso e transmitido paralelamente a direção da força lateral.
As paredes estruturais podem suportar cargas verticais e horizontais
pesadas, paralelo ao seu plano, mas relativamente fraco contra cargas
horizontais atuantes perpendicular ao seu plano.
30

Segundo Roman, Mutti e Araújo (1999, p. 16), as paredes como


elementos de alvenaria podem ser subdivididas em:

• Paredes Enrijecedoras
• Paredes de contraventamento

2.3.4.1 Paredes Enrijecedoras


Sua função é fortalecer paredes estruturais contra flambagem, paredes
longas sem paredes de contraventamento, a parede pode ser enrijecida com
vários pontos de graute seguidos para obter estabilidade estrutural (Figura 25.)

2.3.4.2 Paredes De Contraventamento


Eles são projetados para suportar cargas horizontais e cargas externas
(ação do vento) paralelas ao seu plano, promovendo O "travamento" de
estruturas, por exemplo, não pode ser feito em a alvenaria estrutural, por não
conter a estabilidade de estruturas contra o vento. Em projetos ou edificações
com alvenaria estrutural, o ideal é que todas as paredes tenham Função
estrutural, que contribui para a estabilidade do edifício, exceto para as paredes
sistema hidráulico, deve ser uma parede de contenção sem função estrutural.
(figura 25).
31

Figura 25: Parede enrijecedoras e Contraventamento

Fonte: Estruturas mistas, 2018

2.3.5 Racionalização

Segundo SABATINI FRANCO (1989), racionalização é um processo


dinâmico que visa melhorar a utilização dos recursos humanos, materiais,
organizacionais, tecnológicos e financeiros para atingir os objetivos
especificados no plano de desenvolvimento de cada país e de acordo com sua
realidade social e econômica.
Segundo Pereira (2009 apud SILVA, 2019), a racionalização construtiva
consiste em projetar, pensar e executar com economia, funcionalidade e
qualidade. Na alvenaria estrutural, conceito começa a ser colocado em pratica
no momento em que a alvenaria realiza a função estrutural e vedação. No
sistema estrutural convencional (Concreto armado), a estrutura e a vedação
andam separados, o que faz a alvenaria estrutural bem racional nesse sentido.
Segundo FRANCO e AGOPYAN (1994), a construção estrutural possui
um grande potencial de racionalização, principalmente devido a aspectos como
a facilidade de acomodação de sistemas modulares coordenados e a
padronização de suas operações.
32

Para ROMAN (1996), a construção do rolamento permite uma


racionalização abrangente desde as fases do projeto até os procedimentos de
trabalho.
Agilizar a execução da obra passa necessariamente pela racionalização
da obra por meio de treinamentos e incentivos. Lordsleem Jr (2000) discute a
necessidade.
Para alcançar a produção de pedra magra, é importante que
todos os responsáveis pela atividade, desde o gerente do projeto
até os trabalhadores que a executam, entendam e percebam as
vantagens da racionalização. Este trabalho deve ser feito com
treinamento e motivação em todos os níveis. Para treinamento
orientado ao domínio técnico, podem ser usadas fotografias ou
vídeos contendo cenários reais de implementação. Isso permite
que as práticas de trabalho sejam observadas, facilita o
entendimento da execução principalmente no detalhamento
construtivo e corrige incertezas. Relativamente ao tipo de
incentivos, foram apresentadas várias propostas: recompensa
justa, investimento na saúde e segurança no trabalho, permitir o
crescimento das empresas, criar condições de integração e
convívio social com base no trabalho realizado.

Segundo Vieira (2007), uma das principais vantagens da alvenaria é a sua


racionalização, pois o sistema construtivo “conduz à racionalização de diversas
atividades”, como as instalações elétricas e hidráulicas.
A possibilidade de racionalização construtiva da empresa está associada
ao projeto. Eles determinarão a eficácia do sistema de construção. Isso se deve
ao possível uso de inovações técnicas, ferramentas e equipamentos adequados,
processo construtivo e coordenação dimensional dos componentes. Tudo isso
está relacionado à eficiência do todo construtivo (THOMAZ, 2001).
Conforme mostra a Figura 26, desperdício, sujeira e tijolos assentados
quebrados. Na Figura 27, organizada e redução de perdas e de consumo.
33

Figura 26: Alvenaria Tradicional

Fonte: Impacto do projeto de alvenaria, 2015

Figura 27: Alvenaria Racionalizada com Blocos de Concreto

Fonte: prontomix, 2019


34

2.4 Verga e Contra-verga

São pequenas vigas de concreto armado que devem ser feitas em cima e
embaixo das aberturas da alvenaria como vãos de portas e janelas para evitar
trica nos cantos desses vãos (Figura 28), devem avançar no mínimo 20 cm de
cada lado do vão e ter pelo menos duas Barras de aço de 5 mm. A altura pode
ser de 5 cm, ou mais altas para combinar com a modulação dos componentes.
As vergas e as contra vergas podem ser feitas também usando o próprio
componente da alvenaria blocos canaletas preenchido com concreto e a barra
de aço no seu interior ou podem ser pré-moldadas na própria obra, conforme a
figura 29 abaixo.

Figura 28: Fissuras por falta da Verga e Contra verga

Fonte: viga.engenharia, 2018

Figura 29: Verga e Contra-verga

Fonte: idealjr, 2021


35

2.5 Elétrica

Segundo Manzione (2004), como princípio geral, o percurso da tubulação,


conforme mostra a figura 30, corre sempre na vertical, aproveitando a folga no
bloco para passar os conduítes, os pontos de ligação fazem isso. não permite
cortes horizontais. Ao contrário da alvenaria tradicional, a alvenaria é feita
primeiro, depois são cortados canais para tubos elétricos, alvenaria a construção
da tubulação elétrica deve ser feita junto com a alvenaria, não há necessidade
de cortar paredes, pois os tubos passam pelo vazio.
Traz economia e flexibilidade para a obra, valorizando os projetos sistemas
elétricos bem elaborados são compatíveis com projetos hidráulicos e estruturais,

Figura 30: Passagem das tubulações elétricas pelos furos dos blocos

Fonte: Alv estrutural, 2012

2.6 Hidráulica

A integração do projeto é um dos pré-requisitos para a alvenaria estrutural.


Em um sistema de construção racional, não há possibilidade de destruir paredes,
improvisar na hora e muito mais.
Estas práticas atuais de compactação de alvenaria, que infelizmente
ainda existem na construção de alvenaria, significam retrabalho, desperdício,
36

aumento de custos de material e mão de obra, essencialmente insegurança


estrutural devido à redução da resistência da seção transversal da parede que
forma o membro estrutural.
A iniciativa de integrar projetos deve ser do engenheiro para criar soluções
para a coexistência harmoniosa de arquitetura, estrutura e instalações.
Se as plantas arquitetônicas permitirem que todas as zonas húmidas
partilhem uma única parede, esta função permite ligá-las com tubos colocados
no exterior e junto à parede. Permite o revestimento parcial ou total de uma
parede com painéis removíveis. Também permite a utilização de kits pré-
montados e elimina a necessidade de retirar o acabamento para conferir o
resultado do processo. Todos os fixadores só podem ser inseridos em alvenaria
vertical, nos furos dos blocos.
A maior dificuldade está nas redes de água e esgoto. Para tanto, algumas
medidas podem facilitar a movimentação vertical dos equipamentos.
1. Agrupamento de equipamentos higiênicos para banheiros e cozinhas em
paredes hidráulicas (sem construção) através de tubulações através de furos em
blocos.
2. Início de fossas para adutoras de água e esgoto (imagem 31).

Figura 31: Instalação hidráulica

Fonte: Construção, 2016


37

2.7 Componentes da Alvenaria Estrutural

Conforme especificado pela NBR 10837/89, os principais componentes


utilizados na construção estrutural são:

a) Unidades (blocos estruturais);


b) Argamassa de assentamento;
c) Graute;
d) Armadura.
Portanto, quando um ou mais componentes utilizados na construção
estrutural são unidos entre si, é chamado de componente (GROHMANN, 2006).

2.6.1 Bloco Estrutural


Pode ser bloco de concreto ou bloco cerâmico que é o principal
componente do sistema construtivo. Sua função é absorver as tensões de
compressão geradas pela carga da edificação e substituir a estrutura de
concreto.
São os componentes mais importantes da construção em alvenaria, pois
“a massa, como componente fundamental da construção em alvenaria, é a
principal responsável por determinar a resistência da estrutura” (RAMALHO E
CORRÊA, 2003).
Segundo CAMACHO (2006), eles controlam o estresse e definem o
procedimento para aplicar as técnicas de coordenação modular em um projeto.
A NBR 15270-2 estabelece a obrigatoriedade de o tijolo conter em sua
face dados do fabricante e as dimensões, essências, do bloco como largura,
comprimento e altura, essas são formas de manter o controle da qualidade e a
responsabilização dos fabricantes.

2.6.1.1 Bloco Concreto


É um componente industrial, produzido em máquinas de vibração e
pressão, podendo ser fabricado com uma grande variedade de componentes.
Por serem fundidas em fôrmas de aço, possuem precisão dimensional que
38

facilita a obra. Suas propriedades e desempenho dependem dos equipamentos,


da qualidade dos materiais utilizados e de sua correta mistura. Os blocos de
concreto padrão possuem formas e dimensões uniformes, proporcionando um
sistema construtivo limpo, prático, rápido, econômico e eficiente. Além disso, o
módulo de elasticidade do concreto é semelhante ao das juntas de argamassa,
o que torna a resistência da alvenaria mais próxima da dos blocos (PEREIRA,
2007 apud SILVA, 2019).
Além dos aspectos técnicos, os blocos de concreto apresentam outras
vantagens:

• Podem ser fabricados com diferentes resistências específicas, dependendo


das necessidades estruturais dos edifícios;
• Pode ser feito em diferentes formas, cores e texturas;
• Possuem grandes aberturas que permitem a passagem de eletricidade e, em
alguns casos, hidráulica. Essas cavidades também podem ser preenchidas com
argamassa (microconcreto) para fazer tirantes, cavilhas ou se quiser aumentar
a resistência à compressão da alvenaria;
• Por serem feitos de uma mistura de cimento, agregados finos e graúdos, estão
disponíveis em quase todas as cidades de médio e grande porte do país;
• Apresentam-se numa variedade muito pequena de tamanhos e são modulares,
evitando danos no local e reduzindo significativamente a espessura dos
revestimentos a aplicar.
Apresentam baixíssima variação de dimensão que são modulares
evitando desperdício por quebra de obra e diminuindo substancialmente as
pessoas dos revestimentos aplicados (PEREIRA 2007 apud SILVA, 2019),
conforme a figura 32 abaixo.
39

Figura 32: Construção em Bloco Estrutural de Concreto

Fonte: JB Blocos, (2013)

2.4.1.2 Bloco Cerâmico


As telhas cerâmicas são feitas de argila como matéria-prima principal. O
processo de fabricação é simples e consiste basicamente na combinação de
diferentes tipos de argilas, que geralmente se encontram na mesma área, em
uma massa uniforme. Esta homogeneidade é melhorada após a trituração do
bloco e adição do componente água à sua mistura, sendo que após esta etapa
a mistura de argila está pronta para ser vazada na forma de elementos
construtivos manuais, ou seja, em blocos. A secagem dos blocos é muito
importante para as suas propriedades de resistência, por isso são submetidos a
altas temperaturas para atingir as propriedades desejadas do bloco de
construção.

NBR 15270-2 exige que os tijolos contenham dados do fabricante em suas


superfícies e dimensões de bloco, como largura, comprimento e altura do
40

elemento, que são meios de manter o controle de qualidade e responsabilidade


do fabricante.

Como o bloco cerâmico é destinado a edificações em alvenaria estrutural,


não deve apresentar defeitos de fabricação como fraturas, trincas e
irregularidades que possam alterar sua função estrutural.

Neste tipo de construção (construção estrutural), as modificações são


evitadas ao máximo. às propriedades básicas dos blocos de construção para
atingir suas funções estruturais, conforme a figura 33 abaixo.

Figura 33: Construção em Bloco Estrutural Cerâmico

Fonte: Blog da liga, 2017

2.6.2 Argamassa
Nas estruturas de alvenaria, a argamassa serve para ligar os blocos e
regula os apoios entre eles. A combinação de blocos e argamassa para formar
um elemento composto chamado de alvenaria deve ser capaz de suportar
diferentes cargas e condições ambientais.

A função da argamassa é transmitir todos os movimentos verticais e


horizontais para fortalecer o dispositivo e criar estruturas únicas. Além disso,
absorve pequenas deformações e impede a entrada de vento e água no edifício.

A argamassa plástica consiste tradicionalmente em cimento, cal e areia.


Existem também argamassas só de cal ou só de cimento (areia), cada uma com
as suas vantagens e desvantagens. Argamassas mais duráveis (somente
41

cimento e areia) não são recomendadas, pois são muito duras e têm pouca
capacidade de absorção de deformações. Pequenas deformações deste tipo em
juntas de argamassa levam a altas tensões e consequentemente à formação de
fissuras.

Portanto, é um erro pensar que, por ser a alvenaria estrutural, deve-se


utilizar resíduos de argamassa muito resistentes. Por outro lado, argamassas
muito fracas (somente cal e areia) têm baixíssima resistência à pressão e
aderência e reduzem a resistência da parede ao longo da mesa. Em alvenaria
estrutural, é altamente recomendável o uso de argamassa mista durante o
assentamento. Embora a adição de cal leve a uma diminuição da durabilidade,
o resultado é uma argamassa com melhor trabalhabilidade, melhor retenção de
água e absorção de deformações, conforme a tabela 2 abaixo.

Tabela 2: Características das argamassas de cimento, cal ou mistas.

Fonte: Alvenaria estrutural e sistema construtivo, 2018


42

As principais funções da argamassa de assentamento são:

• Unir os blocos, distribuindo as cargas por toda a área dos blocos;

• Compensar imperfeições e variações dimensionais dos blocos e vedar a


parede, protegendo-a da água e outros agentes agressivos;

• Absorver as deformações naturais a que a parede é submetida, como variações


devido a gradiente térmico, retração por secagem, a pequenos recalques, sendo
importante que a resiliência seja boa, isto é, a argamassa deve ser capaz e
absorver essas deformações sem se romper;

• Contribuir para a resistência da parede. A resistência da argamassa é de


fundamental importância na resistência ao cisalhamento (que se consegue com
boa aderência) e importância secundária na resistência à compressão das
paredes.

O emprego de argamassas estabilizadas vem ganhando espaço nos


últimos anos, tanto no Brasil como no mundo. Isso se deve a diversas vantagens
que essas misturas proporcionam: redução de perdas, limpeza da obra, maior
produtividade, misturas mais constantes, redução da responsabilidade de
dosagem em obra, entre outras. Estas vantagens refletem econômica e
ambientalmente na indústria da construção civil. Entretanto, apesar de ainda
serem poucos os estudos neste tema, esse tipo de argamassa vem sendo
empregado em situações que requerem responsabilidade estrutural, como é o
caso do assentamento de alvenaria estrutural de blocos de concreto. (MATOS,
Paulo, 2013).
43

Figura 34: Argamassa

Fonte: Xapmix, 2019

As argamassas industrializadas para assentamento de blocos de concreto


devem atender às disposições de norma NBR 13281 (2015) – “Argamassa
industrializada para assentamento de paredes e revestimento d parede e tetos –
Especificação”
No caso do material não ter certificado de conformidade, o comprador
deverá verificar se ele segue os ensaios mínimos previstos pela norma pela
norma NBR 13281. No caso da empresa fornecedor o certificado de
conformidade do material, este deve ser renovado pela empresa fornecedora a
cada 4 meses a fim de assegurar a qualidade dos produtos e manter os dados
do fornecedor atualizado no cadastro da empresa.
44

2.6.3 Graute

Segundo Ramalho e Corrêa (2003), o graute é um concreto que tem a


função de fazer a sua consolidação com o bloco e a possível armadura para que
trabalhem como um conjunto único, sendo utilizado quando há necessidade de
preenchimento de vazios para aumentar a capacidade de resistência a
compressão (de 30% a 40%), dessa forma em contato com a armadura, esforços
de tração também podem ser resistidos através desse método. O aço utilizado é
o mesmo que é utilizado nas obras de alvenarias convencionais, na figura 36
mostra um exemplo da utilização do graute e da armadura em uma construção
de alvenaria estrutural.
A função do graute existente é:
• Aumentar a resistência em pontos localizados (verga, contraverga,
coxim);

• Aumentar a resistência à compressão de uma parede; unir eventuais


armaduras às paredes;

A argamassa é constituída por cimento e areia (argamassa fina) ou


cimento, areia e cascalho (argamassa grossa). É muito fluido, tem 20-28 cm de
profundidade e, portanto, tem uma alta relação água/cimento de até 0,9.
Assegura a fluidez e a plasticidade do graute, reduzindo a sua retração,
recomenda-se um máximo de 10 cal por volume de cimento.

Recomenda-se que a resistência do graute não seja inferior a 15 Mpa,


este valor mínimo é obrigatório em locais com armaduras para garantir a
aderência.

É importante respeitar também um valor máximo para resistência,


sugerindo se que a resistência do graute não seja superior a 150% à resistência
do bloco na área liquida, exceto para casos graute de 15 Mpa.
45

Figura 35: Graute

Fonte: Viva Decora, 2022

2.6.2.1 Armadura
Segundo Ramalho e Corrêa (2003), as barras de aço usadas na alvenaria
estrutural são as mesmas usadas nas estruturas de concreto armado, porém
com a diferença que nesse caso sempre estarem envolvidas por graute.
Também podem ser utilizados os grampos que são elementos de
amarração entre as paredes (Figura 36), sendo colocadas nas juntas das
argamassas de assentamento, que auxilia na geração uniforme de tensões,
evitando assim futuras alterações.
46

Figura 36: Armadura

Fonte: Construindo Casas, 2021

Figura 37: Pontos de graute no projeto

Fonte: Alto QI, 2022


47

2.6.2.2 Vistas ou Espia


Devem ser executados furos dimensões mínimas de 7cm x 10cm de altura
ao pé de cada prumada á ser grauteada, conforme a figura 38 abaixo.

Figura 38: Visita do ponto de graute

Fonte: Influencia da disposicao do graute,2018

Limpeza dos furos dos blocos: É necessário remover as rebarbas nas juntas
dos blocos vazados com barras de aço e, por inspeção, remover todo o cascalho
acumulado na fundação da parede e umedecer as paredes do furo.

Colocação da armadura: Após a limpeza dos furos do bloco, a armadura deve


ser colocada de forma que fique na vertical conforme especificado no projeto.

Lançamento de adensamento: O assentamento do graute deve ser feito em no


mínimo 24 horas após o assentamento dos blocos. O graute pode ser
compactado usando hastes de aço. A saída do rejunte deve ser observada em
visita, isso mostra que o buraco está totalmente preenchido, e então é colocado
um pedaço de madeira para conter o seu assentamento.
48

Figura 39: Visita a ser limpa

Fonte: Universidade Trisul, 2020

2.8 Equipamentos

Equipamentos para a realização das paredes de bloco estrutural:

• Bisnaga

• Palheta

• Colher de pedreiro

• Prumo

• Linha de pedreiro

• Esquadro
49

2.6.1 Bisnaga
Uma ferramenta usada para aplicar um chanfro aos blocos. Pastor (2007)
aponta que devido ao difícil manuseio (necessidade de força pesada e
compressiva), não traz muito apreço nas obras.

Além disso a fluidez da argamassa é outra restrição, pois são necessários


agregados muito miúdos para uma boa trabalhabilidade (Figura 40).

Figura 40: Bisnaga

Fonte: Equipa obra, 2015

2.6.2 Palheta
Ferramenta de metal, madeira ou PVC para aplicar argamassa a um bloco
longitudinalmente. No sentido transversal do bloco, caso seja necessário aplicar.

A plataforma é uma ferramenta bem recebida pela mão de obra, mas o


controle da quantidade de material utilizado não é tão preciso. Seu tamanho
costuma ter 40 cm de comprimento e cerca de 3 cm ou cm de largura (imagem
41).
50

Figura 41: Palheta

Fonte: Equipe obra, 2015

2.6.3 Colher de pedreiro


A colher de pedreiro é uma ferramenta de construção que se assemelha
a uma espátula e é usada para transferir cimento, concreto ou outro material que
atuará como argamassa, conforme a figura 42 abaixo.
51

Figura 42: Colher de Pedreiro

Fonte: Amigo Construtor, 2018

2.6.3 Prumo

Consiste em um bloco de madeira conectado a um cilindro de metal por


fio. Para usar, basta colocar a madeira em cima da madeira e depois esticar o
fio até o fundo. Se o pêndulo estiver próximo nem muito perto nem muito longe
isso significa que a parede está verticalmente reta. Conforme a figura 43.
Segundo CAMACHO 2006, as paredes construídas de maneira errada,
desaprumadas ou desalinhadas, produzem cargas excêntricas não previstas em
projetos, acabando em uma redução de resistência.

Segundo ROMAN 1999, há um enfraquecimento entre 13% e 15% da


parede se ele estiver um defeito de 12 a 20mm.
52

Figura 43: Prumo

Fonte: Meia Colher, 2017

Conforme a norma NBR 15812-2 (2010) o desaprumo das paredes, além


do desalinhamento em pavimentos consecutivos não pode superar 13 mm e
também deve atender os limites de 5 mm a cada 3 m e 10 mm a cada 6 m,
conforme a figura 44 abaixo.

Figura 44: - Limites máximos para o desaprumo e desalinhamento das paredes

Fonte: NBR 15812-2, 2010


53

2.5.4 Linha de pedreiro

Ideal para construção civil, controlando o alinhamento de fileiras de tijolos,


garantindo uma fileira alinhada. Conforme a figura 45.

É utilizado para nivelar a parede, medir e referenciar entre diferentes


pontos, para assentamento de paredes, pisos e azulejos.
Figura 45: Linha de pedreiro

Fonte: Mapa da Obra, 2016

2.5.5 Esquadro

O Esquadro e uma ferramenta utilizado para checar a angulação (90°) no


encontro entre duas paredes ou muros, conforme a figura 46 abaixo.
54

Figura 46: Esquadro

Fonte: Pedreirão, 2014

2.9 Controle De Qualidade

A qualidade do trabalho empregado na fabricação da alvenaria afeta muito


sua resistência final.

Os principais fatores relacionados à mão-de-obra e que devem ser


controlados durante a montagem da alvenaria são:

• Gerenciamento de argamassa: O traço da argamassa deve ser a mesma em


toda a edificação ou variar de acordo com as especificações do projeto;

• Juntas: As juntas devem ser totalmente preenchidas, evitando reentrâncias.


A espessura deve ser mantida o mais uniforme possível;

• Assentamento: Deve-se evitar a perturbação das unidades logo após o


assentamento, o que poderá alterar as condições de aderência entre
unidade e argamassa;
55

• Prumo da parede: Paredes construídas com dasaprumo ou sem alinhamento


em camadas sucessivas estão sujeitas a excentricidades de carga adicionais
que introduzem tensões inesperadas na fase de projeto.

“...Ferramenta de metal, madeira ou PVC para


aplicação de argamassa em bloco um produto de
qualidade é aquele que atende perfeitamente às
necessidades do cliente, com confiabilidade,
aceitação, segurança e pontualidade. ... O verdadeiro
critério de boa qualidade é a preferência do
consumidor. (Campos, 1992)"

“... Controle é a capacidade de encontrar um


problema, analisar um processo, padronizar e criar
controles para que o problema nunca mais aconteça.”
(Campos, 1992).

O controle de qualidade total é baseado na


participação de todos os funcionários no estudo e
controle de qualidade... Gerenciar uma organização
humana significa identificar metas, consequências ou
resultados inatingíveis, analisar esses maus
resultados, encontrar as causas e eliminá-los. de
forma a melhorar os resultados." (Campos, 1992).
56

2.10 Diagnósticos para Manifestações Patológicas

Para Vieira (2016) o diagnóstico de manifestações patológicas pode ser


considerado como o entendimento dos fenômenos em termos da identificação
das múltiplas relações de causa e efeito que normalmente caracterizam uma
anomalia patológica na edificação, conforme a figura 47 abaixo.

Figura 47: Patologia

Fonte: Revista Mirante, 2016

Tendo em vista que, diversas partes da estrutura apresentavam


deficiências em seu desempenho em serviço, devem ser consultadas as normas
técnicas, ABNT NBR 6118:2014 e ABNT NBR 9062:2006, entre outros
documentos normativos nacionais e internacionais, admitidos como
complementares a estas normas.

Para Lichtenstein (1985), o objetivo do diagnóstico é prescrever o trabalho


a ser executado para resolver o problema, de forma a incluir a definição sobre
os meios e a previsão das consequências em termos do desempenho final.
Para diagnosticar, é preciso reunir o maior número de informações e
depois separar o essencial do acessório, desta forma, deve-se primeiramente
conhecer o problema, uma vez que este, pode ter origens amplas, que aponta
57

para um estudo aprofundado, pois do mesmo jeito que algumas causas dessas
doenças exigem tratamentos mais simples, outras podem exigir tratamentos
mais específicos (VIEIRA, 2016).
Para extrair as informações e obter um diagnóstico preciso, pode-se
utilizar o exame visual do desgaste e de seu meio ambiente; ensaios locais,
rápidos e simples; estudos de laboratório; consulta com os autores do projeto e
com os usuários da edificação; estudo dos projetos, dos cadernos de encargos,
das anotações de canteiro, atas de reuniões de obra, documentos diversos e
correspondências disponíveis. (MESSEGUER, 199, apud BRITO)

2.11 Impacto Ambiental

De acordo com a NBR 10004, a classificação de resíduos sólidos envolve


a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, de seus
constituintes e características, e a comparação destes constituintes com
listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é
conhecido.
• Resíduos sólidos: resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que
resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta
definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição,
bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o
seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam
para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor
tecnologia disponível.

• Periculosidade: característica apresentada por um resíduo que, em


função de suas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas,
pode apresentar:

a) risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças


ou acentuando seus índices;

b) riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma


inadequada.
58

• Toxicidade: propriedade potencial que o agente tóxico possui de


provocar, em maior ou menor grau, um efeito adverso em conseqüência
de sua interação com o organismo seja por inalação, ingestão ou
absorção cutânea tendo efeito adverso (tóxico, carcinogênico,
mutagênico, teratogênico ou ecotoxicológico).

A norma técnica, NBR 10004 (2004), é responsável pela classificação dos


resíduos sólidos, estabelecendo-as conforme a grau de periculosidades, sendo
a Classe I considerado perigosos (inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos ou
patogênicos) e a Classe II, os resíduos não perigosos (inertes ou não inertes).
De acordo com John (1999), ao comparar com outros países de primeiro
mundo, retrata como é acanhada a iniciativa do Brasil quanto à reciclagem de
resíduos. No entanto, o cimento e o alumínio apresentam destaque em
reciclagem no país. O cimento guiado majoritariamente pela reciclagem nas
indústrias de cimento com as escórias de alto forno básica e cinza volante. Já o
alumínio, atravessa o prelúdio da questão ambiental, e torna clarividente
problemas sociais e econômicos internos.
Com relação à geração de resíduos sólidos urbanos, segundo a
ABRELPE (Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais), em 2015 houve um aumento de 1,7% na geração de resíduos sólidos
urbanos com relação ao ano de 2014, uma média de 218.874 toneladas diárias,
o que corresponde a 1,071 Kg por habitante.
Na construção civil, a periculosidade dos resíduos não é a maior
preocupação, uma vez que é considerada baixa. O impasse recai sobre a
quantidade gerada, estimada pela ABRELPE em 2010 em 99.354 toneladas
diárias (IPEA, 2012).
A composição dos RCC segundo a classificação da Resolução CONAMA
n° 307/2002 em classe A, Classe B, Classe C e Classe D, tem seus percentuais
de acordo com a Tabela 3.
Tabela 4 – Composição dos RCC gerados em canteiro de obra de alto
padrão.
59

Tabela 3: Composição dos RCC

Fonte: Daltro Filho et al. (2006)

Tabela 4: Classificação dos componentes do RCC

Fonte: Blumenschein, 2007.


60

A norma 6118 define que a agressividade do meio ambiente está


relacionada às ações físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de
concreto, e que isto independe das ações mecânicas, das variações
volumétricas de origem térmica, da retração hidráulica e outras previstas no
dimensionamento das estruturas, afirma ainda que nos projetos das estruturas
correntes, a agressividade ambiental deve ser classificada de acordo com o
apresentado na tabela 5:

Tabela 5: Classificação da agressividade ambiental.

Fonte: ABNT 6118, 2014

2.12 Desempenho Térmico

De acordo com a ISO 7730:1994, do ponto de vista pessoal, conforto


térmico é definido como sendo uma condição da mente que expressa satisfação
com o ambiente térmico. Do ponto de vista ambiental, o conforto térmico se dá
quando as condições “permitem a manutenção da temperatura interna sem a
necessidade de serem adicionados mecanismos termorreguladores”. A
sensação de desconforto térmico pode acontecer quando a diferença entre o
calor perdido para o ambiente e o calor produzido pelo corpo não é estável (LINS,
2012).
Para Silveira (2014), a noção do conforto térmico é diretamente
relacionada à necessidade de manutenção da temperatura interna do corpo em
valores razoavelmente constantes, por volta de 37ºC – fator essencial à saúde e
61

ao bem-estar. De acordo com ele, o balanço térmico do corpo humano é uma


função dependente de variáveis ambientais – temperatura do ar, temperatura
radiante média, velocidade e umidade relativa do ar – além de variáveis pessoais
relacionadas com o tipo e grau de atividade e vestimentas.
Para que uma edificação ofereça desempenho térmico satisfatório, a
ABNT NBR 15575:2013 determina que a edificação habitacional deve considerar
a zona bioclimática definida na ABNT NBR 15220-3:2005. Segundo Kappaun
(2012), a divisão bioclimática da norma levou em conta o clima de cada local
atribuindo a mesma classificação zonal para regiões com homogeneidade
quanto às medidas mensais das temperaturas máximas e mínimas e as médias
mensais da umidade relativa do ar. Dessa forma, os sistemas construtivos são
pensados de forma a incluir considerações ambientais no projeto.

Tabela 6: Critério de avaliação de desempenho térmico para condições de verão

Fonte: ABNT NBR 15575-1:2013

A norma estabelece três procedimentos para a avaliação da adequação


das condições de conforto térmico das habitações. São eles: o simplificado
(teórico), a simulação computacional e a medição in loco.
62

2.13 Desempenho Acústico

A definição de acústica, segundo Paixão (2002), é o estudo dos sons (ou


ruídos) e das ondas sonoras, que por sua vez é uma forma de energia
transmitida através da colisão sucessiva das moléculas de um meio. Dias, ainda
em 2009, já tratava da elevada poluição sonora na sociedade.
A poluição sonora nem sempre foi motivo de
preocupação para a sociedade, no entanto, a forma de
vida contemporânea remete tal preocupação a níveis
mais alarmantes, haja vista o constante crescimento
urbano, que exige a evolução do transporte e o avanço
tecnológico. Por isso, urge estudar os problemas
sonoros nas edificações (DIAS, 2009).

Os ruídos podem ser classificados em aéreo, que são os originados no ar


e continuamente nele propagados ou de impacto, em que as vibrações de sólidos
e impactos são transmitidas diretamente sobre uma estrutura e provocam
posteriormente a vibração do ar. Eles 28 também podem ser ruídos internos ou
externos, que podem ser, por exemplo, uma pessoa conversando na sala ou o
tráfego de carros em uma rua próxima, respectivamente (SOUZA, ALMEIDA E
BRAGANÇA, 2012).
A poluição sonora é um problema importante, pois incomoda e prejudica
a qualidade de vida, podendo causar danos desde efeitos psicológicos à perda
auditiva. Todo o organismo reage a altos níveis de ruído, que afetam, além da
audição, o sono, agindo sobre o subconsciente e sobre o sistema nervoso,
prejudicando a saúde psíquica e mental. Segundo Silva (1997 apud NETO,
2006), a inteligência também pode ser influenciada pelo ruído, principalmente na
capacidade de atenção do indivíduo, reduzindo o rendimento no trabalho, tanto
intelectual como físico. Portanto, a qualidade acústica de um ambiente é um fator
crucial para o bem-estar e o conforto da população (MICHALSKI, 2011; NETO,
2006).
Portanto, para se obter um bom desempenho acústico entre ambientes,
busca-se atenuar a transmissão de energia sonora de um lugar para outro, ou
63

seja, o isolamento ocorre quando há uma redução significativa da passagem de


som (MICHALSKI, 2011).

2.14 Normas Brasileiras Aplicáveis a Alvenaria Estrutural

Os sistemas construtivos residenciais à base de cimento seguem as


normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o que
lhes confere alta confiabilidade.

Confira os principais critérios para execução e controle de alvenaria


estrutural utilizando blocos de concreto:

• ABNT NBR 6136/2016 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria


– Requisitos

• ABNT NBR 12118/2014 – Blocos vazados de concreto para alvenaria –


Métodos de Ensaios

• ABNT NBR 16868-1/2021 – Alvenaria estrutural. Parte 1: Projeto.

• ABNT NBR 16868-2 – Alvenaria estrutural. Parte 2: Execução e controle de


obras

• ABNT NBR 16868-3 – Alvenaria estrutural. Parte 3: Métodos de Ensaios

• ABNT NBR 16868-4 – Alvenaria estrutural. Parte 4: Estruturas em situação de


incêndio.

• ABNT NBR 16868-5 – Alvenaria estrutural. Parte 5: Projeto para ações


sísmicas.
64

3 ESTUDO DE CASO
3.1 Apresentação

Nesta obra, foi adotado a alvenaria estrutural com bloco feito de concreto
em todas as torres, este sistema foi escolhido devido as vantagens da economia
e redução de tempo de execução, com os dados técnicos e informações
recolhidas e acompanhamento da obra junto ao responsável técnico pela
execução, engenheira Lorena Juliaci Goulart.

Figura 48: Torre 1

Fonte: Autor, 2022


65

Obra do condomínio Portal Recanto Dos Sabias sendo composto de 3


torres com 15 pavimentos, sendo a torre 1 (Figura 48) com 4 apartamentos por
andar totalizando 60 apartamentos. As demais torres com 8 apartamentos por
andar resultando 120 apartamentos por torre.

3.1.1 Apresentação e Localização


O estudo de caso foi realizado na obra Portal Recanto dos Sabiás -
Jardim Primavera, situado na Avenida Demétrio Ribeiro, S/N - lote 6 - Chácaras
Rio-Petrópolis, Duque de Caxias - RJ, 25230-020, conforme figura 49 abaixo.

Figura 49: Terreno

Fonte: Google Maps, 2023


66

3.2 Cálculos dos matérias utilizados

3.2.1 Blocos
Para saber a quantidade de blocos que irá utilizar, basta calcular a área
da alvenaria da construção em m², descontando as áreas dos vãos das
esquadrias e dividir pela área do bloco escolhido em m². Nesse caso é
importante considerar a espessura da argamassa, portanto, a área do bloco
escolhido será o comprimento do bloco + argamassa vezes altura do bloco +
argamassa geralmente argamassa tem 1 cm de espessura.
Lembre-se que a alvenaria estrutural deverá ser dimensionada e
projetada por um profissional qualificado.

3.2.2 Argamassa

Para calcular o volume da argamassa de assentamento, basta calcular o


volume da alvenaria (descontando os vãos) e subtrair o volume total dos blocos
escolhidos (largura x comprimento x altura).

Se escolheu fazer argamassa na obra, o próximo passo é escolher o traço


da argamassa para obter o rendimento (quantidade de cimento, cal ou aditivo e
areia para produzir 1 m³) e depois multiplicar o volume calculado anteriormente.

Se optou por comprar ganha massa pronta, é só dividir o volume pelo


rendimento recomendado pelo fabricante para descobrir quantos sacos deverá
comprar. Para o preparo da argamassa é só adicionar a quantidade específica
na embalagem de água para realizar a mistura.
67

3.2.3 Graute

• Para Vergas e Contra-vergas

Para estimar o volume de graute para preenchimento de vigas e contra-


vergas, basta calcular o volume de cada bloco de canal, depois multiplicar o
volume de cada canal pela quantidade de blocos que serão utilizados. Para
encontrar o volume do canal, multiplique a altura x largura x complemento do
canal selecionado. Lembre-se de converter todas as medidas em metros.

• Para os pontos de graute

Para calcular o volume de graute que será necessário para preencher os


vazios do bloco estruturais, basta multiplicar o número de graus que serão
realizados em sua construção pela altura alvenaria (pé direito) e multiplicar pelo
rendimento o (volume de concreto para preencher 1 m linear de bloco estrutural)
para bloco de concreto rendimento é por volta de 0,0134 m³.
68

3.3 Etapas

Serão especificadas todas as etapas do processo da alvenaria


estrutural, todos os equipamentos utilizados para executar dentro das normas e
senso comum.
Todas as etapas para uma melhor execução da alvenaria estrutural na
prática para ver se é viável usar a alvenaria estrutural com análise na execução.

1. Marcação da alvenaria
2. Levantando as paredes
3. Grauteando
4. Elétrica
5. Hidráulica

3.2.1 Marcação da Alvenaria


Depois da modulação verificada inicia-se a marcação da alvenaria onde
seguindo o projeto de “Primeira Fiada” marcando paredes e portas, assim
podemos conferir dimensões dos ambientes e vãos de porta.
O local deve estar limpo (Varrido e molhado), os tijolos devem ser
umedecidos, pouco antes do assentamento.

Figura 49: Primeira Fiada

Fonte: Autor, 2022


69

Com a conferência de uma trena e uma esquadro, com a trena vamos


conferir medidas de vão e medida dos cômodos, com a esquadro vamos conferir
os 90° dos encontros das paredes.

3.2.2 Levantando as paredes


Depois da conferência da marcação da alvenaria, começamos a subir as
paredes com auxílio do projeto de elevações das paredes, onde são detalhadas
vão (portas e janelas).
Conferindo a amarração entre os blocos, jamais permitindo a “junta a
prumo”, em que as juntas ficam alinhadas em comparação com a fiada de baixo.
Por isso a importância de seguir rigorosamente os projetos estruturais.

Figura 50: Levantando parede.

Fonte: Autor, 2022


70

Fôrma 51: Projeto de elevação

Fonte: Autor, 2022

3.2.3 Graute
Com o arranque do ponto de graute vindo da fundação, fazemos a
continuação dele por meio de amarrações, sempre seguindo o projeto.

Pontos a se falar:
• Locação dos pontos de graute
• Vista dos pontos.

3.2.3.1 Locação dos pontos de graute


Devemos ter bastante atenção na parte da locação dos pontos de graute,
conforme a imagem abaixo podemos ver que conseguimos localizar os pontos
de graute nos pontos no bloco preenchidos.
71

Figura 52: Pontos de graute no projeto estrutural

Fonte: Autor, 2022

Figura 53: Arranque do ponto de graute

Fonte: Autor, 2022


72

3.2.3.2 Visita do ponto de graute

O ponto de graute tem a função de auxiliar a limpeza do ponto de graute


(figura 55), verificar se está molhado e facilitar a amarração entre as armaduras.

Figura 54: Visita do graute

Fonte: Autor, 2022

Molhe os vazios verticais dos blocos onde se localiza os “pontos de


graute” antes da aplicação do graute, conforme a figura 56 abaixo.
Para alvenarias a aplicação do graute precisa ser feita pelo menos 24
horas após seu assentamento, garantindo um assentamento firme.
73

Figura 55: Ponto de graute molhado

Fonte: Autor, 2022

3.2.4 Elétrica
A instalação elétrica em alvenaria estrutural segue princípios semelhantes
aos de outros sistemas construtivos. A alvenaria estrutural consiste em utilizar
as próprias paredes como elementos externos, suportando as cargas da
edificação. Portanto, é necessário planejar cuidadosamente a passagem dos
condutores elétricos e a instalação dos pontos de energia e iluminação.
74

3.2.5 Hidráulica

No caso da hidráulica, é necessário considerar a passagem de tubulações


para instalações hidrossanitárias, como água fria, água quente, esgoto e
drenagem pluvial, através das paredes de alvenaria. Para isso, é preciso planejar
cuidadosamente o posicionamento dessas tubulações, levando em conta a
resistência e a estabilidade da estrutura.

Um "shaft" de hidrossanitária, também conhecido como shaft de


instalações ou poço técnico, é um espaço vertical destinado à passagem de
tubulações, dutos e outros elementos relacionados às instalações
hidrossanitárias de um edifício. Ele é projetado para concentrar e facilitar o
acesso a essas instalações, permitindo sua manutenção, manutenção e reparo.

Figura 56: Shaft de hidrossanitária

Fonte: Autor, 2022


75

4 CONCLUSÃO

De acordo com a pesquisa feita, a alvenaria estrutural é um sistema


construtivo eficiente amplamente utilizado na construção civil. Ela oferece
diversas vantagens, como a redução de custos, a rapidez na execução e a
resistência a cargas verticais e horizontais. Através do uso de blocos de concreto
ou cerâmicos, uma estrutura é formada por elementos de vedação próprios,
eliminando a necessidade de pilares e vigas adicionais.
Hoje, os blocos estruturais são destaque na engenharia civil brasileira. O
atual nível de desenvolvimento é resultado da evolução que se iniciou no país
na década de 60, quando foram construídas primeiras construções, primeiras
pesquisas foram realizadas nas décadas de 70, 80, destacando-se na década
de 90, quando constatamos, o Brasil é o início da curva ascendente de
assimilação do sistema construtivo à atual adoção generalizada.
Entre vantagens e desvantagens vimos que por não seguir as NBR na
execução podemos perder as vantagens e contribuindo as patologias.
Ao adotar a alvenaria estrutural, é possível obter uma maior flexibilidade
arquitetônica, uma vez que as paredes podem ser projetadas de acordo com as
necessidades do projeto, permitindo a criação de espaços internos mais amplos
e livres. Além disso, esse sistema construtivo proporciona um bom desempenho
térmico e acústico, esperançoso para o conforto dos usuários.
No entanto, é importante destacar que a utilização da alvenaria estrutural
requer uma análise criteriosa do projeto, considerando as cargas atuantes, os
esforços sísmicos e as condições do solo. É fundamental contar com
profissionais protegidos para o dimensionamento adequado dos elementos
resistentes e garantir a segurança da edificação.

Outro ponto relevante é a necessidade de seguir as normas técnicas e


regulamentações específicas para a construção em alvenaria estrutural, a fim de
garantir a qualidade da obra e a durabilidade da estrutura. É fundamental
também realizar um acompanhamento técnico durante a execução, verificando
76

a correta execução das juntas, ou o uso de argamassas adequadas e a


verificação do prumo e nivelamento das paredes.
Em resumo, a alvenaria estrutural é um sistema construtivo viável e viável,
que proporciona agilidade, economia e boa performance. No entanto, é
necessário um planejamento de cuidados, a utilização de materiais e técnicas
comunitárias, e o envolvimento de profissionais especializados para obter
resultados. Com isso, é possível construir edificações seguras, duráveis e
funcionais utilizando a alvenaria estrutural como sistema construtivo.
77

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