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portuários
Rio de Janeiro
Dezembro de 2017
Análise de histórico de manutenção e reparo de rebocadores
portuários
Examinado por:
Rio de Janeiro
Dezembro de 2017
Thurler, Pedro Ceccon
iii
AGRADECIMENTOS
Aos meus amados pais por todo apoio oferecido, amor demonstrado e sacrifício
realizado. Meus agradecimentos por todo sacrifício e por tudo de que abriram mão para poder
me oferecer sempre a melhor educação nunca serão o suficiente. Mesmo nos momentos mais
difíceis da família, sempre se dedicaram de corpo e alma para possibilitar que eu e Paula
tudo, pela educação que veio de casa. Por todo o desprendimento, esse trabalho e essa conquista
À minha amada irmã por toda a convivência, paciência e carinho nesses tantos anos de
convívio longe de nossos pais. Sem você, eu não teria força para ter chegado aqui.
Ao meu tio Mauro, por todo apoio e suporte que me deu nos primeiros anos de
faculdade. Por toda a convivência nesse perído, esse trabalho também é para você.
À minha orientadora, Profª. Marta, por todo o apoio e incentivo ao projeto desde os
primeiros rascunhos e ideias. Agradeço também por todo conhecimento passado e por todas as
oportunidades e portas abertas.
A todos os meus amigos de graduação que tanto ouviram minhas reclamações ao longo
do curso. Agradeço a convivência, o apoio e por sempre estarem otimistas quando eu só via
dificuldades e problemas.
Aos membros das equipes de competição que participei, Equipe Solar Brasil e Minerva
Baja UFRJ, obrigado por fazerem com que a faculdade fizesse um pouco mais de sentido.
iv
Para meu pai, minha mãe e minha irmã.
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte
Dezembro/2017
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
December/2017
This work analyzes all the maintenance and repair activities developed during
docking of tug boats. The objective is to obtain statistical data on the activities developed
and the items and systems of the vessel most involved in the docking period. With this,
with quantitative data, it is possible to increase the overall understanding of what a tug
docking is in a non-subjective way. All data used in this project is related to a specific
company.
1
ÍNDICE
1 Introdução....................................................................................................................... 7
3 Docagens ..................................................................................................................... 26
2
3.1.3.1 Verificações do casco ............................................................................ 30
4.1 Metodologia........................................................................................................... 40
5 Resultados.................................................................................................................... 49
3
5.3 Casco (fundo)........................................................................................................ 60
5.9 Outros.................................................................................................................... 75
7 Conclusões ................................................................................................................... 89
4
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.6 - Rebocador com propulsão azimutal girando em torno do próprio eixo .......... 13
Figura 2.14 - Rebocador híbrido funcionando apenas com banco de baterias e motores
elétricos................................................................................................................................ 19
Figura 2.15 - Rebocador operando com motores elétricos e grupo gerador ligado .......... 19
Figura 2.19 - Direção de corrente permitida durante teste de tração estática ................... 24
Figura 3.1 - Caso de avaria em rebocador com extensivo alagamento após choque com
navio .................................................................................................................................... 33
Figura 3.2 - Esquema representando o rebocador sendo puxada carreira acima ............ 34
5
Figura 3.4 - Alagamento do dique ....................................................................................... 36
Figura 3.9 - Dique flutuante sendo rebocado com embarcação já docada ....................... 39
6
1 Introdução
O objetivo deste trabalho é apresentar uma visão mais ampla e quantitativa de todas as
atividades de reparo e manutenção desenvolvidas em um rebocador portuário durante as
suas docagens. Para realizar esse estudo, serão utilizados dados reais do histórico de
docagens de uma empresa de serviços marítimos.
Dessa forma, além de entender melhor a docagem, será possível utilizar esses dados
para o controle do armador sobre suas atividades de reparo e, possivelmente, melhorar o
planejamento de futuras docagens com base nos dados históricos de seus próprios
rebocadores.
É verdade que o trabalho aqui realizado é um estudo de caso e, portanto, não representa
de forma completa todas as docagens de todos os rebocadores. Ele espelha um método
de manutenção e reparo de apenas uma empresa, com suas individualidades, e de
embarcações, também com suas individualidades. No entanto, a padronização das
operações de rebocadores portuários e a similaridade dessas embarcações permitem
que seja possível traçar um paralelo entre essa e qualquer empresa. Assim, os dados
aqui apresentados representam uma boa visão geral sobre as docagens de diversos
rebocadores portuários.
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os estaleiros necessitam para receber a embarcação nesta operação serão o foco do
capítulo.
O capítulo seguinte começa a abordar o trabalho desenvolvido em si. Nele será explicada
a metodologia desenvolvida para organizar e classificar todas as atividades de
manutenção e reparo ocorridas nas docagens estudadas.
8
2 Rebocadores portuários
2.1 Operação
9
Para que esse tipo de navio seja capaz de realizar tais manobras sozinho, é necessário o
uso de propulsores laterais (tunnel thrusters) para auxiliar a manobra. Por questões de
custos de projeto e construção ou por perfil operacional, muitas embarcações não
possuem esses equipamentos. O custo de um sistema desses a bordo pode não ser
viável ou ainda a perda de espaço de carga causada pelo seu uso pode ser impeditiva.
A partir dos dados expostos acima, é possível notar a importância do sistema propulsivo
para um rebocador. Portanto, para melhor abordar este tema, as duas próximas seções
10
são dedicadas a explicar melhor tipos de arranjo propulsivos mais adotados nessas
embarcações e como é feita a aferição do bollard pull, tão importante para a operação.
Rebocadores portuários, como dito, são embarcações conhecidas por seu pequeno porte
e grande potência propulsiva embarcada. Basicamente, todo o espaço da embarcação
abaixo do convés é destinado à praça de máquinas e aos tanques. Pelo fato de o
sistema propulsivo ser de tamanha importância para este tipo de embarcação, a seguir
serão ilustrados os arranjos propulsivos mais comuns.
Devido à sua operação, que exige um sistema propulsivo muito potente, e ao espaço
restrito a bordo de um rebocador, costuma-se dizer que o rebocador portuário é uma
praça de máquinas flutuante. Por esse motivo, esta seção será dedicada a exemplificar e
detalhar alguns arranjos propulsivos mais comuns em rebocadores portuários.
11
Como todas as embarcações atuais deste tipo apresentam sempre dois motores
principais e dois hélices, apenas esse padrão de configuração propulsiva será abordado.
Embarcações com apenas um motor principal e um hélice remontam a um período mais
distante e não são mais utilizadas devido à restrição de manobrabilidade imposta pela
presença de apenas um hélice e à menor potência embarcada alcançada devido à
presença de apenas um motor. Como o espaço é restrito, não é possível alocar um motor
de grandes dimensões a bordo do rebocador. Dessa forma, a potência final de um
rebocador com apenas um MCP é limitada à dimensão do motor. Neste trabalho, a
análise dos relatórios mostrou que apenas um rebocador de hélice único ainda opera
pela empresa. A Figura 2.4 exemplifica um rebocador com apenas um hélice.
Vale ressaltar que um item está presente em todos os projetos de rebocadores mais
modernos: o tubulão. O tubulão é uma espécie de anel que envolve o propulsor. O
objetivo principal do tubulão é acelerar o escoamento de água na direção do hélice, a fim
de aumentar sua eficiência. Como os rebocadores operam em reboque em baixíssimas
velocidades, essa aceleração do fluido é primordial para deslocar o ponto de operação
para um região de maior eficiência do hélice.
No entanto, ainda há uma outra vantagem na sua utilização. O tubulão é construído com
uma sessão estrutural com perfil de asa. Como todo hidrofólio, o escoamento de fluido ao
seu redor gera duas forças: uma de sustentação (lift) e uma de arrasto (drag). No caso
do tubulão, esse lift resultante tem uma de suas componentes em direção à vante, o que
auxilia a propulsão. O drag é sempre prejudicial e oposto à direção do movimento, mas a
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baixas velocidades (que é o caso de uma operação de reboque) a sustentação gerada na
direção do movimento é superior ao arrasto. Segundo a Wärtisila, um grande fabricante
de motores e propulsores, um propulsor com tubulão (Figura 2.5) pode gerar de 20% a
40% mais empuxo de propulsão em operações de reboque do que um propulsor sem ele.
Figura 2.6 - Rebocador com propulsão azimutal girando em torno do próprio eixo
13
O sistema propulsivo azimutal dispensa a necessidade da instalação de uma caixa
redutora, pois a redução já está presente internamente ao propulsor. Além disso, por
girar 360º, o rebocador com este propulsor não utiliza lemes.
A linha de eixo para esse tipo de propulsão em rebocadores exige uma configuração não
muito simples. Como os azimutais ficam a ré da embarcação e devido à forma da popa
em rampa do rebocador, há um desnível considerável entre a altura da saída do eixo no
motor principal dentro da praça de máquinas e o acoplamento com a embreagem do
azimutal no compartimento dedicado a eles.
Por esse motivo, é necessário que a linha de eixo assuma uma geometria não retilínea e,
para isso, pode ser preciso usar dois eixos cardan. Um cardan é usado logo na saída do
motor e é seguido por um trecho linear de eixo. Um pouco antes do acoplamento com o
azimutal, é necessário outro cardan para permitir o encaixe. Esse esquema de linha de
eixo pode ser visto na Figura 2.7.
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Assim, como o azimutal é um equipamento que combina a capacidade de gerar empuxo
e de possibilitar manobras de forma muito eficiente, é o sistema mais utilizado por
armadores e projetistas atualmente. Na Figura 2.8 é possível ver a imagem da popa de
um rebocador com sistema azimutal. Nas seções a seguir, alguns outros tipos de sistema
propulsivos serão abordados e, quando conveniente, comparados ao azimutal.
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Figura 2.9 - Arranjo da linha de eixo convencional
Como o eixo será conectado diretamente ao propulsor, ele precisa “atravessar” o casco.
É através do tubo telescópico que o eixo sai do interior da praça de máquinas para a
parte externa do casco. O tubo telescópico é suportado por um apêndice denominado pé-
de-galinha. O papel deste suporte é não deixar o tubo telescópico e, consequentemente,
o eixo, em suspensão (Figura 2.10). Isso causaria um grande momento fletor na linha de
eixo e até mesmo uma flexão no eixo, ocasionando grandes desgastes aos mancais de
rolamento, à caixa de gaxeta e ao próprio eixo.
Para que não entre água na embarcação por esta passagem do eixo através do casco, é
necessária alguma forma de vedação. A mais comum em rebocadores é a gaxeta. A
gaxeta nada mais é do que um trançado de cabo de material compressível que será
colocado entre o eixo e a parede do tubo telescópico, a fim de preencher todo o espaço
entre eles. Dessa forma, a pressão exercida pela gaxeta contra o eixo e contra a parede
do tubo garante a vedação do sistema. Vale ressaltar que um fio de água deve passar
pela gaxeta a fim de lubrificá-la. O local onde a gaxeta é colocada é chamado de caixa
de gaxeta. Um esquema básico de vedação com gaxeta pode ser visto na Figura 2.11.
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Figura 2.11 - Vedação com gaxeta
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carga ideal para a qual foram projetados e selecionados, ou seja, sua eficiência é alta e
eles são capazes de fornecer alta potência para a operação (Figura 2.13).
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Figura 2.14 - Rebocador híbrido funcionando apenas com banco de baterias e motores elétricos
Em uma situação de operação ou navegação a uma potência maior, mas ainda assim
abaixo da máxima de reboque, como navegação livre a uma velocidade maior, o
rebocador pode acionar o grupo gerador a bordo além do banco de baterias para
alimentar os motores elétricos. Dessa forma, ele consegue continuar operando sem fazer
uso dos MCPs (Figura 2.15).
Figura 2.15 - Rebocador operando com motores elétricos e grupo gerador ligado
19
Evitando ao máximo usar os motores de combustão principais da embarcação, a não ser
quando eles são estritamente necessários, o rebocador se torna muito mais eficiente no
que diz respeito ao consumo de combustível. E como atrelados ao consumo de
combustível estão as emissões de gás poluentes, elas também são significativamente
reduzidas.
Pela Figura 2.16 é possível ver que o rebocador híbrido da Damen consome menos de
70% do combustível que seu equivalente convencional. Já em relação às emissões de
gases poluentes do híbrido variam aproximadamente entre 50% e 70% das emissões do
rebocador convencional. Em cinza estão os valores com base no rebocador convencional
e em verde os dados percentuais do híbrido.
Figura 2.16 - Comparação entre o consumo de combustível e emissões de rebocador híbrido com
convencional
Como dito anteriormente, o rebocador portuário tem como principais funções rebocar
outras embarcações e auxiliar em suas manobras no porto. Por esse motivo, o principal
requisito do sistema propulsivo da embarcação é a tração estática (bollard pull).
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O bollard pull, ou tração estática, é uma medida tradicional de potência de reboque de
uma embarcação. Essa tração é usada para ranquear os diversos rebocadores e
compará-los em função de sua capacidade de reboque. Assim, essa medida é usada
para selecionar aquele rebocador (ou conjunto de rebocadores) que é adequado para um
determinado serviço.
Na Figura 2.17 é possível ver um rebocador realizando o teste de tração estática que
será abordado com mais detalhes na próxima seção.
Para que diferentes embarcações sejam testadas em diferentes locais, deve-se garantir
que o teste siga um padrão confiável. Abaixo serão destacadas algumas características e
variáveis importantes do teste de tração estática. Neste trabalho, optou-se por utilizar as
recomendações da NavalSul para o teste, uma empresa especializada em fabricação de
equipamentos navais e fundição de ligas metálicas para hélices de embarcações. Essa
escolha foi feita, pois a empresa utilizou normas exigidas pelo Bureau Veritas (BV),
American Bureau of Shipping (ABS) e Det Norske Veritas (DNV) como referências para
preparação do teste.
Vale ressaltar aqui que não serão abordados todos os tópicos relativos ao teste de
bollard pull neste trabalho. Serão citados e comentados apenas tópicos gerais que
caracterizam bem o teste de forma geral e dão uma boa perspectiva dos fatores mais
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importantes. Características muito específicas e detalhes não serão tratados, pois não é
a intenção deste projeto estudar o teste de tração estática.
A profundidade do local de teste deve ser sempre a maior possível, a fim de diminuir a
interferência de um escoamento de água ruim ao longo da embarcação e em direção aos
propulsores. Quanto menor a profundidade da lâmina d’água abaixo do rebocador, pior o
escoamento, menor o rendimento do hélice e, consequentemente, menor a tração
estática obtida. Vale ressaltar que um local aberto sem interferências laterais é
recomendável para evitar a circulação de água ao redor do casco. A Tabela 2.1
apresenta valores mínimos recomendados para a execução dos testes.
22
Tabela 2.1 – Profundidade recomendada para teste de BP em função da potência do rebocador
Em geral, os testes de tração estática são feitos em águas confinadas e em cais sólidos,
que são aqueles que não permitem o fluxo de água através deles. Dessa maneira, para
atingir uma profundidade necessária para o teste e para evitar a circulação de água,
deve-se atentar ao comprimento do cabo de reboque. A Tabela 2.2 apresenta
comprimentos recomendados do cabo de reboque em função da potência do rebocador.
Para a realização do teste, o rebocador deve estar carregado com calado em sua linha
d’água de verão. O objetivo é que seja garantida a imersão adequada dos propulsores.
Recomenda-se que a embarcação esteja equilibrada em um calado paralelo. Se os
propulsores estiverem inclinados, a adição de um peso na popa pode ser benéfica.
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2.3.2.5 Condições ambientais
O vento e a corrente marítima podem ter grande influência nos testes de tração estática,
por isso alguns requisitos devem ser atendidos.
A velocidade do vento durante o teste não pode ultrapassar 5 m/s. Caso isso aconteça,
ou o vento seja suficiente para guinar a embarcação, o teste deve ser cancelado e
repetido posteriormente.
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2.3.2.6 Realização do teste
Atenção ao cabo de reboque é fundamental. É importante que se garanta que o cabo não
toque o cais entre o dinamômetro e o rebocador. Esse contato vai gerar fricção e isso
pode reduzir a leitura da tração no dinamômetro. Caso esse contato com o cais seja
inevitável, deve-se utilizar uma roldana entre o cabo e o cais. Por falar em dinamômetro,
é importante também que sua precisão de medição esteja abaixo dos 2%.
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3 Docagens
Após certo tempo de operação, é necessário que a embarcação seja vistoriada parcial ou
completamente. Quando isso se faz necessário, a embarcação deve ser retirada da água
para que se possa inspecionar casco e apêndices submersos. Durante esse período em
que a embarcação está fora de serviço, o armador aproveita para realizar uma bateria de
testes e de atividades de manutenção. Esse período é chamado de docagem.
Em outras palavras, durante a docagem não são feitas apenas reparos nas partes
submersas da embarcação. Aproveita-se esse período para fazer manutenção de
equipamentos, maquinário, válvulas, limpeza de tanques, desentupimento de tubulações,
troca de chapas, entre diversas outras atvidades.
Deve-se lembrar que quando está docada, a embarcação não gera receita. Ou seja, o
armador está tendo prejuízo durante esse período de off hire. Assim, não é porque é
mais fácil realizar as atividades de reparo em terra que se deve deixar para fazer tudo em
terra. O tempo de docagem deve ser o mínimo possível, para que a embarcação volte a
operar e gerar receita. Pensando desta forma, toda manutenção que não envolva obras
vivas e que pode ser feita com a embarcação flutuando e operando assim deve ser feita.
Além disso, o armador não paga ao estaleiro apenas uma quantia por atividade de
manutenção realizada na embarcação. Os custos de diárias da carreira ou do dique
também são cobrados independentemente de se estar ou não realizando uma atividade.
Esse fator é um adicional para se preocupar com a duração da docagem.
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da classificadora ou autoridade marítima. Essa renovação dos certificados exige a
parada da embarcação para inspeção e, em alguns casos, a docagem é obrigatória.
Outro fato importante de ser mencioado é que nem todas as atividades de manutenção
realizadas durante as docagens são para atendimento de itens de vistorias estatutárias.
Alguns equipamentos e máquinas a bordo, como motores de combustão auxiliares e
principais e guinchos, têm seus ciclos de manutenção específicos e recomendados pelos
fabricantes. Portanto, apesar de não serem itens envolvidos especificamente nas
vistorias das autoridades marítimas, sua manutenção deve ser feita para garantir o
correto funcionamento da embarcação.
Porém, como os rebocadores da empresa estudada neste trabalho estão fora de classe,
por apresentarem uma arqueação bruta inferior a 500, as vistorias de classe não se
aplicam a eles. Nesse caso, as vistorias realizadas são responsabilidade da Diretoria de
Portos e Costas (DPC) e da Certificadora creditada pela DPC. No caso estudado, a
Certificadora dos rebocadore é a ABS (American Bureau of Shipping).
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É por meio das Normas da Autoridade Marítima, as NORMAMs, que a DPC explicita os
itens abordados em cada uma das vistorias. Para o estudo desenvolvido neste trabalho,
como se tratam de embarcações não SOLAS, será usado como base o Anexo 10-B da
NORMAM 01 que aborda o escopo de cada uma das vistorias a serem realizadas nas
embarcações.
A seguir, serão abordados com mais detalhes os escopos das vistorias programadas.
Não serão citados aqui todos os itens abordados pela norma. Itens muito específicos,
itens que dizem respeito a um equipamento não primordial ou detalhes a respeito de
documentos não serão tratados. Em resumo, serão abordados apenas aqueles itens da
norma que foram considerados mais importantes para o desenvolvimento do presente
trabalho.
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Verificar arranjo e dimensões da embarcação e material utilizados no casco;
Verificação do estado das descargas, caixas de mar e qualquer abertura do casco
abaixo do convés principal. Teste de válvulas desses itens podem ser exigidos;
Verificar se os acessos aos seguintes itens estão livres:
Equipamentos de salvatagem e combate a incêndio;
Elementos de amarração e fundeio;
Portas de acesso para tripulação;
Tomadas de incêndio, embornais, suspiros, entre outros.
Realizar inspeção de hélices em relação à existência de mossas e trincas;
Devido a esse escopo não muito extenso de vistoria é que não se exige docagem da
embarcação para a sua realização no primeiro ciclo de renovação. Mas, para isso, é
necessário provar que o plano de pintura e anodos foram dimensionados para durar por
cinco anos. A primeira vistoria intermediária pode ser feita com embarcação flutuando,
não é necessário tirá-la de operação. Já nas demais intermediáriais, a docagem é
obrigatória.
A vistoria de renovação exige a inspeção dos mesmos itens realizados na vistoria inicial,
que é aquela que é feita quando a embarcação acabou de ser construída. Ou seja, como
já alertado anteriormente, é a vistoria mais minuciosa e abrangente e ocorre em ciclos de
5 anos.
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Verificação de artefatos pirotécnicos;
Verificação de ração de abandono;
Verificação da presença de um sistema de comunicação interior de emergência;
Verificação de sistema de alarme geral de emergência;
Verificação de sinais sonoros e luminosos;
Verificação de estrutura de primeiros socorros;
Verificação de proteção e combate a incêndio (extintores, mangueiras e butijões
de gás, bombas de incêndio, redes, tomadas e estações de incêndio, etc);
Verificar se os equipamentos de rádio comunicação da embarcação estão de
acordo com as regras.
Neste item, a NORMAM especifica pontos que devem ser inspecionados em relação ao
casco da embarcação. Por casco, entende-se toda a estrutura da embarcação (casco,
conveses, anteparas, reforços, etc), os apêndices do casco, como é o caso dos
propulsores, e também toda a parte de outfitting.
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Verificar marcações de casco (nome da embarcação, escala de calado,
disco de plimsoll, etc);
Realizar inspeção de hélices em relação à existência de mossas e trincas;
Inspecionar caixas de mar;
Verificar os embornais, admissões, descargas, vigias, escotilhas e alboios
em relação à estanqueidade;
Verificar bordas falsas e a existência de saídas de água;
Como pode ser visto, o nível de exigência da vistoria em relação ao setor de máquinas é
bem restrito. O que leva o armador a realizar uma grande variedade de atividades de
manutenção nesses equipamentos não é a autoridade marítima, mas sim o fabricante de
cada um deles. Cada máquina deve seguir um ciclo de manutenção (preventiva, preditiva
ou corretiva) recomendada pelo fabricante, a fim de que operem de forma correta e
tenham uma vida útil extensa.
Mais adiante neste trabalho poderá ser visto que existe uma grande quantidade de
atividades nas docagens envolvendo o setor de máquinas. É importante, então, que se
tenha em mente que a maioria delas é recomendada ou exigida pelo fabricante e não
pela autoridade marítima.
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3.1.3.3 Verificações do setor elétrico
As verificações exigidas pela NORMAM no setor elétrico também são poucas e têm um
caráter abrangente e, de certa forma, genérico. Os 5 itens exigidos no texto original da
norma não são dotados de uma especificidade muito grande. Novamente, os mais
importantes para o entendimento do trabalho estão listados a seguir.
Nem todo reparo é programado de acordo com vistorias obrigatórias. Algumas situações
imprevistas e sinistros podem ocorrer, ainda mais quando a embarcação, como o
rebocador, opera em águas razas e em contato direto com embarcações maiores.
Acidentes e avarias podem acontecer e não são raros.
Não só avarias são situações imprevistas. Algum mau funcionamento ou total falha de
um sistema embarcado podem exigir reparos que não haviam sido programados.
Quando isso acontece, dependendo da gravidade da problema, do grau de importância
do sistema ou de quanto o sistema afeta a segurança da embarcação, uma docagem
emergencial pode se fazer necessária.
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Figura 3.1 - Caso de avaria em rebocador com extensivo alagamento após choque com navio
Existem alguns meios de se docar uma embarcação. Neste trabalho não serão
abordados todos os meios de docagem, apenas os três mais comuns: carreira, dique
seco e dique flutuante. Como informação, é preciso dizer que, entre os três, os mais
utilizados para docagens de rebocadores são a carreira e o dique seco. Não é tão
comum docar um rebocador em dique flutuante.
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Mais informações sobre cada um desses meios de docagem serão abordadas nas
seções a seguir.
3.3.1 Carreira
A carreira é o meio mais comum e mais barato de se docar uma embarcação de pequeno
porte como um rebocador portuário. A estrutura de carreira é encontrada em vários
estaleiros de menores investimentos e dimensões.
A carreira nada mais é do que uma espécie de rampa pela qual a embarcação é puxada
e mantida estática. Para essa operação de posicionamento do navio na carreira, é
necessário um guincho que irá puxar a embarcação. Como a embarcação será
“arrastada” encosta acima, um fator que deve ser bem analisado na hora da docagem e
do lançamento é a maré. A maré baixa pode impossibilitar a operação caso a rampa da
carreira não se estenda bem além do nível da superfície d’água. O esquema da Figura
3.2 representa bem o processo e posicionamento do rebocador na carreira.
34
Figura 3.3 - Rebocador sendo docado em carreira
O dique seco representa uma maneira mais avançada de docar uma embarcação. O
dique nada mais é do que uma estrutura civil em forma de bacia posicionada na margem
abaixo da linha d’água. Uma das razões que torna o dique uma estrutura bem mais cara
do que a carreira é o dimensionamento e a construção da estrutura de seu piso que deve
aguentar a carga imposta pelo peso dos navios.
Para que a embarcação possa adentrar ao dique, este deve ser alagado até que o nível
de água em seu interior se equipare ao do ambiente externo a ele. Esse processo é feito
através da abertura de válvulas presentes na porta batel que permitem a entrada d’água
(Figura 3.4).
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Figura 3.4 - Alagamento do dique
A porta batel é uma estrutura flutuante responsável por isolar o dique do ambiente
aquático externo. Posicionada na interface entre o interior do dique e a água, a porta
pode ser removida para permitir a entrada da embarcação. Para essa operação, a porta
batel conta com um sistema de lastro. Uma vez que o dique esteja cheio, lastro é retirado
da porta a fim de que ela possa flutuar e ser rebocada (Figura 3.5), permitindo, assim, a
entrada do rebocador no dique.
Uma vez que a embarcação flutuando é rebocada ou puxada pra dentro do dique cheio,
a porta batel é reposicionada na entrada do dique e lastrada. O objetivo agora é que ela
vede o dique e impeça que mais água volte a entrar enquanto ele estiver sendo
esvaziado. Um conjunto de bombas, então, começa a ser acionado para expelir a água
de dentro do dique. Durante o processo de retirada de água do interior do local de
docagem, o rebocador começa a descer em direção aos picadeiros.
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Novamente, assim como na carreira, o correto posicionamento dos picadeiros é de
extrema importância. No entanto, como eles se encontram submersos no dique, é
necessário o auxílio de mergulhadores para garantir o correto alinhamento da
embarcação. Essa operação com os mergulhadores ocorre até que a embarcação esteja
assentada definitivamente sobre os picadeiros como visto na Figura 3.6.
Após o dique ter sido totalmente drenado, as atividades da docagem têm seu início. Uma
das maiores vantagens do dique em relação à carreira é a possibilidade de trabalhar em
um terreno plano sem obstáculos, como é o caso da estrutura da carreira no solo.
O dique flutuante segue um raciocínio muito parecido com o dique seco. A grande
diferença é que não é a água que é bombeada para fora da estrutura, mas sim a
estrutura inteira que é deslastrada, elevando-se em relação à superfície d’água. Isso se
dá, pois o dique flutuante, como o próprio nome diz, não é uma estrutura civil fixa, mas
sim uma extrutura naval flutuante.
37
Da mesma forma que no dique seco, a embarcação adentra o dique flutuando. Para que
isso seja possível, porém, o dique tem seus tanques de lastro enchidos e começa a
aumentar o seu calado, possibilitando a entrada do rebocador (Figura 3.7).
Uma vez posicionada a embarcação em seu interior, o dique como um todo começa a
deslastrar e reduzir a distância entre o fundo do rebocador e os picadeiros pré-
posicionados em seu convés. Novamente se faz uso dos mergulhadores na tarefa de
alinhamento da embarcação até o seu assentamento completo, como visto na Figura 3.8.
38
para o embarque do navio a ser docado e, depois de deslastrado, ser posicionado em um
local com calado mais baixo (Figura 3.9).
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4 Trabalho Desenvolvido
4.1 Metodologia
Após ler todos os relatos das docagens, o primeiro passo foi criar uma planilha com
todas as atividades realizadas durante as docagens, já que os arquivos dos relatórios
originais se encontravam em formato de texto (.txt ou pdf). Cada atividade foi organizada
em uma linha individual da planilha.
Tempo de
Ano de Potência Bollard Data da Infraestrutura de
Embarcação Tipo de propulsão Estaleiro docagem Motivo da docagem
Construção instalada (hp) Pull (t) docagem docagem
(dias)
Rebocador 1 1998 2 Eixos, Tubulão Kort 2100 27 18/07/2012 Estaleiro 1 Dique seco 36 Intermediária
Rebocador 2 2003 Azimutal 2828 40,5 10/02/2012 Estaleiro 2 Carreira 8 Intermediária
Rebocador 3 2006 Azimutal 3500 45,1 23/02/2012 Estaleiro 3 Dique seco 12 Renovação
Rebocador 4 2002 Azimutal 2880 40,5 21/12/2013 Estaleiro 4 Carreira 10 2ª Renovação.
Rebocador 5 1999 Azimutal 4400 56,85 21/10/2013 Estaleiro 5 Carreira 29 3ª Renovação
40
A partir daí, começam as colunas cujo objetivo é identificar e caracterizar as atividades
de manutenção e reparo realizadas. Essa é parte principal de metodologia do trabalho: a
definição do que é abordado em cada um desses tópicos e como foram definidas as
formas de caracterizar cada uma das atividades de manutenção. Essa parte é composta
pelas seguintes colunas:
Grupo da atividade;
Família da atividade;
Item reparado;
Atividade realizada;
Detalhes da atividade;
Empresa responsável.
As seções a seguir abordam e explicam com mais detalhes o que são cada uma dessas
colunas e seus escopos.
Uma das características mais marcantes de uma docagem pra quem a acompanha pela
primeira vez é a quantidade de tarefas simultâneas que são realizadas ao mesmo tempo
em uma. São tarefas relacionadas ao casco, aos motores, aos tanques, à propulsão,
entre vários outros e todas podem estar acontecendo simultaneamente. Como cada um
desses grupos de atividades apresentam suas especificidades, foi decidido neste
trabalho relacionar todas as atividades ocorridas nas docagens em relação aos seguintes
grupos:
41
Casco (costado, convés e compartimentos): este grupo é relativo às demais
áreas do casco da embarcação que não são submersas. Como o nome já diz, são
o costado, o convés principal e os demais compartimentos. É importante
diferenciar fundo de costado, pois essa divisão de casco em obras vivas e mortas
se relaciona ao diferente tratamento de casco e pintura que devem ser realizadas
entre essas duas regiões. Neste grupo também se encontram atividades
relacionadas a compartimentos da embarcação que não são tanques, como
paiós.
Máquinas/Equipamentos: neste grupo estão todos os principais equipamentos e
máquinas do rebocador. O escopo do grupo vai desde equipamentos dinâmicos e
rotativos, como motores de combustão interna (principais e auxiliares), guinchos,
compressores, bombas, e outros, até os equipamentos estáticos como os
trocadores de calor. Ou seja, é um um grupo que aborda basicamente
equipamentos mecânicos. Todas as atividades de manutenção desses itens são
englobadas pelo grupo de máquinas/equipamentos. Neste grupo, foram
consideradas e listadas atividades individuais para cada uma dos equipamentos,
mesmo quando eles são espelhados nos dois bordos (BB e BE), como é o caso
dos MCPs e MCAs.
Elétrica: São todas as atividades que envolvam força e controle e exijam uma
mão de obra elétrica especializada. Painéis elétricos, luzes, refletores e diversos
outros equipamentos fazem parte deste grupo. É importante destacar que os
geradores e motores elétricos são enquadrados neste grupo e não no de
Máquinas/Equipamentos. Isso se dá pelo fato de serem equipamentos que
envolvem atividades de elétrica específicas e, portanto, uma mão de obra
específica.
Propulsão e Governo: para este grupo são considerados todos os componentes
desde a saída do eixo do motor até o hélice e leme (caso exista). São os itens
envolvidos diretamente na propulsão e governo da embarcação, exceto os
motores já inseridos no grupo de máquinas. Os itens são: eixo, caixas redutoras,
mancais de rolamento, embreagem, propulsor azimutal, hélices, tubulões leme e
máquina do leme. Embarcações com propulsão azimutal (que são a maioria dos
rebocadores analisados) não apresentam leme já que o propulsor é também
responsável pelo governo. Dessa forma, já que propulsão e governo estão
embutidos em um só sistema para a maioria das embarcações, decidiu-se reunir
42
todas as atividades em um grupo só chamado “Propulsão e Governo”. Neste
grupo, assim como no de Máquinas/Equipamentos, resolveu-se listar as
atividades individuais de capa componente, seja de BE ou BB.
Tanques: limpeza, reparo, tratamento e pintura de tanques. Essas são as
atividades mais convencionais executadas nos tanques dos rebocadores. Aqui
estão envolvidos todos os tanques da embarcação, sejam eles de óleo, água ou
pique tanques e seus componentes. O registro das atividades desse grupo se
difere do grupo de Propulsão e Máquinas. Os tanque, em geral, são simétricos na
embarcação. O que há em bombordo há também em boreste. Dessa forma, como
as limpezas de um certo tanque, por exemplo, serão efetuadas em BE e BB
sumultaneamente, resolveu-se considerar ambas como uma única atividade.
Tubulação: como os rebocadores têm um espaço interno restrito, principalmente
em sua praça de máquinas, onde se encontra a maioria da tubulação, o trabalho
com tubulações de diversos sistemas pode ser um complicador. Neste grupo são
incluídas todas as atividades de reparo, substituição, desobstrução das diversas
redes de tubulação e seus componentes.
Válvulas: por se tratar de um item muito específico e muitas vezes classificado de
tubulação ou de uma rede, escolheu-se criar um grupo individual para as válvulas.
Existem atividades que são específicas para o reparo e manutenção de válvulas,
e todas elas se enquadram nesse grupo.
Outros: este grupo é relativo às diversas pequenas atividades de reparo e
manutenção que acontecem em uma docagem de rebocador e que não se
enquadram nos demais grupos. O nome genérico “Outros” é proposital. O objetivo
dele é mostrar a grande quantidade de atividades genéricas que ocorrem durante
a docagem de uma embarcação. Esse grupo não envolve apenas atividades
relacionadas a itens obrigatórios das docagens. Várias atividades são
relacionadas à itens que tem por objetivo melhorar a vida dos tripulantes a bordo,
como melhorias em toda a casaria.
Como pôde ser observado, cada um dos grupos anteriores é muito geral e envolve uma
gama muito grande de diferentes atividades. Por esse motivo, com o intuito de enquadrá-
43
las em um subgrupo mais específico em relação ao escopo de atividade, foi criada a
classificação chamada “Família da atividade”.
Por isso, a classificação da atividade apenas em relação ao seu grupo é muito simplória
e pouco esclarecedora. É nesse momento que a classificação em “Família da atividade”
se faz necessária, pois ela classifica com mais detalhes a atividade realizada dentro de
um grupo. Porém, é importante que exista também um pouco de generalização dentro
desta classificação. Se cada diferente atividade fosse classificada individualmente dentro
de seus mínimos detalhes nesta etapa, seria impossível obter uma estatística útil, pois
não existiria quase nenhuma repetição. Imagine se a substituição de um rolamento da
linha de eixo fosse classificada como “substituição de rolamento da linha de eixo” e a
substituição de uma bucha do propulsor fosse classificada como “substituição da bucha
do propulsor”. Na hora de levantar uma estatística de atividades desenvolvidas na
docagem, existiria uma infinidade de atividades com pouquíssimas ocorrências. Cada
atividade seria quase única.
Dito isso, as principais famílias de atividades utilizadas neste trabalho são as seguintes:
44
também foi empregada em outras atividades, como medição de folga nos eixos e
lemes, ensaios não destrutivos de cordões de solda, entre outros.
Limpeza: a limpeza é uma classificação ampla. Foi utilizada neste trabalho para
referenciar as atividades que vão desde a simples lavagem do convés até a
raspagem de cracas do casco. Outra utilização bem frequente desta classificação
foi para a desobstrução de tubulações entupidas.
Pintura: essa família não exige muita explicação. Seu entendimento é direto.
Neste trabalho, notou-se que a maioria absoluta das atividades de pintura ocorre
nos cascos das embarcações, mas não só. Pintura de equipamentos, tanques e
tubulações também foram verificadas.
Reparo: se dá quando já ouve a quebra do equipamento, ou falha do item em
questão. A atividade de reparo é corretiva, com o objetivo de colocar de volta em
estado de pleno funcionamento um objeto ou sistema já com defeitos ou até
mesmo já inoperante.
Regulagem/Ajuste: esta classificação de atividade é usada quando o
equipamento ou sistema em que se está trabalhando já não opera 100% de forma
correta, mas que também não exige a execução de um reparo. Apenas uma
regulagem ou ajuste já são o suficiente para colocá-los de volta de forma correta
em operação.
Revisão/Manutenção: essa família é relacionada ao conjunto de atividades da
docagem que tem por objetivo manter o equipamento funcionando corretamente e
previnir a sua quebra. É muito relacionado à manutenção preventiva. É importante
destacar que atividades de revisão e manutenção podem também envolver a
troca de componentes de um equipamento.
Substituição: Esta família de atividades diz respeito à substituição de algum
equipamento, algum componente ou algum outro item de um sistema. Algumas
variações dela também foram utilizadas, quando há necessidade de maior clareza
na identificação da atividade realizada. São elas:
Substituição de equipamento: é usado quando um equipamento como
um todo é substituído;
Substituição de componente: é quando apenas um componente do
equipamento e não ele todo foi trocado;
45
Substituição de trecho de tubulação: é utilizado no grupo de Tubulação
para identificar de forma mais clara que se trata da substituição de um
trecho da linha ou da rede.
Tratamento abrasivo: Esta família de atividades é utilizada quase que
especificamente para os grupos de atividades do Casco. O Tratamento abrasivo
do casco se dá após a limpeza e raspagem de cracas, a fim de preparar a
superfície para receber a pintura.
Abertura de caixa de mar: Essa atividade se dá apenas no grupo de atividades
do Casco (fundo). As caixas de mar são a ligação entre o casco do navio e o meio
externo. É através delas que água salgada pode ser bombeada para dentro da
embarcação e, assim, ser usada para diversas utilidades como lastro e até
mesmo resfriamento de equipamento. A abertura de caixas de mar engloba a
limpeza, jateamento, pintura e troca dos anodos dessa região.
O nome deste item é auto-explicativo. Nesta etapa, o objetivo é destacar o item que
sofreu a atividade de reparo ou manutenção. Cada um dos Grupos possui um conjunto
característico de equipamentos, itens ou áreas da embarcação que sofreram reparos. A
seguir encontra-se uma lista com o detalhamento desses itens por grupo de atividade.
46
Válvulas: válvulas de costado e fundo, válvulas de tanques, vávulas das redes de
água, disel e esgoto, válvulas de redes de alimentação de equipamentos, válvulas
das garrafas de ar de partida.
Outros: o grupo “Outros” envolve uma quantidade enorme de diversos itens
genéricos. O objetivo aqui é que nenhum item que se enquadre nas demais
classificações seja contado aqui.
Essas duas colunas de classificação das atividades não têm função direta na análise
estatística do trabalho. Como elas abordam as atividades em detalhes, não são utilizadas
para a geração de dados estatísticos.
A coluna tem o objetivo, portanto, de facilitar a identificação por parte do armador de qual
empresa realizou qual serviço em qual embarcação. Dessa forma, assim como nas
colunas de “Atividade realizada” e “Detalhes da Atividade”, é importante que as
informações e suas especificidades não sejam deixadas de lado.
47
O objetivo dessa etapa é registrar os dados para uma possível expansão desse projeto,
sugerida mais adiante como trabalho futuro. Nessa expansão, a ideia é transformar a
planilha em um padrão de relatório que gere automaticamente as estatísticas.
Tabela 4.2 - Exemplo de classificação e hierarquização proposta para as atividades ocorridas durante
as docagens
Atividade Empresa
Grupo da Atividade Família Item reparado Detalhes
realizada responsável
Tratamento abrasivo com hidrojato em
Tratamento Jateamento e 100% do casco com pressão de 25.000 PSI
Casco (fundo) Casco X
Abrasivo brush off e tratamento brush off em 30%
(tratamento wj2)
48
5 Resultados
Total de atividades
250 230
214
Número de atividades
100
62 58
50
Pode-se notar logo que o grupo de Propulsão e Governo, com 230 ocorrências, é o que
mais necessita de atividades. Isso não é de se estranhar, já que a propulsão é um
sistema essencial e muito particular em um rebocador.
49
com mais atividades. Se somados e transformados em apenas um grupo do casco, esse
seria o que apresentou mais atividades, com um total de 400.
50
Gráfico 5.2 - Atividades segundo divisão da NORMAM
800
700
600
500
400
300
178
200 128
100
0
Casco Máquinas Elétrica
Grupos das atividades
Ao longo das próximas seções deste trabalho, cada um dos grupos terá seu resultado
abordado e discutido.
Como já foi dito na explicação da metodologia de divisão das atividades, escolheu-se unir
propulsão e governo em apenas um grupo, já que os rebocadores azimutais concentram
em si as atividades de propelir e manobrar o rebocador. Além disso, colocar no grupo de
governo apenas as embarcações com propulsão convencional e leme não faria sentido,
já que este grupo de atividades seria usado apenas para algumas embarcações e não
representaria a totalidade das docagens. O resultado com o percentual das atividades
realizades neste grupo está apresentado no Gráfico 5.3.
51
Gráfico 5.3 - Famílias de atividades realizadas no grupo de Propulsão e Governo
38,7%
40,0%
30,0%
20,0%
10,0% 7,0% 6,1%
2,2% 1,7% 1,3% 0,4%
0,0%
Família de atividades
No gráfico Gráfico 5.4, a seguir, essa informação pode ser vista em mais detalhes. Nele
são mostrados quais itens do grupo de Propulsão e Governo sofrem mais atividades de
manutenção e reparo em uma docagem. Como dito, toda a parte de propulsão anexa ao
casco é a que sofre mais danos e, consequentemente, exige mais reparo.
52
Gráfico 5.4 - Itens que mais sofrem atividades de manutenção e reparo no Grupo Propulsão e
Governo
38,7%
40,0%
30,0%
17,8%
20,0% 13,9%
10,9% 10,0%
10,0% 3,5% 1,7% 1,3% 0,9% 0,9% 0,4%
0,0%
Itens de propulsão
Mais dados que confirmam a quantidade de danos sofridos pelos propulsores, pelos
tubulões e pelos hélices podem ser vistos quando se relaciona as Famílias de atividades
mais recorrentes em cada um destes componentes da propulsão. Esta análise será feita
invividualmente para cada um desses itens nas três próximas seções.
5.1.1 Propulsores
53
Gráfico 5.5 - Atividades de manutenção e reparo mais recorrentes nos propulsores
60,0%
50,0%
40,0%
30,0% 21,3%
20,0% 11,2%
10,0% 2,2% 2,2% 1,1% 1,1% 1,1%
0,0%
Famílias de atividades
54
5.1.2 Tubulões
O Gráfico 5.6 apresenta os resultados obtidos a partir da análise das atividades mais
frequentemente desenvolvidas nos tubulões.
70,0%
60,0%
50,0%
40,0%
30,0% 19,5%
20,0%
10,0% 4,9% 2,4%
0,0%
Reparo Substituição de Inspeção/Teste Regulagem/Ajuste
componente
Famílias de atividades
Os tubulões têm quase a maioria absoluta das intervenções neles realizadas como sendo
atividades de reparo. O mais comum desses reparos são a substituição de chapas de
seu interior e a correção de trincas. Mesmo quando a avaria na chapa não é causada
diretamente por um impacto no tubulão, é comum que ela se desprenda devido a
vibrações causadas por desalinhamentos decorrentes deste impacto. Na Figura 5.2 é
possível ver um dano típico no tubulão devido à impactos e vibrações.
55
5.1.3 Hélices
O Gráfico 5.7 apresenta os resultados obtidos a partir da análise das atividades mais
frequentemente desenvolvidas nos hélices.
80,0%
60,0%
40,0%
20,0%
3,1% 3,1%
0,0%
Reparo Limpeza Regulagem/Ajuste
Famílias de atividades
Os hélices tem quase 100% das atividades relacionadas ao reparo. Isso porque é um dos
componentes mais expostos e suscetíveis a colisões. Quando há impacto no hélice por
algum corpo estranho, os danos podem ser grandes. Inclusive é possível que os detritos
(como um pneu) fiquem agarrados entre o tubulão e o hélice e cheguem a travar a
propulsão da embarcação, podendo levar a um dano muito mais grave e extenso. Na
Figura 5.3 é possível ver danos nas pás dos hélices causados por impactos com detritos.
56
5.2 Casco (costado, conveses e compartimentos)
Pela NORMAM, atividades no casco são todas aquelas relacionadas ao casco metálico
da embarcação em si, toda sua estrutura, tanques, compartimentos e itens e
componentes de outfitting (tubulação, por exemplo). No entanto, como já foi dito
anteriorente, resolveu-se aqui adotar uma abordagem um pouco mais detalhada e
específica. Portanto, tubulações e tanques ganharam análises individuais e o casco em si
foi dividido em dois grupos: Casco (fundo) – que aborda basicamente a parte externa e
submersa do casco – e Casco (costado, conveses e compartimentos).
No Gráfico 5.8 abaixo é possível observar quais famílias de atividades são mais
recorrentes neste grupo.
Gráfico 5.8 - Atividades mais realizadas no Grupo Casco (costado, convés e compartimentos)
19,6%
20,0% 16,4%
8,4%
10,0% 6,5%
0,0%
Famílias de atividades
57
cabeços e escovém. As atividades de reparo englobam também esses itens, mas
envolvem também a estrutura metálica do casco. Reparos de trincas, mossas e até furos
no chapeamento são atividades frequentes. Um exemplo de furo causado por corrosão
na chapa do casco pode ser visto na Figura 5.4.
58
No gráfico de percentual de atividades realizadas por itens ou regiões pertencentes a
esse grupo (Gráfico 5.9), pode-se ter uma melhor ideia de onde as atividades são
concentradas. É necessário explicar porque algumas vezes o costado e a borda falsa e o
costado e o convés aparecem juntos num mesmo item. Algumas atividades são feitas
nas docagens envolvendo duas regiões ao mesmo tempo, mas como são a mesma
atividade contínua, são computadas apenas como uma única atividade. Esse foi o padrão
encontrado nos relatórios analisados e decidiu-se mantê-lo assim por se tratar de um
estudo de caso.
18,8%
20,0%
14,1%
9,9% 8,9%
10,0% 7,9%
4,7% 4,2%
1,6% 1,0% 0,5% 0,5%
0,0%
Itens
59
durabilidade da pintura de cada região do casco são distintas devido ao contato direto
com diferentes ambientes externos (submerso e fora d’água).
Atividades no costado
40,0%
Percentual de atividades
32,1%
28,3%
30,0%
0,0%
Tratamento Pintura Reparo Inspeção/Teste Limpeza
abrasivo
Famílias de atividades
As atividades mais recorrentes têm quase o mesmo percentual de ocorrência. São elas:
tratamento abrasivo, abertura de caixas de mar, substituição de componentes e pintura,
como visto no Gráfico 5.11.
60
Gráfico 5.11 - Atividades mais recorrentes no Casco (fundo)
0,0%
Famílias de atividades
Essa similaridade nos valores não é ao acaso. Ela tem uma explicação. Essas quatro
atividades fazem parte de um procedimento padrão que ocorre em todas as docagens. O
esquema de pintura de uma embarcação é calculado para oferecer proteção ao casco e
possibilitar um baixo nível de inscrustações em sua superfície por um período relativo ao
intervalo entre docagens. Dessa forma, sempre que se doca, é necessário realizar a
pintura. No entanto, para realizar a pintura, é necessário realizar uma limpeza que não só
remova as cracas, mas também prepare a superfície para o recebimento do novo
composto químico. Esse procedimento é o tratamento abrasivo. Portanto, em geral, a
pintura é sempre antecedida pelo tratamento (Figura 5.6).
61
Após a pintura, para garantir a proteção do casco à corrosão da melhor maneira, são
substituídos os anodos de sacrifício presentes ao longo do casco. São os anodos os
itens responsáveis pela ocorrência frequente da atividade de “Substituição de
componente” no casco. Além dessas atividades, sempre que se doca os rebocadores é
necessário realizar a abertura da caixa de mar. Esse item é exigido pela autoridade
marítima em suas inspeções. A abertura das caixas inclui a limpeza, inspeção, pintura e
substituição de anodos (Figura 5.7).
No Gráfico 5.12, abaixo, é possível ver o percentual que cada um dos itens citados ocupa
do total de todas as atividades realizadas no fundo do rebocador. Por terem basicamente
apenas uma atividade relacionadas a eles, caixas de mar (abertura de caixas de mar) e
anodos (substituição de anodos) apresentam menos ocorrências do que o casco em si.
58,7%
60,0%
40,0% 22,3% 19,0%
20,0%
0,0%
Casco Caixa de mar Anodos
Itens
62
5.4 Tanques
Como pode ser visto no Gráfico 5.13, a atividade mais comum desenvolvida nos tanques
deste tipo de embarcação é a limpeza, seguida pela pintura, reparo e substituição de
componentes.
50,0%
40,0%
30,0% 23,4%
20,0% 16,3%
7,6% 4,3%
10,0% 0,5%
0,0%
Famílias de atividades
63
Gráfico 5.14 - Tanques que mais sofrem intervenções
Tanques
40,0% 37,7%
Percentual de atividades
35,0%
30,0% 27,9%
25,0%
20,0%
15,0% 12,0% 12,0%
9,8%
10,0%
5,0% 0,5%
0,0%
Tanque de Tanque de Pique Suspiros Tanque de Tanque de
água diesel tanque lastro espuma e
borra
Itens
Já no caso do diesel, o maior objetivo não tem relação direta com a corrosão, já que ela
é menos frequente nos tanques deste fluido. A remoção da borra de óleo do fundo é mais
importante para evitar ou diminuir a contaminação do combustível. A pintura não é tão
frequente nos tanques de óleo já que o diesel, devido à baixa corrosão sofrida.
O Gráfico 5.15 apresenta uma comparação das atividades realizadas nos tanques de
diesel e água, para mostrar a diferença de abordagem entre eles e provar que a pintura é
muito mais necessária e recorrente nos tanques de água.
64
Gráfico 5.15 - Comparação entre as recorrências das atividades nos tanques de diesel e de água
80,0%
70,0%
60,0% 49,3%
50,0% 39,1%
40,0%
30,0%
20,0% 11,8%
5,8% 5,9% 5,8% 3,9% 2,0% 0,0%
10,0%
0,0% Tanque de diesel
Tanque de água
Famílias de atividades
Vale destacar que os serviços nos tanques de rebocadores portuários podem ser de
difícil execução, devido às pequenas dimensões que podem apresentar. Mesmo os
serviços mais simples e mais recorrentes, como a limpeza, podem ter seu
acompanhamento e inspeção prejudicados pela dificuldade de acesso (Figura 5.8).
65
5.5 Máquinas/Equipamentos
Atividades de Máquinas/Equipamentos
50,0%
Percentual de atividades
38,2%
40,0%
28,7%
30,0%
20,0%
12,4% 11,2%
10,0%
3,9% 2,2% 1,7% 1,7%
0,0%
Famílias de atividades
Em segundo lugar, está a substituição de componentes. Neste caso, dado o perfil das
atividades, se entende que é muito mais uma troca decorrente das revisões feitas nos
equipamentos e que apontam um desgaste natural dos componentes. Assim, os
componentes, em geral, são substituídos não por terem falhado, mas sim por estarem no
final da vida útil.
66
Essas atividades de revisão e manutenção dos equipamentos estão muito mais ligadas a
uma recomendação dos fabricantes.
Outro fato que indica o perfil mais preventivo da manutenção dos equipamentos é o fato
de as atividades de “Limpeza” serem mais recorrentes do que as de “Reparo”. Além
disso, apenas em pouco mais de 3% das atividades foi necessária a substituição de um
equipamento inteiro.
Itens de Máquinas/Equipamentos
Purificador 0,6%
Máquina do leme 0,6%
Cabrestante 0,6%
Pau de carga 1,1%
Molinete de proa 1,1%
Guincho de popa 1,7%
Itens
Bomba 5,2%
Trocadores de calor 6,3%
Ventiladores 8,0%
Guincho de proa 8,6%
MCA 20,7%
MCP 45,4%
67
ventiladores que em geral estão relacionados à ventilação da praça de máquinas e os
trocadores de calor envolvidos diretamente no desempenho dos motores. A Figura 5.9
ilustra uma manutenção feita no MCP do rebocador.
A fim de dar uma visão mais específica sobre as atividades mais comuns no histórico dos
MCPs e MCAs, o Gráfico 5.18 se faz útil. É possível notar que os motores seguem o
padrão geral de manutenção de todos os equipamentos, sendo a revisão e manutenção
preventiva os mais comuns. O que chama a atenção é que os MCAs têm,
proporcionalmente, uma frequência maior de revisões sendo realizadas do que os MCPs.
68
Gráfico 5.18 - Atividades mais frequentes nos MCPs e MCAs
2,8%
Substituição de equipamento
0,0%
Inspeção/Teste 0,0%
2,5%
Famílias de atividades
0,0%
Regulagem/Ajuste
3,8%
8,3%
Reparo
10,1% MCA
5,6% MCP
Limpeza
16,5%
27,8%
Substituição de componente
31,6%
Revisão/Manutenção 55,6%
35,4%
5.6 Elétrica
69
Gráfico 5.19 - Itens que mais sofrem intervenções no grupo de Elétrica
Itens de elétrica
Gerador 39,8%
Luminária 13,3%
Sistema de comunicação 9,4%
Refletores 4,7%
Motores elétricos 3,9%
Alarme 3,9%
Luzes de Navegação 3,1%
Sonda 2,3%
Quadros elétricos 2,3%
Sistema de alarme 1,6%
Disjuntor 1,6%
Bússola 1,6%
Baterias 1,6%
Itens
Ar-Condicionado 1,6%
Sistema elétrico geral 0,8%
Sensor 0,8%
Reator 0,8%
Radar 0,8%
Quadros de comando 0,8%
Painel de comando 0,8%
MCA 0,8%
GPS 0,8%
Exaustor 0,8%
Console de controle 0,8%
Chave de luz 0,8%
Agulha Magnética 0,8%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0%
Percentual de atividades
70
Figura 5.10 - Conjunto gerador (MCA e gerador)
Assim, como os geradores são os itens mais envolvidos, as estatísticas globais do Grupo
de atividades de Elétrica seguiram a sua influência, com quase 60% das atividades
realizadas sendo de Revisão/Manutenção. Mais informações no Gráfico 5.20.
Atividades em elétrica
70,0%
57,8%
Percentual de atividades
60,0%
50,0%
40,0%
30,0%
20,0% 14,8% 14,8% 11,7%
10,0% 0,8%
0,0%
Família de atividades
71
5.7 Válvulas
O trabalho com válvulas foi tratado de forma separada à tubulação, por apresentar
atividades específicas para a inspeção, manutenção e reparo. Além disso, o tipo de
válvula mais frequentemente visitado em uma docagem são as válvulas de costado e
fundo do rebocador, como visto no Gráfico 5.21. Essas válvulas estão na interface entre
a embarcação e o meio externo e, portanto, “soaria” estranho trata-las como “Tubulação”.
Válvulas
Válvulas de costado e fundo 53,2%
Válvula da caixa de mar 11,3%
Válvulas de tanques 6,5%
Válvula de esgoto 6,5%
Válvulas de suspiros 4,8%
Válvulas de ar comprimido 4,8%
Itens
72
Gráfico 5.22 - Atividades mais frequentes em Válvulas
60,0%
50,0%
40,0%
30,0%
18,2%
20,0% 12,1%
10,0%
0,0%
Reparo Revisão/Manutenção Limpeza
Famílias de atividades
5.8 Tubulação
As atividades mais frequentes desenvolvidas nas tubulações podem ser vistas a seguir,
no Gráfico 5.23.
73
Gráfico 5.23 - Atividades desenvolvidas nas tubulações
Atividades de Tubulação
40,0% 36,2%
Percentual de atividades
31,0%
30,0%
20,0% 15,5%
12,1%
10,0% 5,2%
0,0%
Substituição de Limpeza Reparo Substituição de Regulagem/Ajuste
trecho de componente
tubulação
Famílias de atividades
Gráfico 5.24 - Tubulações que apresentam maior número de atividades de reparo e manutenção
Tubulações
Rede de descarga/exaustão de equipamentos 20,7%
Rede de resfriamento de equipamentos 19,0%
Rede de alimentação de água de equipamentos 12,1%
Rede de diesel 10,3%
Rede de água salgada 8,6%
Itens
74
5.9 Outros
Elas demonstram a quantidade de outras pequenas atividades que tomam tempo dos
responsáveis pelas docagens e se traduzem em custos para o armador. Em geral, são
atividades relacionadas a reparos ou melhorias no casario. Ou seja, são obras nas partes
de convivência da embarcação e nos camarotes dos tripulantes. Itens relacionados à
alvenaria, mobília e outros são os mais comuns neste grupo.
Por serem atividades mais genéricas, muitos itens são envolvidos neste grupo, como
pode ser visto no Gráfico 5.25 a seguir.
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Gráfico 5.25 - Itens reparados no grupo "Outros"
O estudo realizado nessa seção tem por objetivo comparar os três tipos de docagem aqui
analisadas (intermediária, renovação e emergencial) em relação ao percentual de
atividades desenvolvida em cada grupo proposto nesta metodologia.
76
Para isso, foram postos lado a lado os percentuais de atividades de cada grupo
desempenhados em cada uma das docagens. A ideia é poder achar um padrão de
comportamento e exigência de cada docagem. O Gráfico 5.26 se encontra abaixo.
60,0%
50,0%
40,0%
30,0%
20,0%
10,0% Intermediária
0,0% Renovação
Emergencial
Grupos de atividades
No entanto, a informação mais relevante vinda desse gráfico é o domínio das atividades
de Propulsão e Governo nas docagens emergenciais. Esse dado indica que, na maioria
absoluta das vezes que há uma docagem emergencial, ela ocorre devido a algum dano
relacionado à propulsão.
77
Como já foi analisado, as partes dos sistemas de propulsão e de governo anexas ao
casco realmente são mais suscetíveis a impactos e danos. Eles, inclusive, são
frequentes devido ao local de operação dos rebocadores. Mas, o que se pode ver aqui é
que não é raro que esses danos tomem extensões maiores e obriguem a embarcação a
parar sua operação para realizar uma docagem emergencial.
78
Gráfico 5.27 - Percentual de atividades de cada grupo relacionados com a idade dos rebocadores
35 a 40
30 a 35
25 a 30
Faixa de idade da embarcação
20 a 25 Atividades de Outros
Atividades de Elétrica
Atividades de Tubulação
15 a 20 Atividades de Casco
Atividades de Válvulas
Atividades de Tanques
10 a 15 Atividades de Propulsão
Atividades de Máquinas
5 a 10
0a5
Apesar de ser esperado encontrar um padrão, isso não aconteceu. Por padrão, se
entende um crescimento claro do número de atividades de um grupo com o
envelhecimento da embarcação. Os percentuais das atividades dos diversos grupos
parecem manter uma média ou variar para mais ou menos em diversas idades, fazendo
com que nenhuma conclusão seja possível.
O único grupo que parece ter seu número de atividades crescente ao longo do tempo é o
grupo “Outros”, relativo às atividades de reparo e manutenção que não tem a ver
diretamente com nenhum sistema ou equipamento primordial da embarcação. Do
79
intervalo de 0 a 5 anos até o intervalo de 30 a 35, este grupo apresenta uma tendência
clara de crescimento. Isso faz sentido, já que a embarcação mais velha precisará de
grandes ajustes nos itens e mobílias da Casaria, por exemplo. E esses são itens que
povoam de forma considerável o grupo “Outros”.
80
intermediárias e de renovação duram, em média, quase o mesmo tempo. Inclusive as
intermediárias, com duração média de 19 dias, são um dia mais demoradas do que as de
renovação que duram 18.
As docagens emergenciais, por outro lado, foram as mais curtas, como já era esperado.
O foco em um número menor de atividades de reparo e manutenção as torna docagens
mais ágeis. Na média, as docagens emergenciais da empresa estudada duram 8 dias.
Docagem Número de Docagens Dias totais docados Média de dias por docagem
Todas 43 699 16
Intermediária 15 284 19
Renovação 20 352 18
Emergencial 8 63 8
No início do trabalho, um dos objetivos era poder analisar quais atividades causavam
mais atrasos e impactavam diretamente no tempo de docagem. No entanto, pela análise
dos relatórios, ficou claro que não é uma política usual da empresa registrar os atrasos e
seus motivos. Dos quarenta e quatro relatórios analisados, apenas oito tem referência a
um atraso na docagem. No entanto, eles não se dão especificamente por atividade, mas
sim de uma maneira geral falando sobre o atraso da docagem como um todo.
Além de serem poucos dados sobre os atrasos, o que já é impeditivo para fazer uma
estatística significativa e confiável, a maioria das explicações dos atrasos responsabiliza
o mau tempo ou a baixa maré pelo não cumprimento do prazo. Isso impossibilita um
estudo mais aprofundado do tema.
Nesta seção, será abordado um tema que não tem por objetivo dar uma visão geral das
docagens em si. O objetivo aqui é acompanhar as atividades realizadas nas docagens de
cada embarcação.
81
Uma das possibilidades desta metodologia de classificação do histórico de docagens é
poder analisar individualmente o histórico de cada rebocador. A ideia aqui é comparar
cada embarcação com a média de todas as embarcações e poder ver se há informações
relevantes que podem ser obtidas a partir daí.
Como dito, essa ferramenta foge um pouco da proposta inicial do trabalho, mas o
objetivo aqui é mostrar o que pode ser feito em um futuro trabalho com uma continuação
e expansão deste projeto. A planilha gerada pode ser adaptada para se tornar um padrão
de relatório de docagens. Dessa forma, seria possível extrair diretamente as estatísticas
de cada docagem. Além disso, é possível utilizar os dados gerais para comparar o
histórico de cada embarcação.
Estes gráficos, apesar de simples, podem se tornar indicadores muito relevantes para a
melhora do entendimento da docagem de cada rebocador individualmente. Com eles, é
possível ver claramente qual grupo ou quais grupos de atividades estão apresentando
mais problemas para cada embarcação. Assim, uma luz de alerta deve ser acesa e mais
informações devem ser buscadas a fim de entender as causas de tal comportamento
extraordinário. Isso pode levar à percepção de um problema de forma mais rápida e,
consequentemente, aumentar também a agilidade na resolução do mesmo.
Exemplos dessa comparação são vistos no Gráfico 5.28, Gráfico 5.29 e Gráfico 5.30.
Neles, os gráficos em barra são referentes aos dados individuais daquela embarcação e
a linha com os pontos são os dados médios de todas as embarcações da empresa.
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Gráfico 5.28 - Histórico de docagem do Rebocador 1
Rebocador 1
25,0%
Grupos de atividades
Rebocador 2
40,0%
Percentual de atividades
35,0%
30,0%
25,0%
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
Grupos de atividades
83
Gráfico 5.30 - Histórico de docagem do Rebocador 3
25,0%
Rebocador 3
Percentual de atividades
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
Grupos de atividades
O Rebocador 1 segue um padrão bem parecido com a média das demais embarcações.
Nenhum grupo de atividade tem muito mais ou muito menos ocorrências do que o
comportamento médio. Já os Rebocadores 2 e 3 apresentam claros desvios do padrão.
O Rebocador 2 visivelmente apresenta mais problemas relacionados a Propulsão e
Governo, enquanto o 3 apresenta mais intervenções na parte Elétrica.
84
6 Modelo de relatório proposto
85
É sugerido, para maior clareza na organização e acompanhamento das informações que
cada aba subsequente da planilha seja relacionada a um grupo de atividades proposto
neste trabalho. São eles: Propulsão e Governo, Casco (costado, convés e
compartimentos), Casco (fundo), Máquinas/Equipamentos, Elétrica, Válvulas, Tubulação
e Outros. No interior de cada uma dessas abas, as colunas identificando a atividade
realizada, a Família de atividades, o item reparado, e os detalhes se farão presentes de
modo a classificar cada uma das atividades sem perder informações. A classificação será
feita assim como já foi explicado na metodologia desenvolvida neste trabalho. Além
disso, é sugerida a adição de uma coluna identificando se a atividade se trata de uma
manutenção preventiva ou corretiva. Este dado pode ser importante para uma análise
mais profunda de quais sistemas ou equipamentos apresentam mais falhas e,
consequentemente, reparos necessários.
Outra coluna seria relativa ao fato de a atividade realizada ter sido programada ou não.
Antes da docagem, durante a sua preparação, o responsável preencherá individualmente
na planilha todas as atividades que são planejadas. Dessa forma, conforme forem
surgindo imprevistos, ele adiciona a atividade ocorrida identificando-a como não
planejada. Assim, ao final, é possível criar um quantitativo de atividades não planejadas
ocorridas. Este número pode virar um índice que demonstrará se o planejamento da
docagem foi bem executado ou não e pode também ser usado como referência para
melhorar os processos futuros. Além disso, se terá acesso a uma estatística de quais
atividades não planejadas são mais recorrentes, de modo a se preparar melhor para
elas.
Também é sugerida a adoção de uma coluna relativa ao atraso por atividade. Esta pode
ser muito útil para diminuir o tempo de futuras docagens. Se não quiser ser divulgada, ao
menos essa informação é útil para o conhecimento e organização do engenheiro ou
tecnólogo responsável.
Além disso, sugere-se a adição de duas colunas relacionados a valores e custos. Uma
delas é a de “Valor orçado” e a outra “Valor final”. Isso se aplica principalmente a
serviços de terceiros que são contratados durante as docagens. Caso ocorra alguma
modificação ou adição no serviço contratado que leve a uma alteração no valor, essas
duas colunas ajudarão a manter um controle sobre isso. Caso não seja interessante
manter as informações no relatório final, pode-se retirar esta informação do documento
86
final. No entanto, a existência delas facilita o controle do funcionário responsável pela
docagem ao reunir em apenas uma ferramenta todas as informações relevantes à obra.
A fim de manter uma rastreabilidade dos responsáveis pelos serviços prestados, a coluna
referente à empresa responsável também deve ser mantida.
Mas, para que esse preenchimento correto das informações seja alcançado, é preciso
primeiro que haja, por parte da gerência, um treinamento de todos os funcionários
envolvidos para explicar o padrão que deve ser adotado para cada caso.
A Figura 6.2 apresenta o modelo de planilha proposto para a padronização dos relatórios
de docagem.
87
Figura 6.2 - Proposta de relatório padrão para organização de atividades de docagem
88
7 Conclusões
O objetivo principal do trabalho era o de dar uma ideia global do que é uma docagem de
rebocadores portuários. Com todos os dados que foram expostos no capítulo anterior,
acredita-se que é possível ter uma visão muito mais clara de quais atividades são mais
recorrentes e onde elas costumam acontecer.
Alguns dados mais específicos valem a pena ser destacados dos resultados analisados
na seção anterior. Um dado que foi surpresa foi o fato de as docagens intermediárias
demorarem, em média, o mesmo tempo ou até mesmo mais do que as docagens de
renovação. Por apresentarem um escopo de vistoria mais extenso, era esperado que as
docagens de renovação fossem ser mais demoradas, e não o contrário. Esse dado pode
revelar que a empresa não faz distinção entre as atividades de manutenção e reparo
para tipos diferentes de docagem, assumindo sempre um mesmo padrão. Mas também
pode revelar um planejamento equivocado para os tipos de docagem ou, até mesmo, a
ocorrência de muitos imprevistos em todas as docagens, o que levaria a um tempo maior
no estaleiro. Porém, só o próprio armador pode chegar a alguma conclusão em relação a
esse dado.
De maneira geral, o trabalho desenvolvido pode ser muito útil para um primeiro contato
de uma pessoa que venha a trabalhar com docagens de rebocadores ou deseja entender
mais sobre o tema. É óbvio que esse relato nunca substituirá a vivência de uma docagem
89
e a experiência e o conhecimento decorrentes dela, mas pode ajudar a dar uma ideia e
preparar de forma mais robusta o profissional para a tarefa.
Inicialmente, antes de ter contato direto com os relatórios analisados, um dos objetivos
era poder filtrar quais atividades costumam induzir as docagens a uma demora além do
previsto e, a partir daí, propor uma nova forma de metodologia de docagem ou de
preparação para a docagem. No entanto, não foi possível realizar esse estudo. Como foi
dito, os relatórios das docagens não apresentam informações sobre os atrasos ocorridos.
Parece não ser uma política do armador relatar este tipo de informação.
90
Com essa padronização aceita, o fato de fazer o relatório em um formato de planilha
facilitará o acesso e a análise dos dados. Inclusive pode-se tornar a obtenção de
estatísticas do histórico de docagens uma ação automática.
Dentro dessas estatísticas das docagens, pode-se destacar os gráficos que comparam o
histórico de manutenção de cada embarcação com a média de todas as embarcações da
empresa, como aqueles mostrados na seção 5.14 deste relatório. Esses gráficos podem
se tornar uma ferramenta poderosa na identificação de um problema crônico em algum
sistema ou setor do rebocador. Uma ferramenta simples, de rápida visualização e que
pode ter um grande impacto na preparação de uma docagem.
91
8 Referências Bibliográficas
[1] Empresa NavalSul, Procedimentos para teste de amarração (bollard Pull), <
http://navalsul.com.br/site/arqtecnico/# > , Acesso em: 15h30min, Disponível em
14/11/2017
[3] Damen ASD Tug 2810 Hybrid Executive Summary , < tthp://products.damen.com/-
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> , Acesso em: 10h15min, Disponível em 16/11/2017
[6] Diretoria de Portos e Costas (DPC), NORMAM 01, Anexo 10-b <
https://www.dpc.mar.mil.br/normas/normam > , Acesso em: 14h38min, Disponível em
20/11/2017
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