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Aula 1

Para uma introdução: por que é


necessário cursar mais uma disciplina
de Geomorfologia abordando o
relevo do espaço costeiro?

Jorge Soares Marques


Luiz Saavedra Baptista Filho
Aula 1 • Para uma introdução: por que é necessário cursar mais uma disciplina de Geomorfologia abordando o
relevo do espaço costeiro?

Meta

Apresentar a singularidade da Geomorfologia Costeira e a relevância


do seu estudo na compreensão dos componentes da paisagem e da di-
nâmica ambiental, na importante faixa de contato entre os continentes
e os oceanos.

Objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:


1. reconhecer que, para entender a ocorrência de relevos costeiros, terá
de incorporar conceitos e conteúdos que expliquem a origem e as
especificidades dos processos marinhos;
2. reconhecer que o contato entre o mar e a terra não pode ser consi-
derado como uma linha que se mantém numa posição permanente-
mente fixa, ao longo da História do Planeta;
3. reconhecer que as marés, ondas e correntes estão presentes em todas
as faixas litorâneas da Terra, atuando como processos que produzem
relevos por ações de erosão e de deposição;
4. distinguir, em áreas costeiras, aspectos que as valorizam ou que lhes
causam risco.

Pré-requisitos

Para você entender esta aula, você precisará relembrar sobre: a idade da
Terra e as etapas de sua história, como vistos na disciplina Geologia Aplica-
da à Geografia; e processos geomorfológicos que atuam sobre os continen-
tes, vistos por você nas disciplinas de Geomorfologia Geral e Continental.

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Geomorfologia Costeira

Introdução: Geomorfologia! Ainda falta


alguma coisa que você não estudou.

O mar... pescador quando sai


Nunca sabe se volta, nem sabe se fica
Quanta gente perdeu seus maridos seus filhos
Nas ondas do mar

O mar quando quebra na praia


É bonito, é bonito
(Dorival Caymmi)

Uma onda quebrando numa praia, além da beleza, indica ser esse
um lugar de contato entre mar e terra. Para todos, não só para os pes-
cadores, é importante conhecer esse tipo de ambiente costeiro para po- Geomorfologia
der usufruir de seus muitos recursos e enfrentar seus riscos. Estudar Estudo das formas de
relevo e dos processos
Geomorfologia é um dos caminhos para obter mais conhecimentos que as criam. Segundo
sobre esses ambientes. Christofoletti (1974), há
forte relacionamento entre
a forma e os processos,
constituindo o chamado
Timo Balk

Sistema Geomorfológico
que, por sua vez, têm
relação com os demais
sistemas componentes
do ambiente.

Figura 1.1: O mar quando quebra na praia é bonito, é bonito.


Fonte: http://www.freeimages.com/photo/1214045

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Aula 1 • Para uma introdução: por que é necessário cursar mais uma disciplina de Geomorfologia abordando o
relevo do espaço costeiro?

Embora o significado da palavra Geomorfologia seja conhecido há


algum tempo por você, pois seus conteúdos já constaram de seus estudos
nas disciplinas Geomorfologia Geral e Geomorfologia Continental,
não é demais, agora, rememorar seu significado. Nesta nova disciplina,
será preciso lembrar esses conhecimentos já aprendidos e agregá-los a
outros, como os dos novos processos a serem estudados, para tornar
possível compreender as especificidades das formas de relevo presentes
nos ambientes costeiros. Os vários tipos de relevos encontrados nessas
áreas de contato entre a terra e o mar têm suas gêneses vinculadas, prin-
cipalmente, às ações diretas e indiretas de processos marinhos que só
existem em função das características, propriedades e movimentos das
águas do mar.
Na verdade, nos terrenos costeiros atuam e interagem processos ge-
omorfológicos continentais e marinhos. As formas de relevo produzidas
resultam de ações e interações executadas por esses processos, mode-
lando por erosão ou deposição a superfície terrestre. Por exemplo, sedi-
mentos oriundos de diferentes terrenos continentais transportados por
rios, ao chegarem à foz, no chamado nível de base geral, isto é, no nível
do mar, distribuem-se na zona costeira por ação de processos dinâmicos
marinhos, objetos de estudo da Geomorfologia Costeira. A partir do
que foi colocado, pode-se afirmar que, sendo uma área de atuação in-
dividualizada ou conjunta de vários processos marinhos e continentais
distintos entre si, o nível de complexidade dos ambientes costeiros se
torna muito grande. Ele se amplia ainda mais, em função da presença do
homem com suas diversificadas atividades e ações, entre as quais, como
destacou Marques (2011), também se inclui sua participação crescente
na criação e na destruição de formas de relevo.

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Geomorfologia Costeira

Figura 1.2: Foto da Praia de Copacabana no Rio de Janeiro (RJ). Era uma pe-
quena planície com terrenos embrejados, pequenas lagoas, restingas e praia.
Nela, foi construído um espaço urbano, formando um bairro que é um dos
mais conhecidos da cidade do Rio de Janeiro, com sua antiga praia atualmen-
te mais larga, pois foi engordada com a colocação de mais areia. Todas as
transformações foram feitas pelo interesse e ação do homem.
Fonte: http://static.freepik.com/fotos-gratis/copacabana_2475002.jpg

Para que possamos iniciar nosso caminho nesta disciplina, são ne-
cessários, e iremos trazer para você, tópicos e questões mais gerais e
mais amplos sobre a Geomorfologia e o litoral que, ao longo do curso,
serão abordados com maior detalhamento.

Você mora na costa ou no litoral?

Para a Geografia e para a Geomorfologia, é importante compreender


como o espaço está estruturado e como é possível delimitá-lo. Assim é
necessário saber qual é o espaço chamado litoral e qual o chamado costa.
Na linguagem leiga e na mais técnica, as palavras litoral e costa, nos seus
significados mais amplos, querem dizer a mesma coisa, sendo usadas
habitualmente como sinônimos. Além disso, é comum aceitar uma deli-
mitação dessa faixa de contato mar/terra com critérios e escalas bastante
abrangentes: a área da cidade litorânea do Rio de Janeiro é constituída
por bairros, mas nem todos são banhados pelo mar; muitas cidades do
Estado do Rio de Janeiro são costeiras, outras não. São Paulo é um es-
tado do litoral brasileiro como o do Rio de Janeiro; o Brasil é um país
atlântico. Percebe-se, nos exemplos, que as escalas tiveram como base

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dimensões administrativas. A condição de serem associadas ao litoral


depende apenas da existência de alguma parte de seu território, inde-
pendentemente de suas dimensões, em contato com o mar.

Figura 1.3: O cartograma com a divisão municipal do Estado do Rio de Ja-


neiro mostra, em preenchimento vermelho, a localização do território do Mu-
nicípio de Queimados, que não é banhado pelo mar, mas faz parte da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro, que é litorânea.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/9/9c/RiodeJaneiro_
Municip_Queimados.svg/800px-RiodeJaneiro_Municip_Queimados.svg.png

No caso da Geomorfologia, destacando como critério as característi-


cas físicas, a delimitação da costa poderá incluir as áreas até onde exis-
tam formas de relevo relacionadas à atuação de processos marinhos ao
longo do Quaternário em seu tempo mais recente, o Holoceno. Depen-
dendo da escala de tempo que se quer levar em consideração, é possível
encontrar e incorporar locais com relevos costeiros do Pleistoceno, ou
seja, do Quaternário mais antigo.

Um pouco mais sobre escalas geológicas

A idade da Terra e as etapas de sua história constituem, no curso,


assuntos tratados na disciplina Geologia Aplicada à Geografia.

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Geomorfologia Costeira

Convém e é importante lembrar que as escalas geológicas são


frequentemente atualizadas, incorporando novas informações e
maiores precisões quanto aos valores de tempo apresentados. Em
função do constante aprimoramento do nível do conhecimento,
assim como da própria dimensão da escala a ser utilizada e de
suas subdivisões, as idades são colocadas como aproximações de
maior ou menor precisão. Por tudo isso, é sempre necessário in-
dicar a origem das informações, pois são encontradas diferenças
tendo em vista as colocações dos autores consultados e as épocas
em que eles divulgaram seus dados.
Tomando a escala Geológica, conforme divisão de tempo divul-
gada em Christopherson (2012), ela subdivide os 4,6 bilhões de
anos da Terra, nas seguintes eras, com seus respectivos tempos de
início, a partir do presente:
• Cenozóico (de hoje até 65,5 milhões de anos).
• Mesozóico (desses 65,5 até 251 milhões de anos).
• Paleozóico (desses 251 até 542 milhões de anos).
• Arqueano/Proterozóico (desses 542 até 4,6 bilhões de anos).

Figura 1.4: Escala geológica: Mi significa “milhões de anos” e


Bi significa “bilhões de anos”.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_de_tempo_geol%C3%B3gico
#mediaviewer/Ficheiro:Geologic_Clock_with_events_and_periods_pt.svg

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O Cenozóico, por sua vez, é subdividido em dois períodos:


• o Terciário (o mais antigo);
• e o Quaternário (o mais recente).
Segundo o autor citado, o Quaternário tem início há 1,8 milhões
e, por sua vez, a data de 10.000 anos atrás estabelece sua subdivi-
são em duas épocas:
• o Pleistoceno (a mais antiga);
• e o Holoceno (a mais recente).

Todavia, existem também significados de caráter mais técnicos e res-


tritos para definir os termos litoral e costa e seus respectivos limites. Veja
no boxe a seguir:

Litoral
Faixa de terra delimitada entre a linha média das marés mais bai-
xas e a linha média das marés mais altas. A média entre essas mé-
dias extremas define a linha do litoral. É um limite estabelecido
em função dos valores diários das marés registrados ao longo de
um certo tempo de observação.

Costa
Área entre um limite interno (no continente ) e um limite externo
(no mar). Limite Interno: delimitado pelas áreas até onde a água
do mar pode alcançar ou influir além da linha média das ma-
rés mais altas. Isso ocorre, por exemplo, quando as ondas lançam
águas além do limite de maré alta ou quando correntes marinhas
penetram pelos rios e canais para o interior dos continentes. Limi-
te Externo: delimitado nas áreas cobertas pelas águas do mar até
onde a dinâmica dos processos marinhos pode atuar, mobilizan-
do sedimentos para o litoral ou para áreas de maior profundida-
de. Isso ocorre, por exemplo, em ambientes dominados por ondas

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Geomorfologia Costeira

que estão avançando para o litoral, onde elas e suas correntes as-
sociadas passam a interagir, em profundidade, com o substrato
do fundo (constituído por afloramentos de rocha ou material
sedimentar não consolidado). O mesmo ocorre para estabelecer
limites quando o ambiente é dominado, ao invés das ondas, por
marés e suas correntes associadas.
O termo litoral aparece conceituado de modo mais preciso do que
o termo costa em dicionários especializados, como por exemplo:
o Cartográfico, de Oliveira (1987); o Geológico-Geomorfológico,
de Guerra (1993); e o de Geologia Marinha, de Suguio (1992).
Nesses dicionários, é possível constatar que muitos termos téc-
nicos foram definidos originalmente em outras línguas, como o
inglês e o francês, não sendo encontradas palavras similares em
português para traduzirem corretamente seu significado. Dessa Eustatismo
maneira, muitos termos estrangeiros acabaram sendo incorpora- Variações do nível do mar
dos a nossa língua. que afetam ao mesmo
tempo todos os oceanos.
Quando ocorrem por
motivos climáticos,
envolve o aumento ou a
diminuição do volume
de águas dos oceanos,
consequentemente
Existem locais que no passado já foram afetando seu nível.
Em períodos glaciais,
mar e hoje não são mais? E vice-versa? o volume dos
oceanos diminui e
consequentemente seu
Independentemente das variações diárias das marés, o nível médio nível também (eustatismo
geral do mar pode variar. Isto vem ocorrendo ao longo da história da negativo), porque o
planeta, ao se tornar mais
Terra, medida em escala geológica. Ele sempre variou, subindo ou des- frio, propicia a expansão
das geleiras continentais
cendo. Dessa maneira, podemos dizer que ele nunca teve uma posição e de montanha, que
sempre constante. Esse fato tem gerado, no tempo e no espaço, mudan- passam a acumular maior
quantidade de água sob
ças na localização dos ambientes costeiros por causa desta variação da a forma de gelo. Nos
períodos pós-glaciais,
posição de contato entre mar e terra. Suguio (1999) descreve as cau- ocorre o inverso, as
sas das variações do nível do mar, destacando as mudanças climáticas geleiras se contraem com
o derretimento do gelo
como as principais responsáveis por essas ocorrências no Quaternário. e o nível do mar sobe
As variações do nível do mar são chamadas eustatismo positivo ou (eustatismo positivo).
Também colaboram para
negativo. As mudanças climáticas, ocorridas no Quaternário, influen- reduzir ou ampliar o nível
do mar, nessas épocas, o
ciaram na atuação dos processos geomorfológicos. Ao serem ampliadas aumento ou diminuição
ou diminuídas as áreas ocupadas pelos oceanos, mudando as posições da temperatura da própria
água oceânica, pois uma
e as extensões da linha do litoral, foram promovidos novos reajustes mesma quantidade de
massa de água ocupa um
nas relações processos × formas, resultando na criação ou destruição volume menor quando
de relevos. está fria e maior, quando
está quente.

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Também existem lentas subidas ou descidas de grandes massas con-


Epirogenia tinentais, designadas respectivamente como epirogenia positiva ou
subida ou descida muito negativa, que mudam localmente a posição da linha do litoral.
lenta de grandes massas
continentais trazendo As mudanças do nível do mar, por eustatismo ou por epirogenia,
consequências mais
sensíveis localmente, produzem necessariamente mudanças nas características e, principal-
na mudança relativa
de posição do nível do
mente, nas posições onde os processos marinhos atuavam, isto é, fazem
mar. No caso, observa- com que ocorram novos reajustes nas relações entre os processos e as
se a subida ou a descida
do continente e não a formas de relevo existentes no novo litoral.
mudança do nível do
mar por diminuição ou Independentemente de mudanças produzidas separadamente ou
aumento de seu volume.
A epirogenia é positiva
concomitantemente pelo eustatismo ou pela epirogenia, a linha do lito-
quando o continente se ral pode também mudar de posição por efeitos da continuidade ou mu-
eleva em relação ao mar
e, na situação contrária, danças na atuação de processos locais de erosão ou de deposição. Assim,
temos a epirogenia
negativa.
com eles, respectivamente, o mar pode avançar ou recuar localmente.

Atividade 1

Atende aos objetivos 1 e 2

1. Responda sim ou não às perguntas formuladas, levando em conta


o sentido amplo do termo litoral, explicando o porquê de sua resposta.
a) Você mora em um estado litorâneo?

b) Você mora ao mesmo tempo em um estado e em um município


litorâneo?

2. Leia o texto e responda às perguntas.


Dois cariocas, hoje idosos, moraram até a idade adulta em lugares dife-
rentes. Um morou na praia do Leblon, antes de construírem a murada
que separa a praia da avenida, à frente de sua casa. Teve uma ressaca em
que as ondas jogaram água no seu muro. O outro morou na Favela da
Maré, em uma casa construída com estacas sobre um terreno de lama,
que todo dia era invadido pelas águas do mar. Depois, esse terreno foi
aterrado e foram construídas sobre ele novas residências.

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Geomorfologia Costeira

Levando em conta os sentidos mais restritos do significado das palavras


litoral e costa : Quem morou no litoral e quem morou na costa? Por quê ?
Onde a linha do litoral mudou? Qual local continuou sendo costa e por
que o outro local também virou costa?

Resposta comentada

1.
a) Sim. Porque meu estado tem o mar como um dos seus limites ter-
ritoriais.
b) Sim. Porque meu município tem o mar como um dos seus limites
territoriais (não em caso contrário). Mesmo que você não more junto
ao mar, poderá responder sim às duas perguntas, caso os territórios do
Eestado e do município no qual sua residência se localiza e se referencia
administrativamente sejam litorâneos.

2. O segundo morou no litoral porque sua casa estava localizada entre


os níveis de maré baixa e alta. O primeiro morou na costa, pois era um
local acima do nível de maré alta, mas influenciado pela presença do
mar, inclusive fato atestado pela água lançada pelas ondas, quando da
ocorrência de ressacas. Na Favela da Maré, em função de aterros, a linha
do litoral mudou, foi deslocada em direção ao mar. Portanto, o local em
que morava o segundo carioca deixou de ser litoral e passou a ser costa.
O local onde morava o primeiro continuou a ser costa.

Dizem que o nível do mar está aumentando.


Isso torna arriscado morar na beira do mar?

Pode-se dizer que efetivamente existem muitos riscos em locais


onde está acontecendo o avanço do mar pela atuação acelerada de pro-
cessos de erosão marinha. Há, portanto, facilidade em constatar que as

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populações, nesses locais, correm risco. Entretanto, haverá dificulda-


des de responder com precisão qual é a causa disso. Ela poderia ser em
Processos função da epirogenia, do eustatismo, da atuação de processos ge-
Geomorfológi- omorfológicos, inclusive os antrópicos, ou mesmo da ocorrência
cos Antrópicos conjunta de mais de uma dessas causas.
Modificações produzidas
na Natureza pela erosão
ou deposição, feitas ou
provocadas pelas ações
dos seres humanos.

Como você já sabe, na Geomorfologia, os processos criam e


destroem formas de relevo, por erosão ou deposição. Se existem
relevos que foram criados, mantidos ou destruídos direta ou in-
diretamente pelos homens, temos de admitir a responsabilida-
de deles pelos processos que causaram esses resultados. Desse
modo, podemos considerar a existência de processos geomorfo-
lógicos antrópicos.

Muitos já ouviram falar que o planeta está ficando mais quente e


o nível geral do mar está subindo em função do efeito estufa, o qual o
homem, com suas atividades poluidoras, tem ajudado a aumentar, prin-
cipalmente nos últimos 150 anos. Este assunto já está trazendo sérias
preocupações e algumas consequências para o patrimônio e as vidas
das populações que estão na beira do mar. A partir desses dados, há
previsões, como cita Christopherson (2012), da subida do nível do mar
de cerca de algumas poucas, mas significativas, dezenas de centímetros
nas próximas décadas. Ele afirma ainda que o Painel Intergovernamental
sobre Mudanças do Clima (IPCC), já em 2007, projetava como maior es-
timativa para o século XXI, o valor de uma subida de 0,59m. Este autor
relata que, desde 1990, os valores de crescimento do nível do mar proje-
tados pelos modelos têm ficado abaixo do que é observado na realidade.
Disto resulta que o aumento poderá alcançar valores bem maiores do
que as previsões indicam.

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Geomorfologia Costeira

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)


corresponde a uma organização, criada em 1988, pela iniciativa
conjunta do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) e a
Organização Meteorológica Mundial (WMO). Em linhas gerais,
tem como principal objetivo obter e divulgar para o Mundo, com
base nas visões científicas e técnicas, informações e dados sobre a
situação das mudanças climáticas e o potencial de seus impactos
ambientais e socioeconômicos. É constituído pela participação
de representantes de 195 países, sendo responsável por múltiplas
atividades entre outras como: reuniões, atuação de grupos de tra-
balho, produção de relatórios sobre situações globais e estudos de
estratégias, para ações de mitigação e adaptação aos problemas
ambientais a serem enfrentados.
As siglas apresentadas correspondem aos nomes originais em inglês:
(IPCC) “Intergovernmental Panel on Climate Changes” / (UNEP)
“United Nations Environmental Programe” / (WMO) “World
Meteorological Organization”
Mais informações podem ser acessadas em:
http://w.w.w.ipcc.ch/;
http://pt.wikipedia.org/wiki/Painel_Intergovernamental_sobre_
Mudan%C3%A7as_Clim%C3%A1ticas.

A escrita permitiu ao homem criar uma forma ampla de transmi-


tir seu conhecimento para outras gerações, além de sua vida biológica.
Tal momento marca o começo do Holoceno que, no início da aula, foi
visto como o espaço recente e mais curto de tempo na escala geológica.
Nesses últimos 10.000 anos, foram feitos e disponibilizados registros,
diretos e indiretos, que dão conta de que ocorreram pequenas oscilações
no nível do mar, nesse curto espaço de tempo.
Portanto, pode-se admitir que o homem, nesta sua história recente,
já vem convivendo com os risco de um nível do mar que não é fixo.
Para a Geomorfologia, ratifica-se que esses riscos não se colocam
apenas pelo valor da altura que o nível da água do mar possa alcançar na

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área costeira. Eles ocorrem também a partir de alterações significativas


que podem ser provocadas no comportamento de processos marinhos
locais, em suas frequências, intensidades, ritmos e modos atuação.
Como exemplo, pode-se citar um litoral que receba sedimentos vindos
por um rio. Se, por algum motivo, passarem a chegar menos sedimentos,
pode haver problemas de erosão. Cabe lembrar que, inclusive, interferên-
cias geradas pela ação humana, como a construção de uma barragem nes-
se rio, poderiam ser as causas da diminuição da chegada de sedimentos.

Exemplo de alteração da posição da linha da costa:

Jorge Soares Marques

Figura 1.5
Jorge Soares Marques

Figura 1.6

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Geomorfologia Costeira

A partir do meio do século XX, passa a ficar evidente um pro-


cesso de erosão do litoral que atinge a vila denominada Atafona
(Município de São João da Barra – RJ). As fotos mostram um
grande prédio que foi destruído pela erosão provocada pelo mar,
em 2008. Foto de cima: em 1994, existiam pelo menos seis casas e
duas ruas entre o prédio e a praia (local de onde foi tirada a foto).
Foto de baixo: no final do ano de 2007, ele já se encontrava na
praia. Hoje restam poucos vestígios de seus escombros.
A erosão da praia em Atafona tem sido objeto de muitos estudos
e atraído muitos turistas, para conhecerem, no local, os efeitos da
ação do mar. Você, durante o curso, terá oportunidade de estudar
as possíveis causas para melhor entender esse fenômeno, que já
destruiu centenas de casas no local.
Acessando http://www.uff.br/atafona/, você poderá entrar em con-
tato com diversos trabalhos de pesquisa em Atafona, realizados
desde o ano de 2004, por professores da UFF e UERJ. Acessando
http://youtube/ro7bNecbbtg, você poderá assistir a reportagens
feitas em abril de 2008, que mostram num vídeo, realizado por um
amador, o momento em que o prédio que você viu na figura des-
morona pela ação do mar, como se tivesse ocorrido sua implosão.

É oportuno também lembrar que ocorrem riscos no litoral, mesmo


sem o nível do mar variar ou a erosão estar atingindo o local. Isto pode
decorrer de ações produzidas por maremotos, que muitas vezes são ca- Tsunami
tastróficos. Eles têm ocorrência mais frequentes em certas áreas costei- Nome também dado aos
maremotos ou vagalhões.
ras dos oceanos Indico e Pacífico, como por exemplo, o litoral do Japão. São ondas de grande
Recentemente, em 12/03/2011, esse país foi atingido por um grande porte, normalmente de
enorme efeito destruidor,
tsunami, resultando em consequências trágicas, criando um rastro que atingem as costas
de muitas mortes e destruições, inclusive atingindo as instalações e o do continente e cuja
origem pode ser devida
funcionamento da usina nuclear de Fukushima, deixando sequelas até a vários fenômenos
naturais, tais como
hoje, com riscos de contaminações para o ambiente, que podem afetar a movimentos rápidos da
população residente e visitantes por muito tempo. crosta terrestre, explosões
vulcânicas, furacões e
desmoronamentos nas
bordas dos continentes ou
em relevos mais elevados,
que ocorrem no fundo dos
oceanos, como montanhas
ou bordas de platôs.

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Aula 1 • Para uma introdução: por que é necessário cursar mais uma disciplina de Geomorfologia abordando o
relevo do espaço costeiro?

O desaparecimento de Tuvalu

Com a subida do nível do mar, serão esperados efeitos negativos


para a vida das populações que habitam o litoral brasileiro. Áreas
litorâneas baixas poderão ser afogadas e outras mais altas pode-
rão sofrer erosão. Alternativas podem ser evocadas para superar
ou diminuir esses efeitos: criar proteções, barreiras, para impedir
o avanço das águas ou a erosão; deslocar a população em áreas de
risco para locais próximos com terrenos topograficamente mais
altos; preventivamente criar limitações e impedimentos para no-
vas ocupações e usos de solo, em locais da faixa costeira que po-
tencialmente ofereçam riscos.
Entretanto, existem outros países cujas consequências podem ser
de perder muitos territórios ou desaparecer. Você conhece Tuvalu
e sua capital Funafuti? Consultando a Wikipedia, irá descobrir
que se trata de um pequeno país na Polinésia, no Pacífico. Ele é
formado por pequenas ilhas, constituídas por recifes de corais,
que perfazem juntas, somando-se as áreas, cerca de 26km². Tem
uma população de pouco mais de 12 mil habitantes e alcançou
sua independência em 1978; tem um território que, em grande
parte, é quase plano, não alcançando mais de 7 metros de altitude
(altura acima do nível do mar). É mencionado por ambientalistas
como o primeiro a sofrer os efeitos da subida do nível do mar. Em
2007, através de um de seus governantes, cobrou dos países po-
luidores a responsabilidade por indenizações pelo que irá ocorrer
em Tuvalu e com seus habitantes.
Como já houve oportunidade de salientar sobre este tipo de peri-
go, Tuvalu não teme apenas a subida do nível do mar, pois não há
nenhuma previsão, pelo menos para este século, de uma subida
do mar acima dos 7 metros. O problema maior será a erosão, que
poderá ser responsável por ir “roendo” as bordas das pequenas
ilhas, constituídas de material pouco resistente, até elas desapare-
cerem. Ao longo do curso, você poderá entender como irão fun-
cionar os mecanismos desse processo.

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Geomorfologia Costeira

Figura 1.7: Mapa de Funafuti, capital de Tuvalu.


Fonte: http://www.tuvaluislands.com/maps/images/map_funafuti_1.gif

Assim, no caso de Tuvalu, não será solução definitiva a remoção da


população para áreas mais elevadas no interior do país. Admitindo
o atual grande desenvolvimento tecnológico da construção civil,
seria válido pensar na possibilidade de construção de palafitas Palafitas
para garantir a permanência das moradias no local? Talvez. Mas, Casas construídas sobre
estacas com a finalidade
mesmo considerando a solução como possível, irá permanecer o de ficarem acima do nível
desafio para suprir a falta de recursos financeiros e de materiais das águas das marés altas
ou dos níveis de cheia dos
necessários para a realização das obras. Ainda mais preocupante, rios. No Brasil, são casas
típicas construídas nas
será como dotar toda a população de meios de sobrevivência. planícies de inundação
da região amazônica e
das áreas de mangues no
litoral, ambos os locais
abrigando principalmente
populações pobres.

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Aula 1 • Para uma introdução: por que é necessário cursar mais uma disciplina de Geomorfologia abordando o
relevo do espaço costeiro?

É necessário rever os processos geomorfológicos


já estudados para entender a presença das
formas de relevo na paisagem costeira

Está lembrado dos processos geomorfológicos que atuam so-


bre os continentes? Eles já foram vistos por você nas disciplinas
de Geomorfologia (Geral e Continental) oferecida nos primeiros
semestres do curso. Inclusive, você deve estar lembrado que, para
saber como funcionam e o que produzem, foram necessárias aulas
específicas São eles: o intemperismo, os movimentos de massa, o
escoamento superficial e subsuperficial de águas, o fluvial, o lacus-
tre, o eólico, o glacial, os geradores de relevo cárstico e também os
antrópicos, realizados pelas ações dos homens. Eles voltarão mais
adiante a serem vistos em suas presenças nas áreas costeiras.

Um ou mais processos continentais podem atuar em uma ou em vá-


rias áreas costeiras, mas somente o intemperismo tem sempre sua ação
presente em todas essas áreas. Além deles, reafirma-se que os maiores
responsáveis pela existência ou desaparecimento de relevos costeiros,
por suas ações diretas e indiretas, são os processos marinhos realiza-
dos pelas marés, ondas e correntes. Em futuras aulas, será abordada a
existência de uma situação muito curiosa relativa a um tipo de relevo
marinho, os recifes de coral, cuja origem é devida à ação de seres vivos.
Todos os processos geomorfológicos têm características e mecanis-
mos próprios de atuação para gerar formas de relevo, individualmente
ou interagindo com outros processos. Estes podem ser essencialmente
geomorfológicos ou, por exemplo, de caráter geológico, pedológico, cli-
mático ou biológico.
Portanto é necessário estudar sempre pelo menos algum aspecto re-
lativo de vários processos, de origens diversas, que atuam em áreas cos-
teiras, mesmo que se dê destaque aos de natureza marinha e que con-
sidere fundamentais. Estes, com suas características e seus mecanismos,

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Geomorfologia Costeira

serão obrigatoriamente objetos de estudo, em maior detalhe, nas próxi-


mas aulas.
Na paisagem costeira, existem várias formas de relevo, produzidas
por condições dinâmicas muito específicas. Todavia, cada uma dessas
não está solta. Ela se associa a outras e, de algum modo, seu processo
gerador está interligado com outros. Num mesmo ambiente, podem ser
encontrados juntos mangues, praias, dunas e lagoas. Como exemplo,
pode ser citada a Região dos Lagos no Litoral do Estado do Rio de Ja-
neiro, onde em todos os seus municípios são encontrados, em diferen-
tes escalas, muitos e diversos ambientes com essas associações, em que
se destacam as extensas praias e grandes lagoas, inclusive responsáveis
pelo nome dessa região costeira. Assim se tem, como foi dito no início,
um conjunto de formas e processos definindo, num espaço e num tem-
po, um sistema geomorfológico.
Quando você cursou as disciplinas anteriores de Geomorfologia,
estudou, sistematicamente, os mecanismos dos processos que atuam nas
áreas continentais, mas precisará também entender como eles se com-
portam nas áreas costeiras. Você ainda não conhece sistematicamente
os processos marinhos que envolvem ondas, marés e correntes. Entre-
tanto, terá de buscar compreender suas características, mecanismos,
modos de atuação e de interação com os demais processos continentais.
Com todo esse conhecimento, estará apto para entender a presença da
ação dos processos atuantes em todas as paisagens costeiras que podem
produzir, em cada uma delas, uma multiplicidade de formas presentes
num mesmo espaço, como as encontradas numa baixada litorânea Baixadas
ou costeira. Nela, ao mesmo tempo, encontram-se relevos como os Litorâneas ou
de praias, restingas, mangues, lagoas e dunas, sendo que todos podem costeira
se relacionar entre si, através de dinâmicas específicas de integração de Terrenos sedimentares
de baixa altitude, com
processos marinhos desenvolvidos pela maré, ondas e correntes que topografia relativamente
atuaram ou que atuam no local. plana, localizados em
área costeira, possuindo
relevos cuja origem
deve-se, direta ou
indiretamente, à ação
marinha.

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Aula 1 • Para uma introdução: por que é necessário cursar mais uma disciplina de Geomorfologia abordando o
relevo do espaço costeiro?

Figura 1.8: Foto de parte da Baixada de Jacarepaguá, na cidade do Rio de


Janeiro (RJ), tirada de cima do Maciço da Tijuca, destacando em primeiro
plano, à esquerda, a Barra da Tijuca. Essa baixada possui diversos tipos de
relevos costeiros, tais como: praias, restingas, lagoas e mangues. Nessa bai-
xada, várias modificações estão ocorrendo no relevo por ações antrópicas a
partir de processos de aterros e terraplanagem.
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/c5/Barra_Panorama.
jpg/800px-Barra_Panorama.jpg

Nesse momento, pelo que foi exposto até aqui, você já poderá co-
meçar, com mais propriedade, a avaliar e discutir o quanto o conhe-
cimento da Geomorfologia é importante, em particular, no ambiente
que você está começando a reconhecer como instável e frágil. As fotos
vistas de Copacabana (Figura 1.2) e Jacarepaguá (Figura 1.8) permi-
tem identificar e comparar dois momentos de apropriação da Natureza
pelo homem: um ambiente todo transformado e o outro em processo
de transformação.
Você, olhando e analisando estes locais, já está começando a pen-
sar no que é preciso estudar para responder perguntas que indagam se
as ações humanas nas formas de relevo e nos processos geomorfológi-
cos irão resultar em melhorias na qualidade de vida da população em
suas relações ambientais, sociais, econômicos, culturais e políticas, tais
como: será que erodindo terrenos para abrir um canal para ligar uma la-
goa costeira ao mar, ou depositando sedimentos para aterrar uma lagoa,
o homem está promovendo ações que irão trazer melhorias ambientais?
Que mudanças ocorrerão nestes lugares? E para outros lugares, que se
relacionam com eles, quais serão as consequências? E a consequência
para a vida das pessoas?

26
Geomorfologia Costeira

As ações humanas, cada vez mais, vão impondo modificações nas


condições ambientais pré-existentes, nos lugares que habitam ou onde
exercem atividades. Tal fato torna-se bastante evidente quando se com-
para a paisagem de um local em dois momentos, em que passa de um
ambiente em condições muito próximas às naturais para um outro,
construído pelo homem. Isto indica a necessidade de que as ações hu-
manas, a serem implementadas, sejam bem estudadas para resultarem
em melhorias na qualidade de vida das populações.
Como exemplo dessas transformações, na Figura 1.9, pode-se ver o
outeiro da Glória na cidade do Rio de Janeiro, no quadro pintado por
Taunay em 1817. Nessa época, o mar atingia a base das encostas do
morro onde se localizava a Igreja da Glória.
Na Figura 1.10, uma foto de um espaço urbano construído (cidade
do Rio de Janeiro), contendo, ao fundo, a enseada de Botafogo e o Pão
de Açúcar, a faixa de areia colocada para ser a nova praia do Flamengo;
o Aterro (com seus jardins) paralelo à linha da costa; a marina da Glória
e, para a sua direita, o terreno elevado do outeiro da Glória com a igreja,
que está no quadro de Taunay. Na comparação com o passado, a linha
do litoral estava mais no interior, bordejando os morros vistos na foto e
no fundo das enseadas as praias.

Figura 1.9: Outeiro da Glória, na cidade do Rio de Janeiro, no quadro pintado


por Taunay em 1817.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_Nossa_Senhora_da_Gl%C3%B3ria_do_
Outeiro#mediaviewer/Ficheiro:Nicolas-Antoine_Taunay_01.jpg

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Aula 1 • Para uma introdução: por que é necessário cursar mais uma disciplina de Geomorfologia abordando o
relevo do espaço costeiro?

Figura 1.10: Comparando com a imagem do passado, a linha do litoral es-


tava mais no interior, bordejando os morros vistos na foto e, no fundo das
enseadas, as praias.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Aterro_do_Flamengo#mediaviewer/Ficheiro:Rio-
Aterro-Flamengo-Gloria.jpg

Você agora, certamente, ao perceber o intuito das perguntas, deve


estar reafirmando aquilo que já tinha incorporado nas disciplinas de
Geomorfologia Geral e Geomorfologia Continental. Utilizar, ampliar
e aprofundar esses conhecimentos não serve apenas necessariamente
para quem quer se especializar em Geomorfologia. Permite expandir a
capacitação de melhor entender e analisar a complexidade dos ambien-
tes em que vivemos e dos objetos de estudo que fazem parte de nosso
trabalho, como Geógrafos e Professores de Geografia.

Atividade 2

Atende ao objetivo 3

1. Como foi visto até aqui, os processos marinhos atuam destruindo


e construindo relevos. As praias são exemplos de lugares com relevos
formados por esses processos.
Em uma praia, olhando o mar, é possível constatar, com facilidade, a
presença de um dos processos marinhos que chama a atenção pela mo-
vimentação que produz na água. Qual?

28
Geomorfologia Costeira

2. Leia as colocações a seguir e, ao final, explique o que será solicitado.


Você ainda não estudou como se originam e como trabalham os pro-
cessos marinhos de erosão e deposição. Mas já pode começar a tentar
compreender que eles continuam a atuar sobre as praias, mesmo depois
de as criarem. Além disso, é possível constatar que suas características
de atuação e interações com outros processos variam de um lugar para
outro, podendo variar também num mesmo lugar ao longo do tempo.
Partindo da maneira como você identificou visualmente a atuação de
um dos processos marinhos, explique como, desse mesmo modo, pode-
rá constatar que esse processo não se manifesta com as mesmas caracte-
rísticas permanentemente em todas as praias. Lembrando que essas di-
ferenças também influenciam, inclusive ao longo do tempo, na escolha
das praias que os banhistas e surfistas irão frequentar.

Resposta comentada

1. O realizado pelas ondas. As constantes ondulações visualizadas na


superfície das águas do mar e, principalmente, o momento em que as
ondas quebram na praia chamam a atenção.

2. Na resposta anterior, foi constatado que a onda chama a atenção.


Mas certamente suas características como altura (tamanho) e forma de
quebra na praia também. Variações observadas nessas características
permitem identificar que esse processo não atua necessariamente sem-
pre do mesmo modo, em todos os lugares e mesmo de um momento
para o outro, no mesmo lugar. Por isso, em função dessas características
que variam, os surfistas, precisam conhecer essas diferenças para deci-
dir onde e quando irão praticar seu esporte. Por sua vez, também, os
banhistas, principalmente quando levam sua família com crianças, ten-
dem a escolher os lugares melhores e mais seguros para o banho, onde o
mar, com suas ondas, não seja muito violento.

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Aula 1 • Para uma introdução: por que é necessário cursar mais uma disciplina de Geomorfologia abordando o
relevo do espaço costeiro?

Uma dúvida! E dentro do mar, existe relevo?

Você já deve ter percebido que, embora não tenha sido explicita-
do com muita clareza, a faixa costeira inclui três espaços: um do
lado continental sempre acima do nível mais frequente de maré
mais alta, como a baixada a que nos referimos anteriormente; ou-
tro, entre os níveis de maré alta e maré baixa, ora funcionando
como área de terra ora como área de mar; e ainda outro, abaixo
do nível mais frequente de maré mais baixa, sempre coberto pela
água do mar. Em todos os três, há ações e interações dinâmicas
dos processos atuantes, gerando relevos.
Para o seu conhecimento, é preciso ressaltar que existem outras
áreas cobertas pelos oceanos, além das áreas costeiras, que tam-
bém possuem relevos mas não são objetos deste nosso estudo e
sim da Geomorfologia Marinha. Este limite entre uma e outra
Geomorfologia é estabelecido pela posição de até onde existe a
competência dos processos dinâmicos marinhos em mobilizar
sedimentos no ambiente litorâneo. Você já deve ter escutado falar
no termo offshore, muito utilizado nos últimos tempos em função
da exploração de petróleo na plataforma continental brasileira,
na chamada zona de águas profundas. Ele se refere a essas áreas
“para fora do litoral”, ou seja, mais afastadas da linha da costa e
com maiores profundidades.
É importante lembrar que, se existe variação do nível do mar,
muitos lugares que hoje são terras já foram mares e vice-versa.
Portanto, uma superfície do fundo do mar na área costeira pode
ter a criação do seu relevo relacionado à ação direta dos processos
de natureza continental.

30
Geomorfologia Costeira

Por que considerar as áreas


costeiras como importantes?

As áreas costeiras são zonas de transição,


que além de contarem com características
ambientais relativas aos continentes e aos
oceanos congregam outras que são exclu-
sivamente suas. Em função disso, oferecem
muitos e diversificados recursos para a vida
e as atividades humanas. Entre as caracte-
rísticas que lhe conferem essa importân-
cia, o relevo, com as rochas e os solos que
o constituem, tem de ter seu papel e valor
compreendido e considerado.
Como exemplo, em áreas costeiras, so-
bre relevos de grandes planícies fluviais
com terrenos férteis, surgiram as primeiras
grandes e importantes civilizações huma-
nas. Há muito tempo, os gregos, através de
Heródoto, já reconheciam a importância,
para o Egito, do rio Nilo e de suas planícies.

Figura 1.11: O Rio Nilo. No alto da foto é vista


a foz do rio, cujos terrenos se projetam como
um triângulo em direção ao mar Mediterrâneo.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Nilo#/media
File: Nile_composite_NASA.jpg.

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Aula 1 • Para uma introdução: por que é necessário cursar mais uma disciplina de Geomorfologia abordando o
relevo do espaço costeiro?

Merece lembrança o fato de que Heródoto foi o responsável por


utilizar a palavra “delta”, nome da letra grega “Δ”, para designar o
local de chegada desse rio ao Mar Mediterrâneo, em função da si-
milaridade entre a forma de relevo dessa área e a da referida letra.
Esta palavra continua sendo utilizada para designar uma forma
de relevo associada ao processo fluvial, na linguagem técnica com
definição mais elaborada.

Figura 1.12: Estar no litoral é estar junto de áreas de grandes fontes de


alimentos.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pesca#mediaviewer/Ficheiro:BD-fishermen.jpg

Ao longo da história até hoje, estar no litoral, na zona de contato


entre mar e terra, sempre foi estar junto de áreas de grandes fontes de

32
Geomorfologia Costeira

alimentos a serem obtidos em atividades pesqueiras. Estar junto ao mar


sempre foi desfrutar da possibilidade de criar portos e de se movimen-
tar por via aquática, podendo se locomover para o litoral de todos os
continentes. Muitos qualitativos poderiam ainda ser agregados na ava-
liação da importância das áreas costeiras, desde razões políticas, como
estratégicas militares e comerciais, assim como de pontos de encontro
e difusão de culturas. Atualmente, de modo mais intenso, o mar é visto
também pelo seu grande potencial de recursos naturais diversificados,
que passam pela:
• obtenção de matérias primas industriais;
• exploração de grandes fontes de energia;
• enorme gama de atrativos que permitem as atividades humanas de
turismo, esportes, veraneio e lazer.

Claus Bunks

Figura 1.13: Estar junto ao mar sempre foi desfrutar da possibilidade de


criar portos.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Porto_(transporte)#mediaviewer/Ficheiro:Port_
Santos.jpg

Há também importantes valores negativos, a serem considerados


e já muito conhecidos, que merecem cada vez mais atenção. Seria um
grande esquecimento e erro omitir que no litoral chegam, pelas drena-
gens continentais, águas e sedimentos que incluem: a presença de lixo
e entulhos em estado sólido de naturezas diversas e dejetos líquidos de

33
Aula 1 • Para uma introdução: por que é necessário cursar mais uma disciplina de Geomorfologia abordando o
relevo do espaço costeiro?

esgotos domésticos e industriais. Essas “contribuições” antrópicas, ao


transformarem o litoral em lixeiras, causam sérios problemas de polui-
ção, degradando as paisagens costeiras e trazendo consequências desas-
trosas para o homem e os demais seres vivos que ali habitam ou tenham
que ter, por algum outro motivo e em algum momento, necessidade de
relações com essa área. Em particular, no que se refere à Geomorfologia,
esse tipo de atuação antrópica também cria interferências diversas no
funcionamento de processos e na existência de formas de relevo.

Figura 1.14: Uma imagem lamentável que nos mostra os problemas produzi-
dos por certas “contribuições” antrópicas.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Detrito_marinho#mediaviewer/Ficheiro:Marine_debris_
on_Hawaiian_coast.jpg

Por que é muito necessário o planejamento da


ocupação e do uso do solo na área costeira?
E onde se coloca a Geomorfologia Costeira no
planejamento e gestão desses territórios?

A busca de novos recursos e espaços para a expansão da ocupação


urbana e de atividades econômicas, a grande carência de saneamento
básico das cidades litorâneas brasileiras, a recuperação de áreas litorâ-
neas degradadas e os riscos ambientais são algumas das grandes pre-
ocupações que demandam a necessidade de execução de trabalhos de
planejamento e gestão para os ambientes costeiros. Essas iniciativas,

34
Geomorfologia Costeira

atualmente, já estão começando a ser bem mais orientadas e controla-


das, em função de regras estabelecidas pelas legislações, ao definirem
melhor os modos de estruturação do uso do solo, atendendo a objetivos
que possam garantir melhores condições sociais e ambientais de vida
para as populações.
Disto resulta considerar a importância da busca e aplicação, entre
outros, dos conhecimentos geomorfológicos relativos a esses espaços. A
ocupação e o uso do solo nessas áreas se assentam sobre terrenos com
relevos que foram criados e estão submetidos aos processos geomorfo-
lógicos. A eles, são atribuídos valores diferenciados por suas caracterís-
ticas potenciais e seus riscos.
As características específicas das áreas costeiras lhes garantem, por-
tanto, posições singulares e, por isso, devem ser levadas em conta. Nos
trabalhos geográficos que envolvem levantar o passado para melhor
produzir diagnósticos sobre o presente e efetuar para o futuro prognós-
ticos e planejamentos, o uso do sensoriamento remoto e do geo- Sensoriamento
processamento tornam-se cada vez mais importantes e indispen- remoto
sáveis. O mesmo ocorre na Geomorfologia. Empregá-los permite, por Forma de obter dados
e informações da
exemplo, melhor caracterizar o ambiente e acompanhar as mudanças superfície terrestre,
com equipamentos e
no uso do solo sobre o relevo costeiro, fazendo mapas e armazenan- instrumentos instalados
do dados e informações. Estes conhecimentos obtidos são comumente em aeronaves e satélites
que orbitam em torno
utilizados para atender aos objetivos, entre outros, de contribuir para da Terra.
a produção de planos diretores e zoneamentos municipais. Especifica-
mente nas áreas costeiras, registrar as modificações nas posições da li- Geoprocessa-
nha do litoral e as ocupações humanas assentadas nesses locais são de mento
importância fundamental. Utilização de recursos
computacionais que
permitem manusear
Nos últimos anos, é possível atestar a preocupação com o cresci- dados e informações
mento da demanda do conhecimento geomorfológico em trabalhos georeferenciados. A
criação de mapas é um
aplicados. Isto pode ser constatado, indiretamente, pelos conteúdos importante resultado
da aplicação do
de publicações geográficas que estão crescendo, em números de títulos
Geoprocessamento.
e em âmbito de divulgação, dando destaque aos trabalhos aplicados e O Sensoriamento Remoto
e o Geoprocessamento
ensinamentos de práticas pertinentes à formação dos que querem se constituem conteúdos
habilitar profissionalmente. de disciplinas de
seu currículo.

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Aula 1 • Para uma introdução: por que é necessário cursar mais uma disciplina de Geomorfologia abordando o
relevo do espaço costeiro?

Como exemplos desses trabalhos, citamos:


• Venturi (2005) buscando difundir métodos e técnicas usu-
ais em trabalhos práticos em campo, laboratório e gabinete
na Geografia.
• Rossetti (2008), abordando e destacando o uso de novas tec-
nologias em estudos de áreas costeira.
• Guerra e Marçal (2012) apresentando exemplos de aplicação nas
diversas temáticas ambientais de interesse da Geomorfologia.
• Ross (1998) apresentado contribuições da Geomorfologia no
estudo do ambiente.
• Muehe (1998) destacando a divulgação do conhecimento da
compartimentação do litoral brasileiro e assinalando a ne-
cessidade de práticas de gerenciamento, monitoramento e de
Educação Ambiental, para alcançar equilíbrio entre o uso e a
conservação dos ambientes costeiros.

Cabe lembrar a existência e a importância de programas como o


de Gerenciamento Costeiro, que incentivam e promovem o desenvol-
vimento integrado de estudos e gestões para a faixa costeira brasileira
que possui mais de 8 mil km de extensão. A atuação desses programas
tem suas atenções bastante relacionadas à obtenção e ao emprego de
conhecimentos técnicos, referentes ao entendimento das características
presentes na Natureza e na sociedade das áreas litorâneas brasileiras.
Em função disso é sempre recomendável o acesso, pelos profissionais
da área, geógrafos e professores, aos diversos sites oficiais dos órgãos
públicos, vinculados ao meio ambiente. Lá, devem estar disponíveis in-
formações oficiais atualizadas, incluindo seus programas e projetos, nos
níveis federais, estaduais e municipais.

36
Geomorfologia Costeira

Sugestões de sites para consulta:


• Programa de Gerenciamento Costeiro:
www.mma.gov.br/gestao-territorial/gerenciamento-costeiro;
• Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA):
https://www.embrapa.br/;
• Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):
www.ibge.gov.br/;
• Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA):
https://www.ibama.gov.br/;
• Instituto Estadual do Ambiente (INEA):
www.inea.rj.gov.br/;
• Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE):
www.inpe.br/;
• Secretaria Municipal do Meio Ambiente do Rio de Janeiro:
www.rio.rj.gov.br/web/smac.
Os sites indicados são de instituições que fornecem dados e in-
formações importantes para conhecer e analisar as características
ambientais do território brasileiro, incluindo as áreas costeiras.

Lembre-se de que as formas de relevo e os processos geomorfo-


lógicos fazem parte da paisagem e da dinâmica ambiental que ca-
racterizam as áreas costeiras e lhe conferem valor para o homem
e para a sociedade.

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Aula 1 • Para uma introdução: por que é necessário cursar mais uma disciplina de Geomorfologia abordando o
relevo do espaço costeiro?

Conclusão

Os estudos das disciplinas de Geomorfologia ganham importância


porque eles tratam da formação, existência e transformações do relevo
da superfície terrestre que, na verdade, são o “palco” do qual o homem
se apropria e atua para desenvolver a sua sociedade.
Nas áreas litorâneas, pelos valores que lhes atribuem os homens, é
importante identificar e conhecer melhor seus ambientes, nos quais o
relevo constitui parte importante. São tarefas que implicam, necessa-
riamente, a busca por entender o papel do mar e de seus processos no
passado, no presente e em tendências que se projetam para o futuro.

Atividade final

Atende ao objetivo 4

Responda às perguntas:

1. Hoje, em uma cidade litorânea, quais os locais mais valorizados


para a ocupação humana?

2. Levando em conta as tendências previstas para o futuro quanto à


elevação do nível do mar, quais locais, em uma cidade litorânea, serão
mais afetados?

Resposta comentada

1. Os locais mais próximos ao mar, principalmente em terrenos de


praias e restingas.

2. As áreas topograficamente baixas na linha da costa, ocupadas por re-


sidências ou utilizadas em atividades humanas, poderão ser inundadas. A
linha do litoral, avançando, afogaria terrenos emersos, e o nível dos rios

38
Geomorfologia Costeira

e dos canais nos cursos próximos às suas embocaduras seriam elevados.


Isso irá favorecer também a ocorrência de erosão e enchentes, em mo-
mentos de fortes chuvas, em novas áreas ou as ampliando onde elas já
existiam. Ficam em risco, portanto, tanto as áreas mais valorizadas, jun-
to às praias, com população de maior renda, quanto as habitadas por
populações mais pobres em favelas, construídas sobre atuais ou antigos
terrenos embrejados, mangues e margens de baixos cursos de rios.

Resumo

A Geomorfologia Costeira trata dos relevos resultantes das ações dos


processos marinhos, comandados com grande destaque pelas atuações
isoladas ou integradas de marés, ondas e correntes. As áreas que são de-
finidas pela existência desses relevos, os litorais e as costas, são mutáveis
no espaço e no tempo por alterações que podem ocorrer nas próprias
condições de funcionamento local de suas dinâmicas ambientais ou,
ainda, por mudanças de caráter global, promovidas por grandes trans-
formações nos processos atuantes e nas características dos continentes
e oceanos. Em função dessas circunstâncias, nas áreas costeiras, encon-
tram-se, além dos aspectos que sempre a valorizaram para a ocupação
e utilização de seus recursos naturais, situações de fragilidade e insta-
bilidade que podem oferecer riscos ambientais para as populações ali
presentes ou para atividades humanas que se desenvolvem nesses locais.

Informações sobre as próximas aulas

As quatro próximas aulas trarão conteúdos que permitirão a você enten-


der, sistematicamente, o que individualmente são as marés, ondas e cor-
rentes marinhas. Você verá como elas se caracterizam, atuam e interagem
entre si, promovendo processos de erosão e sedimentação, que são res-
ponsáveis por criar, manter e destruir as formas de relevo que existem nos
litorais – que são áreas de contato entre o mares e os continentes.

Referências

CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. 1. ed. São Paulo: Edgard Blücher


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Aula 1 • Para uma introdução: por que é necessário cursar mais uma disciplina de Geomorfologia abordando o
relevo do espaço costeiro?

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