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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar à Deus, pelo dom da vida e por iluminar todas as decisões que
Aos meus pais Terezinha Enz Fagá Sakamoto e Aristeu Kazuyuki Sakamoto que, com
infinita sensibilidade, perceberam a importância desta fase da minha vida e, com um esforço
pela disposição em ajudar, depois pela paciente e zelosa orientação em todos os passos deste
trabalho.
Ao meu namorado e amigo, Davi, pela sua indispensável orientação nos estudos da
SUMÁRIO
RESUMO
Para a implantação de uma obra portuária deve-se ressaltar que ela deverá inserir-se
num determinado meio e cumprir uma determinada função. O meio é caracterizado pelas
condições ambientais, condições de mar e de terreno. Já sua função, é caracterizada pelo
objetivo da obra, em termos de carga e descarga dos navios ou do manuseio e manipulação
das cargas na região do retroporto. A combinação dos fatores acima é responsável pelas
características e morfologia da obra.
Pretende-se neste trabalho, abordar a complexidade de obras acostáveis, junto com a
sua concepção, seu projeto e cálculos com conhecimento nas áreas de Hidrodinâmica e
Hidráulica Marítima, Geotécnica, Estática e Dinâmica das Estruturas, Engenharia Naval,
Navegação e Equipamentos, Operação e Planejamento Portuários.
Observando a escassez de bibliografias recentes em português, a monografia, baseada
no livro de “Obras Portuárias” (MASON, 1981), foi realizada procurando inteirar sobre
estruturas portuárias, destacando os pontos importantes e procurando entender em exemplo
numérico o método de Nökkentved.
ABSTRACT
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
Entrada para o comércio internacional, os portos são responsáveis por grande parte das
importações e exportações de um país e são considerados como mecanismo de
desenvolvimento econômico.
Um porto marítimo é uma área protegida localizada na beira do mar/oceano/lago
destinada ao atracamento de embarcações. No porto, além da finalidade de local de
atracamento, são realizadas operações de carga, descarga, transporte e armazenamento de
mercadorias.
No Brasil, a responsável pela formulação de políticas e pela execução de medidas,
programas e projetos de apoio ao desenvolvimento da infraestrutura dos portos marítimos é a
Secretaria Especial de Portos (SEP). Já os portos fluviais e lacustres são de competência do
Ministério dos Transportes.
De acordo com a SEP, o Brasil possui uma costa de 8,5 mil quilômetros navegáveis,
com um setor portuário que movimenta anualmente cerca de 700 milhões de toneladas das
mais diversas mercadorias e responde sozinho por mais de 90% das exportações.
Existem hoje 34 portos públicos marítimos sob gestão da SEP, os quais 18 deles são
administrados diretamente pelas Companhias Docas, que são sociedades de economia mista,
que tem como acionista majoritário o Governo Federal.
A implantação e a melhoria de obras portuárias e acostáveis representam para o Brasil,
com sua vasta extensão costeira e de vias navegáveis interiores, um fator de primordial
importância para a ampliação e diversificação da rede de transporte. Observando essa
necessidade, justifica-se que o engenheiro civil estude os problemas de concepção, projeto e
cálculo das obras marítimas portuárias, costeiras e estuarinas.
O estudo baseia-se em métodos multidisciplinares, envolvendo conhecimentos nas
áreas de equipamentos, navegação, hidrodinâmica, geotécnica, e de estruturas, além das
questões de logísticas e transporte.
O trabalho foi realizado com estudos, principalmente, no livro ”Obras Portuárias”
(MASON, 1981), procurando abordar os tópicos mais relevantes das estruturas portuárias e
analisando o método de Nökkentved sobre cálculo de estaqueamento. As figuras e ilustrações
presentes nos capítulos 2 a 5 desta monografia foram adequados pela autora baseando-se na
obra literária citada acima.
1.1. JUSTIFICATIVAS
CAPÍTULO 2 – EMBARCAÇÕES
– Comprimento total;
– Boca;
– Pontal;
– Calado (altura entre a linha de flutuação e a quilha);
– Deslocamento - peso do volume de água deslocado pelo navio (em carga, em lastro, em
vazio), unidade: toneladas;
– Deadweight ou Peso morto (diferença entre o deslocamento em carga e em vazio).
Posição-limite se divide entre Máxima e Mínima. Para a posição máxima o navio está
carregado com o calado máximo máx e em condições de nível mínimo de água. Para a
posição-limite mais alta, o navio está com carga mínima, com lastro, com nível máximo de
maré. A posição-limite influi na fixação de coroamento da obra de acostagem e no gabarito
dos equipamentos.
Cálculo para o calado em vazio:
(1)
Em que:
Qualquer flutuante contém seis graus de liberdade, três translações e três rotações.
Adotando sistema de eixo ortogonal, podemos dividir os movimentos em (Fig. 2.3):
Para serem efetuados os serviços de limpeza, tratamento do casco, pintura, etc, deve-se
fazer a docagem no navio. Neste processo de docagem, os navios transmitem o esforço
através do primeiro ponto de contato com a base de apoio. Esta força de docagem constitui
um parâmetro determinante para o projeto estrutural da base de apoio da carreira ou estaleiro.
A avaliação da força de docagem baseia-se na aplicação dos princípios elementares da
flutuação, conforme Fig. 2.6.
(2)
Existem diversas maneiras de se classificar uma obra acostável que está ligada a:
a) Condições de Abrigo:
As obras poderão ser protegidas ou em mar aberto. Condição primordial de proteção
das embarcações contra ventos, ondas e correntes, visando à movimentação de cargas e
passageiros. Um exemplo de um terminal em mar aberto é o offshore, típico terminal
petroleiro.
i. Classificação das obras de abrigo segundo a posição
molhe: uma extremidade ligada à costa;
quebra-mar: nenhuma ligação com a costa, podendo ser emergentes ou
submersos;
diques: ambas as extremidades ligadas à costa, podendo ser dotados de
trechos rebaixados para a passagem de pequenas embarcações ou
mesmo água (lâmina navegável).
c) Utilização:
Quanto à carga movimentada e ao tipo de equipamento para tanto, os portos
classificam-se em:
i. Portos de carga geral: Portos comerciais que movimentam carga geral, isto é,
acondicionada em qualquer tipo invólucro (sacaria, fardos, barris, caixas,
bobinas, etc.) em pequenas quantidades. Nos portos de carga geral, em
princípio, qualquer carga pode ser movimentada, havendo uma tendência geral
de unitização dessas cargas em contêineres de dimensões apropriadas, de modo
a facilitar a sua armazenagem e transferência, além do transporte e
distribuição.
ii. Artificiais: são aqueles em que as obras de acostagem devem ser providas de
obras de melhoramento de abrigo e acessos para a embarcação-tipo.
a) Obras contínuas
Nesta concepção estrutural, as funções de acesso, suporte de equipamentos, atracação
e amarração das embarcações estão integradas na plataforma principal, Fig. 3.1, podendo ser :
i. Cais de paramento fechado ou de face vertical (Fig. 3.2) – possuem uma
cortina frontal que contém o terrapleno no tardoz, podendo ter função
estrutural de cais como plataforma de alívio, já que a plataforma alivia a
cortina dos empuxos.
ii. Cais de paramento aberto (Fig. 3.3) – não possuem cortina frontal, contendo
um talude a partir do fundo do berço de atracação, até atingir a linha de
dragagem, podendo dispor de plataforma de alívio ou não.
As obras corridas podem ser também do tipo finger, Fig. 3.4, que consiste em um píer
com duas frentes acostáveis. Essa estrutura, nestes casos, é em geral, vazada e consta de uma
plataforma apoiada em estacas ou tubulões. Uma alternativa de concepção estrutural com
maior rendimento operacional, porém sua adoção depende de características topobatimétricas
dos berços e bacias e das características do equipamento de movimentação de carga.
Uma vantagem econômica das obras contínuas é o cais de cortina ancorada, Fig. 3.5,
com fundações independentes para suportar o equipamento deslizante. As soluções em cais
contínuo são mais adaptáveis a tipos de equipamentos de carga e descarga de navios do tipo
deslizante, isto é, que se desloca ao longo da frente acostável.
Figura 3.5: Cais de cortina atirantada com fundações independentes para suporte do equipamento
deslizante
7. defensas.
c) Obras de proteção
As obras contínuas ou de estruturas discretas se localizam, normalmente, numa bacia
fechada, sem necessidade de obras de proteção. Quando isto não é possível, devemos prever
obras especiais de proteção, tais como molhes de enrocamento ou diques refletores das ondas.
Os arranjos das obras acostáveis com as proteções variam com a morfologia das costas, o
plano de ondas e ventos etc.
As figuras 3.7, 3.8 e 3.9 indicam possibilidades de arranjos de obras, com molhes de
proteção ou uma estuarina.
Figura 3.7: Proteção do complexo portuário por uma linha de molhes (seguimento trapezoidal)
Acadêmica: Beatriz Ayumi Sakamoto
Trabalho de Graduação – Um Estudo Sobre Elementos Estruturais de Obras Portuárias 17
a) cargas permanentes;
b) sobrecargas verticais;
c) cargas móveis;
d) meio ambiente;
e) atracação;
f) amarração;
g) terreno.
Cargas permanentes são constituídas pelo peso próprio dos elementos componentes da
estrutura portuária e pela massa de todos os elementos construtivos fixos e instalações
permanentes.
Na falta de determinação experimental devem ser usados os seguintes pesos
específicos, para os materiais pertinentes às estruturas portuárias:
a) concreto simples 24 kN/m3
b) concreto armado 25 kN/m3
c) concreto ciclópico 22 kN/m3
d) cantaria 26 kN/m3
Para efeito de cálculo, as sobrecargas uniformes (q), Fig. 4.1, variam entre 2t/m2 e
5t/m² e devem ser colocadas nas posições capazes de produzir os efeitos mais desfavoráveis
para o cálculo de cada elemento estrutural ou para estabilidade do conjunto. Não deve ser
considerada a aplicação simultânea de sobrecargas verticais numa faixa com uma largura de
1,0 metro para cada lado de trilhos ocupados por composições ferroviárias ou equipamentos
de manuseio.
4.4.1 Correntes
Constitui um caso normal a existência de correntes marítimas ou fluviais nos locais
onde se implantam obras marítimas ou acostáveis. As correntes são movimentos de
translação, tanto regulares e previsíveis, quanto irregulares e imprevisíveis, devidos aos
ventos e ao calor solar. O valor da corrente a ser adotado é aquele obtido em medições no
local de implantação da estrutura portuária. Em estruturas portuárias fluviais, o valor mínimo
a adotar para a velocidade de fluxo das águas é de 1m/s.
As correntes, dependendo de suas velocidades, podem produzir efeitos estáticos ou
dinâmico, importantes sobre as estacas das obras, os quais podem ser determinados pelo
princípio que rege a ação do escoamento fluido sobre os obstáculos.
Para efeitos estáticos as ações das correntes marítimas podem ser transformadas numa
carga estática, aplicada às estacas e aos tubulões. Para efeitos dinâmicos devido à liberação de
vórtices.
(3)
em que:
o número de Reynolds do escoamento;
: a velocidade;
: o diâmetro da estaca;
a viscosidade cinemática.
A corrente exercerá sobre um obstáculo uma forca normal (estática).
(4)
(5)
(6)
(7)
(8)
A importância dos efeitos das forças periódicas sobre as estacas decorre das vibrações
que as mesmas podem, em certas condições, excitar. Estas vibrações poderão, caso haja a
possibilidade de ressonância, produzir efeitos perigosos que afetam a segurança estrutural das
estacas. A ressonância ocorrerá quando houver coincidência entre a frequência de emissão de
vórtices e, portanto dos impulsos, e a frequência própria de vibração das estacas. Isto pode
ocorrer na fase construtiva da obra, quando é mais baixa a frequência própria das estacas.
Para efeito de cálculos estimativos, apresenta-se pela Fig. 4.2, uma relação de
fórmulas para as frequências próprias de vibração de estacas, sujeitas a diversas condições de
vinculação.
(9)
em que,
= 0,560, para estacas engastadas na base ; 3,561, para estacas biengastadas
; 2,454, para estacas apoiadas e engastadas ;
= comprimento da estaca;
= rigidez da estaca;
= massa por unidade de comprimento de estaca.
4.4.2 Marés
Marés constituem movimentos oscilatórios com períodos de 6 a 12 horas, regulares,
previsíveis com grande antecipação e produzidas pela atração dos astros sobre as partículas da
água. Em essência, o fenômeno das mares é causado pelos efeitos gravitacionais da Lua e do
Sol, aos quais podem juntar-se os efeitos locais devido à morfologia da costa e aos possíveis
aspectos de ressonância em bacias fechadas.
Para avaliar a influência da força de atração solar nas marés, basta ter a relação das
forças causadoras das marés, para a Lua e para o Sol, levando em conta suas massas e
distância à Terra sobre um mesmo elemento de massa, com a relação
(10)
(11)
observando que a ação produtora de marés devido à Lua é de ordem do dobro da mesma ação
devido ao Sol.
Para estruturas portuárias marítimas o valor da altura da maré a ser adotados é aquele
obtido em medições no local de implantação da estrutura portuária. Em estruturas portuárias
fluviais o nível máximo normal é obtido da curva de permanência de alturas no local.
Para estruturas de acostagem o nível adotado corresponde à altura que não seja
ultrapassada em 95% do tempo de recorrência, considerado igual à expectativa da vida útil da
obra. Para estruturas de proteção a porcentagem indicada pode ser reduzida a 80%.
4.4.3 Ondas
Devem ser obtidos dados de campo, em medições realizadas no local de implantação
da estrutura portuária. Com os dados analisados, são fixadas direção, período, altura
significativa e altura máxima da onda que exerce as maiores ações sobre as estruturas em
estudo, denominada onda de projeto.
O período de recorrência da onda de projeto não pode ser menor que o da expectativa
da vida útil da obra, sendo no mínimo de 50 anos para as obras permanentemente expostas.
A altura da onda de projeto a ser adotada no cálculo de estruturas portuárias, de abrigo
ou de acostagem, situadas fora da zona de arrebentação, não afetadas quanto à sua segurança
por eventual galgamento deve ser:
a) H1, que é a média aritmética das alturas do centésimo superior das maiores ondas,
para estruturas rígidas (muros e paredes);
b) entre H1 e H10, em que H10 é a média aritmética das alturas do décimo superior
das maiores ondas, para estruturas semi-rígidas (estruturas sobre estacas);
c) Hs, que é a média aritmética das alturas do terço superior das ondas, chamada de
altura significativa, para estruturas flexíveis de blocos naturais ou artificiais.
(12)
em que:
a superfície externa;
vetor velocidade;
vetor unitário;
densidade do fluido;
volume de controle.
(13)
em que:
coeficiente de arraste;
coeficiente de inércia ou de massa.
(14)
Por último, cabe uma referência a respeito da fixação do valor dos coeficientes de
arraste e de inércia. Diversos investigadores apresentaram resultados de estudos teóricos e
experimentais cuja média pode ser tomada igual a:
(15)
4.4.4 Ventos
A velocidade do vento a ser considerada é a velocidade média em 10 minutos, medida
no local de implantação da estrutura portuária a uma altura de 10 metros. Os valores máximos
de rajada podem ser reduzidos em 10%. Em nenhum caso são admitidas velocidades para o
vento menores que 20 m/s.
Deve ser levada em consideração a ABNT NBR 6123 na fixação da velocidade dos
ventos, não se aceitando velocidade de vento menor que as fixadas por esta Norma.
4.5.1 Atracação
Atracação consiste na manobra necessária para se aproximar de um cais ou de outra
embarcação. As ações de atracação são as decorrentes dos impactos das embarcações sobre as
estruturas de acostagem. Tais impactos transmitem parte da energia cinética do navio à obra e
sua transformação em energia de deformação das estruturas e das defensas. O restante desta
energia será empregado no movimento de rotação do navio, em torno do ponto de impacto e
em dissipações diversas.
A energia cinética característica transmitida pelo navio durante a atracação, e que deve
ser considerada no dimensionamento das estruturas e defensas é determinada pela seguinte
expressão:
(16)
onde:
= energia característica nominal;
= massa deslocada pelo navio;
= massa de água adicional;
= velocidade de aproximação do navio perpendicular à linha de atracação;
= coeficiente de excentricidade;
= coeficiente de rigidez.
(17)
onde:
= calado do navio nas condições da atração;
= comprimento do navio;
= massa específica da água.
(18)
onde:
= distância entre o ponto de contato e o centro de gravidade do navio, medida
paralelamente à linha de atracação;
= raio de giro do navio (pode ser considerado aproximadamente igual a 25% do
comprimento do navio).
O coeficiente de rigidez leva em consideração a parcela de energia de atracação
absorvida pela deformação do costado do navio. Dependendo do rigidez do sistema de
defensas o valor adotado pode variar entre 0,90 e 0,95.
Outro tipo comum de defensas são as chamadas defensas de gravidade, que consistem
em transformar a energia de impacto das embarcações em trabalho de elevação do centro de
um peso. Em geral, têm-se grandes energias a absorver e problemas de ordem construtiva não
permitem o movimento do peso além de certos limites, estas defensas pressupõem grandes
massas de material. Este fato pode constituir-se em importante sobrecarga adicional da
estrutura. Em decorrência da grande eficiência das defensas de borracha especial, as por
gravidade caíram em desuso. Defensas por gravidade são divididas em dois tipos, através da
sua direção de operação, verticais e horizontais.
Para as defensas que operam na vertical (Fig. 4.4), pode-se observar um peso em
suspensão articulado em e , que ao receber um impacto , desloca-se.
Para defensas de gravidade que operam na horizontal (Fig. 4.5), são mais indicadas
para obras de estruturas vazadas, pois constam de um peso articulado, suspenso abaixo da
plataforma.
Além das defensas já citadas acima, existem outros tipo de defensas, como as
pneumáticas, hidropneumáticas etc.
As ditas pneumáticas são bolsões de borracha com enchimento de ar, que se interpõem
entre o avio e o cais (Fig. 4.6). Sua absorção de energia pode chegar a valores muito elevados,
com forças relativamente baixas na estrutura e no navio. Esses bolsões possuem um sistema
de válvula de segurança que não permite a subida excessiva da pressão do ar.
As defensas hidropneumáticas constituem um processo equivalente as pneumáticas,
porém juntamente com o ar é adicionada água no interior dos bolsões. Essa água será expulsa
do sistema quando ocorrer limites elevados de pressão.
com grandes deformações, reduzindo a força da estrutura, portanto defensas do tipo elásticas
de baixa constante de mola.
As obras maciças, resistentes a grandes esforços horizontais, recomendam defensas
elásticas de menor flexibilidade. Observa-se também que as defensas de gravidade são pouco
utilizadas pelo fato de que seus elementos possuem grande peso o que aumenta as dimensões
da superestrutura.
4.5.2 Amarração
b) Fibras sintéticas: de fácil manuseio, leves, não absorvem água e não dilatam ou
enrijecem, como as fibras vegetais. Suas fibras mais usuais são de poliéster, náilon
e polipropileno;
c) Arames de aço: constituem-se nos cabos mais rígidos, feitos de arame de aço
trançados e enrolados sobre um núcleo metálico ou de fibras. Não são
recomendáveis em terminais de inflamáveis.
As principais características dos cabos de amarração são elasticidade, extensibilidade,
rigidez, carga de ruptura e carga máxima de trabalho.
No caso de amarração por âncoras, poitas ou boias, devem ser verificados os efeitos de
catenária dos cabos e estimados os movimentos possíveis dos pontos de fixação na analise da
amarração da embarcação.
Os dispositivos de amarração de qualquer tipo devem ter um dimensionamento
estrutural compatível com os esforços de amarração, bem como deve ser verificada sua
segurança ao arrancamento. Os dispositivos de fixação devem ser dimensionados ao
arrancamento com coeficiente de ponderação menor que o adotado no dimensionamento de
estrutura de modo a permitir que ocorra a ruptura nos mesmo, sem danificar a estrutura. Os
cabeços e qualquer outro dispositivo de amarração devem possuir trações superiores às da
Tabela 4.4, correspondentes aos deslocamentos , Fig. 2.1, que consiste no peso do
volume de água deslocado pelo navio (em carga, em lastro, em vazio), em toneladas métricas.
4.6 TERRENO
(19)
em que:
profundidade do solo
Toda vez que o solo não exerce pressões laterais, a pressão num plano vertical será
uma percentagem da pressão vertical no plano horizontal e é chamada "pressão em repouso".
Se o solo se expande, exercendo tensões laterais, a relação da pressão lateral para a
pressão vertical aproxima-se de um valor mínimo e a pressão lateral é conhecida como
"pressão ativa".
(20)
em que:
e : pressões unitárias ativa e passiva, respectivamente, a uma profundidade da
superfície do terrapleno;
: pressão vertical a uma profundidade devido ao peso da altura considerada,
usando o peso específico submerso para o solo abaixo do nível d'água;
: resistência coesiva unitária do solo;
e : coeficientes de pressão ativa e passiva, respectivamente.
Em 1953, Brinch Hansen publicou uma nova teoria original de empuxos de terras. Ele
desenvolveu sua teoria a partir do fato de que o terreno pode sofrer diversos tipos de ruptura,
tais como por zona, ruptura ao longo de certas linhas ou superfícies e rupturas combinadas de
diversos tipos, dependendo de movimentos e condições de contorno a que estiver submetido.
(21)
(22)
- terrenos argilosos: ;
- terrenos arenosos e argilo-arenosos: (valores efetivos);
limitam a combinação das ações devidas ao meio ambiente com as ações variáveis devidas à
utilização do porto ( sobrecargas verticais, cargas móveis, atracação e a amarração).
As ações devidas a atracação e amarração somente são combinadas entre si quando
elas forem possíveis de ocorrer simultaneamente, isto é, quando a obra de acostagem for
dotada de berços de atracação em lados opostos ou contíguos não isolados.
Na área compreendia entre o trilho externo do guindaste e o paramento do cais, a
sobrecarga uniforme distribuída pode ser reduzida a 40% do seu valor, não sendo porém
considerado um valor inferior a 10 kN/m2. Esse coeficiente considera que a área em questão
não é usualmente utilizada durante a operação portuária.
Para avaliação das cargas nos elementos suporte da fundação de estruturas, pode ser
aplicado um coeficiente de 0,70 ao valor característico da sobrecarga vertical, coeficiente esse
que representa a pequena probabilidade de ocorrência dessa sobrecarga, com seu valor
máximo, em toda a área de influência desse elemento suporte de fundação.
Para a avaliação dos efeitos devidos à atuação das sobrecargas verticais sobre
terraplenos contidos por estruturas de cais, pode-se considerar a aplicação de um coeficiente
de 0,8 sobre o valor atribuído à sobrecarga vertical. Esse coeficiente considera que a aplicação
da sobrecarga não atinge a totalidade da área, tendo em vista os espaços necessários para a
circulação do pessoal ou equipamento de operação do porto. Essa redução não é aplicável a
terraplenos que se destinem a estocagem de materiais a granel, quando o valor da sobrecarga a
ser adotado é o correspondente à geometria da pilha e ao peso específico do material
estocado.
Quando a estrutura portuária dispuser de equipamentos especiais para movimentação
de carga (guindastes, carregadores, descarregadores, etc.) a solicitação sobre a plataforma do
cais é aquela que conduzir ao maior valor da ação, obtida com uma das seguintes
combinações.
Para elementos locais, numa plataforma de cais é necessário determinar os efeitos
decorrentes das cargas concentradas devidas às cargas móveis e compará-los com os valores
obtidos pela aplicação de sobrecarga vertical, considerando-se no projeto, o maior dos dois
valores.
A segurança da estrutura deve ser verificada em relação a todos os possíveis estados
que são admitidos como limites para a estrutura considerada. Deve-se verificar a
adequabilidade da estrutura para os estados limites últimos e de utilização. A condição de
utilização das estruturas é aquela definida nas normas pertinentes ao tipo do material utilizado
na construção em face da agressividade do meio ambiente, a saber:
(23)
em que:
: valor característico das ações permanentes;
: valor característico da ação variável considerada como principal, isto é, a de
maior valor para o elemento em estudo;
valores característicos das demais ações variáveis;
Em casos especiais devem ser consideradas duas combinações, numa delas admite-se
que as ações permanentes sejam desfavoráveis e na outra que sejam favoráveis a segurança. O
coeficiente é fixado em 0,80 para as ações variáveis em geral e em 0,60 para ações
decorrentes da variação uniforme de temperatura em relação a média anual local e da pressão
dinâmica do vento.
(24)
onde:
: valor característico das ações permanentes;
: valor característico da ação variável admitida como principal na situação
provisória;
: valor de cada uma das ações variáveis que podem atuar concomitantemente com
a ação variável principal, durante a situação provisória;
: valores característicos dos efeitos e da variação de temperatura.
(25)
em que:
(26)
em que:
, para materiais com pequena variabilidade na resistência;
, para materiais com grande variabilidade na resistência.
Para avaliação da resistência da capacidade de suporte dos solos em função dos seus
parâmetros físicos e , os coeficientes de ponderação a serem adotados são:
a) para o ângulo de atrito ;
, aplicado sobre , isto é:
(27)
b) para a coesão c;
(28)
(29)
onde:
: a resistência de cálculo da peça, estimada a partir dos valores das resistências de
cálculo dos materiais componentes;
: o valor combinado das ações para o caso limite considerado.
Nos casos onde não existe linearidade geométrica da estrutura, isto é, quando o
comportamento estrutural deixa de ser linear em virtude da alteração da geometria dos sistema
e não existe mais proporcionalidade entre as ações e deformações, a condição de segurança se
escreve:
(30)
isto é, as ações nas estruturas devem ser calculadas a partir dos esforços característicos
multiplicados pelos respectivos coeficientes de ponderação. Nesse caso permite-se considerar
o coeficiente dividido em duas parcelas e , de modo que:
(31)
(32)
CAPÍTULO 5 – FUNDAÇÕES
Pode-se observar que muitas ações influenciam nos cálculos e escolha do tipo certo de
fundação a ser aplicado nas estruturas portuárias. Neste capítulo serão abordados alguns tipos
de fundações a serem utilizadas nas obras de acostagem.
Suposições:
Adotando-se também que todas as estacas sejam de mesmo comprimento e de mesma
seção e, além disso, que estejam articuladas tanto no bloco, como na ponta.
Não existe atrito entre as estacas e o terreno e as seções das estacas são uniformes. O
processo pode aplicar-se aos blocos que possuem um conjunto distintos de estacas, porém
todas em planos paralelos. Por isso, adota-se que as estacas encontram-se todas no mesmo
plano.
De acordo com a Fig. 5.1, pode-se observar que o estaqueamento segue um sistema de
eixos , estando a linha do bloco em . As estacas são definidas por suas
coordenadas e por sua inclinação com a vertical, positiva no sentido horário ou negativo no
sentido anti-horário, conforme as indicações da figura. Para estacas verticais, .
Para a determinação dos esforços das estacas o método das deformações é o mais
usual, em que se imprimi o bloco movimentos rígidos unitários de translação vertical e
horizontal e de rotação, Fig. 5.1a.
Para translação vertical unitária do bloco, deve-se aplicar às estacas:
força resultante ;
α': ângulo inclinado com a vertical.
Para translação horizontal unitária do bloco, deve-se aplicar às estacas:
força resultante ;
α": ângulo inclinado com a vertical.
Essas duas forças cruzam-se no ponto , chamado centro elástico do estaqueamento,
em torno do qual o bloco executa movimentos de rotação, quando solicitado por forças que
não passam por ele.
Assim, quando existir forças que não passarão por , deve-se transporta-las para este
ponto, Fig. 5.1b, acrescentando o momento de transporte e decompondo as forças em suas
componentes e .
Portanto podemos demonstrar que a carga axial , numa estaca genérica de inclinação
α, é dada pela fórmula:
(33)
em que,
: distância horizontal do eixo da estaca ao centro elástico e
(34)
A posição do centro elástico é fornecida pelas equações a seguir, através de suas
coordenadas.
(35)
(36)
(37)
(38)
(39)
Para o caso específico de estaqueamento simétrico, Fig. 5.2, nota-se que o centro
elástico situa-se no eixo de simetria do estaqueamento e numa altura , determinada pela
interseção dos eixos baricêntricos dos grupos de estacas inclinadas. Pode-se então simplificar
a carga axial como sendo:
(40)
em que:
distância normal do prolongamento da linha da estaca ao centro elástico.
(41)
Esta fórmula para estaqueamentos planos simétricos também pode ser aplicada aos
estaqueamentos espaciais duplamente simétricos, isto é, com dois planos ortogonais de
simetria. Um exemplo típico é de um dolfim de amarração duplamente simétrico com suas
projeções em dois planos ortogonais.
Normalmente, em cais com cortina frontal ou de retaguarda, Fig. 5.3 temos estacas em
duas ou três direções. Para contenção de terrapleno e com pequena profundidade de cravação
(pouca resistência às cargas verticais) utilizam-se fila de estacas verticais junto à cortina. Para
resistir aos empuxos da cortina e do aterro de retaguarda, a fundação é composta também por
cavaletes no sentido transversal. Na distribuição dos cavaletes deve-se também levar em conta
a localização das linhas de guindastes e dispor as estacas de maneira a criar apoios
convenientes para os mesmos, Fig. 5.3.
Para juntas estruturais, devem-se incluir cavaletes de contraventamento longitudinal,
destinados a resistir às componentes longitudinais dos esforços de tração nos cabeços de
amarração ou as forças de impacto dos navios.
No caso de estruturais discretas, adota-se uma distribuição com predominância de
estacas verticais e alguns cavaletes de estacas inclinadas, destinados a resistir aos esforços
horizontais devido à ação do vento, ondas e correntes. Caso haja a possibilidade de atuação de
forças de impacto, devemos aumentar o número de estacas inclinadas.
impacto e amarração dos navios, são resistidos por efeito de quadro no sentido longitudinal e
transversal.
As superestruturas em elementos pré-moldados de grande porte, com ligações
posteriores de continuidade, podem também ser empregadas com vantagem, nas soluções de
estruturas portuárias em tubulões.
Outra solução estrutural é os cais de cortina atirantada com vigas de apoio e
estaqueamento independentes para suportar os equipamentos. Esta solução todavia só pode
ser adotada em caso de terrenos de boa qualidade, cujos recalques e assentamentos não
venham a prejudicar a pavimentação da superfície do cais.
Nas soluções estruturais de cais de plataforma, é habitual prever juntas de construção,
espaçadas de distâncias de 50 a 100m, ou mesmo maiores ou menores, de acordo com o caso.
Entre elas, são normalmente projetados dentes estruturais que resistem ao cisalhamento,
permitindo uma cooperação dos vários segmentos do cais, na resistência aos esforços
horizontais de impacto e amarração dos navios.
Outra questão que deve ser levada em consideração para o dimensionamento das
construções marítimas é devido ao efeito da deformabilidade vertical destes elementos. Em
especial, a ação localizada de cargas concentradas elevadas de equipamentos resulta numa
redistribuição favorável de esforços nas fundações e na superestrutura.
A aplicação da fórmula (33), bem como das suas variáveis, será ilustrada no caso do
estaqueamento esquematizado na Fig. 6.1, para o qual exista uma estaca em cada fila ( )
e a inclinação das estacas seja de . Cálculo das cargas nas estacas de um bloco rígido
sendo que existe uma força , sendo decomposta: e .
Tabela 1
Tabela 2
Fila
1 0,096 -0,503 0,2284
2 0,096 0,498 0,2238
0,096 0,002 0,0000
Σ 0,287 0,4522
Com base nestes resultados e visando a obter os coeficientes que figuram na fórmula
(33), temos:
Tabela 3
Fila
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÃO
Pode-se concluir através desta monografia que o estudo sobre obras portuárias abrange
matérias multidisciplinares e necessita de muitos estudos. O Engenheiro deve, então,
pesquisar e reunir todo o material possível para que o projeto seja executado da melhor
maneira possível.
Observa-se também que existe uma dificuldade em se encontrar bibliografias
brasileiras recentes sobre estruturas portuárias, portanto o trabalho forneceu um estudo a
complementar essa escassez, destacando os pontos importantes.
Procurando entender o método de Nökkentved sobre estaqueamento, foi aplicado um
exemplo numérico simples para que se pudesse compreender com maior facilidade. Em
trabalho futuro, o método poderá ser automatizado em programa computacional didático.
https://webmail.feb.unesp.br/service/home/~/Diretrizes_Usp_2012.pdf?auth=co&loc=pt_BR
&id=768&part=1 – Acesso: julho/2012
http://www.navioseportos.com.br/cms/index.php?option=com_content&view=article&id=87
%3Aportugues-english&catid=42%3Aglossario-nautico&Itemid=68&showall=1 – Acesso:
Agosto 2012.
http://www.oceanica.ufrj.br/deno/prod_academic/relatorios/atuais/Alex+Lorena/relat1/Siste
ma%20de%20Fundeio%20e%20Amarracao.htm – Acesso: Agosto 2012.