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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO TOCANTINS/CAMETÁ


FACULDADE DE GEOGRAFIA
CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

Disciplina Geomorfologia
Professor Ivamauro Ailton de Sousa Silva

GEOMORFOLOGIA: TÓPICOS INTRODUTÓRIOS

A constituição da Geomorfologia, enquanto área de conhecimento,


constitui “[...] inúmeras formas de conceber a interpretação do relevo, enquanto
objeto único de análise ou enquanto elemento de convergência com outros, na
estruturação diferenciada da superfície da terra” (SUERTEGARAY, 2018, p. 50).
Conforme Suertegaray (2018, p. 51), “[...] sua abordagem revela à continuidade
desta linha de construção geomorfológica acaba se estruturando em
perspectivas, que trabalham a dimensão processual do relevo na perspectiva
histórica”.
A dinâmica processual é definida por Christofoletti (1980, p. 1), como
“[...] uma sequência de ações regulares e continuas, que se desenvolvem de
maneira relativamente especificada, levando a um resultado determinado”. O
autor complementa, afirmando que as formas, os processos e as suas relações
constituem o sistema geomorfológico.
Assim, as formas de relevo e o conhecimento dos processos permitem
compreender, em muitos casos, as interferências de possíveis mudanças e de
flutuações climáticas na morfogênese do relevo terrestre. Segundo Christofoletti
(1980, p. 1), “[...] a análise das formas e dos processos fornece conhecimentos
sobre os aspectos e sobre a dinâmica da topografia atual, sob as diversas
condições climáticas, possibilitando compreender as formas esculpidas pelas
forças destrutivas”.
Na compreensão da morfogênese, conforme Suertegaray (2018, p. 89),
“[...] a interpretação genética busca compreender a origem das formas,
estudando, com mais detalhes, o tempo que escoa do que o tempo que faz”.
Pensar as formas da Terra, a partir do tempo que faz, segundo Suertegaray
(2018, p. 90), “[...] permite visualizar novas ênfases em Geomorfologia”. Estas
estão centradas na análise de processos e em estudos, relativos à
morfodinâmica, entendida, aqui, como o conjunto de processos naturais atuantes
no presente.
Suertegaray (2018) afirma que, na Geomorfologia e na Geografia, a
escala é um instrumento básico, para explicar as formas da superfície da Terra.
Esta autora explica que a escala corresponde, no espaço, ao tamanho da área
e os processos envolvidos, no tempo, a sua duração, a partir de uma ideia de
tempo produzida pela Geologia: o tempo profundo.
Segundo Suertegaray (2018), as formas de relevo são o resultado de
processos do passado e do presente ou da coexistência de tempos. Esta
concepção geomorfológica, que privilegia o tempo, permite enfatizar os estudos,
relativos à morfogênese e à evolução do relevo. Ab’Saber (1969) concebeu a
análise do relevo em três dimensões, que se conectam: a) compartimentação
topográfica; b) estrutura superficial; e c) fisiologia da paisagem. Esses três níveis
de abordagem são constituintes do núcleo estrutural da Geomorfologia.

Referências

AB’SABER, A. N. Um conceito de geomorfologia a serviço das pesquisas sobre


o quaternário. Geomorfologia, São Paulo, IGEOG-USP, n. 18, 1969.

CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. 2. ed. São Paulo: Blucher, 1980.

SUERTEGARAY, D. M. A. Geografia Física e Geomorfologia: uma releitura. 2.


Ed.(e-book). Porto Alegre: Compasso Lugar-Cultura, 2018.

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