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INSTITUTO SUPERIOR DE CIENCIA DE EDUCAÇÃO A DISTANCIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

Américo Constantino Saiete

PRINCIPAIS PROCESSOS GEOMORFOLÓGICOS, DIFERENÇA E SUA


CLASSIFICAÇÃO

LICHINGA, 2019
INSTITUTO SUPERIOR DE CIENCIA DE EDUCAÇÃO A DISTANCIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

Américo Constantino Saiete

PRINCIPAIS PROCESSOS GEOMORFOLÓGICOS, DIFERENÇA E SUA


CLASSIFICAÇÃO

Trabalho de Campo da Cadeira de


Geomorfologia, a ser entregue no
departamento de ciências de educação, para
fins avaliativos.

LICHINGA, 2019
Índice
1. Introdução ............................................................................................................... 3
1.1.1. Objetivo Geral ................................................................................................... 3
1.1.2. Objetivos Específicos ........................................................................................ 3
2. Principais processos geomorfológicos .................................................................... 4
3. O caráter historicista: morfogênese ....................................................................... 4
4. A previsão de fenômenos: morfodinâmica .............................................................. 5
5. Diferença e classificação dos processos geomorfológicos ..................................... 6
5.1. Geografia – morfogênese e morfodinâmica ......................................................... 6
6. Conclusão ............................................................................................................... 9
Referências Bibliográficas ......................................................................................... 10
1. Introdução

Este trabalho é uma breve discussão acerca das abordagens morfogênese e


morfodinâmica presentes no campo da Geomorfologia e, também, alguns elementos
relativos à sua epistemologia. O principal objetivo do trabalho é discutir as concepções
e importância dessas abordagens para a Geomorfologia e a Geografia. Para isso,
foram contempladas as principais características e aplicações dessas abordagens em
estudos geomorfológicos e geográficos. Foi importante também apontar as diferenças
das duas abordagens, principalmente entre as escalas de tempo e espaço (na análise
geográfica), nos estudos geomorfológicos e geográficos.

É importante levantar essa discussão porque, é através dela que podemos apontar a
importância da Geomorfologia para a Geografia e também distinguir as duas
abordagens: Morfogênese e Morfodinâmica. Apresentar essa discussão dentro da
Geomorfologia e problematizá-la pode trazer avanços nos estudos da Geografia e em
suas aplicações na relação sociedade/natureza.

1.1. Objetivos da pesquisa

1.1.1. Objetivo Geral

Ø Descrever as características do Interior e da superfície da terra, em várias


escalas.

1.1.2. Objetivos Específicos

Ø Compreender as razões de ordem física e química que levaram o planeta a ser


tal como o observamos;
Ø Definir de maneira adequada a utilização dos materiais e fenômenos
geológicos/ geomorfológicos como fonte de matéria-prima e energia para
melhoria da qualidade de vida da sociedade;
Ø Resolver os problemas ambientais causados anteriormente e estabelecer
critérios para evitar futuros danos ao meio ambiente, nas várias atividades
humanas.

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2. Principais processos geomorfológicos

A geomorfologia aborda o estudo das formas de relevo e dos seus processos. O relevo
e as águas superficiais são elementos que se integram ao clima, vegetação e solos
na organização dos sistemas ambientais físicos. As características desses sistemas
são expressas a partir da dinâmica interativa dos processos físicos e biológicos, que
incorporam os produtos das atividades humanas.

O sistema ambiental físico compõe o embasamento paisagístico – o quadro


referencial para que sejam inseridos os programas de desenvolvimento nas escalas
locais, regionais e nacionais. A abordagem sistêmica, como concepção holística,
adotada no âmbito do Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre, é adequada para
o estudo dos sistemas ambientais físicos, pois seus conceitos e noções permitem uma
visão de mundo integradora, além de permitir a compreensão da estrutura,
organização, funcionamento e desenvolvimento dos sistemas.

3. O caráter historicista: morfogênese

A abordagem, com base na Morfogênese, que utiliza a estrutura geológica como


aspecto explicativo das formas de relevo tem como principal característica o
historicismo, para direcionar seus estudos. As escalas de tempo são sempre muito
grandes e chegam sempre a extrapolar a história do homem. Enquanto a escala
cartográfica é sempre a menor, pois se trata de estudos de grandes formações
geológicas e geomorfológicas regionais, pontuando as características globais do
fenômeno e os processos geológicos e geomorfológicos. O caráter endógeno é o mais
evidente nessa abordagem, que preconiza a gênese do relevo a partir do tempo
geológico.

De acordo com Birot (1955), existem outros aspectos que dificultavam o estudo dos
processos exógenos no entendimento das formas de relevo, à luz da história e da
análise estrutural. O estudo dos processos na paisagem demanda observação precisa
e até mesmo experiências difíceis e estudos aplicados. Ainda segundo Birot (1955),
esse estudo é auxiliado por resultados produzidos por engenheiros hidráulicos e
arquitetos, como contribuição multidisciplinar. Isto implicaria, materialmente, em um
estudo incapacitado de um programa autônomo, ou seja, estaria sempre dependente
de dados de outros profissionais.

De acordo com SOUZA (2009, p. 40),

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É importante observar que, sob a abordagem integrada da
paisagem, retoma-se a ideia de processos exógenos como
importante fenômeno de esculturação das formas, porém, agora,
de elaboração de conjuntos paisagísticos, em função das
condições climáticas, que vão influenciar o tipo de agente,
processo, formas esculpidas ou de acumulação, de acordo com a
intensidade, frequência e magnitude dos processos.
A abordagem climática, com foco nos processos geomórficos que ocorrem ao longo
do tempo geológico e nos diferentes domínios morfoclimáticos, possibilitou ampliar o
número de trabalhos voltados para o entendimento dos processos superficiais e a
complexidade existente entre eles.

4. A previsão de fenômenos: morfodinâmica

A morfodinâmica, diferentemente da morfogênese, tem como principal característica


a funcionalidade dos processos no tempo e espaço, onde se trabalha com escalas
cartográficas melhores e escalas temporais de períodos curtos. A autora Suertegaray
(2001) problematiza a questão:

Se anteriormente a pesquisa geomorfológica regional


apresentava uma característica de cunho mais descritivo e
genético, pois era preciso conhecer grandes domínios
morfológicos (morfogênese), atualmente as pesquisas
geomorfológicas têm tido uma preocupação maior com as
questões ambientais de cunho pontual (morfodinâmica)
(SUERTEGARAY, 2001, p.18).
Suertegaray (2002) coloca que esta mudança na leitura do espaço geográfico pelo
viés da morfodinâmica é relevante e inevitável:

Voltando a Geomorfologia, diria que, desde os anos de 1950,


esse campo do saber vem sofrendo transformações em sua
clássica forma de ler o relevo. Desde lá, assume importância
maior a preocupação com os processos, isto é, os estudos
morfodinâmicos. Nesse caso, a ênfase é dada aos estudos da
funcionalidade em escalas de tempo curto (SUERTEGARAY,
2002, p.160).
Ainda para Suertegaray (2002) a morfodinâmica pode se envolver com a previsão de
fenômenos ambientais: “Trata-se agora, de buscar a compreensão da dinâmica da
natureza, dinâmica essa entendida como interação de processos no presente com
vistas à projeção de “cenários” para o futuro” (SUERTEGARAY, 2002, p.160). Estes
cenários podem ser desde uma pesquisa sobre uma possível área de loteamento, ou
em estudos relacionados a áreas de risco urbanas.

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A autora Suertegaray (2002) também afirma que é através da morfodinâmica que se
pode pensar em uma Geomorfologia atual, que possa lidar com as imposições postas
a ela, e ainda conduzir pesquisas que tratem da degradação da natureza e da busca
de meios de viabilizar uma sociedade sustentável. É possível que a Morfodinâmica
seja um instrumento não somente atrelado a Geologia (como citado pela autora), mas
sim um dos principais ramos da Geografia, no que tange os estudos e análises
ambientais interdisciplinares:

O que quero dizer é que a Geomorfologia no presente e os


estudos da natureza por extensão, por conta da degeneração da
natureza, por conta da necessidade de generação, estão
analiticamente associados aos estudos da morfodinâmica, da
funcionalidade, do sistemismo, com vistas ao reconhecimento
cada vez mais preciso das derivações naturais, dos impactos.
Esses estudos são objetivados, na linguagem ambiental, por meio
de diagnósticos, dos monitoramentos e das medidas mitigadoras
(SUERTEGARAY, 2002, p.162).
No Brasil, a preocupação com as questões ambientais e as suas implicações na
sociedade começa na década de 1970. E nesta fase que no Brasil, segundo o Vitte
(2008), a Geografia sofre grande influência da Teoria Geral de Sistemas. Jean Tricart
e Jean Kilian produzem uma obra com aspectos mais detalhados do relevo que “pode
ser considerado grande marco metodológico para os estudos ambientais nas mais
variadas escalas territoriais, com grande destaque para o papel do relevo e de seus
processos na degradação ambiental” (VITTE, 2008, p.50).

5. Diferença e classificação dos processos geomorfológicos

5.1. Geografia – morfogênese e morfodinâmica

Postas as noções de morfogênese e morfodinâmica pode-se refletir sobre alguns


apontamentos principais: a) estruturalismo da morfogênese atrelado à geologia, a
escala espacial regional e descrição; b) e os processos e sistemas da morfodinâmica
pensadas na escala espacial local, da vertente e a partir da crise ambiental.

Para a Geografia é importante salientar que a Geomorfologia é um dos seus principais


campos de conhecimento, como afirma Casseti (1991),

Entendida (a Geomorfologia) como uma ciência que busca


explicar dinamicamente as transformações do geo-relevo,
portanto, não apenas quanto à morfologia (forma) como também
a fisiologia (função), incorporado organicamente ao movimento
histórico das sociedades, é natural que sua vinculação com a

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Geografia é mais que justificável. Como responsável pelo
entendimento das relações do geo-relevo, constitui-se em
importante referencial para a manutenção e estruturação dos
sistemas físico-naturais diante das transformações sociais, o que
justifica sua função ambiental (CASSETI, 1991, p.36).
Suertegaray (2002) pensa que a Geomorfologia enquanto disciplina está em um
grande paradigma em suas abordagens e consequentemente, seus usos. A
abordagem de Geomorfologia no prisma da gênese do relevo passa a ser insuficiente
para entender a complexidade da crise ecológica ecoada na pós-modernidade. Esta
crise precisa ser gerida, e a geomorfologia, assume o papel de principal articuladora.

Trata-se de investir no seu conhecimento, na perspectiva não


mais de sua compreensão no tempo longo, ou seja, no tempo de
sua formação. Cabe agora compreender a funcionalidade da
natureza, suas derivações no tempo curto.... Conceber sua
dinâmica para efetivamente gerir e controlar (SUERTEGARAY,
2002, p.162).
A reavaliação das abordagens da Geomorfologia está intrinsecamente ligada à
necessidade atual de se promover uma Geomorfologia que atenda as necessidades
da Geografia, não podendo ser somente uma ciência descritiva. É necessário pensar
sobre a construção da Geografia, pois a discussão encontra-se em debate dentro da
epistemologia da ciência (SUERTEGARAY, 2009).

A abordagem morfogênese esteve relativamente muito atrelada à “Geografia Física”,


ou então a Geologia, diferenciando-a da Geografia como afirma Abreu (2003): “O
resultado será um isolamento da Geomorfologia em relação ao resto da Geografia,
particularmente nítido no período mais aceso entre possibilistas e deterministas”
(ABREU, 2003, p.62).

A autora Sales em sua obra “Geografia, Sistemas e Análise ambiental: abordagem


Crítica” aponta para esta (re) aproximação dentro da Geografia:

O discurso ambiental hoje tem como elemento de aceitação e


identificação cultural na comunidade geográfica a possibilidade
de superação da dicotomia entre físico e humano e a
concretização da unicidade da Geografia (MONTEIRO, 1981;
SEABRA, 1988 apud SALES, 2004, p. 126).
O ambiente e o espaço geográfico podem ser concebidos de diversas maneiras dentro
da Geografia, que ao longo de seu tempo de construção o definiu como uma realidade
a ser lida a partir da materialização e produção da vida do homem na superfície da
Terra (MENDONÇA, 2004). Esta concepção da vida do homem e sua reprodução

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trouxeram a discussão ambiental à tona nos estudos de Geografia e, também, à
ciência em geral. Verifica-se ainda que

Este debate está pautado pela análise do mundo construído sobre


as perspectivas que se denominavam de modernidade e que,
entre tantas consequências, desencadearam um processo
progressivo de separação do homem da natureza; uma
compreensão de natureza como recurso a suprir as necessidades
humanas inatas e mesmo criadas culturalmente. Um
desenvolvimento técnico – cientifico capaz de transformar as
condições de produção, capaz de transformar o mundo do
trabalho e ainda capaz de adensar e, portanto,
artificializar/transfigurar a natureza (MENDONÇA, 2004, p.117).
Observa-se que a necessidade é de integração do homem com a natureza, sendo que
a abordagem que pode contemplar essa integração é o conceito de bacias
hidrográficas. Essa mudança analítica enquanto unidade de estudo da relação
sociedade/natureza, compreende análises da funcionalidade dos processos, em
tempos curtos, pela explicação da morfodinâmica, em relação à análise morfogenética

Observa-se então, outra perspectiva em relação ao tempo, no que diz respeito à


valorização prioritária em relação ao espaço, contexto econômico e política atual. A
discussão é encaminhada para o desenvolvimento técnico que a atual sociedade
alcançou, superando as dimensões espaciais com velocidade, porém imprimindo ao
espaço a mesma técnica e velocidade. É assim que a Geomorfologia entra em outra
ênfase, que é a do estudo dos seus processos atuando no presente (SUERTEGARAY,
2001).

Hoje a Geomorfologia pode analisar grandes formações regionais de relevo através


da Morfogênese, ou então estudar uma vertente em uma área de risco. Essa
pluralidade, principalmente nas diferentes abordagens das escalas tempo e espaço,
implicam para a disciplina novas discussões. Dentro da relação homem e espaço, a
Geomorfologia, pode sim trazer avanços.

Diante disso, a Geomorfologia disciplinar, no ensino superior, deve contribuir para que
o profissional em Geografia seja capaz de atuar satisfatoriamente frente às demandas
da sociedade desse novo século. Sabe-se que é impossível negligenciar a interação
entre o conhecimento científico e as correspondentes condições técnicas, políticas,
econômicas, filosóficas e até religiosa, nas quais a sociedade vive em cada tempo
(SOUZA, 2009).

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6. Conclusão & Recomendações

A presente discussão permite perceber o importante papel social da Geografia hoje,


seja para um estudo ambiental ou então para o entendimento, planejamento, gestão
da organização espacial, onde o homem se apropria e reproduz seu espaço. A
Geografia e a Geomorfologia devem assumir plenamente esse papel que tem com a
sociedade.

Percebe-se que a Geomorfologia assume de fato o papel de interlocutor entre


sociedade e natureza. Enquanto a Geografia deve assumir a postura (através da
Geomorfologia) condizente com sua proposta, que é a de estudar o espaço com todos
os seus constituintes, não obstante de sua importância como aglutinador
interdisciplinar.

Acredita-se que as reflexões realizadas neste texto não devam ocorrer somente na
esfera acadêmica, mas se estender até o ensino de base. Neste nível de ensino se
pode iniciar o processo de ruptura da visão dicotômica da Geografia entre o físico e o
humano, a partir dos aspectos vividos e percebidos pelos sujeitos diante a realidade.
Esta é marcada por paisagens e territórios cujas configurações compreendem a
interação dos diversos componentes do espaço geográfico sejam eles culturais,
econômicos, políticos e naturais.

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Referências Bibliográficas

ABREU, Adilson A. A teoria geomorfológica e sua edificação: análise crítica. Revista


do Instituto de Geografia da USP. São Paulo: FFCHL/ USP, v. 4, n.1/2, p.5-23,

CHRISTOFOLETTI, Antônio. Geomorfologia. São Paulo: Edgard Blücher, 1980.

CASSETI, Valter. Ambiente e Apropriação do Relevo. São Paulo: Contexto,


1991.147p.

GUERRA, Antônio J. T. e MARÇAL, Mônica, dos S. Geomorfologia Ambiental –


conceitos, temas e aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.192p.

MENDONÇA, Francisco e KOZEL, Salete (org.). Elementos de Epistemologia da


Geografia Contemporânea. Curitiba: Ed. Da UFPR, 2002. 270p.

SOUZA, Carla J. de O. (2009) – Geomorfologia no ensino superior: difícil, mas


interessante! Por quê? Uma discussão a partir dos conhecimentos e das dificuldades
entre graduados de geografia – IGC/UFMG. Belo Horizonte: IGC - UFMG (Tese de
doutorado), 268p.

SUERTEGARAY, Dirce M. A. Geografia Física e Geomorfologia: Temas para Debate.


Revista da ANPEGE. Curitiba, v. 5, p.22-35, set. e out./ 2009.

VITTE, Antônio C. A Construção da Geomorfologia Brasileira: as transformações


paradigmáticas e o estudo do relevo. Geografia: Ensino & Pesquisa, v.12, n.2, p.44-
54, 2008.

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