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Aprovada por:
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Prof. Protásio Dutra Martins Filho, Ph.D.
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Prof. Peter Kaleff, Dr.Eng.
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Prof. Fernando Antonio Sampaio de Amorim, D.Sc.
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Prof. José Henrique Sanglard, D.Sc.
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A Deus, razão da nossa existência.
A minha filha Bianca, a Sandra, minha
esposa, a meus pais e sogros pelo
estímulo e apoio de todos os tipos.
iii
Agradecimentos
Ao meu orientador, Prof. Protásio, também amigo desde os idos de 1978, quando ensinou-
me os primeiros passos de arquitetura naval, que utilizo até hoje. Pela sua paciência, e
confiança.
Ao Prof. Fernando Amorim pela amizade sincera e dedicação total às causas em que
acredita.
Ao Prof. Peter Kaleff, para o qual não tenho palavras de agradecimento pelos ensinamentos
adquiridos em elementos finitos. Sem o seu suporte este trabalho não teria chegado tão
longe.
Ao Prof. Júlio Cyrino, pelo estímulo e confiança ao longo desses dois anos de convivência
em projetos não convencionais, que fizeram com que esse mestrado tivesse um ar de
desafio constante, de ultrapassar obstáculos inicialmente intransponíveis.
Ao Prof. Sanglard, pelo exemplo de dedicação ao ensino de engenharia naval, que pude
observar ao longo dos anos.
À Glace Farias Costa pela dedicação, paciência e simpatia que sempre teve comigo.
Eu não poderia deixar de agradecer à Nilda de Almeida Piergiorgi, pela atenção dedicada
em todos os momentos, fazendo a nossa estadia nesta Universidade ficar marcada para
sempre.
À Bianca, minha filha, pela paciência e resignação em abrir mão de muitas coisas para que
o presente trabalho fosse concluído.
À minha esposa Sandra pela sua dedicação, carinho, apoio e incontáveis horas de trabalho
comigo, nesta e em outras empreitadas.
Ao Prof. Segen Farid Estefen, pela cessão dos equipamentos do LTS – Laboratório de
Tecnologia Submarina para a execução de ensaios com compósitos.
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Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Maio/2005
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Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements
for the degree of Master of Science (M.Sc.)
May/2005
The increasing use of new types of boats in nautical tourism, with high
performance, security and comfort standards and the return of investment makes sailing
catamarans one important option in the present time market.
In this work, we describe a special type of catamaran, the Day Charter Catamaran,
powered by sail, which is quickly gaining space in the main markets of tropical tourism
world-wide. Its main characteristics, advantages, limitations and project challenges are
presented.
We formulate some project hypothesis, mainly in relation with the mast associated
with the stays system and their linking with the hull structure. This was verified through its
modelling and FEM analysis using the Nastran System. The characteristics of laminated
fibreglass samples were tested in laboratory and the results used in the analysis.
The hypothesis and the model were analyzed and the results were compared with
the ones obtained from analytical calculation.
vi
Índice
1
6. Análise crítica e persectivas........................................................................................... 94
7. Pesquisas futuras............................................................................................................ 95
8. Conclusões..................................................................................................................... 97
Referências ......................................................................................................................... 98
Apêndice I - Resultados de ensaios de material compósito.............................................. 102
Apêndice II - Resultados gráficos da análise por elementos finitos ................................. 114
2
Lista de Figuras
3
Fig 44 - Casco – isométrico................................................................................................ 66
Fig 45– Arranjo interno ...................................................................................................... 68
Fig 46 - Arranjo do convés ................................................................................................. 68
Fig 47– mastro real e modelo analisado por MEF.............................................................. 70
Fig 48 - Modelo simplificado de catamarans utilizando elementos de barra ..................... 72
Fig 49 – Equipamento de ensaio universal do laboratório LTS COPPE/UFRJ ................. 73
Fig 50 – Ensaio de tração – Resina poliéster...................................................................... 74
Fig 51 – Condição 1............................................................................................................ 81
Fig 52 – Condição 2............................................................................................................ 81
Fig 53 – Condição 3............................................................................................................ 82
Fig 54 – Condição 4............................................................................................................ 82
Fig 55 – Carro de esferas recirculantes............................................................................... 84
Fig 56 – Vela grande 100% armada (sem rizo) .................................................................. 84
Fig 57 – Vela grande 60% armada (rizo de 40%)............................................................... 85
Fig 58 – Momento emborcador .......................................................................................... 86
Fig 59 – Vela com carregamento lateral uniforme ............................................................. 88
Fig 60 - Condição 1 : vento de través ................................................................................ 90
Fig 61 - Condição : Vento de popa..................................................................................... 90
Tabela I-1 – quantidade de ensaios efetuados .................................................................. 102
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Lista de Tabelas
5
Lista de Símbolos
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I = Momento de inércia. Altura do triângulo da vela de proa
J = Base do triângulo da vela de proa
k = fator referente ao tipo de apoio (flambagem)
kCB = Fator k referente ao casco apenas (Canoe Body)
L = Comprimento
LCB = Comprimento da linha d'água do casco
LDR = Length-displacement ratio
LOA = Comprimento total
LWL = Comprimento da linha d’água
MDEF = Meia distancia entre fuzis
ME = Momento de emborcamento
MEF = Método de elementos finitos
MR = Momento restaurador
MRmáx = Momento restaurador máximo
MR30 = Momento restaurador da embarcação com 30° de banda
P = Peso do barco. Carga de compressão na coluna inferior do mastro. Testa da
vela grande
Pcr = Carga de flambagem
PN = Performance number
PVC = Poly Vinyl Chloride. Espuma de PVC usada em estruturas sanduíche.
R = Resistência hidrodinâmica
Re = Número de Reynolds = VB x LWL / υ
RNK = Número de Reynolds baseado no comprimento da corda média da quilha
RVK = Resistência viscosa da quilha
SCB = Área molhada do casco sem apêndices
SAD = Sail area displacement ratio
SAN =StyreneAcryiloNitrile. Espuma usada como núcleo de estruturas de
sanduíche.
SDR = Speed displacement ratio
SK = Área molhada da quilha
SLR = Speed length ratio
SN = Stability number
t = Espessura do fólio
T1 = Força
TCB = Calado máximo do casco sem banda
V = Velocidade do fluido
v = Velocidade da embarcação
VB = Velocidade do barco
VPP = Velocity Prediction program. Programa para estimativa de velocidades de
veleiros
VT = Velocidade real do vento
WSn = Wharram stability number
β = Ângulo de abatimento
φ = Ângulo de banda
λ = Ângulo de deriva
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∆ = Deslocamento
∇ = Volume deslocado
υ 2
= Viscosidade cinemática = 0,00000114 m /s @ 15 ºC para água doce
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Vocabulário
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Fuzil Chapa de aço, fixada ao casco. É nela que o esticador fica
conectado.
Punho Local por onde são fixados os cabos nas velas. Existe o punho do
tope e punho da esteira.
Terminal Ferragem instalada nos dois lados dos estais ou brandais. A sua
função é permitir a ligação física dos cabos de inox com o casco e o
mastro
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1. Introdução
Esses catamarans são usados na sua maioria em águas tropicais de todo o mundo. Podemos
dizer que é o padrão mundial no setor.
No Brasil, eles existem na sua maioria na costa do Nordeste, em função de uma crescente
quantidade de turistas estrangeiros na região. No Estado do Rio, existem alguns poucos
operando na região da Ilha grande e Búzios. O mercado brasileiro possui um grande
potencial para esse tipo de embarcação. Existe pouca oferta em virtude da falta de
tecnologia de projeto e construção.
Esta tese não desenvolve o projeto de uma embarcação específica, mas um estudo do
método onde será dada ênfase ao tratamento que exige uma abordagem específica de
projeto. Mostramos que este é um tipo diferenciado de embarcação a vela e que o método
tradicionalmente utilizado para cálculo de mastreação de monocascos, não se aplica neste
caso.
Parte deste trabalho será baseado na nossa experiência de projeto de alguns catamarans a
vela, sendo que dois deles para day charter, um de 40 pés para 25 passageiros que opera em
Búzios e outro de 42´ para 46 passageiros, que opera na Ilha Grande, RJ.
11
Finalmente é feita uma análise crítica, sugerimos algumas pesquisas a serem realizadas
futuramente e conclusões.
2. O catamaran a vela
Os polinésios são os verdadeiros pais dos catamarans e trimarans modernos. Estima-se que
eles desenvolveram a percepção da construção de multicascos há milhares de anos. O que
os antropologistas não conseguem precisar é quantos milhares de anos. Foi com essas
embarcações que eles viajaram e colonizaram as ilhas do pacífico, tanto ao sul como ao
norte da linha do equador, incluindo-se aqui o Havaí.
Os primeiros europeus a ter contato com essa cultura foram os espanhóis, na viagem de
circunavegação de Fernão de Magalhães. Em 1521, chegando à Ilha de Guam, Antônio
Pigefeta, tripulante da expedição de Fernão de Magalhães, primeira viagem de
circunavegação, assim descreveu: as suas canoas com flutuadores laterais passam por
nosso navio em alta velocidade, mesmo com todos os panos em cima. Não existe diferença
entre a proa e a popa. Eles são como golfinhos pulando de onda em onda
A palavra Catamaran tem as suas raízes em Bengala na Índia, significando toras amarradas
e não era usado pelos nativos da Polinésia. A palavra Trimaran foi inventada pelo Russo
Victor Tchechet na década de 40 e não tem nenhuma raiz Polinésia.
As embarcações polinésias eram na sua maioria canoas duplas, ligadas por transversais, ou
barcos maiores com um ou dois out-riggers (um de cada bordo). Como eram feitas a partir
de toras da arvore de fruta pão, o fundo era redondo o que lhes proporcionava bom
desempenho. Esta madeira era a melhor disponível, porém de pouca durabilidade dentro
d'água do mar. Os flutuadores eram amarrados ao casco principal por meio de fibras de
coqueiro.
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Jude teve o seu nome rebatizado pelo rei da Inglaterra para The experiment. Tinha 30' de
comprimento, cascos cilíndricos e ganhou a regata patrocinada pela Royal Society de
Londres.
Por volta de 1860, John Mikes lançou na água seu catamaran de nome Nonpareil, que
atravessou de New York para Southampton em 1868 levando 51 dias, fato inédito para a
época. Era bastante estranho, pois possuía três cilindros de borracha medindo 25' por 30´ de
diâmetro. Era armado em escuna e possuía uma cabana entre os cascos, para proteger seus
três tripulantes das intempéries.
Ele descobriu este tipo de barco ainda na sua juventude, época em que velejava em
pequenos barcos do tipo catboat e sloops e se distraía desenhando nas horas vagas. Naquela
época Nat, como gostava de ser chamado, trabalhava como desenhista na empresa Corliss
Steam Engine Company.
Ele realizou experiências com diversos tipos de mastreação e terminou por usar armação
convencional composta de uma vela grande e uma buja, o que permitiu um melhor arranjo
estrutural assim como melhor controle do barco.
O dia era 22 de junho de 1876 e os Estados Unidos comemoravam naquele mês o seu
primeiro centenário da independência. Em Long Island Sound foi organizada uma regata de
nome Open Centennial Regatta, patrocinada pelo New York Yacht Club para comemorar
tal evento e o Amarylis lá estava para competir. Para a maioria do público ele não passava
de um engenho algo curioso e estranho. No inicio da regata os barcos do tipo sandbagger
levaram uma boa vantagem, devido ao vento fraco, pois o catamaran possui maior área
molhada, o que o colocava em situação de desvantagem naquela intensidade de vento, no
entanto com o desenrolar da regata o vento aumentou, fazendo com ele ultrapassasse todos
os concorrentes de uma forma incontestável, fazendo com que os risos se transformassem
em ressentimento e inveja.
O resultado final não poderia ser outro. Como barcos muito maiores do que ele, custando
verdadeiras fortunas poderiam ficar atrás daquela coisa?
Este foi o primeiro incidente envolvendo mono e multicasco. O Amarylis foi considerado
uma embarcação não civilizada e, portanto não poderia participar de regatas. Como prêmio,
foi banido de todas as regatas futuras.
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Em 1937, o explorador francês e navegador Eric de Bisschop construiu na praia de Waikiki
no Havaí o seu catamaran Kaimiloa de 35' e com ele viajou durante 264 dias através do
Oceano Índico, contornando o cabo da Boa Esperança e chegando à Cannes, na França.
O Kaimiloa era um catamaran do tipo dupla proa, com fundo em V com quina (tipo lancha
com casco planador), construído com tábuas e unido por transversais de madeira maciça. A
mastreação era tipo junco chinês
Ele foi construído com compensado naval, material muito leve para a época e, portanto foi
o primeiro catamaran a poder desenvolver altas velocidades. Foi o pioneiro dos catamarans
de charter no Havaí
Meses mais tarde, na França, Raoul Christian lançou o Copula de 47'. Os dois catamarans
tinham em comum o fundo em V assimétrico, sendo o primeiro construído com
compensado e o último em aço, pesando 22 toneladas.
Em 1960 Athur Piver cruzou com o seu trimaran de 30´, Nimble desde Swansee,
Massachusetts, EUA até a Inglaterra para participar da primeira regata STAR
(Singlehanded Trans-Atlantic Race). Infelizmente ele chegou atrasado para a regata de
qualifying e desta forma ficou impedido de participar. Coube a Derek Kellsall a honra de
ser o primeiro multicasco a atravessar o Atlântico em solitário.
Os catamarans modernos podemos dizer, tiveram a sua concepção nos anos 50. Essa época
coincide com a popularização de um produto recém lançado na época: o compensado naval.
Com esse novo material foi possível o projeto e construção desses barcos, uma vez que um
catamaran precisa ser leve, o que era impossível com os materiais usados na construção dos
cascos até então: tábuas de madeira e aço.
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Naquela época, a forma mais apropriada para os cascos era o V profundo, pois adaptava-se
muito bem a construção com compensados, era leve e de fácil construção.
Eram barcos extremamente baratos e que navegavam bem mais rápido dos que os yachts, os
quais eram extremamente caros, e, portanto acessível apenas para as camadas mais
favorecidas da sociedade.
Essa época também é conhecida como trágica para os amantes dos multicascos. Os barcos
começaram a crescer em tamanho e em área vélica, visando a aumentar ainda mais a
velocidade. Os Australianos por sua parte construíram catamarans com uma relação área
vélica/deslocamento absurdamente alta, comprometendo a estabilidade e integridade
estrutural. Como resultado, ocorreram muitas mortes e vários barcos simplesmente sumiam
do mapa. Afundaram em tempestades ou por falhas na estrutura.
Todo esse mapa negro só fez aumentar o fosso entre mono e multicascos.
O advento do compensado naval permitiu a expansão dos multicascos nos anos 50, porém
estava faltando o adesivo ideal: epóxi. Eles utilizavam adesivos de pouca qualidade o que
fez com que alguns barcos literalmente se desmanchassem quando enfrentavam
tempestades. Uma das perdas mais lamentáveis foi a do Arthur Piver que sumiu na área da
costa da Califórnia próximo a Baía de São Francisco. Com relação a este incidente não se
pode deixar de mencionar que o Piver, não era muito exigente com relação à qualidade
estrutural. Podemos dizer que ele pagou caro pela ousadia.
Após este episódio e muitos outros ocorridos na Austrália, os projetistas resolveram ser
mais cuidadosos em seus cálculos, quando havia.
Um bom exemplo do sucesso alcançado pode ser exemplificado nos catamarans da série
Searunner do Jim Brown que mesmo construído com os mesmos adesivos deficientes,
conseguiu construir uma verdadeira flotilha de trimarans seguros.
Pelos idos de 1967, um surfista bem conhecido na Califórnia de nome Hobie Alter, vendeu
a sua empresa de pranchas de surf para realizar um sonho. Queria construir um catamaran
pequeno, que fosse ao mesmo tempo, leve o suficiente para ser puxado para a areia por uma
única pessoa, barato, durável, fácil de montar e desmontar. Estava assim criado o Hobie Cat
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14 seguido pelo Hobie Cat 16 em 1971. Mais de 200.000 catamarans desse tipo já foram
vendidos do mundo sendo de longe a classe mais numerosa de multicascos.
No Maranhão, em 1972, aportou o Manoel português, vindo de Lisboa após passar por
Angola. Ali chegando, construiu diversos catamarans e trimarans que ficaram famosos em
função da velocidade que alcançavam em relação as tradicionais embarcações a vela da
região. Alem dele, Antônio Bastos Tavares foi responsável pelo projeto de diversos
multicascos. Provavelmente é no Maranhão onde se encontra a maior flotilha de catamarans
polinésios no Brasil.
Não existe uma predominância de um tipo de barco sobre outro em todas as condições de
mar e vento. Em regatas de vento fraco e contravento, fatalmente um monocasco ou
trimaran levará vantagem. Se a maioria do percurso for de ventos médios e de través, com
certeza absoluta o vencedor será um catamaran, porém se tivermos muito contravento,
empopada e vento forte, os trimarans serão fortes candidatos à fita azul.
A partir dos anos 80, o mercado de charter descobriu os catamarans e fez deles o seu carro
chefe. O principal motivo é o espaço interno que permite um grande número de camarotes.
Outros fatores são a possibilidade de navegar em águas rasas, não adernar e é claro a grande
velocidade alcançada.
Os materiais utilizados hoje em dia, tanto no casco como no acabamento interno, fez com
que o preço explodisse. O que era um barco barato e simples hoje é caro e sofisticado.
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sailers com poucos tripulantes, pois neste caso, existe a real possibilidade do mesmo
capotar.
Nos Day Charters, por questão de segurança os cascos nunca levantam. A área vélica é
calculada para não permitir que isso ocorra, fazendo com que eles não tenham a mesma
potência que um de regata.
Um fato que chama a atenção é a falta de normas e critérios de projeto para os catamarans a
vela. As Sociedades Classificadoras possuem normas que contemplam alguns tipos de
embarcação Schofileld (2000), porém não os catamarans e isso têm algumas explicações. É
um tipo de embarcação relativamente nova para a civilização ocidental, possui grandes
variações quanto à geometria do casco, estrutura de ligação entre eles e a mastreação,
carência de informações técnicas publicadas alem de necessitar de sofisticadas tecnologias
somente agora disponíveis a um custo accessível, como os programas de elementos finitos.
Phillips-Birt (1971) ressalta que o cálculo da mastreação talvez fosse o item de maior
desconhecimento dos projetistas e por isso sugere, juntamente com outros famosos
engenheiros de sua época, que se utilizasse um método de tentativas e erros, fato explicável
em função da falta das ferramentas de cálculos disponíveis.
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2.3. O mercado de turismo náutico
O turismo náutico é uma atividade que está em franco crescimento em todo o mundo.
Atualmente existe uma tendência de utilização de catamarans, tanto para o turismo long
term charter como para de Day Charter.
Estima-se que existam mais de 60.000 veleiros nesta atividade gerando empregos para mais
de 600.000 pessoas ligadas diretamente à construção, manutenção e exploração da atividade
de turismo náutico.
Mercado internacional
Eles atendem a todas as exigências de um mercado que cresce acima de 5% ao ano. São
velozes, estáveis, seguros, chegam até a areia da praia e possuem uma boa relação custo
benefício.
Mercado nacional
O Brasil com os seus 8.500 Km de costa ainda não deu a devida importância ao turismo
náutico. Não existem estatísticas precisas relativas a este segmento do turismo, uma vez que
a maioria das embarcações que operam no mercado não o faz de maneira profissional ou
empresarial.
A Marinha do Brasil, não possui informações precisas, pois a maioria das embarcações são
saveiros ou escunas classificadas como esporte e recreio e não como transporte de
passageiros. Estima-se que no verão cerca de 750 embarcações com capacidade acima de 25
passageiros operem na costa brasileira, sendo que cerca de 20 são catamarans a vela.
Aos poucos está crescendo o interesse por este tipo de embarcação. O turismo internacional
que chega ao Brasil, dá uma franca preferência aos catamarans, fazendo com que as grandes
operadoras de turismo receptivo e resorts invistam neste tipo de embarcação.
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Aos poucos o mercado está aprendendo que essas embarcações possuem um projeto
específico e características operacionais ideais para o mercado turístico local.
Por esses motivos, as embarcações de turismo necessitam com freqüência deslocar-se pela
costa navegando em mar aberto. Essas embarcações são classificadas normalmente para
operação em águas restritas, o que as obriga a ter uma classificação dupla, ou seja,
transporte de passageiros em águas restritas com 100% da lotação, e navegação em mar
aberto, sem passageiros e um número mínimo de tripulantes.
A capacidade dos pequenos estaleiros deverá ser também resolvida, pois embarcações de
pequeno porte como as utilizadas no Brasil, fazem uso de carreiras destinadas aos barcos de
pesca e escunas, para a sua manutenção de casco, porém poucas carreiras permitem que um
barco com uma boca acima de 4 m seja içado, o que é um valor muito baixo, em se tratando
catamarans.
As dimensões dos piers, e a distância entre eles deve ser tal que contemple um catamaran.
Deve ser levada em conta uma maior dificuldade de manobra em baixa velocidade e o seu
maior raio de manobra.
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Essas mudanças ocorrerão naturalmente por força da maior utilização desses barcos na
costa brasileira.
Fatores econômicos
Começamos a ver algumas empresas que estão investindo neste seguimento de maneira
mais profissional, adquirindo embarcações modernas e especializas. No Brasil existem
alguns catamarans Day Charter operando no Estado do Rio de Janeiro e na região nordeste,
projetados e construídos para este fim.
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3. Problemas e metodologias específicas dos catamarans a vela
Quanto ao uso:
• Day sailer
o Pequenas dimensões normalmente de até 30´ de comprimento total
o Usados como lazer pessoal
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o Usados em lazer, competições e regatas olímpicas, como os da classe
Tornado.
• Cruzeiro
o São os barcos de cruzeiro de maior conforto, em função do espaço interno e
capacidade de navegar com um mínimo de banda.
o São os mais utilizados pelas empresas de charter de longo percurso
Estes são os catamarans que mais se fabricam no mundo. Existe uma forte
demanda por este tipo em virtude do conforto ao navegar e interior espaçoso,
assim como pela alta velocidade alcançada a vela. O maior fabricante é a
França, seguida de perto pela Austrália e África do Sul.
• Regatas oceânicas
o São os maiores catamarans a vela construídos até hoje. Chegam à faixa dos
120´
o Muito velozes. Detém quase todos os recordes de travessias mundiais.
o Custo elevadíssimo, somente justificável para quebra de records em regatas
internacionais.
São os grandes batedores de recordes da atualidade. Utilizando materiais
leves e de última geração, essas máquinas de regata, detém praticamente
todos os recordes de velocidade, em todos os oceanos e em todas as
condições de vento e mar. O recorde atual pertence ao catamaran francês
Tecnique Avanceé que é de 41,5 nós.
Os antigos povos polinésios usavam toras amarradas com fibras desta forma construíam
suas embarcações. A forma redonda dos cascos estava limitada à geometria natural do
material disponível.
Com a invenção do compensado pelos Holandeses, nos anos 40, foi introduzido o casco
com quinas. Isso permitiu que barcos leves fossem construídos em tempo reduzido e com
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custo accessível. Este material impõe uma certa restrição à forma do casco e esses
catamarans eram com fundo em V ou chato.
A partir dos anos 80 os catamarans tomaram um novo impulso, em função de sua re-
descoberta pelo mercado de turismo náutico. Os novos materiais para a construção em
sanduíche com fibra de vidro e espuma viabilizaram estruturas mais leves. Os cascos
tiveram uma rápida evolução, formas mais hidrodinâmicas surgiram, com um fundo mais
redondo.
Cascos simétricos
Cascos assimétricos
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Fazem parte da história dos multicascos e atualmente não são mais usados. O exemplo mais
conhecido são os Hobie Cats. Com um casco assimétrico, o projetista busca criar uma força
lateral, dispensando o uso de bolina ou mini-quilha.
É um tipo de casco com eficiência inferior aos equipados com bolina e com mini-quilha. A
sua utilização é justificada pela simplicidade de construção e uso no mar.
Como não possuem apêndices, realizam as manobras de cambada com vento pela proa,
mais demoradamente e com mais dificuldade.
Fibra de vidro
Vantagens
• Material leve
• Facilidade de compra
• Facilidade de contratação de mão de obra
Desvantagens
• Possibilidade de deterioração pelos elementos naturais como a exposição
aos raios solares e contato com a água salgada.
Madeira
Com o advento das resinas epóxi, os barcos de madeira tomaram um novo impulso,
pois permitiu a construção de estruturas em sanduíche, de fina espessura e formas
variáveis. A inclusão das fibras de vidro, aramidas e carbono unidirecional na sua
estrutura revolucionou a construção com este material nas últimas três décadas.
Vantagens
• Material leve
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• Relativa facilidade de compra
Desvantagens
• Possibilidade de deterioração pelos elementos naturais
Alumínio
Vantagens
• Material leve
• Boa resistência mecânica
Desvantagens
• Constante verificação do nível de oxidação junto às ferragens de inox
• Monitoramento da corrente galvânica no casco
• Manutenção requer mão de obra especializada
• Necessidade de isolamento térmico
Fibra de carbono
Vantagens
• Extremamente leve
Desvantagens
• Preço excessivamente alto
• Necessidade de proteção dos raios UV do sol
• Manutenção requer mão de obra especializada
Aço
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Material com peso específico muito alto para ser usado em catamarans. Apenas os
grandes veleiros tradicionais (monocascos) acima de 30 m de comprimento podem
usar este material.
Vantagens
• Preço baixo
• Material de fácil disponibilidade
• Construção rápida
Desvantagens
• Peso elevado
• Ato custo de manutenção
• Necessidade de isolamento térmico
Para navegar contra o vento, ou orçar é necessário que a força de propulsão FR, seja a maior
possível, que o abatimento e a banda sejam os menores possíveis.
Analisando a figura a seguir, podemos ver que a relação existente entre as forças FR e FH
dependem do ângulo β, definido pela direção do vento aparente e rumo da embarcação e da
força de sustentação e arraste atuante nas velas pela ação do vento.
26
Fig 5 - dinâmica de um catamaran a vela
Marchaj (1996) observa que a ação do drag aerodinâmico é duplamente indesejável, pois
não só diminui a força de propulsão FR como também aumenta a indesejável força de
emborcamento FH.
As condições básicas para uma embarcação a vela atingir altas velocidades são três: 1) peso
baixo, 2) grande área vélica e 3) estabilidade para poder usar toda esta área vélica.
27
Fig 6 – Eixos globais
Fig 7 - Navegação
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Fig 8 - Vento real e aparente
A análise dos diagramas de forças nos mostra que com a mesma força de propulsão FR,
gerada pelo mesmo vento o veleiro que consegue resistir melhor a força de emborcamento
FH atinge as maiores velocidades, enquanto mantém uma banda pequena e um mínimo de
resistência hidrodinâmica R. Como R é função do deslocamento do barco ∆, então a relação
FH/∆ pode ser um critério para avaliarmos a capacidade do veleiro de atingir grandes
velocidades.
No catamaran o vento aparente VA faz um ângulo menor com a linha centro do barco.
Como conseqüência a velocidade do barco VB será maior do que no veleiro monocasco.
Esta situação de equilíbrio é alcançada até que a aceleração se anule e a velocidade seja
mantida. Temos então que enquanto no monocasco a velocidade máxima atingida pelo
barco é de VB = 0,53 VT, no catamaran, ela é superior a velocidade do próprio vento, ou
seja, VB = 1,15 VT
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Isso nos leva a outra conclusão: a de que no veleiro monocasco, com quilha e lastro, a
estabilidade conseguida com o lastro na quilha não é tão eficiente como a estabilidade de
forma gerada pela boca maior. No veleiro com quilha, ao adernar, o braço de
endireitamento criado é pequeno em comparação com o ocorrido no catamaran. No
catamaran a estabilidade inicial é alta e o braço de endireitamento aumenta rapidamente até
o momento em que o casco de barlavento sai da água e atinge o seu maior valor. Nesta
situação o braço de endireitamento é quase a metade da boca do barco e o catamaran atinge
a sua máxima eficiência hidrodinâmica, pois apenas um flutuador está em contato com a
água.
Estabilidade direcional
Pelo fato dos cascos dos catamarans possuírem cascos muito esbeltos, Cp baixo, a
capacidade de navegar em rumo reto é bem maior do que em outras embarcações. Aliado a
isso temos o fato de que dois lemes e duas bolinas, de alta razão de aspecto, também estão
dentro da água e contribuindo para esta estabilidade direcional.
Se por um lado, este fator é um dos responsáveis pela navegação confortável dos
catamaran, por outro ele transforma-se em desvantagem.
Em manobra em baixa velocidade, como nas atracações em um píer, esta alta estabilidade
direcional torna obrigatório o uso de dois motores para efetuar as manobras. É praticamente
impossível manobrar a vela em águas restritas com esses barcos.
Com ventos fortes, e ondas, o timoneiro deve estar atento para reduzir a velocidade, sob
pena de perder o controle da situação. Em um catamaran Day Charter, como o velame é
menor do que nos catamarans de regata, este perigo é minimizado.
30
Fig 10 - Barco velejando com os 2 flutuadores na água
31
3.4. Estabilidade transversal
3.5. Conforto
Um dos principais fatores que mais favorece a adoção dos catamarans como embarcação
padrão de turismo é o conforto quando em navegação. Eles praticamente não adernam, e
quando o fazem é com uma banda de alguns poucos graus. Pelo fato dos cascos serem
esbeltos, a proa fura as ondas sem perder velocidade ao invés de sofrerem desaceleração
causada pelo impacto que ocorre com outros tipos de embarcações.
Em altas velocidades forma-se um colchão de ar, sob a plataforma, que faz com que o barco
navegue com mais suavidade.
Externamente, eles possuem uma área de convés que pode ser até 3,5 vezes maior do que a
de uma embarcação monocasco, proporcionando maior conforto aos ocupantes.
No interior dos cascos, que geralmente são vazios, existem os banheiros, cozinha, paióis e
acomodações para a tripulação.
32
3.6. Segurança
Este é outro fator a favor dos catamarans. Eles podem ter três compartimentos estanques em
cada casco. Se forem construídos em sanduíche, é possível que tenham flutuação positiva.
Um catamaran Day Charter deve possuir um velame de área reduzida em comparação com
um catamaran de regata. Em uma condição de perigo, ele não pode virar por ação do vento.
A vela de proa deve ser autocambante para que seja simples de operar, e não tenha cabos
espalhados pelo convés. Ver figura abaixo.
3.7. Lemes
O primeiro tipo é de construção mais simples, e facilita o encalhe em praias, porém, menos
eficiente por estar mais próximo da superfície livre e operar com menos pressão. É mais
utilizado em barcos com comprimento total inferior a 40´.
33
O tipo telescópico é o ideal para um Day Charter, pelos motivos mencionados e por possuir
a barra de ligação entre os dois lemes, alojada no interior da transversal de popa, mantendo
a região da popa, livre de obstáculos.
Olsen (1975) analisa e sugere um procedimento específico para o cálculo dos lemes de
catamarans, em função de diversos parâmetros.
Com os catamarans o princípio é outro. Pelo fato de possuírem estabilidade, não precisam
de lastro, e para possuir uma área lateral que os permita navegar contra o vento, usam
34
bolinas móveis ou mini-quilhas, as quais possuem baixa razão de aspecto e não são
lastradas. Servem apenas para gerar sustentação.
A grande vantagem dos catamarans é não precisar levar toneladas de lastro ao longo de toda
a vida da embarcação.
35
3.9. Propulsão a vela
Para que um veleiro navegue de forma controlável, deve existir um balanço entre as forças
aerodinâmicas atuantes na mastreação e as hidrodinâmicas atuantes nas obras vivas. Para
efeito de cálculo consideramos que a resultante da cada uma dessas forças irá atuar
respectivamente no CEV Centro de esforço Vélico e no CEL Centro de esforço lateral da
área submersa (projetada). Na prática essas resultantes irão atuar em torno desses centros
geométricos e não precisamente neles. A localização correta da resultante hidrodinâmica se
deslocará mais rapidamente do que a da hidrodinâmica conforme observado em ensaios de
túnel de vento, tanques de prova e na prática de velejar. Isso nos leva a deixar uma folga,
chamada lead. É essa folga que irá corrigir o erro de posicionamento entre as resultantes.
Existem regras empíricas que levam em conta a relação do comprimento da linha
d´água/boca e relações que envolvem o deslocamento e a área vélica. De uma maneira
36
geral, podemos afirmar que em um catamaran acima de 40´, esta margem deverá ficar entre
seis e 10%.
Um barco desbalanceado irá exigir um grande esforço do timoneiro para mantê-lo no curso,
ao passo que um balanceado poderá navegar em linha reta sem que toquemos na roda do
leme.
Tipos de mastreação
Para resolver, dividir, a coluna em seções são usados dispositivos chamados diamantes.
Diferentemente de um monocasco, que usa cruzetas, os diamantes possuem cabos que estão
fixados na própria coluna do mastro. Nos monocascos as cruzetas estão suportadas por
cabos que ligam o mastro ao convés.
37
Fig 18 - Tipos de mastreação
38
Arranjo vélico
As velas utilizadas por um catamaran Day Charter devem atender ao serviço a que a
embarcação se destina. Por questões de funcionalidade, segurança e operação com
tripulação reduzida elas devem poder ser manobradas pelo timoneiro e apenas um proeiro.
Eventualmente essas embarcações podem utilizar uma vela de proa do tipo balão
assimétrico ou Gennaker para ser usado com vento de traves e de popa.
Para simplificar nas manobras, o punho da vela de proa passa a vante do mastro, sendo
regulada por um traveller. Chama-se buja auto cambante, e como o nome diz, quando o
barco muda de rumo, cambando, a buja automaticamente desloca-se para o bordo correto,
ou seja, camba de barlavento para sotavento.
A vela de proa, passa da linha do mastro. Quando isso acontece, ela muda de nome. Deixa
de ser uma buja e passa a chamar-se genoa. Em um veleiro monocasco algumas velas de
proa possuem mais área do que a vela grande. Em ventos fracos a vela de proa fica
responsável pela geração da maior parte de potência propulsiva. Ele também faz com que
pelo efeito Venturi, o ar acelere na região da valuma da vela de proa, aumentando a
39
eficiência da vela grande. Esse é um dos motivos pelo qual um veleiro monocasco navega
com um ângulo de orça menor do que um catamaran.
40
Fig 22 – Mastro fixo
Na figura baixo mostramos algumas seções de mastro atualmente em uso. A seção inferior à
direita é típica de um mastro asa cambante.
41
3.10. Propulsão auxiliar
Por definição um catamaran para velejar bem, precisa ser leve. Isso é um requisito difícil de
ser alcançado em uma embarcação de transporte de passageiros, onde freqüentemente o
peso da carga é superior ao peso leve.
42
Fig 25 - Arranjo típico do convés de um catamaran Day Charter
É no convés que estão as características marcantes deste tipo de embarcação. O convés deve
ser espaçoso e aberto, com assentos dispostos de maneira a que as pessoas tenham bastante
espaçoso a sua volta. Na proa, existe uma grande rede cuja função principal é permitir que a
pressão do vento vindo da proa escape, não impulsionando a proa para cima. Na pratica ela
é usada como área de lazer.
Entre a transversal de proa e a do mastro, temos uma escada pivotante que permite o
embarque e desembarque de passageiros quando o barco estiver em praias e locais rasos,
uma vez que o calado da embarcação deverá ser sempre reduzido.
Na popa temos duas escadas, também para acesso, normalmente usada por mergulhadores.
Na transversal de popa temo o turco utilizado pelo bote de apoio.
Para proteção contra os raios do sol, existe um toldo em toda a extensão do convés central e
nas proximidades assim como um bar para atender as necessidades de alimentação e
bebidas dos passageiros.
Em um dos cascos deverá existir uma cozinha, na qual são preparadas as refeições, ou
simplesmente trazidas de terra e armazenadas.
43
Os banheiros deverão ser projetados para atender a um número não superior a 20
passageiros por banheiro. Deverão possuir sistema de armazenamento ou tratamento de
esgotos para estar de acordo com as normas sanitárias internacionais.
Possuem características bem especificas, pois para serem viáveis economicamente, devem
operar com um grande número de passageiros. Muitas vezes, o peso dos passageiros e
carga, ultrapassa o seu peso leve, o que não é comum em se tratando de barcos a vela.
Devem poder navegar tanto em vento fraco como forte, serem fáceis de manobrar com
tripulação reduzida possuir calado reduzido que permita encalhar em praias para embarcar e
desembarcar passageiros, etc.
44
4. Problemas a serem abordados e estratégia de solução
Se observarmos a história recente dos multicascos, veremos que houve uma convergência
no tocante a geometria e arranjo vélico. No início dos anos 40, quando este tipo de
embarcação voltou a ser atenção no cenário mundial, criaram-se alguns tipos bem
definidos, os quais foram agrupados e reconhecidos como pertencentes às escolas do
pacífico (Austrália e Nova Zelândia), escola francesa, inglesa e americana.
Cada tipo desenvolveu ou adaptou um tipo de mastreação característica, que com o passar
do tempo mostrou-se eficiente em alguns aspectos e deficiente em outros.
Todo o estudo está em conformidade com Larsson (1994) bem como as normas do DNV
(1983).
Tradicionalmente o cálculo do mastro é feito supondo-se que ele trabalha como uma coluna
submetida apenas à compressão e, portanto sujeita a flambagem. Esta coluna é suportada
por diversos cabos que por vez a dividem em colunas menores a fim de suportarem melhor
este esforço axial.
45
Fig 26 – Colunas sujeitas ao fenômeno de flambagem. Fator k
Na realidade sempre teremos um coluna sujeita a compressão e flexão o que fará com que a
carga em que ocorrer a flambagem seja menor do a que a descrita ( Pcr ) na fórmula acima..
Skene (1904) ao publicar o primeiro livro sobre arquitetura naval de veleiros, utilizou na
formulação do seu método de cálculo de mastros, a estabilidade transversal do barco,
fórmulas analíticas para o cálculo dos estais e a formulação de flambagem de Euler para a
coluna do mastro e cruzetas. Posteriormente o seu método foi resumido, detalhadamente,
em uma norma pela NBS Nordic Boat Standard da Finlândia e utilizado como base para a
norma do DNV (1983) e por Larsson (1994).
46
e os brandais, um em cada casco. Não existem estais de popa, pois a valuma da vela por ser
muito grande não permitiria que ela passasse de um bordo para o outro.
Um catamaran também não possui cruzetas, das quais partem estais de força e brandais que
ajudam a estabilizar a coluna do mastro sob tensão. O que existem são diamantes, fixados
ao mastro apenas por cabos.
Por esses motivos, e pela maior força imposta à mastreação devido a maior estabilidade, o
mastro de um catamaran deve ser modelado de uma forma apropriada. A deformação das
transversais permite que existam esforços que devem ser analisados com maior atenção.
Existe muito pouca informação publicada sobre os esforços produzidos pelo efeito do vento
sobre a mastreação. A forma das velas, sua distribuição nas diversas condições de vento,
sua disposição no plano vélico e a maneira como a mesma está fixada a coluna do mastro,
retranca e estais.
Um catamaran, devido a sua grande estabilidade transversal, faz com que a força do vento
atuando sobre as velas produza esforços muito maiores do que em um veleiro monocasco.
A estimativa precisa desses esforços é uma das tarefas mais difíceis para o projetista. São
esses esforços que irão determinar as dimensões da mastreação e das transversais.
A necessidade de peso cada vez mais baixo dos catamarans exige que essas cargas sejam
estimadas com maior precisão para que sejam utilizadas no modelo analisado por elementos
finitos.
O vento atuando sobre as velas de um catamaran, encontra uma área lateral projetada
praticamente constante, pois o mesmo quase não aderna. Em um monocasco, esta área se
reduz, pois o barco irá adernar, diminuindo a área lateral, exposta ao vento.
Esta característica faz com que um catamaran navegue mais rápido que um monocasco,
gerando conseqüentemente um esforço maior na mastreação.
Na figura 19 vemos que todo o esforço gerado pelo vento é transmitido ao casco por apenas
quatro pontos: pé do mastro, estai de barlavento, estai de proa e escota da vela grande.
47
Baseado nestes esforços foi criado um modelo que melhor retratasse o problema físico
aplicando-o ao barco.
Em um catamaran destinado ao transporte de turista, o controle das velas deve ser o mais
simples possível. Todos os controles estão localizados na base do mastro ou perto do
skipper.
Evita-se o máximo possível, que cabos passem por áreas de tráfego de pessoas. Desta
forma, é dada preferência ao mastro fixo, simplesmente apoiado na transversal. Um mastro
pivotante possui uma haste, chamada de cambante, ver Fig 27, localizada na base do
mastro, que é perigoso alem de necessitar de cabos de controles que iriam atravessar o
convés do barco.
Desta forma, no pé do mastro teremos uma restrição apenas de rotação no eixo z, (figura 6)
a qual induzirá apenas pequenos momentos.
48
Resposta estrutural da mastreação e transversais de ligação dos cascos sob efeito das forças
de vento
O estudo dessas forças localizadas nas regiões de engastamento, não faz parte do escopo
deste estudo, assim como o cálculo da estrutura interna das transversais para garantir a sua
estabilidade. Estamos interessados nas tensões no mastro, vigas, cabos e na viga navio.
Estratégia de solução
De acordo com o exposto, vimos que para um catamaran a vela atingir altas velocidades é
necessário que a estrutura seja leve.
A estrutura dos cascos é calculada pelos métodos tradicionais, podendo ser realizada por
vários métodos, no entanto, o cálculo das transversais e mastreação não deve ser feito de
maneira isolada, uma vez que o esforço induzido pela mastreação na estrutura de ligação é
bastante complexo.
49
Fig 28- Discretização da estrutura de um catamaran a vela
Escolhemos para testar estes conceitos um catamaran Day Charter, voltado principalmente
para as necessidades da região turística de Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro.
Limitações impostas:
50
• Baixo custo operacional
• Possuir capacidade de navegar ao longo da costa do Brasil com no máximo 12
pessoas a bordo, a fim de atender a possíveis necessidades de outros pontos
turísticos, especialmente entre Santa Catarina e Ceará, região da costa onde se
concentra a maioria dos pontos turísticos, onde existe turismo náutico.
• Atender a todas as exigências da Autoridade Marítima brasileira para que a
embarcação possua dupla classificação (mar aberto em translado e águas
abrigadas em serviço)
Baseado nas limitações descritas decidiu-se por barco de 80´ a ser construído com resina
poliéster reforçado com fibra de vidro por estar perto dos limites impostos pelo ABS e
DNV para este material.
Para podermos ter uma estimativa inicial da estrutura, usamos a regra Offshore Racing
Yachts de 1994 do American Bureau of Shipping, uma vez que ela abrange yachts de até
30m de comprimento total e é a mais utilizada para barcos de regata e alta performance.
Para a estimativa inicial do cálculo dos escantilhões da mastreação, utilizamos a regra Rules
for Construction and Vertification of Vessels less than 15 metres do Det Norke Veritas
(1983). As regras para a mastreação, constante nesta regra, estão baseadas na única regra
que abrange este tema, a NBS - Nordic Boat Standard. Esta mesma regra, é a referência
utilizada por Larsson (1994).
Na fase inicial de projeto de um veleiro podemos dar ênfase aos seguintes objetivos:
Ele é um barco que deve ser simples, barato, veloz e de fácil operação.
O casco, por ser esbelto e o barco de pouco peso, deve possuir um fundo redondo na região
central, semi-elíptico na proa e um pouco plano no fundo na região de popa para favorecer a
51
entrada nas ondas e um induzir ao planeio em velocidade médias e altas. Com essas
características ele está próximo de um casco com resistência mínima com um bom
potencial de navegação em ventos de través.
Por outro lado, o problema desses barcos está no projeto estrutural. Toda a estrutura é
esbelta e sujeita aos grandes esforços mencionados anteriormente.
A análise pelo MEF é realizada somente após o projeto estar praticamente definido em
virtude da complexidade e do tempo envolvido. Por este motivo é que no fluxograma
existem dois loops.
52
Fig 29 – Seqüência de desenvolvimento do projeto
53
Na fase inicial do projeto de um veleiro de serviço, é necessário o levantamento dos dados
relativos à operação da embarcação em uma determinada região turística. Vários fatores
deverão ser estudados com as limitações financeiras do operador da embarcação, condições
de financiamento, potencial turístico da região, sazonalidade do turismo, condições
climáticas da região, duração das viagens dentre outros.
Os materiais e o método construtivo a serem usados deverão ser discutidos neste inicio de
projeto, uma vez que irão influenciar no peso, tempo de construção, custos de manutenção e
custo final.
Alguns trabalhos foram elaborados, com o intuito de gerar dados em forma de gráficos, para
melhor visualização e comparação entre barcos de diferentes dimensões. Markwood (1997)
realizou um minucioso trabalho de coleta de dados para publicação na revista Multihull. Ele
coloca num mesmo estudo, catamarans de regata, cruzeiro e regata. Como são barcos com
características muito diferentes, ele agrupou-os por projetistas, para que os dados fossem
mais coerentes, e publicou um novo trabalho Markwood (1998). O presente trabalho vai
54
mais alem. Por considerarmos que esses barcos possuem características únicas, somente
deverão ser comparados entre si. Desta forma podemos visualizar tendências em diversos
gráficos. Muitas das informações aqui mostradas foram, baseadas na filosofia do trabalho
de Vasconcellos e Latorre (2000).
Dawson (1997), num trabalho bem técnico, fez uma boa explanação do que considera bons
índices de comparação e como efetuar a escolha de dados para termos dados que expressem
uma tendência.
Nos gráficos deste capitulo, usamos unidades inglesas para facilitar a comparação com
índices mostrados em publicações internacionais e uma nomenclatura diferenciada.
Este índice dá uma idéia aproximada se num determinado catamaran pode existir ou não
interferência entre os flutuadores. Hoje em dia é aceito pela maioria dos projetistas que se
este índice for inferior a 50% poderá haver interferência quando navegamos com ondas que
não estejam alinhadas com o eixo longitudinal do catamaran.
Os projetos antigos possuíam uma boca de cerca de 40% da Lwl, principalmente por falta
de materiais que permitissem uma estrutura leve das transversais. Atualmente eles estão
com esse índice chegando em alguns casos em 60%
LOA / BOA
2,50
2,00
Loa/Boa
1,50
Seqüência1
1,00 Linear (Seqüência1)
0,50
0,00
10,000 15,000 20,000 25,000
Loa (m)
55
LWL / BWL – Índice Comprimento de linha d’água / Boca na linha d’água
LWL/b x LWL
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
10,000 15,000 20,000 25,000
Lwl (m)
Fig 31 – LWL/b
BOA / BWL
84,0
83,0
82,0
81,0
80,0
bmax/b
79,0
78,0
77,0
76,0
75,0
74,0
10,000 15,000 20,000 25,000
Lwl (m)
Fig 32 – bmax / b
56
DLR – Displacement Length Ratio
Serve para comparar a performance entre barcos. Um valor para o DLR entre 50 e 70
significa que é um barco rápido, entre 100 e 120, um barco lento.
Displacement-length-ratio
140,0
120,0
100,0
80,0
DLR
60,0
40,0
20,0
0,0
10,000 15,000 20,000 25,000
Lwl (m)
Fig 33 - DLR
LDR = LWL / ∇
1/3
57
Potência / Deslocamento
HP-ton = Hp / ∆
Em um barco Day Charter, a velocidade a motor está limitada a operação em regime apenas
de deslocamento. Este índice é útil para que não seja subdimensionada a potêcnia dos
motores.
Pot / Desloc
35,0
30,0
HP/Deslocamento
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
10,000 15,000 20,000 25,000
Lwl (m)
Fig 34 – HP / ∆
BN – Bruce Number
BN = AV /3 ∆
58
Bruce Number
1,80
1,60
1,40
1,20
1,00
Bn
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
10,000 15,000 20,000 25,000
Lwl (m)
Cp – Coeficiente prismático
Cp = ASM / LWL
CB – Coeficiente de bloco
CB = ∆ / (LWL . BWL . d)
SAD = AV / ∆2/3
59
Sail area-displacement-ratio
3,00
2,50
2,00
SAD
1,50
1,00
0,50
0,00
10,000 15,000 20,000 25,000
Lwl (m)
SN - Stability Number
P.0,5 BWL
SN = 0,682( )0,595 White (1990)
0,001785.A V .H
Usaremos a primeira fórmula por ser a mais usada pelos projetistas da atualidade.
O índice SN é na realidade a velocidade máxima em nó que o barco deverá atingir até que
seja necessário rizar. Este valor nunca poderá ser inferior a 24 nós.
Ele é o mais polemico de todos os índices mostrados aqui. Não que existam divergências
entre as suas diversas variações, mas sim a forma e o objetivo que cada projetista deseja.
60
Norwood (1979) é um clássico da teoria dos catamarans, trimarans e proas. Ele descreve de
uma maneira bastante acadêmica os princípios da estabilidade de um multicasco.
60
50
40
WSn
30
20
10
0
10,000 15,000 20,000 25,000
Lwl (m)
61
Estabilidade dinâmica
ED = 0,60 x SN
O coeficiente ED é expresso em nó, ou seja, ele nos informa qual a velocidade máxima a
ser atingida pelo barco com uma determinada área vélica antes que tenha que rizar. Ele é
um bom parâmetro para estipular a área vélica do barco. A partir da velocidade expressa
pelo ED o barco deverá rizar as velas.
40,0
35,0
30,0
25,0
Nó
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
-4,000 6,000 16,000 26,000
Lwl (m)
Performance Number
Um barco de cruzeiro irá possuir um índice entre 0,55 e 1,0. Acima de 1 podemos dizer que
é um barco com características de regata.
62
Perfomance index
1,20
1,00
0,80
PI
0,60
0,40
0,20
0,00
10,000 15,000 20,000 25,000
Lwl (m)
Coeficiente de Wyman
É um bom índice para estimativa de potência. É uma evolução dos tradicionais coeficientes
criados por Keith e Crouch e comentados por Wyman (1998).
0,14
0,12
0,10
Wyman coeficient
0,08
0,06
0,04
0,02
0,00
1,90 2,40 2,90 3,40
SLR
Velocidade a motor
V = Raiz ( LWL x HP / ∆ )
63
Onde: LWL deve ser em m
Pot em hp
D em ton
25,0
20,0
15,0
Nó
10,0
5,0
0,0
10,000 15,000 20,000 25,000
Lwl (m)
Nos catamarans Day Charter atuais, o casco possui um fundo que se aproxima de seções de
semicírculo ou elipses. Em alguns casos, existe uma região plana na parte mais a ré.
Devido ao fato dos flutuadores serem esbeltos, o movimento de arfagem possui uma maior
amplitude em relação a um monocasco de igual deslocamento e comprimento.
A resistência é afetada pela esbelteza dos flutuadores, (LWL / ∇1/3), espaçamentos dos
flutuadores (DLC / LWL) e área molhada (SCB / ∇2/3).
64
Como estamos tratando de uma embarcação que navega com propulsão principal a vela e
motor auxiliar, em regime de deslocamento ou no máximo semideslocamento, não faremos
maiores comentários sobre catamarans em regime de planeio que operam a motor cujas
vantagens sobre os monocasco são mais pronunciadas em semiplaneio e planeio.
Com o auxilio do programa Prolines, e baseados nos gráficos dos coeficientes, geramos o
plano de linhas mostrado abaixo, dados hidrostáticos e estabilidade para que pudéssemos
iniciar o nosso estudo. As características principais estão apresentadas na Tabela 1
65
Fig 42 – Plano de linhas
66
Características principais:
67
5.3. Arranjo geral
68
5.4. Estrutura
De uma maneira geral, os catamarans a vela usados em Day Charter são do tipo aberto, ou
seja, sem cabine como mostrado na fig. 46.
O fato de ser um catamaran aberto faz com que tenhamos os seguintes problemas
estruturais:
• União dos cascos por meio de apenas 2 transversais (do mastro e da popa). A
transversal de proa, pivotada nas extremidades, serve apenas para suportar a
carga do estai de proa, não colaborando, portanto para a união dos mesmos.
• Carga localizada. Esforço concentrado no pé do mastro sobre o meio do vão
da transversal do mastro.
• Carga localizada. Mastro suportado por apenas 1 estai de proa e 2 brandais.
• O mastro, em função do barco não adernar, ângulo de navegação em relação
ao vento aparente, velocidade alcançada e tipo de estaiamento, deve
obrigatoriamente ser uma coluna rígida e opcionalmente, pivotado na sua
base.
• Por ser um catamaran aberto, não temos a colaboração da estrutura da cabine
resistindo nos esforços da viga navio e da transmissão de esforços entre os
flutuadores.
• Como em um catamaran o momento de restauração é muito superior ao de
um monocasco, o efeito do vento sobre as velas é transformado na sua
maioria em velocidade do barco. Em um monocasco, pelo fato do mesmo
possuir um momento restaurador menor, a mesma força de vento irá aderná-
lo mais, fazendo com que a área projetada vertical das velas diminua e
conseqüentemente a força de propulsão seja menor, aliviando o esforço na
estrutura.
A metodologia usada por Skene (1904) é até hoje usada como referência no cálculo de
mastros, e atualizada por Jansen (2004), que parte do momento de emborcamento, e seu
respectivo braço de emborcamento, de um veleiro com uma banda de 30°.
Apesar de ser uma referência, esta metodologia é contestada por muitos. Henderson (1991),
menciona que a sua principal deficiência é não levar em conta a rigidez do barco. Como em
um catamaran a rigidez é menor do que em um monocasco o problema é mais crítico.
Iremos então proceder à elaboração de um modelo geométrico, onde serão aplicadas cargas,
restrições nos apoio, definidos os materiais e propriedades de cada elemento. Em seguida
este modelo será submetido ao Nastran que realizará análises da estrutura estaticamente
para por fim termos subsídios para fazer as criticas pertinentes.
69
Validação do modelo proposto
A fim de testarmos a metodologia que será utilizada no catamaran, iremos utilizar como
exemplo o mastro de vante do veleiro MV 25. Este projeto foi desenvolvido no Pólo
Náutico da UFRJ e hoje em dia é produzido em série sendo usado como veleiro escola.
Escolhemos este exemplo, pois é um projeto do qual temos todas as informações e mostrou-
se satisfatório no barco em questão.
Uma vez verificado que os resultados obtidos segundo a norma NBS/DNV estão
compatíveis com os analisados pelo Nastran, aplicaremos a mesma metodologia no
catamaran de 80´ em estudo para podermos questionar a aplicabilidade ou não da norma em
multicascos.
70
Na tabela abaixo, apresentamos os valores obtidos utilizando-se as regras do DNV.
Modelo Mastro
Momento emborcador 8820 N.m
Altura da força 8,260 m * aplicada na fixação do brandal
Força equivalente 1068 N
Direção da força Través
O modelo foi então analisado estaticamente pelo Nastran, variando-se o tipo de restrição do
pé do mastro.
No segundo caso, foi restrita a rotação no eixo vertical, z. Este é o caso mais usado nos
catamarans Day Charter,
T3 T3
Estai Mastro Mastro Força Força
Estai acima da Coluna coluna Estai no fuzil no
fuzil
Força Cruzet de força Brandal cruzeta Inferior intermed de lateral de
a proa proa
N N N N N N N N N N
T1 T2 T3 R3 - 1068 (630) 5154 3982 3727 (12043) (6827) 3335 (8921) (3127)[3]
71
Mitchell (1989) e (2005) sugere os seguintes coeficientes, para os estais e brandais:
O modelo a ser analisado é mostrado na fig 48. Como estamos interessados apenas na
determinação dos esforços globais do barco, modelamos as transversais e o mastro por
elementos de barras (beam). No casco e na plataforma usamos elementos de placa (plate) e
barras (rod) nos estais e demais cabos de inox do mastro e do estribo da transversal de proa.
Ver tabela 5.
72
O plano de linhas, foi executado no programa de arquitetura naval Prolines, sendo
exportado para o Autocad, para que fosse completado e preparado para ser exportado para o
MSC/Nastran.
O objetivo aqui foi o de comprovar os valores reais de cada laminado uma vez que existem
discrepâncias entre os valores informados pelos 1) fabricantes, com os obtidos em 2)
laboratórios e no 3) chão de fábrica. Os resultados obtidos ficaram dentro do esperado e,
portanto de acordo com os valores publicados por Shenoi & Wellicome (1993), Scott
(1996), Nicolson (1999) e Gibbs & Cox (1960).
73
Tração - Poliester
45,0
40,0
35,0
30,0
Carga - N
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
00
02
04
07
08
10
12
13
13
13
0,
0,
0,
0,
0,
0,
0,
0,
0,
0,
Deslocamento - mm
Com os resultados dos ensaios efetuados no LTS, foi possível preparar a coluna de fibra de
vidro da Tabela 5. Os dados do aço inox e alumínio, bem como de algumas propriedades
dos laminados de fibra de vidro foram extraídos de tabelas técnicas fornecidas pelos
manuais de diversos fabricantes e estão de acordo com as exigências das sociedades
classificadoras.
Em todo o restante do modelo foi usada fibra de vidro laminada com resina
poliéster.
74
Alumínio
Propriedades Und Fibra de vidro Inox 316 6061 T6
75
Elementos de fixação
A coluna do mastro é suportada pelo estai de proa e pelos 2 brandais através de terminais
prensados ou roscados nos dois extremos. No lado inferior, esses terminais se conectam ao
barco através de esticadores conectados aos fuzis e esses por sua vez fixados de forma
bastante rígida ao casco.
Desta forma considera-se que a escota esteja toda caçada para que a vela fique sempre
alinhada com a linha de centro do barco.
Casco
No casco será usada resina poliéster reforçada com fibra de vidro. Como estamos
interessados em determinar os esforços principais não será usada laminação em sanduíche
de balsa, espuma de PVC ou espuma SAN na modelagem por elementos finitos.
Transversais
Mostramos a seguir o arranjo estrutural das transversais, para que pudéssemos visualizar
melhor o modelo geométrico a ser desenvolvido para o Nastran.
76
Fig 46 – Transversal da proa
77
Fig 48 – Transversal da popa
78
5.6. Modelo geométrico analisado
Seções de mastro
As seções dos mastros dos catamarans possuem uma forma mais alongada (maior corda do
perfil em relação a largura, maior razão de aspecto) do que a de um monocasco. Ver figura
23. Isso é uma exigência dos mastros cambantes para serem mais aerodinâmicos. Nos casos
onde o mastro é fixo, a seção se aproxima de uma razão de aspecto típica de um
monocasco.
79
• Cargas concentradas no pé do mastro, garlindéu da retranca, fixação das ferragens
na coluna do mastro.
• Cargas distribuídas atuando na coluna do mastro devido a vela grande e no estai de
proa devido a vela de proa.
• Cargas inerciais devido ao movimento do barco.
A força aplicada à mastreação é definida pelo momento restaurador do barco, logo depende
diretamente da sua geometria e carregamento.
1 Través 0% 100%
2 Través 100% 0%
3 Través Rizo de 60 % 0%
4 Popa 100% 0%
As condições 1 e 3 são sugeridas por Larsson (1994). A condição 2 foi incluída devido ao
fato de termos geralmente apenas 1 brandal, suportando toda a mastreação com vento de
través, ao contrario do que ocorre nos veleiros monocascos onde temos estais de força e
brandais. Na condição 4 iremos verificar se é crítica em um catamaran, pois não existe nem
estai de popa nem estais volantes, logo todo o esforço é transferido para os 2 brandais.
Todas excluem os esforços causados por velas tipo balão ou gennaker (balão assimétrico).
80
Fig 51 – Condição 1
Fig 52 – Condição 2
81
Fig 53 – Condição 3
Fig 54 – Condição 4
82
Rizo da vela grande
No nosso caso em específico, fizemos 3 modelos: um da vela grande com 100%, outra da
buja com 100% e outra da vela grande rizada 60% .
Em veleiros do porte do que estamos analisando a vela grande é içada no mastro por meio
de adriças, com redução 2:1 no tope do mastro e com carros de esferas recirculantes no
trilho do mastro. Não é possível usar tralha com cabo costurado devido ao enorme atrito
entre a vela e a calha do mastro.
83
Fig 55 – Carro de esferas recirculantes
A vela do catamaran em estudo possui 10 talas e em cada uma delas um carro como o da fig
55. Na extremidade da vela grande existe um punho de fixação. Trata-se de uma vela
moderna do tipo foot loose, sem trilho na esteira.
84
Fig 57 – Vela grande 60% armada (rizo de 40%)
Condição de equilíbrio
MR = ME
MR = ∆ x b
ME = FV x h logo
∆ x b = FV x h
85
Podemos dizer que o deslocamento do barco ( ∆ ) multiplicado pela distância entre a linha
de centro do barco e do centro de flutuação ( b ) de um dos cascos, na iminência do outro
casco sair da água é igual a Força do vento ( F ) multiplicada pela altura do centro de
pressão ( h ).
∆.b
FV = [1]
h
b = 5,200 m
∆ = 27,476 t
h = 16,965 mm
MR = ME = 1.401.606 N . m
86
FV = 1.401.606 / 16,965
FV = 82618 N
Esta força do vento será distribuída na retranca, no extremo da esteira da vela grande, no
mastro e nos pontos correspondentes aos carros das talas da mesma vela.
Utilizamos por questões de simplificação, uma pressão uniforme em toda a vela grande uma
vez que assumimos que o vento irá atingir perpendicularmente. Assumimos também que a
vela não possui deformação e o vento possui uma distribuição uniforme.
área
2
Vela m
Grande 233,0
Grande com rizo de 60% de P 111,3
Buja 82,2
Tabela 8 – Área vélica
P = FV / área do grande
P = 82618 / 233
P = 354,68 N / m2
A fig 59 mostra a vela grande modelada por elemento de placa, sujeita a um carregamento
uniformemente distribuído de 354,68 N/m2. A idéia aqui é simplesmente dividir o esforço
total por cada um dos carros e usar esses esforços nos 4 modelos de carregamento.
87
Fig 59 – Vela com carregamento lateral uniforme
% Força Nó
27,72 22898 N Retranca
15,85 13094 N 10309
4,86 4013 N 10310
4,86 4013 N 10311
6,60 5457 N 10312
6,77 5597 N 10313
6,01 4967 N 10314
6,58 5437 N 10315
5,86 4841 N 10316
4,76 3930 N 10317
5,44 4492 N 10318
3,20 2641 N 10319
1,50 1236 N 10320
100,00 82618 N Total
88
% Força
28,99 8449 Retranca
12,20 3556 N
9,63 2806 N
10,84 3161 N
11,23 3274 N
10,51 3063 N
9,18 2676 N
5,78 1684 N
1,64 477 N
100,00 29147 Total
89
Fig 60 - Condição 1 : vento de través
90
5.8. Confronto de resultados com as regras do NBS/DNV
NBS/DNV
Método empírico (50% do brandal) --------- 233.913 233.913 -------- --------
Cálculo racional -------- -------- -------- 1.347.060 --------
MEF modelo 1 15.630 47.042 46.899 554.419 168.242
ψ 1,3 5,0 5,0 2,4 --------
91
• Compressão na base do mastro. Região onde o mastro está apoiado na transversal.
Registramos o valor da compressão na coluna do mastro, pois esta variável é
responsável pela definição das inércias longitudinais e transversais o que em última
instancia definirá a seção do perfil aerodinâmico do mastro.
• Tensão no brandal. Valor que definirá os brandais.
• Tensão no estai de proa. Valor responsável pela definição do estai de proa.
• Compressão no diamante inferior e superior. Valor que definirá o módulo de
secção e inércia dos diamantes e conseqüentemente o perfil aerodinâmico.
• Estai do diamante inferior e superior. Valor que definirá o cabo do diamante
inferior e superior.
• Tração no cabo do estribo. Valor que definirá o cabo do estribo.
• Compressão no estribo. Valor que definirá a seção do perfil do estribo.
O fator ψ não pode ser considerado um coeficiente de segurança propriamente dito, porém
poderá aproximar-se do mesmo desde que o modelo analisado pelo Nastran seja
futuramente mais refinado e confrontado com dados estatísticos e de laboratório.
• A compressão na base do mastro é maior do que o previsto, fazendo com que ψ seja
inferior a 1. O motivo para que isso ocorra é o fato da coluna do mastro ser muito
mais rígida do que no monocasco. Em um monocasco o mastro pode ser flexível de
tal maneira que podemos controlar a sua curvatura ao longo de diversos pontos e
melhorar assim o formato das velas, otimizando a performance. No caso do
catamaran o mastro é sempre muito rígido, pois como ele está apoiado em uma
estrutura flexível (transversal do mastro) não seria possível controlar a sua
curvatura. Teríamos o controle do mastro, mas não o das transversais. Desta
maneira temos que todo o esforço transferido ao mastro é transferido a transversal
na forma de compressão, não havendo perda de energia devido à flexão da coluna.
92
NBS/DNV leva isso em consideração e na extrapolação para os catamarans isso não
acontece.
• A tensão no estai de proa ao contrario dos brandais é um pouco menor do que o
previsto. Como a transversal de proa flexiona, a tensão cai, fato que não acontece
nos monocascos devido à rigidez da viga-navio.
• Os estais dos diamantes por sua vez estão bem abaixo do que o previsto (ψ = 5).
Vemos como razão para isso um motivo técnico. Enquanto nos estais e brandais os
terminais são do tipo Norseman, rosqueados, nos estais dos diamantes, eles são na
maioria das vezes prensados. Estes últimos são utilizados em cabos de inox de
diâmetro inferior a 12 mm por serem muito mais econômicos. Se passarmos a usar
terminais rosqueados, o coeficiente de segurança poderá cair, ficando o valor da
tensão nesses cabos mais próximo do analisado no caso 2.
93
6. Análise crítica e persectivas
A análise dos resultados por meio de uma interface gráfica é o melhor meio de visualização
do problema e o diagrama de deslocamento é o primeiro a ser analisado para termos certeza
de estarmos retratando o problema real.
A modelagem aqui apresentada possui também mais alguns aspectos positivos que
gostaríamos de ressaltar. Com pequenas alterações é possível a utilização do modelo para a
realização de análise dinâmica, estudos de vibração, cálculo de flambagem não linear,
cálculo de área, de peso e seu respectivo centro de gravidade.
Existe uma grande diferença quanto à aplicação de novas tecnologias usadas pela indústria
aeronáutica e de náutica. A primeira adota as tecnologias mais modernas e caras,
desenvolvidas especificamente para ela, porém faz uso apenas de materiais conhecidos e
consagrados em prol da segurança de vôo ao passo que com a segunda, acontece
exatamente o inverso, ou seja, por questões financeiras utiliza tecnologias que nem sempre
são de vanguarda, adaptadas para ela, porém empregando materiais novos ou em fase de
testes, com características mecânicas, de envelhecimento, fadiga e comportamento no mar
totalmente desconhecido.
É interessante notar que uma vez que um produto é aprovado pela indústria aeronáutica, o
fornecedor se compromete a manter as suas propriedades sob pena de ser descredenciado.
94
Para cada nova evolução, um novo certificado é emitido. Cada evolução significa um novo
produto.
Por esses motivos é que a estrutura dos grandes catamarans a vela deve ser calculada
usando-se ferramentas de elementos finitos, ensaiando corpos de prova e monitorando-se
(telemetria) a maior quantidade possível de pontos para uma posterior análise.
7. Pesquisas futuras
Uma vez equacionado o modelo estrutural global desses catamarans a vela, é desejável que
existam estudos sobre as cargas estáticas e dinâmicas localizadas, da mastreação sobre a
estrutura da embarcação, sob o efeito de cargas dinâmicas, visando o desenvolvimento de
um programa específico para a estimativa de esforços na mastreação.
Existem pontos críticos na mastreação que deverão ser estudados e analisados com critérios
mais precisos e específicos do que os normalmente utilizados na prática pelo engenheiro
naval. Pontos como fuzil, olhais de fixação dos estais no mastro, garlindéu, diamantes,
estrutura interna das transversais e outros, deverão ser analisados a partir de modelos
específicos, onde poderão ser utilizados por modelagem de sólidos, Fox (2000).
Um catamaran a vela, navegando em alta velocidade ao chocar-se com uma onda, o faz com
um comportamento físico diferente de um catamaran a motor, Devido a sua forma mais
esbelta e pelo fato do ponto de atuação da força propulsora (centro de esforço vélico - CEV)
estar muito acima do centro de gravidade da embarcação, os efeitos da aceleração vertical
na região da proa são minimizados e o casco comporta-se mais próximo de um wave
piercing. Pretendemos levantar esses dados para a formulação de novos critérios estruturais
e hidrodinâmicos.
95
Outra linha de pesquisas futuras é o estudo da fadiga da estrutura do mastro e estaiamento,
em catamarans de serviços, uma vez que eles estão expostos a um rating de cargas de
serviços bem acima do que ocorre com os seus equivalentes de cruzeiro e regata.
Por último, deverá ser desenvolvido um programa para estimativa de velocidades (Velocity
Prediction Program) especifico para catamarans (VPP – CAT), a semelhança do que existe
para os veleiros monocascos.
Para tanto deverá ser desenvolvida e testada em tanque de provas uma série sistemática de
formas de casco que se assemelhe aos catamarans atuais. Com o uso de ferramentas de
CFD, esses modelos poderão ajudar na calibragem do programa para permitir uma
validação de resultados obtidos. A partir destes ensaios, faremos uma série de regressões
para podermos produzir um programa capaz de simulações em condições mínimas de
precisão.
96
8. Conclusões
Em função da análise dos dados e comparações efetuadas, concluímos que a solução para o
problema abordado de um catamaran a vela deve ser estudada a partir de um modelo, que
englobe todos os esforços atuantes sobre a estrutura. É necessário analisar o conjunto casco,
transversais e mastro em um único modelo. Isso ficou demonstrado nas análises que
fizemos com o MEF. Não é possível resolver este problema sem a utilização de elementos
finitos.
Quando usamos materiais compósitos, que são fabricados por processos construtivos
manuais e com matérias primas freqüentemente reformuladas pelos fabricantes, impõem-se
altos coeficientes de segurança, comprometendo o peso final, que deve ser baixo.
Recomenda-se ensaiar todo o material compósito em equipamento de ensaio universal para
que as propriedades mecânicas sejam conhecidas e devidamente utilizadas no estudo de
MEF.
97
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101
Apêndice I - Resultados de ensaios de material compósito
Foram fabricadas placas laminadas com tecidos de fibra de vidro tipo E-glass de 600 g/m2,
intercaladas com manta de 450 g/m2, segundo as normas do American Bureau of Shipping e
do Det Norske Veritas. Após a completa cura, foram retirados corpos de prova de posições
aleatórias, as quais foram utilizadas nos ensaios.
Os laminados foram fabricados pelo método hand layup, ou laminação manual, utilizando-
se resina epóxi produto Scuna rápida, fabricados pela empresa Tubolit Ltda, Rio de Janeiro
e poliéster dos tipos isofitálica e ortofitálica, fabricadas pela empresa Cray Valley do Brasil,
São Paulo. Não foi usado nenhum procedimento de pós cura com calor ou pressão
mecânica.
No catamaran de 80´, utilizado como estudo de caso nesta tese, o laminado básico é de fibra
de vidro sobre uma matriz de base epóxi, uma vez que as suas dimensões se encontram
quase no limite superior das regras do ABS e DNV para veleiros. As resinas de base
poliéster, de custo mais accessível, são utilizadas em embarcações de menor porte, pois as
suas características mecânicas são inferiores as encontradas nas resinas de base epóxi.
No entanto por questões de verificação e comparação, testamos 60 amostras dos três tipos
de resina mencionados acima.
Epóxi 5 5 5
Poliéster isofitálica (0 % de estireno) 5 5 5
Poliéster isofitálica (15 % de estireno) 5 5 5
Poliéster ortofitálica 5 5 5
Total de ensaios 20 20 20
Tabela I-1 – quantidade de ensaios efetuados
102
Normas utilizadas
• American Society for Testing Materials, ASTM D 638 - " Tensile properties of
plastics (metric)"
• DNV - Det Norke Veritas - Fibre composite and sandwich Design/January 1991
103
Corpos de prova
Quanto à forma e ensaios a que se destinam os corpos de prova foram fabricados com os
seguintes formatos:
104
Tipo B - Destinada aos ensaios de tração
105
Exemplo de relatório emitido pelo equipamento de ensaio
106
Tensile Tensile Tensile Corrected
Time Extension Strain Strain Load stress extension strain Position Position Tenacity Average Differential
2
sec mm 1% 2% kgf kgf/cm mm % mm mm gf/tex strain % strain %
0,00 0,00 0,00 -0,02 0,47 0,89 0,00 0,00 0,00 0,00 4207 -0,01 0,02
1,00 0,01 0,01 -0,02 2,24 4,27 0,00 0,01 0,01 0,01 20144 -0,01 0,03
2,00 0,02 0,01 -0,02 4,05 7,74 0,00 0,01 0,02 0,02 36451 0,00 0,03
3,00 0,02 0,02 -0,02 5,62 10,73 0,01 0,02 0,02 0,02 50550 0,00 0,04
3,66 0,03 0,03 -0,02 6,84 13,06 0,01 0,03 0,03 0,03 61553 0,01 0,05
4,00 0,03 0,03 -0,02 7,39 14,11 0,01 0,03 0,03 0,03 66482 0,01 0,05
5,00 0,04 0,05 -0,02 8,99 17,17 0,01 0,05 0,04 0,04 80893 0,01 0,07
6,00 0,05 0,05 -0,02 10,71 20,46 0,01 0,05 0,05 0,05 96401 0,02 0,07
7,00 0,06 0,06 -0,02 12,29 23,47 0,01 0,06 0,06 0,06 110596 0,02 0,08
7,62 0,06 0,07 -0,02 13,19 25,20 0,02 0,07 0,06 0,06 118750 0,03 0,09
8,00 0,07 0,07 -0,02 13,77 26,29 0,02 0,07 0,07 0,07 123902 0,03 0,09
9,00 0,07 0,08 -0,02 15,47 29,54 0,02 0,08 0,07 0,07 139214 0,03 0,10
10,00 0,08 0,09 -0,02 17,07 32,60 0,02 0,09 0,08 0,08 153641 0,03 0,11
11,00 0,09 0,10 -0,02 18,67 35,67 0,02 0,10 0,09 0,09 168071 0,04 0,12
11,51 0,09 0,10 -0,02 19,55 37,34 0,03 0,10 0,09 0,09 175954 0,04 0,12
12,00 0,10 0,11 -0,02 20,22 38,62 0,03 0,11 0,10 0,10 182012 0,04 0,13
13,00 0,11 0,12 -0,02 21,74 41,52 0,03 0,12 0,11 0,11 195671 0,05 0,14
14,00 0,12 0,12 -0,02 23,45 44,78 0,03 0,12 0,12 0,12 211040 0,05 0,14
15,00 0,12 0,13 -0,02 25,02 47,79 0,03 0,13 0,12 0,12 225210 0,06 0,15
15,56 0,13 0,14 -0,02 25,94 49,54 0,03 0,14 0,13 0,13 233451 0,06 0,16
16,00 0,13 0,14 -0,02 26,71 51,00 0,04 0,14 0,13 0,13 240354 0,06 0,16
17,00 0,14 0,15 -0,02 28,10 53,68 0,04 0,15 0,14 0,14 252941 0,07 0,17
18,00 0,15 0,16 -0,02 29,78 56,87 0,04 0,16 0,15 0,15 267995 0,07 0,18
19,00 0,16 0,17 -0,02 31,28 59,75 0,04 0,17 0,16 0,16 281559 0,07 0,19
19,65 0,16 0,17 -0,02 32,32 61,72 0,04 0,17 0,16 0,16 290855 0,08 0,19
20,00 0,17 0,18 -0,02 32,78 62,60 0,04 0,18 0,17 0,17 295010 0,08 0,20
21,00 0,17 0,19 -0,02 34,30 65,51 0,05 0,19 0,17 0,17 308729 0,08 0,21
22,00 0,18 0,20 -0,02 35,82 68,42 0,05 0,20 0,18 0,18 322410 0,09 0,22
23,00 0,19 0,21 -0,02 37,42 71,46 0,05 0,21 0,19 0,19 336758 0,09 0,23
107
23,82 0,20 0,21 -0,02 38,70 73,91 0,05 0,21 0,20 0,20 348300 0,10 0,23
24,00 0,20 0,21 -0,02 38,94 74,37 0,05 0,21 0,20 0,20 350477 0,10 0,23
25,00 0,21 0,22 -0,02 40,52 77,39 0,06 0,22 0,21 0,21 364673 0,10 0,24
26,00 0,22 0,23 -0,02 42,02 80,26 0,06 0,23 0,22 0,22 378206 0,11 0,25
27,00 0,22 0,24 -0,02 43,56 83,20 0,06 0,24 0,22 0,22 392056 0,11 0,26
27,99 0,23 0,25 -0,02 45,09 86,11 0,06 0,25 0,23 0,23 405789 0,11 0,27
28,00 0,23 0,25 -0,02 45,03 86,00 0,06 0,25 0,23 0,23 405272 0,11 0,27
29,00 0,24 0,26 -0,02 46,57 88,94 0,06 0,26 0,24 0,24 419131 0,12 0,28
30,00 0,25 0,27 -0,02 48,07 91,80 0,07 0,27 0,25 0,25 432596 0,12 0,29
31,00 0,26 0,28 -0,02 49,56 94,66 0,07 0,28 0,26 0,26 446072 0,13 0,30
32,00 0,27 0,29 -0,02 51,16 97,71 0,07 0,29 0,27 0,27 460434 0,13 0,31
32,15 0,27 0,29 -0,02 51,47 98,29 0,07 0,29 0,27 0,27 463204 0,13 0,31
33,00 0,27 0,29 -0,02 52,62 100,50 0,07 0,29 0,27 0,27 473589 0,14 0,31
34,00 0,28 0,30 -0,02 54,12 103,36 0,08 0,30 0,28 0,28 487090 0,14 0,32
35,00 0,29 0,32 -0,02 55,58 106,15 0,08 0,32 0,29 0,29 500235 0,15 0,34
36,00 0,30 0,33 -0,02 57,09 109,03 0,08 0,33 0,30 0,30 513790 0,15 0,35
36,40 0,30 0,33 -0,02 57,80 110,39 0,08 0,33 0,30 0,30 520201 0,15 0,35
37,00 0,31 0,33 -0,02 58,62 111,96 0,08 0,33 0,31 0,31 527607 0,16 0,35
38,00 0,32 0,34 -0,02 60,10 114,78 0,08 0,34 0,32 0,32 540903 0,16 0,36
39,00 0,32 0,35 -0,02 61,49 117,44 0,09 0,35 0,32 0,32 553419 0,16 0,37
40,00 0,33 0,36 -0,02 63,02 120,37 0,09 0,36 0,33 0,33 567223 0,17 0,38
40,74 0,34 0,37 -0,02 64,17 122,55 0,09 0,37 0,34 0,34 577504 0,17 0,39
41,00 0,34 0,37 -0,02 64,55 123,27 0,09 0,37 0,34 0,34 580906 0,17 0,39
42,00 0,35 0,37 -0,02 65,96 125,96 0,09 0,37 0,35 0,35 593597 0,18 0,39
43,00 0,36 0,39 -0,02 67,49 128,90 0,10 0,39 0,36 0,36 607445 0,18 0,41
44,00 0,36 0,40 -0,02 68,92 131,62 0,10 0,40 0,36 0,36 620261 0,19 0,42
45,00 0,37 0,41 -0,02 70,38 134,41 0,10 0,41 0,37 0,37 633379 0,19 0,43
45,11 0,37 0,40 -0,02 70,55 134,75 0,10 0,40 0,37 0,37 634979 0,19 0,42
46,00 0,38 0,41 -0,02 71,86 137,24 0,10 0,41 0,38 0,38 646729 0,20 0,43
47,00 0,39 0,42 -0,02 73,30 140,00 0,11 0,42 0,39 0,39 659740 0,20 0,44
48,00 0,40 0,43 -0,02 74,83 142,92 0,11 0,43 0,40 0,40 673489 0,21 0,45
49,00 0,41 0,44 -0,02 76,18 145,50 0,11 0,44 0,41 0,41 685652 0,21 0,46
49,48 0,41 0,44 -0,02 76,92 146,90 0,11 0,44 0,41 0,41 692263 0,21 0,46
108
50,00 0,41 0,45 -0,02 77,74 148,48 0,11 0,45 0,41 0,41 699678 0,21 0,47
51,00 0,42 0,46 -0,02 79,12 151,11 0,11 0,46 0,42 0,42 712089 0,22 0,48
52,00 0,43 0,47 -0,02 80,54 153,82 0,12 0,47 0,43 0,43 724876 0,22 0,49
53,00 0,44 0,48 -0,02 82,02 156,64 0,12 0,48 0,44 0,44 738155 0,23 0,50
53,93 0,45 0,48 -0,02 83,30 159,09 0,12 0,48 0,45 0,45 749675 0,23 0,50
54,00 0,45 0,48 -0,02 83,34 159,17 0,12 0,48 0,45 0,45 750055 0,23 0,50
55,00 0,46 0,49 -0,02 84,83 162,02 0,12 0,49 0,46 0,46 763490 0,24 0,51
56,00 0,46 0,50 -0,02 86,23 164,69 0,13 0,50 0,46 0,46 776071 0,24 0,52
57,00 0,47 0,51 -0,02 87,72 167,52 0,13 0,51 0,47 0,47 789443 0,25 0,53
58,00 0,48 0,52 -0,02 89,07 170,10 0,13 0,52 0,48 0,48 801593 0,25 0,54
58,41 0,48 0,52 -0,02 89,68 171,27 0,13 0,52 0,48 0,48 807079 0,25 0,54
59,00 0,49 0,53 -0,02 90,51 172,85 0,13 0,53 0,49 0,49 814554 0,25 0,55
60,00 0,50 0,54 -0,02 91,84 175,41 0,13 0,54 0,50 0,50 826591 0,26 0,56
61,00 0,51 0,55 -0,02 93,32 178,24 0,14 0,55 0,51 0,51 839917 0,26 0,57
62,00 0,51 0,56 -0,02 94,71 180,88 0,14 0,56 0,51 0,51 852361 0,27 0,58
62,94 0,52 0,57 -0,02 96,05 183,44 0,14 0,57 0,52 0,52 864445 0,27 0,59
63,00 0,52 0,56 -0,02 96,06 183,46 0,14 0,56 0,52 0,52 864554 0,27 0,58
64,00 0,53 0,57 -0,02 97,57 186,35 0,14 0,57 0,53 0,53 878148 0,28 0,59
65,00 0,54 0,58 -0,02 98,90 188,88 0,15 0,58 0,54 0,54 890073 0,28 0,60
66,00 0,55 0,59 -0,02 100,26 191,47 0,15 0,59 0,55 0,55 902304 0,29 0,61
67,00 0,56 0,60 -0,02 101,63 194,10 0,15 0,60 0,56 0,56 914659 0,29 0,62
67,50 0,56 0,60 -0,02 102,42 195,61 0,15 0,60 0,56 0,56 921789 0,29 0,62
68,00 0,56 0,61 -0,02 103,05 196,81 0,15 0,61 0,56 0,56 927456 0,29 0,63
69,00 0,57 0,62 -0,02 104,47 199,52 0,15 0,62 0,57 0,57 940234 0,30 0,64
70,00 0,58 0,63 -0,02 105,88 202,22 0,16 0,63 0,58 0,58 952955 0,31 0,65
71,00 0,59 0,64 -0,02 107,24 204,81 0,16 0,64 0,59 0,59 965124 0,31 0,66
72,00 0,60 0,65 -0,02 108,73 207,65 0,16 0,65 0,60 0,60 978526 0,31 0,67
72,07 0,60 0,65 -0,02 108,78 207,75 0,16 0,65 0,60 0,60 979010 0,31 0,67
73,00 0,61 0,66 -0,02 110,04 210,17 0,16 0,66 0,61 0,61 990401 0,32 0,68
74,00 0,61 0,67 -0,02 111,39 212,74 0,17 0,67 0,61 0,61 1002532 0,32 0,69
75,00 0,62 0,68 -0,02 112,70 215,25 0,17 0,68 0,62 0,62 1014339 0,33 0,70
76,00 0,63 0,68 -0,02 114,12 217,96 0,17 0,68 0,63 0,63 1027123 0,33 0,70
76,77 0,64 0,69 -0,02 115,17 219,95 0,17 0,69 0,64 0,64 1036515 0,34 0,71
109
77,00 0,64 0,69 -0,02 115,48 220,54 0,17 0,69 0,64 0,64 1039280 0,33 0,71
78,00 0,65 0,70 -0,02 116,76 223,00 0,18 0,70 0,65 0,65 1050842 0,34 0,72
78,39 0,65 0,44 -0,02 44,08 84,19 0,11 0,44 0,65 0,65 396752 0,21 0,46
78,39 0,65 0,37 -0,02 18,00 34,38 0,09 0,37 0,65 0,65 162024 0,17 0,39
78,39 0,65 0,35 -0,02 5,44 10,39 0,09 0,35 0,65 0,65 48980 0,17 0,37
78,39 0,65 0,40 -0,02 -0,24 -0,45 0,10 0,40 0,65 0,65 -2117 0,19 0,42
78,40 0,65 -0,12 -0,02 -0,95 -1,81 -0,03 -0,12 0,65 0,65 -8546 -0,07 -0,10
78,40 0,65 -0,22 -0,02 0,72 1,38 -0,05 -0,22 0,65 0,65 6501 -0,12 -0,20
78,40 0,65 -0,31 -0,02 1,81 3,46 -0,08 -0,31 0,65 0,65 16304 -0,17 -0,29
78,40 0,65 -0,32 -0,02 2,57 4,91 -0,08 -0,32 0,65 0,65 23144 -0,17 -0,30
78,40 0,65 -0,27 -0,02 3,51 6,70 -0,07 -0,27 0,65 0,65 31574 -0,14 -0,24
78,40 0,65 -0,34 -0,02 4,36 8,34 -0,08 -0,34 0,65 0,65 39279 -0,18 -0,32
78,40 0,65 -0,21 -0,02 5,01 9,58 -0,05 -0,21 0,65 0,65 45126 -0,12 -0,19
78,40 0,65 -0,31 -0,02 3,60 6,88 -0,08 -0,31 0,65 0,65 32425 -0,17 -0,29
78,40 0,65 -0,16 -0,02 4,37 8,35 -0,04 -0,16 0,65 0,65 39355 -0,09 -0,14
78,40 0,65 0,06 -0,02 5,98 11,41 0,02 0,06 0,65 0,65 53780 0,02 0,08
78,41 0,65 0,15 -0,02 3,24 6,18 0,04 0,15 0,65 0,65 29118 0,06 0,17
78,41 0,65 0,20 -0,02 3,28 6,27 0,05 0,20 0,65 0,65 29555 0,09 0,22
78,41 0,65 0,15 -0,02 6,02 11,51 0,04 0,15 0,65 0,65 54220 0,07 0,17
110
OBSERVAÇÕES
Matriz Teste
Tração
Mpa
Poliéster isofitálica (0 % de estireno) 115
Poliéster isofitálica (15 % de estireno) 115
Poliéster ortofitálica 112
Epóxi 124
No quadro abaixo são apresentados os valores das propriedades mecânicas das amostras de
epóxi:
111
GRÁFICOS CARACTERÍSTICOS
Carga - N
Carga - N
100
150
200
250
300
350
-50
50
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0,00
0
0,00
1,20
0,15
2,40
0,32
3,60
0,49
4,81 0,66
Deslocamento - mm
6,01
Ensaio de tração
0,85
7,23 1,04
Flexão
8,45 1,24
Desloc - mm
112
9,67 1,44
10,88 1,66
12,10 1,68
13,32 1,67
14,53 1,67
1,67
15,75
16,96
Seqüência1
18,18
19,40
Compressão
3500
3000
2500
Carga - N
2000
1500
1000
500
0
00
04
09
15
21
27
34
41
49
57
70
82
86
87
88
89
0,
0,
0,
0,
0,
0,
0,
0,
0,
0,
0,
0,
0,
0,
0,
0,
Desloc mm
140,00
120,00
100,00
Carga - N
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
0,00
0,05
0,09
0,14
0,19
0,23
0,28
0,33
0,37
0,42
0,47
0,52
0,56
0,61
0,65
0,65
0,65
-20,00
Deslocamento - mm
113
Apêndice II - Resultados gráficos da análise por elementos finitos
114
Condição 2 - Momento fletor
115
Condição 3 - Momento fletor
116
Condição 4 - Momento fletor
117
Condição 1 - Cisalhamento
118
Condição 2 - Cisalhamento
119
Condição 3 - Cisalhamento
120
Condição 4 - Cisalhamento
121
Condição 1 – Força axial
122
Condição 2 – Força axial
123
Condição 3 – Força axial
124
Condição 4 – Força axial
125
Condição 1 - Tensão
126
Condição 2 - Tensão
127
Condição 3 - Tensão
128
Condição 4 - Tensão
129