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Aula 3

Marés: variabilidade de seus


valores; medições; previsões e sua
importância para as áreas costeiras

Luiz Saavedra Baptista Filho


Jorge Soares Marques
Aula 3 • Marés: variabilidade de seus valores; medições; previsões e sua importância para as áreas costeiras

Meta

Demonstrar a existência de diferenças de frequência e intensidade na


atuação das marés sobre os litorais e sua importância.

Objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:


1. compreender que não só os astros têm influência na variação dos
valores de maré nos litorais;
2. entender de onde e como são obtidos os valores dos níveis de maré e
constituídas previsões de sua ocorrência;
3. avaliar que a influência maior ou menor da maré, nos ambientes cos-
teiros, está relacionada à frequência e intensidade de sua ação e à forma
como irá interagir com os demais processos que atuam nesses lugares.

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Geomorfologia Costeira

Introdução: quando a maré subir

A compreensão dos movimentos das águas do mar envolve comple-


xos níveis de aquisição de conhecimento. Gradativamente, eles vão se
ampliando pela necessidade de obter e explicar, com maior precisão,
o comportamento da frequência e da intensidade dos valores de suas
ocorrências no tempo e no espaço.
Para compreender melhor a atuação das marés, as variações de seus
valores devem ser registradas e suas causas identificadas e explicadas.
Com esses dados e informações, é possível fazer previsões quanto ao seu
comportamento e sua influência na dinâmica dos ambientes costeiros.
Na Geomorfologia, as marés são importantes, por participarem di-
reta e indiretamente em processos de formação e evolução do relevo
das áreas costeiras.

Causas da variabilidade das marés,


amplitudes e giro de marés

Seria muito simples entender por que os valores de marés variam


num determinado lugar, se houvesse apenas um fator para estabelecer a
ocorrência dessas variações.
Há dois fatores principais que são responsáveis por causar as varia-
ções dos níveis das marés: os astros e as características de cada local a
ser considerado.

Os astros e as variações dos valores da maré

Em relação aos astros, são levados em consideração, como fontes de va-


riação dos valores das marés, as influências exercidas por suas massas, seus
movimentos específicos e as posições que eles ocupam em suas trajetórias.
Exemplificando:
a) As órbitas dos astros ao redor dos outros não são circulares. Isso
significa que, em suas trajetórias, existem posições com diferentes dis-
tâncias entre eles. A posição da Terra em sua órbita mais próxima do
Sol é denominada periélio (máximo de proximidade) e a mais distante
recebe o nome de afélio (máximo de afastamento). Se a Lua estiver em
sua posição de lua nova, a maré será bem alta e de maior amplitude. Será
ainda mais alta se ela estiver em sua revolução na posição mais próxima

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à Terra, e, mais alta ainda, se a Terra também estiver em posição mais


próxima ao Sol (periélio);
b) Os astros não têm apenas movimentos de rotação e translação. A
Terra, por exemplo, em sua translação, também se inclina até pouco
mais de 23º para o norte e para o sul, em relação ao plano do Equador
(posições que definem os trópicos de Câncer e Capricórnio). É essa in-
clinação que determina as estações do ano para cada um dos hemisfé-
rios. Quando é verão no hemisfério norte, é inverno no sul. Em função
disso, qualquer ponto do planeta (consequentemente, também do lito-
ral) não está sempre posicionado com a mesma distância do Sol ou da
Lua. Por sua vez, também existem outras diferenças de distância, porque
a órbita que a Lua descreve, ao circundar a Terra, não é em volta do
Equador, e sim numa posição que lhe é oblíqua.

Quando a Lua, em sua órbita de revolução, atinge a posição mais


próxima do centro da Terra, é dito que ela atingiu o perigeu. Quando
chega à posição de maior distância, ela atinge o chamado apogeu.

Maré nas variantes locais

Em relação às características do local, as variações dos níveis de


maré dependem:
• de sua latitude (quanto maior é a latitude do lugar, menores tendem
a ser as amplitudes de maré;
• da forma do litoral;
• da profundidade do mar à sua frente (que pode modificar, para cima
ou para baixo, o nível de maré esperado pela influência dos astros).
Ainda devem ser consideradas as condições meteorológicas que, as-
sociadas à latitude e à conformação do litoral, podem gerar localmente
desníveis do nível do mar superiores aos astronomicamente produzidos.

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Geomorfologia Costeira

Exemplificando:
O fenômeno verificado no estado do Rio Grande do Sul, onde fren-
tes frias são responsáveis por empilhamentos de água sobre seu litoral,
é chamado de maré meteorológica (Figura 3.1) e deve-se ao efeito de
Ekman, que será visto em detalhe na aula sobre correntes.
O efeito de Ekman interfere na camada superficial de água sob a ação do
vento, promovendo um deslocamento resultante para 90º à esquerda da dire-
ção do vento no hemisfério sul. Esse efeito pode se associar às características
do litoral do RS, que se localiza em médias latitudes (acima de 30ºS), onde as
amplitudes de marés não são tão proeminentes, e que apresenta configuração
litorânea bastante retilínea e de orientação geral nordeste-sudoeste. Quando
há passagem de frentes frias de sul para norte, marés meteorológicas sobre o
litoral acabam sendo produzidas por conta do efeito de Ekman. Logicamente,
a periodicidade desse fenômeno depende tanto da frequência de entradas de
frentes frias quanto de suas durações e intensidades.

Figura 3.1: Ação de marés meteorológicas no estado do Rio Grande do


Sul, em função da ocorrência de uma frente fria.
Fonte: https://www.google.com.br/maps/@-29.4161054,-52.9289886,1251415m/data
=!3m1!1e3

Essas causas, que acabam se associando umas às outras, explicam


por que os níveis de maré variam de um local para outro e, em um mes-
mo local, por que não são sempre os mesmos. Para um mesmo local,
eles variam ao longo do tempo, tanto para valores de preamar quanto
para os de baixa-mar. Disso, resulta ter em cada lugar:

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• um valor médio de marés altas;


• um valor médio de marés baixas;
• um valor médio de amplitudes de maré;
• valores mais frequentes de maré (menores e mais próximos da média);
• valores de maré extremos menos frequentes (maiores e mais afasta-
dos da média).
Há lugares em que as diferenças (amplitudes) entre as marés altas e
baixas são mínimas e, em outros, as diferenças são muito grandes. As
amplitudes de marés podem chegar a vários metros. No norte do Bra-
sil, existem amplitudes de maré superiores a 5 metros. Marés inclusive
superiores a essas podem ser encontradas em outros litorais do planeta.

Os diferentes tipos de maré

Além dos valores que as marés alcançam em altura, outro aspecto não
menos importante a ser considerado em um litoral é a própria frequência
das marés altas e baixas durante aproximadamente um dia. Em função
disso, as marés são classificadas em semidiurnas, diurnas e mistas.
No litoral brasileiro, ocorrem duas marés altas e duas baixas em
aproximadamente um dia. Marés desse tipo, com dois ciclos de maré
baixa e alta num dia, são denominadas semidiurnas. Quando, no litoral,
ocorre um único ciclo de preamar e baixa-mar em cerca de 24 horas, as
marés são classificadas como diurnas.
Em determinadas circunstâncias, o fenômeno se verifica de modo
que as preamares e as baixa-mares sucessivas diferem muito quanto ao
nível que suas águas alcançam e a sua periodicidade, qualificando-se,
então, as chamadas marés mistas.
O que determina os tipos de maré em um dado local é a sua frequência,
fixada pela relação das componentes diurnas e semidiurnas dos as-
tros (Terra/Lua/Sol), ou seja, as posições que os astros ocupam entre
si durante o dia, bem como os recortes dos continentes que alteram a
direção dos fluxos d’água associados ao fenômeno. Se as componentes
semidiurnas prevalecem, observam-se marés semidiurnas, como as en-
contradas na maior parte das costas do oceano Atlântico. Se as compo-
nentes diurnas dominam, têm-se marés diurnas, como encontrado nas
costas do oceano Pacífico Ocidental. Quando as duas componentes se

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Geomorfologia Costeira

combinam, temos as marés mistas, como notado no Pacífico Oriental e


na maior parte das costas do oceano Índico.
Há ainda situações em que certas componentes do posicionamen-
to dos astros têm períodos muito mais longos: semimensais ou mensais
para as lunares, semianuais ou anuais para as solares.
O último aspecto a ser abordado é o giro da maré. Muitas pessoas
pensam que, ao longo de toda a costa, todos os lugares terão maré alta
e baixa no mesmo horário. Isso não é verdade. Há uma forma de apre-
sentar o fenômeno, que facilita entender como as marés alta e baixa vão
ocorrendo ao longo da costa. Deve-se entender a maré como sendo um
tipo de onda, denominada estacionária.
As ondas descritas nas duas situações da Figura 3.2 são chamadas esta-
cionárias. Elas foram apresentadas para tentar ilustrar melhor o que ocorre
com massas d’água que se entumecem na superfície do planeta e, pelo efeito
da rotação terrestre, giram como uma onda em torno de um ponto.

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Figura 3.2: Entendendo a maré como uma onda.

Vale a pena você reproduzir as experiências da Figura 3.2, para me-


lhor visualizar o resultado. Mas cuidado! Coloque pouca água e não ba-
lance a bacia com muita força, porque poderá entornar a água.
Imagine agora o que pode ocorrer em bacias que se formam nos ocea-
nos. Em uma situação real, o que faz a água balançar de um lado para o ou-
tro é a relação de atração entre a Terra e Lua. Se a Terra não tivesse rotação, a
água ora subiria para um lado, ora para o outro, ou seja, agiria apenas como
uma grande onda. E é com a rotação que essa onda gira dentro da bacia. Por
exemplo: numa borda da bacia, a água entumece com a passagem à frente
de uma lua nova e, na outra, ela abaixa (isso é uma onda estacionária). Não
podemos esquecer que a Terra está girando, e a água tem que girar dentro
das bacias. Com isso, a onda de maré alta e baixa vai se deslocando (circu-
lando) ao longo das costas, dentro das bacias.
A rotação da Terra impõe o giro da água, ou melhor, da onda, e é esse
giro que faz com que, por exemplo, em Salvador, a maré que está abaixando

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Geomorfologia Costeira

(pois a onda de maré já passou) vá para Vitória, onde ela ainda está subindo
e, depois, vá para o Rio de Janeiro, e assim por diante. Além dos horários
serem diferentes, os níveis de maré em cada lugar não serão iguais, pois en-
tram nessa relação os fatores locais. A água que estava em Salvador não irá
para Vitória e depois para o Rio de Janeiro, e sim o movimento vibratório.
Teoricamente, no meio das bacias, haverá um ponto onde o nível de
maré não irá variar, que é denominado ponto anfidrômico.
A seguir, na Figura 3.3, em decorrência de pesquisas sobre marés no
oceano Atlântico Sul (Mesquita, 1997), são observados dois pontos anfi-
drômicos para a componente de maré. Um ponto anfidrômico localiza-se
na área central do Atlântico Sul, e outro, próximo à cidade de Rio Grande.
Ligam-se a esses pontos linhas cotidais, que representam ondas de maré de
mesma fase da propagação. Em cada linha, há uma numeração crescente,
que indica os posicionamentos da crista da onda de marés de hora em
hora. Essas ondas se propagam em torno dos pontos anfidrômicos, levan-
do cerca de 12 horas para completar um giro. Esses giros se estabelecem no
sentido anti-horário no ponto central do Atlântico Sul e horário nas ime-
diações de Rio Grande, representados por setas curvilíneas dispostas ao
redor dos pontos. O encontro de suas linhas cotidais acaba por influenciar
a maré da região sudeste. Esse tipo de gráfico, mostrado na Figura 3.3, é
usado para mostrar o deslocamento da maré ao redor das bacias.

Figura 3.3: Localização de pontos anfidrômicos para a componente M2


das marés no oceano Atlântico Sul.
Fonte: http://www.mares.io.usp.br/sudeste/sudeste.html.

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Observa-se, também, através do menor e maior espaçamento entre as


linhas cotidais, que a velocidade de propagação ou celeridade da onda de
maré é pequena em regiões oceânicas próximas aos pontos anfidrômicos
e muito grande nas proximidades dos continentes, respectivamente.

Atividade 1

Atende ao objetivo 1

Responda às perguntas abaixo:

1. Por que, de um dia para o outro, os valores das marés mudam?

2. O que pode afetar os valores das marés?

3. Por que, no litoral, dois lugares próximos entre si não têm os mes-
mos valores em suas marés?

Resposta comentada

1. Porque os astros não estão parados. A cada dia, eles assumem nova
posição em suas órbitas.

2. A latitude do lugar, a forma do litoral, a profundidade do litoral e as


condições meteorológicas.

3. Porque, entre eles, podem existir diferenças de forma e profundida-


de do litoral.

Você já deve ter observado que o estudo das marés é um assunto de


grande complexidade, que envolve conhecimentos especializados de física
e oceanografia. Os conhecimentos básicos resultantes desses estudos

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Geomorfologia Costeira

são indispensáveis para todos os profissionais, de diferentes formações,


como geógrafos e professores de Geografia que trabalham com os am-
bientes costeiros, para melhor entender a origem, as características e
os modos de atuação das marés. São elas as responsáveis pelas caracte-
rísticas relativas às elevações do nível das águas que ocorrem em cada
local (com suas frequências e intensidades) e, consequentemente, pelos
efeitos que produzem para o ambiente e para o relevo.

Medidas dos valores das marés

As características ambientais e a variabilidade de seus valores, no


tempo e no espaço, tornaram-se dados e informações indispensáveis
no mundo atual. Ao longo do tempo, o homem vem aprimorando mé-
todos, técnicas e equipamentos para obter mais rapidamente novos e
melhores resultados nessa tarefa. Os valores dessas características em
diagnósticos atuais e prognósticos para o futuro são tão importantes
que, para alguns, são montadas redes de postos de observação em todo
o planeta. Com esses valores, entre outras aplicações importantes, é pos-
sível analisar melhor o comportamento da natureza e das relações dela
com a vida e as atividades humanas.
No caso da maré, saber o horário de uma maré alta e a que altura ela
poderá atingir para um lugar do litoral são conhecimentos que, desde
cedo, o homem buscou aprender.
No momento em que o homem criou meios de navegar, descobriu
que, para chegar ou sair de determinados lugares, precisava que a maré
ficasse alta para fazer seu barco flutuar e andar. Também percebeu que
muitas vezes não bastava a maré estar alta; tinha que aguardar o dia em
que determinada lua surgisse, para que houvesse um crescimento maior
da maré. Esses dados e informações até hoje são necessários e utilizados,
mas são obtidos de uma forma mais sofisticada e precisa para progra-
mar e orientar a entrada e a saída de barcos e navios em todos os portos
do mundo. Principalmente agora, com os enormes navios de passagei-
ros e de carga, é necessária a construção de novos canais ou a ampliação
da profundidade dos já existentes (naturais ou artificiais) para que esses
navios tenham acesso aos portos que os querem receber.
Em relação à Geomorfologia costeira, a obtenção desses valores tam-
bém é extremamente importante para se conhecer a ocorrência de pro-
cessos marinhos e de como eles deverão atuar. Saber se as marés estarão
muito altas, quando irá acontecer uma grande ressaca poderá servir de

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alerta para se tomarem medidas preventivas em áreas litorâneas, que


estarão mais sujeitas a terem ampliados seus problemas de erosão.
Cada vez mais, existem facilidades e interesses na obtenção de equi-
pamentos sofisticados para melhor mensurar características ambientais.
Saber como funcionam e como são usados os instrumentos mais anti-
gos e simples não é um conhecimento a ser descartado, pois eles podem
atender necessidades imediatas mais simples e, até mesmo, servir para o
aprendizado dos princípios básicos de obtenção desses valores.
O registro da maré é feito em locais de relativo fácil acesso e prote-
gidos tanto de pessoas curiosas quanto de agitações provocadas pelas
ondas. Em sua aferição, utilizam-se réguas de maré instaladas na orla
marítima, marégrafos a flutuadores ou marégrafos a pressão.

Régua de maré

É uma régua graduada em metros (de madeira resistente, plástico ou me-


tal) que é colocada dentro d’água, num local em que a sua base fique em po-
sição sempre abaixo de um possível nível de maré baixa que ali possa ocorrer.
Na utilização da régua, um observador efetua diretamente a leitura
da altura atingida pelo nível da água e registra em uma planilha este
valor e o horário desse momento. De tempos em tempos regulares (de
15 em 15 ou de 30 em 30 minutos, por exemplo), vão sendo repetidos e
registrados os valores da maré e os respectivos horários. Posteriormen-
te, esses dados serão plotados em gráfico específico (maregrama), que
mostrará a variação do nível das marés ao longo do tempo.
Com certa quantidade de dados coletados ao longo do tempo, devem
ser realizados cálculos para a definição do zero da régua, a fim de que a
mesma registre as alturas a partir de um Nível de Redução (NR). Esse ní-
vel será um nível mínimo, definido localmente, de forma a não ocorrerem
valores negativos de altura da maré, e sendo, preferencialmente, o adotado
pela marinha local. A partir desse instante, os valores de maré continua-
rão a ser lidos sempre aferidos ao mesmo nível estabelecido (NR).

Marégrafo a flutuador

O marégrafo a flutuador (Figura 3.4) é constituído de uma boia que


se desloca dentro de um poço vertical (um tubo) que fica em comuni-
cação com o mar, mas tem a água em seu interior protegida das ondas.

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Geomorfologia Costeira

A boia sobe e desce verticalmente, acompanhando as subidas e descidas


diárias do nível do mar no local. Ela está ligada a um fio equilibrado por
contrapesos, e seus movimentos são registrados por um risco contínuo
no maregrama (papel gráfico), colocado sobre um cilindro cuja rotação
está vinculada e aferida a um relógio. O cilindro dá um giro completo
em 24 horas ou em uma semana, dependendo do maregrama utilizado.
Dessa forma, as variações do nível do mar são continuamente impres-
sas no período considerado. Em modelos mais antigos, um operador
tem que substituir regularmente o maregrama por um novo; porém, em
modelos mais novos, são automáticos e guardam os registros digital-
mente. O esquema desse antigo aparelho é importante de ser mostrado,
pois nele é possível visualizar como funciona mecanicamente a captura
constante dos dados.

O sistema (cilindros, cabos, boias etc.) montado leva ao aparelho


(marégrafo) o impulso, para ele registrar os valores de maré.
Para medir a vazão do rio, o sistema é o mesmo, assim como o
aparelho; entretanto, chamam um de marégrafo e o outro, de li-
nígrafo. A diferença está na montagem do sistema, e não no apa-
relho que registra.

Figura 3.4: Esquema de como funciona um marégrafo a flutuador.

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Os equipamentos modernos permitem emitir continuamente um si-


nal digital com os valores de maré ou de vazão em vez de gerar um grá-
fico impresso. Qualquer que seja a hora, sem a necessidade da perma-
nente presença humana para manter o funcionamento do equipamento
e recolher as informações, pode-se saber, em tempo real, qual é o nível
de maré no lugar em que o flutuador foi instalado.
Com os dados obtidos, são criadas séries históricas de valores de
maré. Elas permitem analisar a influência que esses movimentos fre-
quentes do nível do mar, ao longo do tempo, podem ter sobre o formato
da costa. Em regiões de baixas latitudes, por exemplo, essas forças dinâ-
micas das marés podem ser predominantes.
Em exercício da aula anterior, você plotou uma curva de maré. Está
lembrado? Na verdade, você produziu um gráfico similar ao que é cons-
truído pelo marégrafo (Figura 3.5).

Figura 3.5: Antigo marégrafo. No tambor, encontra-se o papel gráfico no


qual está sendo desenhada a curva de maré.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e7/Mareografo.JPG/
1280px-Mareografo.JPG

Marégrafo à pressão

Os marégrafos à pressão, como o próprio nome denota, registram, com


um sensor de elevadíssima sensibilidade, a pressão exercida pelo peso da
água que estiver sobre ele. Esse equipamento é colocado no fundo de uma

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Geomorfologia Costeira

baía ou em mar aberto. Como o nível do mar varia, em cada local, com a
maré, a altura da coluna d’água e seu peso sobre um marégrafo também vão
variar. Para cada posição do nível das águas, na subida e descida da maré,
haverá um valor correspondente à altura e, consequentemente, de pressão
(peso) da coluna d’água, que será captado e registrado pelo equipamento.
Esse equipamento tem todo um aparato de uso. São necessários um
barco e pessoal especializado para lançá-lo ao mar. Fazem parte do ma-
régrafo, além de seus apropriados sensores, outros objetos e equipamen-
tos que o mantêm preso ao fundo e propiciam seu resgate em superfície.
Na Figura 3.6, são mostrados o console de comunicação e o transdutor
que servem para localizá-lo e resgatá-lo; o marégrafo e o liberador acús-
tico, que é acionado para desprendê-lo do fundo do mar, onde foi preso
por uma poita (peso fixador).

Luiz Saavedra
Figura 3.6: Console de comunicação (esquerda); transdutor (centro); detalhe da
poita com o marégrafo à pressão em cima e o liberador acústico no chão (direita).

Previsão de marés

Com os dados de marés obtidos ao longo do tempo, são definidos os


valores mais frequentes (os mais altos e os mais baixos), assim como as
amplitudes de maré que poderão ocorrer no lugar onde esses dados fo-
ram registrados. Temos, portanto, uma fonte de dados para estabelecer
previsão do nível de maré.

A relação de valores de dados criteriosamente recolhidos conti-


nuamente ao longo do tempo constitui as chamadas séries históri-
cas ou temporais. Com elas, é possível fazer diversos tipos de tra-
tamento de dados pela estatística, como por exemplo, a obtenção
de valores de médias e de desvios representativos de informações
do que já ocorreu, assim como estabelecer projeções da ocorrên-
cia desses valores no futuro (previsões).

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Aula 3 • Marés: variabilidade de seus valores; medições; previsões e sua importância para as áreas costeiras

Outra informação importante é saber em que horário acontecerão as


marés mais altas e as mais baixas. Como será possível?
Os movimentos da maré se vinculam, principalmente, ao posiciona-
mento dos astros Sol e Lua em relação à Terra. Como suas trajetórias or-
bitais são conhecidas através da Astronomia, a maré pode ser prevista.
Isso é feito a partir da determinação de todos os componentes diurnos
e semidiurnos desses astros através da chamada análise harmônica da
maré, calculando-se as alturas correspondentes em instantes futuros.
Antigamente, eram usadas as chamadas máquinas previsoras de maré.
A partir delas, eram confeccionadas as tábuas de maré.
Você deve ter percebido que a previsão é feita para um lugar e vai sen-
do aperfeiçoada ao longo do tempo. Para ela ser feita, são utilizados dados
locais coletados durante muitos anos, e é levada em consideração a deter-
minação da posição conjunta dos astros especificamente para esse lugar.

A história das marés no Brasil

No endereço a seguir, você encontrará um breve histórico sobre


marés no Brasil. Verá como, durante dois séculos, os trabalhos re-
lativos à maré foram feitos e, também, quando, pela primeira vez,
foi usado o computador no Brasil para elaborar as tábuas de maré.
http://www.fundacaofemar.org.br/biblioteca/emb/brevehistorico.html
Para ver máquinas de previsão de marés, acesse o site:
http://www.aprh.pt/rgci/glossario/mare.html

Atualmente, para a feitura dessas tábuas, são utilizados computadores.


Nelas estão determinados os horários e as alturas das preamares e das bai-
xa-mares que irão ocorrer nos Portos Principais (PP) para todos os dias
do ano. São também apresentadas as correções a serem aplicadas para se
obterem os mesmos tipos de dados para os chamados Portos Secundários
(PS) e outras localidades próximas. Eles são de fundamental importância
para o tráfego de embarcações. Em certos navios de carga, por exemplo,

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Geomorfologia Costeira

sua parte imersa, abaixo da linha d’água, denominada calado, pode chegar
a 20 metros de profundidade ou mais, se os navios estiverem carregados.

No endereço http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box-previsao-ma-
re/tabuas/ encontram-se tábuas de maré dos principais portos do
Brasil. Basta escolher o porto, o mês e o ano, e aparecerá uma tabela
com a fase da lua, data, hora e alturas nas preamares e baixa-mares.

Por exemplo, para se tirarem as fotos da praia de Copacabana, na


Figura. 3.7, em situações de maré bem baixa e bem alta, foi necessário
recorrer à tábua de maré do porto do Rio de Janeiro do mês de janeiro
de 2014 (Tabela 3.1). Dessa forma, pode-se escolher um dia em que
seriam verificadas as maiores variações de maré (período de sizígia), no
caso, no dia da lua cheia (16/01/2014).
Luiz Saavedra

Luiz Saavedra

Figura 3.7: Fotografias tiradas em 16/01/2014, da praia de Copacabana, em


frente à rua Santa Clara, tendo como referência a Pedra do Leme e o morro
do Pão-de-Açúcar ao fundo. Em maré baixa (A), por volta das 9h36min, e em
maré alta (B), aproximadamente às 14h51min.

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Aula 3 • Marés: variabilidade de seus valores; medições; previsões e sua importância para as áreas costeiras

Tabela 3.1: Tábua de maré do Porto do Rio de Janeiro – Ilha Fiscal (Estado do
Rio de Janeiro) no período de janeiro de 2014

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Geomorfologia Costeira

Atividade 2

Atende aos objetivos 1, 2 e 3

Agora você já está sabendo de onde os jornais extraem as informações


que apresentam diariamente sobre marés. Em função disso, escolha
aleatoriamente duas datas futuras, com 10 dias de diferença entre elas.
Consulte as tabelas de marés no endereço indicado no boxe multimídia
anteriormente apresentado (acima) e responda:
a) Nessas datas, quais serão as fases da lua e os valores de maré alta, bai-
xa e de amplitude de maré, respectivamente, para os portos de São Luiz
(MA), Recife (PE), Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ) e Paranaguá(PR) ?

b) Serão, na mesma data, as ocorrências das maiores amplitudes de


marés para todos os portos? Qual será este dia? Por quê?

c) Os maiores valores de amplitude de maré irão ocorrer nos portos de


latitude mais baixa ou mais alta? Por quê?

Resposta comentada
a) Indicar qual a fase da lua nos dois dias escolhidos e fazer uma rela-
ção dos valores encontrados na tabela de maré (no endereço indicado).
b) Sim. Esta data (a 1ª ou a 2ª) corresponde à ocorrência de marés de
sizígia, que são as de maior amplitude.
c) As maiores marés ocorrerão nos portos de latitude mais baixa (mais
próximos do Equador), onde a influência dos astros é maior.

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Aula 3 • Marés: variabilidade de seus valores; medições; previsões e sua importância para as áreas costeiras

Importância das marés e construção dos relevos

A criação do litoral e suas


dimensões: novos ambientes

O litoral, como foi definido, é estabelecido entre os níveis de marés


baixas e os níveis de marés altas mais frequentes. É um novo ambiente
que não é sempre mar e não é sempre continente. Nele existem seres
vivos (animais e plantas) que vivem em condições ambientais que se
caracterizam pela alternância de ora estarem cobertos pelas águas do
mar, ora estarem em contato direto com a atmosfera.
Os mangues, com sua flora e fauna próprias, são lugares que existem
em função das condições encontradas nesses ambientes. Neles também
existe um relevo específico, que será descrito e analisado em aula mais
adiante. Seus componentes orgânicos e inorgânicos interagem, de modo
ativo e passivo, para criar um ecossistema característico: o manguezal.
A maré e a topografia local definem também uma dimensão para a
largura dessa faixa litorânea. As larguras dos litorais onde a topografia é
baixa, mais plana, tendem a ser maiores do que as de áreas de topografia
mais alta, de perfis com maiores declividades. Essas diferenças poderão
ser ainda maiores em locais em que a amplitude da maré for grande. Na
Figura 3.8, poderemos entender como varia essa largura.

Figura 3.8: Em dois litorais próximos com mesmo valor de variação de maré,
aquele de topografia mais baixa terá maior largura de litoral (a faixa do litoral
entre A e B é menor do que em C e D).

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Geomorfologia Costeira

A variação dos valores de níveis de base

O mar é o nível geral de base para a drenagem continental. Quando


se menciona isso, admite-se que, durante um período longo de tempo, os
processos de escoamento das águas que provocam erosão e sedimentação
estão aferidos a um determinado nível do mar. Entretanto, é preciso tam-
bém levar em conta que esse nível localmente tem uma variação diária em
função da existência da maré. Um rio que chega ao mar quando a maré
está baixando terá seu fluxo de escoamento acelerado. Ao contrário, com
maré enchendo, a velocidade de seu fluxo diminuirá.
No Rio de Janeiro, cidade com vários locais de topografia baixa,
quando chove, muitas dessas áreas podem ficar inundadas. Se a maré
estiver alta, haverá dificuldade de a água escoar pelos rios e canais para
o mar, e os prejuízos tendem a ficarem maiores. Caso contrário, mais ra-
pidamente o nível da inundação baixará. O mesmo ocorre com o lençol
freático. Quando a maré baixa, há fluxo de água doce para o mar, que
tende a se inverter quando a maré sobe.
Nas áreas costeiras, existem confrontos diários entre as águas que
querem sair do continente (rios e lençol freático) e as marés que sobem
e descem. No continente, a força das águas depende do clima em função
da frequência e intensidade das chuvas. No mar, depende dos valores
que as marés alcançam. Os fluxos que se estabelecem nesses confrontos
geram ações diárias de erosão e deposição.

As correntes de maré

No item anterior, foi visto que a mudança diária do nível de base


produz efeitos para a erosão e para a sedimentação, pela mudança na
intensidade dos fluxos.
Esses fluxos podem ser considerados também como correntes. No
contato do mar com o continente, em função da força de cada fluxo, ora
eles correm para um lado, ora para outro. Há um jogo de forças entre o
fluxo de saída de águas do continente e a força das marés. Isso é facil-
mente perceptível nas baías e nos canais que ligam as lagoas costeiras
ao mar – ora as águas mais doces saem para o mar, ora as águas mais
salgadas fluem para dentro das lagoas e baías. Esses movimentos estão
relacionados ao horário das marés.
Infelizmente, um exemplo expressivo ocorre próximo à entrada da Baía
de Guanabara, no Rio de Janeiro. Quando a maré está baixa, há o fluxo de

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Aula 3 • Marés: variabilidade de seus valores; medições; previsões e sua importância para as áreas costeiras

água continental levando esgotos domésticos e industriais para o oceano,


assim como lixo flutuante. Quando a maré vai ficando alta, a entrada das
águas salgadas limpas para o interior da baía tende a aumentar.
Entretanto, essas relações não são sempre muito simples e constantes;
possuem algumas nuances que devem ser estudadas e consideradas. Os flu-
xos dos rios e dos lençóis freáticos para o mar não são constantes, com os
mesmos volumes ao longo do ano, pois dependem também dos tipos de cli-
ma em suas bacias, assim como da variabilidade diária do valor das marés.
Outro aspecto, que será melhor detalhado na aula sobre correntes, re-
fere-se à diferença de densidade entre a água doce e a salgada. A salgada é
mais pesada. No confronto entre as duas massas de água, antes mesmo de
uma prevalecer, pode ocorrer fluxo nos dois sentidos. Por exemplo: em um
canal do interior de uma baía ou em um que liga uma lagoa ao mar, a água
salgada, quando a maré começar a encher, poderá penetrar por baixo, por
ser mais pesada, e a água doce, por ser mais leve, sair por cima. Isso ocorre
até o momento em que uma direção prevaleça, ou seja, quando uma força
suplantar a outra (da entrada da água salgada ou da saída da água doce).
Em muitas áreas costeiras, como a Baía de Guanabara, esta corrente
é muito importante. Se existirem canais, no relevo do seu fundo, a água
salgada penetrará por eles, como uma cunha (Figura 3.9), atingindo
mais rapidamente e com mais facilidade suas áreas mais interiores, le-
vando para essas posições águas mais limpas.

Figura 3.9: Esquema mostrando a água salgada mais densa avançando por
baixo da água doce, quando da subida da maré.

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Geomorfologia Costeira

Implicações na mudança de
posição da ação das ondas

Ao chegar numa praia na beira do mar, qualquer pessoa é capaz de


perceber que a superfície da água tem ondulações que caminham em
direção à terra e, quando chegam mais próximo, transformam-se numa
massa de água que se projeta para frente. Estamos falando das ondas que
também realizam importantes trabalhos de erosão ou deposição, quan-
do se projetam sobre a superfície da terra ou mesmo quando transitam
nas porções mais rasas do mar, junto aos continentes. Seus trabalhos são
tão importantes que merecerão uma aula própria nesta disciplina, aju-
dando a melhor entender o que acontece na sua relação com os demais
processos marinhos.
No momento, é necessário compreender, pelo menos, que a elevação
diária do nível do mar faz com que ele avance sobre a costa ou recue.
Se não houvesse a maré, ondas de mesma altura iriam se projetar, que-
brando sempre no mesmo lugar. Isso quer dizer que a posição de quebra
das ondas não depende apenas do tamanho delas, mas também da pro-
fundidade das águas, que irá variar com a subida ou a descida da maré.

Efeitos no processo de sedimentação

Outra importância das marés é que elas também exercem influência


sobre a sedimentação em ambientes nos quais estão ou chegam águas
fluviais. A mistura da água salgada com a do rio propicia a ocorrência Processos de
de processos de floculação, favorecendo a deposição de aluviões floculação
terrígenos, podendo-se chegar à formação de grandes bancos sedimen- Podem ser entendidos
como reações que
tares que impossibilitam a navegação. propiciam a agregação
de partículas que,
Convém lembrar que muito importante para a deposição de sedi- ao se aglutinarem,
aumentam de peso e,
mentos é também o efeito do jogo de força dos fluxos de água entre o consequentemente, fazem
continente e o mar. A posição e a forma de deposição dos sedimentos esse material formado se
precipitar para o fundo
que um rio está trazendo para a sua foz dependerão do resultado desse desse ambiente aquoso.
embate entre os fluxos.

A pororoca: sua origem e seus efeitos

Em algumas desembocaduras de baías, rios e canais, as águas salga-


das e doces confrontam-se e, em algumas épocas, durante a preamar,
formam-se ondas de maré que podem atingir mais de 1 metro de altura.

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Aula 3 • Marés: variabilidade de seus valores; medições; previsões e sua importância para as áreas costeiras

Elas penetram no continente, por rios e canais, com suas cristas contí-
nuas, de margem a margem, com velocidades que podem atingir 15 a 25
Km/h. Esse fenômeno, que no Brasil é chamado de pororoca, acontece
em litorais onde também ocorrem marés de grande amplitude.
Esse evento resulta do confronto de forças entre a maré e o fluxo de
água fluvial. Na baixa-mar, o nível de maré recuando permite que seja
acelerado o fluxo de saída da água fluvial. Na medida em que a maré co-
meça a subir, suas águas vão sendo retidas e empilhadas pelo fluxo fluvial
continental, que gradativamente também começa a perder força. Há um
confronto, um jogo de forças entre as duas massas de água, que tem fluxos
em direções opostas. A partir de um momento crítico, a força da maré
suplanta a força do fluxo continental. É como se uma barragem tivesse
sido rompida. O mar avança forte no bojo de uma onda, que é a água se
projetando para o interior do continente. Esse rompimento de equilíbrio
produz também um forte som, como se tivesse acontecido o estampido
de uma grande trovoada. A ocorrência desse fenômeno produz também
ações similares à que ocorre em uma torrente num canal fluvial; só que o
sentido do fluxo é ao contrário. Há forte erosão no fundo e nas margens
dos canais por onde sobem essas ondas com alta energia.

Surfando na pororoca

No vídeo a seguir, você poderá assistir à pororoca no Amapá e em


outros lugares.
http://www.youtube.com/watch?v=XUsacR_u6CM

Conclusão

Ao se entenderem as causas, a variabilidade de valores (no tempo e


no espaço) e as influências das marés, já é possível reconhecer a impor-
tância de sua presença e de seus efeitos nos ambientes costeiros.
Outros aspectos a serem sempre considerados são as situações que
ligam as marés às ondas e às correntes. Isso reafirma que as formas de

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Geomorfologia Costeira

relevos das paisagens costeiras, produzidas por erosão ou deposição,


refletem as particularidades dos mecanismos de atuação de cada um
desses processos marinhos e, ainda, o modo como são promovidas suas
interações com os demais.

Atividade final

Atende ao objetivo 3

Responda às perguntas abaixo:

1. Quais das lagoas citadas têm seus níveis relacionados ao mar e são
afetadas pela entrada de água salgada, quando da ocorrência de marés
altas: Lagoas dos Patos (RS), Lagoa da Conceição (SC), Lagoa Rodrigo
de Freitas (RJ), Lagoa de Jacarepaguá (RJ) e Lagoa de Araruama (RJ) ?

2. Em que região brasileira ocorrem pororocas, por que ocorrem e por


que as melhores épocas estão relacionadas às posições da Lua e do Sol?

Resposta comentada

1. Todas as lagoas citadas têm ligação com o mar e são afetadas pela maré.

2. Ocorrem na região Norte, pois ela possui um litoral de grandes am-


plitudes de maré. Nas épocas de sizígia, ocorrem as maiores marés.

Resumo

As marés se fazem presentes em todos os litorais. A variabilidade, nos li-


torais, dos valores alcançados pelas marés baixas e altas derivam das in-
fluências dos astros, assim como das características de cada local, prin-
cipalmente de sua posição, forma e profundidade do mar à sua frente.
Em cada local, também ao longo do tempo, existem variações em torno
de valores mais e menos frequentes de níveis de maré.

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Aula 3 • Marés: variabilidade de seus valores; medições; previsões e sua importância para as áreas costeiras

Existem instrumentos que possibilitam registrar as marés e seus níveis,


assim como cálculos que permitem fazer previsões quanto ao tempo e
aos valores de suas ocorrências.
As marés delimitam a faixa litorânea com características específicas que
a individualizam, ora sendo mar, ora sendo continente. Geram correntes
de água salgada para o interior dos continentes. Confrontam-se com os
fluxos de água vindos dos continentes, ora facilitando, ora dificultando
seu deslocamento, assim como interagindo em processos de sedimen-
tação e erosão.

Informações sobre a próxima aula

A origem, as características e as ações das ondas sobre o litoral consti-


tuirão os assuntos a serem tratados na próxima aula.

Referências

CHRISTOPHERSON, R. W. Geossistemas: Uma Introdução à Geografia


Física. Porto Alegre: Editora Bookman, 2012.
MESQUITA, A. R. Marés, Circulação e Nível do Mar na Costa Sudeste
do Brasil. Disponível em http://www.mares.io.usp.br/sudeste/sudeste.
html. 1997.
PANZARINE, R. N. Introduction a la Oceanografia General. Buenos Ai-
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PINET, P. R. Invitation to Oceanography. 4. Edition. USA: Jones and
Bartllet Publishers, 2006.
SCHMIEGELOW, J. M. M. O Planeta Azul: Uma Introdução às Ciências
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SVERDRUP, K. A.; DUXBURY, A. B.; Duxbury, A. C. Fundamentals
Oceanography. 5. Edition. McGraw Hill, 2006.
TRUJILLO, A. P.; THURMAN, H. V. Essentials of Oceanography. 10.
Edition.USA: Prentice Hall, 2011.
VETTER, R. (Org.). Oceanografia: Última Fronteira. São Paulo: Editora
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